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C adernos de medicina tradicional

hinesa
acupunctura, fitoterapia, dietética, massagem e chi kung
Uma edição da Escola Superior de Medicina Tradicional Chinesa
Outono 99 - nº1

Quem somos

Regulamentação das medicinas não


convencionais - uma questão actual

O Outono na Medicina Tradicional Chinesa

esta Escola não é reconhecida oficialmente


Representante em Portugal da Universidade de Medicina Tradicional Chinesa de
Nanquim (UMTCN) - Centro de colaboração da Organização Mundial de Saúde
(OMS)
cadernos de mtc - Outono 99 para a formação em MTC em todo o mundo 1
editorial
a lebre, a tartaruga e o acto médico
e ainda: lobos, cordeiros e galgos americanos
O dia 29 de Julho pode ser considerado uma data histórica para as Medicinas não
convencionais. Em Conselho de Ministros foi aprovado o projecto de Decreto-Lei que
define “Acto Médico”. Num conceito holístico nada é visto ao acaso e nada por si só
acontece ou age de forma isolada. O momento presente é da inteira responsabilidade
do momento que o precede assim como o “agora” influencia de forma determinante
tudo o que poderá vir a seguir - A uma acção está de forma indissociável ligada uma
reacção.
A não promulgação do referido decreto no dia 24 de Setembro é sem dúvida resultado
da movimentação que o precedeu por parte de todos aqueles que de uma forma ou de
outra se sentiam lesados nas suas convicções e direitos e, porque não, nos deveres que
a Constituição contempla para os cidadãos Portugueses. Esse foi o eixo para pôr em
marcha uma roda que nos levou a todos numa espiral de ideias e realização - todos
tinhamos a nossa responsabilidade no resultado final, fosse ele qual fosse.
Uma reflexão não muito profunda leva-nos também a espreitar do outro lado da
moeda e a constatar que o que se passou no Conselho de Ministros no final de Julho
é uma colheita daquilo que se tem vindo a semear. Ou se preferirem do que não se tem
vindo a semear. O Acto Médico é fruto de uma semente lançada pela Ordem dos
Médicos. A Ordem dos Médicos tem entre os seus pilares a associação, a união de
pessoas que representam e defendem aquilo em que acreditam. Uma visão cor-de-rosa
mas, apesar de tudo, realista e também bastante funcional.
Tão funcional que provocou, em reacção, um movimento massificado de terapeutas
induzidos na defesa dos seus direitos. Nas montanhas, os carneiros têm uma vida
pacata, comem erva, levam a sua existência numa total comunhão com a natureza,
vivem em paz. Os lobos organizados há muitos milhares de anos tiram partido desta
situação. Nos Estados Unidos as corridas de galgos são muito famosas, existe um isco
que faz correr os cães, é o que os move.
Nestas duas histórias está presente um factor, a motivação: se não fossem os lobos,
os carneiros não se moviam, assim como os galgos precisam da lebre para terem a
iniciativa de correr. Até que ponto é que estes acontecimentos dos últimos dias não
podem ser convertidos numa fábula qualquer por um La Fontaine de fim de milénio?
Afinal o que nos motiva a nós como terapeutas? As nossas convicções ou os lobos
mais organizados que provocam facilmente movimentos massivos numa determinada
direcção? Facilmente ao longo da história se provou que a capacidade de sobrevivência
de um organismo está nas mãos de quem é mais organizado, de quem é mais unido e
de quem sabe manter essa organização ao longo do tempo.
Agora pegamos na moeda com as duas faces - o antes, o depois - e podemos observar
o que foi construído, não por um, mas por todos aqueles que defendem e praticam
terapias alternativas.
A evolução das medicinas não convencionais só pode ser possí!vel se uma atitude
de constante cooperação e interligação entre todas as partes for mantida e alimentada
por todos os interessados, pelo seu interesse e para seu interesse, não por factores
externos.
O exemplo disso foi aquilo a que assistimos e que, para quem quiser observar
melhor, ficou retratado em bastante tinta e suor: tudo conta, todos contamos, tudo é
possível.
Aproveitando a abertura que neste momento se proporciona: tem sido recordada
muitas vezes a cena bíblica de David e Golias; mas também é sempre bom (e
aproveitando a nostalgia desta estação do Outono), relembrar a história da lebre e da
tartaruga, que povoou a nossa infância.
L.A.

Direcção e Edição: ESMTC; Coordenação redactorial: Ana Sofia Pacheco; Design Gráfico: Lourenço Azevedo

2 cadernos de mtc - Outono 99


ESCOLA SUPERIOR DE
MEDICINA TRADICIONAL CHINESA - ESMTC
acupunctura, dietética, plantas medicinais, qigong, tuina
Quem somos?
A nossa Escola foi criada em
Dezembro de 1992 e em Julho de 1996
assinou um contrato de cooperação com
a Universidade mãe das Universidades
de MTC da República Popular da
China, a Universidade de Medicina
Tradicional Chinesa de Nanquim
(UMTCN). Indigitada pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) para ensinar
estrangeiros desde os fins dos anos 50,
aceitou colaborar pedagogica e
cientificamente com a nossa Escola,
reconhecendo o curso nela ministrado
Da esquerda para a direita: Dr. Yang Gong Fu, director das Relações Internacionais
da UMTCN; Deolinda Fernandes e José Faro, directores da ESMTC, Dr. Jie
como equivalente às licenciaturas
Jing, professor associado da UMTCN, presidente honorário da ESMTC. chinesas na mesma área.

A UMTC de Nanquim, estrutura governamental, é Austrália, Japão, Israel, países da Europa, entre outros.
um centro de treino para os professores de MTC de toda Está pronta para receber os estudantes portugueses
a China e do mundo inteiro. da ESMTC que, no final do 4º ano, poderão praticar
Sendo um centro da OMS possui um departamento em meio hospitalar. Um dos hospitais escolares que
para estudantes estrangeiros no seu campus uni- receberá os estudantes portugueses recebe por dia cerca
versitário. Conta ainda com mais seis departamentos: de 3000 doentes na consulta externa e 300 nas consultas
ciência médica, MTC, farmacologia, acupunctura e de especialidade.
tuina, ciência social e educação para adultos. É indispensável para um finalista receber um estágio
Está vocacionada para o ensino de várias com uma tal riqueza de experiências, não só para a sua
especialidades: Prevenção Social e Reabi-
litação, Cirurgia, Enfermagem, Matéria
médica, Farmacologia Chinesa, Fármacos
chineses, Acupunctura, Moxabustão e Tuina,
Medicina Interna, Pediatria, Ginecologia,
Doenças Epidémicas e Febris, entre outras.
Tem cerca de 200 professores, incluindo
doutorados, professores associados e
especialistas.
Desde que foi fundada já formou mais de
10 000 estudantes. Já recebeu para estágio
mais de 2 000 profissionais vindos de 70
países e das várias regiões da China.
A Universidade tem dois hospitais
afiliados com 1000 camas, uma fábrica de
medicamentos, 12 hospitais escolares e 58
bases para a prática clínica. Nanquim, Rep. Popular da China: Conversações com a Prof. Drª Wang Ling-
Tem estabelecido acordos de cooperação ling, directora da Faculdade de Acupunctura, próxima presidente do Conselho
com os Estados Unidos, Canadá, governo da Científico da ESMTC.

cadernos de mtc - Outono 99 3


vida profissional como também pela possibilidade de prosseguir a sua formação académica, nomeadamente
imergir num mundo cultural totalmente novo para ele. com acesso aos mestrados em MTC da Universidade de
Certa de que assim poderá veicular e divulgar com Nanquim.
mais correcção a MTC, a nossa Escola oferece um
programa de 5 anos - 4 anos de estudo com 2 de estágio
+ 1 ano de estágio tutelado.
O programa de estudos tem vindo a ser aperfeiçoado
de maneira a garantir a mais alta qualidade não só técnica
e profissional como também científica, pedagógica e
didáctica.
Os finalistas recebem um diploma de especialista em
Medicina Tradicional Chinesa passado pela Escola
portuguesa e um diploma de
licenciatura passado pela
Universidade de MTC de
1998: Alunos finalistas da
Nanquim, da República ESMTC durante a prática
Popular da China. clínica hospitalar na China,
Aqueles que obtêm média da esquerda para a direita:
superior a 14 valores poderão Imtiaz Sidik, Dr. Jie Jing,
Dr.ªXiangyi, tradutora Srª
Ding Xiao Hoy, Sónia
Rodrigues, Paulo Franco.

Nanquim 1998: Cerimónia


de entrega de diplomas. Da
esquerda para a direita: Dr.
Jie Jing; Dr. Xiang Ping,
presidente da UMTCN;
Adelino Ribeiro, finalista e
Dr. Yang Gong Fu.

Na formação em cuidados de saúde a aprendizagem prática sob


orientação é indispensável. No caso da M.T.C. esta questão é decisiva,
dadas algumas das suas características peculiares.
Apesar das dificuldades e limitações que todos conhecem, este
sistema de estágio tem-se revelado satisfatório e sério, levando a uma
inserção na vida profissional efectiva marcada por uma grande
Hospital Escolar de segurança pessoal e profissional e por um importante número de êxitos
MTC em Nanquim: nos cuidados de saúde prestados. Este é, na verdade, um dos mais
preparação de pres-
crições de plantas importantes trunfos que temos para oferecer aos nossos alunos e aos
medicinais. seus futuros utentes.

Estágios da ESMTC
Na formação em cuidados de saúde a aprendizagem prática sob orientação é indispensável. No caso da M.T.C.
esta questão é decisiva, dadas algumas das suas carac terísticas peculiares.

Por um lado, a verdadeira dimensão dos conhecimentos teóricos só é revelada quando se começa a sua aplicação
concreta - só esta mostra as verdadeiras dificuldades a resolver, os métodos eficazes, as possibilidades e limitações
de cada teoria - servindo como factor rectificador e motivador da própria aprendizagem intelectual.

Por outro lado, a Medicina Tradicional Chinesa exige dos seus praticantes um conjunto importamte de
competências operativas cuja aprendizagem e maturação só são viáveis na prática: a arte do interrogatório, a
análise dos pulsos e observação do aspecto da língua, o adestramento manual e corporal necessários à prática da

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Segue-se o estágio hospitalar num dos hospitais da
Universidade de M.T.C. de Nanquim. Os alunos são
integrados em equipas de especialistas de M.T.C. e,
durante um período mínimo de um mês, exercem as
actividades correntes de atendimento, diagnóstico e
terapêutica dos utentes chineses. Sendo aprovado no
estágio pelos supervisores chineses passa à realização,
na Universidade de Nanquim, duma prova teórica geral
abarcando todas as áreas da Medicina Tradicional
Chinesa.

Hospital universitário de Nanquim: Presidente e


Aula de acupunctura. professores da
UMTC de
massagem e ao uso das agulhas Nanquim
de acupunctura, a interacção participam nos
estágios da
psicológica com o paciente, a
ESMTC.
compreensão unificada deste
como um conjunto de vectores
físicos, energéticos, psico-
lógicos, sociais e ambientais,
etc.

Além disso, a ESMTC


considera que a emissão do diploma final dum curso na
área da saúde representa um compromisso social muito
sério. Tratando-se de afirmar publicamente a
competência de alguém para o exercício duma actividade,
é fundamental que essa capacidade tenha sido
demonstrada previamente em situações concretas - os
pacientes do recém-formado não deverão ser os
complementos duma formação incompleta, mas apenas
novos casos para a aplicação de competências adquiridas
e amadurecidas.
Por estas razões, a ESMTC desenvolveu um sistema
Farmacêutico elabora prescrição fitoterapêutica.
de estágio que corresponde ao mais alto nível existente
fora da China, sem paralelo na Europa (por enquanto),
embora semelhante, por exemplo, ao que se faz na No 4º ano continuam a sua formação teórica, cada
Faculdade de M.T.C. de Rosemont, no Quebec, escola vez mais exigente e personalizada. Iniciam o segundo
oficialmente reconhecida e também ligada por acordo ano de estágio, passando a assumir a responsabilidade,
de cooperação à Universidade de M.T.C. de Nanquim. sob vigilância e acompanhamento idóneos, da realização
de diagnósticos energéticos e da tomada de decisões
Assim, os alunos do 3º ano, a par com as aulas terapêuticas nas áreas da acupunctura, moxa-bustão,
teóricas, entram imediatamente em estágio e, durante massagem, plantas medicinais, auriculoterapia,
um ano, sob orientação qualificada, praticam massagem, craneopunctura, dietética, Qigong, etc. Continuando,
acupunctura, moxabustão, ventosas, auriculoterapia, pelas próprias circunstâncias do estágio, a aperfeiçoar
contacto psicológico com os pacientes. Aprendem a o trabalho em equipa, passam a assumir uma pequena
trabalhar em equipa, observam a organização prática parte da responsabilidade em relação aos colegas mais
da actividade terapêutica e treinam-se a interpretar as novos, verdadeiros espelhos do seu próprio percurso e
decisões diagnósticas e terapêuticas dos professores e iniciação à arte de partilhar conhecimentos de forma
colegas mais experientes. concreta e eficaz.

cadernos de mtc - Outono 99 5


Apesar das dificuldades e limi-
tações que todos conhecem, este
sistema de estágio tem-se revelado Reflexões
satisfatório e sério, levando a uma seõxelfeR Reflexões
inserção na vida profissional
seõxelfeR Reflexões
seõxelfeR
efectiva marcada por uma grande
segurança pessoal e profissional e
Lúcia Reboredo
por um importante número de
êxitos nos cuidados de saúde “As terapias centradas no indivíduo sempre me
prestados. entusiasmaram e a frequência deste curso tem
contribuído cada vez mais para reforçar esta
ideia.”

Luis Augusto Ribeiro


Alunos do 3º Ano
em estágio no “ Compreendi a que ponto é que o pensamento
Centro de Terapia pode influenciar negativamente o corpo, mesmo
da ESMTC. que de modo inconsciente. (...) Para além disso,
a perspectiva de poder aliviar essas dores e
tensões de um modo simples e directo é
simplesmente fascinante. Fico sempre admirado
ao verificar que tocando em alguns lugares e
com certos movimentos é possível aliviar dores
que, por vezes, nem medicamentos químicos
Segue-se o estágio hospitalar num dos hospitais da Universidade de conseguem reduzir eficazmente.”
M.T.C. de Nanquim. Os alunos são integrados em equipas de
especialistas de M.T.C. e, durante um período mínimo de um mês, Lurdes Carvalho
exercem as actividades correntes de atendimento, diagnóstico e “ Graças ao curso de M.T.C. consegui de novo
terapêutica dos utentes chineses. Para que isso seja possível, a encontrar-me e comecei por reflectir sobre a
Universidade de Nanquim dispõe de um vasto grupo de recém- minha própria vida e pude concluir que me
licenciados em M.T.C. proficientes em língua inglesa, que estava a tornar demasiado racional. Neste
acompanham em tempo completo os estagiários estrangeiros, momento verificou-se uma alteração - estou a
resolvendo através de tradução simultânea todos os problemas de descobrir a parte impulsiva do meu ser. “
comunicação com o público e com os colegas e responsáveis.
Alexandra Oliveira
A amostragem para praticar é duma dimensão fabulosa: só o hospi-
tal universitário mais próxim0o da Universidade ( ao todo são várias “ As pessoas que ali estão, de professores a
dezenas de hospitais ligados à UMTCN) recebe por dia 3 000 colegas, são especiais no sentido de que
pacientes na consulta geral e 300 nas de especialidade, dispondo de procuram evoluir a nível pessoal para também
720 camas de internamento. ajudarem os outros a evoluirem. É o primeiro
curso em que participo em que não sinto o peso
da competição de uma forma negativa.”
Sendo aprovado no estágio pelos supervisores chineses passa à
realização, na Universidade de Nanquim, duma prova teórica geral Marco Aurélio da Costa
abarcando todas as áreas da Medicina Tradicional Chinesa.
“ Sinto que este curso, independentemente do
No 5º ano o aluno está já plenamente integrado na sua própria futuro profissional que me pode proporcionar,
actividade profissional, sob um regime de estágio tutelado: valoriza-me como ser humano, ajuda-me no uni-
periodicamente apresenta relatórios da actividade desenvolvida, versal trabalho interior de cada um.
- (...) Sem dúvida que esta vida académica difere
recorre aos supervisores em caso de dúvida ou dificuldade, participa
muito da tradicional, praticada por muitos
em novas acções de formação tendentes a outros estudantes e por mim mesmo em anos
complementar a sua aprendizagem. passados.
- (...) Aqui estamos unidos por um grande
Apesar das dificuldades e limitações que todos conhecem, este sistema objectivo: ajudarmo-nos a nós próprios para
de estágio tem-se revelado satisfatório e sério, levando a uma inserção podermos ajudar os outros.
na vida profissional efectiva marcada por uma grande segurança - (...) Este curso tem sem dúvida um cariz prático
muito forte, com aplicação da teoria na prática.
pessoal e profissional e por um importante número de êxitos nos Quanto à parte teórica: o tempo é pouco para
cuidados de saúde prestados. Este é, na verdade, um dos mais assimilar tamanha quantidade de ensinamentos,
importantes trunfos que temos para oferecer aos nossos alunos e aos mas se o curso tem uma grande vertente prática
seus futuros utentes. é necessário que a teoria a acompanhe.”

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REGULAMENTAÇÃO
DAS MEDICINAS NÃO CONVENCIONAIS
- UMA QUESTÃO ACTUAL
CONVENÇÃO DOS PARCEIROS DA ÁREA
DA SAÚDE NATURAL
COMUNICADO DE IMPRENSA
30 DE SETEMBRO DE 1999

1 - A Convenção dos Parceiros da pretender confundir a opinião pública a) A autonomia técnica,


Área de Saúde Natural (em represen- substituindo um debate público sério deontológica e filosófica dos profissi-
tação de 24 associações e escolas do pela citação obsessiva e alarmista do onais de saúde natural devidamente
sector) congratula-se com a decisão de caso de um cidadão açoreano que terá habilitados terá de ser integralmente
Sua Excelência o Senhor Presidente levado algumas pessoas à ingestão de respeitada. Deverão ser encontradas
da República relativa ao projecto de pesticidas, com as consequências que formas de fiscalizar a sua actividade e
Decreto-Lei do Acto Médico, consi- seriam de esperar. Esta situação, fe- de regular a sua articulação com as
derando que a mesma não tem como lizmente única no seu género, nada tem outras profissões de saúde que preser-
base uma raíz política, mas sim jurí- a ver com qualquer sistema de saúde vem essa autonomia.
dico-constitucional, já que, de facto: conhecido, convencional ou não con-
“(...) Está designadamente em causa vencional. b) Em todas as comissões a criar
a necessidade de compatibilizar in- para a regulamentação das medicinas
teresses públicos da maior importân- Para além do aplauso generaliza- não convencionais deverá haver pari-
cia, como a saúde pública, e direitos, do verificado nos mais diversos secto- dade entre a representação dos respec-
liberdades e garantias não menos res da população quanto ao veto pre- tivos profissionais e a de outras enti-
constitucionalmente relevantes desde sidencial, destacamos, de entre os dades que vierem a participar.
a liberdade de consciência e o direi- contributos sérios para esse debate, o
to ao livre desenvolvimento da per- artigo publicado no Jornal de Notíci- c) O enquadramento geral para o
sonalidade à liberdade de escolha e as, de 30/9/99, pelo Exmº Sr. Dr. Pau- conjunto destas actividades deverá ser
exercício da profissão.”, como o co- lo Mendo, ex Ministro da Saúde, que estudado e decidido globalmente, sen-
municado da Presidência da Repúbli- numa clara demonstração de interesse do as negociações realizadas com o
ca afirma. pelos reais problemas da Saúde e de conjunto dos representantes de todos
perfeito enquadramento num verdadei- os sectores implicados.
Subscrevemos ainda, com a maior ro espírito humanitário, termina o seu
veemência, o seu apelo à realização artigo afirmando: “A clandestinidade
de uma ampla discussão pública. nunca foi amiga da qualidade.” Assim, os Parceiros da Saúde Na-
Estamos totalmente disponíveis para tural, integrando 24 organizações
o efeito, apenas solicitando a todas as cujo espírito de união e consonância
partes envolvidas a maior serenidade 3 - Consideramos que a nossa luta de perspectivas foi já bem demons-
e a mais atenta vigilância em relação não se encerra com este veto presiden- trado na prática, continuarão, por
à idoneidade, relevância e nível do cial, sendo antes um momento de ini- todos os meios disponíveis no quadro
debate. ciar e não de parar com vista a uma dum Estado de Direito, a desenvol-
definição do exercício das profissões ver acções no sentido de obter uma
de Saúde Natural. regulamentação que dignifique os
2 - Relativamente às declarações Nesse sentido, solicitamos o iní- profissionais de saúde natural e que
vindas a público após o conhecimento cio imediato de negociações sérias salvaguarde os interesses dos utentes
da decisão de Sua Excelência o Se- entre as entidades competentes e re- do sistema de saúde.
nhor Presidente da República consi- presentações dos profissionais das
deramos que algumas delas exigem es- medicinas não convencionais e respec-
clarecimento público pelo seu teor, que tivas escolas.
em alguns casos tem mesmo um cariz Essas negociações terão de respei-
ofensivo. tar alguns princípios, consensuais para Lisboa, 30 de Setembro de 1999
todos os operadores da área da Saúde A Convenção dos Parceiros da
Assim, lamentamos o facto de se Natural: Saúde Natural

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BÉLGICA: A PRIM
Ministério dos Assuntos Sociais e terapia”, “osteopatia” e “acupunc- Em 29 de Abril de 1999 o Gove
Saúde Pública e do Ambiente tura”.
§4º O Rei pode, por sua iniciativa que reconhece e regulamenta a pr
Lei relativa às práticas não conven- ou a pedido das organizações profis- não convencionais. Apresentamos
cionais no domínio da arte médica, far- sionais interessadas, devidamente re- diploma legal.
macêutica, fisioterapia, arte de enfer- conhecidas, estabelecer as câmaras
magem e das profissões paramédicas. para outras práticas não convencionais No conjunto, revela a actualida
além das mencionadas no parágrafo 3º. e a dignidade reconhecida aos pro
Capítulo I Capítulo VI, “ Obrigação de infor
Disposições gerais Artigo 3º
Artigo 1º disposições decisivas que permite
§1º Nos seis meses da sua criação, respeito pela liberdade do indivídu
A presente lei regula uma matéria a comissão paritária dá um parecer ao controlar as práticas de saúde não
visada no artigo 18º da Constituição. ministro no que respeita às condições
gerais aplicáveis ao exercício de to- pública.
Artigo 2º das as práticas não convencionais.
Este parecer trata nomeadamente
§1º Para a aplicação desta lei deve a segurança profissional e a cobertura
ser considerado: mínimas, a pertença a uma organiza-
1º O Ministro: o ministro da saúde ção profissional reconhecida, um sis-
pública nas suas atribuições. tema de registo, um sistema de publi-
2º Práticas não convencionais: cidade, a lista dos actos não autoriza-
A prática habitual de actos tendo dos aos praticantes não médicos.
por fim melhorar e/ou preservar o es- Estas condições gerais são, na base
tado de saúde do ser humano e exercida deste parecer, determinadas pelo Rei
de acordo com as regras e condições por despacho deliberativo em Conse-
estipuladas nesta lei. lho de Ministros.
São consideradas, para aplicação § 2º(...)A comissão partidária pro-
desta lei, as práticas não convencio- nuncia-se nos três meses da apresen-
nais; tação do projecto de parecer pela câ-
-Homeopatia, fisioterapia, osteo- mara interessada, de acordo com o ar-
patia e acupunctura; tigo 3º do parágrafo 4º.
-Práticas para as quais foi criada Por pedido da comissão paritária,
uma câmara de acordo com o parágra- este prazo pode ser prolongado por
fo 4º mais três meses, no máximo. Ao fim
3º As organizações reconhecidas: deste período, o parecer é considera-
As organizações profissionais de pra- do dado, e um relatório relatando as
ticantes de uma prática susceptível de diferentes posições exprimidas
ser qualificada “não convencional”, re- no seio da comissão paritária é trans- nas quais os praticantes de uma prática não con-
conhecidas pelo Rei na base de crité- mitido ao Ministro. vencional registada, podem ser registados de
rios fixados pela lei. Estes critérios tra- Este parecer dado pela comissão modo individual.
tam especialmente: paritária trata da oportunidade do re- Estas condições podem considerar as exigên-
-A personalidade jurídica; gisto da prática não convencional, con- cias em matéria de formação, certificação do su-
-A Lista dos membros; siderando os critérios relativos à qua- cesso na formação, formação permanente, a lista
-O compromisso em participar na lidade dos tratamentos, à sua acessi- dos actos autorizados e/ou não autorizados, um
pesquisa científica e numa avaliação bilidade, à sua influência positiva so- sistema de publicidade.
externa. bre o estado de saúde dos pacientes. Se não for dado parecer pela comissão
§2º Uma comissão paritária “prá- O parecer propõe, além disso, uma de- paritária no fim do período previsto o parecer é
ticas não convencionais” é instituída finição da prática em causa.(...) considerado como dado e um relatório relatando
junto do ministro. §3 Nos três meses da comunica- as diferentes posições emitidas no seu seio é trans-
§3º Uma câmara será criada para ção de um projecto de parecer pela mitido ao Ministro.
cada uma das práticas não convencio- câmara em causa, a comissão paritária O Rei fixa, por despacho deliberativo do Con-
nais seguintes: “homeopatia”, “fisio- dá o seu parecer sobre as condições selho de Ministros as condições do registo indi-

8 cadernos de mtc - Outono 99


MAVERA FLORIU
erno da Bélgica aprovou uma lei tar autorizados a exercer medicina. cas.(...)
Tanto podem ser generalistas ou espe- §2 O registo é concedido pelo Mi-
rática das principais medicinas cialistas. nistro com base no parecer da câmara
s a seguir um extracto desse Os membros nomeados por propos- em causa. O registo é concedido se o
ta das câmaras devem exercer a práti- interessado satisfizer as condições fi-
ca não convencional respectiva. Os xadas pelo artigo 3º(...)
ade deste tipo de regulamentação membros das câmaras podem fazer
ofissionais implicados. O parte da comissão paritária. Um dos
rmação “, apresenta as membros de cada câmara, pelo menos, Cap VI
deve integrar a comissão paritária. O Obrigação de Informação
m conciliar, na prática, o Rei determina a composição desta co- Artigo 9º
uo com a necessidade de missão paritária.
o convencionais e a saúde §3º O Rei nomeia os membros da co- §1 Todo o praticante de uma práti-
missão paritária por um período de seis ca não convencional registada mantêm
anos. Este mandato é renovável. O Mi- um dossier para cada um dos seus pa-
nistro designa o presidente e o vice- cientes.
presidente da comissão paritária(...). §2 Antes de iniciar um tratamento
O Secretariado é assegurado por um todo o praticante de uma prática não
funcionário designado pelo Ministro. convencional registada, que não seja
titular de diploma de medicina deve pe-
dir ao paciente um “diagnóstico” re-
Capítulo III cente respeitante à queixa, redigido por
As Câmaras escrito por um médico da sua escolha
Artigo 6º ou designado pela pessoa legalmente
responsável para consentir em nome do
§1º Cada câmara compreende pelo paciente (...). O paciente ou pessoa le-
menos: galmente autorizada em nome do pa-
1º cinco membros efectivos e cin- ciente a consentir o acto médico, que
co membros suplentes apresentados opta com conhecimento de causa e de
pelas faculdades de medicina e auto- modo não equívoco por não consultar
rizados a exercer a medicina, entre os um médico da sua escolha antes do tra-
quais pelo menos um praticante de tamento pelo praticante não convenci-
medicina geral; onal, deve confirmar a sua vontade por
2º cinco membros efectivos e cin- escrito.
co membros suplentes exercendo a O diagnóstico escrito ou a confir-
prática não convencional em questão, mação escrita pelo paciente ou seu re-
apresentados por uma organização presentante legal da vontade do primei-
profissional reconhecida(...) ro de não consultar previamente um
vidual das prácticas baseando-se no parecer Na ausência de apresentação dos médico devem ser incluídas no dossier
dado pela comissão paritária. (...) candidatos previstos na alínea 1ª, o Rei a que se refere o parágrafo 1º
designa, por decreto deliberado em (...)No interesse do paciente qual-
Capítulo II Conselho de Ministros, os membros da quer médico pode também solicitar por
Comissão paritária câmara.(...) sua iniciativa as informações relativas
Artigo 5º à evolução de saúde do seu paciente
Capítulo V junto do praticante não médico de prá-
§1ºA comissão paritária é composta: meta- Registo Individual tica não convencional.(...) .
de por membros propostos pelas faculdades de Artigo 8º
medicina e a outra metade por membros pro-
postos pelas câmaras criadas por aplicação do §1 Ninguém pode exercer uma das
art. 2º. A cada membro é adido um suplente no- práticas não convencionais registadas
meado nas mesmas condições. ou realizar actos destas práticas não
§2º Os membros da comissão paritária pro- convencionais registadas, o que só será
postos pelas faculdades de medicina devem es- possível após registo destas práti- Bruxelas, 29 de Abril de 1999

cadernos de mtc - Outono 99 9


de assumir um comportamento três anos em que a escola poderá
T entarei, rapidamente e em
poucas palavras, falar acer-
profissional.
Portanto, só a nós cabe o direito
estabelecer e aperfeiçoar o seu próprio
curriculum e os seus próprios
ca da formação em acupunctura e do de regular a nossa profissão e as objectivos. Todas as escolas terão de
lugar que ela ocupa em Inglaterra, autoridades não interferirão enquanto preencher padrões máximos e mínimos
onde gozamos de uma situação ímpar, o fizermos. e, durante o processo de legalização,
por estarmos sujeitos ao Direito Co- Se não o fizermos, terão razão em espera-se das próprias escolas que
mum (common law), o que basicamen- intervir. Como tal, nós continuamos a mencionem as deficiências que, de
te significa que podemos agir de for- fazê-lo. momento, os seus cursos possuam.
ma independente.
Conselho de Autorização Uma das maiores realizações, até
Conselho de Acupunctura em Acupunctura este momento, do Conselho de
Autorização, é o de ter, na realidade,
Há uma disposição legal que im- Existe ainda uma Junta ou estabelecido um curriculum que
pede o governo de nos controlar. Por Conselho de Autorização em funcionará como um curriculum de
termos esta liberdade nós, os Acupunctura (Acupuncture Accredi- trabalho básico para todas as escolas.
acupunctores, sentimos a necessidade tation Board). Neste momento, este Até agora verificou-se um grande
de nos auto-controlar e, como tal, o Conselho é constituído por membros número de variantes no ensino
Conselho de Acupunctura (Council das várias escolas de acupunctura, as ministrado nas principais escolas
for Acupuncture), apresentou uma quais estão também representadas no inglesas, mas com o estabelecimento
solução com essa finalidade. Conselho de Acupunctura, por deste curriculum começou-se com um
Este é formado por quatro membros das próprias associações, mínimo básico. Estamos a fazer o
associações, que em breve serão cinco, professores de mérito, representantes mesmo com o curriculum de trabalho
com a provável adesão da Chung San do público e membros da profissão básico no ensino da componente de
Society, representando perto de mil médica. medicina Ocidental, que fará parte do
acupunctores na Grã- conjunto mínimo de
Bretanha. regras de trabalho
BREVE PERFIL requerido para todas as
Critérios de escolas.
adopção de DA ACUPUNCTURA
membros EM INGLATERRA* Conselho de
Medicinas
O critério para ser Complementares
aceite como membro do Conselho de Este conselho actua de modo a e Alternativas
Acupunctura, requer a frequência de supervisionar os processos de
um curso de acupunctura com a autorização das escolas que O Conselho de Acupunctura, está
duração de três anos. O curso é voluntariamente submetem o seu ainda filiado num grupo mais vasto, o
composto de uma percentagem de exercício a esta avaliação. Isto Conselho de Medicinas Complemen-
matérias de medicina Ocidental, assim significa que todos os aspectos da tares e Alternativas (Council for Com-
como de teoria e prática de prática efectuada nessas escolas, que plementary and Alternative Medicine),
acupunctura e o respectivo estágio incluem as principais escolas de que compreende o que consideramos
clínico. acupunctura em Inglaterra, são serem as terapias complementares
Nós pensamos ser este, na classificados de acordo com um certo ortodoxas, ou seja, a osteopatia, a
realidade, o requisito mínimo para um número de critérios. Entre estes, é quiroprática, o herbalismo, a
exercício competente e seguro da nossa analisado o nível de eficácia em homeopatia e a acupunctura. Este
actividade. Por isso exercemos o relação aos objectivos que se propõem corpo mais vasto trata dos aspectos
controlo da nossa profissão por estes atingir e até que ponto estes são com implicações políticas da aceitação
meios, salvaguardando os padrões de realmente cumpridos. Cada escola terá ou da legitimação/legalização das
segurança do público, regulamentando de ser responsável pelo estatuto da sua medicinas complementares na Grã-
e protegendo-nos ao fazê-lo. Não candidatura junto do Conselho de Bretanha, enquanto que o Conselho de
temos qualquer espécie de ligações ou Autorização. Acupunctura está encarregue da
de filiações, seja com o Governo ou ordenação dos aspectos educacionais
com as Universidades; contudo, o Processo de Candidatura da profissão de Acupunctor.
Governo Britânico tem sido e estabelecimento de
francamente entusiástico e cooperante Curriculum
com as nossas actividades, *Por Jasmine Uddim
encorajando-nos, enquanto nos Uma vez a candidatura aceite, começa Presidente do “Register of
mostrarmos capazes de nos regular e o processo de autorização, período de Tradicional Chinese Medicine”

10 cadernos de mtc - Outono 99


O Outono
na Os três meses de
Outono chamam-se o
Medicina período de tranquilidade
da nossa conduta. A
atmosfera do Céu é

Tradicional intensa e a atmosfera da


Terra é desanuviada.
As pessoas devem
deitar-se cedo e levantar-

Chinesa se cedo, com o cantar do


galo. Devem ter o espírito
em paz, a fim de
minimizarem a punição do
Outono. Alma e espírito
No Outono as folhas secam e caem, leve ou pesada. devem unir-se para que a
os últimos frutos são colhidos, as casta- Estamos a viver numa era Metal.
nhas e as sementes vão para os celeiros As telecomunicações, os transportes e
exalação do Outono seja
garantir as refeições do Inverno ou fi- informática dependem completamente tranquila, e para conser-
carão na terra, esperando a Primavera do Metal. Mesmo sendo de plástico,
para brotar de novo. constituem metal, pois este é derivado varem os pulmões puros
Nesta estação a energia vital é des- do petróleo. as pessoas não devem
cendente, pesada. O ciclo que mostra o Fios de telefone, fios de electrici-
crescimento na Primavera e exuberân- dade, canalizações, carruagens, auto- dar expansão aos seus
cia no Verão, revela agora maturidade móveis, aviões, satélites, naves espaci- desejos.
e encaminha-se para o seu final. É o ais, combustíveis, circuitos, são exem-
momento do crepúsculo, quando o sol plos de que o nosso quotidiano lida di- Tudo isto está em
se põe e a vida diurna se recolhe. rectamente com o Metal. A abundân- harmonia com a
cia deste pode provocar efeitos perver-
Tal como na natureza, o Outono sos, como a poluição que, por sua vez, atmosfera e tudo isto é o
em nós, representa a eterna colheita. A poderá acarretar problemas físicos, no- método de protecção da
função dos Pulmões e do Intestino Gros- meadamente obstipação.
so (orgãos em que predomina a mesma nossa colheita.
energia que predomina no Outono – a O desequilíbrio do Metal reflecte-
energia “ Metal “) é assimilar o essen- se por perda de recursos, que no orga-
Os que desres-
cial e rejeitar o inútil. Sem o ar não po- nismo humano pode ser por fezes de- peitarem as leis do
demos viver, e sem esvaziar o Intestino masiado laças, ou por retenção de ex-
também não. Essas actividades dão or- cessos, p.ex. obstipação, ou ainda por
Outono serão punidos
dem e ritmo a todas as outras, harmo- falta de vitalidade, indisposição gene- com um mal pulmonar. A
nizando as tensões e deixando-nos bri- ralizada, problemas de garganta e do
lhantes como cristal. esófago, certo tipo de paralisias, doen- esses o Inverno trará
ças debilitantes, fragilidade emocional, indigestão e diarreia e,
Na visão simbólica chinesa, os Pul- depressão, melancolia, discurso incoe-
mões cuidam do tesouro, sem o qual o rente, eczema, asma, bronquite, gripe, assim, terão pouco apoio
coração não reina e a estratégia do Fí- nariz entupido, choro frequente, mem- para o armazenamento
gado não é executada! Tudo o que con- bros ou costas dolorosas.
sideramos precioso em termos materi- Como sinal deste desequilíbrio do Inverno.
ais é Metal: ouro, ferro, cobre, chum- poderemos ter o dormir de bruços que
bo, diamantes, urânio, quartzo, petró- demonstra intestinos sempre sobrecar- Livro de Acupunctura do Imperador
leo. Agentes de riqueza e poder, com- regados, o que predispõe a doenças. Amarelo (Nei Ching)
ponentes de todos os tipos de indústria (continua na pág. seguinte)

cadernos de mtc - Outono 99 11


tempos dos Ming 1368-1644, disse: “é Tratamento: Adicionar alimentos e
Alimentação bom comer uma papa de arroz de ma- plantas que arrefeçam o calor e trans-
nhã para melhorar o metabolismo e di- formem a expectoração nos Pulmões.
O sabor ácido tonifica a energia gestão, abre o apetite e faz com que o
dos pulmões, o sabor picante dispersa, espírito fique claro para o resto do dia”. Alimentos aconselhados: Agrião,
o sabor amargo harmoniza. O creme de arroz pode ser preparado maçã, romã, pêssego, pêra, morangos,
O picante, em reduzidas quanti- de diversas formas, podendo ser adici- algas (agar-agar, nori, kelp), cogume-
dades, tonifica a forma dos pulmões, em onado de açúcar, malte de cevada, los, rábano (daikon), rabanete, cenou-
excesso, dispersa; o amargo dispersa, “mel” de arroz, sementes de lótus, ra, abóbora, kuzu, repolho, couve-flor,
igualmente. É comum abusarmos do amêndoas, sésamo preto. bok choy (couve chinesa pequena), fun-
sabor picante, na forma de bebidas al- gos brancos (white fungus). A maioria
coólicas e temperos fortes, o que, evi- O fósforo, o mineral do Metal, está da dieta deve ser na forma de sopas e
dentemente, reflectir-se-á no Fígado e presente na maior parte dos alimentos cremes de millet, cevada ou arroz, to-
em todas as suas ressonâncias, tais ricos em cálcio e proteína. Participa de dos de natureza refrescante e suavizan-
como o humor, os músculos e as arti- uma infinidade de processos do o calor do Pulmão. Os alimentos
culações, já que o Metal corta a Madei- bioquímicos e ajuda a formar ossos e mais eficazes para este quadro são o
ra ( “ Madeira “ designa a energia do dentes. Assim como o cálcio, depende agrião e os fungos brancos (encontram-
Fígado e da Vesícula Biliar ). da vitamina D para ser absorvido. A se nas lojas chinesas), os chás de
Certamente que a natureza mais deficiência de fósforo produz deficiên- marroio vulgar (Marrubium Vulgare)
pesada do Metal faz procurar a leveza cia muscular e dores nos ossos. Fontes ou Stellaria Media são muito úteis.
complementar - muitas pessoas bebem especialmente ricas são: as sementes de
para estimular a expansividade e ima- abóbora e de gergelim, as nozes e cas- Evitar: alimentos que produzam calor
ginação (Madeira). Olhando em deta- tanhas e todas as leguminosas secas, e congestionam o corpo, tais como o
lhe, esse excesso pode prejudicar gra- leia-se feijões; entre os cereais, a aveia café, álcool, carneiro, galinha, vaca,
vemente os Rins, que são nutridos pelo e a cevada; entre as carnes, as de pom- fruta, salmão, anchova, cebola , alho,
Metal, facilitando então a entrada de bo e de coelho. cebolinho, cebolo, canela, gengibre,
pensamentos obsessivos vindos da Ter- funcho e outras especiarias de nature-
ra, que se encontra em desequilíbrio (no Ambiente za quente.
corpo, o álcool é igual ao açúcar), e afec-
tar todo o sistema de fogo pela via per- O Metal refaz-se facilmente em Congestão dos pulmões provocada
versa Metal-Fogo. contacto com as montanhas, as pedras por mucosidades brancas
O Metal (Outono) precisa de onde brota a água, as cascatas, as gru-
raízes, como a cenoura, o nabo com- tas. È comum encontrar coleccionado- Sintomas: Tosse, dispneia (dificulda-
prido, a bardana, a raiz de lótus; caldos res de pedras, cristais ou rochas e pes- des na respiração), espirros, ou asma
temperados com miso, para limpar os soas que precisam de usar uma jóia para acompanhada por expectoração espes-
pulmões e beneficiar a flora intestinal; se sentirem bem. sa; língua com saburra branca e gordu-
chá verde, de lótus ou três anos rosa, se a fleuma for devida ao frio, ou
(banchá), para harmonizar os Intesti- Outono amarela, se a fleuma for devida ao ca-
nos. O seu cereal é o arroz, de prefe- lor.
rência integral, semi-integral ou As folhas secam e caem. Nasce-
glutinoso, porque tem fibras que aju- ram na primavera, atingiram o auge no Tratamento: inclui alimentos que
dam a limpar os Intestinos. Quase não Verão e estão indo embora. A árvore transformem, reduzam ou eliminem a
gosta de açúcar, lacticínios pimentos e vai ficar nua. Existe um quê de destrui- fleuma (mucosidades).
farinhas (esparguete, biscoitos, pães, ção no ar. O impulso criativo está lon-
bolos). O seu adoçante é o mel, que é ge, o período de plenitude passou. Ago- Alimentos aconselhados: Feno Gre-
doce e picante, ajuda a fluidificar o ra é a colheita, o armazenamento, e a go (M), sementes de linhaça (N), agrião
muco das vias respiratórias e a descar- capacidade de realização do ser huma- (F), alho e outros membros da família
regar os intestinos; pode ser usado com no exprime-se no sentido da tranquili- da cebola (M), nabo (M), gengibre fres-
o iogurte - ambos em pequena quanti- dade, da paz, da serena certeza de que co (M), rabanete (F), daikon (F), cogu-
dade - em benefício do Metal, Terra e somente aceitando as perdas haverá melos (M), cereal imaturo (F) e algas
Madeira. Deve-se beber água morna renovação. (F); urtiga (F), tussilagem (N), énula-
pois o Metal é seco. Embora no Outono se deva redu- campana (F), folha de verbasco (F).
Resumindo, a alimentação para o zir os picantes a fim de não secar os
Outono tem um princípio simples: me- Pulmões, teremos de adaptar de acordo Nota: A natureza dos alimentos pode
nos ingredientes picantes (alho, pimen- com a condição do momento, por exem- ser fresca (F), morna (M) ou neutra (N).
ta, alho porro, etc.) e mais alimentos plo:
suaves (sésamo, arroz, arroz glutinoso, Em geral, a dieta deve consistir de
mel, lacticínios - excepto queijo fresco Calor que congestiona os Pulmões alimentos de fácil digestão e evitar to-
-, fruta, etc.), a fim de lutar contra a dos aqueles que provoquem aumento de
secura e de proteger o Yin (princípio Sintomas: Febre acompanhada com ar- fleuma. Na lista mencionada anterior-
feminino passivo que completa o Yang). repios, língua vermelha com saburra mente dos alimentos as plantas com a
As pessoas de idade devem comer seca e amarela; tosse seca, falta de ar, letra “F” são úteis para tratar
papa de arroz ao pequeno almoço, de dor forte na garganta. Poderá existir mucosidades-calor (expectoração ama-
forma a reforçar as funções do Estôma- expectoração amarela-esverdeada com rela); as com letra “M” para tratar
go e estimular a secreção da saliva. pus ou mesmo mau cheiro, pus com mucosidades-frio e com a letra “N” para
Li Yan, célebre médico chinês nos Sangue e descarga nasal amarela. tratar tanto a mucosidade-calor, como

12 cadernos de mtc - Outono 99


a mucosidade-frio. O mesmo acontece Alimentos aconselhados: Algas ma- Deficiência de energia (Qi) dos Pul-
em relação aos chás - para mucosidade- rinhas, alga chinesa (Muer), spirulina, mões
calor, p. ex., escolhemos o verbasco, a microalgas, laranja, pêssego, pêra,
tussilagem, a urtiga e as sementes de maçã, melão, tomate, banana, feijão Sintomas: Fraqueza, fadiga, voz fraca
linhaça; para mucosidades-frio, a verde, leite de soja, tofu, tempeh, açucar e limitada em falar, tosse e dificuldade
énula-campana, o gengibre fresco e a mascavado, “mel” de arroz, sementes em respirar.
semente de feno grego. de linhaça, manteiga e outros lacticíni-
os (excepto o queijo seco e salgado), Tratamento: fortalecer a energia (Qi)
Evitar: Todos os lacticínios, carnes ver- ovos, ostras, mexilhões e porco; plan- dos Pulmões com alimentos e prepara-
melhas, tofu, amendoins, tempeh, miso, tas, incluindo a alteia, bolbos de lírios ções que tonifiquem a energia do Pul-
molho de soja, leite de soja e outros (lojas chinesas), raiz de remânia (lojas mão e melhorem a absorção dos alimen-
derivados, amasake e outros adoçantes, chinesas) e selo-de-Salomão. tos.
gorduras e óleos em geral, pastelaria,
etc. A dieta básica deve excluir todos Alimentos aconselhados: arroz, ar-
os alimentos e especiarias que produ- roz glutinoso, aveia, cenoura, folhas de
Nota: A folha de stevia é o único zam calor no corpo (natureza quente), mostarda, batata doce, inhame, batata,
adoçante permitido. nomeadamente no Pulmão. Os alimen- gengibre fresco, alho, melaço, “mel” de
tos muito amargos, por secarem os lí- arroz, malte de cevada, arenque (pei-
Deficiência de Yin dos Pulmões / quidos no organismo, são contra-indi- xe); plantas para chás, incluindo a
Secura dos líquidos cados (hidrante, dente-de-leão, énula-campana, alcaçuz e enardo indi-
equinácea e bardana). Se forem tolera- ano (espicanardo). A dieta deve incluir
Sintomas: Tosse seca com pouca ou dos, os lacticínios e os ovos podem ser principalmente alimentos cozinhados e
nenhuma expectoração (algumas vezes usados em pequenas quantidades. omitir os alimentos que arrefeçam ou
acompanhadas de Sangue); febre peri- produzam mucosidades no corpo, tais
ódica, sede frequente, bochechas ver- Chás úteis são: Alteia, selo-de- como citrinos, sal, leite e outros lacti-
melhas claras; língua com cor verme- Salomão (Polygonatum officinale), cínios, cereais imaturos, espinafres, al-
lho fresco, palmas das mãos e solas dos bolbos de lírio, remânia (Rehmannia gas e microalgas.
pés quentes, suores nocturnos, pulso Glutinosa)
radial fino com batimento lento. Usar a fórmula seguinte reforça a
Nota: Evitar a Remânia crua nos ca- Pulmão:Alcaçúz: 1/2
energia do Pulmão:
Tratamento: Alimentos que nutram o sos de Frio ou digestão fraca (deficiên- parte;Énula-campana ou espicanardo:
Yin (os líquidos) do Pulmão e Rim (a cia da função do Baço) ou na gravidez 1 parte.
Raiz Yin de todo o Corpo). acompanhada por anemia.

Escola Superior de
Medicina Tradicional Chinesa*
*não reconhecida oficialmente

Centro de Medicina Tradicional Chinesa


Aulas semanais de Chi-Kung
2ª, 4ª e 6ª Feiras das 13:30 às 14:30 e das 18:00 às 19:00
e Tai-Chi
3ª e 5ª Feiras das 18:00 às 19:00
Módulos de formação para desenvolvimento pessoal

INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES NA SECRETARIA


tel:(01)347 56 05 / 347 67 26
fax: (01) 342 68 04
das 10:30 às 13:00 e das 15:00 às 19:00H
R. das Portas de Stº Antão, 110 - 3ºE
(junto ao Coliseu dos Recreios)
e.mail: esmtc1@ip.pt
www.esmtc.pt

cadernos de mtc - Outono 99 13


Flutuando entre arranha-céus incolores, aqui estou.
Neblinas difusas adormecem o meu olhar.
Espirais estonteantes de folhas voadoras
Inspiram a minha mente aquecida.
O deslizante silêncio da multidão ecoa na planície sem fim.
A pérola jaz escondida e brilha espalhando sua luz velada por todo
o mundo

Outono
Em 1988 rea-
lizou-se em Pequim
a 1ª Conferência
Mundial de Qigong
na
(lê-se Chi Kung)
terapêutico.
Cento e vinte e
oito palestras reve-
lam resultados de
investigações
China
sistemáticas.
As demonstra-
ções são convincentes: o Qigong revela-se eficaz. permitiu-lhe deslocar-se até junto da cidade imperial,
Cá fora, diariamente, nos parques e jardins, uma para, num hospital de tipo ocidental e linhas modernas,
demonstração não menos esmagadora: hoje, 250 milhões procurar a salvação por meio de um sistema de
de chineses para aí se dirigem, para praticar o sistema transmissão de energia, criado há mais de três mil anos.
de Qigong seu preferido. Huang Xiaokuan não garante a recuperação do jovem
Expressões serenas, concentradas, acompanham com japonês, mas, amistosamente, todos os dias, segundo os
gestos suaves os ritmos da brisa que sopra, de manhã, métodos milenares, lhe transmite a energia de que é
por entre as árvores.Uma experiência nova, com menos carente.
de 20 anos, para a maior parte dos chineses. “O Qigong permite ligar o Homem ao Céu e à Terra”.
Depois da liberalização do regime, a partir de meados “No Qigong existem movimentos tensos e suaves.
dos anos 70, as “grandes massas populares” Mas a moral é mais importante do que os gestos e os
transformam-se em milhões de descobridores individuais movimentos”.
do tesouro do Qigong, até então guardado em segredo “O Qigong serve para vários fins: manter a forma,
por algumas famílias, por alguns monges e ... pelos recuperar a saúde, desenvolver a inteligência, prolongar
guardas do regime. a vida. A sua prática deve ser persistente. Os professores
“A prática de Qigong regula e melhora a função dos apenas ensinam: a aprendizagem depende de cada um.”
músculos, canais energéticos, órgãos, vísceras, circulação Com estas breves palavras Huang Xiaokuan inicia
de sangue e sistema nervoso. Fortalece o corpo, mais um curso de Qigong. Mais adiante acrescenta: “O
permitindo um equilíbrio da mente e do espírito”. qi é material. A tecnologia moderna provou que o qi
Estas palavras são de Huang Xiaokuan, jovem oficial existe objectivamente.”
do exército chinês, que às suas funções militares soma De facto, assim o mostram inúmeras investigações
as de mestre de Qigong no hospital governamental de dirigidas pela Associação Chinesa de Ciências e
Jing Hxua. Tecnologias, cujo presidente, Qian Xue Sun, é um físico
A seu cargo, entre muitos pacientes, está um jovem de renome internacional.
japonês. Paraplégico, deslocou-se do Japão, onde não
encontrava cura, para Pequim. A sua prosperidade
14 cadernos de mtc - Outono 99
cadernos de mtc - Outono 99 15
Abaixo Assinado
Na qualidade de cidadão/ã e utente dos cuidados de saúde natural, venho nos termos do art.º 52 nº1(*) da
Constituição Portuguesa e em nome dos direitos, liberdades e garantias constitucionalmente consagradas,
apelar para a necessidade imperiosa de regulamentação das profissões ligadas às medicinas não convencionais,
exigindo a participação dos seus profissionais e das associações que representam na definição do seu estatuto
sócio profissional, com a salvaguarda da sua autonomia técnica e deontológica.

Nome Profissª o B.I. Assinatura Data

Declaro autorizar, para efeitos de publicação e difusão na Comunicação Social, a subscrição do texto supra.
Fotocopiar e depois de preenchido, devolver para:
Escola Superior de Medicina Tradicional Chinesa
(não reconhecida oficialmente)
Rua das Portas de Santo Antão, 110 - 3º Esq
1150 - 269 Lisboa
Fax:342 68 04
esmtc1@ip.pt
(*) Todos os cidadãos têm o direito de apresentar, individual ou colectivamente, aos orgãos de soberania ou
a quaisquer autoridades petições, representações, reclamações ou queixas para a defesa dos seus direitos, da
Constituição, das leis ou do interesse geral.

16 cadernos de mtc - Outono 99

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