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UNIVERCIDADE IAV | Instituto de Artes Visuais Desenho Industrial

História e Teoria do Design 4 André Beltrão

Arts & Crafts

Jonas Kussama 01071010684


William Pickering, páginas de The Element of
Euclid, 1847. Um sistema de codificação de
cores trouxe clareza ao ensino da geometria.

Apesar dos esforços de Pickering e outros, o design de livros


continuou a decair até o final do século, quando começou a
experimentar um renascimento. Essa revitalização – que pri-
meiro tratou o livro como objeto de arte e depois influenciou
a produção comercial – foi resultado, em grande parte, do
movimento Arts & Crafts [artes e ofícios], que floresceu na
Inglaterra no final do século XIX como reação à confusão so-
cial, moral e artística da Revolução Industrial. Advogavam-se
o design e um retorno aos ofícios manuais e abominavam-se
os bens “baratos e vis” da produção em massa da era vito-
riana. O líder do movimento, William Morris [1834-1896] ,
clamava por clareza de propósito, fidelidade à natureza dos
No final do século XIX, a qualidade do materiais e metódos de produção e expressão pessoal tanto
design e da produção de livros tornou-se vítima da Revolução por parte do designer como do trabalhador.
Industrial, com algumas exceções notáveis, como os livros do O escritor e artista John Ruskin [1819-1900] foi a inspira-
editor inglês William Pickering [1796-1854] . ção filosófica desse movimento. Indagando como a socie-
Em colaboração com Charles Whittingham, Pickering reviveu dade podia “conscientemente ordenar a vida de seus
os tipos de Caslon, que ele admirava por sua legibilidade. A membros de modo a manter o maior número de
edição de Pickering de The Elements of Euclid é um marco no pessoas dignas e felizes”, Ruskin rejeitava a economia
design de livros. Diagramas e símbolos são impressos com mercantil e apontava para a união da arte e do trabalho a
xilogravuras em cores, substituindo a rotulação alfabética tra- serviço da sociedade. De acordo com Ruskin, após o Renas-
dicional para identificar linhas, figuras e formas na geometria. cimento havia se iniciado um processo de separação entre
As cores e estruturas precisas antecipavam a arte geométrica arte e sociedade. A industrialização e a tecnologia levaram
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abstrata do século XX. essa cisão gradual a um estágio crítico, isolando o artista.
Selwyn Image, folha de rosto para The Century Guild Hobby Horse, 1884.
Recheando-a com detalhes, Image concebeu uma página dentro de uma página,
que reflete o interesse do movimento Arts & Crafts pela Idade Média.

As consequências eram o pastiche de modelos históricos, um


declínio na criatividade e a valorização do design feito por en-
genheiros sem preocupação estética. Por trás de suas teorias
estava a crença de que as coisas belas eram valiosas e úteis
precisamente porque eram belas.
A Red House, projetada para Ruskin por Philip Webb, é um
marco na arquitetura privada. Sua planta derivava de um pla-
nejamento funcional do espaço interior. Não satisfeito com os
produtos existentes, projetou e supervisionou a execução de
mobília, vitrais e tapeçarias.
Preocupado com os problemas da industrialização, Morris ten-
tou implementar as ideias de Ruskin: a insipidez dos bens
produzidos em massa e a falta de trabalho digno
podiam ser sanadas pela junção da arte e ofício. A arte
e o ofício poderiam se combinar para criar belos objetos, os
trabalhadores poderiam novamente encontrar alegria no traba-
lho e o ambiente feito pelo homem poderia ser revitalizado.

Century Guild
Com 26 anos, Arthur H. Mackmurdo [1851-1942] conhece Os projetos do grupo fornecem alguns dos elos entre
Willian Morris e inspira-se em suas ideias e realizações no design o movimento Arts & Crafts e a estilização floral da
aplicado. Junto com Selwyn Image [1849-1930] e Herbert R. Art Nouveau.
Horne [1864-1916] funda a Century Guild. Seus obejtivos eram The Century Guild Hobby Horse começou a ser publicado
“passar todos os ramos da arte para a esfera, não em 1884 como a primeira revista com impressão refinada
mais do comerciante, mas do artista. As artes do exclusivamente dedicada às artes visuais. Tem influências
design deveriam ser elevadas ao seu lugar de direito da Idade Média e alguns antecipam formas do Art Nouveau,
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ao lado da pintura e da escultura”. mas os padrões eram precoces para o seu tempo.
Willian Morris, tipo Golden, 1888-90.
Esta fonte inspirou renovado interesse
pela tipografia de estilo veneziano antigo.

O Hobby Horse era produzido por sir Emery “O ornamento, seja qual for, figura ou padronagem,
Walker [1851-1933] . Seu cuidadoso leiaute deve fazer parte da página, deve estar integrado ao
e composição, papel artesanal e ilustrações plano global do livro”.
xilográficas fizeram dele o arauto do interes-
se das Arts & Crafts pela tipografia, design Walker considerava o design do livro semelhante à arquite-
gráfico e impressão. Mackmurdo, além de an- tura, somente o cuidadoso planejamento de cada aspecto
tecipar a Art Nouveau, foi precursor do movimento da impren- – papel, tinta, tipo, espaçamento, margens, ilustração e orna-
sa particular e do renascimento do design de livros. mento – poderia resultar numa unidade de projeto.
O Hobby Horse foi o primeiro periódico a apresentar o ponto Após iniciar seu primeiro projeto de tipos, Morris aluga um
de vista das Arts & Crafts inglesas para o público europeu e chalé e batiza seu empre-
a tratar a impressão como uma forma séria de design. Num endimento de Kelmscott
artigo de 1887, Selwyn Image afirma que todas as formas de Press. Estava empenhado
expressão visual mereciam o estatuto de arte. em recapturar a beleza
“Pois quando começamos a perceber que todos os dos livros incunabulares
tipos inventados de forma, tonalidade e cor são as- – meticulosa impressão
pectos igualmente verdadeiros e respeitáveis da arte, manual, papel artesanal,
vemos algo muito parecido com uma revolução que xilogravuras feitas à mão,
surge na nossa frente”. capitulares etc. O livro
se tornava uma forma
de arte.
Kelmscott Press
Herbert Home, folha de rosto para
Em 1888, Willian Morris apresentou a tecelagem de tapeça- Poems, de Lionel Johnson, 1895.
Simetria, tipos contornados, espace-
rias, Walter Crane falou sobre design e Emery Walker sobre jamento de letras e alinhamento são
projeto e impressão de livros. Defendendo a unidade do de- as qualidades projetuais do trabalho
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sign, Walker disse: de Home. As letras combinam perfei-
tamente com a ilustração.
Walter Crane, esboços de leiaute de The Willian Morris, página de
Bases of Design [As Bases do Design], O paradoxo de Willian Morris é que, enquanto procurava refúgio texto de The Works of Geoffrey
1898. Crane usou estes esboços para Chaucer, 1896. Belas páginas
demonstrar a relação entre páginas du-
no trabalho manual feito no passado, desenvolveu atitudes em de textura e tonalidade contêm
plas que formam uma unidade, e o modo relação ao design que delineavam o futuro. Sua influência no de- uma ordem e nitidez que
como as margens podem ser usadas sign gráfico não ficou apenas na imitação de seu estilo, e sim no tornam legíveis e acessíveis as
para efeito decorativo. palavras do autor.
conceito de livro bem-feito, belos projetos tipográficos baseados
em modelos anteriores e seu senso de unidade de design, que
inspiraram uma geração inteira de designers de livros.
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O Movimento da
Imprensa Particular
Em 1888, Charles R. Ashbee [1863-1942] fundou a Guilda
de Artesanato. Sua escola unificou o ensino do design e da
teoria com a experiência da oficina. Em 1890 a guilda alugou
a Essex House. Após a morte de Willian Morris, Ashbee
adquire todo equipamento disponível da Kelmscott Press e
forma a Essex House Press.
Em 1900, T. J. Cobden-Sanderson [1840-1922] juntou-se
a Emery Walker na fundação da Doves Press para “atacar
o problema da tipografia pura”, com a opinião de que
“a obrigação primordial da tipografia é comuni-
car à imaginação, sem perder pelo caminho, o
pensamento ou a imagem que o autor pretendia
transmitir”.
Os livros da Doves Press são tipograficamente maravilho-
sos. Ilustração e ornamento foram descartados, produzidos
com papel de excelente qualidade, impressão perfeita e
tipos e espaçamentos requintados. Utilizavam capitulares
de Edward Johnston [1872-1944] , um mestre calígrafo.
Seu estudo sobre técnicas caligráficas e manuscritos anti-
gos, bem como suas atividades de ensino fizeram dele uma
Charle R. Ashbee, páginas do Salmo da Essex House, 1902. Iniciais abertas à mão em influê­ncia importante na área de letras.
blocos de madeira, tipos caligráficos, papel artesanal e impressão por prensa manual
combianm-se para recriar a qualidade dos incunábulos.

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C.H. St. John Hornby, página da Legend
de São Francisco de Assis, 1922. O
livre uso da capitular e as palavras
iniciais impressas em cor notabilizaram
os leiautes da Ashendene Press.

Estabelecida em 1895, a Ashendene Press dirigida por C. H. ele banalizou o movimento inteiro enquanto seus defensores
St. John Hornby, mostrou-se uma excepcional imprensa par- acreditam que ele trouxe beleza à vida de pessoas comuns,
ticular. Os tipos eram inspirados nos tipos semigóticos. Tinham que, de outra forma, não teriam chance de aproveitar os
uma elegância vibrante e boa legibilidade, com moderadas frutos do movimento.
diferenças de peso entre os traços grossos e finos e uma letra Lucien Pissaro [1863-1944] aprendeu a desenhar com o
ligeiramente comprimida. pai, o pintor Camille Pissaro e depois fundou a Eragny Press
Uma reviravolta curiosa no movimento Arts & Crafts é o norte- com sua mulher, Esther Bensusan [1870-1951] . Suas
americano Elbert Hubbard [1856-1915] , que conheceu impressões tinham xilogravuras de 3 ou 4 cores e se inspi-
Willian Morris em 1894 e estabeleceu sua Roycroft Press [grá- ravam no passado e no presente, abrindo espaço para o Art
fica] e Roycroft Shops [oficinas artesanais] em Nova Iorque, Nouveau.
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que tornaram-se atrações turisticas. Seus críticos dizem que
S. H. de Roos, páginas de Hand and Soul,
de Dante Gabriel Rosseti, publicado por
De Heuvelpers (The Hill Press), 1929.

Renascimento do Design de Livros


O efeito de longo alcance de Morris foi uma significativa atuali-
zação do design de livros e da tipografia em todo o mundo. Na
Alemanha, essa influência inspirou um renascimento das artes
e ofícios, novos tipos maravilhosos e uma melhoria substancial
no design de livros.
Na Holanda, a vanguarda tradicional foi liderada por Sjoerd
H. De Roos [1877-1962] e pelo brilhante Jan van Krimpen
[1892-1958] . A eles se seguiram J. F. van Royen [1878-1942] “Entendida a forma na qual o livro será impresso
e dois mestres editores-impressores de Maastricht, Char- [...] o designer deve ainda cumprir uma série de re-
les Nypels [1895-1952] e A. A. M. Stols [1900-1973] . Estes quisitos para o livro, cohecer sua história e tecno-
também desejavam fomentar um renascimento na tipografia logia, ter maestria e gosto, e discernimento quanto
holandesa e, como Morris, não consideravam a Revolução aos custos de produção. Em suma, todos os fatores
Industrial uma benção. Ao contrário, a produção em massa era que possibilitem converter um texto escrito num
vista como mal necessário, cautelosamente tolerado, sobretu- livro impresso e que satisfaçam as maiores exigên-
do por razões econômicas. cias de legibilidade.”
Procuravam revitalizar as artes gráficas por meio de um retor-
no aos padrões tradicionais. Suas diretrizes incluíam leiautes O mais importante designer de tipos alemão foi Rudolf
simétricos, harmonia e equilíbrio, cuidadosas proporções de Koch [1876-1934] , figura influente com pontos de vista pro-
margem, espaçamento adequado entre letras e palavras, tipos fundamente místicos e medievais. Liderou um grupo de
tradicionais singelos com a mínima variação possível de ta- escritores, impressores pedreiros e trabalhadores em metal e
manhos e habilidosa impressão tipográfica. Acreditavam que tapeçarias numa comunidade criativa. Considerava o alfa-
o tipógrafo devia primeiro servir o texto e, quanto ao resto, beto uma realização espiritual suprema da huma-
permanecer nos bastidores. nidade. Seus projetos de tipos variavam de interpretações
A. A. M. Stols descrevia o papel do designer em termos claros originais de letras medievais a novos projetos inesperados,
e incisivos: como as letras abrutalhadas e rústicas de seu tipo Neuland.
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Frederic W. Goudy, capa de libreto, Rudolf Koch, amostra do Neuland,
1911. Os ideais domovimento 1922-23. Uma textura densa é
Arts & Crafts foram atualizados na alcançada nestes tipos concebidos
impressão para o comércio. intuitivamente com formas versais
inéditas de “C” e “S”. Os ornamen-
tos de inspiração xilográfica são
usados para justificar esta inserção
em um retângulo bem definido.

Nos Estados Unidos, a influência do movi-


mento Arts & Crafts na revitalização da tipo-
grafia e do design de livros progrediu na mão
de dois jovens do meio-oeste que se rende-
ram ao encanto da Kelmscott Press durante
os anos 1890. Bruce Rogers [1870-1956]
e Frederic W. Goudy [1865-1947] , ambos
devotados a uma vida inteira de trabalho
criativo, tiveram uma longa carreira repleta
de amor pelos livros e de trabalho diligente.
Transmitiram seu senso excepcional de design e produção de
livros pelo século XX adentro. Albert Bruce Rogers partiu de suas raízes da Kelmscott nos
Com personalidade afável e espirituosa, além de impressionan- anos 1890 para se tornar o mais importante designer de
te habilidade para escrever, Goudy apresentava Willian Morris livros norte-americano no início do século XX. Ele possuía um
e seus ideais a impressores corriqueiros. Publicou livros [The sentido extraordinário de proporção visual e de “exatidão”.
Alphabet, Elements of Lettering e Typologia] e revistas [Ars Ty- O design é um processo que envolve inúmeras decisões; as
pographica e Typographica] que produziram impacto na trajetó- escolhas sutis quanto a papel, tipos, margens, entrelinhas
ria do design de livros. etc. podem combinar-se para culminar na criação de uma
Na virada do século, William Addison Dwiggins [1880- unidade ou de um desastre.
1956] , um dos alunos de Goudy que se mostrava especialmen- “A prova última, ao considerar o uso ou descarte de
te culto, definiu o estilo da editora Alfred A. Knopf e projetou um elemento de desenho ou decoração, parece ser a
centenas de livros para essa empresa. Em 1938 projetou seguinte: ele se mostra indispensável ou a página
um dos tipos para livros mais usados nos Estados Unidos, o ficaria bem ou melhor se ele fosse omitido?”
Caledonia.
Durante o início dos anos 1920, Dwiggins usou pela Tão rigorosos eram seus padrões de projeto que, quando
primeira vez o termo designer gráfico para definir compilou um lista de livros bem-sucedidos dentre os sete-
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suas atividades profissionais. centos que projetou, escoleu apenas trinta.
Bruce Rogers, frontispício de Printing Página do Specimen
and the Renaissance [A Impressão e o Book and Catalogue,
Renascimento], publicado por William 1923, da Ameri-
Edwin Rudge, Nova Iorque, 1921. can Type Founders
apresentam demons-
trações de impressão
de sua retomada do
Garamond com orna-
mntos Cleland.

Morris, o movimento Arts & Crafts e as imprensas particulares O legado do movimento Arts & Crafts ultrapassa as artes
revitalizaram a tipografia. Os tipos dos mestres Garamond, visuais. O comportamento de seus defensores quanto a
Plantin, Caslon, Baskerville e Bodoni foram estudados, abertos materiais, função e valor social tornou-se importante inspira-
e oferecidos para composição no início do século XX. ção para os designers do século XX. Seu impacto positivo no
Nos Estados Unidos a American Type Founders Company design gráfico continua um século após a morte de William
[ATF] montou ampla biblioteca para pesquisa tipográfica e foi Morris graças à retomada de tipos anteriores, aos constantes
importante na retomada de projetos anteriores, como varia- esforços rumo à excelência no design e na tipografia de livros
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ções de Bodoni, Garamond, Jenson e Goudy entre outras. e ao movimento da imprensa particular, que perdura até hoje.
Bibliografia: História do Design Gráfico – Philip B. Meggs

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