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Nem todas as cozinhas estão certificadas, mas a
egurança Alimentar: Uma exigência do Revelou alguns dos dados desta indústria que, metodologia de trabalho é igual em todas. A
consumidor. Foi este o título e o mote do segundo estimativas para 2008, terá um volu não atribuição da certificação devese às defi
seminário organizado pela APCER – As me de negócios de 12.300 milhões de euros, ou ciências das próprias estruturas dos hospitais,
sociação Portuguesa de Certificação, que seja, 7,6% do PIB. O responsável traçou até uma vez que «temos hospitais no nosso país
decorreu no Centro Cultural de Belém, e que um comparativo, reclamando também alguma com deficiência de estruturas, ou de idade
serviu para melhor conhecer as experiências de atenção para este sector, ao afirmar que «22 dias avançada». No entanto, a responsável confiden
alguns actores neste sector, bem como para de da indústria alimentar representam um ano in ciou que a médio prazo – 2 anos – o objectivo
bater o panorama da segurança alimentar e de teiro da Autoeuropa». E, no entanto «pouco se é certificar todas as cozinhas».
alguns referenciais que a certificam. fala na indústria agroalimentar».
Logo na abertura as palavras de José Leitão, A segurança alimentar é, para Pedro Queiroz, Distribuição é que manda
CEO da APCER, elucidavam para a importân um conceito dinâmico, com inúmeras defini A última intervenção da manhã esteve a cargo
cia da segurança alimentar nos dias de hoje: «é ções diferentes. No entanto, existe uma evolu de Verónica Reis, da Cerealis – Produtos Ali
algo que já não vai sair da agenda de todos nós. ção evidente, uma vez que na primeira metade mentares. Segundo a responsável, «hoje em dia
É um caso de exigência do consumidor». do século XX, um período de grandes conflitos a segurança alimentar é vista pelo consumidor
A primeira intervenção esteve a cargo de Pedro na Europa, a segurança alimentar “simplesmen como algo básico, essencial e primordial. Todos
Queiroz, directorgeral da Federação das In te” significava a garantia de abastecimento. os problemas de segurança alimentar não são
dústrias Portuguesas AgroAlimentares (FIPA). Com a expansão económica da segunda meta locais, são mundiais, vejase o caso do leite da
Dh Novembro 2008
Seminário <<<
China. Os consumidores estão atentos e a co adaptações, obviamente, à legislação do nosso restaurantes em Portugal e Espanha, dando
municação social também. Por causa disto os país. E neste campo o rigor é a palavrachave, emprego a mais de seis mil pessoas. Conside
consumidores são mais desconfiados e mais exi seja na escolha das matériasprimas, no trans ram a segurança alimentar com um alicerce pa
gentes». Assim, as certificações, e tudo o que é porte, na preparação, no controlo de todas as ra o crescimento sustentado e socialmente res
metodologia que as empresas possam aplicar práticas e na informação aos consumidores. ponsável. E essa visão levou à decisão, em 2006,
para dar alguma garantia extra aos consumido Com uma alta rotação nos seus 6 mil funcioná de querer certificar todo esse sistema. No en
res, é uma maisvalia. rios, é necessária uma higiene pessoal bastante tanto, surgiu logo uma dificuldade: qual a nor
Verónica Reis afirma que certificação BRC – apurada, pelo que existe uma lavagem das mão ma? A BRC não era aplicável à restauração,
esquema proprietária da distribuição britânica de 30 em 30 minutos e sempre que necessário. enquanto que a ERS 3022 era específica para o
– é mais fácil de interpretar e corresponde efec De resto, o equipamento definido e estabeleci território nacional, o que não pode acontecer
tivamente ao que o cliente quer ver implemen do, bem como a política de sujou/limpou, faci para um grupo que tem lojas em Espanha. Foi
tado. lita o HACCP. assim decidido enveredar pela ISO 22000:2005,
Segundo esclareceu Andreia Magalhães, da AP Tudo isto permite ter um sistema implementa uma vez que harmoniza vários referenciais exis
CER, essas duas certificações (ISO e BRC) do nos restaurantes cujos pontos críticos são tentes, tem um reconhecimento internacional,
complementamse. No entanto, a ISO «é uma sete: controlo da temperatura a que produtos destaca a componente de gestão do sistema, e ia
norma para organizar a casa e o sistema de ges chegam; controlo de temperatura dos congela enquadrarse nos objectivos traçados pelo Gru
tão», enquanto a BRC, tal como a IFS, «são dos; controlo de temperatura dos produtos re po Ibersol para toda a certificação.
normas objectivas, basicamente checklists, e frigerados; validades de consumo estipulado O processo teve a sua conclusão em Julho deste
orientadas para o produto». Na opinião desta pelo fornecedor, e validade quando retirado o ano, onde foi atribuída a certificação a toda a
responsável, «a Distribuição é que impõe as re produto do seu armazenamento primário; con gestão da cadeia alimentar das operações de res
gras do jogo, e se está a optar tauração do Grupo Ibersol e,
pela BRC e IFS, não põe de la localmente, em alguns restau
do a ISO 22000, por isso o fu rantes.
turo depende da Distribuição». Por último, teve palavra An
dreia Magalhães, gestora de de
Ajudas ao cumprimento senvolvimento da APCER, cuja
Na primeira intervenção da tar intervenção incidiu principal
de foi dada a palavra a António mente na norma ERS 3002.
Condé Pinto, presidente adjun Ocupando 33% do mercado da
to executivo da Associação Por restauração, a ERS 3002 é uma
tuguesa de Hotelaria, Restaura certificação de serviço, sendo
ção e Turismo (APHORT), or um referencial na qualidade e
ganismo de âmbito nacional, segurança alimentar na restau
com cerca de 5 mil membros. ração. Actualmente, encontrase
No que diz respeito à segurança em revisão de forma a clarificar
alimentar, a Associação tem, se alguns requisitos e actualizar
gundo o responsável, procurado outros a nível legal, como a
ser clara e objectiva nesta maté proibição de fumar em espaços
ria, de forma a nunca reagir com a frase «isso trolo diário qualitativo e controlo quantitativo fechados. Esta revisão é também uma oportu
não se aplica ao nosso sector». Para isso, foram feito periodicamente por um laboratório exter nidade para incluir requisitos associados à qua
desenvolvidos alguns programas a iniciativas no; controlo de temperatura interna dos pro lidade nutricional, e uma forma de a aplicar à
para os associados, como o Programa Informar, dutos cozinhados; e autopasteurização da má restauração colectiva (cantinas, refeitórios, etc.),
com mais de 70 fichas informativas, 14 cader quina dos gelados durante a noite para ter a que de início não existia.
nos de informação, minutas, avisos e dísticos, certeza que o leite, no dia seguinte, está a 100%. A ideia comum que fica de todo o seminário é
estando tudo disponível no site da associação. Foi ainda decidido ter uma entidade indepen a de que a segurança alimentar é cada vez mais
São também desenvolvidos códigos e manuais, dente a certificar os procedimentos da uma exigência do consumidor e está a deixar de
organizadas conferências e seminários, além de McDonald’s. Assim, no final de 2007 começou ser um factor de diferenciação, não por perder
se desenvolverem programas de formação diri o processo da ERS 3002 – certificação da qua importância, mas por estar a ganhar um peso
gidos às empresas. Com tudo isto pretendese lidade e segurança alimentar na restauração. E cada vez maior. Todos os actores no sector da
promover uma cultura de aperfeiçoamento tudo terminou em Julho deste ano, com a atri alimentação têm que ter presente que o consu
contínuo, ajudar ao cumprimento com as obri buição da certificação aos 122 restaurantes na midor dos dias de hoje é exigente e informado.
gações legislativas e melhorar o nível de satisfa cionais. E se todos os agentes alimentares sentem neces
ção dos clientes. sidade de ter mecanismos de controlo, a certifi
Qual a norma a aplicar? cação permite que esses mecanismos sejam ve
Segurança é alicerce Seguiuse Natacha Tavares, do Departamento rificáveis por uma terceira parte, independente,
De seguida falou Marta Moreira, gestora de de Qualidade do Grupo Ibersol. Este grupo de que assim atesta a qualidade e cumprimento de
Qualidade e Compras da McDonald’s Portu tém 14 marcas, entre franquiadas e próprias, requisitos. E se o mercado da certificação está
gal. Como pertença de multinacional que é, o como por exemplo KFC, Pans & Company, com um crescimento elevado, é tudo por pres
sistema de segurança alimentar montado em Burguer King, Pizza Hut e Ó Kilo. Iniciou a são do consumidor. Afinal, até neste aspecto o
Portugal é similar ao resto do mundo, com sua actividade em 1989 e em 2007 tinha 414 cliente manda e tem sempre razão.
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