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As danças fazem parte da vida do homem desde os tempos mais remotos. Os registros
iconográficos, documentos históricos, crônicas e cartas nos mostram a presença da dança desde a
Antiguidade até os dias atuais. No entanto, na medida em que a história caminha as relações
sociais e também as religiosas se alteram, e o papel da danças dentro das sociedades, por
mas não é possível chamá-las de “danças alemãs”, como designativas de manifestações típicas
de um povo alemão. Trata-se de danças e ritos praticados entre os povos germânicos, de fora das
No que concerne a essas danças na Antiguidade, Tácito observou a prática entre os povos
germânicos de um jogo muito difundido e divertido, no qual jovens desnudos moviam-se com
suas espadas e lanças e através do qual poderiam desenvolver suas habilidades1. A “Dança das
Espadas” relatada por Tácito dá conta apenas do aspecto bélico dos movimentos, sem levar em
consideração, por exemplo, a sua relação com as divindades pagãs ou mesmo com a chegada da
primavera. Este tipo de dança foi a base das danças medievais e práticas populares e foi tão
difundida que adentrou a Idade Média até o século XIX tendo sido praticada no período
medieval pelos membros das corporações de ofício de artesãos que lidavam com a fundição de
1
BÖHME, Franz M. Geschichte des Tanzes in Deutschland. Hildesheim: Georg Olms AG, 1996, p. 6 – 8.
metal e a confecção de armas e ferramentas, como os ferreiros. Embora seu significado e seu
sentido originais tenham se perdido, encontramos ainda resquícios da dança em algumas partes
da Alemanha e da Áustria2.
Além das Danças das Espadas (Schwerttanz) na Antiguidade havia, também, danças para
celebração dos cultos e das divindades pagãs, danças de sacrifícios, além de danças de
casamentos e de sepultamentos – não havia nenhuma adoração aos deuses sem que houvesse
dança e sem que houvesse uma cerimônia festiva. Os romanos celebravam seu deus Baco com
universo cristão, tendo seu caráter pagão sido adaptado para o caráter cristão: os dançarinos se
celebrarem os seus antigos deuses os novos cristãos celebravam pela dança os mártires do
cristianismo. No entanto, os papas Gregório III (731) e Zacarias (741) assinaram decretos
determinando a proibição das danças nas Igrejas, ato considerado por eles como uma
“vergonhosa depravação”3. Com o passar do tempo, os antigos mártires e santos passaram a ser
festejados em festas com danças dentro das corporações de ofícios das quais eram padroeiros,
2
SCHNEIDER, Otto. Tanzlexicon d. Gesellschafts-, Volks- u. Kunsttanz von d. Anfängen bis Gegenwart mit
Bibliogr. u. Notenbeispielen. Wien: Hollinek; Mainz: Schott, 1985.
3
BÖHME. Op. Cit., p. 16 – 17.
A proibição das danças por parte da Igreja, bem como a cristianização de algumas práticas pagãs
não significam que na prática cotidiana das pessoas elas tenham sido abandonadas por completo.
A construção nas cidades do Maibaum e a “Dança das Fitas” (Bändertanz) têm suas origens nas
práticas milenares pagãs, com a elevação dos mastros em forma fálica como relação com a
A “Dança das Fitas”, por exemplo, já é conhecida desde o século XIII e é apresentada em torno
de um mastro com vários metros de altura, ornamentado com flores e fitas em celebração pela
chegada da primavera. Esta dança deixou seus resquícios em vários países europeus, onde
encontramos registros no século XV, na Espanha; XVI, na Itália; XVIII e XIX na Inglaterra,
França e regiões alpinas da Áustria e da Alemanha, ocorrendo inclusive, no caso alemão, uma
Brasil também trouxe para o nosso país a influência do pau-de-fitas e por isso encontramos no
folclore de vários estados a dança das fitas, como no Rio Grande do Sul e no Amazonas, onde é
conhecida pelo nome de “Tipiti” ou “Dança do Sol” - o ponto alto da dança é o trançado de fitas,
Percebemos que inicialmente a dança não tem apenas uma função lúdica, mas tem papel
importante na intermediação entre o mundo mortal, concreto, visível e o mundo dos espíritos,
habitado pelos deuses e entidades espirituais. A dança e seus movimentos funcionavam – e até
hoje funcionam em algumas celebrações religiosas – como chave de acesso, de ligação entre o
4
SCHNEIDER Op. Cit.
Embora as danças estejam presentes na vida humana desde a Antiguidade em maior ou menor
grau, pelo menos até o século XVIII, os registros de época que as descrevem não utilizam ainda
Segundo Schauer5, somente por volta do século XIX é que se começa a cunhar e utilizar o termo
“dança folclórica alemã” para caracterizar o conjunto de danças típicas, associadas inicialmente a
danças camponesas. Antes disso, não há registros na literatura de época que use o termo dança
folclórica, ou no caso alemão, dança folclórica alemã, portanto este conceito é construído no
século XIX.
danças dos camponeses – que segundo o senso comum seriam a origem da dança folclórica -, e
Thompson6, a partir dos séculos XVIII e XIX teria havido uma dissociação entre cultura da plebe
grupos populares. Esses costumes, ritos e crenças são mantidos pela tradição
5
SCHAUER, Eberhard. “Anfänge des Laientanzes von der Jahrhundertwende bis 1918”. In: KLOTSCHE, Volker
(Hsg.) Der Tanz in der 1. Hälfte des 20. Jahrhunderts: Volkstanz-Jugendtanz. (Informationen zum Tanz Heft
22). Hannover: Deutscher Bundesverband Tanz e.V., 1994, p. 9-19.
6
THOMPSON, E.P. Costumes em Comum. Estudos sobre a Cultura Popular Tradicional. São Paulo:
Companhia das Letras, 2005 (2ª reimpressão), p. 16.
populares não participam da civilização que se ergue acima deles e que
Dessa forma, essas danças e práticas populares eram transmitidas pela tradição e pela oralidade,
de geração a geração e no interior da própria comunidade, constituindo parte daquilo que o povo
reconhece como sua própria característica, como parte constituinte de sua identidade.
É a partir do século XIX, portanto, que o termo “Volkstanz” passa a ser empregado para
descrever danças que pertenceriam a um povo, a uma nação. Não sei se podemos fazer tal
relação, mas talvez a preocupação em se determinar o que é característica do povo, sua cultura e
suas práticas possa ser relacionada com o contexto de construção e ensaio para a unidade política
que se alcançou ao final do século, bem como para a construção de uma identidade nacional.
Acredito que essa perspectiva possa ser reforçada se analisarmos o surgimento de um movimento
origem no final do século XIX, tinha uma visão romântica e aspiração por uma vida mais
simples ganhou maior fôlego após a I Guerra Mundial, especialmente nas cidades de Hamburgo
e Berlim, onde foi responsável pela recuperação e pelos registros de danças folclóricas e das
Segundo vários textos do século XIX, a primeira dança que é considerada como “dança alemã” é
a valsa, tanto em sua forma original como em suas variáveis como a mazurca, o Rheinländer e o
7
Apud THOMPSON, idem. P. 16.
8
Sobre o movimento jovem consultar KLOTZSCHE, Walter. “Soziales Umfeld, Grundtendenzen der
Jugendbewegung“. IN: KLOTZSCHE. Walter (org.). Der Tanz in der 1. Hälfte des 20. Jahrhunderts. Volkstanz
– Jugendtanz. (Informationen zum Tanz Heft 22). Remscheid: Deutscher Bundesvarband Tanz e.V., 1994 e
JÄHNERT, Volkhard. “Volkstanz – Jugendtanz?”. Deutsche Volks- und Jugendtänze. Berlin: 1984. (Brochura).
para quatro pares – são consideradas as danças típicas da região. De fato, se analisarmos
atualmente as características regionais das danças folclóricas alemãs, percebemos que as danças
do sul são marcadamente para vários pares em círculo e os compassos são ternários, como os da
valsa, enquanto que na porção centro-norte da Alemanha predominam as quadrilhas para quatro
pares.
É interessante notarmos, no entanto, que apesar dessa espécie de característica regional isso não
significa que as danças não tenham sofrido influência de outras culturas e outros países vizinhos.
Segundo Oetke9, por volta do ano de 1750 a chamada contradança adentrou a Alemanha
primeiramente pela região sul, chegando mais tarde também à região norte – no norte do país
havia registros da presença da antiga contradança inglesa desde o século XVIII. Recebe o nome
duas filas opostas. As contradanças remontam em suas raízes à esfera das rodas de espadas entre
os povos celta-germânicos e são encontradas sob diferentes formas desde o século XVII (como
danças populares ou como danças de sociedade) adentrando o século XX. A partir do século
quatro pares, enquanto que o termo Anglaise passou a designar contradanças em duas filas.
Mas qual a relação entre a discussão sobre a origem das danças folclóricas e o Brasil? A partir de
nosso país que experimentou variações tanto na sua forma como na instalação dos imigrantes
aqui: conhecemos desde as colônias imperiais até as colônias particulares e o sistema de parceria
9
OETKE, Herbert. Der deutsche Volkstänze. Berlin: Henschenverlag Kunst und Geschichte, 1982, Band I.
posto em prática pelos cafeicultores – em especial pelo Senador Nicolau de Campos Vergueiro –
Essa chegada ocorre num contexto peculiar no qual o próprio país receptor está discutindo e
querendo construir sua identidade nacional, sua nacionalidade. Essa preocupação tem sua origem
como um elemento contribuinte para a formação da nossa nação, como mais um elemento
10
CARVALHO, José Murilo de. A Formação das Almas. O Imaginário da República no Brasil. São Paulo:
Companhia das Letras, 1990.
ser reconhecida e consolidada em benefício das gerações presentes e
futuras.”11
Dentro de sua parca bagagem em direção ao Brasil, junto com suas esperanças de uma vida
melhor para sua família e seus filhos, os imigrantes trouxeram consigo suas manifestações
culturais que, após a instalação e consolidação das colônias, puderam ser postas em prática. Estas
localidades de origem, porém sem a consciência de que o que praticavam era o que chamamos de
grupo.
A literatura acerca das colônias alemãs destaca o caráter associativo desses imigrantes que se
reuniam em torno de sociedades escolares, de canto, de tiro e de ginástica. Faziam parte dos
eventos das comunidades festas como os encontros de corais, torneios de tiro e o Kerb, nas quais
eram realizados bailes. Nesses momentos, as danças que hoje reconhecemos e nomeamos como
folclóricas eram dançadas pelos participantes da festa. Registros dessas festas nos mostram, por
exemplo, que a dança Herr Schmidt fazia parte deste repertório e era amplamente conhecida. O
que gostaria de destacar é que os imigrantes que aqui chegaram dançavam danças que eram
originalmente de sua terra, praticadas pelos seus grupos sociais, mas não as enxergavam sob a
O encontro da cultura imigrante com a nova terra promoveu a gestação de uma cultura chamada
de teuto-brasileira que não se congelou no tempo, mas também evoluiu, agregando outras
11
UNESCO. Declaração Universal da UNESCO sobre a Diversidade Cultural [2002].
http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001271/127160por.pdf (acesso em 12/04/2009).
influências às práticas das comunidades. Se anteriormente assinalei a influência de outros ritmos
e danças dentro da própria Alemanha, podemos perceber o mesmo processo no interior das
comunidades teuto-brasileiras.
O professor Telmo Lauro Müller12 em sua obra sobre a memória das colônias alemãs no sul do
Brasil percebe, ao analisar os programas das festas das comunidades entre as décadas de 1910 e
1920 na região do Vale dos Sinos, a influência progressiva de outros ritmos dentro dos bailes
organizados pelas comunidades. Ele observa que aos poucos, além das polcas, das mazurcas e
das valsas, ritmos típicos alemães, passaram a fazer parte dos repertórios dos bailes o tango
Gradualmente, as antigas danças trazidas pelos imigrantes são deixadas de lado pelos novos
ritmos e pelo encontro das culturas no Brasil. Na medida em que os descendentes de alemães vão
tocando os ritmos do Rio Grande do Sul, além dos sucessos mais recentes nas rádios, porém os
membros mais antigos das comunidades têm uma pequena lembrança das antigas danças,
anteriormente praticadas.
Embora as danças trazidas pelos imigrantes tenham lentamente desaparecido com o crescimento
das comunidades e das cidades, além da dispersão dos jovens para fora de suas comunidades em
12
MÜLLER, Telmo Lauro. Colônia Alemã: histórias e memórias. 2ª ed. Porto Alegre, Escola Superior de
Teologia São Lourenço dos Brindes, 1981.
surgimento e o desenvolvimento de um número muito significativo de grupos de danças
folclóricas alemãs. Cabe observar que não se trata de grupos folclóricos, e sim de grupos de
projeção ou de danças folclóricas, uma vez que reproduzem no Brasil danças e trajes da
Alemanha num contexto diferente do alemão e com objetivos bastante distintos. Se na Alemanha
as danças e os cantos são aprendidos em vida comunitária, no Brasil são realizados cursos e o
repertório de danças apresentadas pelos grupos não se restringe a uma localidade alemã, mas são
escolhidas de acordo com o perfil do grupo e de acordo com o perfil do público que assistirá as
apresentações.
Europa o perfil etário dos grupos de danças folclóricas é formado por participantes entre 40 e 60
anos, no Brasil o perfil etário dos grupos é majoritariamente inferior a 35 anos de idade. Mas o
folclóricas alemãs a partir da década de 1980. É claro que há grupos fundados antes mesmo de
1980, mas o maior crescimento dessa atividade se deu a partir dos anos 80. Percebemos nesse
a Federação das Colônias Alemãs no Brasil (FECAB) passou a organizar no espaço da Casa da
de danças folclóricas alemãs no Brasil. Antes disso, as danças folclóricas eram uma das
disciplinas oferecidas pelos cursos de formação de lideranças para centros culturais, promovidos
pela Associação Cultural Gramados na década de 1960, figurando ao lado de outras disciplinas
cursos aumentou e a partir da década de 1990 o movimento da dança folclórica alemã ganhou
um impulso mais forte, que se caracterizou pela iniciativa destes grupos de fundarem um
departamento de danças folclóricas alemãs, cuja função era centralizar o atendimento aos grupos
de danças no nosso país, organizar cursos para seus grupos filiados e funcionar como centro de
referência na divulgação das danças alemãs no país e pelo rápido aumento do número de grupos
de danças no Brasil.
Embora os primeiros cursos tenham sido realizados já na década de 1980, é apenas em 1992, no
apenas um curso anual, no qual eram desenvolvidos simultaneamente repertório para grupos de
realização de dois cursos anuais para coordenadores de grupos de danças alemãs formados por
adultos e um curso para grupos formados por crianças. Atualmente, além destes dois cursos é
realizado, ainda, mais um curso destinado a participantes de grupos de danças formados por
idosos.
Durante os cursos de danças os participantes realizam diversas atividades que estão relacionadas
direta e indiretamente com as danças e os grupos: além das aulas com os professores convidados,
(Tanzbeschreibung), têm noções básicas de língua alemã, realizam oficinas de música além de
terem palestras sobre a história da imigração alemã para o Brasil e sobre o papel dos líderes
dentro de seus grupos, por exemplo. A idéia dos seminários é a de fornecer ferramentas para que
origem.
Oferecer repertórios de danças aos grupos filiados ao departamento de danças é a função mais
danças conta com 243 instituições filiadas, que por sua vez se desdobram em vários outros
grupos por conta das diferentes categorias etárias que têm como grupos de crianças,
adolescentes, jovens, casais e idosos. Estes grupos são em sua maioria dos estados do Rio
Grande do Sul e de Santa Catarina, mas conta com associados dos estados do Paraná, São Paulo,
Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, além de Paraguai e Argentina. Para esses grupos
são produzidas apostilas, Cds e DVDs com danças folclóricas ministradas em todos os
seminários, num montante que já ultrapassa 730 danças. Desde janeiro de 2008, o departamento
Gesellschaft für Volkstanz13), figurando ao lado de Rússia e Estados Unidos como as únicas
seções da instituição fora da Alemanha, como reconhecimento pela seriedade do trabalho e com
13
O Deutsche Gesellschaft für Volkstanz ou Associação Alemã para Dança Folclórica é a instituição responsável
pelas pesquisas, registros, manutenção e multiplicação do folclore alemão. Ela é responsável pela transcrição das
descrições de danças para um alemão mais moderno, além da promoção de círculos de pesquisa, produção de
periódico trimestral e de encontros de grupos de danças folclóricas na Alemanha.
a nossa preocupação, no Brasil, de respeitarmos a fidedignidade das danças sem “inventarmos”
A segunda função, não tão óbvia assim, mas de extrema importância, é a de que o departamento
teuto-brasileiras através da dança folclórica alemã. Temos observado que em vários casos a
dança folclórica alemã tem servido como ferramenta de auxílio na tentativa de recuperação da
cultural – para os jovens, trazendo-os novamente para as comunidades para participarem dos
Gostaria de destacar que a dinâmica de funcionamento dos grupos folclóricos não está
relacionada com um sentimento saudosista. As pessoas não participam dos grupos de danças
esperando resgatar uma experiência que sequer vivenciaram ou que talvez nem tenha existido
originalmente nas comunidades, visto que uma parte considerável do repertório apresentado
pelos grupos é formada por danças que foram recolhidas ao final do século XIX ou foram
“filhas” do Movimento Jovem Alemão, portanto são posteriores ao período de imigração das
primeiras levas de alemães para o Brasil ou então são de regiões diferentes daquelas de onde
emigraram as famílias. Volto a salientar que nas comunidades alemãs a dança fazia parte das
Os grupos de danças têm servido como chamariz para jovens voltarem a frequentar suas antigas
comunidades e, com isso, trazer a elas vida e impedir que desapareçam. Ao mesmo tempo, as
danças têm despertado em muitos de seus participantes o desejo de conhecerem suas raízes, sua
identidade e seu passado e, participando de um grupo, eles acreditam estarem recriando com a
sua história antigos vínculos, considerados praticamente perdidos. Para muitos dançarinos desses
Posso citar a minha experiência pessoal com o grupo de danças no qual participei em Campinas,
estado de São Paulo, e sua relação com a comunidade alemã do bairro Friburgo. No início da
década de 1990 a direção da sociedade escolar do bairro Friburgo encontrou um armário velho e
carcomido cheio de antigos livros de atas manuscritos em alemão gótico. Tomados pela surpresa
mais antigas da comunidade foram reunidas no salão da sociedade escolar e com o uso de
da comunidade, visto que a participação dos jovens nos seus eventos e na vida comunitária era
quase nula – a partir da década de 1970 as famílias haviam vendido suas propriedades rurais e se
mudado para as cidades vizinhas de Campinas e de Indaiatuba, e o salão era frequentado nos
finais de semana apenas pelos membros mais velhos que se deslocavam até a sede da
comunidade. A alternativa encontrada por eles para trazer os jovens de volta e despertar seu
mesma época e da mesma região de onde emigrou a maior parte das famílias fundadoras da
criação do grupo, os jovens descendentes das famílias que formaram a comunidade começaram a
frequentar novamente o salão da comunidade rural, para onde passaram a deslocar semanalmente
comunitária.
Nós, do departamento de danças folclóricas alemãs, temos procurado oferecer subsídios para que
comunidade à qual pertencem e, por conseguinte, pela sua própria história, como forma de
resgatar as origens de suas identidades. As danças folclóricas têm seu aspecto lúdico, de
entretenimento, mas são também uma rica oportunidade de atrair os jovens para se interessarem
Temos incentivado os grupos a procurarem escolher seus trajes de acordo com a história de suas
comunidades, de conversarem com os membros mais velhos para conhecerem suas trajetórias e
de tomarem consciência de que não somos um grupo à parte da cultura brasileira, mas que, pelo
contrário, somos também membros constituintes desse grande e riquíssimo mosaico cultural que
constitui o Brasil.