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A prosperidade nacional é criada, não herdada. Ela não resulta dos recursos naturais de
um país, de sua força de trabalho, de suas taxas de juros, ou do valor de sua moeda, como a
economia clássica insistia.
A competitividade de uma nação depende da capacidade de sua indústria inovar e
atualizar-se. As companhias conquistam vantagens em relação aos melhores competidores
mundiais devido a pressões e desafios. Elas se beneficiam da existência de rivais internos
fortes, de fornecedores domésticos agressivos, e de clientes locais exigentes.
Num mundo com crescente competição global, as nações tornaram-se mais, e não
menos importantes. Na medida em que a base da competição muda mais e mais rumo à
criação e assimilação de conhecimento, o papel da nação cresce. A vantagem competitiva é
criada e sustentada através de um processo altamente localizado. Diferenças em valores
nacionais, culturas, estruturas econômicas, instituições e histórias contribuem, todos, para o
sucesso competitivo. Existem flagrantes diferenças nos padrões de competitividade em cada
país; nenhuma nação pode ou conseguirá ser competitiva em todo ou mesmo diversos setores
de negócios (“industries”). No final, as nações são bem sucedidas em negócios (“industries”)
específicos porque seus ambientes domésticos são os mais progressistas, dinâmicos e
desafiadores.
Estas conclusões, produto de um estudo de quatro anos dos padrões de sucesso
competitivo em dez nações líderes no comércio mundial, contradiz a sabedoria convencional
que guia os pensamentos de muitas empresas e governos nacionais ― e que é predominante
nos Estados Unidos da América (para maiores detalhes sobre este estudo veja o texto inserido
no corpo do artigo denominado “Padrões do Sucesso Competitivo Nacional”).
para negócios específicos. Entre os governos, há uma tendência crescente para experimentar
várias políticas que pretendem promover a competitividade nacional ― de esforços para
gerenciar taxas de câmbio a medidas para gerenciar o comércio até políticas para relaxar leis
“antitrust” ― que geralmente acabam apenas solapando-as. (Veja o texto inserido no corpo do
artigo denominado “O que é Competitividade Nacional”).
Estes enfoques, atualmente muito favorecidos por companhias e governos, são
contraproducentes. Eles basicamente desconsideram as verdadeiras fontes da vantagem
competitiva. Ao perseguí-los, com todo seu apelo de curto prazo, eles virtualmente garantirão
que os Estados Unidos da América ― ou qualquer outra nação avançada ― nunca atinja
vantagem competitiva real e sustentável.
Precisamos de uma nova perspectiva e de novas ferramentas ― um enfoque para a
competitividade que cresça diretamente da análise dos negócios bem sucedidos
internacionalmente, desconsiderando-se ideologias tradicionais ou moda intelectual corrente.
Nós precisamos saber, simplesmente, o que funciona e porque. Daí temos que aplicá-lo.
crescentes. Será “competitiva” uma nação com um grande superávit em sua balança
comercial? A Suíça tem a duras penas conseguido equilibrar a sua balança comercial; a
Itália possui déficit crônico no comércio internacional ― ambas nações desfrutam rendas
nacionais fortemente crescentes. Será competitiva uma nação com baixos custo do fator
trabalho? Tanto a Índia como o México possuem baixos salários e baixos custos do fator
trabalho ― mas nenhum dos dois parece ser um modelo industrial atrativo.
O único conceito significativo de competitividade ao nível nacional é a produtividade.
A principal meta de uma nação é produzir um alto e crescente padrão de vida para seus
cidadãos. A habilidade de fazê-lo depende da produtividade com que os fatores trabalho e
capital são empregados. Produtividade é o valor do resultado produzido com o emprego de
uma unidade de trabalho ou capital. Produtividade depende de ambos, da qualidade e
características dos produtos (que determinam os preços que eles comandam) e da
eficiência com a qual eles são produzidos. A produtividade é o principal determinante do
padrão de vida de uma nação no longo prazo, ela é a causa raiz da renda per capita
nacional. A produtividade dos recursos humanos determina os salários dos empregados, a
produtividade com a qual o capital é utilizado determina o retorno que ele propicia aos seus
detentores.
O padrão de vida de uma nação depende da capacidade de suas empresas
atingirem altos níveis de produtividade ― e de aumentá-los ao longo do tempo.
Crescimentos de produtividade sustentados exigem que uma economia se aprimore
continuamente. As empresas de uma nação devem, sem descanso, melhorar a
produtividade nos setores de negócios (“industries”) existentes, aumentando a qualidade
dos produtos, adicionando características desejáveis aos mesmos, melhorando a tecnologia
do produto, ou impulsionando a eficiência produtiva. Elas devem desenvolver as
capacitações necessárias para competir em segmentos de negócios (sub-negócios) cada
vez mais sofisticados, aonde a produtividade é geralmente elevada. Elas precisam,
finalmente, desenvolver capacidade para competir em negócios inteiramente novos e
sofisticados.
O comércio internacional e o investimento estrangeiro podem tanto melhorar a
produtividade de uma nação como prejudicá-la. Eles suportam produtividades nacionais
crescentes ao permitir que uma nação se especialize naqueles negócios e sub-negócios
aonde suas empresas são mais produtivas e importar aonde elas são menos produtivas.
Nenhuma nação pode competir em tudo. O ideal é aplicar o limitado acervo de recursos
humanos e outros recursos nas utilizações mais produtivas. Mesmo as nações com
elevados padrões de vida possuem muitos setores de negócios nos quais as empresas
locais não são competitivas.
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também o investimento estrangeiro. O que uma nova teoria deve explicar é porque uma
nação provê uma base doméstica favorável para empresas que competem
internacionalmente. A base doméstica é a nação na qual as vantagens competitivas
essenciais ao empreendimento são criadas e sustentadas. É aonde a estratégia de uma
empresa é estabelecida, aonde os produtos nucleares e a tecnologia de processo são
criados e mantidos, e aonde os trabalhos mais produtivos e as habilidades mais avançadas
estão localizados. A presença da base doméstica em uma nação possui uma grande
influência positiva em outros negócios domésticos interligados e conduz a outros benefícios
para a economia nacional. Embora a propriedade de uma empresa está geralmente
concentrada na sua base doméstica, a nacionalidade dos acionistas é secundária.
Uma nova teoria deve deslocar-se além da vantagem comparativa para a vantagem
competitiva de uma nação. Ela deve refletir uma profunda concepção da competição que
inclui mercados segmentados, produtos diferenciados, diferenças tecnológicas, e economias
de escala. Uma nova teoria deve ir além dos custos, e explicar porque empresas de
algumas nações são melhores que outras na criação de vantagens competitivas baseadas
na qualidade, características e inovações de produtos. Uma nova teoria deve partir da
premissa que a competição é dinâmica e mutável; ela deve responder as questões: Por que
algumas companhias baseadas em algumas nações inovam mais que outras? Por que
algumas nações provêm um ambiente que permite às empresas melhorar e inovar mais
depressa do que suas rivais estrangeiras?
que não são nem mesmo “novas” ― idéias que estavam circulando, mas que nunca foram
vigorosamente perseguidas e testadas. Ela sempre envolve investimento em habilidades e
conhecimento, bem como em ativos físicos e reputação de marcas.
Algumas inovações criam vantagem competitiva ao perceberem uma nova
oportunidade de mercado ou por servir um segmento de mercado que outros haviam ignorado.
Quando os competidores são lentos para responder, tais inovações geram vantagem
competitiva. Por exemplo, em negócios como automóveis e eletroeletrônicos domésticos, as
companhias japonesas ganharam sua vantagem inicial enfatizando menores tamanhos, mais
compactos, modelos de menor capacidade do que seus competidores estrangeiros que os
desdenharam como menos lucrativos, menos importantes e menos atrativos.
Em mercados internacionais, inovações que produzem vantagem competitiva
antecipam ambas, necessidades domésticas e internacionais. Por exemplo, quando a
preocupação internacional com a segurança dos produtos cresceu, companhias suecas como
Volvo, Atlas Copco e AGA foram bem sucedidas por terem antecipado uma oportunidade de
mercado nesta área. Por outro lado, inovações que respondem a preocupações e circunstâncias
peculiares do mercado doméstico podem retardar o sucesso competitivo internacional. A
tentação do enorme mercado para defesa norte-americano, por exemplo, desviou a atenção
dos fabricantes americanos de materiais e máquinas-ferramenta de mercados globais bastante
atraentes.
A informação tem um grande papel no processo da inovação e do melhoramento ―
informação que não está disponível aos competidores ou que eles não procuraram. Algumas
vezes ela provem de investimentos simples em pesquisa e desenvolvimento ou pesquisa de
mercado; mais habitualmente, ela provém de esforço e de abertura e de procurar no lugar
certo, desimpedido de hipóteses desorientadoras ou “conventional wisdom” (paradigmas).
É por isto que geralmente os inovadores são pessoas de fora (“outsiders”), de um outro
negócio ou de um país diferente. A inovação pode surgir em uma nova companhia, cujo
fundador possui uma experiência não tradicional ou simplesmente que não era apreciado em
uma companhia mais antiga e tradicional. Ou a capacidade de inovação pode chegar a uma
companhia existente através de executivos sênior que são novos num negócio específico e,
assim, mais capazes de perceber oportunidades e mais propensos a persegui-las. Ou a
inovação pode ocorrer quando uma empresa diversifica, trazendo novos recursos,
competências ou perspectivas para outro negócio. Ou as inovações podem provir de outra
nação com circunstâncias diferentes ou diferentes modos de competir.
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Por que certas empresas baseadas em certas nações são capazes de inovar
consistentemente? Por que elas agressivamente perseguem aprimoramentos, procurando
fontes de vantagem competitiva cada vez mais sofisticadas? Por que elas são capazes de
sobrepujar as substanciais barreiras à mudança e à inovação que tão freqüentemente
acompanham o sucesso?
A resposta reside em quatro amplos atributos de uma nação, atributos que
individualmente e como um sistema constituem o diamante da vantagem nacional [que
geralmente acaba se projetando como vantagem internacional], o campo de jogo que cada
nação estabelece e opera para seus negócios (“industries”). Estes atributos são:
1. Condições dos fatores. A posição de uma nação em fatores de produção, tais como
trabalho qualificado e infra-estrutura, necessários para competir num dado negócio.
2. Condições da demanda. A natureza da procura ou demanda no mercado doméstico
para os produtos ou serviços do negócio.
3. Negócios correlatos e de apoio. A presença ou ausência na nação de negócios
fornecedores e de outros negócios correlatos que são internacionalmente
competitivos.
4. Estratégia e estrutura das firmas e rivalidade entre elas. As condições em uma nação
que governam como as companhias são criadas, organizadas e gerenciadas, bem
como a natureza da rivalidade doméstica.
Negócios correlatos
e de apoio
A Rivalidade em Sassuolo
O simples número de empresas produtoras de revestimento cerâmico na região de
Sassuolo criou uma intensa rivalidade entre elas. Notícias de inovações em produtos e
processos difundiam-se rapidamente, e as empresas que buscavam liderança em
tecnologia, “design” e distribuição melhoravam constantemente.
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Internacionalização
Por volta de 1970 a demanda doméstica italiana tinha amadurecido. O mercado
italiano estagnado levou as companhias a acelerar seus esforços para perseguir mercados
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menos importante do que a taxa e a eficiência com as quais ela cria, atualiza e os emprega em
setores de negócios específicos.
Os fatores de produção mais importantes são aqueles que envolvem pesados
investimentos e que são especializados. Fatores básicos, tais como o “pool” de mão-de-obra
[pouco qualificada] ou uma fonte local de matéria-prima, não constituem uma vantagem em
setores intensivos em conhecimento. As empresas podem obtê-los facilmente com uma
estratégia global ou evitá-los através da tecnologia. Diferentemente da sabedoria
convencional, simplesmente dispor de um mão-de-obra geral que possui formação colegial ou
mesmo universitária não representa vantagem competitiva1 na competição internacional
moderna. Para sustentar a vantagem competitiva, um fator altamente especializado para as
necessidades específicas de um dado setor de negócios ― um instituto especializado em
óptica, um “pool” [conjunto] de “venture” (risco) capital para financiar companhias de
software, por exemplo. Estes fatores são mais escassos, mais difíceis de imitar pelos
competidores estrangeiros ― e eles exigem investimento sustentado para serem criados.
As nações são bem sucedidas em setores nos quais são particularmente boas na criação
de fatores. A vantagem competitiva resulta da presença de instituições de classe mundial que,
primeiro, criam os fatores especializados e, depois, trabalham continuamente para atualizá-los
e aprimorá-los. A Dinamarca possui dois hospitais que se concentram no estudo e tratamento
da diabetes ― e uma posição de líder mundial na exportação de insulina. A Holanda possui
institutos de pesquisa de primeira linha no cultivo, embalagem e despacho de flores, setor no
qual ela é a líder mundial em exportações.
O que não é tão óbvio, contudo, é que desvantagens seletivas nos fatores mais básicos
podem impulsionar uma empresa a inovar e melhorar ― uma desvantagem num modelo
estático de competição pode tornar-se uma vantagem num modelo dinâmico. Quando existe
uma ampla oferta de matérias-primas baratas ou trabalho abundante, as empresas podem
simplesmente apoiar-se nestas vantagens e geralmente empregam-nas ineficientemente. Mas
quando as empresas enfrentam uma desvantagem seletiva, como altos custos da terra, falta de
mão-de-obra, ou falta de matérias-primas localmente, elas precisam inovar e aprimorar para
competir.
Implícito na sempre citada realidade japonesa, “Nós somos uma nação-ilha sem
recursos”, está o entendimento de que estas deficiências serviram apenas para atiçar a
inovação competitiva japonesa. A produção “just-in-time”, por exemplo, economizou espaços
proibitivamente caros. Os produtores italianos de aço na região de Bréscia enfrentam um
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Nota do tradutor: Lembrar casos da Argentina e de Cuba.
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1
Nota do tradutor: o mesmo fizeram industriais calçadistas gaúchos, indo para o Nordeste brasileiro frente à
ameaça dos calçados chineses.
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neste negócio, em parte porque outras empresas italianas fornecem mundialmente dois terços
das máquinas utilizadas na fabricação de jóias e na reciclagem de metais preciosos.
Todavia, bem mais importante que o acesso a componentes e maquinaria é a vantagem
que as empresas em negócios correlatos e de apoio provêm em inovação e atualização ― uma
vantagem baseada em relacionamentos de trabalhos que se beneficiam da proximidade.
Fornecedores e usuários finais localizados próximos uns dos outros podem valer-se de
menores linhas de comunicação, fluxo de informações rápido e constante, e na contínua troca
de idéias e inovações. As empresas têm a oportunidade de influenciar os esforços técnicos de
seus fornecedores e podem servir como local de ensaios para o trabalho de PeD [R&D],
acelerando o ritmo da inovação.
A figura a seguir, “O agrupamento [cluster] do calçado italiano”, oferece um exemplo
gráfico de como um grupo de negócios de apoio, próximos geograficamente, cria vantagem
competitiva em um conjunto de negócios inter-relacionados que são todos competitivos
internacionalmente. Os produtores de calçados, por exemplo, interagem regularmente com os
fabricantes de couros sobre novos estilos e técnicas de manufatura, e aprendem sobre novas
texturas e cores do couro quando eles ainda estão ainda nas pranchetas de desenho [ou nos
fulões de desenvolvimento experimental]. Os produtores de couro ganham visões antecipadas
sobre tendências da moda, ajudando-os a planejar novos produtos. A interação é mutuamente
vantajosa e auto-alimentada, mas ela não ocorre automaticamente: ela é auxiliada pela
proximidade, mas ocorre apenas porque empresas e fornecedores trabalham por ela.
As empresas da nação beneficiam-se mais quando os fornecedores são, eles mesmos,
competidores globais. Em última instância, é prejudicial para uma empresa ou país a criação
de fornecedores “cativos”, que são totalmente dependentes do setor de negócios doméstico e
impedidos de servir competidores estrangeiros. Do mesmo modo, uma nação não precisa ser
competitiva em todos os negócios de suprimento para suas empresas conquistarem vantagem
competitiva. As empresas podem rapidamente abastecer-se de materiais, componentes e
tecnologia no exterior sem maiores efeitos na inovação ou desempenho de seus produtos. O
mesmo é verdade sobre outras tecnologias gerais ― como eletrônica e software ― aonde o
setor de negócios representa uma área estreita de aplicação.
A competitividade doméstica em negócios correlatos provê benefícios semelhantes:
fluxo de informações e trocas técnicas aceleram o ritmo da inovação e atualização. Um
negócio correlato doméstico também aumenta a possibilidade de empresas adotarem as novas
técnicas, e ele também provê uma fonte de entrantes que trarão um novo enfoque no ato de
competir. O sucesso suíço em produtos farmacêuticos surgiu do sucesso internacional prévio
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Máquinas
ferramentas Moldes
especializadas
Botas para
Máquinas após esquiar
para madeira Modelos
Calçados
esportivos
Componentes Calçados de
de calçados couro
Bolsas e Serviços
Couro
luvas de de
processado
couro “design”
Máquinas Roupas de
para couro
processar
couro
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Nota do tradutor: por exemplo, os criadores da Hyundai coreana ou da Sony japonesa, ou o recriador da GE
norte-americana.
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1
O número de companhias variou por áreas de produtos. O menor número, dez, produzia bulldozers [tratores de
esteira]. Quinze companhias produziam dragas e escavadeiras, caminhões guindaste, e equipamento para
pavimentação. Havia vinte companhias em escavadeiras hidráulicas, uma área de produto aonde o Japão é
particularmente forte.
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Seis companhias exportavam anualmente mais de 10.000 toneladas.
3
Siderúricas integradas.
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garantir a eles os recursos necessários, com as bênçãos do governo. De fato, contudo, muitos
campeões nacionais são não competitivos, embora pesadamente subsidiados e protegidos
pelos seus governos. Em muitos dos negócios proeminentes em que existe apenas um rival
nacional, tais como setor aeroespacial e telecomunicações, o governo tem representado um
grande papel na distorção da competição.
A efetividade estática é muito menos importante do que o aprimoramento dinâmico, o
qual a rivalidade doméstica estimula com exclusividade. A rivalidade doméstica, como
qualquer rivalidade, cria pressões nas empresas para inovar e melhorar. Os rivais locais
empurram-se mutuamente para menores custos, melhoria da qualidade e do serviço, e cria
novos produtos e novos processos. Mas, diferentemente da rivalidade com competidores
externos, que tende a ser analítica e distante, a rivalidade local comumente vai além da
competição puramente econômica e de negócio e torna-se intensamente pessoal [o caso
italiano sendo um bom exemplo].
Os rivais domésticos envolvem-se em feudos ativos, eles competem não só por
participação no mercado [market share] mas também por pessoas, por excelência técnica e,
talvez mais importante, pelo “direito de contar vantagem”. O sucesso de um rival doméstico
prova aos outros que o avanço é possível e geralmente atrai novos rivais para o negócio. As
empresas geralmente atribuem o sucesso de rivais estrangeiros a vantagens “injustas”. Com os
rivais domésticos, não existem desculpas.
A concentração geográfica amplifica o poder da rivalidade doméstica. Este padrão é
bastante comum ao redor do mundo: as empresas joalheiras italianas localizada no entorno de
duas cidades, Arezzo e Valenza Pó; empresas de cutelaria em Solingen, Alemanha e Seki,
Japão; companhias farmacêuticas em Basel, Suíça; motocicletas e instrumentos musicais em
Hamamatsu, Japão. Quanto mais localizada for a rivalidade, mais intensa ela será. E quanto
mais intensa, melhor.
Outro benefício da rivalidade doméstica é a pressão que ela cria por constante
atualização das fontes de vantagem competitiva. A presença de competidores domésticos
automaticamente cancela os tipos de vantagem que provêm de simplesmente estar-se numa
nação específica ― custos de fatores [de produção], acesso a ou preferência no mercado
doméstico, ou custos para os competidores estrangeiros que exportam para o mercado
nacional. As empresas são forçadas a moverem-se além delas e, como um resultado,
conquistam vantagens competitivas mais sustentáveis. Além disto, os competidores
domésticos se manterão honestos na obtenção de apoio governamental. As empresas menos
provavelmente se deixarão fisgar pelo efeito narcótico dos contratos governamentais ou pelo
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e habilidades. Através dos condutos dos fornecedores e clientes que contatam diversos
competidores, a informação flui livremente e as inovações são difundidas rapidamente.
Interconexões dentro do “cluster”, geralmente não previstas, conduzem a percepções de novos
modos de competir e novas oportunidades. O “cluster” torna-se o veículo para manutenção da
diversidade e superação do foco voltado para dentro, para a inércia, a inflexibilidade, e a
acomodação entre rivais que torna mais lenta ou bloqueia as atualizações e as novas entradas
[de competidores].
O Papel do Governo
No continuado debate sobre a competitividade das nações, nenhum tópico gera mais
discussão e cria menos entendimento do que o papel do governo. Muitos enxergam o governo
como um ajudante essencial ou apoiador dos negócios, empregando um conjunto de políticas
para contribuir diretamente para o desempenho competitivo de negócios estratégicos ou de
negócios alvo. Outros aceitam a visão do “mercado livre” de que a operação da economia
deve ficar por conta da “mão invisível”.
Ambas as visões são incorretas. Tanto uma como a outra, seguidas até as suas
conclusões lógicas, conduzirão a uma erosão permanente das capacitações competitivas de
uma nação. De um lado, os defensores de ajuda governamental para o negócio
freqüentemente propõem políticas que de fato ferirão as empresas no longo prazo e apenas
criarão necessidade de mais ajuda. De outro lado, os defensores de uma presença diminuída
do governo ignoram o papel legítimo que o governo tem na formação do contexto e na
estrutura institucional que cercam as empresas, e na criação de um ambiente que estimule as
empresas a ganharem vantagem competitiva.
O papel apropriado para o governo é de catalisador e desafiador; é de encorajar ― e
mesmo empurrar ― as empresas para que elas aumentem suas aspirações e subam para níveis
mais elevados de desempenho competitivo, mesmo que este processo possa ser inerentemente
desagradável e difícil. O governo não pode criar negócios competitivos, apenas empresas
podem fazê-lo. O governo desempenha um papel que é inerentemente parcial, que é bem
sucedido apenas quando trabalha em paralelo com condições favoráveis subjacentes do
diamante. Contudo, o papel do governo de transmitir e amplificar as forças do diamante é
poderoso. As políticas governamentais bem sucedidas são aquelas que criam um ambiente no
qual as empresas podem conquistar vantagem competitiva, em lugar daqueles que envolvem o
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Em lugar disto, quando as forças do mercado criam custos de fatores crescentes ou uma taxa
de câmbio mais alta, o governo deve resistir à tentação de empurrá-los de novo para baixo.
DESREGULAMENTAR A COMPETIÇÃO
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abrir mercados sempre que uma nação possui vantagem competitiva e deve ativamente voltar-
se para negócios emergentes.
Sempre que o governo encontra uma barreira comercial em outra nação, ele deve
concentrar seu remédio no desmantelamento de barreiras, não na regulação de importações e
exportações. No caso do Japão, por exemplo, pressões para acelerar o já rápido crescimento
da importação de bens manufaturados é um enfoque mais efetivo do que uma mudança para o
comércio administrado. Tarifas compensatórias que punem empresas por práticas desleais de
comércio são melhores do que quotas de mercado. Outra crescentemente importante
ferramenta para abrir mercados são restrições que impedem que empresas ofendam nações
investindo em aquisições ou instalações produtivas no país anfitrião ― deste modo
bloqueando as companhias do país desleal de usar sua vantagem para estabelecer uma nova
cabeça de ponte que está imune de outras sanções.
Qualquer um deste remédios pode, contudo, provocar efeito contrário ao desejado
originalmente. É virtualmente impossível criar remédios às práticas desleais de comércio que
evitem ambos: redução de incentivos para que empresas domésticas inovem e exportem e
prejudiquem compradores domésticos. Os objetivos dos remédios devem ser ajustamentos
que permitam ao remédio desaparecer.
A Agenda da Empresa
No final, apenas as empresas elas mesmas podem conquistar e sustentar vantagem
competitiva. Para fazê-lo, elas devem atuar nos fundamentos descritos acima. Em particular,
elas devem reconhecer o papel central da inovação ― e a desconfortável verdade de que a
inovação cresce de pressões e desafios. É necessário liderança para se criar um ambiente
dinâmico e desafiador. E é necessária liderança para se reconhecer as sempre muito fáceis
rotas de escape que parecem oferecer um caminho para a vantagem competitiva, mas que são,
de fato, atalhos para o fracasso. Por exemplo, é tentador depender-se de projetos de pesquisa e
desenvolvimento cooperativos para se diminuir os custos e riscos da pesquisa. Mas eles
podem desviar a atenção e os recursos de uma empresa dos esforços de pesquisa proprietários
e eliminarão as perspectivas de inovações reais.
A vantagem competitiva surge da liderança que domestica e amplifica as forças do
diamante para promover inovação e atualização. Aqui estão alguns dos tipos de políticas que
apoiam este esforço:
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O Papel da Liderança
Muitas empresas e seus altos executivos percebem mal a natureza da competição e a
tarefa que se lhes apresenta ao melhorar o desempenho financeiro, ao solicitar apoio
governamental, ao buscar estabilidade, e ao reduzir o risco através de alianças e fusões.
As atuais realidades competitivas exigem liderança. Líderes acreditam em mudanças;
eles estimulam suas organizações a inovar continuamente; eles reconhecem a importância de
seu país natal como fundamental para seu sucesso competitivo e trabalham para atualizá-lo.
Ainda mais importante, líderes reconhecem a necessidade de pressão e desafio. Porque eles
estão dispostos a encorajar políticas governamentais apropriadas ― e dolorosas ― e
regulamentações, eles geralmente fazem jus ao título de “estadistas”, embora poucos se
enxerguem deste modo. Eles estão preparados para sacrificar a vida fácil pela dificuldade e,
em última instância, por vantagem competitiva sustentada. Este deve ser o objetivo para
ambos, nações e empresas: não apenas sobreviver, mas atingir competitividade internacional.
E não apenas uma vez, mas continuamente.
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