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sentimentos de solidariedade em relação aos outros ou possua algumas virtudes
republicanas. Por outro lado, o crescimento do aparelho do estado envolveu a ascensão
de um poderoso grupo de burocratas e políticos, cujo papel, em uma democracia, é de
proteger os direitos dos cidadãos, e desenvolver instituições duradouras e políticas
públicas temporárias que tenham por objetivo a ordem social, a liberdade, justiça
social e o bem- estar.
O novo estado que está surgindo no início do século XXI é o produto de um longo processo
histórico no qual as instituições de estado se desenvolveram em cada estado-nação. É o
resultado do processo de fertilização cruzada através do qual, desde que os gregos e
romanos estabeleceram suas repúblicas, outros países importaram e adaptaram instituições.
É o produto de guerras e revoluções que promoveram ou prejudicaram o desenvolvimento
político e econômico, do progresso tecnológico e das transformações econômicas que,
aliados ao desenvolvimento político, tornaram possível a ascensão do capitalismo e,
posteriormente, da democracia – e, portanto, do desenvolvimento político e
econômico sustentado e independente.
A fim de situar historicamente a discussão desenvolvida neste livro acerca do estado, acerca
de como sua governança progrediu em direção à democracia, e sobre como a estratégia
para sua organização e administração avançou, eu me limitarei ao ‘estado moderno’.
Quando o moderno estado-nação emergiu a partir dos antigos impérios e do sistema feudal,
ele foi o fruto tanto de uma crescente divisão do trabalho como da ascensão do capitalismo.
O surgimento do estado moderno implicou uma crescente separação, para cima, do
estado a partir do monarca e, para baixo, da organização do estado a partir da
sociedade civil.
O estado posteriormente sofreu uma longa transição histórica política, dos regimes
autoritários para a democracia. Nesse processo:
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de navegação e as grandes descobertas; em segundo lugar, a revolução industrial,
com a energia a vapor; em terceiro lugar, a segunda revolução industrial, com o
motor de combustão interna e a eletricidade; e em quarto lugar, a revolução das
comunicações, com a informática e a Internet. Nesse processo histórico, o
relacionamento do estado com o mercado se transformou a cada revolução,
dando origem, respectivamente, ao estado absoluto, liberal, social-democrático
e social-liberal.
1. ‘poder despótico’ – ‘a faixa de ações do estado que o estado (a elite) tem o poder de
realizar sem uma negociação rotineira e institucionalizada com grupos da sociedade
civil...’ e
O poder do estado seria tão efetivo quanto esses dois poderes. Essa visão tem o mérito de
sugerir que o poder pode vir de cima ou de baixo da sociedade, da ‘elite do estado’, ou
de movimentos religiosos, classes econômicas e elites militares que formam a
sociedade civil. No entanto, incluir as elites militares na sociedade civil envolve uma
ampliação indevida do conceito de sociedade civil. A elite do estado em cada modelo
histórico do estado é formada por uma burocracia endógena (administrativa, militar e
religiosa) e pelos membros da classe social que detém o poder econômico na
sociedade civil.
No estado pré-capitalista e no estado absoluto moderno, essa classe é a
aristocracia rural, que divide o poder com a burocracia patrimonial.
No estado liberal, soma-se à aristocracia a burguesia ou classe capitalista.
No estado liberal-democrático, a aristocracia perde influência decisiva, e a
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burguesia é a única classe social significativa proveniente da sociedade civil a
participar da elite do estado; dentro do estado, além da burocracia estatal, temos
agora políticos eleitos que participam da elite do estado.
Finalmente, no estado social-democrático, a burocracia privada, agora
transformada em uma classe média profissional, começa a participar da elite do
estado, dividindo poder com funcionários governamentais (políticos profissionais e
burocratas do estado ou servidores públicos).
Nesse processo, a elite do estado não apenas altera e amplia seu escopo; com a
democracia, ela se torna também mais representativa e mais responsável. O poder
despótico gradualmente perde força e o poder infra-estrutural se torna democrático. A
intervenção do estado segue um padrão cíclico, como discutirei abaixo. Ao responder a
falhas do mercado, como nos anos 20 e 30, ele aumentou seu escopo. No entanto, o
crescimento do estado envolveu necessariamente distorções que, nos anos 70, levaram à
crise fiscal e, mais amplamente, a uma crise do estado. Esta crise e a aceleração da
globalização abriram o caminho para a privatização e a desregulamentação do
mercado que, no entanto, logo atingiram seus próprios limites. Assim, quando a reforma do
estado se tornou um item importante na agenda de todos os países nos anos 90, não me
surpreendi. Este livro resume minhas visões acerca de tais reformas, com ênfase especial na
reforma da gestão pública. Dois pressupostos – a crise cíclica do estado e a necessidade de
proteger os direitos republicanos – apontaram a orientação geral: redefinir o papel do estado,
reconstruir a capacidade do estado, administrar o aparelho do estado de maneira mais
eficiente e mais democrática.
As fases pelas quais o estado moderno passou historicamente, tomando como referência os
estados-nação mais desenvolvidos:
1. Começou como autoritário e patrimonial nos séculos XVI e XVII: era o estado
absolutista organizando monarquias patrimoniais.
2. No século XIX, ele se tornou liberal e burocrático: o estado liberal impôs o estado
de direito e garantiu os direitos civis, ou seja, os direitos à vida, à liberdade e à
propriedade privada, mas permaneceu autoritário, pois os pobres e as mulheres não
votavam.4
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constitucional, a garantia das liberdades básicas e das eleições competitivas para
definir o governo exige o sufrágio universal, não podemos falar de democracia no estado
liberal.
Com a ascensão do estado absolutista, a separação entre esfera pública e esfera privada
se tornou inevitável.
O estado liberal ‘resolveu’ a questão através das revoluções constitucional e
liberal (a Revolução Gloriosa, a Revolução Norte-americana e a Revolução Francesa),
e, em um segundo momento, através da reforma do serviço público. Com as
primeiras, o estabeleceu-se o estado de direito; com a última, a administração
pública burocrática substituiu a administração patrimonial. No entanto, o regime
político permaneceu autoritário.
O estado liberal-democrático, por sua vez, derrotou o autoritarismo, mas levantou
a questão da justiça social.
O estado social-democrático tentou dar uma resposta à questão dos direitos
sociais e ao problema da igualdade de oportunidades, mas demonstrou ser
ineficiente em um mundo no qual a eficiência econômica se torna cada vez mais
imperiosa.
O estado social-liberal continua comprometido com a justiça social, enquanto o
estado republicano é uma resposta ao uso indevido de dinheiro público e ao
suprimento ineficiente de serviços sociais e científicos. O estado republicano não é o
regime político ideal de cidadãos virtuosos, mas é um estado que conta com boas
instituições e um razoável número de cidadãos comprometidos, capaz de
assegurar os direitos clássicos da cidadania, mas também de proteger a res publica de
ser capturada por interesses privados.
Essas formas históricas de estado, ou de regime político, não envolvem estágios inevitáveis
e bem definidos de desenvolvimento político em todos os países democráticos. E não
devemos supor que cada forma de estado resolve os problemas colocados por seu
predecessor. Elas são apenas uma maneira simples de compreender como a governança
evoluiu através do tempo, tomando como casos paradigmáticos países europeus ocidentais
como a França e a Inglaterra, e os Estados Unidos – tão diferentes um do outro, mas com
tantas características comuns, começando pelo fato de que foram os primeiros países a
completar as revoluções industrial e capitalista. Se a transição para um novo estágio, ou para
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uma nova forma de estado, não exige que os problemas colocados pela forma histórica
anterior tenham sido resolvidos, eles foram de algum modo enfrentados e resolvidos. Os
capítulos seguintes focalizarão o processo político através do qual o estado ou o sistema
político se alteraram quando homens e mulheres, tendo se tornado cidadãos, começaram a
buscar a ordem social ou a estabilidade política, a liberdade, a justiça social, o bem-estar e a
proteção do patrimônio público. Seguindo o esquema básico de T. H. Marshall da afirmação
histórica sucessiva dos direitos humanos, e a abordagem de Barrington Moore sobre a
democracia como o produto da luta e da progressiva ampliação dos direitos dos cidadãos, 5
investigarei o desenvolvimento das formas históricas do estado e as correspondentes formas
de democracia do ponto de vista da ampliação dos direitos dos cidadãos – a partir da
afirmação e da aplicação dos direitos civis; em segundo lugar, dos direitos políticos; em
terceiro lugar, dos direitos sociais; e, finalmente, dos direitos republicanos. Tais direitos
foram razoavelmente bem definidos e incorporados nas constituições e leis dos países
civilizados, de tal forma que sua afirmação guiará minha breve análise histórica, embora eu
esteja bem consciente de que eles não foram amplamente garantidos mesmo nos países
mais avançados.
3 Breve Histórico
3.1 A Reforma do DASP
No Brasil, o modelo de administração burocrática emerge a partir dos anos 30. Surge no
quadro da aceleração da industrialização brasileira, em que o Estado assume papel
decisivo, intervindo pesadamente no setor produtivo de bens e serviços. A partir da reforma
empreendida no governo Vargas por Maurício Nabuco e Luiz Simões Lopes, a
administração pública sofre um processo de racionalização que se traduziu no
surgimento das primeiras carreiras burocráticas e na tentativa de adoção do concurso como
forma de acesso ao serviço público. A implantação da administração pública burocrática
é uma conseqüência clara da emergência de um capitalismo moderno no país.
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Tendo em vista as inadequações do modelo, a administração burocrática implantada a partir
de 30 sofreu sucessivas tentativas de reforma. Não obstante, as experiências se
caracterizaram, em alguns casos, pela ênfase na extinção e criação de órgãos, e, em outros,
pela constituição de estruturas paralelas visando alterar a rigidez burocrática. Na
própria área da reforma administrativa esta última prática foi adotada, por exemplo, no
Governo JK, com a criação de comissões especiais, como a Comissão de Estudos e
Projetos Administrativos, objetivando a realização de estudos para simplificação dos
processos administrativos e reformas ministeriais, e a Comissão de Simplificação
Burocrática, que visava à elaboração de projetos direcionados para reformas globais e
descentralização de serviços.
Em meados dos anos 70, uma nova iniciativa modernizadora da administração pública teve
início, com a criação da SEMOR - Secretaria da Modernização. Reuniu-se em torno dela
um grupo de jovens administradores públicos, muitos deles com formação em nível de pós-
graduação no exterior, que buscou implantar novas técnicas de gestão, e particularmente
de administração de recursos humanos, na administração pública federal.
No início dos anos 80, registrou-se uma nova tentativa de reformar a burocracia e orientá-la
na direção da administração pública gerencial, com a criação do Ministério da
Desburocratização e do Programa Nacional de Desburocratização -PrND, cujos
objetivos eram a revitalização e agilização das organizações do Estado, a descentralização
da autoridade, a melhoria e simplificação dos processos administrativos e a promoção da
eficiência. As ações do PrND voltaram-se inicialmente para o combate à burocratização
dos procedimentos. Posteriormente, foram dirigidas para o desenvolvimento do
Programa Nacional de Desestatização, num esforço para conter os excessos da expansão
da administração descentralizada, estimulada pelo Decreto-Lei 200/67.
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A conjunção desses dois fatores leva, na Constituição de 1988, a um retrocesso
burocrático sem precedentes. Sem que houvesse maior debate público, o Congresso
Constituinte promoveu um surpreendente engessamento do aparelho estatal, ao
estender para os serviços do Estado e para as próprias empresas estatais praticamente as
mesmas regras burocráticas rígidas adotadas no núcleo estratégico do Estado. A nova
Constituição determinou a perda da autonomia do Poder Executivo para tratar da
estruturação dos órgãos públicos, instituiu a obrigatoriedade de regime jurídico único
para os servidores civis da União, dos Estados- membros e dos Municípios, e retirou
da administração indireta a sua flexibilidade operacional, ao atribuir às fundações e
autarquias públicas normas de funcionamento idênticas às que regem a administração direta.
Este retrocesso burocrático foi em parte uma reação ao clientelismo que dominou o
país naqueles anos. Foi também uma conseqüência de uma atitude defensiva da alta
burocracia que, sentindo-se injustamente acusada, decidiu defender-se de forma irracional.
As distorções provocadas pela nova Constituição logo se fizeram sentir. No governo Collor,
entretanto, a resposta a elas foi equivocada e apenas agravou os problemas existentes, na
medida em que se preocupava em destruir ao invés de construir. O governo Itamar
Franco buscou essencialmente recompor os salários dos servidores, que haviam sido
violentamente reduzidos no governo anterior. O discurso de reforma administrativa assume
uma nova dimensão a partir de 1994, quando a campanha presidencial introduz a
perspectiva da mudança organizacional e cultural da administração pública no sentido de
uma administração gerencial.
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http://www.bresserpereira.org.br/Documents/MARE/PlanoDiretor/planodiretor.pdf, em
05/10/2010
A reforma Bresser
No Brasil dos anos 1990, o debate sobre a reforma do Estado foi liderado pelo professor
Luis Carlos Bresser-Pereira, seja na qualidade de scholar, seja na qualidade de ministro.
Manifestando-se num ou noutro papel, seus argumentos e propostas foram sempre
basicamente os mesmos e estão resumidos no Plano Diretor da Reforma do Aparelho de
Estado — Pdrae (1995). O documento está dividido em nove partes e apresenta, entre
outros, os seguintes pontos:
O Pdrae partia de uma premissa — a de que a crise latino-americana era uma crise do
Estado. Com base nesse diagnóstico, o plano indicou como pilares do projeto de reforma
do Estado:
Segundo o Pdrae, o governo brasileiro, no âmbito dos três poderes, “não carecia de
‘governabilidade’, ou seja, de poder para governar, dada sua legitimidade democrática e o
apoio com que contava na sociedade civil. Enfrentava, entretanto, um problema de
governança, na medida em que sua capacidade de implementar as política públicas
estava limitada pela rigidez e ineficiência da máquina administrativa” (Mare, p. 3-4).
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executor ou prestador direto de serviços mantendo-se, entretanto, no papel de regulador
e provedor destes. Nesta nova perspectiva, busca-se o fortalecimento das suas funções
de regulação e de coordenação, particularmente no nível federal, e a progressiva
descentralização vertical, para os níveis estadual e municipal, das funções executivas no
campo da prestação de serviços sociais e de infra-estrutura. Considerando essa tendência,
pretende-se reforçar a governança — a capacidade de governo do Estado — por meio da
transição programada de um tipo de administração pública burocrática, rígida e
ineficiente, voltada para si própria e para o controle interno, para uma administração
pública gerencial, flexível e eficiente, voltada para o atendimento da cidadania. Para
isso, será necessária uma mudança em três planos:
1. no plano institucional-legal, através da reforma da Constituição e das leis do país;
2. no plano cultural, através da internalização de uma nova visão do que seja a
administração pública; e
3. no plano da gestão, onde afinal se concretiza a reforma (Mare, p. 4).
O modelo conceitual
O modelo conceitual da Reforma do Aparelho de Estado está apoiado em três
dimensões: formas de propriedade, tipos de administração pública e níveis de atuação
do Estado. As relações entre essas dimensões estabelecem o quadro referencial e a
estratégia da reforma.
O modelo propõe que a propriedade pública possa ser classificada em dois tipos:
Bresser-Pereira chama a atenção para o fato de que a existência desse tipo de propriedade
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gera direitos de cidadania, os chamados direitos republicanos, que não têm titular certo, mas
afetam o bem-estar e a sobrevivência de todos os indivíduos em novas formas de
apropriação do mundo e de inserção na vida social. Eles dão ao cidadão direitos ao futuro
comum, à informação fidedigna, à proteção ao meio ambiente, ao patrimônio histórico e à
coisa pública. Bresser-Pereira (1997:121) não inclui a proteção do consumidor entre os
direitos republicanos. Apoiado na obra de Luís Felipe Colaço Antunes (1989), ele argumenta
que este é um direito que pode ser coletivo, à medida que seu titular freqüentemente é um
grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si. (...) É um direito civil, é um direito
subordinado ao direito de propriedade. O direito do consumidor, embora possa ser visto
como coletivo, é no fundo um direito privado: expressa o direito do comprador de bens de
consumo de não ser enganado.
O mesmo raciocínio sobre o caráter individual de um direito coletivo pode ser aplicado ao
direito à privacidade e à proteção contra a onisciência dos computadores.
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participação dos agentes privados e das organizações da sociedade civil, deslocando-
se a ênfase dos procedimentos (meios) para os resultados (fins):
De acordo com o plano, também há que se distinguir ainda três níveis de atuação do
Estado:
A produção de bens e serviços para o mercado ficaria a cargo das empresas privadas.
A cada um desses níveis funcionais corresponderia um tipo específico de agência pública.
Esse esquema engenhoso resume toda a base conceitual da reforma gerencial brasileira,
estabelecendo numa matriz diferentes formas de propriedade, tipos de administração pública
e níveis de atividade, para definir os projetos de intervenção. Ele mostra que a
administração gerencial é o tipo mais adequado à gestão de agências autônomas,
organizações públicas não-estatais (não-governamentais) e empresas privadas, mas
que há ainda um espaço residual para a administração burocrática. Chama a atenção a
existência de uma relação entre o tipo de propriedade (ou espaço institucional — Estado,
mercado e sociedade) e o tipo de atividade. Tal correspondência pode ser encontrada em
dois quadros apresentados por Osborne e Gaebler (1997) para indicar tipos de atividade
onde são mais efetivas instituições públicas, organizações governamentais e empresas
privadas.
Os instrumentos de intervenção
A reforma, tal como preconizada no Plano Diretor, pode ser interpretada com cinco
diretrizes principais, a saber:
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alteração da base legal, a partir da reforma da própria Constituição;
2. racionalização, que busca aumentar a eficiência, por meio de cortes de gastos, sem
perda de “produção”, fazendo a mesma quantidade de bens ou serviços (ou até
mesmo mais) com o mesmo volume de recursos;
A emenda foi promulgada em junho de 1998, a avaliação estrutural nunca foi realizada pelo
governo Fernando Henrique, o projeto de agências executivas resultou na qualificação de um
único organismo (Inmetro) e a proposta de publicização resultou no estímulo à criação de
apenas cinco organizações sociais. Embora não fizesse parte dos objetivos do Plano Diretor,
nem constituísse atribuição do Mare (Ministério da Administração e Reforma do Estado), o
maior número de realizações esteve relacionado com a privatização de empresas estatais,
principalmente nos setores de telefonia (Sistema Telebrás), mineração (Vale do Rio Doce) e
financeiro (Banespa).
A defesa da coisa pública vem sendo realizada nas democracias modernas em dois
níveis distintos: o nível político e o administrativo.
1. No nível político temos as instituições fundamentais da democracia, através das
quais se defendem não apenas os direitos individuais e sociais dos cidadãos,
mas também os “direitos públicos” à participação igualitária na coisa pública. As
eleições livres e a liberdade de pensamento e de imprensa são formas de defender o
cidadão e a coisa pública. A explicitação dos direitos públicos ao patrimônio que é de
todos é um passo que está hoje sendo dado em todo o mundo. A denúncia da
“privatização” do Estado pela esquerda corresponde à denúncia da direita de que o
Estado e a sociedade estão sendo vítimas da prática generalizada do “rent seeking”,
da busca de rendas ou vantagens extra-mercados para grupos determinados através
do controle do Estado. Ainda no plano democrático, a prática cada vez mais freqüente
da participação e controle direto da administração pública pelos cidadãos,
principalmente no nível local, é uma nova forma de defender a coisa pública.
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2. No plano administrativo, a administração pública burocrática surgiu no século
passado conjuntamente com o Estado liberal, exatamente como uma forma de
defender a coisa pública contra o patrimonialismo. Na medida porém, que o
Estado assumia a responsabilidade pela defesa dos direitos sociais e crescia em
dimensão, foi-se percebendo que os custos dessa defesa podiam ser mais altos que
os benefícios do controle. Por isso, neste século as práticas burocráticas vêm
sendo substituídas por um novo tipo de administração: a administração gerencial.
Surge na segunda metade do século XIX, na época do Estado liberal, como forma de
combater a corrupção e o nepotismo patrimonialista. Constituem princípios
orientadores do seu desenvolvimento a profissionalização, a idéia de carreira, a
hierarquia funcional, a impessoalidade, o formalismo, em síntese, o poder racional-
legal. Os controles administrativos visando evitar a corrupção e o nepotismo são sempre
a priori. Parte-se de uma desconfiança prévia nos administradores públicos e nos cidadãos
que a eles dirigem demandas. Por isso são sempre necessários controles rígidos dos
processos, como por exemplo na admissão de pessoal, nas compras e no atendimento a
demandas. Por outro lado, o controle – a garantia do poder do Estado – transforma-se na
própria razão de ser do funcionário. Em conseqüência, o Estado volta-se para si mesmo,
perdendo a noção de sua missão básica, que é servir à sociedade. A qualidade
fundamental da administração pública burocrática é a efetividade no controle dos
abusos; seu defeito, a ineficiência, a auto-referência, a incapacidade de voltar-se para o
serviço aos cidadãos vistos como clientes. Este defeito, entretanto, não se revelou
determinante na época do surgimento da administração pública burocrática porque os
serviços do Estado eram muito reduzidos. O Estado limitava-se a manter a ordem e
administrar a justiça, a garantir os contratos e a propriedade.
Emerge na segunda metade do século XX, como resposta, de um lado, à expansão das
funções econômicas e sociais do Estado, e, de outro, ao desenvolvimento tecnológico
e à globalização da economia mundial, uma vez que ambos deixaram à mostra os
problemas associados à adoção do modelo anterior. A eficiência da administração pública –
a necessidade de reduzir custos e aumentar a qualidade dos serviços, tendo o cidadão
como beneficiário – torna-se então essencial. A reforma do aparelho do Estado passa a
ser orientada predominantemente pelos valores da eficiência e qualidade na prestação
de serviços públicos e pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas organizações.
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seus princípios. Pelo contrário, a administração pública gerencial está apoiada na anterior,
da qual conserva, embora flexibilizando, alguns dos seus princípios fundamentais, como a
admissão segundo rígidos critérios de mérito, a existência de um sistema estruturado e
universal de remuneração, as carreiras, a avaliação constante de desempenho, o
treinamento sistemático. A diferença fundamental está na forma de controle, que deixa de
basear-se nos processos para concentrar-se nos resultados, e não na rigorosa
profissionalização da administração pública, que continua um princípio fundamental.
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cliente, do controle por resultados, e da competição administrada.
http://www.bresserpereira.org.br/Documents/MARE/PlanoDiretor/planodiretor.pdf, em
05/10/2010
Benchmarking
Benchmarking é um processo positivo e pró-ativo de mudar as operação de forma
estruturada para atingir a maximização de performance da empresa. Os benefícios do
uso do benchmarking são que as funções são forçadas a investigar as melhores práticas
da indústria externa e incorporá-las às suas operações. Isso gera empresas lucrativas
e de alta utilização de ativos, que satisfazem as necessidades dos clientes e contam
com uma vantagem competitiva. Constitui-se na busca das melhores práticas na
indústria que conduzam ao desempenho superior.
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• Possibilita que as melhores práticas de qualquer indústria sejam incorporadas de
forma criativa aos processos da função analisada;
Tipos de benchmarking
Processo de benchmarking
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uma combinação de métodos que melhor atenda às necessidades
do estudo com muita freqüência é produtiva. As fontes de
informação são limitadas somente pela imaginação da pessoa.
b) Análise – Depois de determinar o que, como e quem deve ser marco de referência,
é preciso efetuar a coleta e análise dos dados. A fase de análise deve envolver uma
cuidadosa compreensão das práticas correntes nos seus processos, bem como
daquelas dos seus parceiros. Afinal, o processo de benchmarking é uma análise
comparativa. Aquilo que se deseja é uma compreensão do desempenho interno, a
partir da qual se possa avaliar as forças e fraquezas.
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7. Estabelecer metas funcionais
Diante disso, alguns pontos são importantes aclarar como o benchmarking torna as
mudanças bem-sucedidas:
CAMP, Robert C. Benchmarking – o caminho da qualidade total. São Paulo, 1989. Ed.
Pioneira
Aprendizado Organizacional
Atualmente, o conhecimento constitui a base estruturante do desempenho de sociedades,
regiões e organizações. Fala-se hoje em sociedade do conhecimento, economia baseada em
conhecimento, redes de conhecimento, trabalhadores do conhecimento (ou analistas
simbólicos) para designar a constatação de que a gestão adequada do conhecimento é fator
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condicionante da capacidade das sociedades, organizações e pessoas para lidar com o
ambiente em acelerada mudança e crescente complexidade. Aprimorar tal competencia está
se tornando vital para que as nações e organizações possam acelerar o ritmo de seu
desenvolvimento.
2. O conhecimento é orientado para a ação: o ser humano está sempre gerando novos
conhecimentos por meio da análise das impressões sensoriais que recebe (e quanto
mais sentidos ele utiliza no processo, melhor) e perdendo os antigos. Essa qualidade
dinâmica do conhecimento é refletida em verbos como aprender, esquecer, lembrar
e compreender;
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organizações, o conhecimento explícito tem uma vida curta, A informação torna-se
rapidamente obsoleta à medida que o ambiente de negócios muda.
O conhecimento tácito e explícito não são entidades totalmente separadas, mas mutuamente
compementares. Interagem entre si e realizam trocas nas atividades criativas das pessoas –
a chamada conversão do conhecimento (Nonaka e Takeuchi) –, sendo um processo social
entre pessoas, em continua expensão.
Uso do conhecimento
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a) Conhecimento “just-in-case”: é o conhecimento de que as pessoas necessitam antes
de fazer seu trabalho.
Conhecimento organizacional
Espiral do Conhecimento
Diálogo
Socialização Externalização
Associação do
Construção do
Conhecimento
Campo
Explícito
Internalização Combinação
Aprender Fazendo
Aprendizagem
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combinam com comportamentos inatos que vão sugindo à medida que o organismo
amadurece. A aprendizagem conduz a mudanças relativamente permanentes na conduta.
Processo de aprendizagem
Organizações de Aprendizagem
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A organização de aprendizagem é aquela que está continuamente desenvolvendo e
mudando a forma de manter a empresa competitive no futuro. Isso requer uma visao comum
e uma estratégia que esteja na cabeça de todas as pessoas em termos tangíveis e
compreensíveis para todas elas. São as pessoas que transformam as visões e estratégias
em ações específicas. E esse processo sempre requer uma mudança comportamental e o
desenvolvimento gradativo de competencias individuais ao longo do tempo.
Argyris e Schön, lembram que a maioria das organizações se empenha no que foi chamado
de aprendizado de círculo simples: quado são destectados erros, o processo de correção
baseia-se em rotinas passadas e em políticas atuais. Em comparação, as organizações que
aprendem utilizam o aprendizado de círculo duplo (doble looping feeback): quando um erro é
detectado, ele é corrigido de maneira que envolva a modificação dos objetivos, nas políticas
e nas rotinas padronizadas da organização. O aprendizado de círculo duplo desafia
pressuposições e normas profundamente enraizadas dentro da organização. Desse modo,
ele fornece oportunidades para soluções radicalmente diferentes de problemas e proporciona
saltos drásticos em melhorias.
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isolados como gestão, equipes, empowerment, empatia, etc. A empatia é refletida na
preocupação genuine em facilitar e incentivar a mudança, tendo como reforço o
sistema de recompensas da organização. Deve haver uma mentalidade que apóie e
facilite o aprendizado na organização.
As organizações de aprendizagem se destacam pelo que elas sabem e pela forma como
conseguem utilizar esse conhecimento.
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• Preparação para o futuro: a aprendizagem ajuda a construir um contexto que facilita
e estimula a mudança, a disseminação do conhecimento gerado ou não pela
organização;
Drucker diz que as organizações, mesmo contando com poderosas ferramentas gerenciais –
“fazer de forma diferente aquilo que já é feito na organização” –, passam por processos de
crise inadministráveis. A causa básica da crise concentra-se no fato de que as hipóteses que
sustentam as operações da organização não mais se encaixam à realidade atual. Conforme
o autor, essas hipóteses constituem a teoria do negócio da organização, que moldam o seu
comportamento e possuem três dimensões. A primeira corresponde às hipóteses a respeito
do ambiente onde a organização está inserida (sociedade, mercado, cliente, tecnologia); a
segunda refere-se à missão específica da organização nesse ambiente; a Terceira define as
competencias essenciais, necessárias para realização dessa missão. Com o passar do
tempo, toda teoria do negócio torna-se obsolete e sem valor. Quando existe um sucesso ou
fracasso inesperado da própria organização, ou de um concorrente, isto se constitui em um
evidente sinal de necessidade de mudança da teoria do negócio vigente.
Para Argyris e Schön, o termo aprendizagem tanto pode ser utilizado como umproduto (algo
aprendido), quando o foco centra-se em “o que aprendemos”, quanto como o processo que
resulta no produto, quando o foco está em “como aprendemos”. O modelo de aprendizagem
organizacional inclui o produto (conteúdo informacional), o processo (aquisição,
processamento e armazenamento da informação), e o aprendiz (a quem o processo de
aprendizagem é atribuído).
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discrepância, pode derivar uma mudança na forma de pensar e agir, acarretando alterações
nas práticas organizacionais.
Argyris e Schön utilizam-se da teoria da ação por eles desenvolvida, como modelo para
explicar a aprendizagem organizacional. Segundo essa teoria, toda ação é realizada através
de estratégias sustentadas por valores e premissas admitidas pelo atuante, que muitas
vezes são pore le desconhecidas. A estratégia de ação surge em função dos resultados que
se deseja obter a partir de uma situação qualquer. A discrepância entre os resultados obtidos
e os resultados esperados (erro) leva ao questionamento da estratégia adotada e à
aprendizagem.
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• exploração e reestruturação dos valores e critérios que definem essas práticas,
levando ao aperfeiçoamento do desempenho da organização (nível organizacional);
Senge formula o conceito de organizações que aprendem, como locais em que as pessias
continuamente expandem a capacidade de criar os resultados verdadeiramente desejados,
em que novos padrões de pensamento são amadurecidos, a aspiração coletiva é permitida e
as pessoas estão, continuamente, aprendendo como aprender juntos – o desejo de aprender
é criativo e produtivo.
Maestria pessoal
Para Senge, se a pessoa tem uma clara percepção dos seus propósitos de vida e uma clara
percepção da realidade em que vive, a discrepância entre essas duas visões irá gerar uma
tensão, que será criativa se levar a pessoa a trabalhar no sentido de transformar a realidade
na direção da realização de seus propósitos.
A tensão criativa surge ao vermos, claramente, onde queremos estar, nossa “visão”, e de
perceber a verdade onde estamos, nossa “realidade atual”. A tensão criativa pode ser
resolvida de duas formas básicas: construindo a realidade na direção da visão, ou “baixando”
a visão na direção da realidade atual. Indivíduos, grupos e organizações que aprendem
como lidar com a tensão criativa, aprendem como usar a energia gerada pore la para mover
a realidade em direção às suas visões.
Modelos Mentais
O que importa não é saber se os modelos mentais são verdadeiros ou falsos, mas perceber
que “eles são ativos: eles modelam nosso modo de agir”.
Visão Compartilhada
A visão compartilhada refere-se à habilidade de descobrir pontos comuns na visão que cada
um tem sobre a realidade, onde se inclui a organização, e traduzir esses pontos comuns
numa visão única que possa representar satisfatoriamente a aspiração de todos.
Aprendizagem em Equipe
28
Pensamento Sistêmico
O primeiro conceito mostra como ações formam cadeias de atividades, que não podem ser
isoladas uma das outras, e são baseadas em “estruturas” de pensamento que ocorrem
repetidamente. Essas estruturas, que se tornam profundamente arraigadas na mente de
cada um e na organização como entidade, são os arquétipos de sistema. O segundo
conceito está baseado na idéia de que a realiade é uma rede de eventos conectados em
ciclos.
LIMA, Suzana Maria Valle e outros. Mudança Organizacional - teoria e gestão. Rio de
Janeiro, 2003, Ed. FGV.
Gestão do desempenho
29
(Rummler e Brache) Se a preocupação é a qualidade, o foco no cliente, a produtividade, o
tempo do ciclo ou o custo, o assunto por detrás de tudo isso é sempre o desempenho.
Modelo Sistêmico
30
Modelos sistêmicos de gestão estratégica de desempenho, que fundamentam sistemas
integrados, exigem o descongelamento de padrões anteriormente utilizados, para facilitar a
aceitação das mudanças requeridas pelas modalidades orgânicas de gerenciamento. Entre
as mais relevantes, algumas merecem destaque:
Métodos de avaliação
Métodos tradicionais
31
• Escolha e distribuição forçada – avalia o desempenho por meio de frases
descritivas, ou seja, afirmações e padrões previamente estabelecidos, entre os quais
o avaliador é forçado a escolher o que mais se adequa para descrever os
comportamentos do avaliado no ambiente de trabalho.
• Avaliação de competencias
32
ferramentas) interpessoais (atitudes e valores) necessárias ao desempenho
esperado, a partir de instrumentos específicos e entrevistas.
Subjetividade e avaliação
Cabe ressaltar que a subjetividade pode afetar a avaliação em seus dois pólos: o dos
avaliadores e o dos avaliados.
A avaliação qualitative parece ser a mais completa em termos de informações, mas também
a mais difícil de ser aceita e realizada pelas organizações, onde há um medo de dar
significado à subjetividade, como se ela não estivesse presente no dia-a-dia das pessoas
que estabelecem pesos e valores diferentes para diversas dimensões de sua personalidade
e do mundo no qual se insere.
Percepção
Uma teoria que tomou como ponto de partida, os processos psicológicos relacionados à
ilusão de ótica, foi psicologia da Gestalt,. Onde voltou-se para o fenômeno da percepção,
detectando um princípio relevante para aqueles que desejam compreender o comportamento
humano: há uma relação de causa e efeito entre o estímulo que o meio fornece e a resposta
33
– porque, para os gestalistas, entre o estímulo que o meio fornece e a resposta do indivíduo
encontram-se o processo de percepção.
Carl Rogers, reflete sobre a estreita ligação entre o processo de percepção e a avaliação,
assinalando fases na sua evolução:
A percepção tem um papel fundamental para a avaliação, mas não se pode esquecer que
suas distorções influenciam de forma incontestável seus resultados.
Distorções perceptuais
34
Obstáculos políticos Distorção por interesse politico que favorece a construção de imagem
que se quer fortalecer previamente definida
Diferentes graus de rigor Aumento ou redução do rigor capaz de prejudicar alguns e favorecer a
outros
Emoções
Para Murray, emoções são reações fisiológicas que influem na percepção, aprendizagem e
no desempenho, que afetam positiva e negativamente a percepção das situação
vivenciadas. Emoções são contagiantes, podendo desencadear ações positivas ou negativas
dependendo de suas nuanças. Sentimentos positivos propiciam um desempenho produtivo.
Já os negativos prejudicam a produção do indivíduo ou da equipe.
Interesses
Processo motivacional
Esforço Envolvimento 35
maior ou menor
Motivação
De acordo com Murray, a motivação é caracterizada como “um processo interno, que
impulsiona um indivíduo a se comportar em uma determinada direção, intimamente ligada à
satisfação. Esses impulsos tem como alicerce as necessidades humanas que são
classificadas em duas categorias (Davis e Newstrom):
As primeiras tem pouca variação de pessoa para pessoa, mas o mesmo não acontece com
as necessidades secundárias.
A gestão de desempenho efetiva se caracteriza pela intense participação das pessoas, das
equipes e das unidades do negócio visando o alcance de resultados que permitam,
simultaneamente, a maximização do desempenho humano e a concretização das
estratégias.
O comprometimento dos membros de uma equipe, seja com a organização ou com seus
companheiros, é a base do desempenho excelente ou efetivo. Mas o comprometimento só
ocorrerá quando os conflitos, independentes de sua origem (pessoal, social ou
organizacional), forem minimizados e o diálogo predominar.
Toda empresa moderna e fetiva necessita avaliar, de alguma forma, o esforço ou sucesso de
suas equipes, objetivando dar maior visibilidade ao resultado de seu negócio e, por esta
razão, a avaliação quantitativa torna-se importante, poise la vai ao encontro do desejo de
36
todos. Entretanto, mais uma vez, a dificuldade recai na avaliação qualitative e na respective
subjetividade que a cerca.
A proposta sugerida por Moscovici tem a auto-avaliação como o processo mais indicado para
uma equipe, ou seja, a única forma de avaliação correta onde até os instrumentos utilizados
no processo devem ser criados pelo próprio grupo.
Para uma equipe, a administração das diferenças individuais, por meio de uma comunicação
eficaz, é capaz de promover o efeito desenvolvimento de seus membros, fundamental ao
necessário comprometimento com a organização. O desempenho sera tão melhor quanto
maior for a coesão de seus membros.
É importante ressaltar que, para muitas pessoas, a remuneração não é o fator motivador
mais importante. Muitas vezes, deseja-se o reconhecimento e a valorização pessoal, por
meio de elogios e recompensas indiretas. Aqueles que primam pelo sentimento de pertencer
esperam ser inseridos em planos de carreira, enquanto outros desejam ser valorizados,
devido a programas de treinamento e aperfeiçoamento.
A história da reforma administrativa no setor público brasileiro tem início no anos 1930. As
diversas experiências de reforma administrativa do país foram como um embate entre dois
sistemas de força. De um lado, a burocracia em seu sentido corporativo, centralizadora e,
portanto, infensa às mudanças na organização e nas formas de operar do aparelho do
Estado. De outro, as forças inovadoras que, não raramente, encontram muitas dificuldades
oara implementar projetos de reforma de maneira efetiva.
Enquanto o setor privado parece priviligiar a flexibilidade tecnológica, o setor público parece
procurar, em primeiro lugar, a flexibilização de estruturas e culturas. A abordagem escolhida
para o processo de racionalização organizacional no setor público tem sido a tentative de
adotar padrões de gestão desenvolvidos para o ambiente das empresas privadas, com as
adequações necessárias à natureza do setor público. As tentativas de reforma na
administração pública visam uma maior eficiência e qualidade na prestação de serviceos
públicos, requerendo a substituição das formas tradicionais de estruturar as atividades e
administrar os recursos públicos, bem como a introdução de uma nova cultura de gestão.
37
Utilizando a técnica analítica do “tipo ideal” weberiano, Ferlie descreve os modelos da nova
administração pública, denominando-os impulso par a eficiência, downsizing e
descentralização, em busca da excelência e orientação para o serviço público. Uma
comparação entre as principais características destas abordagens com as do tipo
“burocrático” clássico, destacando-se as mudanças ou reformas requeridas pelas novas
abordagens, como segue:
Três níveis de flexibilidade podem ser destacados. O primeiro refere-se ao nível macro, de
modelo de produção no nível da indústria, onde a lóigica do fordismo seria substituída pela
produção flexivel, customizada. O segundo, no nível meso, é aplicável às empresas e diz
respeito aos modelos de organização e de divisão do trabalho, no qual a divisão rígida do
trabalho seria substituída pelo trabalho em cellular, em equipes, e onde as estruturas tendem
a horizontalizar-se. O terceiro, no nível micro, trata da flexibilidade das relações de trabalho e
das decisões dos carfos, no qual percebe-se uma multiplicidade de formas de contrato de
trabalho e de remuneração e os cardo passa a conter descrições genericas no lugar das
descrições rígidas e detalhadas.
Weick afirma que para o conceito de flexibilidade ter algum significado, tem que existir em
combinação com a estabilidade e não em oposição a ela. A flexibilidade sem estabilidade
resultaria em caos, por tornar impossível à organização a manutenção de um senso de
identidade e continuidade.
Tipologia de flexibilidade
Alta
38
Flexibilidade
Flexibilidade estrutural
estratégica
Variedade
Estado estável Flexibilidade
(inflexibilidade) operacional
39
por sua parte, parece mais voltada à flexibilidade estratégica e à necessidade de mudanças
radicais.
Flexibilidade organizacional
Organização Flexível
A partir desta análise, torna-se possível estabelecer uma estratégia para subcontratar
externamente as atividades inerentes aos processo não estratégicos, bem como àqueles
processos considerados de apoio aos produtivos. Combinadas a isto, tem-se a utilização dos
recursos humanos agrupados em equipes de trabalho, as células dos processos, bem como
a aplicação dos recursos das tecnologias da informação e dos conceitos de gestão e
avaliação econômica e referenciais de excelência.
A organização flexivel procura estabelecer uma estrutura interna enxuta, de forma a torná-la
ágil para enfrentar e adaptar-se aos eventos externos, não controláveis pela empresa. As
variáveis ambientais que definem a missão, a visão, os contornos da organização, bem como
os elementos estratégicos genéricos da organização, são os fatores de identificação dos
processos-chave, de forma destacada dos demais processos sistêmicos.
Por meio da análise ambiental, torna-se possível identificar as entidades externas que
interagem com a organização. Tais entidades ou instituições, que se apresentam,
principalmente, na forma de clientes, fornecedores, concorrentes, governo, instituições
40
financeiras e entidades de classe constituem o público externo a ser considerado, ao lado do
público interno, que são os empregados.
A organização flexivel pressupõe uma estrutura interna ágil que assegure a continuidade das
conquistas obtidas junto ao mercado. Enquanto no plano externo a organização tem que ser
eficaz, obtendo resultados econômicos favoráveis, internamente há necessidade de uma
infra-estrutura administrativa que promova a convergência de suas ações de forma coerente
com as mutações ambientais.
41
Objetivo de Flexibilidade (Ansoff)
A flexibilidade pode ser medida por dois objetivos auxiliares: a flexibilidade externa
alcançada através de um padrão diversificado de investimentos em termos de produtos e
mercados, e a flexibilidade interna, com a manutenção de recursos de alta liquidez.
Flexibilidade externa
A melhor maneira de descrever a flexibilidade externa é dizendo que não devemos apostar
todas as nossas fichas num único resultado. Isto é conseguido através de ums postura
quanto a produtos e mercados que seja suficientemente diversificada para minimizar o efeito
de uma catástrofe e/ou colocar a empresa em áreas nas quais possa se beneficiar de
possíveis avanços revolucionários. A flexibilidade externa pode ser defensiva, agressiva, ou
ambas ao mesmo tempo.
Flexibilidade interna
A preocupação com a flexibilidade interna é tão antiga quanto a própria empresa. Em lugar
de procurar minimizar o tamanho da catástrofe, ela visa proporcionar uma proteção à
resposta ao desastre. Embora valha tanto para grandes quanto pequenas empresas, são
essas últimas que normalmente tem maior necessidade e preocupação com a flexibilidade
interna, e devem ter capacidade interna de proporcionalmente maior resposta a catástrofes.
ANSOFF, Igor. A Nova Estratégia Empresarial. São Paulo, 1991. Ed. Atlas
42
Trabalho em equipe (Estrutura em equipe - Chiavenato)
As equipes estão se tornando uma forma bastante comum de organizar as atividades do
trabalho. Em geral, as organizações estãi utilizando equipes como seu principal meio de
coordenação. Essa é a característica da estrutura de equipe: ao coordenar e integrar, ele
desmonta as antigas barreiras departamentais e descentraliza o processo decisório nas
equipes. Isso faz com que as pessoas tenham que ser tanto generalistas como especialistas.
Tipos de equipes
43
2. Equipes virtuais: com o advento da tecnologia da informação, a interação face a face
dos membros torna-se dispensável. Os membros podem se comunicar a distância
pelos meios eletrônicos como e-mails, chat rooms, conferência telefônica, fax,
transmissões via satellite e web sites. As tarefas baseadas no conhecimento podem
ser desempenhadas por membros em locais remotos. As equipes virtuais são hoje
evidentes nas operações globais e parceirizadas.
Empowerment
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Mecanismos em rede (Estrutura em rede – Chiavenato)
A estrutura em rede – também denominada organização modular ou organização virtual – é
uma organização relativamente pequena e que terceiriza a maior parte de suas funções de
negócios. Sua estrutura é totalmente descentralizada com pouca ou nenhuma
departamentalização, pois ela se concentra em seu core business, enquanto transfere a
terceiros tudo o que não é essencial ao seu negócio.
• Flexibilidade da força de trabalho: cada projeto deve contra com as pessoas que
tenham as competências necessárias e específicas necessárias para completar o
projeto. O formato em rede permite que cada projeto possa contra com os talentos
especificamente adequados;
• Adequação a cada projeto: a estrutura em rede elimina riscos de longo prazo, pois
cada equipe é montada para um projeto definido e depois é extinta;
• Falta de controle global, pois os gerentes não tem todas as operações dentro de sua
empresa e dependem de contratos, coordenação, negociação e mensagens
eletrônicas com outras empresas para tocar as coisas em conjunto;
• A lealdade dos parceiros é enfraquecida, pois as pessias sentem que podem ser
substituídas por outros contratos de serviços. A cultural organizacional torna-se
frágil. Com produtos e mercados mutáveis, a organização pode mudar os
funcionários para poder adquirir o composto adequado de habilidades humanas.
45
“ainda não logrou um papel significativo ou estratégico dentro do trabalho de desenhar e
implementar estratégias, programas ou projetos” (Mokate, 2002:90). Em outras palavras,
apesar do reconhecimento da avaliação como importante ferramenta, ela não se converteu
em um processo indispensável que tome parte do processo de gestão (Cotta, 2001; Garcia,
2001; Mokate, 2002; Faria, 2005).
Uma vez superados os fatores impeditivos da utilização da avaliação, Faria (2005) distingue
quatro tipos de uso da avaliação:
Na formação da agenda é preciso separar o que é uma situação de "estado das coisas" (Mª
das Graças Ruas) do que é um problema político. Por "estado das coisa" entende-se
uma situação que ocorra, mas que por diversos motivos não chega a se configurar
como problema. Não se configura como problema porque os atores envolvidos nessa
situação não conseguem coordenar e articular sua inclusão numa pauta dos decisores
políticos. Quando o assunto chega a virar um problema político, seja por pressão
política, da mídia, ou do fato tonar-se evidente ante uma calamidade, ou ainda de visualizar
nessa política uma oportunidade.
Conceitos Básicos
A atividade de avaliação não é uma atividade isolada e auto-suficiente. Ela é uma das etapas
do processo de planejamento das políticas e programas governamentais: gera informações
que possibilitam novas escolhas; analisa resultados que podem sugerir a necessidade de
reorientação das ações para o alcance dos objetivos traçados. A seguir são apresentados
alguns dos conceitos básicos relacionados à avaliação.
46
sua implementação.
47
efetivos das políticas; e os indicadores-processo são indicadores
intermediários de esforço operacional para a obtenção dos resultados.
Tipos de Avaliação
Considerando o agente que as realiza, as avaliações podem ser classificadas como
(Cohen e Franco, 2004; Cotta, 1998):
Avaliação externa – realizada por pessoas de fora da instituição responsável
pelo programa, em geral com experiência neste tipo de atividade. Entre as
vantagens desta avaliação podem ser citadas a isenção e objetividade dos
avaliadores externos, que não estão diretamente implicados com o processo, além
da possibilidade de comparação dos resultados obtidos com os de outros programas
similares já analisados. Por outro lado, o acesso aos dados necessários torna-se
mais difícil e os que vão ter seu trabalho avaliado podem se colocar em posição
defensiva, fornecendo informações parciais e minimizando o efeito de melhoria dos
programas. Alega-se, também, que o conhecimento da metodologia de avaliação pode
não substituir o conhecimento sobre as especificidades do programa, e que não existe
uma única metodologia aplicável a todos os casos.
Avaliação interna – realizada dentro da instituição responsável, com maior
colaboração das pessoas que participam do programa. Citam-se como vantagens a
eliminação da resistência natural a um avaliador externo, a possibilidade de
reflexão e aprendizagem e compreensão sobre a atividade realizada dentro da
instituição. Mas pode-se perder muito em objetividade, já que os que julgam estão,
também, envolvidos, tendo formulado e executado o programa. Se a avaliação for
realizada internamente à instituição, mas por pessoas que não participam do
programa, na tentativa de diminuir a subjetividade, a situação torna-se análoga à do
avaliador externo.
Avaliação mista – procura combinar os tipos de avaliação anteriores, fazendo com
que os avaliadores externos tenham contato estreito com os participantes do
programa a ser avaliado, na tentativa de manter as vantagens e superar as
desvantagens das avaliações apresentadas acima.
Avaliação participativa – usada principalmente para pequenos projetos, prevê a
participação dos beneficiários das ações no planejamento, na programação, execução
e avaliação dos mesmos.
Quando se leva em conta o momento de sua realização, podem ser identificadas como
48
(Cohen e Franco, 2004):
Avaliação ex-ante – realizada ao começo de um programa, com o fito de dar suporte
à decisão de implementar ou não o programa, e ordenar os vários projetos segundo
sua eficiência para alcançar os objetivos determinados. O elemento central da
avaliação ex-ante é o diagnóstico, que auxilia na alocação dos recursos disponíveis
de acordo com os objetivos propostos. Para esta avaliação podem ser utilizadas as
técnicas de Análise Custo-Benefício e Análise Custo-Efetividade, mais afeita aos
programas sociais.
Lei 8.666/1993
5. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
CONCEITO
(Di Pietro)
São os ajustes que a Administração, nessa qualidade, celebra com pessoas físicas ou
jurídicas, públicas ou privadas, para consecução de fins públicos, segundo regime jurídico de
direito público.
(Meirelles)
É o ajuste que a Administração, agindo nessa qualidade, firma com particular ou outra
49
entidade administrative para consecução de objetivos de interesse público, nas condições
estabelecidas pela própria Administração.
CARACTERÍSTICAS
(Di Pietro)
1. Presença da Administração Pública como Poder Público: a Administração aparece
com uma série de prerrogativas que garantem a sua posição de supremacia sobre o
particular.
2. Finalidade pública: está presente em todos os atos e contratos da Administração
Pública, ainda que regidos pelo direito privado.
3. Obediência à forma prescrita em lei: para os contratos celebrados pela
Administração, encontram-se na lei inúmeras normas referentes à forma; é
essencial, não só em benefício do interessado, como da própria Administração, para
fins de controleda legalidade.
4. Procedimento legal: a lei estabelece certos procedimentos obrigatórios para a
celebração de contratos e que podem variar de uma modalidade para outra,
compreendendo medidas como autorização legislative, avaliação, motivação,
autorização pela autoridade competentem indicação de recursos orçamentários e
licitação.
5. Natureza de contrato de adesão: todas as cláusulas do contrato administrativo são
fixadas pela Administração Pública. Costuma-se dizer que, pelo instrumento
convocatório da licitação, o poder público faz uma oferta a todos os interessados,
fixando as condições em que pretende contratar; a apresentação de propostas pelos
licitantes equivale à aceitação da oferta feita pela Administração.
6. Natureza intuitu personae: todos os contratos para os quais a lei exige licitação são
firmados intuitu personae, ou seja, em razão de condições pessoais do contratado.
7. Presença de cláusulas exorbitantes: são aquelas que não seriam comuns ou que
seriam ilícitas em contrato celebrado entre particulares, por conferirem prerrogativas
a uma das partes (a Administração) em relação a outra; elas colocam a
Administração em posição de supremacia sobre o contratado. São cláusulas
exorbitantes:
7.1 Exigência de garantia: art. 56 § 1o. da Lei 8.666/1993 (Licitações), faculta a
exigência de garantia nos contratos de obras, serviços e compras, podendo
abranger as seguintes modalidades: caução em dinheiro ou títulos da dívida
pública, seguro-garantia e fiança bancária.
7.2 Alteração unilateral: art. 58, inciso I – para possibilitar a melhor adequação às
finalidades de interesse público – e 65, inciso I – quando houver modificação do
projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus
obejtivos; ou ainda, quando necessária a modificação do valor contractual em
decorrência de acréscimo ou diminuição quantitative de seu objeto, nos limites
permitidos – da lei de Licitações. São requisitos para alteração unilateral: a) que
haja adequada motivação sobre qual o interesse público que justifica a medida;
b) que seja respeitada a natureza do contrato, no que diz respeito ao seu obejto;
não se pode alterar um contrato de venda para um de permuta, ou um contrato
de vigilância para um de limpeza; c) que seja respeitado o direito do contratado à
manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicialmente pactuado; d) com
relação à alteração quantitativo, ainda deve ser repeitado o limite imposto (art.
65 §1o.) para os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços
ou compras, sendo de 25% do valor inicial atualizado do contrato, e no caso de
reforma de edifício ou equipamento, até 50% para os seus acréscimos. O §2o.,
inciso II do art. 65 da lei de Licitações, dita que nenhum acréscimo ou supressão
poderá exceder os limites estabelecidos no parágrafo §1o. (do mesmo artigo),
salvo as supressões resultantes de acordo celebrado entre os contratantes.
7.3 Rescisão unilateral: em casos de: a) inadimplemento com culpa, abrangendo
hipóteses como não-cumprimento ou cumprimento irregular das cláusulas
contratuais (incisos I a VIII e XVIII do art. 78 da lei de Licitações), lentidão, atraso
injustificado, paralisação, subcontratação total ou parcial, cessão, transferência
(salvo se admitidas no edital ou no contrato), desatendimento de determinações
regulares da autoridade designada para acompanhar e fiscalizar a execução do
contrato, cometimento reiterado de faltas, descumprimento do artigo 7o., XXXIII
50
da CF, sobre trabalho de menor; b) inadimplemento sem culpa, que abrange
situações que caracterizem desaparecimento do sujeito, sua insolvência ou
comprometimento da execução do contrato (incisos IX a XI do art. 78): falência,
concordata, instauração de insolvência civil, dissolução da sociedade,
falecimento do contrato, alteração social ou modificação da finalidade ou da
estrutura da empresa; c) razões de interesse público (inciso XII do art. 78); d)
caso fortuito ou de força maior (inciso XVII do art. 78).
7.4 Fiscalização: trata-se de prerrogativa do poder público que exige seja a
execução do contrato acompanhada e fiscalizada por um representante da
Administração, especialmente designado, permitida a contratação de terceiros
para assistí-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição.
7.5 Aplicação de penalidades: a inexecução total ou parcial do contrato dá à
Administração a prerrogativa de aplicar sanções de natureza administrativa (art.
58, IV), dentre as indicadas no artigo 87: a) advertência; b) multa, na forma
prevista no instrumento convocatório ou no contrato; c) suspensão temporária de
participação em licitação e impedimento de contratas com a Administração, por
prazo não superior a 2 anos; d) declaração de inidoniedade para licitar ou
contratar com a Administração Pública, enquanto perdurarem os motivos
determinantes da punicção ou até que seja promovida a reabilitação, perante a
própria autoridade que aplicou a penalidade, que sera concedida sempre que o
contrato ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após decorrido o
prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior. Da aplicação das penas
de advertência, multa e suspenseo temporária cabe recurso, no prazo de cinco
dias úteis a contra da intimação do ato. No caso de declaração de inidoniedade
cabe pedido de reconsideração à autoridade que aplicou a pena, no prazo de 10
dias úteis da intimação do ato.
7.6 Anulação: a Administração, estando sujeita ao princípio da legalidade, tem que
exercer constante controle sobre os seus próprios atos, cabendo-lhe o poder-
dever de anular aqueles que contrariam a lei. A ilegalidade no procedimento de
licitação vicia também o próprio contrato, já que aquele procedimento é condição
de validade deste.
7.7 Retomada do objeto: tem por objetivo assegurar a continuidade da execução
do contrato, sempre que a sua paralisação possa ocasionar prejuízo ao interesse
público e, principalmente, ao andamento de serviceo público essencial (princípio
da continuidade do serviço público).
7.8 Restrições ao uso da “exceptio non adimpleti contractus”: no direito
privado, quando uma das partes descumpre o contrato, a outra pode descumpri-
lo também , socorrendo-se da expectio non adimpleti contractus (excessão do
contrato não cumprido), com fundamento no artigo 477 do Código Civil. No
direito administrativo, entretanto, o particular não pode interromper a execução
do contrato, em decorrência dos princípios da continuidade do serviço público e
da supremacia do interesse público sobre o particular.
8. Mutabilidade: decorre de determinadas cláusulas exorbitantes, ou seja, das que
confere a Administração o poder de, unilateralmente, alterar as cláusulas
regulamentares ou rescindir o contrato antes do prazo estabelecido, por motivos de
interesse público.
7. LICITAÇÃO (Meirelles)
51
que a regem em todos os seus atos e fases. Não só a lei, mas o regulamento, as instruções
complementares e o edital pautam o procedimento da licitação, vinculando a Administração e
os licitantes a todas as suas exigências, desde a convocação dos interessados até a
homologação do julgamento.
Lei 8.666/1993 - Art. 4o. Todos quantos participem de licitação promovida pelos órgãos ou
entidades a que se refere o art. 1o têm direito público subjetivo à fiel observância do
pertinente procedimento estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidadão acompanhar o
seu desenvolvimento, desde que não interfira de modo a perturbar ou impedir a realização
dos trabalhos. Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto nesta lei caracteriza
ato administrativo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da Administração Pública.
Publicidade de seus atos: não há nem pode haver licitação sigilosa. Nunca haverá
licitação secreta, porque é da sua natureza a divulgação de todos os seus atos e a
possibilidade de conhecimento de todas as propostas abertas e de seu julgamento. A
publicidade da licitação abrange desde a divulgação do aviso de sua abertura até o
conhecimento do edital e de todos os seus anexos, o exame da documentação e das
propostas pelos interessados e o fornecimento de certidões de quaisquer peças, pareceres
ou decisões relacionados com o processo licitatório, desde que solicitados em forma legal e
por quem tenha legitimidade para pedí-los. Completa-se a publicidade do procedimento
licitatório com a abertura dos envelopes de documentação e propostas em público e com a
subsequente publicação oficial das decisões dos órgãos julgadores e do respective contrato,
ainda que resumidamente.
Lei 8.666/1993 - §3o. art. 3. – “A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis
ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a
respectiva abertura.”
Art. 43 § 1o. - A abertura dos envelopes contendo a documentação para habilitação e as
propostas será realizada sempre em ato público previamente designado, do qual se lavrará
ata circunstanciada, assinada pelos licitantes presentes e pela Comissão.
52
adstritos aos termos do pedido ou do permitido no instrumento convocatório da licitação,
quer quanto ao procedimento, quer quanto à documentação, às propostas, ao julgamento e
ao contrato. Em outras palavras, estabelecidas as regras do certame, tornam-se obrigatórias
para aquela licitação durante todo o procedimento e para todos os seus participantes,
inclusive para o órgão ou entidade licitadora. É impositiva para todas as partes e para todos
os interessados.
Lei 8.666/1993 - Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e condições do
edital, ao qual se acha estritamente vinculada.
1
A MP 2.182-18/2001, havia instituído no âmbito da União, nova modalidade de licitação, denominada pregão, para aquisição
de bens e serviços comuns. Como não se tratava de norma geral, por que restrita ao âmbito Federal surgiram dúvidas quanto à
sua constitucionalidade, uma vez que o art. 22 §8o. da Lei 8.666/1993 veda a criação de outras modalidades de licitação, salvo, é
claro, se introduzidas por outra norma geral. A Lei 10.520/2002, converteu a referida MP em norma geral, determinando sua
aplicação também aos Estados, Distrito Federal e Municípios, dispensando estas entidades federadas de editarem leis próprias
sobre a matéria. Devem, entretanto, aprovar regulamentos específicos se quiserem utilizar-se dos serviços técnicos de apoio
operacional das Bolsas de Mercadorias, com a utilização de recursos de tecnologia da informação (art. 2o. §2o.).
53
e Município, conforme a entidade estatal promotora da licitação (art. 21 §1o.). O que a lei
exige é a divulgação da abertura da concorrência com a maior amplitude possível e
desejável, tendo em vista o vulto e a compexidade do seu objeto.
3. Habilitação preliminar: é formalidade essencial da concorrência, destinando-
se a comprovar a plena qualificação dos interessados para a execução de objeto, de
acordo com as condições especificadas no edital. É verificação da idoneidade dos
concorrentes, sob o quádruplo aspecto jurídico, fiscal, técnico e financeiro (art. 27).
4. Comissão de julgamento: o julgamento da concorrência é feito
obrigatoriamente por Comissão de, no mínimo, 3 (três) membros (art. 51); que geralmente
também é incumbida de apreciar a qualificação dos concorrentes na fase de habilitação
preliminar – esta também pode ser apreciada pela Comissão do Registro Cadastral . A
Comissão é o órgão julgador da concorrência e a decisão final sera sempre dela, por
isso mesmo, nenhuma autoridade pode substituí-la na sua função decisória, estabelecida por
lei federal. Se ocorrer irregularidade ou erro no julgamento, a autoridade competente poderá
anular a decisão através de recurso ou ex officio, determinando que a Comissão corrija o
erro ou proceda a novo julgamento em forma regular.
Concorrência internacional (art. 42): é aquela em que se permite participação
de empresas nacionais e estrangeiras, isoladamente ou em consórcio com firmas brasileiras.
Essas modalidades de concorrência tem os mesmo procedimentos das concorrências
nacionais, mas fica sujeita às diretrizes estabelecidas pelos órgãos responsáveis pela
política monetária (Banco Central do Brasil) e de comercio exterior (Ministério da Fazenda).
As empresas estrangeiras que não funcionem no Brasil só podem participar de concorrência
internacional se tiverem representante legal no país, com poderes expressos para receber
citação e responder administrative e judicialmente, ou, então, estiverem consorciadas com
empresa brasileira, caso em que representará o consórcio. Os documentos necessários à
habilitação deverão ser autenticados pelo respectivas Embaixadas e Consulados e
traduzidos por tradutor juramentado (art. 32, §4o.). A lei no resguardo do princípio da
isonomia destermina qua todas as propostas sejam cotadas na mesma moeda e as garantias
de pagamento oferecidas aos licitantes sejam equivalentes (art. 42 §§ 1o. a 3o.). Da mesma
maneira, os tributos que oneram os licitantes brasileiros, serão acrescidos às propostas
2
apresentadas pelos estrangeiros (art. 42 § 4o.) . Nos casos em que o objeto da licitação seja
pago com recursos provenientes de financiamento ou doação de agência oficial de
cooperação estrangeira ou organismo financeiro multilateral, poderão ser admitidas as
condições decorrentes de tratados internacionais, bem como as normas e procedimentos
daquelas entidades, inclusive quanto ao critério de selação da proposta mais vantajosa, o
qual poderá contemplar, além do preço, outros fatores de avaliação, desde que por elas
exigidos para a obtenção do financiamento ou da doação e não conflitem com o princípio do
3
julgamento objetivo (art. 42 §5o.) .
Consórcio de empresas ou firmas: é a associação de duas ou mais
organizações técnicas, industriais, comerciais, ou mesmo de profissionais, para participação
em determinada concorrência. O consórcio não é pessoa jurídica; é simplesmente uma
reunião de firmas ou profissionais, mantendo cada qual sua personalidade própria, mas
todos eles comprometidos contratualmente a colaborar no empreendimento para o qual se
consorciaram. A formação de consórcio está simplificada, permitindo a lei que as
consorciadas, na habilitação, apresentem um compromisso, por instrumento público ou
particular, de realização do consórcio, e somente o vencedor o constitua e registe (art. 33, I e
§2o.), atendendo às exigências dos arts. 278 e 279 da Lei das Sociedades Anônimas (Lei
6.404/1976). Além disso a lei determina que o compromisso e o contrato do consórcio
indique a firma-líder, que deverá observar as condições de liderança obrigatoriamente
fixadas no edital (art. 33, II), que cada consorciada apresente os documentos exigidos para a
habilitação (art. 33 III) e que a empresa consorciada não pode participar na mesma licitação,
através de mais de uma consórcio ou isoladamente (art. 33, IV). Firma-líder é a que
representa o consórcio no trato com o Poder Público, responsabilizando-se pelas demais
sob o tríplice aspecto técnico, econômico e administrativo, inclusive quanto às multas e
eventuais indenizações, sendo que as consorciadas tem responsabilidade solidária (art. 33,
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O art. 3o., § 1o., inciso II da Lei 8.666/1993, proíbe qualquer tratamento diferenciado, de natureza comercial, legal, trabalhista,
previdenciária, ou qualquer outra, entre empresas nacionais e estrangeiras. A regra é a igualdade.
3
Isto quer dizer que os preceitos da Lei 8.666/1993 podem ser momentaneamente afastados, para aplicação das normas da
entidade emprestadora ou doadora. Tal circunstância deve ser cumpridamente justificada pelo órgão executor do contrato, com
aprovação da autoridade superior (art. 42 §5o.).
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V). Não representará juridicamente as outras integrantes do consórcio, porque este não
possui personalidade jurídica. A Lei 8.987/1995, prevê no art. 21 que o consórcio vencedor
se transforme empresa antes da celebração do contrato, desde que tal exigência esteja
prevista em edital. Só empresa nacional poderá ser firma-líder nas concorrências nacionais;
nas concorrências internacionais é admissível a participação isolada de firma estrangeira que
tenha representante legal no Brasil.
Pré-qualificação (art. 114): é a verificação prévia das condições das firmas,
consórcios ou profissionais que desejam participar de determinadas e futuras concorrências
de um mesmo empreendimento. Diferentemente da habilitação preliminar – que se faz em
cada concorrência – a pré-qualificação se realiza para todas as concorrências de um
empreendimento certo, que pode exigir uma única ou sucessivas concorrências. Da mesma
maneira, também não confunde com pré-classificação das propostas, mesmo porque na pré-
qualificação os interessados não apresentam propostas, mas tão-somente documentação
comprobatória das condições técnicas, econômicas e jurídicas pedidas no edital como
necessárias à execução do objeto do futuro contrato. Justifica-se quando se trata de obras,
serviços ou aquisições de equipamentos de grande custo e complexidade, que requeiram
elevados recursos econômicos e alta especialização técnicas, nem sempre encontrados nas
empresas comuns do ramo. O procedimento inicia-se com a definição de seu objeto, edital
com ampla publicidade e especificação dos requisitos desejados pela Administração,
abertura pública dos envelopes com a documentação e julgamento dos participantes por
comissão de, no mínimo 3 (três) integrantes, com a subseqüente homologação pela
autoridade competente. As firmas ou consórcios pré-qualificados serão, no momento
apropriado, convidados a participar da concorrência que se abrir para o objeto da pré-
qualificação. Nessa oportunidade, poderá haver, ainda, a habilitação preliminar, mas limitada
à verificação de que permanecem nos concorrentes as mesmas condições comprovadas na
pré-qualificação e de que eles tem, no momento e para aquela licitação, real capacidade
financeira e operativa. Assim sendo, os concorrentes, embora pré-qualificados, poderão ser
inabilitados para aquela específica concorrência, o que não os impede de participar de outra
do mesmo empreendimento para o qual se fez a pré-qualificação.
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convocatório deve ser afixada em local apropriado, pelo que os demais cadastrados na
mesma categoria, podem manisfestar seu interesse até 24 horas antes da data da
apresentação das propostas (art. 22 §3o.). A princípio dispensa a apresentação de
documentos (art. 32 §1o.), mas sendo exigidos, devem ser colocados no envelope
documentação, separados das propostas. Só é valido o convite quando se apresentarem,
no mínimo, 3 (três) licitantes qualificados. Novos convites serão feitos até que se atinja o
número legal de propostas em condições de apreciação e escolha da Administração. A cada
convite novo é obrigatório o chamamento de mais interessado que não tenha participado do
anterior (art. 22 §6o.), só se admitindo o julgamento com menos de três licitantes por
limitações de mecado ou manifesto desinteresse dos convidados, fatos que deverão ser
devidamente justificados no processo (art. 22 §7o.). A abertura dos envelopes deve ser feita
em ato público, no dia, hora e local designados na carta-convite, possibilitando aos licitantes
o recíproco conhecimento da documentação e das propostas apresentadas (art. 43 §§). O
julgamento é feito por comissão ou por servidor designado pela autoridade competente (art.
51 §1o.), denominado de responsável pelo convite. Todos os princípios básicos da licitação
devem ser observados no procedimento de convite (art. 3o.). Julgadas as proposta, com
adjudicação do objeto do convite ao vencedor, e homologado o julgamento (art. 43, VI),
formaliza-se o juste por simples ordem de execução de serviço, nota de empenho de
despesa, autorização de compara ou carta-contrato (art. 62), fazendo-se a devida publicação
resumida no órgão oficial para torná-lo exiqüível (art. 61, parágrafo único). É vedada a
utilização de convite ou tomada de preços, conforme o caso, para parcelas de uma mesma
obra ou serviço, ou obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local, que possam ser
realizados conjunta e concomitantemente, sempre qua o somatório de seus valores
caracaterizar o caso de tomada de preços ou concorrência, respectivamente (art. 23 §5o.).
Lei 8.666/1993 art. 22 § 3o Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo
pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo
de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do
instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente
especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro)
horas da apresentação das propostas.
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também para os imóveis cuja aquisição haja derivado de procedimento judicial ou dação em
pagamento (arts. 22 §5o. e 19, III). São dois os tipos de leilão: o comum, privativo de
leiloeiro oficial, onde houver, e o administrativo propriamente dito. O leilão comum é regido
pela legislação federal pertinente, mas condições específicas poderão ser estabalecidas pela
Administração interessada, observados os princípios básicos da licitação; o leilão
administrativo, feito por servidor público, antes só admitido para a venda de mercadorias
apreendidas como contrabandos ou abandonadas nas alfândegas, nos armazens
ferroviários, nas repartições públicas em geral, agora pode ser utilizado em qualquer caso. O
essencial é que o procedimento atenda às normas da legislação pertinente a leilões em geral
(art. 53 in fine). Sendo o leilão um ato negocial instantâneo, não se presta a alienação que
dependam de contrato formal. No leilão o bem é apregoado, os lances são verbais, a
venda é feita à vista ou a curto prazo e a entrega se processa de imediato. Os bens a
serem vendidos em leilão, comum ou administrativo, devem ser avaliados, para conste do
edital o preço mínimo a partir do qual serao considerados as ofertas. É necessário que o
edital descreva os bens, possibilitando sua perfeita identificação; indique onde se encontram,
para exame dos interessados; reparta-os em lotes ou quantidades que facilitem a
arrematação; marquee dia, local e horário para o pregão. No leilão não se torna necessário
qualquer habilitação prévia dos licitantes pois a venda é feita à vista ou a curto prazo. O
que pode se exigir, quando não se pedir todo o pagamento à vista, é um depósito percentual
do preço, que servirá de garantis do restante, e o arrematante o perderá se não completar o
pagamento no prazo fixado no edital. O leilão deve ser precedido de ampla publicidade, sem
formalidades inúteis e com clara indicação do horário do pregão e das coisas a serem
leiloadas, para atrair o maior númeto de licitantes e evitar favoritismo na arrematação.
Lei 8.666/1993 art. 22 § 5o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados
para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente
apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem
oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.
NOTA: O Programa Nacional de Desestatização - PND, aprovado pela Lei 8.031/1990, e
reformulada (revogada) pela Lei 9.491/1997, cujo objetivo (art. 1o., I) é reordenar a posição
estratégica do Estado na economia, transferindo à inciativa privada atividades antes
exploradas pelo setor público, passou a admitir leiões como forma de licitaçãoem várias
modalidades operacionais de privatização, entre elas a alienação de ações, inclusive de
controle acionário, a dissolução de sociedades com a alienação de seus ativos; a alienação,
arrendamento, locação, comodato ou cessão de bens e instalações; e a concessão,
permissão ou autorização de serviços públicos (art. 4o. §3o.). Para esse fim, contudo, é
necessário que essa transferência de bens, ativos, ou encargos para o setor privado
seja aprovado pelo Conselho Nacional de Desestatização, que deverá indicar inclusive a
modalidade operacional a ser aplicada (art. 6o., II). Nestes casos, portanto, deverá ser
exigida qualificação de todos os interessados e os demais elementos considerados
indispensáveis para o êxito da operação, inclusive a prestação de garantia. Os leilões
ocorridos dentro do PND tem sido realizados nas Bolsas de Valores, com habilitação prévia
dos interessados e garantis da proposta, variando os requisitos técnicos, financeiros e
operacionais exigidos, conforme o objeto licitado.
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especificações irrelevantes e desnecessárias. Os elementos indispensáveis a essa definição
deverão constar de um termo de referência, bem como a respective orçamento,
considerando os preços praticados no mercado, a descrição dos métodos, a estratégia de
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suprimento e o prazo de execução do contrato . A mesma autoridade competente designará,
dentre os servidores do órgão ou entidade, o pregoeiro – que será o responsável pela
condução do pregão – e respective equipe de apoio, que o auxiliará no recebimento das
propostas, na análise de sua aceitabilidade, bem como no exame dos documentos da
habilitação. Fase externa do pregão inicia-se com a convocação dos interessados por meio
de aviso no Diário Oficial da União e, facultativamente, por meios eletrônicos (Internet) e em
jornais de grande circulação. Do aviso deverão constas a definição do objeto e s indicação
do local, datas e horários em poderá ser lida ou obtida a íntegra do edital e poderão ser
recebidas as propostas. Prazo não inferior a oito dias. O julgamento é realizado emu ma
única sessão. Ao pregoeiro caberá receber o envelope com as propostaas de preços, sua
abertura e classificação, os lances, a análise de sua aceitabilidade e classificação final, bem
como a adjudicação do objeto do certame ao vencedor. O pregão é modalidade de licitação
de menor preço. Assim, entregues as propostas, proceder-se-á à sua imediata abertura e à
verificação da conformidade das propostas com os requisitsoa estabelecidos nos instrumento
convocatório. Aquelas que não preencherem essa condição serão automaticamente
desclassificadas. Em seguida o pregoeiro classificará as demais propostas em ordem
crescente do preço ofertado. No curso da sessão o autor da oferta de valor mais baixo e os
das ofertas com preços até 10% superiors àquela poderão fazer novos lances verbais. Não
havendo pelo menos três ofertas nesse sentido, poderão os autores das três melhores
ofertas oferecer novos lances verbais e sucessivos, até o anúncio daquele que apresentou o
preço mais baixo. Encerrada essa etapa passa-se à fase de habilitação, com a abertura dp
envelope contendo a documentação do autor da proposta classificada em primeiro lugar. Se
o vencedor não for habilitado, de acordo com as exigências constants do edital, será
verificada a documentação do classificado em segundo lugar, e assim sucessivamente.
Proclamado o vencedor, contra essa decisão só poderá interpor recurso se o licitante
interessado manifestar sua intenção de imediato, sendo-lhe concedido o prazo de três dias
para apresentação de suas razões, ficando os demais licitantes intimados para apresentar
suas contra-razões em igual prazo. As normas da Lei 8.666/1993 aplicam-se
subsidiariamente ao pregão. Pregão eletrônico é aquele efeutado por meio da utilização de
recursos de tecnologia da informação, ou seja, por meio de comunicação pela Internet. Está
previsto no § 1o. do art. 2o. da Lei 10.520/2002. Seu regulamento doi aprovado pelo Decreto
3.697/2000, expedido ao tempo da medida provisoria 2.182-18/2001, mas que continua em
vigor, por não ter havido qualquer modificação a respeito. Seu procedimento segue as regras
básicas do pregão comum, mas, como é evidente, deixa de ocorrer a presença física do
pregoeiro e dos participantes, já que todas as comunicações são feitas por via eletrônica.
A Lei 8.666/1993 estabeleceu nítida distinção entra licitação dispensada (art. 17, I e
II), licitação dispensável (art. 24 I a XX) e licitação inexigível (art. 25 I a III). Observado
que na maioria dos casos (arts. 17 §§ 2o. e 4o., 24 incisos III a XX e art. 25), além de
justificada devem ser comunicadas dentro de três dias à autoridade superior, de cuja
ratificação, em igual prazo, depende sua eficácia (art. 26). Enquanto o ato que autorizou a
dispensa não for ratificado (ou homologado) pela autoridade competente, o contrato não
poderá ser celebrado, sob pena de responsabilização do servidor que o fizer. O processo de
dispensa ou inexigibilidade deverá ser instruído com os seguintes elementos: caracterização
da situação emergencial ou calamitosa, razão da escolha do fornecedor ou do executante e
justificativa do preço (art. 26 parágrafo único). Sem esses elementos, o ato administrativo
poderá ser anulado por illegal, já que não foram obedecidos os requisitos exigidos pela lei.
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Conforme determinação do Decreto 3.555/2000.
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e títulos, venda de bens produzidos ou comercializados por órgão ou entidades da
Administração e venda de materiais e equipamentos inservíveis, atendidos os requisitos
e condições previstos nas alíneas do inciso II do art. 17. A doação com encargo, salvo no
caso de interesse público, é passível de licitação (art. 17 §4o.).
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desejados pelo Governo, obtida judicialmente na respective ação (Lei Delegada 4/1962).
Proposta com preços excessivos se confirmam quando as proposta
apresentadas consignarem preços manifestamente superiors aos prativaso no mercado, ou
forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos estatais incumbidos do controle oficial de
preços (art. 24 VII). É necessário que os licitantes que os licitantes sejam convidados a
reformular suas propostas (art. 48 parágrafo único) e que a aquisição dos bens ou serviços
pretendidos não se faça por preço superior ao constante do registro de preços, para, aí sim,
legitimar a compra direta. Não havendo registro de preços a Administração interessada
deverá louvar-se nos preços correntes no Mercado, pois é neste que os registros deverão se
basear (art. 15 §1o.). Preço excessivos acarretam a desclassificação das propostas (art. 48,
II).
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