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SEGUNDO DOSSIÊ DE TEXTOS

MARXISTAS SOBRE A CRISE

Organização:
Grupo de Pesquisa Políticas para o Desenvolvimento Humano do Programa
de Estudos Pós-graduados em Economia Política da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo.

Junho/2009
Sumário

István Mészáros - A crise em desdobramento e a relevância de Marx....................................... 3

Reinaldo Carcanholo - Situación mundial: Aspectos teóricos de la crisis capitalista ............. 19

Adrián Sotelo Valencia - La crisis me da risa: una mirada desde los Grundrisse del
capitalismo contemporáneo ...................................................................................................... 32

Michel Husson - Le capitalisme toxique .................................................................................. 44

Alain Bihr - Le triomphe catastrophique du néolibéralisme .................................................... 58

Alain Bihr - A la croisée des chemins (2)................................................................................. 76

François Chesnais - La recession mondiale: moment, interpretations et enjeux de la crise ..... 96

Alain Bihr - A propos d‟un «excès de plus- value»................................................................. 114

John Bellamy Foster e Fred Magdoff - Implosão financeira e estagnação: de volta à economia
real .......................................................................................................................................... 124

François Chesnais - Orígenes comunes de la crisis económica y la crisis ecológica ............. 155

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A crise em desdobramento e a relevância de Marx
Autor: István Mészáros *

Alguns de vocês talvez tenham estado presentes na nossa reunião de Maio deste ano neste
edifício, quando recordei o que havia dito a Lucien Goldman, em Paris, poucos meses antes
do histórico Maio de 1968 francês. Em contraste com a perspectiva então prevalecente do
"capitalismo organizado", que se supunha ter deixado para trás com êxito o estágio da "crise
do capitalismo" - uma visão fortemente asseverada por Marcuse e nessa época também
partilhada pelo meu querido amigo Lucien Goldman - insisti no facto de que, em comparação
com a crise em que estamos realmente a entrar, "a Grande Crise Económica Mundial de 1929-
1933" se parecer com "uma festa no salão de chá do vigário".
Nas últimas semanas vocês tiveram uma antevisão do que eu tinha em mente. Mas apenas
uma antevisão, porque a crise estrutural do sistema do capital como um todo, a qual estamos a
experimentar na nossa época numa escala de era, está destinada a ficar consideravelmente
pior. Ela tornar-se-á na devida altura muito mais profunda, no sentido de invadir não apenas o
mundo das finanças globais mais ou menos parasitárias como todos os domínios da nossa vida
social, económica e cultural.
A questão óbvia que devemos agora tratar refere-se à natureza da crise global em
desdobramento e as condições necessárias para a sua solução factível.

A confiança e a falta dela


Se tentarem recordar o que foi infindavelmente repetido nas últimas duas semanas acerca da
crise actual, há uma palavra que se destaca, ensombrando todos os demais diagnósticos
apregoados e os remédios correspondentes. Essa palavra é confiança. Se ganhássemos uma
nota de dez libras por cada vez que esta palavra mágica foi oferecida para consumo público
nas últimas duas semanas em todo o mundo, sem mencionar a sua continuada reafirmação
desde então, estaríamos todos milionários. O nosso único problema seria então o que fazer
com os nossos milhões subitamente adquiridos. Pois nenhum dos nossos bancos, nem mesmo
os nossos bancos nacionalizados recentemente - nacionalizados ao custo considerável de não
menos do que dois terços dos seus activos de capital - poderia fornecer a lendária "confiança"
necessária ao depósito ou ao investimento seguro.

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Até o nosso primeiro- ministro, Gordon Brown, nos apresentou na semana passada a frase
memorável "Confiança é a coisa mais preciosa". Conheço a cantiga - e provavelmente a
maioria de nós também a conhece - que nos diz que: "O amor é a coisa mais preciosa". Mas a
confiança no sistema bancário capitalista ser a coisa mais preciosa?! Tal sugestão é
absolutamente perversa!
No entanto, a advocacia deste remédio mágico parece agora ser universal. A palavra é
repetida com tamanha convicção como se a "confiança" pudesse simplesmente chover do céu
ou crescer em grande abundância em árvores financeiras "capitalistamente" bem adubadas.
Há três dias atrás (a 18 de Outubro) o programa da BBC das manhãs de domingo - o
programa Andrew Marr - entrevistou um eminente cavalheiro idoso, Sir Brian Pitman, o qual
foi apresentado como o antigo Chefe do negócio bancário do Lloyd's. Eles não disseram
quando ele liderou aquela organização, mas o modo como falou logo o tornou claro. Pois
transpirou através das suas respostas respeitosamente recebidas que ele deve ter sido o Chefe
do Lloyd's Bank bem antes da Crise Económica Mundial de 1929-33. Consequentemente,
para encorajar os telespectadores, ele apresentou uma grande inovação conceptual no discurso
da confiança ao dizer que as nossas perturbações eram todas elas devidas a alguma "Super-
confiança". E imediatamente demonstrou também o significado de "Super-confiança", ao
afirmar, mais de uma vez naquela curta entrevista, que não pode haver problemas sérios hoje,
porque o mercado sempre toma conta de tudo, mesmo que por vezes ele vá inesperadamente
muito abaixo. Posteriormente ele sempre sobe outra vez. De modo que ele também fará isso
desta vez, e subirá infalivelmente repetidas vezes no futuro. A crise actual não deveria ser
exagerada, disse ele, porque é muito menos séria hoje do que a que experimentámos em 1974.
Pois em 1974 tivemos uma semana de três dias de trabalho na Grã-Bretanha [ainda que em
nenhum outro lugar] e agora não temos isso. Temos? E quem poderia argumentar contra
aquele facto irrefutável?
A tríade pseudo-hegeliana
Assim, temos agora a palavra mágica explicativa para todas as nossas perturbações não a
apresentar-se como um órfão infeliz, solitário, mas como parte de algo como uma tríade
"fukuyamizada" pseudo- hegelina: confiança - falta de confiança e super-confiança. O único
constituinte que falta neste discurso mágico explicativo é agora o fundamento real do nosso
perigoso sistema de banca e seguros que opera no terreno dos truques de confiança em
proveito próprio que mais cedo ou mais tarde estão destinados a serem (e de tempos em
tempos realmente têm sido) descobertos.

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De qualquer forma, toda esta conversa acerca das virtudes absolutas da confiança na
administração económica capitalista assemelha-se muito à explicação oferecida pela mitologia
indiana acerca da base de suporte do universo. Pois naquela antiga visão do mundo dizia-se
que o universo era carregado, muito reconfortantemente, sobre as costas de elefantes. E os
poderosos elefantes?, você poderia perguntar. Ninguém pensaria que isso fosse uma
dificuldade. Pois os elefantes são, ainda mais reconfortantemente, suportados nas costas da
tartaruga cósmica. Mas, e quanto à própria tartaruga cósmica? Não é suposto que pergunte tal
questão, para que não sirva de alimento aos tigres de Bengala, antes de eles serem extintos.
Felizmente, talvez (?), The Economist é um bocadinho mais realista na sua avaliação da
situação.
No contexto deste nosso assunto penoso, a agora reconhecida pioria da crise económica, vou
apresentar- lhes citações exactas, incluindo alguns números malditos de fracassos capitalistas
que já não são negáveis, retirados principalmente de publicações bem estabelecidas e com
uma consciência de classe desavergonhadamente burguesa como The Economist e The Sunday
Times. Vamos citá- las meticulosamente, palavra por palavra, não só porque elas são
eminentes no seu campo como também a fim de evitar que nos acusem de "viés e distorção de
esquerda".
Marx costumava dizer que nas páginas de The Economist a classe dominante estava a
"conversar consigo própria". As coisas mudaram um pouco desde aquele tempo. Pois agora
até mesmo no campo especializado da "perícia económica" a classe dominante precisa de um
órgão de propaganda de circulação em massa, com o objectivo da mistificação geral. No
tempo em que Marx viveu a classe dominante estava cheia de "confiança", e também de um
grande bocado de "super-confiança" incontestada, para necessitar disso. Assim, sob as menos
arrogantes circunstâncias actuais, o semanário de distribuição em massa com sede em
Londres, The Economist, - o farisaico porta-voz do anual "Davos Jamboree" dominado pelos
EUA - é cauteloso ao conceder que a crise que estamos a enfrentar hoje refere-se às
dificuldades de "Salvar o sistema", conforme a sua capa do número de 11 de Outubro de
2008.
Podemos admitir, naturalmente, que nada menos do que "salvar o sistema" (ou não) é o que
está em causa no nosso tempo, mesmo que a discussão de The Economist deste problema seja
um tanto estranha e contraditória. Pois no seu modo habitual de tentar apresentar a sua
posição altamente partidária como uma visão objectivamente "equilibrada", utilizando a
fórmula do "por um lado isto e por outro lado aquilo", o The Economist sempre consegue
atingir a sua desejada conclusão em favor da ordem estabelecida. Assim, também nesta

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ocasião, The Economist assevera no seu artigo principal de 11 de Outubro que "Esta semana
assistiu-se ao primeiro vislumbre de uma resposta global abrangente para o fosso da confiança
". Agora, felizmente, espera-se que o "fosso da confiança", embora reprovável em si próprio,
se remedeie graças a uma algo misteriosa "resposta global abrangente".
Ao mesmo tempo, no lado mais realista, o semanário londrino também reconhece no mesmo
editorial que
"O dano para a economia real está a tornar-se aparente. Na América o crédito ao consumidor
está agora a contrair-se, e cerca de 150 mil americanos perderam os seus empregos em
Setembro, o máximo desde 2003. Algumas indústrias estão seriamente prejudicadas: as
vendas de carros estão no seu mais baixo nível em 16 anos pois os aspirantes a compradores
são incapazes de obter crédito. A General Motors fechou temporariamente algumas das suas
fábricas na Europa. Por todo o globo indicadores prospectivos, como inquéritos de compras
junto a administradores, estão horrivelmente sombrios".
Eles não dizem, contudo, que "o fosso da confiança" pode ter algo a ver com tais factos.
Naturalmente, a defesa do sistema deve prevalecer em cada artigo, mesmo se esta tiver de ser
apresentada com a expressão inquestionável de visão pragmática. Neste sentido, "salvar o
sistema" para The Economist equivale à identificação totalmente acrítica da revista com a
operação de resgate económico ilimitado, e a advocacia incontestável dos mesmo, - a ser
cumprida sem quaisquer meios que se afastem dos habitualmente mais dogmaticamente
glorificados "recursos do mercado" - em favor do perturbado sistema capitalista. Assim,
mesmo os mais queridos e bem testados dogmas da propaganda (de um não só não existente
livre mercado, que na realidade nunca existiu) podem agora ser atirados borda fora pela nobre
causa de "Salvar o sistema". Consequentemente, conta-nos The Economist que
"A economia mundial está claramente com um aspecto fraco, mas ela poderia ficar um
bocado pior. Este é o momento de colocar dogma e política de lado e concentrar em respostas
pragmáticas. Isto significa mais intervenção governamental e cooperação no curto prazo,
mais do que os contribuintes, políticos ou na verdade os jornais do mercado livre
normalmente gostariam". [1]
Nós fomos presenteados anteriormente com sermões semelhantes do presidente George W.
Bush. Ele disse na sua intervenção na televisão há duas semanas que normalmente e
instintivamente ele é crente e apoiante apaixonado do mercado livre, mas sob as actuais
circunstâncias excepcionais ele deve pensar em outros caminhos. Ele deve começar a pensar
sob estas difíceis circunstâncias, ponto final. Você não pode dizer que não foi advertido.

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As somas envolvidas na recomendada solução "pragmática", as quais advogam varrer para o
lado as "preferências normais" dos "contribuintes e jornais do mercado livre " (isto é, da
solução agora defendida a qual significa, na verdade, a necessária submissão das grandes
massas do povo a fardos fiscais crescentes, mais cedo ou mais tarde) são literalmente
astronómicas. Para citar The Economist mais uma vez: "em pouco mais de três semanas o
governo da América, como foi dito, expandiu seu passivo bruto em mais de US$1 milhão de
milhões - quase o dobro do custo da guerra do Iraque até agora " [2] "Bancos americanos e
europeus perderão cerca de US$10 milhões de milhões". [3] "Mas a história ensina uma lição
importante: que as grandes crises bancárias são essencialmente resolvidas pelo lançamento de
grandes blocos de dinheiro público" [4]
.
Dezenas de milhões de milhões de dinheiro público "dado", e justificado em nome da alegada
"importante lição da história", e naturalmente ao serviço da incontestável boa causa de salvar
o sistema, isto é certamente um bloco muito grande. Nenhum vendedor ambulante de gelados
poderia alguma vez sonhar com tais blocos. E se acrescentarmos àquela grandeza o facto
citado na mesma página da revista de Londres, que só no decorrer do ano passado "o índice de
preços dos alimentos de The Economist saltou aproximadamente 55%" [5] e "A alta dos
preços dos alimentos no fim de 2007 e princípio de 2008 provocou tumultos em uns 30
países" [6] , nesse caso o bloco em causa torna-se ainda mais revelador quanto à natureza do
sistema que agora se encontra, ele próprio, numa crise sempre a aprofundar-se.
Pode alguém pensar numa maior acusação para um sistema de produção económica e
reprodução social pretensamente inultrapassável do que esta de que - no máximo do seu poder
produtivo - está a produzir uma crise alimentar global, e o sofrimento dos incontáveis
milhões inseparáveis disto por todo o mundo? Esta é a natureza do sistema que se espera
salvar agora a todo custo, incluindo a actual "repartição" do seu custo astronómico.
Como pode alguém ter algum senso tangível de todos os milhões de milhões desperdiçados?
Uma vez que estamos a falar acerca de grandezas astronómicas, pus esta pergunta a um
amigo que é professor de Astrofísica na Universidade de Londres. A sua resposta foi que eu
deveria assinalar que um milhão de milhões (trillion) apenas é aproximadamente uma centena
de vezes a idade do nosso universo. Agora, na escala da mesma grandeza, o número oficial
habitualmente subestimado da dívida americana, por si própria, monta nos nossos dias a mais
de 10 milhões de milhões. Isto é, um milhar de vezes a idade do nosso universo.
Mas deixem- me citar-vos um curto trecho de uma publicação japonesa. Lê-se isto:

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"Quanto dinheiro especulativo está a movimentar-se pelo mundo? Segundo uma análise da
Mitsubishi UFJ Securities, a dimensão da "economia real" global, na qual bens e serviços são
produzidos e comercializados, é estimada em US$48,1 milhões de milhões... Por outro lado, a
dimensão da 'economia financeira' global, o montante total de acções, títulos e depósitos,
eleva-se a US$151,8 milhões de milhões. Portanto, a economia financeira inchou mais de três
vezes relativamente à dimensão da economia real, crescendo rapidamente durante as últimas
duas décadas. O fosso é tão grande quanto US$100 milhões de milhões. Um analista
envolvido nesta estimativa disse que cerca da metade deste montante, US$50 milhões de
milhões, mal é necessário para a economia real. Cinquenta milhões de milhões de dólares
valem bem mais de 5000 milhões de milhões de yen, um número demasiado grande para eu
realmente compreender." [7]
Na verdade é mesmo muito difícil compreender, quanto mais justificar, como fazem os nossos
políticos e banqueiros apologistas do capital, as somas astronómicas de especulação
parasitária acumulada numa grandeza correspondente a 500 mil vezes a idade do nosso
universo. Se quiser uma outra medida sobre a grandeza em causa, imagine apenas um infeliz
contabilista dos tempos romanos, a quem fosse pedido nada mais do que simplesmente
escrever no seu quadro negro o número de 5000 milhões de milhões de yen em algarismos
romanos. Ele cairia em desespero total. Simplesmente não poderia fazer isso. E mesmo que
tivesse à sua disposição algarismos arábicos, os quais não poderia ter tido, mesmo neste caso
precisaria 17 zeros após o número 5 a fim de registar a cifra em causa.
O perturbante, contudo, é que os nossos políticos e banqueiros endinheirados parecem pensar
apenas nos zeros, e não nas suas ligações substantivas, quando apresentam estes problemas
para consumo público. E esta abordagem provavelmente não pode funcionar indefinidamente.
Pois é preciso muito mais do que zeros para escapar do buraco sem fundo do endividamento
global a que estamos condenados pelo sistema que eles agora querem salvar a todo custo.
Na realidade, a recente popularidade de Gordon Brown tem uma grande relação com zeros em
mais de uma forma. A sua espantosa nova popularidade - que, bem pensado, pode acabar por
ser um tanto efémera - foi demonstrada na semana passada pela manchete de primeira página:
"From Zero to Hero" ("De zero a herói"). O artigo em questão sugeria que o nosso primeiro-
ministro realmente teve êxito em "salvar o sistema". Aqui está como ele ganhou a grande
aclamação.
Nacionalização da bancarrota capitalista
A razão porque ele foi louvado desse modo, como um herói, foi ter inventado uma nova
variedade de nacionalização da bancarrota capitalista, a ser adoptada com imperturbável

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"consciência de mercado livre" também por outros países. Aquilo fez até mesmo com que
George W. Bush se sentisse menos culpado por actuar contra o seu auto-proclamado "instinto
apaixonado" quando nacionalizou um enorme "bloco" da bancarrota capitalista estado-
unidenses do qual um único ítem - os passivos das companhias hipotecárias gigantes Fannie
Mae e Freddie Mac - montavam a 5,4 milhões de milhões de dólares (o que quer dizer, a soma
necessária para 54 anos de execução da guerra do Iraque).
A "novidade pragmática" - oposta "ao dogma e à política" nas palavras de The Economist - da
recente nacionalização da bancarrota capitalista pelo "New Labour" é que os contribuintes
obtiveram absolutamente nada (por outras palavras, zero- zero- zero quantas vezes queira
escrever, mesmo dezassete vezes) pelas imensas somas de dinheiro investido em activos
capitalistas fracassados, incluindo nossos bancos britânicos nacionalizados a dois terços. Esta
espécie de nacionalização da bancarrota capitalista é algo diferente das versões anteriores,
instituídas após a Segunda Guerra Mundial quando a "Cláusula 4" do Partido Trabalhista - a
advogar o controle público dos meios de produção - ainda fazia parte da sua Constituição.
Pois em 1945 os nacionalizados sectores em bancarrota da economia capitalista fora m
transferidos para o controle do Estado, e enquanto durou foram generosamente engordados
outra vez a partir da tributação geral com o objectivo da adequada "privatização" no devido
momento.
Mesmo a nacionalização da Rolls Royce Company em 1971, sob o primeiro- ministro
conservador Edward Heath, seguiu o mesmo padrão embaraçoso de nacionalização
abertamente admitida e controlada pelo Estado. Nos nossos dias, contudo, a beleza da solução
de Gordon Brown é que remove o embaraço enquanto multiplica muitas vezes os milhares de
milhões desperdiçados ao investir na bancarrota capitalista. Certamente ele merece
plenamente a sua promoção de "De zero a herói" bem como o máximo louvor de "Salvador do
mundo" que lhe foi conferida por alguns outros jornais, devido à sua grande modéstia de ficar
satisfeito com o zero absoluto em troca dos nossos - não dos seus - milhares de milhões
generosamente dispensados. Mas poderá esta espécie de remédio governamental ser
considerada uma solução perdurável para os nossos problemas mesmo em termos de curto
prazo, para não mencionar a sua necessária sustentabilidade a longo prazo? Só os loucos
poderiam acreditar nisso.
Na verdade, a recentes medidas adoptadas pelas nossas autoridades políticas e financeiras
apenas atenderam a um único aspecto da crise actual: a liquidez dos bancos, das companhias
de hipotecas e de seguros. E mesmo isso só numa extensão muito limitada. Na realidade as
enormes "dádivas de blocos" não representam senão o pagamento dos depósitos, por assim

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dizer. Muito mais será necessário também quanto a isto no futuro, como as perturbações ainda
em desdobramento no mundo dos mercados de acções continuam a enfatizar.
Contudo, bem além do problema da liquidez , uma outra dimensão apenas da crise financeira
refere-se à quase catastrófica insolvência dos bancos e das companhias de seguros. Este facto
torna-se claro quando os seus passivos assumidos especulativamente e irresponsavelmente,
mas nem por isso menos existentes, são realmente levados em conta. Para dar apenas um
exemplo: dois dos nossos grandes bancos na Grã-Bretanha têm passivos que montam a
US$2,4 milhões de milhões cada um, adquiridos sob a suposição aventureira de que eles
nunca terão de ser cumpridos. Pode o estado capitalista salvá- los com êxito com passivo dessa
dimensão? Onde poderia o estado pedir dinheiro emprestado com essa grandeza para a
operação de resgate necessária para tal finalidade? E o que seriam as necessárias
consequências inflacionárias de "repartir tais blocos" da operação de resgate verdadeiramente
gigantesca ao simplesmente imprimir o dinheiro requerido na ausência de outras soluções?
Além disso, os problemas não se esgotam de modo algum no perigoso estado do sector
financeiro. Pois de modo ainda mais intratável, também os sectores produtivos da indústria
capitalista estão com sérios problemas, pouco importando quão altamente desenvolvida e
favorecida eles possam parecer estar através da sua posição de vantagem competitiva na
hierarquia global do capital transnacional. Devido ao nosso tempo limitado, devo limitar- me a
um exemplo, mas muito significativo. Refere-se à indústria automóvel dos Estados Unidos,
grandemente humilhada nos últimos anos, apesar de todos os subsídios recebidos do mais
poderoso estado capitalista no passado, que se contam e m muitos milhares de milhões de
dólares.
Deixem- me citar de um artigo publicado sobre a Ford Corporation e suas fantasias
globalizantes em 1994, publicado no The Sunday Times. Foi assim que os nossos distintos
jornalistas financeiros pintaram naqueles tempos a sua rósea pintura:
"A globalização plena está a ser tentada pelas multinacionais ... 'Isto é definitivamente o bébé
de Trotman, disse uma fonte americana. 'Ele tem uma visão do futuro, a qual diz que, para ser
um vencedor global, a Ford deve ser uma corporação verdadeiramente global". Segundo
Trotman, que disse a The Sunday Times em Outubro de 1993, "Como a competição
automotiva se torna mais global ao entrarmos no próximo século, a pressão para descobrir
economias de escala tornar-se-á cada vez maior. Se, ao invés de fazer dois motores de 500
mil unidades cada um, pudermos fazer um milhão de unidades, então os custos são muito
mais baixos. Em última análise haverá um punhado de actores globais e o resto não estará ali
ou estarão a lutar para sobreviver'. Trotman e seus colegas concluíram que a plena

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globalização é o caminho para bater competidores como os japoneses e, na Europa, o arqui-
rival da Ford, a General Motors, a qual mantém uma vantagem de custo sobre a Ford. A Ford
também acredita que precisa da globalização para capitalizar em mercados emergentes no
Extremo Oriente e na América Latina". [8]
Portanto, a "única" coisa que Alex Trotman - o britânico que era presidente da Ford
Corporation naquele tempo - se esqueceu de considerar, apesar da sua impecável qualificação
aritmética de saber a diferença entre 500 mil e 1 milhão, foi isto: o que acontece quando não
podem vender o 1 milhão (e muitas vezes mais) motores de carros, apesar da estrategicamente
contemplada e desfrutada vantagem de custo. No caso da Ford Corporation, mesmo a maciça
taxa de exploração diferencial que a companhia podia impor à escala mundial como enorme
companhia transnacional - isto é, pagar por exactamente o mesmo trabalho 25 vezes menos
aos trabalhadores da "Ford Philippines Corporation", por exemplo, do que à sua força de
trabalho nos Estados Unidos da América - mesmo esta vantagem inquestionável não podia ser
considerada suficiente para assegurar uma saída desta contradição fundamental.
É aqui que estamos hoje, não só no caso da gravemente humilhada Ford Corporation como
também no da General Motors, independentemente da sua vantagem de custo outrora
profundamente invejada até pela Ford Corporation dos Estados Unidos.
Ao falar acerca de um acordo recentemente estabelecido que proporciona subsídios do estado
americano às companhias gigantes de automóveis do país, eis como a infeliz situação actual
da indústria automobilística estado-unidense é descrita num dos últimos números de The
Economist: "o acordo significa que as companhias de automóveis - abençoadas com a
garantia do governo - deveriam obter empréstimos com uma taxa de juro de cerca de 5% ao
invés dos 15% que enfrentariam no mercado aberto nas condições de hoje". [9]
Contudo, nenhum montante de subsídio de qualquer espécie pode ser considerado
suficientemente satisfatório, porque as "Três grandes" - General Motors, Ford e Chrysler -
estão à beira da bancarrota, apesar do facto do bébé de sonho de Trotsman ser agora um
adolescente plenamente desenvolvido. Portanto The Economist deve admitir que
"A partir do momento em que subsídios industriais como este começam a fluir, é difícil pará-
los. Um estudo recente do Cato Institute, um think-tank de extrema direita, descobriu que o
governo federal gastou cerca de US$92 mil milhões a subsidiar negócios só em 2006. Deste
total, apenas US$21 mil milhões foram para agricultores, grande parte do resto foi para
empresas como a Boeing, a IBM e a General Electric na forma de apoio de crédito à
exportação e vários subsídios de investigação.
Os Três grandes já se queixam de que levará demasiado tempo repartir o dinheiro [do estado],

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e querem acelerar o processo. Também querem outros US$25 mil milhões, possivelmente
ligados à segunda versão da lei de resgate da Wall Street. A lógica do salvamento da Wall
Street é que as finanças servem de base para tudo. Detroit não pode começar a fazer tal
reivindicação. Mas, se o seu lobbying tiver êxito, será que demorará muito para que
companhias de aviação aflitas e retalhistas fracassados se juntem à fila?" [10]
A imensa expansão especulativa do aventureirismo financeiro, especialmente nas últimas três
ou quatro décadas, é naturalmente inseparável do aprofundamento da crise dos ramos
produtivos da indústria e as resultantes perturbações que se levantam com a absolutamente
letárgica acumulação de capital (e na verdade acumulação fracassada) naquele campo
produtivo da atividade econômica. Agora, inevitavelmente, também no domínio da produção
industrial a crise está a ficar muito pior.
Naturalmente, a consequência necessária da crise sempre em aprofundamento nos ramos
produtivos da "economia real", como eles agora começam a chamá- la e a contrastar a
economia produtiva com o aventureirismo especulativo financeiro, é o crescimento do
desemprego por toda a parte numa escala assustadora, e a miséria humana a ele associada.
Esperar uma solução feliz para estes problemas vinda das operações de resgate do estado
capitalista seria uma grande ilusão.
Este é o contexto em que os nossos políticos deveriam realmente começar a prestar atenção à
afirmada "importante lição da história", ao invés de "distribuir grandes blocos de dinheiro
público" sob a pretensa "lição da história". Pois como resultado do desenvolvimento histórico
sob a regra do capital na sua crise estrutural, na nossa própria época atingimos o ponto em que
devemos ser sujeitos ao impacto destrutivo de uma sempre a piorar simbiose entre a estrutura
legislativa do estado da nossa sociedade e o material produtivo bem como da dimensão
financeira da ordem reprodutiva societária estabelecida.
Compreensivelmente, aquele relacionamento simbiótico pode ser, e frequentemente também
acontece ser, administrado com práticas absolutamente corruptas pelas personificações
privilegiadas do capital, tanto nos negócios como na política. Pois, não importa quão
corruptas possam ser tais práticas, elas estão plenamente em sintonia com os contra-valores
institucionalizados da ordem estabelecida. E - dentro da estrutura da simbiose prevalecente
entre o campo econômico e as práticas políticas dominantes - eles são legalmente bastante
permissíveis, graças ao mais dúbio e muitas vezes mesmo claramente anti-democrático papel
facilitador da selva legislativa impenetrável proporcionada pelo estado também no domínio
financeiro.

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A fraudulência, numa grande variedade das suas formas práticas, é a normalidade do capital.
As suas manifestações extremamente destrutivas não estão de modo algum confinadas à
operação do complexo militar- industrial. Nesta altura o papel directo do estado capitalista no
mundo parasitário das finanças é não só fundamentalmente importante, em vista da sua
grandeza que tudo permeia, como tivemos de descobrir com chocante clareza durante as
últimas semanas, mas também potencialmente catastrófico.
O facto embaraçoso é que companhias hipotecárias gigantes dos EUA, como a Fannie Mae e
o Freddie Mac, foram corruptamente apoiadas e generosamente abastecidas com garantias
altamente lucrativas mas totalmente imerecidas pela selva legislativa do Estado americano em
primeiro lugar, bem como através de serviços pessoais de corrupção política não punida. Na
verdade, a cada vez mais densa selva legislativa do estado capitalista passa por ser o
legitimador "democrático" da fraudulência institucionalizada nas nossas sociedades. Os
editores e jornalistas de The Economist estão de facto perfeitamente familiarizados com as
práticas corruptas pelas quais, no caso das companhias hipotecárias gigantes americanas,
receberam do seu estado tratamento descaradamente preferencial [aqui cito The Economist ]
"permitiu à Fannie e ao Freddie operarem com minúsculos montantes de capital. Os dois
grupos tinham núcleos de capital (como definido pelo seu regulador) de US$83,2 mil milhões
no fim de 2007, isto suportava US$5,2 milhões de milhões de dívidas e garantias, um rácio de
alavancagem de 65 para um. [!!!] Segundo a CreditSights, um grupo de investigação, a
Fannie e o Freddie foram contrapartes em valores de US$2,3 milhões de milhões de
transacções com derivativos, relacionadas com as suas actividades de hedging. Nunca seria
permitido a um banco privado ter um balanço tão altamente alavancado, [11] nem isto o
qualificaria para a máxima classificação de crédito AAA. ... Eles utilizaram o seu
financiamento barato na compra de activos de rendimento mais alto." [12]
[Além disso,] Com tanto em jogo, não é de admirar que as companhias tenham construído
uma formidável máquina de lobbying. Foram dados empregos a ex-políticos. Os críticos
podiam esperar uma cavalgada robusta. As companhias não temiam morder as mãos que as
alimentavam". [13]
Não temer "morder as mãos que as alimentavam" refere-se, naturalmente, ao corpo legislativo
do estado americano. Mas por que deveriam elas ter medo? Pois companhias tão gigantescas
constituem uma simbiose total com o estado capitalista. Isto é um relacionamento que
corruptamente se reafirma também em termos do pessoal envolvido, através do acto de
contratar políticos que poderiam servi- los preferencialmente, com um impressionante "rácio

13
de alavancagem de 65 para um" e a associada classificação de crédito AAA, mesmo de acordo
com a relutante confissão de The Economist.
A gravidade da presente situação é sublinhada de um modo característico pela circunstância
relatada nestas palavras por The Economist: " traders no mercado de credit-default swaps
recentemente começaram a fazer apostas sobre o impensável: que a América pode incumprir
a sua dívida " [14] . Naturalmente, os referidos traders reagem mesmo a eventos de tal
carácter e gravidade como os que experimentamos hoje da única maneira possível: a espremer
lucro disto.
O incumprimento dos EUA não é impensável
O grande problema para o sistema capitalista global é, contudo, que o incumprimento da
América não é de todo impensável. Pelo contrário, ele é - e tem sido desde há muito - uma
certeza que se aproxima. Foi por isso que escrevi há muitos anos (em 1995, para ser preciso
que:
"Num mundo de insegurança financeira nada se adequa melhor à prática de jogar com somas
astronómicas e criminosamente não seguradas nas bolsas de valores do mundo - prenunciando
um tremor de terra de magnitude 9 ou 10 na "Escala de Richter" Financeira - do que chamar
as empresas que se dedicam a tais jogos " Securities Management"; ... Quando exactamente e
de que forma - pode haver muitas variedades, mais ou menos brutais - os EUA incumprirão a
sua dívida astronómica não se pode ver neste momento. Só pode haver duas certezas a este
respeito. A primeira é que a inevitabilidade do incumprimento americano afectará
profundamente toda a gente neste planeta. E a segunda, que a posição de potência hegemónica
preponderante dos EUA continuará a ser afirmada de todas as formas, de modo a fazer o resto
do mundo pagar pela dívida americana por tanto tempo qua nto seja capaz de fazê- lo". [15]
Naturalmente, a condição agravada de hoje é que o resto do mundo - mesmo com a
historicamente muito irónica maciça contribuição chinesa para a balança do Tesouro
americano - é cada vez menos capaz de preencher o "buraco negro" produzido numa escala
sempre crescente pelo insaciável apetite da América por financiamento da dívida, como
demonstrado pelas repercussões globais da recente crise hipotecária e bancária dos EUA. Esta
circunstância traz o necessário incumprimento da América, numa das "variedades mais ou
menos brutais", para muito mais perto.
A verdade desta matéria perturbante é que pode não haver caminho de saída para estas
contradições finalmente suicidas, as quais são inseparáveis do imperativo da infindável
expansão do capital, independentemente das consequências - arbitrária e mistificadoramente
confundido com crescimento como tal - sem mudar radicalmente o nosso modo de reprodução

14
social metabólico através da adopção de práticas responsáveis e racionais muito necessárias
da única economia viável, [16] orientada pela necessidade humana, ao invés do alienante,
desumanizante e degradante lucro.
É aqui que o obstáculo esmagador das interdeterminações em causa própria do capital devem
ser confrontadas, não importa quão difícil isto deva ser sob as condições prevalecentes. Pois a
absolutamente necessária adopção e o apropriado desenvolvimento futuro da única economia
viável é inconcebível sem a transformação radical da própria ordem socioeconómica e política
estabelecida.
Gordon Brown recentemente exprimiu o seu desgosto acerca do "capitalismo sem peias", em
nome da totalmente não especificada "regulação". Você pode recordar que Gorbachev,
também, queria uma espécie de capitalismo regulado, sob o nome de "socialismo de
mercado", e também deve saber o que lhe aconteceu e à sua grotesca fantasia. Por outro lado,
na expressão do primeiro-ministro conservador britânico Edward Heath, há muito tempo
atrás, o mesmo pecado do "capitalismo sem restrições" era "a face inaceitável do
capitalismo". E apesar disso, o "capitalismo sem peias", apesar da sua "face inaceitável",
permaneceu todas estas décadas não só "aceitável" como - no decorrer do seu novo
desenvolvimento - tornou-se muito pior. Pois o fundamento causal dos nossos problemas cada
vez mais sérios não é a "face inaceitável do capitalismo não regulamentado" mas a sua
substância destrutiva. É aquela substância opressora que deve resistir e anular todos os
esforços destinados a restringir o sistema do capital mesmo minimamente - como, na verdade,
realmente se verificou ao efectuar isso também na forma de metamorfose, na Grã-Bretanha,
do [partido] social-democrata "Old Labour" no neoliberal "New Labour". Consequentemente,
a fantasia periodicamente renovada de regular o capitalismo de um modo estruturalmente
significativo só pode resultar numa tentativa de dar nós nos ventos.
Mas a última coisa de que hoje precisamos é de continuar a dar nós nos ventos, quando temos
de enfrentar a gravidade da crise estrutural do capital, a qual exige a instituição de uma
mudança sistémica radical. É revelador do carácter incorrigível do sistema do capital que
mesmo num momento como este, quando a imensa grandeza da crise em desdobramento já
não pode mais ser negada pelos mais devotos apologistas ex officio do sistema - uma crise
descrita há poucos dias por nada menos que o vice-governador do Banco da Inglaterra como a
maior crise económica em toda a história humana - e nada pode ser contemplado, para não
dizer realmente feito, a fim de mudar os defeitos fundamentais de uma ordem reprodutiva
societária cada vez mais destrutiva por parte daqueles que controlam as alavancas económicas
e políticas da nossa sociedade.

15
Em contraste com a recente iluminação do seu próprio vice, o governador do Banco da
Inglaterra, Mervyn King, não tinha quaisquer reservas acerca da saúde do acarinhado sistema
capitalista, nem teve ele a mínima antecipação de uma crise a chegar quando louvou aos céus
o livro de Martin Wolf, apologético do capital, com o seu auto-complacente e
peremptoriamente assertivo título: Porque a globalização funciona. Ele considerou aquele
livro "uma devastadora crítica intelectual dos oponentes da globalização" e uma "civilizada,
sábia e optimista visão do nosso futuro económico e político". [17] Agora, contudo, todos são
forçados a terem pelo menos alguma preocupação acerca da verdadeira natureza e das
necessárias consequências destrutivas da dogmaticamente saudada globalização capitalista.
Naturalmente, a minha própria atitude para com o livro de Wolf foi muito diferente daquela
de Mervyn King e outros que partilhavam os mesmos interesses. Comentei na altura da sua
publicação que
"o autor, que é o Comentador Chefe de Ciência Económica do Financial Times de Londres,
esquece-se de colocar a questão realmente importante: Para quem ele funciona?, se é que
funciona. Ele certamente funciona, por enquanto, e de forma alguma tão bem, para os
decisores do capital transnacional, mas não para a esmagadora maioria da espécie humana que
deve sofrer as consequências. E nenhuma quantidade da "integração jurisdicional" advogada
pelo autor - isto é, em bom inglês, o controle directo mais apertado dos "demasiados estados"
deplorados por um punhado de potências imperialistas, especialmente a maior delas - vai
conseguir remediar a situação. A globalização capitalista na realidade não funciona e não
pode funcionar. Pois ela não pode ultrapassar as contradições irreconciliá veis e os
antagonismos manifestos da crise global estrutural do sistema. A própria globalização
capitalista é a manifestação contraditória daquela crise, tentando subverter o relacionamento
causa/efeito numa vã tentativa de curar alguns efeitos negativos por outros efeitos desejados
que projecta, porque é estruturalmente incapaz de tratar das suas causas." [18]
Neste sentido, as recentes tentativas de conter os sintomas da crise que se intensificam, pela
cinicamente camuflada nacionalização de grandezas astronómicas da bancarrota capitalista,
através dos recursos do estado ainda a serem inventados, só poderia sublinhar as
determinações causais antagónicas profundamente enraizadas da destrutividade do sistema
capitalista. Pois o que está fundamentalmente em causa hoje não é simplesmente uma crise
financeira maciça mas o potencial de auto-destruição da humanidade neste momento do
desenvolvimento histórico, tanto militarmente como através da destruição em curso da
natureza.

16
Apesar da manipulação concertada de taxas de juro e das recentes cimeiras ocas dos países
capitalistas dominantes, nada foi perduravelmente alcançado com o "lançamento de
gigantescos blocos de dinheiro" no buraco sem fundo do "esmagado" mercado financeiro
global. A "resposta global abrangente para o fosso da confiança", como o desejo projectado
de The Economist e dos seus mestres, pertence ao mundo da (não tão pura) fantasia. Pois um
dos maiores fracassos históricos do capital, como o há muito estabelecido modo de controle
social metabólico, é a contínua predominância dos estados-nação potencialmente mais
agressivos, e a impossibilidade de instituir o estado do sistema do capital como tal na base
dos antagonismos estruturalmente arraigados do sistema do capital.
Imaginar que dentro da estrutura de tais determinações causais antagonistas possa ser
encontrada uma solução harmoniosa permanente para o aprofundamento da crise estrut ural de
um sistema de produção e de trocas mais iníquo - o qual está agora empenhado activamente
em produzir mesmo uma crise alimentar global, por cima de todas as suas outras contradições
gritantes, incluindo a sempre mais difusa destruição da natureza -, sem mesmo tentar remediar
suas miseráveis iniquidades, é a pior espécie de pensamento ilusório, beirando a
irracionalidade total. Pois, auto-contraditoriamente, ele quer reter a ordem existente apesar
das suas necessárias iniquidades explosivas e antagonismos. E a chamada "integração
jurisdicional dos estados em demasia" sob uns poucos auto- indicados, ou um, como advogado
por alguns apologistas do capital, pode apenas sugerir a - igualmente auto-contraditória -
permanência da potencialmente suicida dominação imperialista global.
Eis porque Marx é mais relevante hoje do que alguma vez já o foi. Pois apenas uma mudança
sistémica radical pode proporcionar a esperança historicamente sustentável e a solução para o
futuro.

Notas

[*] Palestra escrita para uma reunião em Conway Hall, Londres, a 21 de Outubro de 2008. Os inter -títulos são da
responsabilidade de resistir.info. Versión en portugues de Resistir (Portugal ), 7/11/08, reproducido por RGE 548/08.
O original encontra-se em www.herramienta.com.ar/ e em http://mrzine.monthlyreview.org/meszaros041108.html. Tradução de
JF.

[1] Todas estas citações foram retiradas do mesmo editorial de The Economist, 11/Outubro/2008, p. 13.

[2] The Economist, 11 October 2008, special section, p. 3.

[3] Ibid.

[4] Ibid., p. 4.

[5] Ibid.

[6] Ibid., p. 6.

17
[7] Shii Kazuo in Japan Press Weekly, Special Issue, October 2008, p. 20.

[8] "Ford prepares for global revolution", by Andrew Lorenz and Jeff Randall. The Sunday Times, 27 March 1994, Section 3, p.
1.

[9] "A bail-out that passed. In the slipstream of Wall'street's woes, the Big Three land a huge subsidy." The Economist, October
4th, 2008, p. 82.

[10] Ibid., p. 83.

[11] A Lehman Brothers, um dos principais private merchant banks, tem um rácio de alavancagem de 30 para 1. Isso é
bastante mau.

[12] "Fannie Mae and Freddie Mac: End of illusions" , The Economist, July 19-25, 2008, p. 84.

[13] "A brief family history: Toxic fudge" , The Economist, July 19-25, 2008, p. 84.

[14] "Fannie Mae and Freddie Mac: End of illusions", The Economist, July 19-25, 2008, p. 85.

[15] "The Present Crisis", quoted from Part IV. of Beyond Capital (published in London in 1995), pp.962-3. (In Spanish in Más
allá del capital, Vadell Hermanos Editores , Caracas, 2001, pp. 1111-12.)

[16] Ver a este respeito: "Qualitative Growth in Utilization: The Only Viable Economy", Secção 9.5 do meu livro, The Challenge
and Burden of Historical Time , Monthly Review Press, New York, 2008, pp. 272-93. (Publicado in Herramienta, Numbers 36 and
37.)

[17] Mervyn King's endorsement, on the back cover of Martin Wolf's book, Why Globalization Works , Yale University Press,
2004.

[18] In "Education - Beyond Capital", Opening Lecture delivered at the Fórum Mundial de Educação, Porto Alegre, July 28,
2004. In Spanish reprinted in La educación más allá del capital , Siglo Veintiuno Editores / Clacso Coediciones, Rio de Janeiro,
2008. Ver também o capítulo: "Why Capitalist Globalization Cannot Work?" no meu livro, The Challenge and Burden of Historical
Time, Monthly Review Press, New York, 2008, pp. 380-398; Spanish edition: El desafío y la carga del tiempo histórico, Vadell
Hermanos Editores / Clacso Coediciónes, Caracas, 2008, pp. 371-389.

18
Situación mundial: Aspectos teóricos de la crisis capitalista
Autor: Reinaldo A. Carcanholo *

La sociedad capitalista vive actualmente una crisis estructural. Esa es una afirmación que
constituye punto de partida para la interpretación de algunos autores actuales que se sitúan en
el amplio campo del pensamiento crítico. En este momento, por otra parte, desarrollase, en
ámbito mundial, una crisis económico- financiera cuyo elemento detonador fueron los créditos
subprime norteamericanos, en el interior de una situación de sobreendeudamiento de las
familias consumidoras norteamericanas.

Hay que tener en cuenta, sin embargo, que la actual crisis económica mundial generada por
los créditos subprime no es, en verdad, la crisis estructural del sistema capitalista. No puede
ser confundida con ella. Constituye simplemente una de sus manifestaciones; la más notoria
en los últimos meses debido al destaque dado a ella por la prensa del mundo entero y, además,
por el hecho de que afecta directamente el conjunto de países del centro del capitalismo, en
particular su sistema financiero y el mercado de capitales.

Al lado de la crisis financiera actual, cuyo seguimiento en los próximos meses no es


previsible, convivimos con otras manifestaciones de la crisis estructural: la del desempleo, la
energética, la ecológica, la de los alimentos y, con esta última, el agravamiento de la miseria
de enormes contingentes de la población mundial.

Esas manifestaciones de la crisis estructural del sistema capitalista, incluyendo las de carácter
directamente económico, no son tan difíciles de ser reconocidas como tales, de ser
identificadas. Basta un mínimo de sentido crítico y podemos llegar a un consenso más o
menos amplio sobre la existencia de ellas. Incluso, en lo que respecta a sus causas más
inmediatas, no es tan difícil encontrar personas, aún con ciertas diferencias de enfoque
científico, que lleguen a un mínimo de acuerdo.

Algo mucho más difícil ocurre con la crisis estruc tural, en particular, con la crisis económica
estructural. Su misma existencia, aunque aceptada por algunos, es ampliamente discutida por
aquellos que se sitúan en una perspectiva teórica o ideológica distinta. Y es eso lo que ocurre
actualmente. No son tantos los que tienen la osadía de sostener su existencia y de
caracterizarla en toda su complejidad. Además de eso, la verdad es que no son muchos

19
aquellos que, desde un punto rigurosamente científico, están en condiciones de antever las
perspectivas futuras de un sistema que padece de una crisis estructural, como es el sistema
capitalista actual.

Desde un punto de vista en que predomine nuestra emoción y nuestra perspectiva ideológica,
nuestra formación y principios humanistas, es fácil hablar de esa crisis y de sus eventuales
consecuencias trágicas; no es difícil pensar en el derrumbe del sistema y de su sustitución por
una nueva sociedad en la que predomine la justicia, la solidaridad, la igualdad y la verdadera
y no formal democracia, en una sola palabra, no es difícil creer que después de la tragedia
advendrá el socialismo.

Sin embargo, una actitud como esa, aunque adecuada para el trabajo político, especialmente el
de divulgación y agitación ideológica, no es lo que más nos interesa aquí, ni es el especial
propósito que deben tener aquellos que quieran mantenerse en el campo científico.

Aquí, queremos una actitud que sin negar la necesaria divulgación de las ideas para amplias
camadas de la población esté basada en una perspectiva realmente rigurosa y en fundamentos
teóricos serios.

Siendo así ¿por qué estamos en condiciones de sostener científicamente que el capitalismo
actual sufre una crisis económica estructural? ¿Cuál es la teoría que está por detrás de nuestra
convicción sobre la existencia de esa crisis? ¿Cuáles son los elementos esenciales de esa
teoría? ¿En que medida hay una cierta homogeneidad entre quienes defienden, en líneas
generales, esa misma teoría? ¿Cuáles son los aspectos sobre los que teóricamente tenemos
algunas divergencias y en cuáles de ellos podemos avanzar en nuestras discusiones para una
mejor comprensión del sistema, de sus contradicciones y de sus perspectivas para el futuro?

De partida hay que decir que no se puede pretender una homogeneidad de pensamiento entre
tantas personas que pueden aportar significativamente para la tarea de explicación de la actual
etapa capitalista, aún cuando se sitúen en el mismo campo teórico. Sin embargo hay una cosa
que es fundamental y es que en cada una de las posiciones que se presente, en cada
manifestación que ocurra, en cada texto que se escriba, en cada posición que se defienda, no
se escamotee, no se niegue la teoría que está por detrás y que sostiene cada una de esas
expresiones. Cuando la perspectiva teórica no esté presente de manera explícita, es tarea
nuestra preguntarnos por ella, identificarla y explicitarla.

20
Con la explicitación de la base teórica que sostiene cada una de nuestras interpretaciones o
conclusiones, auque no se pueda pretender encontrar una identidad, una homogeneidad
teórica, es posible que logremos una aproximación a ella, por lo menos entre los que nos
situemos en la misma tradición científica.

Por nuestra parte, hay algunos aspectos teóricos que nos parecen fundamentales y que deben
ser explicitados. En primer lugar está nuestra convicción de que el sistema capitalista es único
y global. De la misma manera que la economía alemana y la norteamericana son dos de sus
elementos, y en el caso, elementos fundamentales, la realidad económica de Etiopía y del
Haití, también son sus elementos, y elementos indispensables para que se pueda
adecuadamente comprender el sistema como un todo. Las características económicas y
sociales de Etiopía y del Haití, en líneas generales, no son el resultado de un no desarrollo
capitalista o de un subdesarrollo. Al contrario, son consecuencias directas e inevitables del
pleno desarrollo del régimen mundial del capital; esenciales para que la Alemania y los USA
sean lo que son. Desarrollo económico de unos y subdesarrollo de otros son dos caras de l
mismo proceso global.

En ese sentido nos identificamos totalmente con la perspectiva de la teoría de la dependencia,


en su tendencia representada especialmente por los trabajos de Ruy Mauro Marini[1]. ¿Cuáles
son los aspectos centrales de esa teoría? En ella se destaca la cuestión de la transferencia de
riqueza-valor desde los países dependientes, a través de varios mecanismos, siendo uno de
ellos el sistema internacional de precios, es decir, el conocido fenómeno del intercambio
desigual y el deterioro de los términos de ese intercambio. Íntimamente relacionado con eso
se encuentra el concepto de superexplotación, fenómeno característico de la dependencia.

Es importante destacar aquí que la teoría de la dependencia no es solamente relevante para la


comprensión del "subdesarrollo" de los países periféricos, sino que también lo es para la
interpretación del conjunto del sistema capitalista co ntemporáneo y, por lo tanto, de la riqueza
de los estados centrales. La dependencia y el imperialismo son dos caras de la misma moneda;
dos aspectos complementares de una misma teoría.

Para muchos de nosotros, aceptar los aspectos centrales de la teoría de la dependencia es un


punto de poca o ninguna dificultad, pues no parecen existir mayores diferencias o
divergencias en ese aspecto en nuestras perspectivas.

21
Ahora bien, la perspectiva de la dependencia es sólo un aspecto de la teoría que establece la
base de nuestra interpretación sobre el capitalismo, y sobre el capitalismo contemporáneo.
Creemos que el aspecto decisivo de nuestra perspectiva teórica es la adhesión incondicional a
los principios científicos de la teoría dialéctica del valor trabajo. En verdad, la teoría de la
dependencia, entendida adecuadamente, presupone esa visión dialéctica del valor y de la
riqueza económica.

Al contrario de lo que muchos pueden pensar, la teoría del valor, dentro de esa perspectiva, no
es una teoría de los precios, de la determinación de los precios en condiciones de equilibrio.
Posee una mucho más grande significación. La teoría dialéctica del valor, en primer lugar,
considera el trabajo humano como concepto central en el análisis del sistema capitalista; dicho
concepto es determinante en lo que se refiere al origen de la riqueza económica en cualquier
análisis económico, ya sea más coyuntural o estructural. La tecnología o, mejor, el avance
tecnológico, no es un aspecto que deba ser desechado, pero se refiere sobre todo al contenido
material de la riqueza capitalista y menos a su forma social, que es el aspecto decisivo. Así,
para esa teoría, la ganancia solo puede ser el resultado de la explotación del trabajo[2].

Esa perspectiva teórica exige, de partida, la respuesta a dos preguntas fundamentales: ¿quién y
cómo se produce la riqueza? por un lado, y por otro, ¿por quién y cómo es apropiada esa
riqueza producida?. Dichas preguntas, como es obvio, suponen la fundamental distinción
entre los conceptos de producción y apropiación de la riqueza económica producida por el
trabajo y exigen que sean identificados los mecanismos de transferencia desde aquellos q ue
producen hacia los que finalmente se apropian o apropiarán de ella.

En verdad, radicalizar la perspectiva dialéctica sobre el valor económico implica entender que
la riqueza capitalista exige especial atención tanto en su contenido material cuanto en su
forma de social, es decir, presupone considerarla en su doble determinación.

En lo que se refiere al contenido material, sería absolutamente fuera de propósito desconocer


el papel del avance tecnológico en la producción de la riqueza capitalista contemporánea. Sin
duda que el avance tecnológico es el responsable por el crecimiento desmedido de esa riqueza
material pero, al mismo tiempo, también es el responsable por su contrafaz, por la expansión,
profundización y exacerbación de la miseria en muchas partes constitutivas de la estructura
mundial del sistema. Y eso justamente por la desigual distribución espacial del desarrollo
tecnológico.

22
Desde el punto de vista del contenido material, el trabajo, en los espacios donde se presenta el
desarrollo tecnológico, es altamente productivo. Y, por el contrario, en aquellos espacios del
sistema de poco o ningún avance tecnológico, el trabajo, como creador de riqueza material, es
poco efectivo.

Sin embargo, desde el punto de vista de la forma social, la cosa es muy diferente. Si
radicalizamos la perspectiva dialéctica de la teoría del valor y, así, reconocemos que la
riqueza económica es una relación social entre seres humanos, relación esa de dominación,
tendremos forzosamente que sostener que no importa el grado dife renciado de desarrollo
tecnológico de la región en que se encuentre o del sector que se trate, el hecho es que
cualquier trabajo subsumido al sistema capitalista produce, en un determinado tiempo, la
misma cantidad de valor y por tanto de riqueza capitalista. Si ese trabajo está o no subsumido
directamente al capital, poco importa; es suficiente que exista alguna forma o tipo de
subsunción. La única condición para que lo anterior sea correcto es que ese tipo de trabajo sea
necesario para el sistema, aporte al mismo, y no sea totalmente marginal.

Marx es muy claro en cuanto a eso, aún en el capítulo sobre la mercancía, en El Capital:

Por el contrario, los cambios operados en la capacidad productiva no afectan de suyo el


trabajo que el valor representa. Como la capacidad productiva es siempre función de la forma
concreta y útil de trabajo, es lógico que tan pronto como se hace caso omiso de su forma
concreta, útil, no afecte para nada a éste. El mismo trabajo rinde, por tanto, durante el mismo
tiempo, idéntica cantidad de valor, por mucho que cambie su capacidad productiva [3].

Es verdad que podemos encontrar en el mismo libro de Marx lo que parece ser una
contradicción en términos, eso en el capítulo 10 (tomo I), cuando el autor se refiere a la
plusvalía extraordinaria:

El trabajo, cuando su fuerza productiva es excepcional, actúa como trabajo potenciado,


creando en el mismo espacio de tiempo valores mayores que el trabajo social medio de la
misma clase[4].

Sin embargo, en otra oportunidad tuvimos la posibilidad de esclarecer esa aparente


contradicción en términos[5]. Digamos aquí, en resumen, que Marx se siente obligado, en esa
parte de su exposición, a hacer una breve referencia a algo que sólo podrá explicar
adecuadamente en un momento posterior. Nos referimos a la plusvalía extraordinaria, cuya
23
comprensión exige la clara diferenciación entre producción y apropiación de valor,
diferenciación esa que Marx aún no había considerado. Por eso, el autor se vale de una salida
provisoria y, en verdad, inadecuada.

Así, la conclusión dialéctica sobre la cuestión tiene dos caras y es la siguiente. Por una parte,
del punto de vista del contenido material, el trabajo menos productivo, como consecuencia del
nivel tecnológico en que opera, produce en determinado tiempo menos riqueza que el trabajo
que opera con tecnología superior; y eso parece más o menos obvio. Sin embargo, por otra
parte, del punto de vista de la forma social y dentro de los límites necesarios para el sistema,
aquel trabajo "menos productivo" en el mismo tiempo produce, lo que puede parecer un
absurdo, la misma magnitud de riqueza que el trabajo "más productivo". Esa aparente
contradicción en términos se explica justamente porque estamos tratando de dos puntos de
vista distintos: produce menos riqueza dsde el punto de vista del contenido material (valores
de uso), pero por otra parte, produce la misma magnitud de riqueza desde el punto de vista de
la forma social (valor).

Destaquemos un aspecto esencial: en el capitalismo actual, ampliamente desarrollado, el polo


dominante es la forma social. Así, cuando consideramos la tasa de ganancia o, en particular, la
tendencia a la baja de la tasa de ganancia, por ejemplo, lo que interesa del punto de vista de la
teoría dialéctica del valor es el punto de vista de la forma y no el del contenido material, pues
este último trata exclusivamente de la dimensión de valores de uso de la riqueza.

En relación con la tecnología, es importante decir que aunque ella no tenga significación
directa desde el punto de vista de la forma social sobre la magnitud de la riqueza producida,
llega a determinar la magnitud de la plusvalía por intermedio de la plusvalía relativa y,
además, tiene significativa importancia como instrumento de apropiación por quien la
detiene; opera, por medio del sistema de precios, como elemento que impone transferencia de
riqueza. La plusvalía extraordinaria y la renta de monopolio constituyen los mecanismos
fundamentales de esa apropiación.

Así, dentro de una perspectiva de la teoría dialéctica del valor, ¿cómo interpretar la actual
etapa capitalista?

El Capitalismo Especulativo

24
Nuestra perspectiva privilegia la contradicción producción/apropiación de valor para
interpretar la actual etapa del capitalismo.

Hay un cierto consenso en el sentido de que el capitalismo desde los años 70 vive una nueva
etapa, muy distinta de la anterior. Llamamos a ella de capitalismo especulativo.

No pocos autores que se colocan en el terreno del pensamiento crítico sostienen que la
característica principal de esa etapa capitalista es la financiarización[6], es decir, un cierto
predominio de las finanzas sobre las actividades realmente sustantivas del capital, sobre las
que realmente producen riqueza. Es el caso, por ejemplo de François Chesnais, Gerard
Duménil y muchos otros.

Consideramos que desde el punto de vista de la teoría dialéctica del valor esa es una
perspectiva adecuada, aunque es indispensable destacar las diferencias que nos alejan de otras
interpretaciones similares.

Es también verdad que algunos autores que sostienen la idea del dominio de las actividades
financieras pasaron a hcer uso, con un grado mayor o menor de profundidad teórica, de la
categoría marxista de capital ficticio, para entender la naturaleza del llamado capital
financiero. Sin embargo, la dificultad para la utilización adecuada de esa categoría científica
se encuentra en el hecho de que ella supone un satisfactorio conocimiento de la teoría de
Marx y, más específicamente, exige una adecuada interpretación de la teoría dialéctica del
valor, raramente presente. Sin eso, la categoría de capital ficticio pierde significación y
capacidad de explicar correctamente la realidad.

Si dicha categoría es entendida de manera satisfactoria, la conclusión debe ser, en primer


lugar, que el capital ficticio es a la vez ficticio y real, según la dimensión ob servada. Además,
se debe concluir que ese tipo de capital exige remuneración y nada contribuye, a diferencia
del capital a interés, para la producción del excedente económico, para la extracción de la
plusvalía. Así, el capital ficticio es parasitario. De esa manera, y de forma inevitable, caemos
en las mencionadas preguntas fundamentales de la teoría dialéctica del valor, que parten de la
distinción entre la producción y la apropiación de la riqueza capitalista, ésta desde el punto de
vista de la forma social.

Entonces, si es cierto que la "financiarización" es una de las características significativas de la


actual etapa capitalista y si la naturaleza del capital dominante es el capital ficticio, plantease
25
la pregunta fundamental: ¿quién y cómo se produce la plusvalía suficiente para atender las
exigencias de remuneración del capital, incluyéndose la del capital ficticio? Esa pregunta
alcanza mayor significación si consideramos que lo que se conoce como reestructuración
productiva en el capitalismo contemporáneo habría significado una reducción del papel del
trabajo en la producción, por lo menos en lo que se refiere al trabajo formal y aquel
relacionado directamente con las actividades productivas industriales del capital.

En verdad, la contradicción principal y básica de la actual fase del capitalismo y que se


profundiza cada vez más, en nuestra opinión, es la contradicción entre la producción y la
apropiación del valor, del excedente mercantil, de la plusvalía en sus diferentes formas. Es
justamente por esa razón que la categoría de trabajo productivo (entendido como aquel que
produce plusvalía o excedente en la forma mercantil y apropiable por el capital) llega a tener
mucha relevancia teórica en los días actuales.

Es verdad que algunos autores, aunque consideran la financiarización como característica


fundamental de la actual etapa capitalista, identifican como su contradicción principal la que
existiría entre la propiedad y la gestión del capital, y no la que existe entre la producción y la
apropiación. Consideran como relevante y aún fundamental la contradicción entre aquellas
fracciones de la sociedad poseedoras de las diversas formas de títulos de propiedad sobre el
capital y otra que sería la encargada de la gestión profesional de las empresas productivas;
también sería mas significativa la contradicción entre empresas gestoras do capital parasitario
y las empresas realmente productivas.

Sin negar la existencia de contradicciones entre los intereses de sectores propietarios y


gestores del capital, se puede afirmar que es un error considerar que la oposición entre el
capital sustantivo y el capital ficticio tiene como contraparte la existencia claramente
diferenciada de sectores representantes de esas formas distintas de capital. Sin lugar a dudas,
los gestores son también propietarios de capital y de ambas formas de capital. La verdad es
que pensar la existencia de intereses claramente contradictorios y hasta antagónicos entre tales
fracciones sociales propietarias y gerenciales del capital y la considerac ión de que se trata de
la contradicción principal del sistema lleva a la posibilidad de propuestas de salidas
reformistas para las dificultades del capitalismo actual.

26
Aunque la mencionada oposición entre propiedad y gestión de alguna manera se relacione con
la contradicción entre producción y apropiación de valor, y sea la primera derivada de la
segunda, esta última tiene implicaciones mucho más significativas.

Hagamos ahora un resumen de nuestra interpretación sobre la actual etapa del capitalismo,
interpretación que hemos presentado ya en otros trabajos. Podemos decir que la tendencia a la
baja de la tasa de ganancia tuvo una notoria manifestación en los años 70 y hasta el comienzo
de los 80, especialmente en los EE.UU. y en Europa. Las nuevas inversiones sustantivas, es
decir en capital industrial (productivo y comercial) se presentaban con una perspectiva de
reducida remuneración y, por eso, los capitales, en magnitud considerable, buscaron como
salida la especulación. Esa circunstancia se ha visto favorecida y, más que eso, ha quedado
sancionada por las políticas neoliberales (políticas esas que expresan directamente los
intereses del capital especulativo) y han tenido como contraparte indispensable la
inestabilidad cambiaria y la deuda pública creciente de los estados (tanto en el primer mundo,
cuanto en los periféricos). El capital, de esa manera, creyó haber encontrado su paraíso:
rentabilidad sin necesidad de ensuciar sus manos con la producción. Y eso, de hecho, fue lo
que ha ocurrido; lamentablemente, para él, por poco tiempo.

Es verdad que las remuneraciones del capital, a partir del inicio de los años 80 tendieron a
crecer. Y aquí, para esa interpretación, parece existir una dificultad. ¿Cómo eso ha sido
posible? Si, por un lado, el ritmo de la acumulación de capital sustantivo se redujo y si, al
mismo tiempo, se amplió asustadoramente la tasa de crecimiento de la masa de capital
ficticio, especulativo y parasitario en el mercado mundial, ¿cómo fue posible el crecimiento
de las tasas de remuneración de los capitales, tanto la de los capitales sustantivos cuanto la de
los parasitarios? ¿Qué factores llegaron a contrarrestar la tendencia a la baja de la tasa general
de ganancia?

La explicación de eso, para ser coherente con la teoría dialéctica del valor, sólo puede ser
encontrada, como factor principal, en el aumento de la explotación de trabajo. Y aquí nos
debemos preocupar especialmente con la explotación del trabajo productivo, aunque también
podemos hablar de la explotación del trabajo no productivo. Es cierto que el incremento de
este último no implica aumentar la magnitud del excedente o plusvalía producidos, sin
embargo al reducirse la parcela de la riqueza apropiada por los trabajadores improductivos, se
amplía el margen disponible para la remuneración del capital.

27
De esa manera, para nosotros la explicación estaría en la elevación, a niveles sin precedentes,
de la explotación del trabajo, sea por medio de la plusvalía relativa, sea por de la plusvalía
absoluta (extensión de la jornada, múltiples jornadas, intensificación del trabajo), o mediante
la superexplotación de los trabajadores, además de explotación de los trabajadores no
asalariados.

No hay que olvidar, para la cuestión mencionada, el significativo crecimiento de las


transferencias de valor desde la periferia y también el hecho de que, en el período, pudo haber
contribuido de manera significativa el incremento de la rotación del capital. Este último
aspecto es fundamental si tenemos en consideración el concepto de tasa anual de ganancia.

Sin embargo, todo eso no nos parece que sea suficiente para explicar el significativo
incremento de la tasa general de remuneración del capital global (incluyendo en él la creciente
parcela especulativa y parasitaria) observado a partir del inicio de los años 80.

Nuestra explicación para eso es que, al mismo tiempo que se amplió exageradamente la
explotación del trabajo en todo el mundo (países centrales y periféricos) y se incrementó la
rotación del capital, surgió de manera considerable algo nuevo, nuevo por lo menos en lo que
se refiere a su magnitud y a su persistencia. Lo nuevo en el capitalismo actual es la magnitud
que las ganancias ficticias adquieren en el total de la remuneración del capital.

Las ganancias ficticias no son algo sui generis en la lógica capitalista. Surgen naturalmente en
períodos de especulación exacerbada, pero rápidamente desaparecen con el fin de ellos.
Además, no logran alcanzar magnitudes muy elevadas. Pero en la etapa actual del
capitalismo, la situación es diferente. Han persistido por prolongado período y han presentado
volúmenes nunca antes observados, como consecuencia del dominio del capital especulativo y
de la extensión de esa etapa, garantizada que estaba y sigue estando por la política de los
estados más importantes del planeta. Justamente por eso, porque no han tenido relevancia en
periodos anteriores, las ganancias ficticias no han sido incorporadas, hasta ahora, como
categoría en el interior de la teoría dialéctica del valor[7].

En verdad, ese tipo de remuneración del capital, con dimensión ficticia, no se diferencia en la
práctica de las ganancias derivadas de la explotación del trabajo, aunque no tenga ese origen.
Por lo menos eso es cierto desde un punto de vista del acto aislado e individual, es decir,
desde el punto de vista del mercado. No es posible saber cuánto de una determinada masa de

28
ganancia de un capital es ficticio o real. Más que eso, de sde ese punto de vista, no hay la más
mínima diferencia práctica. No tiene sentido preguntarse por la dimensión ficticia. El monto
de ganancia es absolutamente homogéneo.

La distinción entre lo que es excedente real apropiado como ganancia por el capital y las
ganancias ficticias sólo es comprensible y significativo de un punto de vista global, desde una
perspectiva macro. Eso significa que, del punto de vista individual, todo capital puede dar a
sus ganancias, si quiere, un destino efectivamente real, sea el consumo o la inversión. Pero
eso no es posible para el conjunto del capital. Aquella parte de su remuneración que tiene
origen ficticio no puede ser convertida en algo sustantivo. Sólo puede incrementar la
magnitud total del capital ficticio. Y aquí está el problema.

De esa manera, para nosotros y en resumen, la actual etapa capitalista especulativa se


caracteriza por el hecho del dominio del capital especulativo y parasitario, que crece como
resultado de un período de aguda manifestación de la tendencia a la baja de la tasa de
ganancia. Los capitales, huyendo de las bajas remuneraciones, encuentran salida en la
especulación, que se fortalece con por las políticas económicas adoptadas por los diferentes
estados.

Paradójicamente esa salida, que incrementa el capital parasitario a costa del productivo,
favorece los mecanismos que permiten contrarrestar la baja de la tasa general de ganancia.
Eso porque resulta en crecimiento de la explotación de los trabajadores de todo el mundo, en
incremento de la rotación del capital productivo y comercial y, especialmente, en el
surgimiento en magnitud muy elevada de las ganancias ficticias.

Sin embargo, en economía no puede haber soluciones milagrosas. El problema está


justamente en el hecho de que las ganancias ficticias resuelven circunstancialmente las
dificultades del capital, ampliando la parcela especulativa del capital global, parcela esa que,
por ser creciente exige cada vez mayor parcela de la remuneración que se destina al capital y,
como antes mencionado, en nada contribuye para la producción del excedente, de la plusvalía.

Así, resuelven el problema en el momento, pero solo logran hacerlo amplificando la


contradicción principal (producción/apropiación) y, por tanto, amplificando el problema para
el futuro, una vez que las ganancias ficticias solo pueden traducirse en ulterior incremento del
capital especulativo y parasitario.

29
Por todo eso, nuestra conclusión es de que la crisis económica estructural del sistema tiene
como trasfondo la tendencia a la baja de la tasa de ganancia y que la fase especulativa del
capitalismo que vivimos es el intento del capital de darle una respuesta. Dicha respuesta es el
dominio del capital parasitario, el incremento a niveles sorprendentes de la explotación y el
mantenimiento de magnitudes elevadas y crecientes de ganancias ficticias.

Esa etapa especulativa solo puede tener vida corta. Es verdad que la incorporación
significativa de nuevos espacios para la explotación capitalista, como es el caso de China y de
los países del ex-bloque soviético, le garantiza, por cierto tiempo, una adicional
supervivencia. Y los niveles de remuneración del trabajo en esos espacios son suficientemente
bajos para garantizar magnitudes significativas de excedente capitalista producido.

Sin embargo, y a pesar de eso, la vida corta está determinada por el hecho de que en algún
momento el crecimiento desproporcionado del capital ficticio, como consecuencia de la
relevancia año a año, de las ganancias ficticias, tiene que detenerse. La actual etapa capitalis ta
especulativa, sólo sobrevive y seguirá sobreviviendo por más un tiempo sobre la base de un
adicional incremento de la explotación de trabajo; pero eso tiene un límite. Y no estamos lejos
de él.

Obviamente que el fin de esta etapa capitalista especulativa no necesariamente significa el fin
del capitalismo y, como consecuencia, su sustitución por una forma social nueva. El
capitalismo podrá sobrevivir sustituyendo eventualmente esa etapa por una de nuevo tipo,
reconstruyendo la predominancia del capital sustantivo. Pero para lograr eso no sería por
medio de un proceso fácil ni indoloro. Ello supondría niveles insospechables de explotación
del trabajo, superior en mucho los niveles actuales, no sólo como forma de contrarrestar el
bajo nivel de la tasa general de ganancia, pero también como resultado de una crisis capaz de
inducir la desaparición del capital ficticio, por lo menos en gran medida.

¿Cómo se daría ese proceso? ¿Por medio de una explosiva crisis financiera y económica, de
amplitud mundial y de magnitud superior, como consecuencia de la crisis estructural? ¿Sería
la actual crisis de los créditos subprime el punto de partida para esa explosiva crisis
financiera? ¿O el proceso podría darse, como está ocurriendo, por un largo proceso de
estancamiento económico, sembrado de crisis aquí y allí, de magnitudes variables? Cualquiera
que sea la respuesta, una cosa es cierta, la tragedia humana que ya vivimos se manifestará con
aún más profundidad en el futuro.

30
Creer en la posibilidad de un retorno a un capita lismo más humano, si es que eso existió en
algún momento, o por lo menos no tan violento como el actual, es en verdad creer en
ilusiones. La perspectiva reformista nunca ha sido tan enganosa.

·· Profesor del "Programa de Pós-Graduação em Políticas Sociais" y del Departamento de Economia de la Universidad Federal do
Espírito Santo (UFES) -E-mail: reinaldo.carcanholo@terra.com.br- Página web: http://sites.uol. com.br/carcanholo

[1] Véase por ejemplo: Marini, R. M. Dialéctica de la dependencia, Ediciones Era, México, decimoprimera reimpresión, 1991.

[2] Más adelante se hará referencia al concepto de ganancias ficticias que, como podremos observar, aun no siendo resultado
de la explotación del trabajo, no violenta la teoría dialéctica del valor. Es justamente por eso que son ficticias.

[3] Marx, K. El Capital. Tomo I. México, FCE, 1966. p. 13.

[4] Idem, pp. 255-256.

[5] Véase: Carcanholo, R.A. "Sobre o conceito de mais-valia extra em Marx" (versão preliminar). V Encontro Nacional de
Economía Política. Brasil, Fortaleza, 21 a 23 de junho de 2000.

[6] Es verdad que también existen, en ese medio, autores que contestan dicha interpretación.

[7] Chesna is en e l último trabajo que le conoce mos hizo breve mención a e llas, pero sin la a mplitud que le
da mos.Véase:. Chesnais, F. "El fin de un ciclo. Alcance y rumbo de la crisis financiera", en Herramienta Nº 37, Buenos A ires,
ma rzo de 2008. pp. 07 a 36.

31
La crisis me da risa: una mirada desde los Grundrisse del
capitalismo contemporáneo
Autor: Adrián Sotelo Valencia*

Para la mayoría de la humanidad, que es la clase trabajadora y el proletariado todo, debe


quedar muy claro que la presente es una crisis estructural, prolongada y derivada de las
profundas contradicciones históricas acumuladas por el sistema en las últimas tres décadas y
que son coincidentes con lo que se ha dado en llamar "neoliberalismo", es decir, un patrón de
producción y reproducción, intercambio y consumo del capital internacio nal y de Estado,
fundado en la división internacional del trabajo y en la dinámica empresarial de las fuerzas del
mercado (oferta-demanda) y que, para ello, cuenta con todos los instrumentos jurídico-
polìticos e institucionales―asì como de las fuerzas represivas― del Estado y de otros
instrumentos del sistema de dominación, por ejemplo, el poder persuasivo de los medios de
comunicación, la educación y los procesos ideológicos.

Por lo tanto de ninguna manera se trata de una "crisis inmobiliaria" o simplemente


"financiera" como se viene propagando desde los círculos oficiales del poder político-
ideológico de Estados Unidos y de la Unión Europea y en los medios de comunicación
privados y oficiales. Sí ha así fuera, sencillamente por sentido común, se entendería que con
la inyección de 700 mil millones de dólares que el Congreso norteamericano aprobó con el
objetivo de que el Departamento del Tesoro adquiera la deuda llamada de "mala calidad" de
los bancos privados, el problema ya se hubiera resuelto o, por lo menos, distendido, en vez de
pronunciarse y profundizarse como está ocurriendo, al grado de estar el sistema todo en riego
de precipitarse en un ciclo recesivo de incalculables consecuencias para la humanidad.

Se equivocaron los teóricos de las ondas largas que auguraban la existencia un nuevo ciclo
Kondratiev de tonalidad expansiva que por lo menos se debería extender hasta el año 2025,
cuando ya hubiera una "nueva hegemonía" ubicada en un "nuevo polo geopolítico con centro
en Asia: sea Japón, China, Rusia, India, Pakistán o un "hegemón combinado ", sui generis que
hiciera las veces de reemplazo del imperio norteamericano, cuestión que no se ve muy clara
en estos tiempos. Más bien, lo que ocurrió, por lo menos desde la crisis mundial de 1974-
1975, fue que el actual ciclo recesivo que allí se originó, fue constantemente regenerado, en
los ochenta y los noventa del siglo pasado, con las políticas liberales y mercantilistas del gran

32
capital y del Estado keynesiano, al grado de cambiar, luego de la industrialización de los
países del tercer mundo y, en particular, de los de América Latina, su proceso de acumulación
y reproducción de capital en función de las prerrogativas que demandaba el mercado mundial
gobernado por las empresas transnacionales de las potencias imperialistas (al respecto
consúltese literatura relevante de la teoría de la dependencia y sobre el intercambio desigual).
Porque muchos teóricos se fueron con la finta de que el problema era "estrictamente
financiero" y de dificultades de los precios ("deterioro de los términos de intercambio") y de
las tasas de ganancia. Basta recordar la propagandística tesis de la CEPAL para calificar y
reducir toda la crisis estructural, financiera, industrial, productiva, laboral y comercial de los
países latinoamericanos de los ochenta como un "crisis de la deuda" que repitieron como
pericos tirios y troyanos, mientras que el "período" lo calificaron como una "década perdida",
aunque nunca se aclaró perdida para quién.

Por el contrario, si bien la crisis es una crisis de sobreproducción (mayor la oferta que la
demanda) y de realización de mercancías y de capital (por ende: de producción de anti- valor y
dificultades de realización de plusvalía), sin embargo, también es cíclica; es decir, atraviesa
por un ciclo de prosperidad, expansión, recesión, depresión y crisis donde intervienen, en cada
uno de esos momentos, el Estado y las políticas del capital. Pero debemos observar, y aguzar,
su carácter cualitativo y en espiral: queremos indicar con ello que se trata de un proceso
histórico estructural del desarrollo capitalista global y dependiente que en cada ciclo histórico,
por ejemplo, cada diez años, ve reducirse la duración de los periodos de crecimiento
económico y de producción de riqueza y aumentar los de recesión, depresión y de crisis como
está sucediendo en la actualidad. Es decir, la gripe en el paciente enfermo y en el adulto es la
misma, pero su manifestación en ambos, completamente diferente. Por ello

"…las categorìas más abstractas, a pesar de su validez ―precisamente debida a su naturaleza


abstracta― para todas las épocas, son no obstante, en lo que hay de determinado en esta
abstracción, el producto de condiciones históricas y poseen plena validez sólo para estas
condiciones y dentro de sus límites (Marx, Karl, Elementos fundamentales para la crítica de
la economía política" ( Grundrisse ) 1857-1858, Siglo XXI, México, 1980, octava edición).

Tesis fundamental contra el pensamiento conservador en el sentido de la afirmación de que


las categorías son fiel reflejo tanto de la realidad externa (el mundo empírico, la naturaleza, de
la "cosa en sí" kantiana, según Lenin en Materialismo y empiriocriticismo), como de la
historia, pero de ninguna manera constituyen categorías aisladas o eternas (globalización, fin

33
de la historia, postcolonialismo, democracia) como pregonan las corrientes del pensamiento
idealista.

La actual crisis capitalista del mundo, tanto en el centro del sistema, como en su periferia
(subdesarrollada y dependiente), es esencialmente una crisis de producción de valor y de
plusvalía, y que Marx vislumbró hace 150 años en el magnífico borrador de los Grundrisse y
desarrolló posteriormente en su monumental obra El capital, crítica de la economía política ,
en una suerte de secuencia epistemológica y conceptual entre ambos, muy distante de la tesis
de Antonio Negri en su Marx más allá de Marx , donde presupone lo contrario, o de su
fragmentación generacional y "ruptura epistemológica" de Louis Althusser que divide el
pensamiento de Marx en rebanadas ideológicas, como dice Mandel.

Planteamos que una vertiente de la crisis estructural del capitalismo mundial actual se deriva
de la insuficiencia, y hasta cierto punto, incapacidad, de los mecanismos del sistema para
generar el valor en general suficiente que restituya la producción de valor en el proceso de
trabajo, valorice el capital invertido (en medios de producción, materias primas y en fuerza de
trabajo o capital variable); cree plusvalía y restituya el aumento de la tasa de ganancia. Esta
tesis deriva de aquélla constatada ejemplarmente por Marx cuando expone que el trabajo, la
fuerza de trabajo, es el único factor productor de valor y, por ende, de plusvalía y que cuando
el capital no está en la esfera de la producción, sino en la de la circulación, es improductivo,
de tal manera que "Este proceso de realización es a la par el proceso de des-realización del
trabajo. El trabajo se pone objetivamente, pero pone esta objetividad como su propio no-ser o
como el ser de su no-ser: del capital" (Grundrisse, L.I., p. 415). Por eso, como está ocurriendo
en la actualidad, cuando el capital global desplaza crecientemente parcelas de fuerza de
trabajo en todas las industrias, servicios y actividades, países, territorios y regiones y en el
mundo entero, al mismo tiempo que se disloca hacia las actividades especulativas
características del capital ficticio (es decir, el capital que se desconecta, durante determinados
períodos, de la esfera de la producción), si bien es cierto que crea más productos (valores de
uso), sin embargo, progresivamente en el largo plazo crea cada vez menos valor (de cambio),
lo que termina por castigar severamente la tasa de plusvalía y, por ende, la media de ganancia
del sistema. Como la tendencia del capital es la de "…volver superfluo (relativamente) el
trabajo humano, la de empujarlo como trabajo humano hasta límites desmesurados"
(Grundrisse, L. I., p. 350), esta tendencia termina por castigar la tasa de plusvalía y, a través

34
de las categorías como competencia, distribución, apropiación, a la tasa de ganancia;
fenómenos concatenados que precipitas al sistema a la crisis.

Además, cuando el capital, como está ocurriendo hoy en la economía capitalista global, se
concentra en la esfera financiera, en los bancos, en el comercio, en la circulación, de acuerdo
con Marx, se reafirma el proceso de desvalorización, porque ese capital no crea valor ni
plusvalor en esa esfera, sino solamente en la de la producción, que es el espacio-tiempo donde
la fuerza de trabajo se articula con los medios de producción y la transformación de la
naturaleza para ―poder― producir medios de consumo y nuevos medios de producción que
revitalicen el proceso de reproducción del capital en una nueva escala superior. De esta forma,

"…la desvalorización constituye un elemento del proceso de valorización, lo que ya está


implícito en que el producto del proceso en su forma directa no es valor, sino que tiene que
entrar nuevamente en la circulación para realizarse en cuanto tal. Por lo tanto, si mediante el
proceso de producción se reproduce el capital como valor y nuevo valor, al mismo tiempo se
le pone como no- valor, como algo que no se valoriza mientras no entra el intercambio"
(Grundrisse, L.I., p. 355).

Según Marx, el proceso de valorización de capital, además de esta desvalorización implícita,


también incluye tanto la conservación del valor como la creación de plusvalor por la fuerza de
trabajo. Debemos constatar que el valor de uso de la fuerza de trabajo ―que es el que en el
mercado compra el capital―, produce la plusvalía (vital para el sistema) y se determina por
el tiempo de trabajo socialmente necesario para su producción y reproducción, y no al revés.
Por esa misma razón Marx aclara que "El tiempo vivo de trabajo que el capitalista adquiere en
el intercambio no es el valor de cambio, sino el valor de uso de la capacidad de trabajo"
(Grundrisse, L. II., p. 195). Disipándole a Ricardo y, por extensión a los teóricos de la
economía política clásica, esta confusión entre valor de uso y valor de cambio y su relación
con la producción de plusvalía Marx aclara que: "Lo que el capitalista recibe en el
intercambio es la capacidad de trabajo: es este el valor de cambio que paga. El trabajo vivo
es el valor de uso que tiene para él este valor de cambio, y de este valor de uso surge el
plusvalor" (Grundrisse, L. II, p. 54). Categorías simples, pero que son la base de toda la
confusión de la economía política clásica y neoclásica de nuestros días que no atinan a
entender el papel central del trabajo y del valor en nuestros días.

35
Y justamente, en la constante valorización-desvalorización del capital, lo que este castiga,
contradictoriamente en aras de obtener plusvalía y ganancias, es justamente ese trabajo que
supone la reproducción del obrero (o sea: su valor de uso determinado por el tiempo de
trabajo socialmente necesario para su producción y que se expresa en una proporción
monetaria bajo la forma de salario). Lo que comprime dentro de la jornada de trabajo el
capital (en la plusvalía relativa, véase la Sección Cuarta de El Capital) es justamente el
tiempo socialmente necesario para aumentar el tiempo de trabajo excedente no remunerado
que representa la plusvalía. Entonces por esto la categoría "tiempo de trabajo", que había sido
el eje alrededor del cual se calculaban todos los valores y precios de las mercancías, en el
capitalismo entra, primero, en tensión y, más tarde, en la crisis (Véase mi libro: El mundo del
trabajo en tensión. Flexibilidad laboral y fractura social en la década de 2000, coedición
Plaza y Valdés-FCPyS-Posgrado en Estudios Latinoamericanos-UNAM, México, 200).

De tal manera que la proyección científica de Marx (válida hoy para el siglo XXI y para la
explicación esencial de la crisis contemporánea del capital), es que en el capitalismo se
agudiza, como está ocurriendo por todo el sistema, la contradicción-lucha entre el tiempo de
trabajo y lo que llamaríamos desmedida del valor, es decir, que en cada ciclo de aumento real
de la productividad social del trabajo, debida entre otros factores, al incesante incremento e
incorporación de tecnología de punta en el proceso de trabajo, la categoría "tiempo de trabajo"
deja de ser un factor suficiente para aumentar el plusvalor y, por ende, en el largo plazo, de la
tasa de ganancia, la cual, por el contrario, tiende a declinar, estimulando por todo el sistema el
ciclo especulativo, la concentración y centralización del capital y, como su producto, las crisis
financieras, monetaria e inmobiliarias como las que estás en curso en Estados Unidos.

Ciertamente que ese tiempo, que es promedial, social y necesario, crece, pero lo hace cada vez
menos, debido entre otros factores, al desplazamiento de fuerza de trabajo conforme aumenta
la composición orgánica del capital (la relación entre el capital constante y capital variable, o
sea, la fuerza de trabajo); al desarrollo tecnoló gico (que en sí no crea valor ni, por ende,
plusvalía, sino sólo lo transfiere al producto final, contrariamente a las afirmaciones
posmodernistas) y, finalmente, a la constante producción de plusvalía relativa (articulada
eficazmente con la plusvalía absoluta), de tal manera que la hipótesis que aquí sostenemos es
que: por más que siga aumentando la productividad, desarrollándose la revolución tecnológica
y "ahorrando fuerza de trabajo" (desempleo, ejército industrial de reserva, etcétera), la
reducción del tiempo socialmente necesario para la producción de mercancías y de fuerza de

36
trabajo se va volviendo cada vez más marginal; es decir, cada vez más insignificante para
producir valor y plusvalor, aunque progresivamente esté aumentando en la sociedad el
volumen general de la riqueza física (valores de uso), pero, sin embargo, con un valor
contenido cada vez menor. Entonces el sistema entra en crisis orgánica, estructural y
civilizacional, como está ocurriendo en la actualidad.

Las salidas que tiene el capital, por supuesto, son varias y ésta no es la última crisis, a pesar
de su severidad y espectacularidad. No hay una crisis terminal del sistema, como a veces
postulan sin bases ciertos marxistas dogmáticos y trasnochados. El sistema del capital y su
metabolismo social (István Mészáros), tiene dispositivos muy serios que implementar para
auto-regenerarse, por supuesto, como la represión y la fuerza bruta (como en Irak y
Afganistán), cuando la crisis y la lucha de clases son incontrolables para el imperio.

Nosotros apuntamos dos tendencias importantes: la guerra imperial y la generalización por


todo el sistema del régimen socioeconómico de superexplotación del trabajo como "salidas"
inmediatas de la crisis, que podrían recolocar una cierta corrección de la tasa promedio de
crecimiento económico del sistema capitalista, aunque en una proporción infinitamente menor
a la tasa alcanzada por el capitalismo durante los llamados "treinta años gloriosos".

En este contexto, desde la década de los años ochenta del siglo pasado, cuando asumen la
supremacía las estrategias estabilizadoras del neoliberalismo y del capital financiero, las crisis
capitalistas modernas están hoy mucho más que nunca en el pasado indisolublemente
asociadas a la reestructuración del capital y de l mundo del trabajo (en materia de salarios,
organización del proceso de trabajo, formación sindical, calificación y adiestramiento, así
como del ejército industrial de reserva, con el fin de adecuarlos a la lógica y condiciones de
funcionamiento del mercado en el marco del cual asumen un papel estratégico las políticas del
Estado y del capital encaminadas a estimular el crecimiento de la tasa de ganancia,
contrarrestar las tendencias a la disminución del ritmo de acumulación y a favorecer los
procesos de reestructuración y desregulación de la fuerza de trabajo (Cf. James O' Connor,
Crisis de acumulación, ediciones Península, Barcelona, 1987).

En ese lapso ocurrieron cambios cuantitativos y cualitativos en aspectos importantes de las


estructuras de acumulación y valorización de capital; en los regímenes políticos y estatales
(por ejemplo en América Latina), así como en las estructuras de clase y en las instituciones de
las sociedades contemporáneas.

37
Es así como en el aspecto estructural de la dimensión económica, se fue consolidando un
nuevo patrón de acumulación y reproducción de capital neoliberal, con fuerte propensión a
volcarse al mercado mundial capitalista, particularmente en los países dependientes y
subdesarrollados de América Latina (Cf. mis libros: México: dependencia y modernización,
Ediciones El Caballito, México, 1993, Globalización y precariedad del trabajo en México,
Ediciones El Caballito, México, 1999, La reestructuración del mundo del trabajo,
superexplotación y nuevos paradigmas de la organización del trabajo, coedición ITACA-
UOM-ENAT, México, 2003).

Hoy ese patrón privilegia la producción de productos primarios para la exportación así como
de biocombustibles, donde Brasil posee la segunda industria de biocombustibles del mundo
por su tamaño después de Estados Unidos y proporciona alrededor de 40% del combustible
que consumen sus automóviles y se calcula que pronto podrá suministrar 15% de su
electricidad mediante la quema del bagazo de la caña de azúcar (Cf. Economist Intelligence
Unit, "El futuro de la energía", La Jornada, 1 de julio de 2008). De esta forma, para aumentar
las exportaciones la mayor parte de los países latinoamericanos se vio orillado a reconvertir
sus aparatos productivos y sus patrones de acumulación de capital en función del sacrosanto
principio neoliberal de especializar los aparatos productivos en beneficio de sectores
tradicionales primario-exportadores dependientes de la producción de petróleo, gas,
agricultura, ganadería, minerales, frutas, en suma, de recursos natura les que, dígase de paso,
hoy constituyen la base de los patrones de reproducción de capital de América Latina
destacando el Cono Sur y países de la región andina y centroamericana. De esta forma, la
condición del crecimiento económico que vienen imponiendo los organismos internacionales
como el Banco Mundial, el Fondo Monetario, la OCDE y el BID, pasa a depender del grado
que alcance la especialización productiva en cada economía nacional ―dentro del marco de la
nueva división internacional del trabajo y del capital― para exportar recursos naturales y
productos básicos -que otrora consumía la población- como ocurrió en los países del Cono
Sur, antes que de mercancías complejas de alto valor tecnológico agregado que resultaban del
proceso de industrialización, como plantearon reiteradamente los autores de la CEPAL y, hoy,
los neo-estructuralistas del desarrollo y las corrientes evolucionistas de la tecnología .

El Otro elemento que se coloca como "dinamizador" de la economía es la exportación de


fuerza de trabajo barata y supernumeraria como muestra el caso de México y de
Centroamérica principalmente hacia Estados Unidos. Aunque este fenómeno hoy presenta

38
dificultades, sobre todo, derivadas de la contracción de la economía norteamericana en
materia de remesas y migraciones.

Estas políticas conservadoras de reconversión industrial y de ajuste de las economías a los


requerimientos de las grandes empresas no bastaron en la década de los ochenta y de los
noventa, como no bastan hoy, para resolver la crisis capitalista, sino que se proyectan a
nuevos espacios y sectores que amenazan seriamente la viabilidad tanto del sistema como de
la propia humanidad.

En el ámbito político-jurídico y social el perfil correspondiente de ese patrón de reproducción


se expresa a nuestro entender en la gestación de cambios significativos en el Estado que por
ello pasa de ser "bienestarista"a francamente neoliberal, minimalista y empresarial, es decir,
un Estado burgués, penal y de seguridad (Bensaid), que prácticamente se está extendiendo e
imponiendo con mucha fuerza en todo el mundo para legalizar las políticas del gran capital en
materia económica, social y ambiental tendientes a su mercantilización. Y obviamente en la
imposición y funcionamiento de tal tipo de Estado se hace imprescindible el permanente uso
de la fuerza, los sistemas de exclusión social de la población de los mínimos vitales de
subsistencia y de su participación activa en los asuntos públicos del gobierno. O sea, un
Estado permanente de seguridad nacional y de contrainsurgencia fundado en lo que Ruy
Mauro Marini denominó Estado del cuarto poder, que es capaz de revitalizarse tanto en los
países del capitalismo avanzado como, y con mucho mayor fuerza, en los dependientes y
subdesarrollados de su periferia.

Es así como hoy el Estado capitalista contemporáneo es sustancialmente (más) funcional y


orgánico a la reproducción del capitalismo en esta fase neoliberal y conservadora, y
completamente incapaz para cubrir los requerimientos de la fuerza de trabajo y las crecientes
necesidades de las grandes masas de la población en materia alimentaria, de salud, educación,
vivienda y recreación como llegaron a postular, insuficientemente en el pasado, autores
keynesianos como el brasileño Francisco de Oliveira, Os direitos do antivalor. A economía
política da hegemonía imperfeita, Editora Vosez, Sao Paulo, 1998, a través de la categoría
analítica que él denomina en esa obra "fundo público" o sean los recursos que el Estado
destina a la reproducción de la fuerza de trabajo en materia de seguridad social, bienestar,
alimentación, subsidios, pero sin explicar ―y aquì radica toda la debilidad de su análisis― el
origen de los recursos de ese fondo público.

39
No hay que ir muy lejos para constatar esta situación frente a la crisis energética, alimentaria,
financiera e inmobiliaria que azota en nuestros días al sistema capitalista, a partir de la crisis
de Estados Unidos en curso y que justamente se está tratando de paliar mediante la
expropiación de derechos y garantías de los trabajadores, así como de las reformas tendientes
a aumentar la superexplotación del trabajo en todo el mundo.

De cierto ángulo la crisis de agotamiento del viejo patrón de reproducción de mediados de los
setenta y el advenimiento del nuevo a partir de los ochenta se explica por una cierta asincronía
entre lo que Marx llamó el ser social como determinante de las categorías correspondientes a
la superestructura pero que, equivocadamente o por miop ía acomodaticia, los críticos y los
enemigos del marxismo la tomaron al pié de la letra sin ver su dimensión metafórica, crítica y
cualitativa y, por supuesto, su carácter metodológico para imaginar los rumbos de la
investigación científica que, por cierto, se desplazan desde lo abstracto a lo concreto y
nuevamente a lo abstracto, para brindar una perspectiva de múltiples relaciones e
interrelaciones de carácter global y dinámica. (Karl Marx, Prólogo de la contribución a la
crítica de la economía política, OE, Progreso, Moscú, p. 182).

Dos décadas y media de neoliberalismo mundial y vernáculo es la historia crítica de esa


contradicción entre el viejo modo de vida, de producción y trabajo capitalista que se resiste a
perecer (el antiguo Estado del bienestar: desarrollista, industrializador y fordista) y uno
presuntamente nuevo, neoliberal, global, agresivo, excluyente, polarizante, anti-
industrializador que se está afianzando a toda costa, incluso con la represión de los
movimientos populares que a él se oponen en cualquier parte del mundo.

En esta lógica el neoliberalismo privatizó el sistema económico y social para adaptarlo a las
necesidades de la acumulación y reproducción del capital de los países desarrollados de
occidente mediante la imposición de políticas económicas de choque-ajuste-estabilización y a
través de fases de crecimiento económico (relativo) que, más tarde, produjeron crisis
estructurales y financieras del sistema capitalista mundial, siendo su momento más álgido la
de México en 1994-1995.

Otra línea, en la lógica de desarrollo del capital, se dio mediante el expansionismo de las
grandes empresas trasnacionales-red apoyadas en el Estado burgués dependiente y en los
Estados imperialistas de Estados Unidos, la Unión Europea y Japón en función de una
supuesta globalización y democratización como "valores universales". Esto provocó un

40
refuerzo de la cohesión del capital en los niveles industrial, comercial, rentista, bancario,
financiero y ficticio, presentando un panorama de verdadera globalización del poder
trasnacional sin contradicciones sustanciales aparentes, que sólo pueden ser "resueltas" dentro
del propio sistema capitalista.

De aquí las fórmulas ideológicas del "fin de la historia y del trabajo" (Fukuyama y Bell,
respectivamente), el "auge" de la "new economy" y del "consenso de Washington que
difunden un mensaje subliminal relativo a que el sistema es "todopoderoso" ante el cual no
existen fuerzas sociales y políticas que lo puedan superar (Bush) en un contexto en que el
capital está asumiendo una configuración desde la década de los ochenta del siglo pasado, la
forma parasitaria del capital ficticio: una cierta supremacía hegemónica en el capitalismo
globalizado del siglo XXI que castiga con severidad los sistemas productivos y las tasa de
crecimiento del empleo productivo de una buena porción de la humanidad trabajadora
(François Chesnais, "A fisionomia das crises no regime de acumulação sob domináncia
financeira", Novos Estudos, CEBRAP no. 52, noviembre de 1993).

La supremacía del capital ficticio (que no crea valor, ni plusvalía) aunado a la contracción de
las tasas de crecimiento promedio del sistema productivo y económico, sumergieron al
capitalismo en la crisis más severa que estamos padeciendo. En breve, recordemos los
factores de la recuperación de la rentabilidad del capital que Marx indica en el Libro III,
Sección III: "Ley de la tendencia decreciente de la cuota de ganancia"; capítulo XIV: "Causas
que contrarrestan la ley" ( El Capital, vol. III, FCE, México, pp. 232-239) :

a. Aumento del grado de explotación del trabajo.

b. Reducción del salario por debajo de su valor (superexplotación).

c. Abaratamiento de los elementos que constituyen el capital constante (máquinas, materias


primas, edificios).

d. Incremento del desempleo y del subempleo.

e. Ampliación del comercio exterior en el mercado mundial.

f. Aumento del capital-acciones (capital ficticio).

41
Es evidente que, contra aquéllos que plantean que Marx "ya es obsoleto" o, como dijo
alguien: "antiguo", esos mecanismos utilizados por el capital para contrarrestar la caída de la
tasa de ganancia no sólo se mantienen, sino que hoy en día se han desarrollado infinitamente,
junto a otros nuevos efectivamente como el espectacular desarrollo del capital financiero
especulativo (capital ficticio), la dinámica transnacional de las empresas multinacionales, la
generalización y universalización de la superexplotación del trabajo y de la ley del valor
(globalización), el uso de nuevos métodos de producción y organización del trabajo al amparo
de la informática y del constante desarrollo tecnológico, así como la dirección que el Estado
neoliberal le imprime a sus políticas públicas en beneficio de la rentabilidad y la expansión
general del capital.

Al respecto basta mencionar, en tanto elementos de la superexplotación del trabajo, las 65


horas de aumento de la jornada de trabajo que el 9 de junio de 2008 aprobó el Consejo
Europeo de Ministros Estado y la patronal organizada de los países de la Unión Europea, o
sea, para prolongar legalmente la jornada de trabajo para producir plusvalía absoluta. Ello
supone que un empleado podrá trabajar hasta un máximo de 65 horas semanales, si así lo
"acuerda" con el empresario (preguntémosles a los trabajadores gallegos qué opinión tienen
de este "acuerdo voluntario"). Esta es la esencia del nuevo contrato flexible de trabajo con el
capital en la modernidad capitalista

Por otro lado, el desarrollo inusitado de nuevos métodos de explotación y organización del
trabajo, como el toyotismo de origen japonés que, como demuestran autores y estudios
especializados, tiene como eje de sustentación la intensificación de la fuerza de trabajo, para
aumentar la plusvalía relativa. Por último, el tercer elemento de la superexplotación y que
expone Ruy Mauro Marini en su Dialéctica de la dependencia, es, dice, la disminución del
fondo de consumo de los trabajadores y su conversión en fuente de acumulación del capital.
Situación esta última que presupone la disminución de los salarios por debajo del valor real
promedio de la fuerza de trabajo. Fenómeno que ya se comienza a advertir en el capitalismo
central, pero que requiere de más profundización y de serios estudios de caso que lo
verifiquen.

Por lo pronto el régimen de superexplotación del trabajo ―en tanto categorìa constituyente
del capitalismo dependiente que se desarrolló históricamente entre 1850 y 1982― hoy en dìa
también se generaliza al seno mismo del capitalismo central, para operar a llí como un genuino
mecanismo de contención de la crisis y de los serios problemas de reproducción y de

42
rentabilidad como los que se están verificando en el capitalismo mundial y donde la crisis
inmobiliaria y financiera son sólo manifestaciones de esas profundas mutaciones y ajustes del
mundo del trabajo y de la explotación.

Adrián Sotelo Valencia es investigador del Centro de Estudios Latinoamericanos de la FCPyS de la UNAM y catedrático del
Posgrado en Estudios Latinoamericanos de la misma universidad. E mail: tecamatl@hotmail.com

43
Le capitalisme toxique
Autor: Michel Husson *

La crise à laquelle on assiste aujourd‟hui ébranle les fondements mêmes du capitalisme


néolibéral. Elle se développe à une vitesse accélérée, et personne n‟est en mesure de dire où
elle conduit. Cet article n‟a pas pour fonction de suivre pas à pas son déroulement car il
risquerait d‟être dépassé au moment de sa parution (1). Il voudrait plutôt proposer quelques
clés d‟interprétation et montrer quels sont les enjeux sociaux de cette crise.

La mécanique de la crise financière

La complexité de la crise financière donne un peu le vertige, mais il est quand même possible
de dégager ses principaux mécanismes (2). Le point de départ est l‟exist ence d‟une masse
considérable de capitaux «libres» à la recherche d‟une rentabilité maximale. Périodiquement,
ces capitaux découvrent un nouveau filon et déclenchent un emballement qui s‟alimente de
«prophéties autoréalisatrices» : en se précipitant sur ce qui semble le plus rentable, on en fait
monter le coût et on confirme ainsi l‟optimisme de départ. Les avertissements de ceux qui
expliquent que la Bourse ou le marché hypothécaire ne peuvent monter jusqu‟au ciel sont
tournés en ridicule, puisque ça marche.

Le graphique 1 rappelle ces principaux épisodes : krach boursier de 1987, suivi d‟un autre en
1990 précédant la première intervention en Irak. A partir du milieu de l‟année 1995,
commence la période dite de la «nouvelle économie» qui s‟accompagne d‟une croissance
délirante de la Bourse. Les crises en Asie du Sud-Est et en Russie - et la faillite de LTCM aux
États-Unis - ne dégonflent que provisoirement la bulle en 1998, et c‟est au début de l‟année
2000 que celle-ci éclate violemment. La fuite en avant recommence deux ans plus tard et
conduit finalement à la crise des subprimes en juillet 2007.

Pour que la bulle puisse prendre son essor, les capitaux disponibles ne suffisent pas ; il faut
aussi que la réglementation n‟y fasse pas obstacle. Or, elle a été tournée par des décisions
d‟ordre politique et par la mise en œuvre d‟innovations financières sophistiquées et de
pratiques de plus en plus opaques. On peut citer l‟effet de levier qui permet de démultiplier la
somme dont une institution financière dispose initialement. Les produits dérivés permettent
des opérations compliquées d‟achat et de vente à terme. Les banques peuvent se débarrasser
44
de leurs créances douteuses en les plaçant avec d‟autres dans une sorte de pochette-surprise
qui peut ensuite être vendue sous forme de titre (d‟où le terme de titrisation). Le risque attaché
aux différentes créances se met à circuler et ne fait plus partie du bilan, échappant ainsi aux
règles de prudence qui imposent une certaine proportion de fonds propres.

La crise des subprimes a éclaté sur un segment relativement étroit, celui des prêts consentis à
des ménages pauvres et garantis par la maison qu‟ils achetaient. Ces contrats étaient de
véritables escroqueries puisque les banques savaient pertinemment qu‟ils ne seraient pas
remboursés. Mais la titrisation permettait de s‟en débarrasser. Le retournement du marché
immobilier a coïncidé avec les premières faillites de ménages : la vente des maisons sur
lesquelles étaient gagées ces créances pourries n‟était plus possible, ou à un prix qui ne
couvrait plus le crédit initial. La crise immobilière a déclenché une réaction en chaîne : les
banques ont découvert leurs pertes l‟une après l‟autre et ont été progressivement dans
l‟incapacité d‟obtenir de nouvelles sources de finance ment pour couvrir ces pertes. Pour
enrayer une série de faillites en cascade, les Banques centrales et les gouvernements ont
injecté de l‟argent ou «nationalisé» une partie des banques.

Graphique 1
La Bourse et la richesse des ménages aux États-Unis
Indice Dow Jones à prix courants (base 100 en 1960)
Richesse nette des ménages en multiple de leur revenu courant
Sources et données des graphiques : http://hussonet.free.fr/toxicap.xls

45
Du virtuel au réel

Ce scénario brièvement résumé pose plusieurs questions. La plus fondamentale est celle du
passage du virtuel au réel. Toute crise financière comme celle qui se déroule actuellement doit
en effet être interprétée comme un rappel à l‟ordre de la loi de la valeur.

Les actifs financiers ont une «valeur». Si je dispose d‟un million d‟actions dont le cours est de
100 euros, ma richesse est de 100 millions d‟euros. Si le cours de mes actions double, ma
richesse double, et si elle baisse de moitié, je perds 50 millions d‟euros. Mais ces chiffres ne
mesurent que la valeur virtuelle de mon patrimoine financier. Les gains (ou les pertes) ne
deviennent réels qu‟au moment où je cherche à me débarrasser de mes actions pour obtenir du
cash destiné à m‟offrir un bien réel, par exemple une résidence. La capitalisation boursière,
c‟est-à-dire la valeur totale des actions n‟a en elle- même aucun sens. Les marchés financiers
sont en grande partie des marchés secondaires où l‟on vend par exemple des actions Vivendi
pour acheter des actions France Telecom. Selon l‟offre et la demande, le cours de ces actions
peut fluctuer, mais ces transactions sont elles aussi virtuelles en ce sens que le cours auquel se
réalisent ces échanges est relativement conventionnel. Ces prix d‟un genre particulier
pourraient être multipliés par mille, comme s‟ils étaient libellés en une monnaie spéciale,
déconnectée des monnaies réelles. On pourrait du coup imaginer une économie où tout le
monde serait milliardaire en actions à condition de ne pas chercher à les vendre. Pour
reprendre des expressions qui sont finalement assez parlantes, on aurait une économie réelle
progressant à son allure tranquille, et une sphère financière gonflant à une vitesse
exponentielle.

Mais la divergence durable n‟est pas possible, parce qu‟il existe des «nœuds de conversion»
entre la sphère financière et la sphère réelle. Une économie qui croît à 2% ou 3% ne peut
procurer un rendement universel de 15% comme le prétendent les défenseurs des fonds de
pension. Tant que les revenus tirés des actifs financiers sont à nouveau placés, les patrimoines
croissent en-dehors de tout lien matériel avec la sphère rée lle et l‟écart peut potentiellement
devenir infini. Mais si une partie de ces droits de tirage que constituent les titres financiers
cherche à se transporter dans la sphère réelle, autrement dit à s‟échanger contre des
marchandises, ce transfert doit se plier à la loi de la valeur ou plus prosaïquement à celle de
l‟offre et de la demande. Imaginons en effet que ce nouveau pouvoir d‟achat ne trouve pas de
contrepartie du côté de la production, et ne réussisse pas non plus à se substituer à la demande
salariale : l‟ajustement se fait alors par les prix, ce qui revient à dévaloriser les revenus, y

46
compris les revenus financiers. C‟est ce qui explique d‟ailleurs la grande sensibilité des
rentiers à l‟inflation, puisque le rendement réel de leur patrimoine dépend d‟elle. Mais si une
telle dévalorisation se produit, elle se communique à l‟évaluation des patrimoines et le cours
des titres doit alors baisser pour s‟ajuster au revenu réel qu‟ils procurent.

Les titres financiers sont un droit à valoir sur la plus-value produite. Tant qu‟on n‟exerce pas
ce droit, tout reste virtuel. Mais dès qu‟on le fait valoir, on découvre qu‟il est soumis à la loi
de la valeur qui consiste à dire bêtement qu‟on ne peut pas distribuer plus de richesse réelle
que celle qui a été produite. D‟un point de vue objectif, les cours de Bourse devraient donc
représenter les profits anticipés des entreprises, à partir desquels peuvent être versés des
revenus financiers. Mais ils ont complètement décollé et n‟entretiennent plus qu‟un rapport
lointain avec la rentabilité du capital fondée sur l‟exploitation du travail humain. Jamais, dans
toute l‟histoire du capitalisme, ce phénomène n‟avait atteint une telle ampleur et il n‟était pas
possible que cela dure éternellement.

La base économique de la financiarisation

Les bulles financières ne reposent pas seulement sur les illusions de spéculateurs cupides.
Elles sont nourries par la création permanente de capitaux libres. La première source est la
croissance tendancielle du profit non accumulé qui résulte elle- même d‟un double mouvement
: d‟une part, le recul généralisé des salaires (3) et, d‟autre part la stagnation, voire le recul, du
taux d‟accumulation en dépit du rétablissement du taux de profit. Le graphique 2 montre que
le taux de profit et le taux d‟accumulation évoluaient parallèlement jusqu‟au début des années
1980, puis se sont mis à diverger considérablement. La zone grisée permet de mesurer
l‟augmentation de la fraction non accumulée de la plus-value.

47
Graphique 2 (Cliquez pour agrandir)
Taux de profit et taux d‟accumulation
États-Unis + Union européenne + Japon
Taux d‟accumulation = taux de croissance du volume de capital net
Taux de profit = profit/capital (base 100 en 2000)
Sources et données des graphiques : http://hussonet.free.fr/toxicap.xls

Cette configuration inédite pose a priori un problème de réalisatio n : si la part des salaires
baisse et si l‟investissement stagne, qui va acheter la production? Autrement dit quels sont les
schémas de reproduction compatibles avec ce nouveau modèle? Il n‟y a qu‟une réponse
possible : la consommation issue de revenus non salariaux doit compenser la stagnation de la
consommation salariale. Et c‟est bien ce qui se passe comme le montre le graphique 3.

Graphique 3: Part des salaires et de la consommation privée dans le Produit intérieur brut
(PIB)

48
Sources et données des graphiques : http://hussonet.free.fr/toxicap.xls

De manière stylisée, on peut ainsi résumer les évolutions : aux États-Unis, la part des salaires
reste relativement constante mais la consommation des ménages augmente beaucoup plus vite
que le Produit intérieur brut (PIB). En Europe, c‟est la part de la consommation dans le PIB
qui reste à peu près constante, malgré le recul marqué de la part salariale. Dans les deux cas,
l‟écart se creuse entre part des salaires et part de la consommation (zones grisées), de manière
à compenser l‟écart entre profit et accumulation. La finance est ce qui sert à réaliser cette
compensation, et elle emprunte trois voies principales. La première est la consommation des
rentiers : une partie de la plus- value non accumulée est distribuée aux détenteurs de revenus
financiers qui la consomment. C‟est un point important : la reproduction n‟est possible que si
la consommation des rentiers vient épauler celle des salariés afin de fournir des débouchés
suffisants et la montée des inégalités est donc consubstantielle à ce modèle.

La seconde intervention de la finance consiste à introduire un certain brouillage entre salaires


et rentes : une partie croissante du revenu des salariés prend la forme de rémunérations
financières qui peuvent être analysées comme une distribution de plus-value plutôt que
comme un véritable salaire. Enfin, et c‟est surtout vrai des États-Unis, la finance permet le
développement exponentiel de l‟endettement des ménages dont la consommation augmente,
non pas en raison d‟une progression des salaires mais par baisse du taux d‟épargne (4).

La finance n‟est donc pas un parasite sur un corps sain. Elle se nourrit du profit non investi
mais, avec le temps, elle acquiert un degré d‟autonomie qui renforce ce mécanisme. Les

49
capitaux libres circulent à la recherche d‟une rentabilité maximale (la fameuse norme de 15%)
et ils réussissent, au moins temporairement, à l‟obtenir sur certains segments. Les banques
elles- mêmes captent une partie croissante des profits. Cette concurrence pour un rendement
maximal élève la norme de rentabilité et raréfie un peu plus les lieux d‟investissement jugés
rentables, dégageant ainsi de nouveaux capitaux libres qui vont à leur tour partir à la
recherche d‟une hyper-rentabilité financière. Ce cercle vicieux repose encore une fois sur une
répartition des revenus défavorable aux travailleurs et à la reconnaissance de leurs besoins
sociaux.

La trans mission à l’économie réelle

En 1987, le krach boursier avait conduit la plupart des économistes à prévoir un


ralentissement brutal de l‟économie mondiale. C‟est l‟inverse qui s‟est passé : à partir de
1988, les pays développés ont connu un cycle de croissance très dynamique. La crise
boursière ne s‟était donc pas transmise à l‟économie réelle et, au contraire, elle avait servi de
purge et permis de remettre les compteurs à zéro. C‟est après tout une fonction classique des
crises que d‟apurer les comptes et d‟éliminer les canards boiteux. Quelques années plus tard,
une crise immobilière et hypothécaire de grande ampleur est venue frapper le Japon, présenté
à l‟époque comme la puissance montante à l‟assaut des marchés mondiaux. S‟ouvre alors une
décennie de croissance à peu près nulle, dont l‟économie japonaise a eu du mal à sortir.

La finance est donc plus ou moins autonome selon les lieux et les époques et il faut se poser
aujourd‟hui la question de savoir si la crise financière va se communiquer à l‟économie réelle.
Une première thèse consiste à dire que le ralentissement actuel ne s‟explique pas
principalement par la crise financière, mais par d‟autres facteurs : hausse du prix du pét role et
des matières premières, politiques monétaire et budgétaire inadéquates en Europe,
concurrence des pays émergents, etc. En tant que telle, la crise financière concernerait avant
tout les États-Unis et aurait relativement peu d‟effet sur la conjoncture mondiale. La demande
des pays émergents serait là pour prendre le relais des États-Unis, selon la thèse dite du
découplage. L‟intervention des banques centrales et des États permettrait d‟éviter un
enchaînement semblable à celui de la grande crise de 1929 et d‟étaler dans le temps les pertes
des banques. Bref, la sphère financière et la sphère économique seraient relativement
compartimentées.

50
Cette analyse s‟appuie sur des réalités indéniables mais n‟en tire pas les conséquences qui
vont à l‟encontre de son relatif optimisme. Il est vrai que la crise combine plusieurs
dimensions, et notamment la hausse du prix du pétrole et des matières premières. Mais ces
différents aspects font système et renvoient au fond à une origine commune, qui est
l‟organisation actuelle de l‟économie mondiale. C‟est ne rien comprendre à la crise actuelle
que de penser qu‟on peut la découper en compartiments étanches. Cette simultanéité va au
contraire renforcer la transmission de la crise financière à l‟économie réelle. Elle va
emprunter six canaux principaux, dont l‟importance relative peut varier d‟un pays à l‟autre :

1. le rétrécissement du crédit (credit crunch) joue un rôle important dans la diffusion de la


crise financière, puisque les banques mises en difficulté par leurs p ertes ne réussissent pas à se
refinancer. Mais ces restrictions concernent aussi la consommation des ménages et
l‟investissement des entreprises. Cet effet sera particulièrement marqué dans les pays comme
les États-Unis ou le Royaume-Uni où la consommation des ménages est tirée par
l‟endettement.

2. La baisse des cours boursiers dévalue le patrimoine financier et immobilier des ménages
(voir graphique 1) et les incite à moins consommer. C‟est l‟«effet de richesse».

3. L‟incertitude généralisée - la «perte de confiance» - pèse sur les comportements de


consommation et d‟investissement.

4. La crise immobilière contribue en tant que telle au ralentissement économique général.

5. Les sommes considérables affectées aux différents plans de sauvegarde vont nécessite r une
réduction des dépenses publiques ou une augmentation des impôts.

6. Enfin, le ralentissement se transmet à l‟ensemble de l‟économie mondiale à travers le


commerce et les investissements.

Tous ces mécanismes sont actuellement à l‟œuvre et se combinent avec les autres dimensions
de la crise (pétrole, etc.) pour étendre ses effets bien au-delà de la sphère financière. Il n‟y a
donc pas de cloison étanche entre la finance et l‟économie réelle, parce que la finance est une
pièce maîtresse du capitalisme néolibéral.

Où va la crise?

51
Il serait prématuré (et présomptueux) de vouloir dire aujourd‟hui où nous mène cette crise,
mais son ampleur rend un retour à la normale improbable. Une chose est sûre, en tout cas,
c‟est que les fondements mêmes du modèle états-unien vont être remis en cause par la crise
financière. Il repose sur un double déficit, déficit commercial à l‟extérieur et déficit d‟épargne
à l‟intérieur. Dans les deux cas, la finance joue un rôle essentiel dans la gestion de ces
déséquilibres : à l‟intérieur, c‟est elle qui a rendu possible la croissance de l‟endettement,
notamment sur le marché hypothécaire ; à l‟extérieur elle a pour fonction d‟assurer l‟équilibre
de la balance des paiements. Mais si la finance se dégonfle, ce sont les bases de ce mode de
croissance qui disparaissent : l‟endettement des ménages est dorénavant bloqué, et les entrées
de capitaux ne sont plus garanties. Par conséquent, la crise financière va se traduire par un
ralentissement durable de la croissance aux États-Unis qui va se communiquer au reste du
monde.

Mais en même temps, on ne voit pas bien par quoi il pourrait être remplacé. La véritable
alternative serait le retour à une forme de «fordisme» fondé sur une progression des salaires
parallèle à celle de la productivité, une répartition moins inégalitaire du revenu et un
rééquilibrage du commerce extérieur. Un tel modèle est envisageable dans l‟abstrait mais
suppose une inversion brutale des rapports sociaux qui est pour l‟instant hors de portée. Si
Obama est élu, comme c‟est aujourd‟hui probable, on ne peut pas compter sur lui pour mener
un programme «rooseveltien» : la volonté politique lui fait défaut, mais aussi les moyens,
puisque le plan de sauvegarde va plomber durablement le budget.

Les modalités concrètes de la sortie du modèle états-unien auront des répercussions sur le
reste de l‟économie mondiale. La première inconnue porte sur le cours du dollar qui devrait
continuer à baisser parce que c‟est un moyen pour les États-Unis de doper leurs exportations
et de réduire leur déficit commercial mais aussi en raison de la perte de qualité de la dette
publique des États-Unis. Mais cela revient à exporter la récession vers l‟Europe qui est
globalement sensible à un taux de change de l‟euro surévalué. Cette baisse du dollar, ou
même son maintien à son cours actuel, soulève une autre question : les capitaux vont-ils
continuer à affluer vers les États-Unis? Les pays émergents et producteurs de pétrole risquent
à un certain moment d‟être découragés de le faire en raison d‟une rentabilité insuffisante ou
de risques croissants. D‟un autre côté, ils n‟ont pas intérêt à jouer contre le dollar, puisque la
valeur de leurs actifs déjà placés en dollars serait elle aussi dévalorisée.

52
Un autre facteur doit être aussi pris en compte : si l‟économie des États-Unis ralentit
durablement, c‟est un débouché important des pays émergents qui va se tarir et les pousser à
un recentrage de leur croissance sur le marché intérieur. Il est difficile de pondérer ces
différents facteurs qui ne vont pas évoluer à la même vitesse, mais on peut néanmoins faire
deux pronostics :

1. le temps nécessaire pour sortir de la crise est proportionnel à l‟énormité des sommes
consacrées au sauvetage du secteur financier. La trajectoire la plus probable est un scénario à
la japonaise où plusieurs années seront nécessaires pour éponger les sommes engouffrées, qui
sont sans commune mesure avec ce que l‟on a connu lors des précédentes défaillances
financières. Si aucune mesure alternative n‟est imposée, le capitalisme va s‟installer, au moins
dans les pays développés, dans une situation de croissance lente et de régression sociale. La
récession proprement économique est déjà là, et ses déterminants objectifs, par exemple la
crise de l‟industrie automobile, sont en train de prendre le relais de la tourmente financière.

2. la sortie de crise va être marquée par une lutte intense des grands acteurs économiques pour
reporter ses effets sur d‟autres. Sur le terrain social, cela implique une pression accrue du
capital contre les salaires et les budgets sociaux. Au niveau international, la guerre
commerciale et économique entre grandes puissances va prendre une ampleur nouvelle et
engendrer une tendance au fractionnement de l‟économie mondiale, d‟autant plus que, comme
l‟a dit le ministre des finances allemand, Peer Steinbrück : «Les États-Unis vont perdre leur
statut de superpuissance du système financier mondial».

La mise à l’épreuve des dogmes européens

Pendant la crise, la concurrence continue. La cacophonie des déclarations et des décisions


gouvernementales reflète en partie ce dilemme : d‟un côté, tout le monde a compris que la
crise appelle des solutions globales ; mais, en même temps, chacun cherche à tirer son épingle
du jeu ou à sauver les meubles. C‟est vrai évidemment pour les capitaux individuels et la
discussion des modalités du plan Paulson a également porté sur cette question : faut- il sauver
toutes les institutions financières ou seulement les «canards boiteux»? Mais c‟est surtout vrai
au niveau de la fameuse gouvernance mondiale, et chacun a pu constater le retour en force des
intérêts nationaux.

53
Les capitaux déployés sur le marché mondial ont tout intérêt à rentrer au port et à s‟abriter
sous le parapluie de leur État national. On ne peut pas pour autant parler de «retour de l‟État»
parce que l‟État est toujours le garant en dernier ressort des intérêts de la bourgeoisie. Les
thèses sur l‟«Empire» montrent à nouveau leurs limites : la mondialisation n‟a pas supprimé
la concurrence entre capitaux et les rivalités inter-capitalistes, ni conduit à la formation d‟un
gouvernement capitaliste mondial. En Europe, les difficultés de la coordination s‟expliquent
par le degré inégal d‟exposition aux effets de la crise et manifestent l‟inexistence d‟un
véritable capital européen. Tant qu‟il s‟agissait d‟injecter des liquidités, la Banque centrale
européenne a pu intervenir, certes au coup par coup. Mais dès lors qu‟il s‟agit de dépenses à
inscrire au budget, on s‟aperçoit que l‟Union européenne s‟est «constitutionnellement» privée
des moyens de faire face à une telle crise. L‟écart se creuse entre la France qui voudrait un
plan de sauvegarde à l‟échelle européenne et l‟Allemagne ou l‟Irlande qui prônent le chacun
pour soi. Ces divergences seront sans doute provisoirement dépassées si la crise s‟amplifie. Il
n‟en reste pas moins que la crise aura durablement remis en question les principes mêmes de
la construction européenne néolibérale. Elle va en outre souligner les faiblesses structurelles
de l‟économie européenne : «le pessimisme s‟impose» même pour le moyen terme (5).

Les effets sur les travailleurs

Tout se passe aujourd‟hui comme si la crise était une sorte de cataclysme naturel qui frappait
tout le monde de la même manière, et Fillon, le Premier ministre français n‟a pas manqué de
faire appel à l‟unité nationale. Le climat de panique est mis à profit pour que chacun se mette
dans la peau d‟un spéculateur. Les faillites bancaires sont présentées comme une menace qui
pèse aussi sur les plus modestes déposants. Tout ceci n‟est évidemment pas de l‟ordre du
complot, mais contribue à occulter les enjeux sociaux que l‟on peut résumer en posant la vraie
question : qui va payer les pots cassés?

Dans l‟esprit des possédants, il faut que ce soit les travailleurs qui sont d‟ores et déjà en
première ligne, non pas tant comme épargnants que comme salariés ou retraités. La crise a
déjà ruiné des millions de ménages aux États-Unis mais elle est lourde de conséquences très
graves, d‟abord pour les retraités des pays où les fonds de pension sont plus développés,
comme aux États-Unis et au Royaume-Uni. Dans ces deux pays, le système était déjà au bord
de la faillite et la valeur réelle des pensions va évidemment s‟effondrer avec la chute
boursière. C‟est une leçon à tirer : décidément, c‟est une très mauvaise idée de jouer sa

54
retraite à la Bourse et tout plan de sauvegarde devrait prendre en compte cet aspect des choses
qui est bien sûr absent du plan Paulson.

Les salariés sont doublement dans le collimateur : directement, parce que les entreprises vont
tenter de compenser leurs pertes financières par un blocage des salaires encore plus strict, en
prenant pour argument les risques d‟inflation, le prix du pétrole et en profitant du climat
général d‟incertitude. Ils vont subir aussi les effets indirects de la crise financière sur
l‟économie réelle qui va entraîner son lot de faillites et de licenciements. Les destructions
d‟emploi ont déjà commencé aux États-Unis ou en France. Ils seront également les premières
victimes de la réduction des dépenses sociales destinée à compenser la charge des plans de
sauvegarde.

Éradication de la finance et bouclie r social

La crise confirme de manière éclatante les critiques adressées au capitalisme financiarisé d‟un
point de vue anticapitaliste et/ou altermondialiste. Tous les économistes qui vantaient les
bienfaits de la finance font aujourd‟hui de grands discours sur sa nécessaire régulation. En
France, Sarkozy n‟a pas de mots assez durs pour dénoncer les excès du capitalisme, alors qu‟il
avait inscrit à son programme le développement du crédit hypothécaire. Le paysage
idéologique se transforme donc à grande vitesse et il faut s‟appuyer sur la déroute des avocats
du néolibéralisme.

Mais la crise ne crée pas pour autant un climat spontanément favorable aux alternatives. Tous
les néolibéraux reconvertis ont ouvert en grand le robinet d‟eau tiède et multiplient leurs
propres plans de sauvetage idéologiques à base de transparence, ratios prudentiels, séparation
des banques de dépôt et d‟affaires, réintégration de la titrisation dans le bilan, limitation des
rémunérations des dirigeants, agence de notation, réforme des normes comptables, etc.

Il s‟agit, comme dit l‟un d‟entre eux, de «sauver le capitalisme des capitalistes» (6). Ces
propositions déstabilisent la gauche sociale- libérale dont c‟est au fond le programme. Mais
c‟est un programme tout à fait minimum qui risque même de détourner des véritables enjeux.
Certaines des mesures avancées doivent être soutenues, comme l‟interdiction des paradis
fiscaux, mais il serait naïf de faire confiance aux autorités financières et aux gouvernements
pour les mettre en œuvre. Il faut les inscrire dans un projet plus large qui vise à éradiquer la
finance, et qui mette la question sociale au premier plan. Encore une fois, la source ultime de

55
la financiarisation est le refus de satisfaire les besoins sociaux majoritaires. Par conséquent,
on ne peut faire éclater la bulle financière une bonne fois pour toutes sans fermer les robinets
qui l‟approvisionnent.

Cette orientation peut se décliner différemment selon les pays. En Europe, elle pourrait
combiner deux axes. Le premier, c‟est la nationalisation des banques. Mais c‟est exactement
ce qu‟ils sont en train de faire, objectera-t-on. L‟argument est réversible : cela prouve
justement que c‟est possible! Et les nationalisations auxquelles on assiste ne font que
socialiser les pertes et ont pour fonction de sauver la finance privatisée. Une véritable
nationalisation doit se faire sans contrepartie et porter sur l‟ensemble du système parce tous
les financiers sont responsables de la crise, qu‟ils y aient perdu ou non. Sinon, il ne s‟agit que
d‟une aide d‟État à la restructuration du secteur bancaire.

Le deuxième axe pourrait s‟appeler bouclier social par référence au bouclier fiscal qui, en
France, protège les riches de l‟impôt. Il s‟agit bien de protéger les salariés des retombées de la
crise car personne ne peut décemment soutenir qu‟ils y aient une quelconque responsabilité.
En même temps, il faut imaginer des mesures qui jettent les bases d‟une autre répartition des
revenus et qui s‟appuient sur un argument élémentaire de justice sociale. Il devrait être exclu
que les entreprises continuent à verser à leurs actionnaires des masses énormes de dividendes,
en même temps qu‟ils continueraient à licencier, à précariser et à bloquer les salaires. Dans le
cas de la France, les dividendes nets versés par les entreprises représentent 12,4 % de la masse
salariale en 2007, contre 4,4 % en 1982.

La crise est donc l‟occasion d‟enclencher un contre-transfert des dividendes vers les salaires.
Plutôt que de geler les salaires, l‟heure est venue de geler les dividendes à leur niveau actuel
et de les transférer à un fonds de mutualisation destiné à d‟autres usages, sous contrôle des
salariés. Ces sommes pourraient être utilisées, dans des proportions à discuter
démocratiquement, au maintien du revenu des chômeurs (l‟interdiction des dividendes
financerait ainsi l‟interdiction des licenciements) et au financement de la Sécurité sociale, des
budgets sociaux et des service publics. Une autre mesure consisterait à imposer le maintien du
pouvoir d‟achat des salariés en retirant à proportion due les aides publiques aux entreprises
qui s‟y refuseraient. De telles mesures sont les seules susceptibles de faire payer les
responsables de la crise et jetteraient les bases d‟une meilleure répartition des richesses. Les
sommes potentiellement concernées sont de 90 milliards d‟euros : c‟est 5% du Produit

56
intérieur brut (PIB) français, soit exactement la même proportion que les 700 milliards de
dollars prévus par le plan Paulson aux États-Unis.

Notes

1. pour un récit détaillé, voir Les Échos, « La crise financière mondiale au jour le jour », http://tinyurl.com/toxico2 ou Jacques
Sapir, « Sept jours qui ébranlèrent la finance », http://tinyurl.com/toxico1

2. pour une présentation synthétique, voir Michel Aglietta, « 10 clés pour comprendre la crise », Le Nouvel Observateur, 25
septembre 2008, http://tinyurl.com/toxico3

3. voir Michel Husson, « La hausse tendancielle du taux d’exploitation », Inprecor n°534-535, janvier-février 2008,
http://hussonet.free.fr/parvainp.pdf

4. voir Michel Husson, « États-Unis : la fin d’un modèle », La Brèche n°3, 2008, http://hussonet.free.fr/usbrech3.pdf

5. Patrick Artus, « Peut-on être très pessimiste sur la situation économique, à moyen terme, de la zone euro ? »,
http://gesd.free.fr/flas8420.pdf

6. Luigi Zingales, « Why Paulson is Wrong », septembre 2008, http://gesd.free.fr/zingales.pdf

* Michel Husson est économiste, membre de la Fondation Copernic et du Conseil scientifique d’ATTAC. Il vient de publier Un
pur capitalisme , Lausanne 2008, Éditions Page Deux. On peut consulter ses écrits sur http://hussonet.free.fr/

57
Le triomphe catastrophique du néolibéralisme

Autor : Alain Bihr*

«Qui est le plus grand criminel:


celui qui vole une banque
ou celui qui en fonde une ?»
Meckie Messer
dans L’Opéra de Quatre Sous
de Bertold Brecht

«Entre 1971 et 2008, l’économie mondiale a enregistré pas moins de vingt-quatre crises
financières soit, en moyenne, une crise toutes les années et demie. Un record historique.» [1]
Pour mémoire, rappelons simplement les principales d‟entre elles: en 1982-1983, la crise de la
dette des pays latino-américains; en octobre 1987, le krach boursier aux Etats-Unis et en
Europe; en 1989, celui des junk bonds (obligations pourries), suivi de la faillite et du
sauvetage par l‟Etat (donc le contribuable) états-unien des caisses d‟épargne (Loan and
Savings) à la hauteur de 500 milliards de dollars; l‟éclatement de la bulle immobilière
japonaise en 1991 et la crise consécutive de tout le système bancaire nippon; la crise
financière du printemps et de l‟été 1997 en Asie du Sud-Est, avec des contrecoups importants
l‟année suivante en Russie, en Turquie, au Brésil et au Mexique, se concluant par la faillite et
en octobre 1998 de Long Term Capital Management (LTCM), un hedge fund (un fond
spéculatif spécialisé dans les opérations spéculatives à forts risques mais aussi à fort
rendement, à condition qu‟elles réussissent) basé à New York; l‟éclatement de la bulle
Internet au printemps 2000 et la longue dégringolade boursière qui s‟est poursuivie jusqu‟à
l‟automne de l‟année suivante, ponctuée par les scandales Enron, WorldCom et Vivendi et
conclue par la crise financière argentine de novembre-décembre 2001.

Ce qui frappe dans cette séquence, c‟est l‟augmentation continue de la fréquence et de la


gravité de ces crises. Or, relativement à ces dernières, et alors même qu‟elle n‟en est qu‟à ses
débuts, l‟actuelle crise surenchérit encore par son ampleur et par la rapidité de sa diffusion.
Sous ce double rapport, elle n‟est comparable qu‟à la crise de novembre 1929, qu‟elle dépasse
d‟ailleurs par son échelle: c‟est la plus grosse crise financière de l‟histoire du capitalisme. Du
coup, ce qu‟elle met en jeu, c‟est l‟ensemble des politiques néolibérales suivies depuis une
trentaine d‟années dont elle est largement le résultat; et dans cette mesure même, quelle qu‟en
soit l‟issue, elle est appelée à constituer un tournant dans la longue crise structurelle dans
laquelle le capitalisme est engagé depuis le milieu des années 1970.

58
De la crise de «l’économie fictive» à la crise de «l’économie réelle»

Revenons tout d‟abord sur le processus de cette crise, sur l‟enchaînement qui nous a amenés
au point où nous en sommes aujourd‟hui. Ou plutôt: au point où nous en serons demain, car la
crise, la vraie, reste à venir. Elle est encore largement devant nous. Dans ce processus, on peut
distinguer grossièrement trois temps, sachant que ceux-ci se chevauchent en partie.

Hier. Au point de départ, un boom de l‟immobilier aux Etats-Unis provoqué par la généreuse
distribution de prêts aux ménages désireux d‟accéder à la propriété de leur logement, boom
dont l‟entretien suppose rapidement de faire appel à des ménages que les créanciers savent
pourtant difficilement solvables du fait de la modicité de leurs revenus. Les prêts accordés à
ces derniers ont été, de ce fait, qualifiés de subprime, littéralement «inférieur à la norme de
qualité»: en dessous des garanties habituellement demandées aux emprunteurs en ce qui
concerne leur capacité de faire face aux charges de leur dette [2]. En fait, tout en promettant à
ces ménages de pouvoir s‟enrichir rapidement en revendant le cas échéant leur logement, les
créanciers comptaient sur la poursuite du boom immobilier, donc sur la hausse continue du
prix des logements, pour permettre aux ménages débiteurs de faire face à leurs
remboursements, moyennant des prêts supplémentaires accordés sur la base de la valorisation
constante de leur bien. En somme, on anticipait un mécanisme d‟endettement pour ne pas dire
de surendettement perpétuel pour continuer à pousser à la hausse le prix de l‟immobilier et la
valeur boursière des titres des créances immobilières.

Les prêts subprime sont donc, dès le départ, des crédits hypothécaires à haut risque pour leurs
créanciers que sont les banques. Risques dont, pour cette raison, elles se débarrassent en les
revendant à des organismes spécialisés dans le prêt hypothécaire chargés de leur titrisation,
dont les deux principaux sont aux Etats-Unis surnommés Fannie Mae et Freddy Mac. La
titrisation est une technique financière consistant à regrouper et à fractionner des dettes sous
forme d‟obligations (en l‟occurrence les Residential Mortgage Backed Securities ou RBMS:
titres adossés à des crédits immobiliers) pour les vendre sur le marché financier, autrement dit
à proposer aux acteurs intervenant sur ce marché (essentiellement des banques, des
compagnies d‟assurance et des fonds d‟investissement, notamment les fameux hedge funds,
souvent eux- mêmes filiales de banques ou de compagnies d‟assurance, opérant la plupart du
temps depuis des paradis fiscaux) de prendre des participations à la dette en question, en
contrepartie de la part correspondante des intérêts qui courent sur elles [3]. Lesquels acteurs
vont répéter à leur tour l‟opération en titrisant leurs propres participations (grâce à des

59
«produits financiers» dont la sophistication n‟a d‟égale que l‟opacité: les Credit Default
Swaps ou CDS, dérivés de crédit impliquant le transfert du risque inhérent à ce dernier, et les
Collateralized Debt Obligations ou CDO: des créances dérivés de créances), et ainsi de suite
deux ou même trois fois, la dispersion des risques d‟insolvab ilité des débiteurs étant censée
réduire ceux-ci pour chacun des créanciers (ce qui ne pouvait que lever leurs dernières
préventions). Le tout sous couvert des agences de notation chargées d‟évaluer ces différents
«produits», largement complices des organismes réalisant de pareils montages, et des
autorités régulatrices des marchés financiers (ou ce qui en reste), tous communiant dans la
religion de la capacité autorégulatrice des marchés. Un processus que l‟irresponsabilité ainsi
organisée de chacun de ses acteurs singuliers, encouragée par l‟appât des gains potentiels, ne
pouvait que pousser au-delà de toute limite.

Au terme de ce processus de socialisation des créances courant sur les prêts subprime et
d‟autres prêts tout aussi douteux, par la vertu de la libéralisation (de la déréglementation, du
décloisonnement et de l‟internationalisation) des activités financières intervenue depuis la fin
des années 1970, les risques inhérents à ces prêts se sont diffusés à une grande partie du
capital financier au niveau planétaire, sans même quelquefois que les acteurs de ce dernier ne
le sachent ou du moins sans qu‟ils connaissent ni mesurent l‟étendue exacte de leur
implication – sans surtout qu‟ils cherchent même à le savoir. En conséquence lorsque, à
l‟automne 2006 et au printemps 2007, du fait de l‟éclatement de la bulle immobilière (le
retournement à la baisse du prix des logements, du fait de la saturation du marché), du
ralentissement de l‟activité économique (impliquant licenciement et tassement des hausses
salariales) ou de la hausse des prix de l‟énergie et des produits alimentaires, voire du simple
fait de la hausse des charges de remboursement de la dette (la plupart des prêts subprime
prévoyaient des taux d‟intérêts relativement bas sur les deux premières années de
remboursement et une hausse substantielle à partir de la troisième année), des ménages de
plus en plus nombreux se sont déclarés insolvables aux Etats-Unis et du même coup expulsés
de leur logement[4], c‟est potentiellement l‟ensemble de la finance mondiale qui s‟est trouvé
menacé par ce défaut. Tout simplement parce que les créances sur lesquelles étaient assis
leurs titres – et par conséquent ces derniers avec elles – étaient dévalorisées: réduits à la
valeur en chute libre de logements inoccupés, venant s‟amasser au gré des expulsions sur un
marché déjà saturé, voire réduits à rien. La stabilité du château de cartes aux dimensions
planétaires construit par empilement savant de „papiers‟ divers (les titres) se trouvait
immédiatement menacée. Les as de la finance, qui avaient oublié ce principe élémentaire de

60
toute sagesse financière qui veut qu‟on ne prête qu‟aux riches ou du moins à des débiteurs
qu‟on peut raisonnablement tenir pour solvables et qui croyaient avoir diminué le risque
inhérent au crédit par la technique miraculeuse de la titrisation des dettes immobilières,
n‟étaient parvenus qu‟à diffuser ce dernier au sein du système financier mondial.

Aujourd’hui. L‟étendue des dégâts, c‟est-à-dire l‟ampleur de l‟implication de l‟ensemble de la


finance mondiale dans cette déconfiture et des pertes qu‟elle allait devoir enregistrer, mettra
cependant encore presque dix-huit mois à se révéler, entre le printemps 2007 et l‟automne de
cette année.

Au départ, il a pu sembler que la crise serait circonscrite aux seuls organismes de prêts
hypothécaires états-uniens directement impliqués dans le montage des prêts subprime et, au
pire, les quelques banques et compagnies d‟assurance auxquels ils étaient adossés par le biais
de la titrisation. L‟affaire semblait pouvoir se circonscrire à quelques faillites retentissantes
dans ce secteur, sans plus. Mais, rapidement, la chaîne des implications dans la crise des
différents centres du capital financier mondial, forgée par le mécanisme de la titrisation en
cascade des créances et lubrifiée par les vertus de la „libéralisation‟ des activités financières,
est apparue. Et avec elle, le caractère systémique de la crise: le fait que cette dernière
menaçait le système financier tout entier et, au-delà de ce dernier, l‟économie mondiale elle-
même.

Le premier signe en même temps que le principal relais du caractère systémique de cette crise
a été la diffusion de cette dernière au secteur bancaire, non seulement aux Etats-Unis mais
encore en Europe. Au cours du premier semestre de cette année, à l‟occasion de la publication
de leur bilan comptable pour l‟année 2007, de nombreuses banques européennes, y compris
parmi les plus grandes d‟entre elles, ont ainsi dû déclarer des pertes considérables du fait de
leur implication dans l‟achat de titres assis sur des prêts subprime. A titre d‟exemple, citons
l‟Union des banques suisses (UBS), la principale banque helvétique, qui gère à elle se ule une
bonne part de la fortune privée mondiale, a ainsi annoncé une perte de 20 milliards de dollars.
Encore ne s‟agissait- il là que de pertes. La défaillance de la banque britannique Nothern
Rock, spécialisée dans les prêts immobiliers, qui n‟a dû d‟échapper à la faillite pure et simple
qu‟au fait d‟avoir été nationalisée en catastrophe en mars dernier, et celle de la banque états-
unienne Bear Stearns rachetée à vil prix par JP Morgan grâce à de l‟argent public, a montré
que l‟affaire pouvait être beaucoup plus sérieuse encore.

61
En se multipliant à partir du printemps, les annonces de pareilles pertes et défaillances n‟ont
pu qu‟instiller puis aggraver le doute, et d‟abord dans les milieux financiers, sur les menaces,
cachées ou tout simplement ignorées, pesant sur la solvabilité de la plupart des acteurs et la
solidité de l‟ensemble du système financier. La conséquence en a été, au cours de ce
printemps et plus encore durant l‟été, aux Etats-Unis puis en Europe, une contraction du
marché interbancaire: du marché par lequel les banques se prêtent de l‟argent, généralement à
court terme (d‟un à trois mois) voire à très court terme (sur la journée ou la semaine). Activité
normale tant qu‟il s‟agit tout juste de garantir la liquidité des banques (leur trésore rie), ces
prêts interbancaires se ralentissent voire cessent purement et simplement dès lors que c‟est la
solvabilité des acteurs qui se met à devenir douteuse, autrement dit lorsque les banques se
mettent à douter les unes des autres: à ne plus se faire crédit, dans tous les sens du terme.
Avec pour double effet d‟aggraver du même coup immédiatement la situation des plus
fragiles des banques d‟affaire, celles précisément les plus atteintes par les pertes dues à leur
possession de titres assis sur les prêts subprime, au risque de les acculer à la faillite; et,
surtout, de menacer à terme l‟ensemble du système bancaire, y compris ses éléments les plus
solvables, tout en réduisant considérablement sa capacité à remplir sa fonction de créancier
auprès des acteurs économiques (entreprises et ménages) en leur accordant les prêts qu‟ils
sollicitent d‟eux.

Dès lors, il est devenu évident que le système financier n‟était plus en mesure de se sauver
lui- même [5]. La brutale accélération de la crise bancaire par défaut de liquidités et la panique
boursière consécutive au refus du gouvernement Bush de voler au secours de la banque
Lehman Brothers [6], entraînant la plus grande faillite de l‟histoire des Etats-Unis (elle laisse
une ardoise de 613 milliards de dollars !), a prouvé a contrario que les capacités
d‟autorégulation du système financier étaient d‟ores et déjà très largement dépassées. Il était
temps dès lors que les Etats entrent en jeu via les banques centrales. Non plus seulement pour
sauver des acteurs majeurs du capital financier particulièrement exposés (tels le premier
assureur au monde, AIG, les deux principaux organismes de crédit hypothécaire Fannie Mae
et Freddie Mac ainsi que les trois principales banques d‟affaires Goldman Sachs, Morgan
Stanley et Merrill Lynch aux Etats-Unis, la Royal Bank of Scotland – la seconde banque
britannique après la Banque d‟Angleterre –, la Halifax Bank of Scotland et la banque
Bradford&Bingley au Royaume-Uni, la banque Hypo Real Estate spécialisée dans le prêt
immobilier et la Deutsche Bank – la première banque allemande – en Allemagne, Fortis au
Benelux, Dexia en France et en Belgique) mais pour tenter de sauver le système financier tout

62
entier qui, par contagion, menaçait de s‟écrouler partie par partie, la défaillance des uns
risquant d‟entraîner dans le gouffre les autres.

Tel est le sens des différents plans de sauvetage adoptés fin septembre et début octobre par le
gouvernement états- unien, par le gouvernement britannique ainsi que par les principaux
gouvernements de la zone euro. Ces plans visent, d‟une part, à prévenir la faillite de tout
capital financier majeur (une grande banque, une grande compagnie d‟assurance, un fonds
d‟investissement important, etc.), en reprenant à son compte ses créances douteuses (pour une
durée plus ou moins longue) voire en les rachetant (en espérant pouvoir e n revendre une
partie, même dévalorisées) ou en entrant purement ou simplement dans son capital, autrement
dit en le nationalisant en tout ou en partie. Dans les deux cas, il s‟agit bien de socialiser les
pertes enregistrées par ces capitaux, autrement dit d‟en faire supporter le poids par les
contribuables. Tandis que, d‟autre part, la garantie des Etats est donnée aux prêts
interbancaires, de manière à relancer le marché interbancaire, tout en garantissant par ailleurs
tout ou partie des dépôts bancaires, de manière à prévenir tout retrait massif des déposants.

Demain. A ce jour, nul ne peut dire si ces plans de sauvetage du système bancaire et plus
largement financier seront suffisants. Tout dépend de l‟ampleur des pertes qu‟il s‟agira
d‟éponger, que personne n‟est actuellement en mesure de chiffrer, du fait de l‟opacité qui
entoure les activités bancaires. Opacité qui ne tient pas seulement ni d‟abord au secret dont les
directions bancaires tiennent à entourer leurs opérations et leur bilan (donc leurs pertes
éventuelles). Encore une fois, l‟intrication des différents acteurs du système financiers tout
comme la sophistication des «produits financiers» sont telles aujourd‟hui qu‟aucun de ces
acteurs ne sait exactement quelle est sa situation: quelle valeur exacte attribuer aux différents
titres de propriété et de crédit dont se compose son capital.

D‟autant plus qu‟on n‟est pas au bout de nos surprises en la matière. D‟une part, le gros des
défaillances de remboursement des prêts subprime est encore à venir. Tandis que, d‟autre part,
déjà gonfle la vague de celles d‟une autre catégorie de prêts hypothécaires, les crédits Alt-A, à
peine mieux garantis et dont l‟encours est supérieur à celui des prêts subprime [7]. Sans
compter la bombe à retardement que constitue l‟empilement de CDS qui courent sur le
tout pour lesquels des sommes astronomiques ont été avancées [8].

Par contre, ce qui est certain, c‟est que de la sphère financière, la crise est déjà en train de se
communiquer à «l’économie réelle», autrement dit aux activités industrielles et commerciales.

63
Déjà, tous les gouvernements révisent à la baisse leurs prévisions de croissance; et les
nouveaux taux annoncés, encore exagérément optimistes, flirtent pourtant tous avec le niveau
zéro, quelquefois par la négative. Le plus probable est un scénario à la japonaise: rappelons
que le secteur banquier japonais a mis plus de dix ans pour se remettre de krach immobilier de
1991, dans lequel il était fortement impliqué, contraignant pendant ce temps toute l‟économie
japonaise à la langueur.

«Les marchés», comme disent les économistes professionnels ou médiatiques en parlant des
bourses, ne s‟y sont pas trompés: en plongeant partout en dépit de l‟annonce des mirobolants
plans de sauvetage sans précédent (750 milliards de dollars aux Etats-Unis, 500 milliards de
livres au Royaume-Uni, 1700 milliards dans la zone euros), ils n‟ont fait qu‟anticiper sur une
récession et même sans doute une dépression économique désormais certaine, non seulement
aux Etats-Unis et en Europe mais, par contrecoup, partout dans le monde. Car, même si ces
plans sont en mesure d‟enrayer la crise bancaire, d‟éviter qu‟elle ne s‟aggrave en devenant
une crise systémique, d‟éponger les pertes les plus importantes et de sauver les acteurs
financiers majeurs, ils ne sont pas en mesure d‟en effacer les traces durables, au moins jusqu‟à
moyen terme. D‟une part, parce que la capacité des banques à remplir leur fonction de
créanciers de «l’économie réelle» va continuer à se trouver affectée par les pertes qu‟elles ont
enregistrées et vont encore enregistrer [9], ainsi que par la persistance d‟une certaine défiance
réciproque, tant que la situation financière ne sera pas totalement assainie (à supposer qu‟elle
puisse l‟être). Et surtout tant que l‟horizon économique ne se sera pas dégagé: comme les
chats échaudés craignent l‟eau froide, les banquiers passent aujourd‟hui du régime débridé du
crédit à tout va et bon marché au régime bridé du crédit rare et cher. Les effets de la
contraction du crédit (le fameux credit crunch) sont d‟ores et déjà sensibles; ainsi, deux
secteurs dans lesquels la demande est fortement tributaire du crédit, l‟immobilier et
l‟automobile, ont connu au cours des dernières semaines une contraction de leur volume
d‟activités (en France, par exemple, du premier au second semestre de cette année, la valeur
ajoutée produite dans ces deux secteurs a reculé respectivement de 2,1% et 7,1% – du jamais
vu depuis 1978 [10]).

La situation est suffisamment sérieuse pour qu‟on envisage aujourd‟hui ce qui, hier encore,
serait apparu comme inimaginable, par exemple la faillite d‟un géant de l‟automobile comme
General Motors ou Chrysler. Et ce d‟autant plus qu‟elle est appelée à s‟aggraver encore par le
fait que, d‟autre part, la fraction des pertes subies par le secteur bancaire qui va se trouver

64
socialisée par l‟intermédiaire des Etats, soit en définitive par l‟impôt, conjuguée avec le
ralentissement voire la contraction de l‟activité économique, synonyme de licenciements et
d‟austérité renforcée, vont limiter d‟autant le revenu disponible des salariés déjà largement
amputé. Or, ainsi que nous allons le voir, c‟est bien là le fond du problème, dont toute la crise
financière précédente n‟est qu‟une conséquence directe bien que largement méconnue par la
quasi- totalité des analyses qui lui ont été consacrées.

Le crépuscule des idoles néolibérales

Si elle n‟a pas encore emporté le système bancaire et si elle n‟a pas encore plongé
«l’économie réelle» dans la dépression, l‟actuelle crise financière et ses prolongements,
actuels et potentiels, a déjà fait une victime d‟importance: le néolibéralisme. Et ce tant sur le
plan théorique (en fait idéologique), en sa qualité de doctrine économique dominant
aujourd‟hui largement le champ de l‟économie politique, que sur le plan pratique, en tant que
politique, ayant jusqu‟à hier dictée la conduite de tous les gouvernements à la tête des
principaux Etats ainsi que celle des dirigeants des principales institutions internationales en
charge de la régulation de l‟économie mondiale (Banque des règlements internationaux,
Fonds monétaire international, Banque mondiale, Organisation mondiale du commerce, etc.)

La crise actuelle aura apporté la preuve a contrario de l‟inanité de tous les principes édictés
par des cohortes d‟hommes politiques, de journalistes et d‟universitaires, depuis la fin des
années 1970, avec l‟arrogance de ceux qui détiennent le pouvoir et peuvent l‟exercer sans
retenue et l‟aveuglement de croyants s‟abandonnant sans retenue à l‟idolâtrie des fétiches
capitalistes, au point d‟en venir à pervertir jusqu‟à la langue qu‟ils utilisent [11]. Que ne nous
a-t-on répété, des lustres durant, sur tous les tons et sur tous les modes, jusqu‟à plus soif, que
le marché, tous les marchés, était un merveilleux principe autorégulateur, de surcroît guidé
par une providentielle «main invisible» qui réalise partout et toujours les conditions de
«l’optimum économique», à l‟expresse condition toutefois que rien ni personne ne vienne
perturber son autorégulation ! Que rien n‟était donc plus urgent ni plus prometteur de la
prospérité générale que d‟écarter tous les obstacles sur la voie du triomphe de l‟autorégulation
marchande. Obstacles qui avaient noms frontières nationales, réglementations étatiques de la
circulation du capital sous toutes ses formes et, à travers elles, contrô le des investissements et
des désinvestissements, régulation des rapports entre les capitaux, droit du travail et
conventions collectives, salaire minimum, protection sociale publique et entreprises
publiques, etc., le tout de manière à réaliser – enfin ! – ce «marché unique» mondial au sein

65
duquel l‟avènement d‟une «concurrence libre et non faussée» serait le synonyme de
lendemains qui chanteraient éternellement sous le soleil du capital, le tout dans le cadre d‟une
«mondialisation heureuse» ! La liste serait trop longue de tous les perroquets (qui auront été
autant de minables pères roquets) qui ont cherché à nous enfumer par des discours dont le
vide est aujourd‟hui aussi éclatant que les bulles spéculatives qu‟ils ont contribué à constituer.

Car ce que la crise actuelle démontre, c‟est, au contraire, une nouvelle fois, que la finance est
non seulement totalement incapable de se réguler mais que, laissée à elle- même, sans contrôle
ni régulation extérieurs à elle, elle fonctionne de manière à générer sans cesse des
déséquilibres précisément sous la forme de bulles spéculatives, d‟accumulation de capital
fictif dont l‟irréalité finit toujours par éclater lorsqu‟on découvre l‟écart séparant les
espérances (illimités) de gains sur lesquelles cette accumulation est fondée et la réalité
(nécessairement limitée) des profits qui sont censés les valider.

Ce que la crise actuelle démontre, c‟est aussi que les fameuses «règles prudentielles» censées
tenir lieu de cadre régulateur à l‟activité bancaire, en permettant à cette dernière de se libérer
de la tutelle réputée tatillonne et imbécile du contrôle étatique, n‟ont été que le cache-sexe
derrière lequel les banquiers se sont abandonnés aux pires débauches en matière
d‟investissement hasardeux et de paris spéculatifs, prenant ainsi en otages de leurs turpitudes
non seulement les clients mais l‟économie dans son ensemble. Ce que cette crise démontre,
c‟est encore que, du fait du démantèlement de toutes les régulations étatiques, de la libération
du mouvement des capitaux (au premier chef, des capitaux financiers), du décloisonnement
des activités financières (entre banques de dépôts et banques d‟affaires, entre banques et
assurances, etc.), on n‟a fait qu‟accumuler les conditions d‟une crise systémique aux
dimensions planétaires, dans laquelle la défaillance du plombier états- unien, ne parvenant plus
à payer ses traites immobilières, finit par faire vaciller toutes les places financières, de New
York à Tokyo en passant par Londres, Paris, Francfort, Zürich, Hong-Kong, et retour. Ce que
cette crise démontre, c‟est enfin que, lorsque éclatent, avec la crise, l‟irrationalité du marché
et l‟immoralité des marchands, lorsque la «main invisible» du premier se met à distribuer des
claques à tour de bras aux seconds, c‟est l‟Etat, la vieille encore honni, raillé et conspué par
eux, que les apprentis sorciers et requins de la finance appellent au secours et qui est censé
sauver la situation, c‟est-à-dire les sauver du désastre, quitte à tenter de nous faire payer les
pots par eux cassés.

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Bref, la crise actuelle est la démonstration en acte de la faillite irrémédiable de la soi-disant
capacité providentielle des marchés à s‟autoréguler tout en assurant «l’allocation optimale des
ressources». Elle est la preuve du contraire même: de leur incapacité à se réguler et de leur
nocivité essentielle dès lors qu‟on les abandonne à eux- mêmes. Dès lors, il n‟est pas étonnant
que, y compris parmi ceux qui naguère en faisaient leur religion, ils s‟en trouvent pour
annoncer désormais leur décès et en prononcer l‟oraison funèbre, malgré qu‟ils en aient.
Ainsi, entre autres, François Lenglet, rédacteur en chef de La Tribune, et à ce titre naguère
encore un des thuriféraires de la cause néolibérale: «Des banques nationalisées, en Europe et
aux Etats-Unis. Des dirigeants européens qui réhabilitent l'intervention publique et
suspendent les règles communes qui proscrivent les aides d'Etat, tout comme celles qui
promeuvent la concurrence. Les salaires des patrons encadrés, la finance stigmatisée,
l'économie de marché critiquée: la crise a provoqué un gigantesque tête-à-queue idéologique.
Comme si, avec les craquements du système bancaire mondial, se terminait un grand cycle
libéral. Un cycle comme le capitalisme en a connu plusieurs, qui s'interrompent touj ours de
la même façon, avec un krach financier retentissant.» [12]

Et, de fait, depuis quelques jours, c‟est la bousculade aux postes d‟abandon du navire amiral
de la flotte néolibérale qui prend l‟eau de toute part et dont plus personne dans l‟équipage, et
surtout pas les officiers et les sémaphores, ne veut assumer la responsabilité du naufrage et
encore moins couler avec lui. On les voit au contraire rivaliser d‟ardeur dans l‟art de le
saborder publiquement. Mais que, toute honte bue ou sans vergogne, brûlant ce qu‟ils
adoraient encore hier, donnant cul par-dessus tête le spectacle de leur parfaite cuistrerie et de
leur totale absence du sens du ridicule, pour ne pas évoquer un sens moral qu‟ils n‟ont jamais
eu, des ex-croisés de la cause néolibérale puissent aujourd‟hui se rallier à un pareil discours
mettant en cause l‟entreprise de déréglementation et de régulation dont le néolibéralisme s‟est
rendu coupable, devrait nous le rendre a priori suspect. Et, en effet, il ne nous livre qu‟une
partie de la vérité critique à son sujet.

Par-delà la déréglementation: des salaires en défaut…

Car si, à la faveur de la crise actuelle, le néolibéralisme est en train de faire faillite, ce n‟est
pas seulement parce que son œuvre de dérégulation d‟une économie du même coup
«globalisée» a conduit celle-ci au bord du précipice [13]. En effet, cette œuvre de
dérégulation, maintenant poursuivie avec constance depuis près de trois décennies, n‟a jamais
été que le moyen d‟atteindre un autre objectif moins visible, notamment parce que,

67
contrairement au précédent, il n‟était pas déclaré par les théoriciens et les praticiens du
néolibéralisme, hormis dans les cénacles et publications réservés au dialogue entre eux. En
l‟occurrence, pour lutter contre la dégradation des conditions de profitabilité du capital (en
langage marxiste: la baisse tendancielle du taux de profit moyen) qui avait fait entrer le capital
fordiste en récession puis en crise dans les années 1970, il s‟agissait pour eux d‟imposer «un
partage de la valeur ajoutée» plus favorable au capital et plus défavorable au travail (en
langage marxiste: une hausse du taux de plus- value, autrement dit une aggravation du taux
d‟exploitation). A cette fin, il était nécessaire d‟obtenir une augmentation de la durée, de
l‟intensité et de la productivité du travail, tout en freinant voire en bloquant la croissance des
salaires réels, directs et indirects (les prestations sociales), donc en pratiquant une politique
d‟austérité salariale. En un mot, il s‟agissait d‟aggraver les conditions de travail et d‟emploi
des salariés tout en dégradant leur niveau de vie, en termes relatifs sinon absolus.

A cette fin, il convenait d‟affaiblir la capacité de résistance et de lutte des travailleurs, leur
capacité de s‟organiser et de se mobiliser, pour défendre précisément leurs conditions de
travail et d‟emploi ainsi que leur salaire. Le moyen massif auquel le capital aura eu recours
pour y parvenir, aura été des plus classiques: il a consisté à désolidariser les travailleurs en
exacerbant la concurrence entre eux pour l‟accès à l‟emploi, aux postes, aux carrières, etc. Y
auront contribué, d‟une part, la hausse du chômage et le maintien d‟un haut niveau de
chômage – le gonflement de «l’armée industrielle de réserve» opérant aujourd‟hui, comme au
moment où Marx l‟a identifiée, la fonction disciplinaire qui est la sienne à l‟égard des salariés
engagés dans les rangs de «l’armée industrielle en activité». A quoi s‟est ajouté, d‟autre part,
le développement du travail précaire et de toutes les formes d‟individualisation du rapport
salarial (prévalence du contrat individuel sur la convention collective, mobilisation des
travailleurs dans des équipes responsabilisées au regard de leurs objectifs et mises ainsi
systématiquement en concurrence, adjonction au salaire de base de primes distribuées à la tête
du client, etc.). La grande innovation se sera située, enfin, dans l‟exacerbation de la mise en
concurrence internationale des travailleurs, non seulement entre les formations centrales elles-
mêmes (les pays du Nord) mais encore et surtout entre ces dernières et certaines formations
semi-périphériques voire périphériques (les pays de l‟Est et du Sud), par l‟intermédiaire de la
„libéralisation‟ de la circulation internationale du capital. Tel a été l‟enjeu de la libéralisation à
marches forcées du commerce international, imposée par les Etats-Unis (multipliant les
accords bilatéraux), par l‟Union européenne (dans aussi bien que hors de ses frontières), par
l‟OMC succédant au GATT mais aussi par les sinistres «plans d’ajustement structurels» dont

68
le FMI et la Banque mondiale ont accablé les Etats périphériques endettés et devenus
insolvables. Tel a également été l‟enjeu de la libéralisation des investissements, notamment
directs, permettant aux entreprises transnationales de répartir les différents segments d‟un
même procès de production et les différentes phases du procès de valorisation de leur capital
entre différents Etats, en mettant ainsi méthodiquement en concurrence nations et régions et, à
travers elles, leurs travailleurs, pour obtenir d‟elles qu‟elles se lancent dans la cour se au moins
disant salarial, social, fiscal et écologique. Les fameuses «délocalisations industrielles» n‟en
sont que la face la plus visible parce que la plus sensible dans les Etats centraux.

Il est inutile de faire remarquer, tant la chose est connue de tous, que toutes les mesures
précédentes, convergeant vers la dégradation des conditions d‟emploi, de travail et de
rémunération des salariés, ont figuré en bonne place dans l‟agenda des politiques néolibérales
au cours des trois dernières décennies. Par contre, il faut souligner, car la chose est encore
trop peu connue, qu‟elles ont très largement atteint leur objectif en matière de distorsion du
«partage de la valeur ajoutée» au profit du capital. En ce qui concerne la France, j‟ai eu
l‟occasion de le souligner dans ces colonnes mêmes: entre le début des années 1980 et le
milieu des années 2000, la part des salaires dans la valeur ajoutée brute des entreprises
industrielles et commerciales a chuté de neuf points; et, même si l‟on prend comme référence
le régime de croisière du capital fordiste des années 1960, la chute est encore de plus de
quatre points [14]. Théoriquement, cela signifie une paupérisation relative de l‟ensemble du
salariat sur ces dernières décennies, derrière laquelle se masque très certainement la
paupérisation absolue de certaines catégories de salariés, celles situées au bas de l‟échelle
salariale en termes de précarité des conditions d‟emploi et de (bas) niveau des salaires. Et la
France ne constitue nullement une exception en la matière: selon le Rapport sur le travail dans
le monde 2008 récemment publié par l‟Organisation internationale du travail (OIT), «Dans 51
des 73 pays pour lesquelles des données sont disponibles, la part des salaires dans le revenu
total a reculé au cours des vingt dernières années. Le plus fort déclin de la part des salaires
dans le PIB s’est produit en Amérique latine et dans les Caraïbes (-13 points de
pourcentage), suivi par l’Asie et le Pacifique (-10 points de pourcentage) et les économies
développées (-9 points de pourcentage).» [15] D‟ailleurs, même les représentants du capital le
reconnaissent; ainsi, Alan Greenspan, l‟ancien directeur de la FED, la banque centrale états-
unienne a ainsi déclaré: «(…) la part des salaires dans le revenu national aux Etats-Unis et
dans d’autres pays développés atteint un niveau exceptionnellement bas selon des normes
historiques» [16].

69
Ainsi, en ce qui concerne «le partage de la valeur ajoutée» tout comme en ce qui concerne la
déréglementation des marchés, le néolibéralisme aura largement atteint ses objectifs. Mais,
dans un cas comme dans l‟autre, son triomphe aura été de courte durée et synonyme de
victoire à la Pyrrhus. Car c‟est l‟aggravation ainsi obtenue de l‟exploitation des travailleurs,
partant leur paupérisation relative ou même absolue, qui aura en définitive réuni les
conditions de la crise actuelle, la déréglementation ne faisant au mieux que l‟amplifier.

Pour comprendre cette proposition paradoxale, un (tout petit) détour théorique s‟impose.
Parmi les différentes contradictions structurelles (donc permanentes et indépassables)
auxquelles se heurte la reproduction du capital figure celle qui naît de l‟ambivalence
fondamentale du salaire du point de vue du capital. D‟une part, le salaire es t un coût, c‟est
l‟une des deux composantes principales du coût de production des marchandises ; et le
«partage de la valeur ajoutée est d‟autant plus favorable au capital, donc sa valorisation (la
plus-value) d‟autant plus importante, que le salaire peut être comprimé. Mais, d‟autre part, il
ne suffit pas de produire des marchandises dont la valeur contient la part la plus importante de
plus-value possible; il faut encore pouvoir les vendre en réalisant cette plus-value. Et, sous ce
rapport, le salaire change de sens: il devient un des principaux facteurs de la demande finale
solvable. Et si on le comprime trop, on réduit d‟autant cette dernière, en engendrant du même
coup toutes les conditions d‟une crise de surproduction.

La contradiction est d‟autant plus redoutable que ces deux termes ne se situent pas au même
niveau de perception de la réalité. Chaque capitaliste (chaque entrepreneur, chaque direction
d‟entreprise) ne conçoit généralement le salaire que sous le premier angle, comme un coût
qu‟il fait tout pour comprimer. Tenir compte de l‟autre aspect, avoir conscience qu‟il ne faut
pas trop pressurer les salaires, sans quoi c‟est la possibilité même de la reproduction de
l‟ensemble du capital en fonction dans la société qui va se trouver compromise, éc happe le
plus souvent à la conscience des capitalistes pris individuellement, dont l‟intelligence ne
dépasse ordinairement pas l‟horizon de leurs intérêts singuliers les plus immédiats – hormis
quelques capitalistes ou groupes de capitalistes d‟exception, particulièrement clairvoyants et
avisés. Ce point de vue plus large ne peut ordinairement être que celui de la classe capitaliste
dans son ensemble, tel qu‟il peut s‟élaborer dans des clubs de pensée, des institutions
universitaires ou des formations politiques et tel qu‟il peut inspirer par moments „l‟état- major‟
de la bourgeoisie, entendons l‟Etat, plus exactement ses sommets administratifs et ses sphères
gouvernementales. A la condition cependant que la grille idéologique à travers laquelle cet

70
„état- major‟ comprend le monde social et ordonne son action sur lui ne fasse pas obstacle à
son intelligence de l‟ambivalence du salaire relativement aux conditions de valorisation du
capital. Ce qui a précisément été le cas avec le néolibéralisme.

… et une plus-value en excès !

L‟adoption de politiques néolibérales, leur mise en œuvre résolue et leur poursuite


méthodique depuis près de trente ans auront donc produit ce premier effet de créer les
conditions d‟une crise de surproduction en comprimant par trop les sa laires: en somme, une
crise de surproduction par sous-consommation relative des salariés. Mais elles ont
simultanément produit un second effet complémentaire du précédent: l‟accroissement de la
plus-value, absolu (en termes de masse de la plus- value) aussi bien que relatif (en termes de
taux de la plus-value). Tel était d‟ailleurs leur objectif, là encore largement atteint. Cela aura
sans doute permis d‟améliorer la profitabilité du capital industriel et commercial, le taux de
profit moyen des entreprises, en rendant possible la relance de l‟accumulation de leur capital à
partir du début des années 1980. Mais cela les aura aussi progressivement confrontées à des
difficultés croissantes pour écouler une production elle-même croissante, du fait précisément
de l‟étranglement progressif des salaires qui s‟opérait parallèlement. D‟où l‟allure singulière
de l‟accumulation du capital depuis lors, faite d‟une succession de relances qui avortent
rapidement sous forme de récessions, de stagnations voire de mini-dépressions, en somme une
suite de stop and go comme disent les Anglo-Saxons; mais aussi le fait singulier qu‟en
définitive le taux d‟accumulation soit devenu inférieur au taux de profit [17]. En somme, les
profits excèdent ce dont les entreprises ont besoin pour financer leurs investissements: plus
exactement, ce qu‟elles peuvent investir étant donné les conditions faites à la production par
l‟insuffisance des débouchés due à la contraction de la part des salaires dans «la valeur
ajoutée».

Cet obstacle a pu cependant être lui- même en partie levé par l‟ouverture simultanée de
nouveaux marchés (dans les Etats semi-périphériques dits «émergents»: le Mexique, le Brésil,
la Chine, l‟Inde, les Etats pétroliers du Golfe), ainsi que par le développement considérable
qu‟ont connu, parallèlement, les secteurs de l‟industrie de luxe au cours des deux dernières
décennies. Signe de l‟enrichissement manifeste de toutes les classes et co uches sociales qui
vivent de la plus- value (sous ses différentes formes: „salaires‟ mirobolants des dirigeants,
stock options, dividendes des actionnaires, intérêts des prêteurs, rente des propriétaires
fonciers ou des titulaires de brevets, etc.), partie intégrante de l‟accroissement de toutes

71
inégalités sociales durant toute la période, cette explosion de la consommation de luxe était
aussi une dimension spécifique de la crise latente de surproduction, la consommation de luxe
des nantis étant censée prendre le relais, comme moteur de la demande solvable, de la
consommation de produits banalisés en berne du fait de la paupérisation relative des salariés.
Elle était aussi et surtout le signe qu‟une part grandissante de la plus-value n‟était plus en
mesure, faute d‟une croissance suffisante des débouchés, de se convertir en capital
additionnel, de venir financer l‟accumulation du capital, ne pouvait plus soutenir cette
dernière qu‟en se convertissant en revenu pour être dilapidé sous forme de dépenses de luxe
par les classes possédantes.

Un dernier signe de cette difficulté grandissante de conversion de la plus-value en capital


additionnel aura été le fantastique développement du capital financier et de la spéculation
financière qui aura également caractérisé l‟histoire récente du capitalisme. Car, faute de
pouvoir se valoriser sous forme de capital réel, en s‟investissant dans l‟industrie et le
commerce, toute la part de la plus-value non absorbée par la consommation de luxe a cherché
à se valoriser sous forme de capital fictif. Elle est venue tenter sa chance au grand casino
d‟une finance dopée et surtout dupée par les mesures de „libéralisation‟ néolibérales: elle est
venue alimenter le jeu spéculatif consistant à acheter ou à vendre des monnaies, des titres de
crédit ou de propriété, des dérivés de tous ces types d‟actifs et des «produits financiers» de
plus en plus sophistiqués assis sur eux, non pas tant pour les revenus qu‟ils garantissent en
principe, mais pour parier sur leur variation (à la hausse ou à la baisse) en espérant empocher
au passage de somptueuses „plus-values‟. Quitte à essuyer de désastreuses „moins-values‟
lorsque le pari s‟avère perdu.

Tout comme le gonflement de la consommation de luxe, ce signe apparent de richesse qu‟ont


été les orgies de la spéculation financière, saluées par tous les grands prêtres et bedeaux
minables de l‟Eglise néolibérale comme la manifestation de la santé éclatante d‟une
«économie de marché» libérée des contraintes de la réglementation étatique, était donc en fait
le signe d‟une profonde maladie de «l’économie réelle», bridée par l‟étranglement du pouvoir
d‟achat des salariés, rongée par une crise rampante de surproduction. D‟un côté une
accumulation de capital réel rendue poussive et chaotique par l‟insuffisante des débouchés du
fait d‟une sous-consommation relative des salariés; de l‟autre, une accumulation de capital
fictif dopée par une plus-value se détournant pour la raison précédente de «l’économie réelle»
pour se livrer aux joies et aux affres de la spéculation financière, devenue sinon la seule voie

72
ouverte à sa valorisation du moins, apparemment, sa voie royale. Car il s‟agissait bien d‟une
accumulation de capital purement fictif : d‟un pseudo-capital composé de titres divers, de plus
ou plus sophistiqués, donnant en principe droit à prélever une partie de la richesse sociale
produite, de la valeur formée et réalisée dans «l’économie réelle», et dont la valeur fictive
(celle qui règle leurs échanges sur le marché boursier) se gonfle à la mesure des anticipat ions
de plus en plus délirantes sur le montant de cette part… avant de se dégonfler lorsqu‟il s‟avère
qu‟elle est moins importante que prévue voire nulle, tout simplement parce que la valeur
effectivement formée et réalisée (la croissance réelle) est bien moindre que ce qui avait été
anticipé, précisément parce que «l’économie réelle» bute sur les limites que rencontre (malgré
tout) l‟exploitation du travail ainsi que sur l‟insuffisance des débouchés.

Dans ces conditions, la répétition de plus en plus fréq uente et une échelle croissante des crises
financières, que j‟ai rappelée en introduction à cet article, était évidemment inévitable. Car
ces crises successives ont toutes été le résultat du surinvestissement massif d‟un capital-argent
potentiel qui, faute de pouvoir s‟investir avec profit dans «l’économie réelle» a tenté sa
chance, sous forme de capital fictif, dans les paradis artificiels de l‟économie financière, prêt à
se saisir de n‟importe quel actif apte à fournir matière (support) à un marché spéculatif: hier
les biens immobiliers états- uniens (mais aussi irlandais et britanniques) comme avant- hier les
valeurs de la «nouvelle économie» de l‟Internet, etc. Et, du même coup, on tient bien ici les
deux ingrédients fondamentaux de la crise actuelle, en particulier de son détonateur, la crise
des prêts hypothécaire subprime. D‟un côté, des ménages de modestes salariés que
l‟insuffisance de leurs revenus salariaux contraints à s‟endetter dans des proportions
excessives pour tenter d‟accéder à la propriété de leur logement et dont une proportion
importante d‟entre eux se trouvent en définitive incapables de faire face aux charges du
remboursement de leur dette, comme cela était prévisible. De l‟autre, des capitaux financiers à
ce point assoiffés de valorisation qu‟ils en viennent à oublier toute retenue et toute prudence
pour les uns prêter aux précédents et les autres accepter de s‟investir dans des titres opaques
assis sur des créances aussi douteuses. Quand le capital ne trouve plus d‟autre planche de
salut que de devoir avancer à ses propres salariés, sous forme de prêts, l‟argent qu‟il a refusé
de leur avancer sous forme de salaires, pour tenter de leur permettre de continuer malgré tout
de consommer les marchandises qu‟il a produites et à travers la vente desquelles il doit se
valoriser, c‟est que la formule sur laquelle repose sa propre reproduction est manifestement
viciée. Et cette formule est celle- là même dont le néolibéralisme s‟était fait le propagandiste
ainsi que le maître d‟œuvre.

73
Conclusion provisoire

Ainsi, la crise actuelle ne met pas seulement à mal le discours néolibéral, elle compromet
aussi sérieusement la mise en œuvre du programme politique néolibéral, tant dans sa volonté
de déréglementation et de „libéralisation‟ que, surtout, dans sa volonté d‟imposer un «partage
de la valeur ajoutée» censé créer les conditions d‟un nouveau régime cohérent, donc stable et
durable, de reproduction du capital. Autrement dit, la crise actuelle prive brutalement
l‟ensemble des gouvernements des principaux Etats de la planète ainsi que les directions des
institutions financières internationales de leur précédente boussole et cartes. Elle crée donc
aussi les conditions d‟une crise politique majeure qu‟il nous appartient d‟aggraver par nos
revendications et nos actions. A nous de nous saisir de cette situation nouvelle pour contre-
attaquer un ennemi de classe affaibli par les conséquences néfastes pour lui de sa propre
stratégie antérieure, en ajoutant à l‟incapacité de «ceux d’en haut» de continuer à dominer
selon les termes de la formule néolibérale le refus de «ceux d’en bas» de continuer à être
dominés selon cette même formule – voire à être dominés tout court. C‟est à l‟examen des
différentes possibilités qui nous sont ouvertes sous ce rapport que sera consacré un autre
article à paraître dans le prochain numéro d‟A Contre-Courant.

* Cet article d‟Alain Bihr paraît dans le mensuel A Contre-Courrant. Alain Bihr est
professeur à l‟Université de Franche Comté (Besançon) et auteur, entre autres, de La
novlangue néolibérale, Editions page deux, Lausanne, 2007.

1. Christian Chavagneux, «Banques: risquer plus pour gagner plus», Alternatives Economiques , n°267, mars 2008, page 7.
2. Parmi ces derniers, certains étaient même qualifiés de Ninja: no income, no job or asset (pas de revenu, pas de boulot ni
d’actif), autrement dit clairement reconnus pour insolvables. Mais ce n’était pas une raison suffisante pour ne pas les endetter…
3. La même technique de titrisation a été simultanément utilisée pour socialiser d’autres créances, souvent tout aussi
douteuses: des prêts à la consommation courante, des encours sur des cartes de crédit, des prêts aux étudiants, etc. Les titres
vendus sur le marché financier constituaient ainsi le plus souvent une ‘macédoine’ de fractions de créances dont l’acquéreur
ignorait complètement la nature. Au terme de deux ou trois répétitions de ce type de montage, impossible de savoir ce qu’on
détient ni, surtout, quelle en est la valeur: à quelle quantité de v aleur effective, de valeur effectivement formée et réalisée, le
titre donne droit.
4. 14 % des ménages ayant contracté des emprunts subprime étaient en défaut de paiement au printemps 2007. Et ce sont
d’ores et déjà plus d’un million de ménages états-uniens qui ont été expulsés – et on est pas au bout de la crise des
subprimes, qui ne pourra que s’aggraver avec la récession économique qui s’installe et la chut e de la valeur des biens
immobiliers dont le marché est encombré par les logements des ménages expulsés. Selon certaines estimations, deux autres
millions pourraient l’être à brève échéance.
5. D’autant plus qu’ils n’était plus possible de compter sur l’intervention intéressée des fameux « fonds souverains» des Etats
dits émergents (Chine, Inde, Russie et émirats du Golfe) qui, dans un premier temps, s’étaient laissés tenter de racheter
quelques acteurs financiers occidentaux, avant de se rendre compte – mais un peu tard – qu’il s’agissait de ‘rossignols’.
6. Sans doute parce que le secrétaire d’Etat au Trésor (le ministre des Finances états-unien) est l’ancien patron de Goldman
Sachs, la grande rivale de Lehman Brothers…
7. Cf. Frédéric Lordon, «Le jour où Wall Street est devenu socialiste», Le Monde Diplomatique , octobre 2008.
8. «La somme totale des CDS contractés aux États-Unis se monte - cela dépend des sources - à 45 ou 62 mille milliards de
dollars, de toute manière un chiffre proche du total des dépôts bancaires à l’échelle mondiale…» Paul Jorion, «Le monstrueux
contraire d’une assurance», http://contreinfo.info/article.php3?id_article=2171
9. Notamment celles fortement impliquées dans les opérations de leverage buy out ou LBO, consistant à racheter des
entreprises (à l’aide de prêts bancaires) pour les restructurer (souvent sauvagement du point des intérêts des salariés) de
manière à en faire grimper la capitalisation boursière avant de les revendre en réalisant en principe au passage de somptueuses
‘plus-values’. Avec le ralentissement économique et surtout la débâcle boursière, nombre d’opérations de LBO prennent du

74
retard ou même ne se bouclent pas et les banques se retrouvent avec une nouvelle masse de c réances douteuses et
invendables.
10. Chiffres cités par Guillaume Duval, «Tous les clignotants sont au rouge», Alternatives Economiques , septembre 2008, page
9.
11. Cf. La novlangue néolibérale, Editions Page deux, Lausanne, 2007.
12. «Ci-gît le libéralisme, 1979-2008», La Tribune, 10 octobre 2008.
13. Quelques-uns des principaux éléments de l’analyse suiv ante ont déjà été développés par François Chesnais, «Sur le portée
et le cheminement de la crise financière», Carré Rouge-La Brèche,n°1, décembre 2007-février 2008; Charles-André Udry,
«‘Subprime’. Une crise du capitalisme des temps présents», site La brèche et A Contre-Courant, n°194, mai 2008; Michel
Husson, «Le capitalisme toxique», http://hussonet.free.fr/toxicapw.pdf (à paraître dans Inprecor).
14. Cf. «Pour gagner plus, il faut lutter plus !», A Contre-Courant , n°195, juin 2008. Cf. aussi Michel Husson, «La hausse
tendancielle du taux d’exploitation», Inprecor n°534-535, janvier- février 2008; et «Part des salaires: et pourtant elle baisse !»,
http://hussonet.free.fr/pourtant.pdf
15. Cf. http://www.ilo.org/global/About_the_ILO/Media_and_public_information/Press_releases/lang--
fr/WCMS_099410/index.htm On aura compris que cette distorsion du «partage de la valeur ajoutée » a affecté l’ensemble du
coût salarial, par conséquent non seulement les salaires directs perçus par les salariés en emploi mais tout aussi bien les
prestations sociales perçus par les chômeurs, les malades et les invalides, les retraités qui constituent en fait un salaire indirect.
La paupérisation relativ e voire absolue du salariat a donc frappé l’ensemble de ces catégories au cours de ces dernières
décennies.
16. Financial Times, 16 septembre 2007. Cité par Charles-André Udry, op. cit .
17. Fait mis en évidence par Michel Husson, «Le taux d’accumulation ne suit plus le taux de profit», note hussonet n°2,
25 septembre 2008 http://hussonet.free.fr/ (1 novembre 2008)

75
A la croisée des chemins (2)

Alain Bihr*

Nous publions, ci-dessous, un article d’Alain Bihr, paru dans le mensuel A contre-
courant fin décembre 2008. Cet article fait suite à l’article publié sur ce site intitulé «Le
triomphe catastrophique du néolibéralis me» en date du 1er nove mbre 2008. (Réd.)

Au fur et à mesure où les semaines passent, on mesure mieux l‟ampleur et la pro fondeur de la
crise dans laquelle le capitalisme est en train de s‟enfoncer. Tous les indicateurs économiques
(évolution du PIB, prévisions de croissance pour les trimestres à venir, chiffres du chômage,
etc.) sont en train de passer au rouge, tandis que les annonces de mesures de chômage
technique et de plans de licenciement collectif se multiplient. Il est désormais certain que nous
sommes entrés dans une phase de récession voire de dépression économique, dont personne
ne peut prédire ni la durée ni les effets.

En fait, la première aussi bien que les seconds déprendront essentiellement des politiques qui
seront engagées pour en sortir, lesquelles seront elles- mêmes fonction des rapports entre
forces sociales et politiques et de leur évolution au fur et à mesure où la crise va se
développer. Différents scénarios ou stratégies s‟affirment ou se dessinent d‟ores et déjà à cet
égard, qu‟il faut s‟efforcer de distinguer et de caractériser, notamment sous l‟angle de leurs
incidences pour les travailleurs salariés. Les distinguer permettra ultérieurement d‟évaluer les
différentes politiques qui seront engagées pour gérer la crise et juger du cours effectif de cette
dernière. Cependant, avant de passer ces différents scénarios en revue, il convient de revenir
sur la crise actuelle pour en comprendre la nature et les enjeux.

Un tournant dans la dynamique longue de la crise structurelle du capitalis me

En fait, le vocabulaire même couramment utilisé pour parler de la crise actuelle, que les
précédents paragraphes ont provisoirement repris à leur compte, est trompeur. A proprement
parler, la crise actuelle ne constitue pas un phénomène autonome : elle n‟est jamais que la
dernière phase en date de la crise structurelle dans laquelle le capitalisme est entré au milieu
des années 1970. Une phase qui marque cependant un tournant important dans la dynamique
de cette crise structurelle, vieille désormais de plus de trois décennies et qui, visiblement,
n‟est pas encore résolue.

76
Une crise structurelle correspond toujours à une période aiguë de manifestation de l‟ensemble
des contradictions inhérentes à la reproduction du capital, qui résulte de l‟impossibilité pour
cette dernière de se poursuivre selon ses formes (économiques, sociopolitiques,
institutionnelles, idéologiques) antérieures, qui assuraient jusqu‟alors la régulation plus ou
moins efficace de ces contradictions. A défaut d‟une révolution capable de briser le pouvoir
du capital et de construire une société émancipée, une pareille crise débouche normalement
sur l‟invention, l‟expérimentation et la consolidation de nouvelles formes de régulation.
L‟issue en est toujours en définitive commandée par les luttes de classes [1]. On comprend
qu‟une pareille période puisse et même doive s‟étaler sur des décennies, en passant par des
phases multiples, diverses, contrastées, ponctuées par les rebondissements des contradictions
internes de la reproduction du capital, qui sans cesse renaissent tant que les nouvelles formes
de leur régulation n‟ont pu être suffisamment consolidées en lieu et place des anciennes
régulations devenues défaillantes.

Ainsi en est- il allé de la présente crise structurelle. Elle résulte des limites atteintes par le
régime d‟accumulation du capital et le mode de régulation de sa reproduction, connus sous le
nom de fordisme, qui se sont mis en place dans les différents Etats centraux (Amérique du
Nord, Europe occidentale, Japon, Australie et Nouvelle-Zélande) entre le milieu des années
1930 et les lendemains de la Seconde Guerre mondiale, à la faveur de cette dernière et de son
issue (la victoire des Etats-Unis et la conquête de leur hégémonie au sein des Etats centraux),
de la menace mais aussi de l‟appui indirect du bloc soi-disant socialiste (l‟URSS, ses satellites
d‟Europe centrale et orientale, la Chine) par l‟intermédiaire de son emprise sur le mouvement
ouvrier international, enfin de «l’équilibre de compromis» qui a fini par s‟établir, par Etats et
organisations du mouvement ouvrier interposés, entre bourgeoisie et prolétariat au sein des
différents Etats centraux. Le fordisme rentre cependant en crise du fait de l‟essoufflement de
ses modes d‟accumulation du capital (ralentissement de la hausse de la productivité du travail,
augmentation de la composition organique du capital, saturation de la norme de
consommation des salariés, développement du travail improductif assurant la circulation du
capital et les conditions générales de sa reproduction), l‟ensemble dégradant progressivement
la profitabilité du capital (son taux de profit). Tandis que son mode de régulation, basée sur un
partage des gains de productivité entre salaires et profits, destinée à assurer une croissance de
la consommation proportionnée à l‟accumulation du capital, va se trouver compromise tant
par le ralentissement des gains de productivité que par l‟internationalisation croissante de la
circulation du capital, qui se (ré)enclenche à partir de la fin des années 1950.

77
Latente et larvée dans la seconde moitié des années 1960, notamment aux Etats-Unis et en
Grande-Bretagne, la crise devient manifeste à partir du milieu des années 1970, après le
premier «choc pétrolier» de l‟automne 1973. La première réponse à la crise de la part des
gouvernements des Etats centraux consistera à prolonger et redoubler les politiques
d‟inspiration keynésienne, à base de dépenses budgétaires, de facilité du crédit et de maintien
de la progression du pouvoir d‟achat des salaires, directs ou indirects, qui avaient fait
merveille au temps du fordisme triomphant. Avec pour seuls résultats non pas le redémarrage
de l‟accumulation mais la stagflation (une combinaison d‟un taux d‟inflation élevé et d‟un
faible taux de croissance), le développement consécutif du chômage, un creusement des
déficits publics et une dégradation continue de la profitabilité du capital.

Bref, aux alentours de la fin des années 1970 et du début des années 1980, il devient évident
pour les bourgeoisies des Etats centraux et, au premier chef, pour leurs représentants
politiques et leurs idéologues que le capitalisme est entré dans une crise structurelle : en tant
que modèle de reproduction du capital, le fordisme a fait long feu et il est urgent de lui trouver
une formule de rechange. Le néolibéralisme la leur fournira. Initiées par les gouvernements de
Thatcher au Royaume-Uni à partir du printemps 1979 et de Reagan au Etats-Unis à partir du
printemps 1981, les politiques néolibérales vont faire tache d‟huile dans l‟ensemble des Etats
centraux au cours des années suivantes, quelle que soit l‟orientation politique affichée des
gouvernements, ceux issus de la social-démocratie ou plus largement des forces dites de
gauche ne se montrant pas moins empressés et zélées dans leur mise en œuvre que ceux
composés d‟éléments de la droite conservatrice ou libérale classique. Sous couvert de
libéralisation de la circulation des capitaux, de déréglementation des marchés et de
désengagement de l‟Etat se repliant sur ses seules fonctions dites régaliennes, il s‟est agi pour
ces politiques de favoriser la transnationalisation du capital à partir des Etats centraux en
direction de différentes zones périphériques et semi-périphériques et, surtout, de renverser le
rapport de forces au sein de ces Etats entre le capital et le trava il salarié : de «faire payer la
crise aux travailleurs», d‟augmenter leur taux d‟exploitation (en combinant hausse de la
durée, de l‟intensité et de la productivité du travail et baisse relative des salaires réels) par le
développement du chômage, des formes d‟emploi précaire et une exacerbation de la
concurrence internationale des travailleurs, de manière à recréer les conditions d‟un taux de
profit satisfaisant et, partant, d‟une reprise de l‟accumulation du capital [2].

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Comme j‟ai eu l‟occasion de le montrer dans le précédent numéro d‟A Contre-Courant, ce
sont les conséquences ultimes de telles politiques, poursuivies avec un rare acharnement par
tous les gouvernements des Etats centraux pendant un bon quart de siècle et louangés durant
tout ce temps par des cohortes de journalistes, d‟essayistes et d‟universitaires communiant
dans la religion du «toujours moins» pour le travail et du «toujours plus» pour le capital, qui
ont abouti à la plus gigantesque crise financière depuis 1929, prélude à une possible
dépression de l‟économie mondiale qui risque de dépasser en ampleur celle des années 1930 –
en en ayant déjà répété le scénario à plusieurs reprises, à moindre éche lle cependant, au cours
des deux dernières décennies. C‟est dire l‟échec cuisant et le démenti radical de ces politiques
néolibérales que signe la brutale aggravation actuelle de la crise structurelle du capitalisme.

Manifestement, le néolibéralisme n‟a pas su fournir une sortie de crise au capitalisme. Près de
trente ans après que Thatcher a brandi l‟étendard de la croisade néolibérale en prenant
possession du 10 Downing Street (il s‟agit de la résidence des Premiers ministres
britanniques), cet étendard est en lambeau ! Et le capitalisme se retrouve Grosjean comme
devant, toujours à la recherche d‟une solution viable à sa propre crise, qui s‟annonce ainsi
d‟ores et déjà comme la plus longue crise structurelle de toute son histoire. Non seulement, le
néolibéralisme n‟a pas su résoudre les contradictions internes de la reproduction du capital
dans les formes prises par elles dans les années 1970, tout au plus en aura-t-il modifié
l‟apparence et la composante principale : la crise de surproduction qui se manifestait par une
baisse continue du taux de profit au milieu des années 1970 se manifeste désormais sous la
forme par l‟insuffisance croissante des débouchés du fait de baisse continue du pouvoir
d‟achat du monde salarial, au moins en termes relatifs et sans doute même en termes absolus
pour une partie de ce dernier. Autrement dit, pour parler le langage des économistes, à la crise
de valorisation du capital, le néolibéralisme n‟aura su que substituer une crise chronique de
réalisation, qui vient brutalement de s‟aggraver à la hauteur des délirantes anticipations
financières de poursuite de l‟accumulation qui se sont trouvées radicalement invalidées. De
surcroît – et cela alourdit encore le passif du néolibéralisme – par quelques-uns de leurs effets,
par les transformations qu‟elles ont produites ou favorisés au sein du capitalisme, les
politiques néolibérales ont encore aggravé la crise structurelle et compromis les chances d‟une
sortie de crise favorable au capital. Qu‟on songe seulement à l‟énorme passif en termes de
déficits publics que le néolibéralisme laisse derrière lui, que les récents «plans de sauvetage»
destinés à éponger les pertes enregistrées par les acteurs financiers (banques, compagnies
d‟assurance, fonds de pension) viennent encore d‟aggraver, en attendant que les futurs «plans

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de relance» destinés à tenter de juguler la récession en cours ne les portent à des sommets
encore inimaginables hier.

La réforme dans la réforme


Ou comme nt sortir du néolibé ralis me à reculons

Après avoir manifesté quelques signes d‟inquiétude voire de franc affolement entre la mi-
septembre et la mi-octobre, au moment où leurs politiques antérieures, leur cécité et leur
incurie, le tout aggravé par une bonne dose de suffisance, avaient engendré les conditions du
plus grand krach financier de l‟histoire, en plaçant l‟ensemble du système bancaire au bord de
la faillite, les irresponsables qui nous gouvernent et la cohorte des idéologues qui leur servent
de cour en exhibant leur livrée se veulent aujourd‟hui rassurants. La s ituation serait à nouveau
sous leur contrôle : non seulement les mesures d‟apurement des dettes accumulées par
certains segments du capital financier à coup de prêts et de cautions publics auraient
définitivement effacé les conséquences du krach mais encore leur plan de soutien au secteur
bancaire nous éviterait de voir «l’économie réelle» s‟installer dans la récession ou même la
dépression par le biais de la contraction du crédit bancaire.

Quand on connaît le degré d‟inintelligence de la marche du monde c apitaliste, qu‟ils


prétendent pourtant diriger, dont les uns et les autres sont capables, qui n‟a d‟égal que
l‟aplomb cynique avec lequel ils nous mentent d‟ordinaire, il y a tout lieu de suspecter ces
discours lénifiants. Car ce sont les mêmes qui hier encore nous serinaient que leurs politiques
néolibérales rendaient la crise improbable qui nous expliquent aujourd‟hui que, sous l‟effet
des inflexions qu‟ils ont déjà infligées ou s‟apprêtent à infliger à ces mêmes politiques, la
crise est d‟ores et déjà surmontée. Et ce alors même que, comme nous allons le voir, ces
inflexions sont en fait très insuffisantes et sont d‟ores et déjà dépassées par la dynamique de la
crise. En somme, ils en ont fait trop peu et trop tard – et ce d‟un triple point de vue au moins.

En premier lieu, comme j‟ai déjà eu l‟occasion de le mentionner dans l‟article paru dans le
précédent numéro d‟ACC, si les plans d‟apurement des dettes et de sauvetage du secteur
bancaire adoptés en catastrophe dans la première moitié du mois d‟octobre ont pour l‟instant
éteint l‟incendie de la crise financière qui menaçait d‟embraser l‟ensemble du secteur
bancaire, en provoquant un véritable collapsus de «l’économie réelle», le feu continue à
couver sous la braise. Le gros de la vague des défaillances liées aux prêts subprime n‟est pas
encore passé que se profile celle liée à d‟autres catégories de prêts hypothécaires à peine

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moins douteux, tandis que la bombe à retardement des Credit Default Swaps (CDS), dérivés
de crédit impliquant le transfert du risque inhérent à ce dernier, dont le montant s‟élève à la
somme astronomique de quelque 50 à 60 000 milliards de dollars n‟est toujours pas
désamorcée – tout simplement parce qu‟il ne se trouve aucun artificier (consortium d‟Etats et
de banques centrales) disposant des moyens nécessaires à cette fin. Autrement dit, le montant
des dettes à apurer et des créances plus ou moins douteuses que le capital financier mondial à
accumuler au cours de ces dernières années est aujourd‟hui à peine moins élevé qu‟à la veille
de l‟acmé de la crise de septembre. Et pour compléter le tableau, il faut y ajouter la
perspective, qui de jour en jour se concrétise, de nouvelles dettes et de nouvelles créances
douteuses, liées cette fois-ci aux difficultés et défaillances que la contagion de la crise à
«l’économie réelle» provoque d‟ores et déjà et ne fera encore que multiplier demain. Imagine-
t-on les effets sur les banques, les compagnies d‟assurances, les fonds de placement – pour ne
parler pour l‟instant des salariés – de la faillite de l‟un ou l‟autre des géants de l‟automobile
états- uniens, un scénario qui ne relève plus du tout aujourd‟hui de l‟économie-fiction mais
dont la réalisation risque bien de pulvériser ce qui reste du capital fictif ? D‟autant plus que
les Etats centraux ne pourront pas multiplier les «plans de sauvetage», les précédents ayant
déjà sérieusement entamé leurs capacités d‟endettement [3].

En deuxième lieu, ces plans sont encore moins en mesure de prévenir la réédition à court
terme de la crise financière que nous venons de connaître. Notamment parce que l‟ensemble
des mesures et dispositions de dérégulation de l‟économie financière et de l‟économie plus
largement, qui ont largement contribué à créer les conditions d‟une pareille crise puis à
l‟aggraver une fois qu‟elle s‟était déclenchée, restent pour l‟instant inchangées. Mais,
précisément, „nos‟ gouvernants ne nous ont- ils pas également promis, au cours de ces
dernières semaines, de s‟y attaquer et de réintroduire une bonne dose de régulation dans la
géofinance, de manière à ramener celle-ci à la raison et la (re)mettre au service de
«l’économie réelle» ?

De quoi s‟agit-il ? Certainement pas d‟une «refondation du capitalisme», comme s‟en est
vanté notre Tartarin élyséen, qui ne perd jamais une occasion de ne pas se taire. Tout au plus
est- il question d‟une réforme d‟une partie des „réformes‟ néolibérales antérieures. La tâche à
accomplir serait d‟ailleurs déjà immense. Elle consisterait tout à la fois à redonner une
position centrale… aux banques centrales dans le contrôle des activités de crédit, à encadrer
l‟activité des banques commerciales en leur imposant des normes strictes quant au ratio entre

81
encours des prêts et fonds propres, à réintroduire des séparations strictes entre les différents
opérateurs financiers (banques de dépôts et banques d‟affaires, banques et assurances, etc.), à
limiter les opérations spéculatives sur les marchés des changes ou sur les marchés boursiers
en taxant lourdement les „plus- values‟ réalisées, à encadrer les marchés des produits dérivés
en remontant le niveau des dépôts de garantie exigés dans le cadre de ce type d‟opérations, à
s‟attaquer aux fonds spéculatifs (hedge funds), ces flibustiers de la finance, et aux paradis
fiscaux qui leur servent de repaires, à limiter les rémunérations des dirigeants des capitaux
financiers et des traders (opérateurs sur les marchés financiers) en supprimant stocks options
et «parachutes dorés» mais aussi en leur imputant même rétroactivement leurs pertes, à
réformer les agences de notation en les rendant financièrement responsables de leurs erreurs
quant à l‟évaluation des titres, à changer les normes comptables sur la base desquelles
s‟effectue l‟évaluation des entreprises, etc. Une liste de tâches au regard desquelles les
travaux d‟Hercule apparaissent comme une aimable sinécure !

Toutes ces propositions et bien d‟autres de la même farine ont été avancées et agitées pendant
les quelques semaines qui ont accompagné et immédiatement suivi la phase aiguë de la crise
financière que nous avons connue. On peut douter qu‟elles soient toutes suivies d‟effet. Ainsi
le sommet du G20 qui s‟est tenu à Washington pendant le week-end du 15-16 novembre,
destiné à jeter les bases de ces réformes, s‟est- il soldé par l‟adoption d‟aucune mesure
concrète et d‟aucun engagement précis, sinon celui de se revoir dans quelques mois pour faire
le point. Ce défaut manifeste de volonté de réformer le cadre néolibéral dans lequel se mène
actuellement, tant au niveau mondial qu‟au niveau de chacun des Etats, la gestion du
capitalisme s‟explique par plusieurs raisons. D‟une part, les gouvernants actuellement en
place ont tous été, des lustres durant, de fervents croyants et d‟ardents pratiquants de la
religion néolibérale. Et, pour l‟essentiel, ils le restent. Hébétés par le choc d‟une crise
financière qu‟ils n‟ont pas vu venir parce qu‟ils en croyaient l‟éventualité tout simplement
impossible, ils ont sans doute su réagir adéquatement pour en prévenir les pires effets
immédiats (et encore pas tous : cf. l‟épisode du lâchage de la banque Lehman Brothers qui
aura précipité la crise financière aux Etats-Unis et par contrecoup en Europe) ; mais ils
restent, pour la plupart, fondamentalement accrochés à leurs anciennes convictions et ils
continuent à dénier, pour partie au moins, la réalité de la crise et de ses conséquences. Si, sous
la pression des événements et pour rassurer les opinions publiques, ils ont concédé la
nécessité de réformer le néolibéralisme et ont promis de le faire, la plupart d‟entre eux n‟en
sont sans doute pas convaincus en leur for intérieur. Ils pensent plus volontiers que la crise

82
financière n‟a été qu‟un accident de parcours et qu‟il est urgent d‟attendre… que les c hoses
(la reproduction du capital) reprennent leur cours antérieur.

D‟autant plus, d‟autre part, que certaines des réformes précédemment évoquées risquent
d‟être douloureuses pour quelques segments du capital financier et pour les Etats qui ont
partie liée avec eux. On peut être assuré, par exemple, que le Luxembourg mais aussi le
Royaume-Uni ou la Suisse n‟entendent pas parler de la nécessité de s‟attaquer aux paradis
fiscaux de gaîté de cœur et qu‟ils vont tout mettre en œuvre pour que l‟attaque en quest ion
soit différée le plus longtemps possible et soit menée avec le moins de moyens et de
détermination possible… Pas plus que les Etats-Unis ne seront disposés à entendre et encore
moins à écouter l‟injonction qui le sera faite de résorber leurs colossaux déficits (budgétaires
et commerciaux), condition pourtant nécessaire à l‟assainissement des finances mondiales.
Plus généralement, ces réformes vont exacerber les tensions et les conflits d‟intérêts entre les
différents fragments, segments et fractions du capital mondial. Contradictions peut-être
secondaires mais non négligeables pour autant, suffisamment aiguës en tout cas pour
paralyser éventuellement les instances chargées de réformer le néolibéralisme, et ce d‟autant
plus que l‟aggravation de la crise va tendre par ailleurs à les exacerber.

En troisième et dernier lieu enfin, à supposer même que l‟ensemble du programme de


réformes précédentes soit accompli, il serait encore insuffisant pour éviter l‟aggravation de la
crise de la sphère financière et sa propagation à la sphère réelle et pour prévenir la réédition
ultérieure de pareils enchaînements catastrophiques. Car la réalisation de pareilles réformes
conduira au mieux à re-réguler partiellement la circulation internationale du capital, du moins
dans sa dimension financière. Or une telle re-régulation ne saurait suffire pour nous sortir de
la crise. Et pas seulement parce qu‟il faudrait au minimum l‟accompagner de mesures
analogues de re-régulation de la circulation du capital sous d‟ordres rapports, par exemple
dans sa dimension commerciale et, plus encore, sous l‟angle de la mise en concurrence des
capitaux réels (notamment industriels) qui s‟opèrent par ce biais et, à travers elle, des
travailleurs salariés qu‟ils emploient, de manière à rendre inopérantes les pratiques de
dumping social et écologique et à préserver les capacités de développement autonome ou
autocentré de tous les Etats ou groupes d‟Etats, notamment en matière d‟autosuffisance
alimentaire, etc. Car, comme je l‟ai montré dans le précéde nt article d‟ACC, l‟actuelle phase
aiguë de crise du capitalisme ne s‟explique pas d‟abord par un défaut de régulation de la
circulation et de l‟accumulation du capital, œuvre des politiques néolibérales de dérégulation

83
menées depuis la fin des années 1970. Elle trouve son fondement dans ce qui a été le véritable
objectif de ces politiques, par-delà leur œuvre dérégulatrice, à savoir le déséquilibre ainsi
institué dans le «partage de la valeur ajoutée» au profit du capital et au détriment du travail
salarié.

Or, symptomatiquement, tous les néophytes déclarés de la «refondation du capitalisme» ont


fait et continuent à faire totalement silence et impasse sur ce «partage» et la nécessité de le
revoir. Plus que tout le reste, cette omission dit la poursuite de leur inféodation au paradigme
néolibéral – et, bien évidemment, aux intérêts dont ce paradigme assure la défense. Ainsi peut
s‟expliquer que, tout en promettant de réformer les „réformes‟ néolibérales dans leur volet
dérégulateur, ils continuent à pousser les feux de ces dernières en tant qu‟elles visent à
aggraver encore l‟exploitation des travailleurs, donc le déséquilibre dans le précédent partage.
Par exemple, le gouvernement Fillon qui traduit en actes les intentions de notre champion
national de la«refondation du capitalisme» a-t- il présenté cet automne un budget pour l‟année
2009 qui prévoit la suppression de 30 000 fonctionnaires (dont la moitié dans l‟Education
nationale) ; et, dans le même ordre d‟idées, il a allongé l‟âge du départ à la retraite pour les
salariés volontaires à 70 ans (manière de pallier la baisse des pensions déjà effective à la suite
des réformes de 1993 et de 2003 et qui va s‟aggraver dans les prochaines années) ; de même
qu‟il s‟apprête à autoriser le travail le dimanche, etc. Et on peut s‟attendre à ce que le brusque
bond que vient de faire la dette publique avec le plan de renflouement du secteur bancaire,
sans compter celui qu‟elle fera dans les prochains mois sous l‟effet de la baisse des recettes
provoquée par la récession économique, ne conduise à de nouvelles coupes claires dans les
dépenses sociales et le financement des services publics. Bref, la main droite de ce
gouvernement, toujours pilotée par un programme néolibéral qu‟elle continue à exécuter
méthodiquement, semble bien ignorer ce que sa main gauche est censée réaliser en fait de
révision de ce même programme. Et le gouvernement français ne fait nullement exception en
la matière.

Dans ces conditions, les mesures anticrise prises par l‟ensemble des gouvernements des Etats
centraux seront insuffisantes pour prévenir non seulement les effets d‟une reprise de la crise
financière mais encore et surtout pour prévenir l‟aggravation de la récession dans laquelle
cette dernière a d‟ores et déjà précipité «l’économie réelle». Récession qui trouve précisément
son origine dans la crise de surproduction engendrée par l‟actuel «partage de la valeur
ajoutée». Ces mesures sont par conséquent condamnées à échouer de ce double point de vue.

84
Car aucune sortie capitaliste de la crise ne pourra survenir sans qu‟on revienne sur les termes
de ce partage.

Vers un néo-keynésianis me ?

Dans cette mesure même, cependant, la situation actuelle est potentiellement favorable au
crédit et à la réception de propositions alternatives aux timides et très insuffisantes „réformes‟
des politiques néolibérales qui viennent d‟être examinées. D‟autant plus que celles-ci vont
enchaîner démentis cinglants et échecs pitoyables au fur et à mesure où la crise va
s‟approfondir au sein de «l’économie réelle», précisément parce qu‟elle continuera à être
gérée sur la base et dans le cadre globalement inchangé du néolibéralisme.

Parmi ces propositions alternatives figurent notamment celles qui s‟inscrivent dans une
perspective néo-keynésienne. Cette perspective n‟a pas encore fait, pour l‟instant, l‟objet
d‟une formulation théorique claire ni d‟une revendication politique explicite. Les propositions
qui la composent s‟élaborent encore en ordre dispersé dans un arc de formations politiques
qui va des ailes gauches des anciennes forces réformistes ralliées depuis des lustres au social-
libéralisme jusqu‟aux milieux altermondialistes (type ATTAC) en passant par les formations
ouvertement néo-réformistes (tels certains courants de partis écologistes, Die Linke en
Allemagne, Rifundatione Communista en Italie, etc.) [4] Elles n‟en présentent pas moins
potentiellement une cohérence certaine que l‟on peut résumer brièvement.

De l‟enseignement de Keynes et la manière dont il a été mis en œuvre durant la période


fordiste, elles retiennent, d‟une part, qu‟aucune régulation du procès de reproduction du
capital n‟est possible si n‟est pas assurée une croissance des salaires réels (directs et indirects)
proportionnée à celle des profits, l‟une et l‟autre alimentée par l‟augmentation de la
productivité du travail ; et que, d‟autre part, cet équilibre entre croissance des salaires et
croissance des profits ne peut pas résulter du seul et „libre‟ jeu d u marché, que sa réalisation
implique au contraire une intervention régulatrice de l‟Etat, jouant de ces trois instruments
que sont la politique budgétaire, la politique monétaire (la gestion du crédit et du taux de
change) et la politique salariale (par l‟intermédiaire de la fixation de minima légaux ou
conventionnels, de la réglementation du rapport salarial, des politiques sociales, etc.)
Partageant le constat que la situation actuelle est caractérisée par un déséquilibre dans le
«partage de la valeur ajoutée», donc par une insuffisance du niveau des salaires relativement
à celui des profits (et des autres fractions de la plus- value), et que c‟est précisément cette

85
insuffisance qui engendre la crise de surproduction au sein de «l’économie réelle», génératrice
du gonflement et de l‟éclatement périodiques de bulles spéculatives dans l‟économie fictive
de la finance, elles préconisent non seulement une re-réglementation de la reproduction du
capital (de son procès de production tout comme de son procès de circulation) mais encore et
surtout un «partage de la valeur ajoutée» plus favorable au travail et moins favorable au
capital. Pour Michel Aglietta par exemple, qui fait partie des quelques rares économistes
français à défendre une perspective néo-keynésienne, «(…) la réglementation financière est
indispensable pour éviter les excès du crédit, mais elle ne suffira pas à refonder un système
capitaliste capable de faire de la croissance régulière. La croissance ne pouvant plus être
dopée par l’endettement, il va falloir que le revenu salarial se remette à progresser en ligne
avec la productivité. Pour le dire autrement, le degré d’inégalité atteint dans les sociétés
occidentales est devenu un frein à la croissance. »[5] Par-delà les plans de relance destinés
dans l‟immédiat à conjurer l‟aggravation de la crise économique, plans financés par une
augmentation de l‟imposition du capital, des hauts revenus et des grandes fortunes, cela
implique la création d‟emplois, la restriction (pouvant aller jusqu‟à l‟interdiction) du recours
aux formes d‟emploi précaires, une augmentation substantielle des salaires directs et indirects
(donc de l‟ensemble des prestations sociales), une extension des services publics et des
équipements collectifs de manière à satisfaire les besoins sociaux, tant anciens (par exemple
le logement ou la santé) que nouveaux (par exemple la formation professionnelle continue ou
la dépendance des personnes âgées). Les plus audacieux et les plus clairvoyants des auteurs
ou des forces politiques qui se situent dans cette perspective savent que ce nouveau partage
des richesses, ce New Deal en somme, doit se concevoir et se pratiquer aujourd‟hui à l‟échelle
planétaire et passe par une annulation des dettes des Etats périphériques ainsi que par un
véritable «plan Marshall» en leur faveur, prolongé par des accords visant à garantir la stabilité
et même la progression de leurs revenus tirés de leurs exportations, de manière à leur ouvrir la
possibilité de se développer sur cette base (d‟accumuler du capital en leur sein). Bref il s‟agit
de jeter les bases d‟un keynésianisme planétaire, en mesure de réguler la reproduction du
capital au niveau mondial.

Cette perspective néo-keynésienne possède incontestablement l‟avantage sur sa rivale


néolibérale de toucher au fondement de la crise et d‟ouvrir par conséquent une voie bien plus
réaliste à la sortie de la crise. Elle n‟est pas assurée pour autant de sa réussite.

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La première difficulté à laquelle se heurterait la réalisation d‟un néo-keynésianisme planétaire
tient à la complexité du cadre institutionnel qu‟il requiert comme instance régulatrice de la
reproduction du capital au niveau mondial. Car, dans le contexte de l‟actuelle
transnationalisation du capital, sur laquelle ce néo-keynésianisme ne se propose pas de revenir
bien qu‟elle soit pour partie l‟œuvre des politiques néolibérales antérieures, ce cadre
institutionnel ne peut plus se réduire à la combinaison des différents Etats-nations et d‟une
série d‟institutions internationales, telles que le FMI, la Banque mondiale, l‟OMC, le BIT,
l‟ONU, etc. Comme j‟ai eu l‟occasion de le montrer ailleurs, ce cadre institutionnel suppose
l‟articulation d‟instances opérant à au moins quatre niveaux différents : au niveau mondial (on
retrouvera les précédentes institutions internationales mais avec des pouvoirs singulièrement
renforcés pour certaines, par exemple le FMI), au niveau continental (sous la forme de
systèmes d‟Etats procédant à l‟intégration aux niveaux économique, politique, culturel, sous
forme fédérale ou confédérale, de groupes plus ou moins étendus d‟Etats- nations), au niveau
national (car bien qu‟affaibli en un sens au profit des instances supérieures et inférieures, les
anciens Etats- nations subsisteront et continueront à jouer un rôle régulateur important,
notamment au niveau politique : au niveau de la reproduction des conditions de la domination
de classe), enfin au niveau régional (au niveau des aires, quelquefois trans nationales, placées
sous la dépendance économique, administrative, culturelle, etc., des grandes métropoles
urbaines) [6]. Les heurts, cahots, tensions, conflits, lenteurs qui marquent, à son niveau,
l‟intégration européenne, soit la construction d‟un système d‟Etat européen, donnent une idée
des difficultés que devrait affronter et qu‟affronte d‟ailleurs d‟ores et déjà l‟édification d‟un
tel cadre régulateur de la reproduction du capital au niveau mondial.

Ces difficultés tiennent pour partie à un deuxième obstacle que devrait également affronter la
réalisation du programme néo-keynésien précédent. Il s‟agit de l‟état des rapports
(économiques, diplomatiques, militaires, etc.) existant actuellement entre les principaux Etats
centraux, caractérisé par une crise de l‟hégémonie états-unienne. Cette crise d‟hégémonie
résulte de l‟affaiblissement des Etats-Unis relativement à ses partenaires et concurrents
européens et asiatiques ; crise dont l‟unilatéralisme et bien plus encore les velléités impériales
manifestées par les Etats-Unis, loin de la démentir, sont au contraire paradoxalement la
manifestation. Car c‟est précisément au moment où la puissance jusqu‟alors hégémoniq ue
voit son hégémonie vacillée ou être remise en question qu‟elle est tentée de faire cavalier seul
voire de se lancer dans des aventures de type impérial [7]. Et cette crise d‟hégémonie risque
de s‟aggraver à la faveur des transformations des rapports de force entre puissances centrales

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ainsi qu‟entre ces dernières et certaines puissances semi-périphériques (les fameux «pays
émergents» : le Brésil, le Mexique, la Chine, l‟Inde, auxquels il faut ajouter la Russie – dont
certains sont ouvertement candidats à l‟entrée dans le club des Etats centraux), qui se sont
produites au cours des dernières décennies à la faveur de la transnationalisation du capital et
que la crise risque d‟accentuer et de précipiter ; de même qu‟elle va sans doute exacerber les
contradictions d‟intérêts entre tous ces acteurs, anciens ou nouveaux, aux prises pour
l‟occupation des premières places sur l‟échiquier mondial, chacun cherchant à reporter sur les
autres le poids de l‟aggravation de la crise. Autrement dit, tout semble indiquer que «ceux
d’en haut» (les différentes fractions territoriales de la bourgeoisie opérant au niveau mondial)
ne sont pas suffisamment d‟accord entre eux (et c‟est un euphémisme) pour être capables de
définir un cadre institutionnel en mesurer d‟assurer la régulation de la reproduction du capital
sur le plan mondial. Or l‟établissement et la consolidation d‟un pareil cadre seraient des
conditions sine qua non d‟un néo-keynésianisme planétaire. On retrouve ici l‟un des obstacles
déjà évoqués à propos de la réforme envisagée des politiques néolibérales.

Une troisième condition non moins importante du succès d‟une telle orientation serait
l‟existence d‟un mouvement social, défendant les intérêts du monde salarial et
particulièrement ceux du prolétariat, suffisamment puissant pour contraindre le capital (la
bourgeoisie ou plutôt les différentes fractions territoriales de la bourgeoisie) à entrer dans une
logique de compromis à son égard, notamment en acceptant le «partage de la valeur ajoutée»
qu‟implique la mise en œuvre d‟une régulation du procès de reproduction du capital de type
keynésien. C‟est ce que l‟expérience de l‟histoire sociale et politique de l‟entre-deux-guerres
nous aura appris. Bien des entrepreneurs (à commencer par Ford – ce qui lui vaudra d‟attacher
son nom au régime de reproduction du capital qui a prévalu après la Seconde guerre
mondiale) avaient tôt compris la nécessité d‟un tel partage et avait tenté d‟en convaincre leurs
pairs. Vainement. De même l‟enseignement d‟un Keynes était- il resté sans grand écho au sein
des bourgeoisies européennes et nord-américaine, en dépit de l‟échec pourtant manifeste des
politiques libérales, dont l‟application pendant les années 1930 aura largement contribué à
aggraver la crise. Pour que, aux Etats-Unis aussi bien qu‟en Europe, les bourgeoisies en
question entrent dans la logique du compromis fordiste qui allait permettre l‟application et la
réussite des „recettes‟ keynésiennes, il a fallu l‟intervention résolue, sous forme de grèves, de
manifestations, de victoires électorales et, même ponctuellement, de luttes armées (dans les
phases de guerre civile qui ont accompagné les conflits internationaux en Europe), du
mouvement ouvrier à direction et orientation social-démocrate ou stalinienne.

88
A fortiori, en irait- il de même aujourd‟hui. La mise en œuvre d‟un programme néo-keynésien
supposerait un haut niveau de conflictualité sociale capable de briser le mur des intérêts d‟un
bloc social composé de toutes les couches et catégories sociales qui ont été bénéficiaires de la
déformation du «partage de la valeur ajoutée» réalisée sous couvert et par l‟intermédiaire des
politiques néolibérales [8]. Et, dans la mesure où ce néo-keynésianisme se veut planétaire et
devrait reposer sur un «plan Marshall» en faveur des pays du Sud, le renfort de la révolte de
la lutte des populations déshéritées de ces pays serait également nécessaire.

Or, le moins qu‟on puisse dire, c‟est que les conditions d‟une telle conflictualité ne semblent
pas actuellement réunies du côté du monde salarial. L‟ancien mouvement ouvrier dont il vient
d‟être question, celui qui a pris une part décisive à l‟établissement du compromis fordiste et
dont certains secteurs restent les défenseurs nostalgiques, est moribond ; tandis que des
nouvelles vagues de lutte de ces dernières années, aucune articulation organisationnelle et
programmatique consistante et cohérente n‟a encore émergé. Le prolétariat, plus largement le
monde salarial, est actuellement nu, au sein de ses anciens bastions européen, nord-amércain
et latino-américain aussi bien que dans ses terres d‟élection plus récentes (en Asie du Sud-Est
notamment) ; et le rapport de forces qui le lie à la bourgeoisie reste dramatiquement
déséquilibré à son détriment. Cela explique notamment pourquoi le projet néo-keynésien ne
soit aujourd‟hui porté que par des forces sociales et politiques entre minoritaires et dispersées
et qu‟il éprouve tant de mal à se faire entendre.

Enfin, à supposer que l‟ensemble des conditions précédentes de sa réalisation soit en


définitive réuni, il se dresserait encore un dernier obstacle sur la voie du succès du projet néo-
keynésien. Et non le moindre. C‟est que la relance de l‟accumulation du capital que suppose
ce projet et qu‟il se propose de réaliser viendrait se heurter aujourd‟hui à l‟hypothèque que la
crise écologique, engendrée par les deux siècles antérieurs d‟accumulation du capital, fait
peser sur l‟avenir de cette dernière et, plus largement, de toute l‟humanité contemporaine. Car
il est tout simplement devenu impossible de relancer l‟accumulation du capital, donc sa
reproduction à échelle élargie, selon une logique productiviste de même nature (forme et
contenu) que celle que le keynésianisme a promue pendant feu les Trente Glorieuses. Si une
relance de l‟accumulation du capital à vaste échelle doit avoir lieu, c‟est moyennant
l‟invention, l‟adoption et la diffusion nécessaires de nouveaux modes de produire et de
consommer, économes en ressources naturelles (minérales, végétales et animales) non
renouvelables et reposant par conséquent pour l‟essentiel sur la recyclage de pareilles

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ressources. C‟est aussi moyennant le respect de certains équilibres écologiques, locaux ou
globaux, tout simplement vitaux, au sens où ils commandent les conditions mêmes de la vie
sur Terre. La question qui se pose ici est celle de savoir si un «capitalisme vert», un
capitalisme écologiquement réformé, est en définitive possible [9]. Si oui, le projet néo-
keynésien posséderait une chance de réussir ; bien plus, sa réforme écologiste pourrait lui
ouvrir une nouvelle „frontière‟, lui fournir une nouvelle planche de salut, l‟occasion et la
matière d‟un nouveau modèle de développement : après s‟être nourri et même gavé de la
„destruction‟ de la nature, le capitalisme pourrait se purger de ses excès et de ses défauts en la
„reconstruisant‟. Si non, cela signifierait que la crise actuelle, du fait précisément de
l‟hypothèque écologique, signerait en fait les limites historiques du capitalisme et que, par
conséquent, son éventuelle issue passerait par la sortie du capitalisme lui- même : par son
dépassement.

Elé ments pour un programme révolutionnaire

Inféodés qu‟ils restent pour l‟essentiel aux principes du néolibéralisme, la bourgeoisie et les
gouvernements qui défendent ses intérêts par leurs po litiques vont évidemment, dans un
premier temps au moins, être disposés à continuer de faire payer aux travailleurs l‟aggravation
de la crise, à coup de hausse du chômage (sous l‟effet des licenciements en chaîne et du
blocage des embauches), d‟extension des formes d‟emploi précaires, de la pression à la baisse
sur les salaires directs et indirects, du démantèlement accéléré du droit du travail et de la
protection sociale, de hausse des prélèvements fiscaux (pour compenser les emprunts destinés
à éponger les pertes financières), etc. Cependant la poursuite et l‟accentuation d‟une telle
politique antisociale ont de fortes chances de produire les deux résultats suivants. D‟une part,
au fur et à mesure où ces politiques, même en ayant été réformées dans le sens précédemment
entendu, aggraveront encore la crise parce qu‟elles accentueront le déséquilibre dans «le
partage de la valeur ajoutée» qui en est le ressort fondamental, jusqu‟à commencer à menacer
les intérêts de certains secteurs capitalistes, il est possible que des voix se fassent entendre
dans les rangs de la bourgeoise et parmi ses représentants politiques et idéologiques pour
remettre en cause la poursuite d‟une orientation néolibérale et exiger une réorientation de la
gestion gouvernementale du capitalisme dans un sens néo-keynésien. Autrement dit, il est
possible que se forme une division entre deux factions au sein de la bourgeoisie, dont l‟une au
moins sera plus ou moins disposée à entrer dans la logique de l‟orientation néo-keynésienne

90
précédemment décrite [10]. L‟un des obstacles se dressant sur la voie d‟un tel néo-
keynésianisme pourrait ainsi être au moins en partie levé.

D‟autre part, cette même aggravation de la crise ne pourra que provoquer des réactions de la
part des travailleurs, dont tant l‟ampleur que les formes et les contenus restent cependant pour
l‟instant imprévisibles. Ces luttes resteront-elles limitées au niveau local ou donneront-elles
naissance à des débuts de coordination sur le plan national voire international ? Se
cantonneront-elles aux formes classiques de lutte et d‟organisation intégrées et intégratives à
l‟ordre capitaliste ou les déborderont-elles ? S‟agira-t-il de luttes purement défensives sur
l‟emploi et le pouvoir d‟achat ou mettront-elles en avant des revendications et des objectifs
visant la réorganisation de la production et plus largement de la vie sociale ? Il est impossible
de le savoir à l‟heure actuelle. Cependant, si ces luttes devaient en rester à une échelle, une
intensité, des revendications et des succès qui, tout en contraignant la bourgeoisie à rompre
avec son actuelle orientation néolibérale, ne remettraient pas en cause les rapports capitalistes
de production, les défenseurs de l‟orientation néo-keynésienne, que ce soit dans les rangs de
la bourgeoisie ou du côté des forces néo-réformistes déclarées, trouveraient dans la
dynamique de ces luttes le moyen de lever un deuxième obstacle à la réalisation de leur projet
[11].

Il n‟est donc pas exclu que, à l‟horizon des toutes prochaines années, apparaisse et se
consolide une nouvelle mouture du réformisme social-démocrate, préconisant la pratique d‟un
keynésianisme planétaire, sur fond de compromis entre capital et travail de même qu‟entre
centre et périphérie du système mondial, comme solution de la crise structurelle du
capitalisme. Et il nous appartient de nous y préparer comme de nous préparer plus largement à
la conjonction des différents éléments qui en favoriseraient le succès, nous qui ne luttons pas
pour un capitalisme socialement et écologiquement réformé mais pour l‟avènement d‟une
société émancipée non seulement du règne du capital et de toutes ses médiations (dont l‟Etat)
mais encore de toute forme de rapport d‟exploitation et de domination de l‟homme par
l‟homme. A nous de faire en sorte que les luttes des travailleurs en réponse à l‟agression
redoublée dont ils vont faire l‟objet, dès les prochains mois, de la part de la bourgeoisie et de
ses gouvernants pour tenter de leur faire endosser le poids de l‟aggravation de la crise, soient
le plus radicales possible, dans leur forme comme dans leur contenu, de manière à ouvrir la
voie à une telle perspective de rupture avec le capitalisme.

91
Les éléments revendicatifs qui suivent s‟inscrivent explicitement dans cette perspective.
L‟équipe d‟ACC-AES les a retenus sur la base d‟un triple critère. D‟une part, ils répondent à
ce que nous savons être les urgences sociales actuelles, telles qu‟elles résultent de trois
décennies de dégradation continue de la situation des travailleurs que la pression redoublée
des politiques néolibérales sous l‟effet de la phase actuelle de la crise risque encore
d‟aggraver. D‟autre part, si aucune de ces revendications ne se situe, à proprement parler, par
elle- même au-delà du capitalisme, une lutte résolue pour les réaliser serait cependant
susceptible d‟engendrer une dynamique révolutionnaire. Enfin, il s‟agit de tirer parti du
discrédit profond dans lequel, à la faveur de la brusque aggravation de la crise qui vient de se
produire, sont tombés non seulement la gestion néolibérale du capitalisme en crise mais
encore le capitalisme lui- même.

– Indexation du temps de travail (journalier, hebdomadaire, annuel, sur l‟existence tout entière
d‟un individu) sur les progrès de la productivité du travail, sans baisse de la rémunération
salariale et avec les embauches supplémentaires nécessaires. Blocage des licenciements par
modulation du temps de travail sur la charge d‟activité de l‟établissement. Socialisation sur
fonds publics de toute entreprise se déclarant en faillite de manière à la transformer en
entreprise autogérée. Interdiction du recours aux formes de travail précaires (contrats à durée
déterminée, intérim, saisonniers, etc.) Le tout sous le contrôle de conseils d‟établissement élus
par les travailleurs et placés sous leur surveillance et leur direction.

– Le SMIC à 1500 € net. Ecrasement de la hiérarchie des salaires et, plus largement, des
revenus professionnels, qui doit être comprise au maximum entre 1 et 3. Indexation des
salaires sur les progrès de la productivité.

– Suppression des stocks options et des «parachutes dorés» pour les dirigeants d‟entreprise.
Gel des dividendes au niveau de la rémunération du livret A : il n‟y a pas de raison que les
gros rentiers gagnent proportionnellement plus que les petits épargnants !

– Suppression de toutes les niches fiscales et du «bouclier fiscal». Alignement de la


contribution fiscale et sociale des revenus patrimoniaux sur celle des revenus du travail. Forte
augmentation des taux d‟imposition de la fortune. Ramener le taux d‟imposition des sociétés à
50 %. Suppression des toutes les exonérations de cotisations sociales.

92
– Institution d‟un «bouclier social» : un revenu minimal garanti par personne équivalent à 75
% du SMIC ; une garantie de protection sociale pour toute personne résidant en France.
Abolition des dettes de tous les ménages dont les revenus par personne ont été au cours des
années antérieures inférieurs à ce minimum.

– Réquisition de tous les logements vides pour les mettre à la disposition des «sans-logis» et
des «mal logés». Blocage des loyers. Lancement d‟un vaste programme de cons truction de
logements sociaux de qualité, aux normes écologiques renforcées. Renforcement des droits et
des pouvoirs des locataires ; constitution de comités des locataires dans le secteur du
logement social.

– Annulation des mesures de déremboursement et des franchises médicales instituées au cours


de ces dernières années. Réorganisation de l‟ensemble de la médecine de ville autour d‟un
réseau de centres de soin polyvalents. Hausse du budget des hôpitaux publics destinée à leur
permettre de faire face à leurs missions de service public. Conventionnement des seuls
médecins libéraux et cliniques privées respectant les tarifs de la Sécurité sociale. Socialisation
des industries pharmaceutiques.

– Annulation des „réformes‟ de l‟assurance vieillesse de 1993 et 2003. Réduction à 35 ans (y


compris la durée de formation au-delà de la formation obligatoire et les périodes de chômage)
de la durée de cotisation nécessaire pour bénéficier d‟une pension intégrale, dont le montant
doit être égal à 75 % du salaire moyen sur les dix meilleures années de cotisation, sans
pouvoir être inférieur au SMIC. Indexation des pensions sur le salaire moyen. Interdiction de
la constitution de toute espèce de fonds de pension.

– Socialisation de l‟intégralité des banques et des compagnies d‟assurance (évidemment sans


indemnisation de leurs actuels propriétaires : ce sera notre manière de leur «faire payer la
crise» dont ils sont les premiers responsables !) [12] Constitution sur cette base d‟un fonds
social d‟investissement au bénéfice des services publics, des équipements collectifs, du
secteur de l‟économie sociale et des entreprises autogérées.

– Socialisation de toutes les industries stratégiques, à commencer par les industries


pétroliè res et nucléaires, leur reconversion devant faire l’objet d’un débat et d’une
décision démocratiques.

93
– Socialisation et développement des services publics et des équipements collectifs sous le
contrôle de comités composés de salariés et d‟usagers. Institution de la gratuité de ces
équipements et services.

– Récusation et annulation de la dette publique de tous les Etats, à commencer par celle des
Etats périphériques.

– Arrêt de l’ignoble chasse aux étrangers et fermeture immé diate des centres de
rétention. Droit de vote de tous les étrangers résidant en France à toutes les élections.

Qu‟il soit clair cependant que cet ensemble de revendications et d‟objectifs n‟a aucune
prétention ni à l‟exhaustivité ni à se substituer à ceux qui pourraient être élaborés par les
travailleurs eux- mêmes dans le cours de leurs luttes. Nous faisons en effet pleinement
confiance dans l‟imagination des travailleurs en lutte pour en inventer d‟autres, plus
pertinentes et plus radicales encore.

* Alain Bihr est professeur à l’Université de Franche-Comté (Besançon). Il est auteur entre autres de La novlangue néolibérale,
Ed. Page deux, 2007, et La reproduction du capital, 2 vol., Ed. Page deux, 2001.

1. Sur tous ces points, cf. La reproduction du capital, Editions Page deux, Lausanne, 2001, tome II, pages 151-296.

2. Pour une présentation détaillée des politiques néolibérales, de leurs tenants et aboutissants, cf. les articles «Libéralisation» et
«Mondialisation» dans La novlangue néolibérale , Editions Page deux, 2007, respectivement pages 113-132 et pages 147-164.

3. «Les gouvernements d’Amérique du Nord et d’Europe ont remplacé un échafaudage branlant de dettes privées par un
écrasant montage de dettes publiques. Selon la banque Barclays, les gouvernements européens de la zone euro vont émettre
en 2009 de nouveaux titres de dette publique pour un montant qui devrait atteindre 925 milliards d’euros Selon Barclays, cette
somme se répartirait comme suit : 238 milliards pour l’Alle magne, 220 milliards pour l’Italie, 175 milliards pour la France, 80
milliards pour l’Espagne, 69,5 milliards pour les Pays-Bas, 53 milliards pour la Grèce, 32 milliards pour l’Autriche, 24 milliards
pour la Belgique, 15 milliards pour l’Irlande et 12 milliards pour le Portugal.» Eric Toussaint, «Union sacrée pour une sacrée
arnaque», http://www.cadtm.org/spip.php?article3845#nh3

4. Dans ce même numéro d’A Contre-Courant, l’article de Gérard Deneux, «Eviter l’impasse social-démocrate», décrit une partie
de l’espace social et politique au sein duquel le projet néo-keynésien est en cours de gestation.

5. «La crise d’un modèle de croissance inégalitaire», Alternatives Economiques , n°274, novembre 2008, page 70. Cf. aussi
Michel Aglietta et Laurent Berreri, Désordres dans le capitalisme mondial, Odile Jacob, Paris, 2007.

6. Cf. «De l’Etat ‘inséré’ à l’Etat ‘démultiplié’», Le crépuscule des Etats-nations, Editions Page deux, Lausanne, 2000, pages 31-
68 ; et «Mondialisation», op.cit.

7. Il ne m’est malheureusement pas possible d’argumenter ici en détail ces propositions. Je dois me contenter de rappeler que,
dans le cadre des rapports entre Etats centraux, chacun représentant et défendant les intérêts d’une fraction du capital cent ral,
l’hégémonie consiste pour l’un de ces Etats à réaliser autour de lui et sous sa direction et son autorité une alliance hiérarchisée
de l’ensemble des Etats centraux qui garantisse la prévalence de ses positions et des intérêts propres, tout en ménageant ceux
des autres puissances centrales, notamment relativement aux périphéries et semi-périphérie du système mondial, et en se
montrant capable de proposer et de maintenir un cadre régulateur du procès de reproduction du capital au niveau mondial. Une
domination de caractère hégémonique n’a donc rien d’une domination de type impérial. Et, lorsqu’une puissance centrale se
lance dans une entreprise impériale, surtout s’il s’agit de la puissance réputée exercer l’hégémonie, c’est un indice fort de crise
de cette dernière.

8. Cf. à ce sujet Michel Husson, «Il est temps d’être radical», L’économie politique , n°40, octobre 2008.

94
9. C’est là une question bien trop ample et complexe pour être abordée ici. Je me propose d’y revenir dans un prochain numéro
d’A Contre-Courant.

10. Cette division pourra s’opérer aussi bien au sein de chacun des Etats-nations qu’entre ces derniers au sein des systèmes
continentaux d’Etats en voie de constitution ou encore entre ces différents systèmes eux -mêmes.

11. Il resterait cependant encore à lever l’hypothèque de la crise écologique et la difficulté d’inventer la voie d’un capitalisme
écologiquement réformé – à supposer toutefois qu’une telle voie existe.

12. Par socialisation, nous entendons que ces entreprises doivent devenir la propriété de la société dans son ensemble, leur
possession effective passant entre les mains de leurs travailleurs organisés en conseils d’établissement élisant leur direction en
leur donnant mandat, lesquelles directions sont responsables devant les conseils et révocables par eux à tout moment.

(20 janvier 2009)

95
La recession mondiale: moment, interpretations et enjeux de la
crise

Autor: François Chesnais

Il y a eu une accélération si forte de la crise mondiale depuis un mois, qu’il est devenu
impossible pour un article de revue d’essayer de coller à l’actualité. Il faut donc sélectionner
quelques questions. Le choix fait ici correspond à des interrogations et des préoccupations
exprimées dans des réunions (réunions de Carré Rouge; comptes-rendus courriels de
réunions du NPA13; débat avec Michel Husson dans le NPA 7511 ; discussions dans le
groupe de travail économique (GTE) de la LCR) ou à des interprétations publiées dans des
revuesmilitantes(articles de Michel Husson et d’Alain Bihr).

Le fait majeur, celui qui ne doit jamais être perdu de vue, est que les salariés et la jeunesse, en
France, en Europe, dans le monde ne sont pas confrontés seulement à une crise économique
mondiale. Ce à quoi tous les exploités et dominés, mais aussi tous ceux pour lesquels les mots
«humanité» et «civilisation» gardent un sens, sont confrontés est la conjonction entre la crise
économique et la progression de la crise climatique et de ses effets sociaux mondiaux
gravissimes. S‟y ajoutent ceux de la crise alimentaire provoquée très largement de façon
directe par les politiques commerciales mises en œuvre depuis vingt ans. L‟irrationalité
profonde du système devient manifeste. Celle qui est contenue dans la production pour la
production, c‟est-à-dire aux seules fins de valorisation du capital. Celle qui résulte du fait que
la valeur est valeur pour le capital, valeur d‟échange dont le fondement est l‟exploitation des
travailleurs et l‟épuisement des ressources naturelles. Cet article n‟en dit pas plus à ce sujet et
renvoie au texte que j‟ai écrit pour expliquer pourquoi cette conjonction n‟est pas purement
fortuite. Pour des raisons évidentes, il recoupe à certains moments ce qui est dit ici.

Mécanismes de contagion, «perte de contrôle» et jeu aveugle des lois de la concurrence

Ici je vais commencer par deux questions, liées entre elles, posées à la dernière réunion de
Carré Rouge, mais aussi dans le NPA13, notamment lors d‟une réunion à Vitrolles. « Les
gouvernements n‟ont-ils pas toujours les moyens de bloquer la crise dans sa progression?»
«Que faut-il entendre par crise „systémique‟?»

En ce qui concerne la première question je donne la réponse suivante. Commencée dans la


sphère de la finance, la crise s‟est transformée en crise de surproduction. Elle est une crise
totale et également «globale», mondiale. On est entré dans une phase où elle va se développer
de façon largement, sinon totalement, mécanique. De fortes interactions se sont mises en

96
branle entre des processus de propagation domestique et de contagion internationale ayant
tous un caractère cumulatif propre. L‟accélération du mouvement de propagation domestique
et de contagion internationale n‟était manifestement pas prévue par les gouvernements,
surtout avec l‟intensité qu‟elle a prise en novembre. Ils ont annoncé des plans de relance, les
plus importants étant celui de la Chine annoncé à la mi- novembre et celui que l‟équipe de
Barack Obama vient d‟annoncer. Les mesures prises traduisent des lectures assez différentes
de la crise. Les sommes annoncées sont en général très faibles et prendront souvent du temps
à être vraiment disponibles. Elles ne pèsent pas lourd au regard de l‟ampleur des
contradictions qui ont été déplacées et contenues pendant une période exceptionnellement
longue. Des sommes extrêmement élevées ont été mises à la disposition des banques sous la
forme de crédits. Ils prolongent ainsi l‟existence du capital fictif amoncelé, dont on parlera
plus loin. Ils en accroissent encore la masse et en reportent le poids et la gestion sur des
institutions étatiques auxquelles ce fardeau posera tôt ou tard de grands problèmes. Quant aux
plans de relance industriels, les sommes en question sont très faibles. Là où elles sont plus
élevées, elles prendront longtemps à influencer l‟activité économique quotidienne. Les pleins
effets du plan d‟investissement de modernisation des infrastructures des Etats-Unis qu‟Obama
doit annoncer en janvier ne se feront pas sentir avant 2011. La décision des gouvernements de
sauver par des subventions des entreprises et partant des dirigeants incompétents grassement
rémunérés finira par avoir des conséquences politiques en termes de prise de conscience du
degré auquel «le roi est nu».

L‟affirmation que, passé un certain seuil, la crise puisse connaître une progression largement,
sinon totalement, mécanique peut surprendre. Les termes de propagation et de contagion ont
été oubliés par l‟écrasante majorité des économistes bercés depuis quarante ans par deux
idées. La première que les marchés «s‟autorégulent». La seconde, nourrie par les
bureaucraties des ministères de l‟économie, qu‟ils disposent de politiques publiques de
«pilotage macroéconomique». Les commentateurs sont déroutés lorsque les contradictions
consubstantielles à l‟accumulation du capital débouchent sur des situations de «perte de
contrôle». Dans les crises, les mécanismes aveugles de la concurrence prenne nt la forme de
conduites autodestructrices de la part des banques et des autres institutions financières face à
l‟insolvabilité de leurs débiteurs comme de celle des entreprises face à la contraction de la
production, de l‟emploi et du commerce international. Marx remarquait que

97
tant que tout va bien, la concurrence, on l‟a vu dans la péréquation du taux de profit général,
joue pratiquement le rôle d‟une amicale de la classe capitaliste. Celle-ci se répartit le butin
commun proportionnant à la mise de chacun. Mais dès qu'il ne s'agit plus de se partager des
bénéfices mais des pertes, chacun cherche autant que possible à réduire sa quote-part et à la
mettre sur le dos du voisin. C‟est alors affaire de force et de ruse et la concurrence se mue en
combat entre des frères ennemis1.

Tel est le processus dont l‟Union européenne est devenue si visiblement le terrain et qui va se
déchaîner dans toute l‟économie mondiale.

Il y a propagation domestique de crise (propagation à l‟intérieur d‟un pays) lorsque des effets
dépressifs – de contraction ou de baisse – se répercutent d‟une fonction économique à
d‟autres (par exemple de la consommation vers la production), d‟un secteur économique à
d‟autres (de la finance vers la production manufacturière) ou encore d‟une branche
industrielle à d‟autres (de l‟automobile vers la sidérurgie). La propagation internationale de
crise d‟un pays vers d‟autres (ici le terme médical de contagion est souvent employé par
analogie avec les pandémies), se produit par le biais des flux financiers et des
interdépendances entre les Bourses et plus fortement encore par le canal des flux de
marchandises. La contagion internationale est d‟autant plus forte que les systèmes financiers
sont interconnectés étroitement et les économies très interdépendantes du fait de la
libéralisation des échanges et des investissements étrangers. On parle de mécanismes
cumulatifs lorsque ces effets de propagation se mettent à rétroagir, agir en retour. Par
exemple, la contraction du crédit aux entreprises et aux ménages conduit les premières à
réduire leur production et à diminuer la masse des salaires versés (chômage technique,
licenciements) et les seconds à ne pas faire des achats où un crédit est indispensable. Les deux
effets se cumulent et font baisser la demande tant de biens intermédiaires entrant dans la
production que de biens de consommation. Cela touche très vite les entreprises qui réduisent
encore leur production avec des effets sur les bilans qui confirment les banques dans leur
position de refus du crédit, refus qui met des entreprises en faillite, avec nouvelle chute de la
masse salariale et contraction en conséquence de la demande, etc., etc. En même temps, il y a
propagation de tout cela de pays à pays, ce qui renforce les rétroactions et accroît le caractère
cumulatif de l‟ensemble des processus.

L’oubli de la possibilité des crises capitalistes majeures

98
Toutes les informations publiées vont maintenant dans le sens d‟une propagation de crise au
plan mondial dont le rythme s‟accélère. La compréhension en reste limitée et donc celle de sa
portée. Dans une large mesure, c‟est inévitable. Mais il ne faudrait pas que chez les militants
cela dure trop longtemps. Il est vrai que lorsqu‟on faisait ses études ou qu‟on entrait dans une
école de formation militante autrefois, on rencontrait les crises de surproduction au moins
dans les livres2. On les prenait même encore très au sérieux à l‟époque. Notamment lors de la
récession américaine de 1956-57 qui a suivi la fin de la guerre de Corée et le fléchisse ment
passager des dépenses militaires étatsuniennes. Nous ne savions pas alors qu‟on était entré
dans la période appelée plus tard celle des «trente glorieuses». La théorisation en est venue
très vite. En Italie sous la forme d‟un «néocapitalisme» dont les idéologues du Parti
communiste italien et de la CGIL, comme Bruno Trentin, expliquaient qu‟il avait surmonté
pour l‟essentiel le type de contradictions dont les crises étaient la conséquence. En France, on
a eu droit à la théorie du «capitalisme monopoliste d‟Etat» selon laquelle le capital avait
trouvé des mécanismes de dévalorisation du capital largement maîtrisés. Une longue période a
commencé où la théorie marxiste des crises n‟a été défendue que par un groupe très restreint
de théoriciens militants, trotskistes comme Ernest Mandel3 ou communistes des conseils,
notamment Paul Mattick, auteur d‟un livre très approfondi sur la question4.

La récession mondiale de 1974-76 a clos la période des «trente glorieuses». Elle a suscité
momentanément un regain d‟intérêt pour la théorie des crises de la part des marxistes5 et
également des économistes dits «régulationnistes»6. Ensuite, il était encore question des
crises dans les écoles de formation des organisations trotskistes. Mais il s‟agissait presque
d‟un intérêt «académique». A cela il y avait de nombreuses raisons, notamment les deux
suivantes. Après une phase transitoire, l‟accumulation a progressivement repris dans les pays
capitalistes centraux. Plus important encore, la lutte des classe s dans les pays de l‟Est, à cette
époque surtout en Pologne (Gdansk, la naissance de Solidarnosc, le coup d‟Etat de
Jaruzelski), puis la question de l‟URSS et de la non-réalisation de la révolution politique après
la chute du Mur, ont dominé les préoccupations et les discussions.

Faisons un saut dans le temps. Plus près d‟aujourd‟hui, pendant les quinze dernières années,
certains faits et surtout l‟interprétation qui en a été donnée, ont pesé lourdement dans la sous-
estimation des processus qui ont débuté avec la première étape de la phase financière de la
crise, celle qui a vu la paralysie progressive du crédit et les premières faillites bancaires. Au
cours des quinze années qui ont précédé août 2007, il y a eu une succession de crises : la crise

99
mexicaine de 1994-95, la crise asiatique de 1997-98, la quasi- faillite du fonds spéculatif Long
Term Capital Management (LTCM) à Wall Street en 1998, le krach du Nasdaq en 2001-02.
Chaque fois les gouvernements aidés du FMI sont parvenus à en contenir les effets, avec des
degrés de difficultés certes croissants, notamment lorsque la Corée est entrée en crise en 1998.
Ils ont réussi chaque fois à relancer «la croissance», terme bâtard qui occulte la notion
d‟accumulation. Pourquoi n‟y parviendraient-ils pas de nouveau cette fois-ci? Le réflexe
poussant à penser cela a été d‟autant plus fort que jusqu‟à une date très récente, les médias ont
diffusé presque exclusivement des informations et des opinions allant dans ce sens. Ce n‟est
qu‟au cours des toutes dernières semaines, à partir de la mi-octobre 2008 que l‟espèce de
scepticisme qui prévalait encore fortement chez la majorité des militants, même en septembre
après la faillite de Lehman Brothers, a commencé lentement à se dissiper. Pour cela il a fallu
la chute brutale des Bourses, qui marque la seconde étape à l‟intérieur de la phase financière
de la crise et surtout la première vague de chômage technique et de licenciements qui s‟est
produite.

Les Etats-Unis, principal foyer de propagation et de propagation mondiale à cette étape

Les notions de propagation et de contagion permettent de déchiffrer les informations que la


presse publie maintenant à jet continu et en comprendre le sens. Informations venant de
chaque économie, très grande comme les États-Unis ou la Chine, ou très petite (l‟Islande, les
pays baltes et balkaniques). C‟est aux États-Unis que, depuis le 15 septembre 2008,
l‟accélération des mécanismes de propagation sous l‟effet de leur interaction et des
rétroactions consécutives s‟est faite sur la plus grande échelle. Il ne pouvait pas en être
autrement. C‟est aux États-Unis que le recours à la création de capital fictif sous la forme de
crédit aux entreprises, de crédits hypothécaires et de crédit à la consommation, a été pratiqué
depuis le plus longtemps (cela commence en 1991-92, connaît un premier bond en 1998, puis
un second en 2001-2002). La création de crédit à une échelle massive a permis d‟élargir
artificiellement le marché domestique, mais aussi jusqu‟en 2008 les marchés de titres dont
dépendent les retraites des salariés étatsuniens. Elle a donc masqué l‟existence de surcapacités
de production industrielles très importantes. Ensuite, c‟est à Wall Street qu‟ont afflué les
capitaux spéculatifs de l‟ensemble de la planète, l‟autre point principal d‟affluence étant la
City de Londres. C‟est toujours à Wall Street, avec la City, qu‟a été mis au point, la technique
«miraculeuse» de la titrisation7. C‟est aux États-Unis enfin que la libéralisation et la

100
déréglementation ont touché le marché immobilier le plus fortement et donc donné à la bulle
immobilière des traits qu‟elle n‟a pas au même degré ailleurs.

A partir de juillet 2007, même si la crise financière n‟a vraiment éclaté au grand jour qu‟en
août8, tout l‟édifice a commencé à s‟effondrer, morceau par morceau, au cours d‟épisodes de
crise successifs, chaque fois plus spectaculaires. Le montant extraordinairement élevé de
créances insolvables «cachées» cachées dans les «véhicules» de titrisation inscrits à l‟actif du
capital des banques, des sociétés d‟assurance et des fonds de placement a paralysé le système
de crédit interbancaire et, de là, de proche en proche, le système de crédit tout entier. Les
banques centrales et les gouvernements ont d‟abord diagnostiqué le problème comme étant de
liquidité. Ils ont injecté des sommes massives qui n‟ont eu aucun effet. Les premiers cas de
pré-faillites dus à l‟insolvabilité ont été traités comme des exceptions. Ils ne l‟étaient pas. Il a
fallu injecter des sommes toujours plus grandes non plus dans le système de crédit comme un
tout, mais dans le sauvetage de banques elles aussi toujours plus grandes: Northern Rock en
novembre 2007, mais une première grande banque d‟affaires Bear Stearns en mars 2008. Aux
États-Unis, la condition non-écrite était que cela passe par un rachat de la banque en faillite,
contribue à la concentration accrue. Personne n‟était prêt à racheter Lehman Brothers en
septembre. Le 15 septembre le Trésor américain et la Fed l‟ont donc laissé tomber. Ce n‟est
que le lendemain avec l‟annonce des très grandes difficultés du plus grand assureur mondial
AIG, qu‟ils ont compris que le refus résultait de la détérioration généralisée de la solvabilité
des banques et des sociétés d‟assurance, en raison des opérations spéculatives au
«risqueinconsidéré» de leurs filiales du type Hedge Funds.

Les quinze jours qui ont séparé la faillite de Lehamn de l‟adoption par le Congrès, après un
premier rejet, du plan de sauvetage Paulson de 700 milliards de dollars, ont été ceux d‟un
début authentique de panique financière, tant aux États-Unis qu‟en Europe et en Asie, hormis
la Chine. Mais il y a eu aussi à ce moment- là un élément majeur de propagation de la crise
financière dans le champ même du système financier. A la paralysie des mécanismes de crédit
et la situation de faillite des banques est venue s‟ajouter la chute mondiale du cours des
actions qui a eu lieu fin septembre 2008. Elle avait débuté lentement depuis le début 2008,
mais les mois d‟octobre et novembre ont vu une chute des cours qui a, sur l‟année, la
dimension d‟un vrai krach boursier. Dans un pays où dominent les systèmes de retraite de
marché financier, les effets économiques et les conséquences sociales en sont très importants.
Les secondes ne se feront sentir fortement que dans quelques mois, mais les premiers se sont

101
fait sentir tout de suite par une baisse de la consommation qui a répercuté à son tour sur la
production, notamment dans l‟automobile. Parallèlement les sommes extrêmement élevées
mises à la disposition des banques sous la forme de crédits n‟ont pas donné de résultats. Il a
fallu ajouter crédit sur crédit à AIG, puis il a fallu secourir un autre fleuron du système
bancaire américain et mondial, Citigroup. Il est difficile de mesurer subjectivement l‟ampleur
de la crise bancaire. Le montant astronomique des sommes engagées peut y aider. Il est peu
connu. Le New York Times l‟a publié dans un article dont le titre utilise le terme «planche à
billets»9: 8000 milliards de dollars. Ce sont 7,8 trillions exactement, pour utiliser le mot
anglais, qui sont engagés par les seuls États-Unis. Le gouvernement et la Fed sont d‟abord
«assureurs». Ils se sont portés garants des prêts et des dépôts à hauteur de 3100 milliards et
ont déboursé 97 milliards. Puis il y a leurs engagements comme «investisseur», c‟est-à-dire en
entrant dans le capital pour éviter la faillite. Ici il y a 3000 milliards d‟engagements et 649
milliards de dépensés. Enfin, il y a leurs interventions comme prêteurs, 1700 milliards
d‟engagements et 617 milliards de dépensés.

Comme nous bénéficions encore en France d‟un système de retraite par répartition, très
écorné mais qui n‟a pas pu encore être détruit du fait de l‟action des salariés, y compris lors de
longues grèves qui n‟ont pas atteint leurs objectifs, comme en 2003, nous avons du mal à
mesurer ce que cela signifie de dépendre de retraites de marchés financiers. Ce n‟est pas le cas
des États-Unis. Des millions d‟Américains ont tout de suite compris l‟appauvrissement qu‟ils
subissaient du fait de la chute de la Bourse. Venant s‟ajouter pour une partie d‟entre eux à
l‟expulsion de leurs logements, cela a eu très rapidement des effets sur leurs achats, révélant
l‟ampleur de la surproduction dans l‟industrie automobile et en précipitant la crise. Il y a eu
une forte chute des ventes, de la production et déjà de l‟emploi, ainsi que l‟annonce par
Chrysler et General Motors de chutes des profits et de difficultés de trésorerie susceptibles de
provoquer leur mise en liquidation. La crise financière continue à faire son œuvre, mais la
crise de surproduction a commencé. On est donc bien dans une crise analogue à celle de 1929,
même si la chronologie est différente. On est passé de la paralysie du système du crédit à
l‟insolvabilité des banques, puis au krach boursier dont on a peu dit le nom puisqu‟il s‟est
produit sur des mois, puis des semaines. Depuis octobre on en est au stade de la baisse de la
consommation et des échanges commerciaux et à celui des licenciements, des mises en
chômage technique et des fermetures d‟usines. Le tout dans le cadre de processus cumulatifs
et rétroactifs de plus en plus rapides et puissants. Dans l‟industrie manufacturière, la crise
s‟est étendue de l‟industrie automobile, vers les secteurs qui lui sont liés. Mais Dow

102
Chemicals annonce 5000 licenciements. Au total il y a eu, depuis l‟accélération de la
propagation de la crise financière, une destruction de près de 400 000 emp lois en octobre et de
530000 en novembre, le chiffre le plus élevé depuis 1974, c‟est-à-dire l‟année de la récession
qui a mis fin au boom des années 1960 et à la fable du «néo-capitalisme».

Les raisons pour lesquelles la notion de capital fictif est importante

L‟expression «crise systémique» est souvent utilisée. Elle est très vague et exige d‟être
précisée. Ici elle désigne deux processus. Le premier est la surproduction, conséquence de la
suraccumulation de capital au sens de moyens de production. Le second est le début de la
destruction de capital fictif à une échelle importante. Il faut commencer par lui car la portée
de la notion de capital fictif continue à être méconnue. Elle est considérée par la plupart des
économistes même marxistes comme complètement fumeuse et ceux qui la soutiennent des
gens passablement bizarres, «zarrebis». La notion qui est utilisée le plus couramment est celle
de crédit. Michel Husson invente le terme de «capitaux libres»10. Il ne dit pas pourquoi il
préfère ce terme à celui de Marx, ni en quoi consiste cette «liberté» particulière dans un
univers où la libéralisation et la déréglementation du capital sous toutes ses formes, sont
générales.

«25000 milliards de dollars se sont évanouis», titrait Le Monde dans son numéro des 26-27
octobre. Cette semaine (6 décembre), c‟est The Economist dont la couverture montre un
homme regardant un immense trou noir avec le titre «Où vos économies ont-elles disparu?».
Et d‟écrire dans son principal éditorial, «la valeur des marchés d’actions mondiaux ont rétréci
d’environ 30 000 milliards de dollars en un an, soit de moitié» et d‟ajouter «ces chiffres
éclipsent les pertes sur les actifs liés au crédit subies depuis le début de la crise». Les titres,
dont la «valeur» a été réduite de moitié en un an, ne peuvent pas être rangés sous la notion de
crédit. Ce sont des titres donnant droits à venir en partage de la plus-value créée dans les
entreprises sous la forme d‟intérêts et de dividendes. Une fois émis et placés une première fois
en actions de tel ou tel groupe coté en Bourse, ces titres vivent une sorte de vie propre, un peu
magique, au cours de laquelle leur valeur peut «augmenter». C‟est ce qu‟on appelle la
capitalisation boursière qui est un aspect du fétichisme de l‟argent analysé par Marx. Mais le
monde magique peut tourner au cauchemar. Lorsque les retraites dépendent des dividendes
des actions et surtout des plus- values des transactions en Bourse, la chute profonde des cours
annonce une vieillesse de grand manque, sinon de misère, pour des dizaines de millions
d‟anciens salariés.

103
Tel que je le comprends, le terme «financiarisation», désigne le processus de centralisation et
«d‟accumulation» spécifique de la catégorie particulière de capital que Marx nomme «capital
porteur d‟intérêt»11 et qu‟il analyse dans le livre III du Capital. Ce processus doit être
distingué de l‟accumulation proprement dite (de capital constant et de capital variable). Il est à
la fois dépendant et distinct de celle-ci. À certains moments dans l‟histoire du capitalisme, à la
fin du 19e siècle, aux États-Unis et en Grande Bretagne avant 1929 et récemment depuis le
milieu des années 1970, le processus de centralisation et «d‟accumulation» spécifique de cette
forme de capital a pris une très grande importance. Du temps de Marx, les banques en étaient
les principaux agents. Depuis les années 1970, ce sont aussi les sociétés d‟assurance et les
fonds de pension et de placement financier. Plusieurs sources sont venues alimenter cette
centralisation et «accumulation» spécifiques. Pour s‟en tenir aux plus importantes, ce sont les
profits non réinvestis des entreprises, ceux qu‟ils font dans leurs économies d‟origine sur leur
marché domestique, mais aussi ceux qui résultent du rapatriement de dividendes et de
royalties à la suite d‟investissements directs à l‟étranger (les IDE). Il y a les flux d‟intérêts
provenant de la dette du Tiers monde, auxquels se sont ajoutés les flux d‟intérêts sur les prêts
bancaires internationaux aux pays en voie d‟industrialisation rapide d‟Asie du sud-est. Ensuite
il y a les sommes accumulées par des individus ou des familles très riches et placées sur les
marchés. Dans certains cas ce sont des sommes qui résultent de placements précédents
réussis, de spéculations menées avec succès. Dans d‟autres, ce sont des sommes qu‟ils
perçoivent par la rente du sol ou du sous-sol et des sources d‟énergie. Enfin, il y a les sommes
centralisées au sein du système financier dans les fonds de pension et les fonds de placement
financier (les OPCVM, dits Mutual Funds aux Etats-Unis). Ce sont eux qui sont devenus
l‟épine dorsale de l‟accumulation financière à partir de 1980-84. Au cours des années 1990 les
salariés américains se sont vus imposer un changement dans le système des retraites12. Le
système à «prestations définis» a cédé la place à celui nommé à «cotisations définies». Ce
sont les fonds afférents à ce système qui subissent les plus importants «dégâts collatéraux» de
la crise en cours. Pour continuer à préciser mes désaccords avec Michel Husson, celui-ci ne
fait état qu‟une seule source, les profits non-réinvestis des entreprises13. La seule allusion
qu‟il fait à l‟épargne salariale est son utilisation selon les modalités françaises des derniers dix
ans comme substitut aux salaires. On ne peut pourtant pas comprendre l‟accélération de la
crise mondiale, dont les États-Unis sont le cœur, sans accorder une très grande importance à
cette source de «financiarisation» et à ses conséquences.

104
C‟est à partir de ce socle du capital porteur d‟intérêt, qu‟on peut et qu‟on doit ensuite
introduire et développer la notion de capital fictif. Elle a trois dimensions. Les opérations de
prêt aux entreprises ou d‟investissement dans leur capital, du capital porteur d‟intérêt
comportent l‟émission de titres, d‟obligations et d‟actions. Ces actifs sont «l‟ombre» d‟un
capital déjà installé ou déjà dépensé. La nature des actions, dit Marx, est celle de «duplicata
du capital réel, de chiffons de papier, comme si un certificat de chargement pouvait avoir une
valeur à côté du chargement, et en même temps que lui»14.Vient la seconde dimension du
caractère fictif. Alors qu‟il s‟agit dans le meilleur des cas de réminiscences d‟investissements
déjà faits, aux yeux de leurs possesseurs les titres apparaissent comme étant «leur capital», qui
doit rendre, procurer une rente grande ou petite, assurer une retraite. Lorsque les entreprises
versent des intérêts et paient des dividendes, la fiction fonctionne, tant bien que mal. La
troisième dimension est plus fallacieuse et dramatique encore. Les titres que leurs possesseurs
perçoivent comme étant pour eux un capital, paraissent avoir l‟attribut de croître en valeur en
raison des transactions spécifiques auxquelles ils donnent lieu en Bourse. La montée de la
valeur des actions crée l‟illusion que les mécanismes des marchés financiers seraient
générateurs de valeur. Cette illusion, qui acquiert la force d‟une croyance lorsque les cours
ont maintenu une tendance haussière sur une assez longue période, est détruite au moment où
le krach se produit. La notion de capital fictif doit être étendue au crédit. Je l‟ai fait dans
l‟article publié il y a un an. Ici j‟y renvoie15

Les revenus financiers dépendent de la production de valeur et de plus value

Il n‟y a pas de «miracle de la multiplication des pains». Il faut que «les titres financiers»
soient, comme l‟écrit Michel Husson, «un droit à valoir sur la plus-value produite» (toujours
le même article). Les paiements d‟intérêts et de dividendes doivent être adossés à des flux
effectifs vers les marchés financiers de substance économique réelle, de valeur et de
surproduit. Or ces flux ont progressivement été insuffisants par rapport à la masse de titres en
circulation. Depuis qu‟elle a recommencé, l‟accumulation de capital porte ur d‟intérêt et dans
sa foulée de capital fictif, a connu grosso modo quatre grandes phases, qui se chevauchent en
partie. Chacune a été marquée par un type de placement dominant, sans bien sûr que les autres
formes soient absentes. La première (1975-1982) a été dominée par les prêts aux
gouvernements des pays de ce qu‟on nommait alors le Tiers monde. L‟explosion des déficits
budgétaires et de la dette des pays industrialisés, États-Unis en tête, a marqué la seconde
qu‟on peut dater de 1980 avec la titrisation de la dette publique, sa croissance vertigineuse à

105
des taux d‟intérêts élevés et le transfert massif de revenu transitant par la fiscalité. Puis est
venue une troisième phase, qui commence vers 1994, dans laquelle la forte baisse des taux
d‟intérêts sur les titres de la dette publique provoque un changement dans la composition des
portefeuilles des fonds et des banques. Les actions y prennent une place très importante et le
flux qui a le plus d‟importance pour les gestionnaires financiers est celui des dividendes. C‟est
la phase qui voit l‟établissement des «normes» de satisfaction des actionnaires, notamment le
«retour sur placement» (ROE ou return on investment en anglais) de 14-15%. Comme les
entreprises ont été vite incapables, même en augmentant fortement l‟exploitation, même en
délocalisant les usines vers les pays à bas salaires, de dégager des profits de cette magnitude,
les gestionnaires se sont accordés vers 1998 pour inclure dans le ROE pas seulement les
dividendes perçues, mais aussi les plus-values boursières et une estimation de la «valeur» des
actions, c‟est-à-dire du prix des cours. C‟est le moment où les «profits fictifs» résultant
d‟opérations de spéculation procurant des plus-values boursières ont progressivement pris de
dessus. Ce sont eux qui sont à l‟origine des problèmes sociaux et donc économiques très
graves provoqués par le contrecoup sur les retraites de la chute des cours depuis fin octobre.

La notion de «profits fictifs» a été mise en avant par un groupe d‟économistes brésiliens de
l‟Université fédérale de Espirito Santo Reinaldo Carcanholo, Paulo Nakatani et Mauricio
Sabadini, qui sont parmi les rares personnes travaillant sur la notion de capital fictif16. Leur
travail est stimulant, mais j‟ai exprimé mon désaccord avec l‟une de leurs thèses, à savoir que
les «profits fictifs» auraient été un «nouveau facteur puissant venant contrecarrer la baisse
tendancielle du taux de profit»17. Seuls des facteurs affectant le taux d‟exploitation ou le prix
d‟éléments constitutifs du capital constant ont ce pouvoir. Il n‟y a pas, répétons-le, de
«miracle de la multiplication des pains». Les «profits fictifs» apparaissent lorsque le capital
porteur d‟intérêt disparaît presque derrière le capital fictif. C‟est ce qui s‟est passé lors de la
quatrième phase, dont la crise financière est issue directement. On peut la faire remonter au
lendemain de la crise asiatique, donc également vers 1998. Mais c‟est surtout à partir des
politiques adoptées par la Banque centrale des États-Unis, la Fed, en 2001-2002 au lendemain
du krach du Nasdaq, que débute la phase marquée par le développement très rapide et très fort
du crédit à la consommation et surtout du crédit hypothécaire. L‟objectif était double. Celui
d‟élargir de façon artificielle le pouvoir d‟achat et la demande au moyen de l‟endettement des
ménages. Celui aussi de donner aux intérêts sur les prêts aux ménages une place encore plus
importante qu‟avant dans les mécanismes de valorisation du capital spéculatif. L‟assise de
cette forme de valorisation était connue comme étant fragile puisque reposant sur des flux

106
d‟intérêts vulnérables, sensibles à des changements de conjoncture même limités. Mais selon
les croyances communes de tous les acteurs de la finance, il y avait à cela une parade sans
faille, à savoir la «titrisation», sensée réduire les risques en les partageant entre de très
nombreux fonds au moyen de leur diffusion dans les réseaux nés de la mondialisation
financière.

Surproduction de marchandises et suraccumulation de capital ou sous-consommation?

Il faut maintenant en venir à la seconde dimension «systémique» de la crise. On est en


présence d‟une crise de surproduction, conséquence d‟une suraccumulation de capital au sens
de moyens de production. Le langage économique conventionnel parle des capacités de
production excédentaires nées d‟investissements excessifs ou mal conçus (dans le cas de
l‟automobile il y a une conjonction des deux qui sera peut-être fatale pour certains groupes).
A mesure que la crise progresse, les informations se multiplient au sujet des stocks de
marchandises invendues qui s‟accumulent, dont certaines comme les voitures sont des
marchandises chères. Il faut les écouler et surtout en diminuer plus ou moins fortement la
production. Il y a trop de marchandises au regard de la demande, mais aussi trop d‟usines et
autres sites de production. Il faut mettre une partie des moyens de production au rancart et les
salariés – ouvriers, employés, cadres – au chômage. La crise révèle que des capacités de
production trop élevées ont été mises en place, qu‟il y eu une suraccumulation de capital sous
forme de moyens de production au regard des possibilités d‟absorption des marchandises par
le marché.

La crise actuelle de surproduction consécutive à une suraccumulation de cap ital, survient au


terme d‟une très longue phase (plus de cinquante ans) d‟accumulation presque ininterrompue,
la plus longue phase de ce type de toute l‟histoire du capitalisme. S‟y ajoutent deux traits qui
vont très certainement peser sur la durée et l‟intensité de la crise. La première est
l‟accentuation de «l‟anarchie de la concurrence» du fait de la libéralisation et la
mondialisation. L‟autre est la poussée très forte vers le marché extérieur, vers le marché
mondial qui a pris des traits spécifiques, en ce qui concerne la Chine, d‟une extension de
rapports de production entre capital et travail au sens le plus fort, c‟est-à-dire de rapports dont
le but est la création de la valeur et de la plus- value dans l‟industrie manufacturière. La Chine
n‟est pas seulement un marché. Elle est «the factory of the world», l‟une des plus importantes
bases de production manufacturière du monde, sinon la principale. Donc une base de
production exigeant une sphère de réalisation, c‟est-à-dire un marché, d‟une dimension

107
correspondant au montant des marchandises produites. L‟élargissement des capacités a été le
fait de l‟afflux très important d‟investissements étrangers. Il a été accentué encore par des
mécanismes politico-économiques spécifiques à la Chine propices à la suraccumulation. La
suraccumulation de moyens de production n‟est plus comme en 1974-76 un mal affectant
surtout les États-Unis et le Royaume Uni. On a affaire à un phénomène proprement mondial,
comme on a commencé à le dire plus haut à propos de l‟industrie de l‟automobile.

Les crises de surproduction ont été présentées dès le 19e siècle comme des crises de sous-
consommation, causées par l‟insuffisance des salaires versés et du pouvoir d‟achat des
travailleurs. Marx a donc été confronté à cette interprétation. L‟insuffisance des salaires
versés et du pouvoir d‟achat des travailleurs n‟est pas circonstancielle. Elle est l‟une des
manifestations d‟un antagonisme du capital à l‟égard du travail qui est consubstantiel au
capitalisme (mieux dire à l‟égard des «prolétaires», de toutes celles et de tous ceux qui
doivent vendre leur force de travail). Il résulte de la forme propre au capitalisme
d‟appropriation du «surplus». Toutes les sociétés de classes ont un mode d‟extorsion qui leur
est spécifique. Dans le capitalisme elle se fait par l‟achat de la force de travail des ouvriers et
son utilisation la plus «productive», selon des modes d‟organisation et avec des moyens de
travail qui maximisent la «productivité du travail». Le capitalisme a besoin de salarié(e)s. Il
ne peut pas fonctionner sans eux. Il a besoin de leur force de travail, puisque c‟est de la valeur
d‟usage de cette force de travail que naît le surplus qui est à la base du profit. Évidemment les
salaires qu‟ils perçoivent en font aussi des consommateurs. Leurs achats permettent à de
nombreuses entreprises de vendre les marchandises produites et de boucler le cycle de mise
en valeur du capital propre à chacune d‟elles. Mais le réflexe de chaque entreprise, contrainte
par la recherche du profit et la concurrence de ses rivales, est de voir dans les salarié(e)s
uniquement un coût qu‟il faut réduire. Ce faisant elle contribue à «scier la branche» sur
laquelle les entreprises sont collectivement assises. Logée au cœur du rapport entre le capital
et le travail, cette contradiction possède de façon objective et permanente, le caractère d‟un
antagonisme consubstantiel au capitalisme, un antagonisme irréductible.

L‟antagonisme irréductible des rapports de production capitalistes dont la dimension de


rapports de distribution ne peut pas être séparée de l‟achat et de l‟exploitation de la force de
travail, a été démultiplié dans ses effets par la mise en concurrence féroce des travailleurs de
pays à pays et de continent à continent, qui est allée de pair avec la libéralisation et la
mondialisation du capital. Ces questions n‟occupent pas actuellement une place centrale dans

108
le débat «franco- français». L‟interprétation de la crise qui prévaut dans la gauche, dit qu‟elle
est due à un enchaînement de processus économiques dont le fondement serait la contraction
de la part des salaires «dans le partage de la valeur ajoutée», ou encore la capture presque
totale des gains de productivité par les profits au détriment des salaires, qu‟il a fallu
compenser par un très fort développement du crédit, dont l‟expansion a été démultipliée par la
titrisation. Elle a été notamment exposée par Jacques Sapir18. Pas mal de militants ont cru
trouver, en les lisant un peu vite, dans les textes de Michel Husson une interprétation
analogue. Elle peut avoir des implications immédiates en termes de «sortie de crise», qu‟on
voit formulée surtout du côté du Parti communiste français. Il faut y prendre garde. Si on a
affaire avant tout à une crise de sous-consommation, causées par l‟insuffisance des salaires
versés et la faiblesse du pouvoir d‟achat des travailleurs, la réponse est une répartition des
résultats de la production et de la vente des marchandises plus favorables aux travailleurs, un
meilleur partage de la valeur ajoutée et des gains de productivité. On aurait là l‟une des
composantes essentielles d‟une réponse «keynésienne» à la crise.

Le combat pour le maintien du pouvoir d‟achat est une composante obligatoire de tout plan de
défense des salariés, mais il ne dessine pas une réponse durable aux problèmes que le rapport
de domination capitaliste leur pose aujourd‟hui, à eux et à leurs enfants. On y reviendra plus
loin en intégrant la crise écologique dans l‟analyse. Mais il ne dessine pas non plus une
réponse «keynésienne» à moins de faire un pas très important de plus. Il y a eu en Europe
destruction, et même aux États-Unis un fort affaiblissement, des bases économico-politiques
nationales sur lesquelles les politiques désignées de ce nom ont été construites autrefois. La
libéralisation et la mondialisation du capital, ont rendu les solutions «keynésiennes» à la crise
largement inopérantes au niveau de pays pris isolément. Donc sans mettre en cause la
libéralisation des échanges. C‟est là l‟une des causes évidentes de la crise politique des partis
sociaux-démocrates et socialistes. Dans le cas des pays européens, y compris l‟Allemagne, la
mise en œuvre de politiques anticycliques «keynésiennes», comportant des investissements
publics très importants qui auraient des effets induits forts sur l‟emploi et les salaires et donc
la demande de biens de consommation, ne serait possible qu‟à l‟échelle d‟un groupe de pays,
dont les membres initiaux du Marché commun et exigerait la reconstruction de barrières
douanières vis-à-vis du reste du monde. Seuls les quelques économistes ou politistes
appartenant au groupe très restreint des «souverainistes européens» fédéralistes défendent ces
solutions19. Mais souverainisme et fédéralisme ne font pas bon ménage, de sorte que les
appuis politiques dont ils disposent sont quasi nuls.

109
La thèse de l’excès de plus value

L‟explication de la crise qui fait jouer un rôle central à la contraction de la part des salaires
«dans le partage de la valeur ajoutée», a déteint sur d‟autres sensibilités au sein de l‟extrême
gauche. Dans son article dans le numéro de A contre courant de novembre 2008, Alain Bihr
expose ce qu‟il nomme l‟une des «contradictions structurelles (donc permanentes et
indépassables) auxquelles se heurte la reproduction du capital», à savoir «celle qui naît de
l’ambivalence fondamentale du salaire du point de vue du capital». On y trouve de façon
percutante tout ce qui vient d‟être dit. On est d‟autant plus étonné de tomber ensuite, sous le
sous-titre «et une plus-value en excès! » (le point d‟exclamation est d‟Alain Bihr lui- même),
sur une adhésion de sa part à la thèse de la sous-consommation. On lit que

l‟adoption de politiques néolibérales, leur mise en œuvre résolue et leur poursuite méthodique
depuis près de trente ans auront donc produit ce premier effet de créer les conditions d‟une
crise de surproduction en comprimant par trop les salaires: en somme, une crise de
surproduction par sous-consommation relative des salariés20 (ici c‟est moi qui souligne).

Alain Bihr soutient ensuite que les politiques néolibérales ont «produit simultanément un
second effet complémentaire du précédent: l’accroissement de la plus -value, absolu (en
termes de masse de la plus-value) aussi bien que relatif (en termes de taux de la plus-value)».
Plus exactement un accroissement de la plus-value d‟une telle ampleur qu‟elle est «en excès
des possibilités de l’accumulation».

A. Bihr nous propose un bouleversement majeur dans la compréhension du capitalisme que


nous avons héritée de Marx. L‟un des fils conducteurs centraux de l‟analyse présentée dans
les Manuscrits de 1857-58 et le Capital, est celui d‟un système où le capital engagé dans un
mouvement de valorisation sans fin, se heurte à une insuffisance chronique de plus-value,
dont la racine est dans les rapports de production capitalistes eux- mêmes. La tendance
récurrente à la baisse du taux de profit en est l‟une des manifestations. Ala in Bihr nous invite
dans cet article à opérer un renversement complet. Ne plus voir le système comme assoiffé de
plus value, mais comme en ayant trop, d‟un montant tel qu‟il ne saurait plus quoi en faire. Il
s‟agirait de prendre comme repère analytique non plus la pénurie de plus- value, mais son
excès.

110
Pour justifier un tel renversement, il faut un matériel empirique important et un cadre
analytique très fort. Il est loin d‟être certain que l‟un et l‟autre existent. En fait Alain Bihr
renvoie simplement ses lecteurs à Michel Husson21 et au «fait singulier» que celui-ci aurait
établi que

le taux d‟accumulation est devenu inférieur au taux de profit. En somme, les profits excèdent
ce dont les entreprises ont besoin pour financer leurs investissements: plus exactement, ce
qu‟elles peuvent investir étant donné les conditions faites à la production par l‟insuffisance
des débouchés due à la contraction de la part des salaires dans «la valeur ajoutée».

Il faut donc poursuivre l‟examen des arguments de Michel Husson. Plus haut, j‟ai expliqué en
quoi réduire «la création permanente de capitaux libres (….) à la croissance tendancielle du
profit non accumulé» fait l‟impasse sur des sources d‟accumulation de capital porteur
d‟intérêt et de façon dérivée de capital fictif dont la crise est en train de révéler toute
l‟importance. Cette croissance de capitaux libres résulte « d’un double mouvement : d’une
part, le recul généralisé des salaires et, d’autre part, la stagnation - voire le recul – du taux
d’accumulation en dépit du rétablissement du taux de profit».

Il y a accord complet sur le premier point: le recul généralisé des salaires est un fait central. Il
concerne toutes les économies et pas seulement celles qui figurent dans les graphiques de M.
Husson. En ce qui concerne le second, il y a deux problèmes. L‟un me semble propre à Alain
Bihr: un système dans lequel le taux d‟accumulation stagne ou recule est un système qui va
être confronté très vite (en fait il l‟est en permanence), à une pénurie de plus-value. Le fait
que les capitalistes l‟appréhendent sous la forme de l‟étroitesse du marché et des difficultés de
réalisation de la plus- value qu‟ils voudraient s‟approprier, traduit leur cécité face aux
contradictions du système22. L‟autre tient à l‟évidence dont Michel Husson infère la
stagnation ou le recul du taux d‟accumulation. Peu de gens chez les anticapitalistes ont pris
garde au fait qu‟elle porte uniquement sur les États-Unis, le Japon et l‟Europe. Or dans le cas
les deux premiers très tôt et de certains groupes industriels européens ensuite, la soif de plus-
value a servi d‟aiguillon aux investissements directs massifs faits en Chine et au Brésil (l‟Inde
restant difficile d‟accès). Les profits ont été réinvestis. Pas dans les pays d‟origine, mais
ailleurs dans le champ du capitalisme mondialisé. A. Bihr se trompe lorsqu‟il dit que

l‟obstacle venant de l‟insuffisance des débouchés due à la contraction de la part des salaires
dans „la valeur ajoutée‟, a pu cependant être en partie levé par l‟ouverture simultanée de

111
nouveaux marchés dans les États semi périphériques dit «émergents»: le Mexique, le Brésil, la
Chine, l‟Inde, les États pétroliers du Golfe».

Pas seulement des marchés, mais dans les cas les plus importants, des sources directes de
plus-value. Le livre de Michel Husson Un pur capitalisme23 ainsi que ses articles
représentent un apport important, mais ils ont été insuffisamment débattus. Les graphiques
qu‟il a publiés ont eu un impact très fort. Ils ont semblé fournir à des lecteurs pressés les
explications qu‟ils cherchent. Les quelques points que je fais ici, ont pour but d‟ouvrir le
débat.

Revenons un instant aux dernières informations disponibles. En en faisant état, je ne respecte


pas ce que j‟ai dit au tout début. Il le faut pourtant pour souligner à quel point nous sommes
entrés dans une phase absolument nouvelle, pour tout le monde: le capital et les
gouvernements d‟un côté, les salariés, la jeunesse, les exploités et les dominés de l‟autre.

Récession annoncée pour l’économie mondiale comme un tout

La propagation mondiale va maintenant à une vitesse qui prend les économistes de court.
Interrogés par un journaliste du New York Times, ceux de la Banque mondiale le
reconnaissent. Ils viennent de publier leurs prévisions pour 2009, nécessairement valables
seulement au moment où elles sont faites. Elles sont d‟une extrêmement gravité: croissance
mondial de 0,9 %, là où elle était encore de 2,5% en 2007 et 4% en 2006; recul du commerce
mondial de moins 2,1 %, c‟est-à-dire un recul plus important que celui de 1975 (voir plus haut
pour ce que la crise de 1974-75 a représenté). Selon les économistes qui ont parlé «c e qui est
plus inquiétant, c‟est qu‟il n‟y a plus de moteur de relance évident»24. Des dizaines de
millions de salariés vont être mis au chômage et des centaines de millions de gens entrant
dans la catégorie des «pauvres» vont voir leur pauvreté s‟accentuer.

En Europe, les principaux relais directs actuels de la crise sont les pays qui ont eu le plus
recours à l‟endettement et connu la bulle immobilière la plus importante. Mais les effets de
ricochet sur l‟Allemagne et le Japon ont été très rapides. Dans un article au ton narquois, The
Economist explique qu‟un taux d‟épargne élevé et un bas niveau d‟endettement des
particuliers n‟ont pas empêché ces deux pays de subir les effets de la crise extrêmement
vite25. Ils sont l‟un et l‟autre très dépendants des exportations et la chute de la production aux
États-Unis, mais aussi en Chine. C‟est de façon proprement mondiale que la crise de

112
surproduction se développe. Les secteurs les plus uniformément touchés sont l‟immobilier de
bureaux et l‟industrie des voitures particulières, où la mévente et la réduction de production
ne touchent pas seulement les pays du G7, mais déjà la Chine26.

Au moment de clore cet article, l‟agence Reuters annonce selon Le Monde (édition web du 10
décembre que «la Chine, contre toute attente, a vu ses exportations et ses importations baisser
en novembre, selon les chiffres publiés mercredi par l'administration des douanes, ce qui
traduit la rapidité avec laquelle l'activité de la quatrième économie mondiale ralentit. Les
exportations ont fléchi de 2,2% en rythme annuel, ce qui constitue leur recul le plus marqué
depuis avril 1999. Les économistes s'attendaient au contraire à une hausse de 15% des
exportations en moyenne. Les importations ont accusé une chute de 17,9%. C'est leur baisse
la plus forte jamais enregistrée depuis qu'existent des stati

113
A propos d’un «excès de plus-value»
Alain Bihr *

Nous publions ci-dessous la réponse d’Alain Bihr à des remarques faites par François Chesnais sur son
article publié sur notre site en date du 1er novembre 2008 et intitulé « Le triomphe catastrophique du néo-
libéralisme ». (Réd)

Dans l’article intitulé «La récession mondiale: moment, interprétations et enjeux de la crise» paru dans le n° 39 de
Carré Rouge, François Chesnais conteste les éléments d’analyse de la récente crise financière et bancaire
mondiale, qui n’est jamais que la dernière phase en date de la crise structurelle dans laquelle le capitalisme est
entré au cours des années 1970, analyse que j’ai eu l ’occasion de développer dans le numéro 199 d’A Contre-
Courant sous le titre: «Sur la crise (1): Le triomphe catastrophique du néolibéralisme». Il vise notamment la thèse
selon laquelle cette crise trouverait sa source dans un excès de plus -value. D’une part, cette thèse lui paraît
proprement hérétique d’un point de vue marxiste ; et, d’autre part, elle n’est pas, à ses yeux, susceptible de
rendre compte du processus ayant mené à la récente crise financière. C’est sur ces deux points que je voudrais
ici lui répondre.

Excès ou défaut de plus-value ? Les deux, mon capitaine !

Selon François Chesnais, en avançant la thèse d‟un excès possible de plus-value dans le cours
du cycle de reproduction du capital, je ne proposerai pas moins qu‟un renversement de
paradigme, qu‟une rupture avec les canons de l‟analyse marxienne. Je le cite:

«A. Bihr nous propose un bouleversement majeur dans la compréhension du capitalisme que
nous avons héritée de Marx. L’un des fils conducteurs centraux de l’analyse présentée dans
les Manuscrits de 1857-58 et Le Capital, est celui d’un système où le capital engagé dans un
mouvement de valorisation sans fin, se heurte à une insuffisance chronique de plus-value,
dont la racine est dans les rapports de production capitalistes eux -mêmes. La tendance
récurrente à la baisse du taux de profit en est l’une des manifestations. Alain Bihr nous invite
dans cet article à opérer un renversement complet. Ne plus voir le système comme assoiffé de
plus value, mais comme en ayant trop, d’un montant tel qu’il ne saurait plus quoi en faire. Il
s’agirait de prendre comme repère analytique non plus la pénurie de plus -value, mais son
excès.» (Page 11).

C‟est trop me prêter… et en même temps oublier ce que nous a précisément enseigné Marx.
Car c‟est bien chez Marx même que l‟on trouve matière à défendre ma thèse. Pour le montrer,
il me faut rappeler les principaux éléments de son analyse du procès de valorisation du capital
et des contradictions auxquelles il se heurte. Je m‟en excuse pour celles et ceux qui les
connaissent déjà ; mais visiblement, certaines révisions ne sont pas inutiles… Je m‟en excuse
encore plus pour ceux et celles qui ne les connaissent pas et qui trouveront sans doute les
lignes suivantes quelque peu ardues.

114
Pour Marx, la valeur V de toute marchandise se mesure par la quantité de travail social
nécessaire à sa production. Cette production consomme elle- même une certaine masse de
moyens de production (matières premières, matières auxiliaires, énergie, moyens de travail
divers: outils, machines, locaux, etc.) – autant de travail mort, passé, matérialisé dans ces
moyens de production – dont la valeur ne fait que se transmettre à la marchandise créée et
réapparaît donc comme telle dans V. Pour cette raison, Marx appelle la fraction du capital
avancée sous forme de ces moyens sa partie constante ou capital constant ; et il la note c. En
même temps, cette transformation de moyens de production en un produit nouveau
correspond à une dépense supplémentaire de travail vivant, donc à la formation d‟une valeur
nouvelle, ce que j‟ai appelé dans mon article la „valeur ajoutée‟, en détournant ainsi cette
expression du sens dans lequel elle est habituellement prise en économie et en comptabilité
(raison pour laquelle je l‟assortis de guillemets). Dans cette „valeur ajoutée‟, une partie ne fait
que restituer cette autre fraction du capital qui a dû être avancée pour s‟approprier la force de
travail ; c‟est ce que Marx appelle la part variable du capital et qu‟il note v ; elle est par
définition égale à la valeur de la force de travail, puisque Marx présuppose que cette dernière
s‟échange à sa valeur, comme toute autre marchandise ; et, comme celle de toute autre
marchandise, cette valeur est mesurée par la quantité de travail nécessaire à sa reproduction –
ce que Marx appelle le travail nécessaire. Tandis que l‟autre partie de la „valeur ajoutée‟
correspond au surtravail que la mise en œuvre productive de la force de travail fournit
gratuitement au capital: par la durée, l‟intensité et la productivité de sa mise en œuvre, la
force de travail fournit ainsi plus de travail que ce qui est nécessaire à sa propre reproduction:
telle est, on le sait, l‟origine de la plus-value que Marx note pl.

En définitive, selon Marx, la valeur V de toute marchande (ou lot de marchandises) produites
de manière capitaliste peut ainsi se décomposer en trois éléments (c, v et pl) et s‟écrire: V = c
+ v + pl. Toutes les difficultés que le capital va rencontrer dans le cours de son procès de
reproduction peuvent se réduire en définitive aux évolutions des différents rapports entre ces
trois éléments composant la valeur des marchandises à travers la production et la circulation
desquelles il se valorise. Deux de ces rapports vont nous intéresser tout particulièrement ici. Il
convient donc de s‟arrêter sur eux.

Le premier est ce que Marx appelle le taux de plus-value. Il se définit par le rapport pl/v et
Marx le note pl’ : c‟est le rapport entre la part non payée (mais appropriée sous forme de plus-
value) et la part payée (sous forme de salaire) de la „valeur ajoutée‟. Le taux de plus-value est

115
la mesure en valeur du rapport entre le surtravail et travail nécessaire. Remarquons que, si
l‟on note e le rapport pl/(v + pl), qui mesure la part de la plus-value dans la „valeur ajoutée‟,
on peut écrire e = pl’/(1 + pl’). Comme pl’, e constitue un indice en valeur du degré
d‟exploitation de la force de travail en rapportant la plus-value non plus au seul capital
variable (le salaire) mais à l‟ensemble de la „valeur ajoutée‟.

Le second rapport qui nous intéresse ici est ce que Marx appelle la composition organique du
capital. C‟est le rapport c/v qui, pour un taux de plus-value donné, est l‟indice en valeur du
rapport entre la quantité de travail mort mis en œuvre (la masse des moyens de production
consommés) et la quantité de travail vivant (payé et non payé) qui mobilise la précédente.
Indépendamment du taux de plus-value, la mesure en valeur de ce dernier rapport nous est
donné par le rapport k = c/(v + pl) qui rapporte le capital constant à la „valeur ajoutée‟.

Lorsque Marx passe à l‟analyse de la dynamique du procès de reproduction du capital, il


montre successivement qu‟une reproduction simple du capital est impossible (c‟est une simple
hypothèse d‟école) : le capital doit nécessairement s‟accumuler par conversion d‟une partie de
la plus-value en capital additionnel ; et que l‟accumulation du capital ne peut être purement
extensive: elle ne peut se produire par simple extension (spatiale et sociale: à d‟autres
territoires et d‟autres branches de production) des modes d‟accumulation existant ; il lui faut
devenir intensive, c‟est-à-dire viser à augmenter la productivité du travail. Dans ces
conditions:

- D‟une part, le taux de plus-value tend à augmenter, ce qui n‟est jamais que l‟indice en valeur
de l‟accroissement du surtravail relativement au travail nécessaire. C‟est le mécanisme même
de production de ce que Marx nomme la plus-value relative. Autrement dit encore, la part de
la plus- value dans la „valeur ajoutée‟ augmente tandis que la part des s alaires diminue: pl’
augmentant, e augmente également en tendant asymptotiquement vers 1.

- D‟autre part, la quantité de travail mort mis en œuvre par le capital tend à augmenter
relativement à la quantité de travail vivant qui le met en œuvre. En conséquence, la
composition organique du capital aussi bien que le rapport k tendent eux aussi à augmenter.

Evidemment, dans l‟un et l‟autre cas, il existe des contre-tendances. Dans le premier, la
principale est… la lutte du prolétariat pour élargir et enrichir la norme de consommation, qui
définit la quantité de travail socialement nécessaire à la reproduction de sa force de travail,

116
donc pour contrer la dévalorisation de cette dernière, pour contrecarrer la baisse de la part des
salaires dans la „valeur ajoutée‟. Dans le second cas, les progrès de la productivité du travail
tendent à dévaloriser aussi bien les éléments entrant dans la composition du capital constant
que ceux entrant dans celle du capital variable, limitant d‟autant la hausse de la composition
organique. Mais si ces contre-tendances peuvent freiner les tendances précédentes, en ralentir
et en différer les effets, elles ne peuvent les bloquer et encore moins les inverser. Or ces
tendances conduisent nécessairement à dresser une double barrière sur la voie de la poursuite
de la reproduction du capital.

D‟une part, lorsque s‟accroît la productivité du travail et que, par conséquent, augmente aussi
la quantité de travail mort mis en œuvre relativement au travail vivant qui le met en œuvre, le
taux de profit tend nécessairement à diminuer. Ce taux de profit p’ est le rapport de la plus-
value à l‟ensemble du capital avancé: p’ = pl/(c + v). En divisant le numérateur et le
dénominateur de cette fraction par v + pl, on peut l‟écrire sous la forme: p’ = e/(k + 1 – e). Et
on constate que, dans les conditions ici posées, e tendant vers 1 tandis que k augmente, p’
diminue nécessairement: le taux de profit chute du fait de l‟augmentation du capital constant
relativement à la „valeur ajoutée‟, quelle que soit par ailleurs la hausse du taux de plus-value,
autrement dit du rapport entre les deux parts (payée et non payée par le capital) de la „valeur
ajoutée‟. Or le taux de profit mesure le degré de valorisation du capital et sert d‟aiguillon à
l‟accumulation de ce dernier ; concrètement, il constitue le motif essentiel des décisions
d‟investissement, de non- investissement ou même de désinvestissement. Toute baisse
continue et prolongée de ce taux conduit à un ralentissement et finalement un blocage de
l‟accumulation du capital.

Mais l‟autre incidence de l‟accroissement de la productivité du travail ne produit pas moins,


d‟autre part, le même résultat, par d‟autres biais. En effet, lorsque la part des salaires dans la
„valeur ajoutée‟ diminue, c‟est une des sources essentielles de la demande finale qui petit à
petit se tarit: c‟est une part toujours moins grande de la valeur V du produit social (que l‟on
réduira ici par hypothèse à une seule et unique marchandise et que l‟on pourra donc écrire: V
= c + v + pl) dont la réalisation peut s‟obtenir par l‟échange contre les salaires v tandis
qu‟une part toujours plus grande doit s‟échanger contre du capital constant c ou de la plus-
value pl (que celle-ci soit dépensée comme revenu ou convertie en capital additionnel). Dans
ces conditions, il est inévitable que les équilibres entre les deux sections productives que
Marx distingue dans ses célèbres schémas de la circulation et de reproduction du capital social

117
exposés dans la section III du Livre II du Capital ne finissent par se trouver perturbés ; plus
précisément, l‟accumulation dans la section II (productrice de moyens de consommation) ne
parvient pas à suivre le rythme imposé par celle dans la section I (productrice des moyens de
production): l‟accumulation dans la section II se trouve freinée par l‟insuffisance (relative)
des débouchés et ce ralentissement ne peut que rejaillir, plus ou moins rapidement et
brutalement, sur la section I. La poursuite de l‟accumulation du capital social bute cette fois-ci
non plus sur l‟insuffisance de la plus-value relativement à la masse du capital à valoriser mais
sur l‟insuffisance de la demande finale relativement à la masse du capital- marchandise à
réaliser du fait de la diminution de la part des salaires dans la „valeur ajoutée‟. Mais dire que
les salaires sont en défaut (relatif) dans la répartition de la „valeur ajoutée‟ entre travail et
capital revient implicitement à dire que la plus-value y est en excès (relatif), puisque la
répartition de la „valeur ajoutée‟ se fait rigoureuseme nt entre les deux.

Résumons-nous. Il n‟y a nulle contradiction à parler de l‟existence simultanée d‟un défaut et


d‟un excès de plus-value. Pour trois raisons. D‟une part, dans la mesure où les deux
constituent des phénomènes relatifs, tout dépend du terme auquel la plus-value est rapportée
et relativement auquel le défaut ou l‟excès de plus- value se définit et se mesure. Dans un cas,
la plus- value est rapportée à l‟ensemble du capital sous forme du taux de profit ; et elle se
trouve alors en défaut. Dans l‟autre cas, elle est rapportée au seul capital variable (le salaire)
sous forme de taux de plus-value ; ou encore, elle est rapportée à l‟ensemble de la „valeur
ajoutée‟ (capital variable + plus-value) ; et elle est alors en excès.

D‟autre part, l‟un et l‟autre de ces deux rapports procèdent de la même cause fondamentale:
défaut de plus- value relativement à l‟ensemble du capital en fonction comme excès de plus-
value par rapport au seul capital variable (à la masse des salaires distribuée) ne sont que deux
manières propres au mode de production capitaliste (aux rapports capitalistes de production)
d‟exprimer et de mesurer les progrès de la productivité du travail social et, plus largement, le
développement des forces productives. En régime capitaliste, les progrès de la productivité du
travail se traduisent nécessairement, de manière périodique, par un défaut de la plus-value
formée et réalisée relativement à la masse du capital à valoriser aussi bien que par un excès de
la plus-value (partant un défaut des salaires) relativement à la masse du capital- marchandise à
réaliser. Autrement dit, en régime capitaliste, les progrès de la productivité du travail
conduisent nécessairement et périodiquement à une disproportion entre travail mort et travail
vivant de même qu’à une disproportion entre travail nécessaire et surtravail. Ce sont là deux

118
expressions différentes de la même contradiction fondamentale entre le développement des
forces productives et les rapports de production (qui sont essentiellement des rapports de
valeur, des rapports entre différentes fractions de la valeur formée et à réaliser) dans lesquels
le capital prétend enserrer ce développement.

Enfin, l‟un et l‟autre des deux phénomènes ici étudiés, défaut et excès de plus-value,
conduisent en définitive à la même conséquence: la crise de la production capitaliste, la
difficulté à poursuivre la reproduction (accumulation) du capital. Crise qui est toujours une
crise de surproduction dont les deux phénomènes en question ne font que représenter deux
faces différentes. D‟une part, la surproduction de capital productif, soit la suraccumulation de
capital relativement à la plus-value destinée à le valoriser, dès lors insuffisante, provoquant
une baisse tendancielle du taux de profit, en somme une crise de valorisation. D‟autre part, la
surproduction de capital- marchandise, l‟excès de marchandises sur les marchés,
l‟encombrement des marchés par défaut de débouchés, du fait en définitive de l‟insuffisance
de la demande finale issue du salaire, conséquence de l‟e xcès de la part de la plus-value dans
la „valeur ajoutée‟. Soit en définitive une non moins classique crise de réalisation.

J‟ajouterai simplement que, selon les phases de la crise capitaliste, c‟est l‟un ou l‟autre de ces
deux aspects (difficultés de valorisation ou difficultés de réalisation) qui domine, sans que
l‟autre ne disparaisse cependant jamais puisque, encore une fois, les deux aspects expriment
toujours conjointement la même contradiction fondamentale. Et que la thèse que j‟ai soutenue
dans l‟article d‟A Contre-Courant dont il est ici question est que la récente crise financière et
bancaire est l‟expression d‟une phase de la crise capitaliste où prédominent les difficultés de
réalisation[1].

Une crise de réalisation

Si François Chesnais ne semble pas contester ce dernier point, du moins pense-t- il que je
manquerai d‟arguments pour en soutenir la lecture que j‟en propose, centrée sur la thèse d‟un
excès de plus- value dans le partage de la „valeur ajoutée‟:

«En fait Alain Bihr renvoie simplement ses lecteurs à Michel Husson et au „fait singulier‟ que
celui-ci aurait établi que „le taux d‟accumulation est devenu inférieur au taux de profit. En
somme, les profits excèdent ce dont les entreprises ont besoin pour financer leurs
investissements: plus exactement, ce qu‟elles peuvent investir étant donné les conditions

119
faites à la production par l‟insuffisance des débouchés due à la contraction de la part des
salaires dans «la valeur ajoutée’». (Ibidem)

François Chesnais semble m‟avoir mal lu. Car, en l‟occurrence, outre cet argument, repris en
effet de Michel Husson, j‟en avance quatre autres qui semblent lui avoir échappé, qu‟il ne
mentionne pas en tout cas. Et c‟est d‟autant plus regrettable que ces arguments renvoient tous
à quelques-uns des traits majeurs de l‟évolution socio-économique du capitalisme sur ces
dernières décennies, mon objectif étant de montrer que la thèse de l‟excès de plus- value (au
sens précédemment entendu) est en mesure de rendre compte de ces traits. Puisqu‟ils n‟ont
pas été portés à la connaissance des lecteurs de Carré Rouge par François Chesnais lui- même,
il me faut donc ici rapidement les reprendre, tout en les développant sur certains points.

Le premier de ces traits est l‟allure singulière qu‟à présentée l‟accumulation du capital,
notamment dans les formations centrales, depuis le milieu des années 1980, faite d‟une
succession de relances qui avortent rapidement sous forme de récessio ns, de stagnations voire
de mini-dépressions, en somme une suite de stop and go comme disent les Anglo-Saxons.
Citons: la reprise des années 1985-1987 qui se conclut par le krach de New York d‟octobre
1987 ; la reprise des années 1988-1991 qui débouche (outre sur la première guerre du Golfe)
sur l‟éclatement de la bulle immobilière japonaise, la dernière grande crise monétaire
européenne de 1992 et la récession de 1993 ; la timide reprise des années 1994-1997, qui se
solde par la crise financière asiatique (Corée, Indonésie, Malaisie, Philippines) prolongée par
celle de la Russie, du Mexique et du Brésil l‟année suivante ; la vive reprise de 1998-2001 (la
soi-disant «nouvelle économie») qui conduira à l‟éclatement de la bulle Internet en 2001-2002
et aux scandales d‟Enron et de Vivendi-Universal ; avant une nouvelle reprise en 2003-2004
sous l‟effet de la bulle immobilière aux Etats-Unis dont on sait à quoi elle a mené. Allure
chaotique que j‟explique par le fait que l‟obstacle auquel est venue se heurter à c haque fois la
reprise de l‟accumulation n‟est pas l‟insuffisance de la plus-value relativement au capital à
valoriser (la propension à l‟accumulation est nette à chaque fois) mais bien l‟excès de plus-
value dans le partage de la „valeur ajoutée‟ conduisant à une insuffisance des débouchés par
sous-consommation des salariés. En ce sens, le succès des politiques néolibérales aura fait
tomber le capital de Charybde en Scylla: si la mise en concurrence systématique des
travailleurs (à coup de développement du chômage et de la précarité et de „libéralisation‟ du
mouvement des capitaux) mais aussi la mise en œuvre de nouvelles formes de subordination
du travail au capital («l’usine fluide, flexible et diffuse») aura permis de redresser le taux de

120
profit, elles auront aussi et inversement accumulé les conditions de difficultés structurelles
dans la réalisation de la valeur formée. En ce sens, la trajectoire de l‟actuelle crise structurelle
nous a fait passer d‟une crise de valorisation à une crise de réalisation (sachant – répétons- le –
que c‟est là une manière commode de s‟exprimer désignant simplement l‟aspect dominant de
la même contradiction qui fait que perdure toujours aussi l‟autre aspect)[2].

Un deuxième trait singulier du cours socio-économique récent du capitalisme, notamment


mais pas exclusivement dans les formations centrales, aura été le développement considérable
qu‟ont connu les secteurs de l‟industrie de luxe au cours des deux dernières décennies. Signe
de l‟enrichissement manifeste de toutes les classes et couches sociales qui vivent de la plus-
value (sous ses différentes formes: „salaires‟ mirobolants des dirigeants, stock options,
dividendes des actionnaires, intérêts des prêteurs, rente des propriétaires fonciers ou des
titulaires de brevets, etc.), l‟essor de la consommation de luxe aura été le signe le plus
spectaculaire (au sens propre et immédiat du terme) d‟une formidable et dramatique
aggravation des inégalités sociales: tandis que ceux qui vivent des salaires (directs et
indirects) ont vu diminuer de manière importante leur part dans la „valeur ajoutée‟ (autrement
dit dans la richesse sociale nouvellement produite, dans l‟accroissement net de la richesse
sociale), ceux qui vivent de la plus-value auront vu au contraire la leur croître. Ce qui signifie
qu‟on a assisté à une paupérisation relative du salariat dans son ensemble, qui s‟est très
certainement accompagné de phénomènes de paupérisation absolue pour certaines de ses
couches et catégories.

Or cette explosion de la consommation de luxe est, elle aussi, une manifestation de la crise
latente de réalisation, la consommation de luxe des nantis étant censée prendre le relais,
comme moteur de la demande solvable, de la consommation de produits banalisés en berne du
fait de la paupérisation relative des salariés. Elle était aussi et surtout le signe qu‟une part
grandissante de la plus- value n‟était plus en mesure, faute d‟une croissance suffisante des
débouchés, de se convertir en capital additionnel, de venir financer l‟accumulation du capital,
qu‟elle ne pouvait plus soutenir cette dernière qu‟en se convertissant en revenu pour être
dilapidé sous forme de dépenses de luxe par les classes possédantes. Autre indice du caractère
„rentier‟ pris par une part grandissante de la bourgeoisie et des autres classes vivant de la plus-
value.

Mais il est encore un troisième trait du récent devenir socio-économique du capitalisme


auquel j‟accorde une attention particulière en tant qu‟effet et indice de cet excès de plus-value

121
que je diagnostique au cœur de la phase actuelle de la crise. Et il est très étonnant que
François Chesnais ne l‟ait pas mentionné puisqu‟il concerne un élément auquel, à juste titre
d‟ailleurs, il accorde lui- même beaucoup d‟importance: il s‟agit de la fantastique
accumulation de capital fictif à laquelle on a non moins périodiquement assisté au cours des
derniers lustres. Car, faute de pouvoir se valoriser sous forme de capital réel, en s‟inves tissant
(directement ou indirectement) dans l‟industrie et le commerce, la part „excédentaire‟ de la
plus-value non absorbée par la consommation de luxe a cherché à se valoriser sous forme de
capital fictif. Elle est venue tenter sa chance au grand casino d‟une finance dopée et surtout
dupée par les mesures de „libéralisation‟ néolibérales: elle est venue alimenter le jeu spéculatif
consistant à acheter ou à vendre des monnaies, des titres de crédit ou de propriété, des dérivés
de tous ces types d‟actifs et des «produits financiers» de plus en plus sophistiqués assis sur
eux, non pas tant pour les revenus qu‟ils garantissent en principe, mais pour parier sur leur
variation (à la hausse ou à la baisse) en espérant empocher au passage de somptueuses „plus-
values‟. Quitte à essuyer de désastreuses „moins-values‟ lorsque le pari s‟avère perdu.

Tout comme le gonflement de la consommation de luxe, ce signe apparent de richesse qu‟ont


été les orgies de la spéculation financière, saluées par tous les grands prêtres et bedeaux
minables de l‟Eglise néolibérale comme la manifestation de la santé éclatante d‟une
«économie de marché» libérée des contraintes de la réglementation étatique, n‟était donc en
fait que le signe d‟une profonde maladie de «l’économie réelle», bridée par l‟étranglement du
pouvoir d‟achat des salariés, rongée par une crise rampante de réalisation. D‟un côté, une
accumulation de capital réel rendue poussive et chaotique par l‟insuffisante des débouchés du
fait d‟une sous-consommation relative des salariés ; de l‟autre, une accumulation de capital
fictif dopée par une plus-value se détournant pour la raison précédente de «l’économie réelle»
pour se livrer aux joies et aux affres de la spéculation financière, devenue sinon la seule voie
ouverte à sa valorisation du moins, apparemment, sa voie royale ; avec pour médiation entre
les deux une surproduction de capital-argent potentiel incapable de s‟investir et de se valoriser
dans «l’économie réelle» du fait des limites imposées à cette dernière – et c‟est la troisième
forme de surproduction du capital qui prend toujours nécessairement place à côté des deux
autres précédemment mentionnées dans le cours de la crise capitaliste. Sans ce
„détournement‟ d‟une plus-value en excès par rapport aux possibilités d‟acc umulation du
capital réel, que ce soit sous forme de capital actif (industriel ou commercial) ou de capital
passif (capital de prêt), jamais on aurait assisté à une aussi fantastique accumulation de capital
fictif. Celle-ci s‟est bien nourrie essentiellement de ce „détournement‟, le développement de

122
«l’épargne salariale» (notamment sous la forme des fonds de pension) ne lui servant que
d‟adjuvant.

Quant au dernier fait majeur de ces dernières années auquel j‟accorde mon attention, parce
qu‟il me paraît constituer un autre indice de cet excès de plus- value qui est ici en question,
c‟est le développement du crédit à la consommation, destiné à pallier là encore l‟insuffisance
de la demande finale due à la part insuffisante des salaires dans la „valeur ajoutée‟, donc à
soutenir la consommation des travailleurs salariés en dépit de leur paupérisation relative
(voire absolue), en leur permettant notamment de continuer à accéder à des moyens de
consommation durables (en particulier les équipements ménagers, l‟automobile et le
logement). Que cette expansion du crédit à la consommation ait été en même temps un moyen
de valorisation pour le capital financier, sous sa double forme de capital de prêt et de capital
fictif, c‟est l‟évidence même. Et l‟on tient du même coup ici les deux ingrédients
fondamentaux de la crise actuelle, en particulier de son détonateur, la crise des prêts
hypothécaire subprime. D‟un côté, des ménages de modestes salariés que l‟insuffisance de
leurs revenus salariaux contraints à s‟endetter dans des proportions excessives pour tenter
d‟accéder à la propriété de leur logement et dont une proportion importante se trouvent en
définitive incapables de faire face aux charges du remboursement de leur dette, comme cela
était prévisible. De l‟autre, des capitaux financiers à ce point assoiffés de valorisation qu‟ils
en viennent à oublier toute retenue et toute prudence pour les uns prêter aux précédents et les
autres accepter de s‟investir dans des titres opaques assis sur des créances aussi douteuses.
Autrement dit, au cœur de la crise des subprime, on retrouve une fois encore la distorsion
dans la répartition de la „valeur ajoutée‟: le défaut de salaire d‟un côté et l‟excès de plus-value
de l‟autre.

Les lecteurs et lectrices de Carré Rouge sont à présent en mesure de juger si, comme l’a écrit François Chesnais dans son
article, je suis ou non en possession «(d’) un matériel empirique important et (d’) un cadre analytique très fort » (ibidem) pour
défendre ma thèse.

* Alain Bihr est professeur à l’Université de Franche-Comté (Besançon). Il est auteur entre autres de La novlangue néolibérale,
Ed. Page deux, 2007, et La reproduction du capital, 2 vol., Ed. Page deux, 2001.

1. Ceux et celles qui n’auront pas été rebutés par l’aridité des pages précédentes trouveront un exposé méthodique des
contradictions du procès immédiat de reproduction du capital dans La reproduction du capital, Page deux, Lausanne, 2001,
tome II, chapitres XV à XVIII. L’analyse ici condensée se trouve plus amplement développée dans le chapitre XVI où l’on
trouvera notamment toutes les références aux textes de Marx sur lesquels je m’appuie.

2. J’ai développé plus amplement cette thèse dans un autre article: «Sur la crise (2): A la croisée des chemins», A Contre-
Courant, n° 200, décembre 2008.

(20 janvier 2009)

123
Implosão financeira e estagnação: de volta à economia real1
Autores: John Bellamy Foster e Fred Magdoff 2

(Artigo a ser publicado na revista da SEP no. 24)

Palavras-chave: crise econômica; crise financeira;

Mas, podem perguntar, não irão os poderes instituídos, mais uma vez, agüentar a
pressão e fazer abortar a crise antes que ela tenha possibilidade de seguir o seu curso?
Sim, obviamente. Até aqui, isso tem sido um procedimento operacional padrão e não se
pode pôr de lado a hipótese de voltar a ter êxito, no mesmo sentido ambíguo do que
aconteceu após o colapso do mercado de ações de 1987. Se assim fo r, teremos que
passar de novo por todo o mesmo p rocesso, mas a u m nível mais elevado e mais
precário. Mas, mais tarde ou mais cedo, da próxima vez ou noutra a seguir, não haverá
êxito … Nessa altura estaremos numa situação sem precedentes tal como as condições
das quais ela terá surgido (MA GDOFF e SW EEZY,1988, p : 76.

"A primeira regra do banco central", escreveu há pouco o economista James K. Galbraith, é
que "quando o barco começa a afundar, os banqueiros centrais devem se “matar” para o
salvar" (2008, p: 48) Em resposta a uma crise financeira de dimensão nunca vista desde a
Grande Depressão, o Federal Reserve e outros bancos centrais, apoiados pelos seus
departamentos de tesouraria, têm se "matado" há mais de um ano. A partir de julho de 2007,
quando o colapso dos dois fundos de pensões Bear Stearns, que tinham especulado fortemente
em títulos de crédito suportados por hipotecas, assinalou o início de uma importante restrição
de crédito, a administração do Federal Reserve e o Departamento do Tesouro dos EUA
manobraram todos os cordões à medida que a finança implodia. Inundaram o setor financeiro
com centenas de bilhões de dólares e prometeram derramar mais uns bilhões, se necessário –
manobrando a uma escala e com um espectro de ferramentas sem precedentes.

Em cena altamente dramática, o presidente da administração do Federal Reserve, Ben


Bernanke, e o secretário do Tesouro, Henry Paulson, apareceram perante o Congresso, na
tarde de 18 de setembro de 2008, informando os legisladores estupefatos, nas palavras do
senador Christopher Dodd, "que estavam literalmente a dias de um colapso total do nosso
sistema financeiro, com todas as suas implicações, quer internamente quer a nível global".
Logo a seguir, Paulson apresentou um plano de emergência para uma operação de salvamento
da estrutura financeira, no valor de 700 bilhões de dólares, em que seriam utilizados dos

1
Tradução de Margarida Ferreira.
2
John Bellamy Foster: editor da Monthly Review e professor de sociologia na Universida de de Oregon. É autor
de Naked Imperialis m (Monthly Review Press, 2006), entre muitas outras obras. Fred Magdoff: professor
emérito de ciências das plantas e do solo na Universidade de Vermont em Burlington, professor adjunto de
cereais e solos na Universidade Cornell e d iretor da Fundação Monthly Review.

124
fundos do governo para adquirir títulos de crédito lastreados em hipotecas praticamente sem
qualquer valor (referidas por "lixo tóxico"), de posse das instituições financeiras.

A explosão de fúria e desacordo generalizados, na sequência da proposta do secretário do


Tesouro, levou a uma inesperada revolta na Câmara, que votaram contra o plano de
salvamento. Apesar disso, poucos dias depois, o plano de Paulson (com alguns acréscimos
destinados a dar cobertura política aos representantes que mudassem o voto) conseguiu a
aprovação do Congresso. No entanto, logo que o plano de salvamento foi aprovado, o pânico
financeiro se alastrou globalmente e as ações caíram em todas as partes do mundo – quando
os negociantes perceberam a gravidade da crise. O Federal Reserve reagiu inundando
literalmente a economia com dinheiro e emitindo um comunicado de que estava preparado
para ser o comprador de última instância de todo o mercado de letras de câmbio (dívidas de
curto prazo contraídas pelas grandes empresas), possivelmente até o limite de 1,3 trilhões de
dólares.

Mas, apesar da tentativa de abastecer o sistema com dinheiro para dar continuidade às
operações de crédito mais básicas, a economia viu-se no terreno da armadilha da liquidez, que
originou o acúmulo de dinheiro e a parada dos empréstimos entre bancos, que preferiram
guardar o dinheiro por consideraram os empréstimos demasiado arriscados. Uma armadilha
da liquidez é uma ameaça quando as taxas de juro nominais caem quase a zero. O usual
instrumento monetário, de reduzir as taxas de juros, perde a sua eficácia dada a
impossibilidade de baixar as taxas de juro abaixo de zero. Nesta situação, a economia sofre
um acentuado aumento do que Keynes chamava de "propensão para entesourar" dinheiro ou
valores equivalentes a dinheiro, como os títulos do Tesouro.

O medo do futuro diante o que estava acontecendo na crise cada vez mais profunda traduziu-
se na preferência pelo dinheiro vivo por parte dos bancos e outros participantes do mercado,
por isso nada do que o Fed injetou serviu para estimular o crédito. A corrida para a liquidez,
refletida em parte em compras de títulos do Tesouro, fez baixar a taxa de juros desses títulos
para uma fração de 1 por cento, ou seja, entrou-se ainda mais profundamente no terreno da
armadilha da liquidez (CHAKRAVARTY e PHILIPOSE ,2008; KEYNES, 1973).

Perante o que o Business Week designou como a "idade de gelo financeiro", quando cessaram
os empréstimos, as entidades financeiras nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, seguidas em
bloco pelas potências do G-7, anunciaram que iriam comprar ações nos principais bancos a

125
fim de injetar capital diretamente, recapitalizando os bancos – uma espécie de nacionalização
parcial. Entretanto, alargaram o seguro de depósitos. Nos estados Unidos o governo se propôs
a garantir 1,5 milhões de milhões de dólares em novas dívidas emitidas pelos bancos. "No
total", afirmou o New York Times em 15 de outubro de 2008, apenas um mês depois do
colapso do Lehman Brothers que desencadeou a crise financeira, "o custo potencial para o
governo do último pacote de salvamento atinge 2,25 milhões de milhões de dólares, o triplo
do pacote de salvamento inicial de 700 mil milhões de dólares, que se concentrou na compra
de ativos problemáticos aos bancos". Mas, poucos dias depois, em 16 de outubro, o mesmo
jornal corrigia a sua estimativa sobre os custos potenciais de todas as operações de
salvamento, declarando: "Em teoria, os fundos comprometidos para tudo, desde as operações
de salvamento do Fannie Mae e do Freddie Mac e da firma de Wall Street, Bear Stearns e da
seguradora American International Group, até o pacote de ajuda financeira aprovado pelo
Congresso para proporcionar garantias para proteção de mercados financeiros selecionados
(como o das letras de câmbio) é, de fato, um número muito grande: uma estimativa de 5,1
milhões de milhões de dólares".

Apesar de tudo isto, a implosão financeira continuou a se alastrar e a se aprofundar, enquanto


vemos por todo o lado fortes contrações na "economia real". Os principais fabricantes de
automóveis dos EUA estão sofrendo graves quebras econômicas, mesmo depois de
Washington, em setembro de 2008, ter concordado em conceder à indústria um empréstimo
de 25 bilhões de dólares a juros baixos. A construção de habitações unifamiliares atingiu o
ponto mais baixo de 26 anos. Prevê-se que o consumo sofra quedas recordes. Os empregos
estão desaparecendo rapidamente (WALL STREET JOURNAL, 16 de outubro de 2008).
Dada a gravidade do choque financeiro e econômico, existem agora receios generalizados
entre os que estão no centro do poder empresarial de que a implosão financeira, mesmo se
estabilizada de modo suficiente que permita o desembaraçamento e o assentamento ordenados
das múltiplas insolvências, conduza a uma estagnação profunda e duradoura, como a que
atingiu o Japão nos anos 90, ou até mesmo a uma nova Grande Depressão 3 .

A crise financeira, como se sugere acima, foi inicialmente considerada como uma falta de
dinheiro ou de liquidez (o grau em que os valores podem ser comercializados rapidamente e
prontamente convertidos em dinheiro com preços relativamente estáveis). A ideia era que este
problema de liquidez podia ser resolvido injetando dinheiro nos mercados financeiros e

3
Ver London Times, 5 de outubro de 2008. Sobre a estagnação japonesa, ver Burkett e Hart -Landsberg, 2003.

126
baixando as taxas de juros. No entanto, há uma grande quantidade de dólares no mundo
financeiro – hoje mais do que antigamente – e o problema é que os que detêm esses dólares
não estão dispostos a emprestá-los aos que possivelmente não podem vir a reembolsá- los, e
esses são praticamente todos os que precisam de dólares nos dias de hoje. Portanto, isto deve
ser preferivelmente considerado como uma crise de solvência em que o capital contábil das
instituições financeiras americanas e britânicas – e muitas outras na sua esfera de influência –
tem sido desvalorizado pelo valor em queda dos empréstimos (e de empréstimos
securitizados) que detêm, os seus ativos.

Do ponto de vista contábil, a maior parte dos grandes bancos americanos estava insolvente em
meados de outubro, o que levou a uma série de precipitadas fusões de emergência, incluindo a
compra do Washington Mutual e do Bear Stearns pelo JP Morgan Chase, a absorção do
Countrywide e do Merrill Lynch pelo Bank of America, e a aquisição do Wachovia pelo
Wells Fargo. Tudo isto está gerando um setor bancário mais monopolista, e com o apoio do
governo (NEW YORK TIMES, 21 de outubro de 2008).

A injeção direta de capital governamental nos bancos sob a forma da compra de ações,
juntamente com as consolidações de bancos, poderá quando muito comprar o tempo
necessário para liquidar de modo ordenado a vasta massa de empréstimos duvidosos,
restaurando a solvência, mas a um ritmo muito mais baixo de atividade econômica – o de uma
grave recessão ou depressão.

Nesta crise que vai piorando, logo que se remenda um buraco aparece uma série de outros.
Ainda se desconhece a total extensão do valor dos prejuízos das hipotecas securitizadas, das
dívidas de consumidores e de empresas, e dos diversos instrumentos que tentaram combinar
essas dívidas com formas de seguro contra a sua falta de pagamento (como as "obrigações
sintéticas de dívida colateralizada" - CDO's), que contêm permutas crédito-débito
"empacotadas" com CDO's. As principais categorias destes instrumentos financeiros foram
reavaliadas recentemente para 10 a 20 por cento a menos, na sequência da falência do
Lehman Brothers e da aquisição forçada do Merrill Lynch (BLOOMBERG.NET, 22 de
outubro de 2008).

À medida que os fortes cortes no valor de tais ativos são aplicados genericamente, a base do
capital próprio das instituições financeiras vai desaparecendo juntamente com a confiança na
sua solvência. E assim, os bancos estão fazendo o que John Maynard Keynes disse que fariam

127
em tais circunstâncias: amontoar dinheiro (NEW YORK TIMES, 17 de outubro de 2008). Por
detrás disto tudo, na base da economia, está a deterioração da situação econômica das
famílias, debilitadas por décadas de salários reais congelados e por uma dívida de consumo
cada vez maior.

'Isso' e o emprestador de última instância

Para compreender o significado histórico total desta evolução é necessário olhar para a função
do governo dos EUA e dos demais países capitalistas como "emprestador de última
instância". Atualmente ela assumiu a forma de oferta de liquidez ao sistema financeiro em
crise, seguido pela injeção direta de capital nessas instituições e, por fim, se necessário,
nacionalizações abertas. É este compromisso do Estado em ser o emprestador de última
instância que tem conferido confiança ao sistema ao longo dos anos – apesar do fato de a
superestrutura financeira da economia capitalista ter ultrapassado em muito a sua base, que os
economistas chamam de economia "real" de bens e serviços. Portanto, nada é mais assustador
para o capital do que aparecer o Federal Reserve e outros bancos centrais a fazer tudo o que
podem para salvar o sistema e não conseguir impedir que ele se afunde cada vez mais – uma
coisa que antigamente era considerada impensável. Embora o Federal Reserve e o Tesouro
dos EUA tenham intervido maciçamente, parece que as dimensões totais da crise continuam
lhes fugir.

Há quem lhe tenha chamado um "momento Minsky". Em 1982, o economista Hyman Minsky,
conhecido pela sua hipótese de instabilidade financeira, fez a pergunta crucial: "Poderá 'isto"
– a Grande Depressão – voltar a acontecer?" Conforme observou, não havia respostas fáceis
para esta pergunta. Para Minsky. a questão fundamental era se um colapso financeiro podia
despedaçar uma economia real já em dificuldades – como na Grande Depressão. O sistema
financeiro inerentemente instável crescera em escala ao longo de décadas, mas o mesmo
acontecera ao governo e à sua capacidade de servir como emprestador de última instância.
"Os processos que contribuem para a instabilidade financeira", observou Minsky, "são uma
parte inevitável de qualquer economia capitalista descentralizada – isto é., o capitalismo é
imperfeito por natureza – mas a instabilidade financeira não leva inevitavelmente a uma
grande depressão; 'Isso' pode não acontecer" (MINSKY, 1982, p: vii–xxiv) 4 .

4
Ver ainda Financial Times, 18 de setembro de 2008; Bellofiore e Halevi, "A Minsky Moment?: The Subprime
Crisis and the New Capitalis m," in C. Gnos and L. P. Rochon, Credit, Money and Macroeconomic Po licy : A

128
Mas aí estava implícita a ideia de que 'isso' também podia voltar a acontecer – nem que fosse
pela possibilidade de uma explosão financeira e de uma instabilidade crescente poderem
teoricamente exceder a capacidade de resposta do governo – ou uma resposta suficientemente
rápida e decisiva. Teoricamente, o estado capitalista, em especial o dos Estados Unidos, que
controla o que equivale a uma moeda mundial, tem capacidade para impedir uma crise tão
perigosa. A principal preocupação é uma "dívida-deflação" maciça (um fenômeno explicado
pelo economista Irving Fisher durante a Grande Depressão) como demonstrado não só pela
experiência dos anos 30 como no Japão nos anos 90. Nesta situação, conforme Fisher
escreveu em 1933, "uma deflação provocada pela dívida recai sobre a própria dívida. Cada
dólar de dívida ainda não pago torna-se um dólar maior, e se o sobre-endividamento com que
se começou for suficientemente grande, a liquidação da dívida não consegue competir com a
queda dos preços que provoca". Em outras palavras, os preços caem quando os devedores
vendem bens para pagar as suas dívidas, e quando os preços caem, as dívidas restantes têm
que ser pagas em dólares mais caros do que os emprestados, provocando mais falhas de
pagamentos, preços ainda mais baixos e, portanto, uma espiral de deflação (FISHER, 1933, p:
344).

A economia ainda não está nesta situação medonha, mas o espectro aproxima-se. Como
afirmou Paul Asworth, principal economista americano no Capital Economics, em meados de
outubro de 2008, "Com a taxa de desemprego subindo rapidamente e os mercados de capitais
em tumulto, quase tudo aponta para a deflação. A única coisa em que se pode ter esperança é
que a rápida ação dos políticos talvez consiga evitá- la antes". "As economias do mundo rico",
alertou a revista The Economist no início de outubro, "já estão sofrendo um processo
moderado desta 'dívida-deflação'. A combinação da queda dos preços das casas e da contração
do crédito está forçando os devedores a reduzir as despesas e a vender bens, o que por seu
turno faz baixar ainda mais os preços das casas e de outros bens… Uma queda geral nos
preços ao consumidor tornará as coisas ainda piores" (11 a 17 de outubro, p: 24).

Suponha-se que a repetição de tais acontecimentos hoje, nos Estados Unidos, estivesse
afastada devido à função do emprestador de última instância, com base na ideia que o
problema era principalmente monetário, e que podia ser resolvido mediante meios monetários,
inundando a economia de liquidez ao menor perigo. Assim, o presidente da administração do

Post-Keynesian Approach (Cheltenham: Ed ward Elgar, forthcoming). Para as opiniões de Magdoff e Sweezy
sobre Minsky ver The End of Prosperity (New Yo rk: Monthly Review Press, 1977), 133–36.

129
Federal Reserve, Ben Bernanke, fez um discurso em 2002 (enquanto governador do Federal
Reserve) intitulado, significativamente, "Deflação: assegurar que 'isso' não aconteça aqui".
Nesse discurso sustentava que havia muitas formas de garantir que "Isso" não aconteceria
hoje, apesar da crescente instabilidade financeira:

O governo dos EUA tem u ma tecnologia, chamada imp ressora (ou, hoje em dia, o seu
equivalente eletrônico), que lhe permite produzir todos os dólares americanos que
quiser, praticamente sem qualquer custo. Ao aumentar o número de dólares americanos
em circu lação, ou apenas ameaçar que vai fazer, governo dos EUA está também
reduzindo o valor do dólar em termos de bens e serviços, o que equivale a aumentar os
preços em dólares desses bens e serviços. Chegamos à conclusão de que, num sistema
de papel moeda, um determinado governo pode sempre gerar despesas mais altas e,
portanto, uma inflação positiva.
Claro que o governo dos EUA não vai imprimir d inheiro e distribuí -lo a es mo (embora
como veremos depois, haja políticas que se aproximam deste comportamento).
Normalmente, o dinheiro é injetado na economia através de compras feitas pelo Federal
Reserve. Para estimular despesas maciças quando as taxas de juros de curto prazo
chegam a zero, o Fed tem que aumentar a escala das suas compras de ativos ou,
possivelmente, amp liar o menu de ativos que adquire. Em alternativa, o Fed pode
encontrar outras formas de injetar dinheiro no sistema – por exemp lo, fazendo
empréstimos a bancos a taxas de juro baixas ou cooperando com as entidades fiscais
(BERNANKE, 2002).

Nesse mesmo discurso, Bernanke sugeria que, nessas circunstâncias, "um corte de impostos,
financiado por dinheiro" destinado a evitar a deflação, era "equivalente, na sua essência, à
famosa 'chuva de helicóptero' de dinheiro, de Milton Friedman" – uma afirmação que lhe
granjeou a alcunha de "Helicóptero Bem" (HARRIS, 2008; FRIEDMAN, 1969).

Economista acadêmico que conquistou sua reputação graças a seus estudos sobre a Grande
Depressão, Bernanke foi produto do conceito proposto principalmente por Milton Friedman e
Anna Schwartz, na sua conhecida obra, A Monetary History of the United States, 1867-1960,
de que a origem da Grande Depressão tinha sido monetária e podia ter sido combatida quase
exclusivamente em termos monetários. A falha na abertura das comportas monetárias, no seu
início, segundo Friedman e Schwartz, tinha sido a principal razão para que os maus tempos
econômicos tivessem sido tão graves (BERNANKE, 2000; FRIEDMAN e SCHWARTZ,
5
1963). Bernanke opunha-se profundamente às concepções anteriores da Depressão, que a
consideravam produto das fraquezas estruturais da economia "real" e do processo de
acumulação subjacente. Ao falar no 75º aniversário da queda do mercado de ações de 1929,
afirmou:

5
Para opin iões mais realistas sobre a Grande Depressão, tendo em consideração a economia real, assim co mo
fatores monetários, e encarando-a sob a perspectiva da estagnação do investimento, que caracterizou sobretudo a
Depressão, ver Bernstein, 1987 e Du Boff, 1989. Sobre as teorias clássicas da Grande Depressão, ver Stoneman,
1979.

130
Durante a Depressão propriamente dita, e durante várias décadas a seguir, a maior parte
dos economistas defenderam que os fatores monetários não tinham sido uma causa
importante da Depressão. Por exemplo, muitos observadores apontaram para o fato de
que as taxas de juros nominais estiveram perto do zero durante grande parte da
Depressão, concluindo que a política monetária t inha sido o mais confortável possível e,
no entanto, não tinha produzido qualquer benefício tangível para a economia. A
tentativa de usar uma polít ica monetária para arrancar u ma economia de uma profunda
depressão foi frequentemente comparada a "empurrar u ma corda".
Durante as primeiras décadas depois da Depressão, a maior parte dos economistas
procurou explicações na evolução do lado real da economia, em vez de nos fatores
monetários. Alguns argumentaram, por exemp lo, que se assistira nos efervescentes anos
20 a um excesso de investimento e a um excess o da construção, que levaram ao colapso
quando se chegou à conclusão de que os retornos desses investimentos eram menores do
que os esperados. Outra teoria, outrora muito popular, era que fora u m problema crônico
de "subconsumo" – a incapacidade das famílias comp rarem suficientes bens e serviços
para utilizar a capacidade produtiva da economia – que tinha precipitado a queda
(BERNANKE, 2004).

A resposta de Bernanke (2003) a tudo isto foi reafirmar solidamente que o que tinha
precipitado (e explicado) a Grande Depressão, eram os fatores monetários praticamente por si
sós, e eram eles os meios fundamentais, na verdade quase os únicos, para combater a dívida-
deflação. Quase não valia a pena abordar as tendências na economia real, tais como o
aparecimento do excesso de capacidade na indústria. Quando muito, era uma ameaça
deflacionária que seria contrariada pela volta da inflação. Nem, conforme argumentou noutro
lugar, era necessário explorar o ponto de vista de Minsky de que o sistema financeiro da
economia capitalista era instável por natureza, visto que esta análise dependia da
irracionalidade econômica associada a loucuras especulativas e, portanto, se afastava do
modelo formal de "comportamento econômico racional" da economia neoclássica (Op. cit.
2000, p: 43). Bernanke concluiu um discurso, que comemorava o 90º aniversário de Friedman
em 2002, com as palavras: "Gostaria de dizer a Milton e a Anna: Quanto à Grande Depressão,
vocês tinham razão, fomos nós que a fizemos. Lamentamos muito. Mas graças a vocês, não
voltaremos a fazer isso". 6 "Isso", claro, era a Grande Depressão.

Na sequência da queda do mercado de ações em 2000, desenvolveu-se um debate nos círculos


dos bancos centrais sobre se deviam fazer "ataques preventivos" contra futuras bolhas para
evitar tais catástrofes econômicas. Bernanke, representando a ortodoxia econômica reinante,
deu o tom argumentando que não se devia tentar fazer isso, visto que era difícil de saber se
uma bolha era mesmo uma bolha (quer dizer, se a expansão financeira era justificada por
fundamentos econômicos ou por novos modelos de negócio, ou não). Além do mais, rebentar

6
Ironicamente, Anna Schwartz, agora com 91 anos, indicou , em uma entrevista ao Wall Street Journal, que o
Fed, sob a batuta de Bernanke, estava a travar a ú ltima Guerra, esquecendo que o problema era a incerteza
quanto à solvência dos bancos, e não um problema de liquidez co mo o que levou à Grande Depressão (WALL
STREET JOURNA L, 18 de outubro de 2008).

131
uma bolha seria atrair o desastre, como nas tentativas do Federal Reserve no fina l dos anos
20, levando (segundo a interpretação monetarista) às falências do sistema bancário e à Grande
Depressão. E concluiu: "uma política monetária não pode ser dirigida de modo
suficientemente primoroso para guiar preços de ativos, sem correr o risco de graves danos
colaterais para a economia… Embora não seja possìvel eliminar a volatilidade da economia e
dos mercados financeiros, temos que ser capazes de a moderar, sem sacrificar as enormes
forças do nosso sistema de mercado livre". Em resumo, defendia Bernanke (2002), sem
dúvida com alguma razão dada a natureza do sistema, o melhor que o Federal Reserve podia
fazer, frente a uma bolha importante, era se restringir principalmente à sua função de
emprestador de última instância.

Mesmo no pico da bolha habitacional, Bernanke, na altura presidente do Conselho de


Consultores Econômicos de Bush, declarou com os olhos completamente fechados: "Os
preços das casas subiram quase 25 por cento nos últimos dois anos. Embora tenha aumentado
a atividade especulativa em algumas áreas, a nível nacional as subidas dos preços refletem
fortes fundamentos econômicos, incluindo um robusto crescimento em empregos e rendas,
taxas de hipotecas baixas, taxas sólidas de formação de domicílios, e fatores que limitam a
expansão da oferta de habitação em algumas áreas". (BERNANKE, 2005, Apud Robert
Shiller, 2008, p: 40). Ironicamente, foram estas opiniões que levaram à nomeação de
Bernanke para presidente da administração do Federal Reserve (em substituição de Alan
Greenspan), no início de 2006.

A bolha habitacional começou a esvaziar no início de 2006 na mesma altura em que o Fed
começou a aumentar as taxas de juro numa tentativa de conter a inflação. O resultado foi o
colapso do setor da habitação e dos títulos suportados por hipotecas. Confrontado com uma
importante crise financeira no início de 2007, Bernanke, na qualidade de presidente do Fed,
pôs a impressora em marcha a todo o vapor, inundando de dólares a nação e o mundo, mas
cedo constatou, para seu grande desespero, que tinha "empurrado uma corda". Não houve
quantidade de injeções de liquidez capaz de ultrapassar a insolvência em que as instituições
financeiras estavam atoladas. Incapazes de cumprirem as suas exigências financeiras correntes
- se fossem instados a fazê- lo – os bancos recusaram-se a renovar empréstimos, enquanto
acumulavam o dinheiro disponível em vez de emprestarem e estimularem de novo o sistema.
A crise financeira depressa se tornou tão universal que os riscos de emprestar dinheiro
aumentaram em espiral, visto que muitos beneficiários de empréstimos anteriormente dignos

132
de crédito se viam agora possivelmente à beira da insolvência. Numa armadilha da liquidez,
como ensinara Keynes, pôr a funcionar as impressoras apenas ajuda à acumulação de dinheiro
mas não a novos empréstimos e gastos.

No entanto, como veremos, as verdadeiras raízes da falência financeira penetravam muito


mais profundamente: a estagnação da produção e do investimento.

Da explosão financeira à implosão financeira

Em poucas palavras, nossa explicação é que a explosão financeira nas últimas décadas e a
implosão financeira que agora ocorre se explicam principalmente em relação às tendências
para a estagnação no interior da economia. Os economistas e os especialistas dos meios de
comunicação têm dado uma série de outras explicações para a crise atual (na sua maioria
concentrando-se nas causas próximas). Essas explicações incluem a redução das
regulamentações do sistema financeiro; as taxas de juros muito baixas introduzidas pelo Fed
para combater os efeitos da queda da bolha de ações "Nova Economia" de 2000, levando à
bolha da habitação; e a venda de grande quantidade de hipotecas "subprime" a muita gente
que não tinha posses para comprar uma casa e/ou não tinha percebido totalmente as condições
das hipotecas.

Tem sido dada muita atenção às técnicas pelas quais as hipotecas eram empacotadas e depois
"fatiadas e sorteadas" e vendidas a investidores institucionais em todo o mundo. Também
pode ter estado envolvida uma fraude aberta em algumas dessas manobras financeiras. A
queda dos valores das casas depois da bolha da habita ção ter rebentado e a incapacidade de
muitos detentores de hipotecas subprime de continuarem a fazer os seus pagamentos mensais,
juntamente com as consequentes penhoras, foi certamente a palha que quebrou a espinha do
camelo, levando a esta falência catastrófica do sistema. E poucos duvidam hoje que tudo
piorou por causa do entusiasmo de desregulamentação, avidamente promovido pelas firmas
financeiras, que as deixou com menos defesas quando as coisas entortaram.

Apesar de tudo isso, o problema de raiz era muito mais profundo e devia ser procurado em
uma economia que passava por um crescimento mais lento, dando origem à explosão
financeira quando o capital procurou "alavancar" sua saída para o problema aumentando a
dívida e ganhando lucros especulativos. Podemos observar na Tabela 1 como a dívida
disparou em relação ao PIB durante as últimas quatro décadas. Tal como os números indicam,

133
a característica mais notável no desenvolvimento do capitalismo durante este período tem sido
a expansão da dívida.

Tabela 1 - Dívida interna (*) e PIB (bilhões de dólares)

Dívida por setor


Firmas Negócios Governo
Anos PIB Dívida Total Habit ação Financeiras não financeiros (três esferas )
1970 1,0 1,5 0,5 0,1 0,5 0,4
1980 2,7 4,5 1,4 0,6 1,5 1,1
1993 5,8 13,5 3,6 2,6 3,7 3,5
2000 9,8 26,3 7,0 8,1 6,6 4,6
2007 13,8 47,7 13,8 16 10,6 7,3
[*] A parte federal da d ívida local, estatal e federal inclu i apenas a porção de posse do público. A dív ida
total, em 2007, se acrescentada a dívida federal de posse de organismos federais, é de US$ 51,5 b ilhões.
Fontes: Flow of Funds Accounts of the United States, Table L.1 Cred it Market Debt Outstanding,
Federal Reserve and Table B-1, Gross domestic product, 1959-2007, Economic Report of the President,
2008.

Este fenômeno ainda é mais claro no Gráfico 1, que mostra a subida vertical da dívida privada
em relação à renda nacional dos anos 60 até o presente. A dívida do setor financeiro como
percentagem do PIB se elevou pela primeira vez do nível rasteiro nos anos 60 e 70, acelerou a
partir dos anos 80 e disparou depois de meados dos anos 90. A dívida da habitação como
percentagem do PIB subiu fortemente a partir dos anos 80 e depois aumentou ainda mais
depressa no final dos anos 90. A dívida de negócios não financeiros em relação à renda
nacional também subiu durante o período, embora menos espetacularmente. O efeito geral é
um aumento maciço na dívida privada em relação à renda nacional. O problema ainda se
agrava mais se acrescentada a dívida governamental (local, estadual e federal). Com todos os
setores incluídos, a dívida total em percentagem do PIB sobe de 151%, em 1959, para
astronômicos 373%, em 2007!

Este aumento do peso da dívida acumulada, como percentagem do PIB, estimulou fortemente
a economia, especialmente o setor financeiro, o que alimentou enormes lucros financeiros e
marcou a financeirização crescente do capitalismo (a mudança de centralidade da produção
para a finança no seio da economia como um todo). A imagem dos lucros, associados a esta

134
financeirização acelerada, está representada no Gráfico 2, que fornece um índice dos lucros
americanos financeiros (1970 = 100) e dos não financeiros, e do PIB. A partir de 1970, os
lucros financeiros e não financeiros tendiam a aumentar no mesmo ritmo do PIB. Mas, ao
final dos anos 90, a finança pareceu assumir vida própria, com os lucros das corporações
financeiras americanas (e em menor grau os lucros das corporações não financeiras também),
projetados para a estratosfera, aparentemente divorciados do crescimento da renda nacional,
que se manteve relativamente estagnada. As corporações, jogando no que se transformou num
gigantesco cassino, usaram e abusaram da alavancagem – ou seja, apostavam frequentemente
trinta ou mais dólares emprestados por cada dólar seu que era utilizado. Isto ajuda a explicar
os lucros extraordinariamente altos que conseguiram ganhar enquanto as suas apostas tiveram
êxito. Claro que o crescimento da finança não se restringiu meramente aos Estados Unidos,
mas foi um fenômeno global com exigências especulativas de riqueza muito distanciadas da
produção global, e com a mesma contradição essencial que percorreu todo o mundo
capitalista avançado e as economias "emergentes".

Já nos finais dos anos 80, a gravidade da situação estava ficando clara para os que não
estavam comprometidos com as formas de pensamento institucional. Olhando para a situação
em 1988, no aniversário da queda do mercado de ações de 1987, os editores da Monthly

135
Review, Harry Magdoff e Paul Sweezy, afirmaram que mais tarde ou mais cedo – ninguém
poderia prever exatamente quando ou como – ocorreria provavelmente uma grande crise do
sistema financeiro que derrotaria a função de emprestador de última instância. Isto
simplesmente porque nessa altura toda a precária superestrutura financeira teria crescido a
uma escala tal que os meios das entidades governamentais, embora maciços, deixariam de ser
suficientes para deter a avalanche, principalmente se não agissem suficientemente depressa e
decididamente. Conforme afirmaram, era bastante possível que na próxima vez o esforço de
salvamento tivesse "êxito no mesmo sentido ambíguo do que aconteceu após o colapso do
mercado de ações de 1987. Se assim for, teremos que passar de novo por todo o mesmo
processo, mas a um nível mais elevado e mais precário. Mas, mais tarde ou mais cedo, da
próxima vez ou noutra a seguir, não terá êxito", gerando uma grave crise da economia.

Como exemplo de uma avalanche financeira que iria acontecer, apontaram para o "mercado
de ações de Tóquio em grande alta", como um possível prelúdio para uma enorme implosão
financeira e uma subsequente estagnação profunda – uma realidade que se iria materializar
pouco tempo depois, resultando na crise financeira do Japão e na "Grande Estagnação" dos
anos 90. Os valores dos ativos (tanto no mercado de ações como no imobiliário) caíram a um
valor equivalente a mais de dois anos de PIB. Quando as taxas de juro chegaram ao zero e se
instalou a dívida-deflação, o Japão ficou preso na clássica armadilha da liquidez sem forma
rápida de relançar uma economia já profundamente atolada na sobrecapacidade da economia
produtiva.(MAGDOFF e SWEEZY,1988; BURKETT e HART-LANDSBERG, 2003;
KRUGMAN, 1998).

"No mundo atual dominado pela finança", escreveram Magdoff e Sweezy, em 1987, na
sequência imediata da queda do mercado de ações nos EUA:

O crescimento subjacente da mais -valia não consegue acompanhar o rit mo da


acumulação do capital em dinheiro. Na ausência de uma base de mais -valia, o capital
em dinheiro acumulado torna-se cada vez mais nominal, fict ício mesmo. Provém da
venda e compra de papéis, e baseia-se na presunção de que os valores dos ativos
continuarão inflacionados indefinidamente. Em outras palavras, o que temos é uma
especulação em marcha baseada na crença de que, apesar das flutuações no preço, os
valores dos ativos prosseguirão sempre nu ma única direção – para cima! Co m este
cenário co mo pano de fundo, a queda do mercado de ações de outubro [1987] assume
um significado de longo alcance. Ao demonstrar a falácia de u m movimento infindável
para cima dos valores dos ativos, denuncia o cerne irracional da economia de hoje (Op.
cit. 51).

Estas contradições, associadas a bolhas especulativas, têm sido evidentemente, até certo
ponto, endêmicas no capitalismo através de toda a sua história. Mas, na era pós Segunda

136
Guerra Mundial, conforme argumentaram Magdoff e Sweezy, paralelo a Minsky, a carga da
dívida tornou-se cada vez maior, apontando para o crescimento de um problema que era
acumulativo e cada vez mais perigoso. Em The End of Prosperity, Magdoff e Sweezy
escreveram: "Na ausência de uma grave depressão durante a qual as dívidas são forçosamente
eliminadas ou drasticamente reduzidas, as medidas de salvamento do governo para evitar o
colapso do sistema financeiro resumem-se apenas a preparar o terreno para mais camadas de
dívidas e constrangimentos adicionais durante o avanço econômico seguinte" (p: 136).
Conforme Minsky disse, "Sem uma crise e um processo de dívida-deflação para
contrabalançar as crenças no êxito de riscos especulativos, estimula-se a propensão para a
subida dos preços e para uma estratificação financeira ainda mais alta" (MINSKY, 1975, p:
164).

Os economistas e os analistas de negócios da corrente dominante foram momentaneamente


confrontados com estas questões inconvenientes, mas rapidamente as puseram de lado.
Embora o crescimento espetacular da finança não pudesse ter deixado de criar nervosismo de
tempos a tempos – por exemplo, a famosa referência de Alan Greenspan à "exuberância
irracional" – a presunção predominante, promovida pelo próprio Greenspan, era que o
crescimento da dívida e da especulação representava uma nova era de inovação do mercado
financeiro, isto é., uma mudança estrutural sustentável no modelo de negócios, associada a
novas técnicas revolucionárias de gestão de risco. Greenspan estava tão apaixonado pela
"Nova Economia", tornada possível pela financeirização, que salientou em 2004: "Não só as
instituições financeiras individuais se tornaram menos vulneráveis aos choques de fatores de
risco subjacentes, como também o sistema financeiro no seu todo se tornou mais elástico"
(GREENSPAN, 2008, Apud. New York Times, 9 de outubro de 2008 ) 7 .

Foi apenas com a chegada da crise financeira em 2007 e a sua persistência até 2008 que
encontramos analistas financeiros em lugares surpreendentes a falar abertamente com
perspectivas diferentes. Assim, como observou Manas Chakravarty, colunista econômico do
site investidor da Índia na Web, Livemint.com (em parceria com o Wall Street Journal), em
17 de setembro de 2008, no contexto do colapso de Wall Street,

"o economista americano Paul Sweezy assinalou há muito que a estagnação e a enorme
especulação financeira surgiram co mo aspectos simbióticos do mesmo impasse
econômico irreversível de raízes profundas. Ele d isse que a estagnação da economia
significava que o negócio estava cada vez mais dependente do crescimento da finança

7
Ver também Foster, Magodff e McChesney, 2001.

137
para preservar e aumentar o seu capital em dinheiro e que a superestrutura financeira da
economia não podia expandir-se inteiramente independente da sua base na economia
produtiva subjacente. Com u ma p resciência notável, Sweezy disse que a explosão de
bolhas especulativas seria, portanto, um problema recorrente e crescente".

Evidentemente, Paul Baran e Sweezy, em Monopoly Capital, e posteriormente Magdoff e


Sweezy na Monthly Review, tinham assinalado outras formas de absorção de mais-valia tais
como as despesas do governo (em especial as despesas militares), o esforço de vendas, o
estímulo proporcionado por novas inovações, etc. 8 Mas todas elas, embora importantes,
mostraram-se insuficientes para manter a economia em situação parecida com o pleno
emprego, e nos anos 70 o sistema estava atolado numa profunda estagnação (ou estagflação).
Era a financeirização – e o crescimento da dívida que esta promovia ativamente – que ia
surgir como o estímulo quantitativamente mais importante para a procura. Mas apontava
inevitavelmente para um dia de avaliações financeiras e de uma cascata de não cumprimentos
de pagamentos.

Na verdade, alguns analistas preponderantes, sob a pressão dos acontecimentos, foram


forçados a reconhecer, no verão de 2008, que poderia vir a ser inevitável uma desvalorização
maciça do sistema. Jim Reich Reid, o chefe da investigação de crédito do Deutsche Bank,
examinando o tipo de relação entre lucros financeiros e o PIB, exibida no Gráfico 2, publicou
uma análise intitulada "Uma reversão de trilhão de dólares?" em que argumentava que:

Os lucros financeiros dos EUA desviaram-se da méd ia durante a década passada numa
base acumulat iva… O setor financeiro dos EUA fez cerca de 1,2 trilhão de lucros
'excessivos' na década passada em relação ao PIB no minal… Portanto a reversão da
méd ia [a teoria de que os retornos nos mercados financeiros com o tempo "revertem"
para uma projeção da média no longo prazo, ou linha tendencial], pode sugerir que será
necessário anular 1,2 trilhão de dólares de lucros antes de o setor financeiro americano
ficar limpo dos excessos da década passada… Dado que… Bloomberg in forma que, até
agora nesta crise, os financeiros americanos já registraram 184 b ilhões de dólares, se
acreditarmos que a dimensão do setor financeiro tem que encolher até ao nível da
década passada, então temos que chegar à conclusão de que o setor ainda tem que sofrer
a perda de mais um trilhão de dólares antes de voltarmos à tendência de período longo
em lucros financeiros. Uma ideia assustadora e que, se estiver correta, levará a u m
longo período de permanente intervenção das autoridades numa tentativa de fazer parar
a sua destruição potencial. Será fundamental encontrar qual a d imensão adequada do
setor financeiro no "novo mundo" para saber qual o grau de destruição que vai ser
necessária no setor (2008).

A ideia de uma reversão da média de lucros financeiros à sua linha tendencial de longo prazo
na economia como um todo foi apenas adiantada para sugerir a dimensão da mudança
iminente, visto que Reid aceitava a possibilidade de que existem razões estruturais do "mundo

8
29- Ver Foster, 2006.

138
real" para explicar o peso relativo da finança – embora ainda não estivesse disposto a aceitar
nenhuma delas. Como reconheceu, "avaliar a dimensão 'natural' adequada para o setor
financeiro em relação ao resto da economia é uma charada impressionantemente difícil". Com
efeito, há dúvida se existe mesmo um nível "natural". Mas só a ideia de que era possível
ocorrer uma maciça "destruição de lucros", antes que o sistema pudesse continuar a sua
marcha e que isso implicaria um "longo período de permanente intervenção das autoridades
numa tentativa de fazer parar a sua destruição potencial", demonstrava bem o fato de que a
crise era muito mais grave do que na altura se supunha – uma coisa que pouco depois se
tornou evidente (REID, Op. cit).

O que tal raciocínio sugeria, na mesma linha com o que Magdoff e Sweezy tinham defendido
nas últimas décadas do século XX, era que a autonomia da finança em relação à economia,
associada ao processo de financeirização, era mais relativa do que absoluta, e que viria a ser
necessário por fim a uma grande época econômica negra – maior do que o simples rebentar de
uma bolha e a inflação de outra. E provavelmente seria tanto mais devastadora quanto mais o
sistema a adiasse. Entretanto, conforme Magdoff e Sweezy destacaram, a financeirização
podia continuar durante algum tempo. E com efeito não havia outra resposta para o sistema.

De volta à economia real: O proble ma da estagnação

Paul Baran, Paul Sweezy e Harry Magdoff defenderam incansavelmente desde os anos 60 até
aos anos 90 (muito em especial em Monopoly Capital ) que a estagnação era o estado normal
da economia de capitalismo de monopólio, para além de fatores históricos especiais. A
prosperidade, que caracterizou a economia nos anos 50 e 60, insistiram os autores, era
atribuível a fatores históricos temporários, tais como: (1) o volume de poupanças do
consumidor durante a guerra; (2) uma segunda grande vaga da indústria automobilística nos
Estados Unidos (englobando a expansão das indústrias do vidro, do aço e da borracha, a
construção do sistema de auto-estradas inter-estados e o desenvolvimento dos subúrbios); (3)
a reconstrução das economias européia e japonesa devastadas pela guerra; (4) a corrida ao
armamento da Guerra Fria (e duas guerras regionais na Ásia); (5) o aumento do esforço de
vendas marcado pela ascensão de Madison Avenue; (6) a expansão do FIRE (finança,
seguros e imobiliário); e (7) o predomínio do dólar como divisa hegemônica. Logo que se
desvaneceu o extraordinário estímulo destes fatores, a economia começou a afundar-se de
novo na estagnação: crescimento lento e aumento do excesso de capacidade e
desemprego/subemprego. Por fim, foram os gastos militares e a explosão da dívida e a

139
especulação que constituíram os principais estímulos que mantiveram a economia afastada da
depressão. Mas estes não foram suficientes para evitar o reaparecimento das tendências de
estagnação, e o problema foi piorando com o tempo 9 .

Podemos observar a realidade de uma estagnação crescente na Tabela 2, que mostra as taxas
de crescimento real da economia, década após década, durante os últimos oitenta anos. O
baixo ritmo de crescimento nos anos 30 reflete a profunda estagnação da Grande Depressão.
Esta foi seguida pela extraordinária ascensão da economia dos EUA nos anos 40, sob o
impacto da Segunda Guerra Mundial. Durante os anos 1950-69, hoje frequentemente referidos
como uma "Idade de Ouro" econômica, a economia, alimentada pelo conjunto de fatores
históricos especiais acima referidos, conseguiu um forte crescimento econômico em uma
economia de "tempo de paz". Mas se provou que isso também era demasiado temporário. A
acentuada queda das taxas de crescimento nos anos 70 e seguintes aponta para uma tendência
persistente de expansão mais lenta da economia, à medida que se desapareciam as principais
forças que impulsionavam as taxas de crescimento nos anos 50 e 60, impedindo que a
economia regressasse à sua prosperidade anterior. Nas décadas seguintes, em vez de recuperar
a sua anterior taxa tendencial de crescimento, a economia afundou-se lentamente.

Tabela 2 - Crescimento do PIB real - 1930 -1970

Período % média anual


Década de 1930 1,3
Década de 1940 5,9
Década de 1950 4,1
Década de 1960 4,4
Década de 1970 3,3
Década de 1980 3,1
Década de 1990 3,1
2000-2007 2,6
Fonte: National Inco me and Products Accounts Table 1.1.1
Percent Change fro m Preceding Period in Real Gross Domestic
Product, Bureau of Economic Analysis.

9
Ver Baran e Sweezy, 1966; Magdoff e Sweezy, 1972, 1981 e 1987.

140
Foi a realidade da estagnação econômica a partir dos anos 70, conforme recentemente
sublinharam os economistas heterodoxos Riccardo Bellofiore e Joseph Halevi, que levou ao
aparecimento do "novo regime capitalista financiarizado", uma espécie de "keynesianismo
financeiro paradoxal" no qual a procura na economia era estimulada basicamente "graças a
bolhas de ativos". Além disso, foi o papel de liderança dos Estados Unidos em gerar essas
bolhas – apesar (e também por causa) do enfraquecimento da acumulação de capital
propriamente dita – conjuntamente com o estatuto de divisa de reserva do dólar, que fez com
que o capital monopólio- finança americano fosse o "catalisador da efetiva procura mundial", a
partir dos anos 80 (32- Bellofiore e Halevi). Mas esse padrão de crescimento financiarizado
foi incapaz de produzir um rápido avanço econômico, nem por muito nem por pouco tempo, e
era insustentável, conduzindo a novas bolhas que rebentava m periodicamente, fazendo com
que a estagnação aparecesse cada vez mais à superfície.

Um elemento fundamental para explicar toda esta dinâmica encontra-se no coeficiente em


queda dos salários e ordenados como percentagem da renda nacional nos Estados Unidos. A
estagnação nos anos 70 levou o capital a desencadear uma guerra de classes acelerada contra
os trabalhadores para conseguir lucros forçando a descida dos custos do trabalho. O resultado
foram décadas de desigualdade cada vez maior 10 . O Gráfico 3 mostra uma acentuada queda na
parte de salários e ordenados como percentagem do PIB entre os finais dos anos 60 e o
momento atual. Isto reflete o fato de que os salários reais dos trabalhadores privados não
agrícolas nos Estados Unidos (em dólares de 1982) atingiram um pico em 1972, a 8,99
dólares por hora, e tinham descido para 8,24 dólares (equivalente à taxa de salários horários
reais) em 2006, apesar do enorme crescimento da produtividade e dos lucros durante as
últimas décadas (ECONOMIC REPORT OF THE PRESIDENT, 2008, p: 282).

Isto fez parte de uma redistribuição maciça de rendas e riqueza em direção aos mais ricos. Ao
longo dos anos de 1950 a 1970, por cada dólar adicional ganho pelos 90% de pessoas que
estavam nos estratos mais baixos, os que estavam no topo - 0,01% – receberam 162 dólares
adicionais. Em contrapartida, de 1990 a 2002, por cada dólar acrescentado ganho por esses
90% de baixo, os tais 0,01% do topo (atualmente cerca de 14 mil famílias) ganharam 18 mil
dólares adicionais. Nos Estados Unidos, os 1% dos muito ricos, em 2001, no seu conjunto,
detinham mais do dobro do total dos 80% da população em baixo. Se medíssemos isto apenas
em termos de riqueza financeira, isto é, excluindo o patrimônio da habitação ocupada pelos

10
Ver Yates, 1994; Perelman, 2007.

141
seus proprietários, os 1% do topo possuíam mais do que o quádruplo dos 80% de baixo. Entre
1983 e 2001, os 1% do topo apoderaram-se de 28% do aumento da renda nacional, de 33%
dos ganhos totais líquidos e de 52% de todo o crescimento em ativo financeiro
(CORRESPONDENTS OF THE NEW YORK TIMES, CLASS MATTERS, 2005; WOLFF,
2006)

O fato verdadeiramente notável nestas circunstâncias foi que o consumo familiar continuou a
aumentar de um pouco mais de 60% do PIB no início dos anos 60 para cerca de 70% em
2007. Isto só foi possível porque passou a haver maior número de famílias com dois
ordenados (visto que as mulheres engrossaram a força do trabalho), as pessoas passaram a
trabalhar mais horas e a ter múltiplos empregos, e a dívida do consumidor foi aumentando
constantemente. A dívida da habitação foi estimulada, principalmente nas últimas fases da
bolha da habitação, por uma subida dramática nos preços das casas, levando os consumidores
a contrair empréstimos maiores do que o valor da propriedade (o chamado "efeito riqueza" da
habitação) – um processo que acabou subitamente quando a bolha rebentou e os preços das
casas começaram a cair. Conforme se mostra no Gráfico 1, a dívida da habitação aumentou de
cerca de 40% do PIB em 1960 para 100% do PIB em 2007, com um aumento especialmente
acentuado a partir dos finais dos anos 90 11 .

11
Para a discriminação por classes da dívida familiar, ver Foster, 2009.

142
Este crescimento do consumo, baseado na expansão da dívida familiar, provou ser o
calcanhar de Aquiles da economia. A bolha da habitação fundava-se num acentuado aumento
da dívida familiar com base na hipoteca, enquanto que os salários reais tinham estado
essencialmente congelados durante décadas. Os consequentes não pagamentos os novos
proprietários marginais originaram a queda dos preços das casas. Isto originou um número
cada vez maior de proprietários que ficaram a dever mais pelas suas casas do que aquilo que
elas valiam, criando mais não pagamentos e uma queda maior dos preços das casas. Os
bancos, procurando reforçar seus balanços começaram a rejeitar novas extensões da dívida de
cartões de crédito. O consumo entrou em queda, perderam-se empregos, desapareceram as
despesas de capital e começou uma espiral descendente de duração desconhecida.

Durante os últimos trinta anos, mais ou menos, o excedente econômico controlado pelas
grandes empresas, e nas mãos de investidores institucionais, como as companhias de seguros
e os fundos de pensões, derramou um fluxo cada vez maior num estendal exótico de
instrumentos financeiros. Pouca parte dos vastos excedentes econômicos foi utilizada para
expandir o investimento, que se manteve num estado de simples reprodução, reduzido a uma
simples substituição (embora com uma tecnologia nova e mais avançada), em oposição a uma
reprodução ampliada. Dado que as grandes empresas se revelaram incapazes de encontrar
procura para a sua produção – uma realidade expressa no já longo declínio da utilização da
capacidade da indústria (ver Gráfico 4) – e foram confrontadas com a escassez de
oportunidades de investimentos lucrativos, o processo da formação líquida de capital tornou-
se cada vez mais problemático.

143
E assim, os lucros foram sendo cada vez mais desviados do investimento na expansão da
capacidade produtiva e canalizados para a especulação financeira, enquanto que o setor
financeiro parecia gerar tipos ilimitados de produtos financeiros destinados a fazer uso deste
capital em dinheiro. (Este fenômeno existia em escala global, levando Bernanke a referir-se,
em 2005, a uma "abundância de poupanças global", com enormes quantidades de capital à
procura de investimento circulando por todo o mundo e canalizado cada vez mais para os
Estados Unidos, dado o seu papel de liderança na financeirização). Podemos observar as
consequências disso no Gráfico 5, que mostra o dramático divórcio entre lucros e
investimento líquido como percentagem do PIB nos últimos anos, com o investimento fixo
privado não residencial caindo significativamente durante o período, como proporção da
renda, mesmo quando os lucros como parte do PIB se aproximam de um nível nunca visto
desde os finais dos anos 60/princípios dos anos 70. Isto marca, na terminologia de Marx, uma
reviravolta da "fórmula geral para o capital" D(Dinheiro)-M(Mercadorias)-D' (dinheiro
original mais mais-valia), em que os bens eram centrais para a produção de lucros – para um
sistema cada vez mais fundado no circuito do capital em dinheiro por si só, D-D' , em que o
dinheiro gera mais dinheiro sem qualquer relação com a produção.

144
Como a financeirização pode ser considerada como a resposta do capital à tendência de
estagnação na economia real, uma crise de financeirização significa inevitavelmente um
ressurgimento da estagnação endêmica subjacente à economia do capitalismo avançado. A
desalavancagem da enorme dívida acumulada durante as últimas décadas está agora
contribuindo para uma profunda crise. Além disso, com a financeirização paralisada, não se
vê outra saída para o capital monopolista- financeiro. O prognóstico é que a economia, mesmo
depois de estabilizada a atual crise de desvalorização, será caracterizada, na melhor das
hipóteses, por algum tempo de crescimento mínimo, e por um alto desemprego, subemprego e
excesso de capacidade.

O fato de o consumo americano (facilitado pelo enorme défic it contábil americano atual) ter
proporcionado uma efetiva procura crucial para a produção de outros pa íses significa que o
abrandamento nos Estados Unidos já está tendo efeitos desastrosos externamente, com uma
liquidação financeira a nível global a todo o vapor. As economias "emergentes" e
subdesenvolvidas foram apanhadas por uma série de problemas desconcertantes. Estes
englobam a queda de exportações, a descida dos preços dos bens, e as repercussões de altos
níveis de financeirização no topo de uma base econômica instável e altamente exploradora –
enquanto são sujeitas a renovadas pressões imperialistas dos estados centrais.

145
Os próprios estados centrais também estão em dificuldade. A Islândia, que tem sido
comparada ao canário na mina de carvão, sofreu um colapso financeiro total, o que exigiu
ajuda do exterior e possivelmente um assalto maciço aos fundo s de pensões dos cidadãos.
Durante mais de dezessete anos a Islândia tem tido um governo de direita liderado pelo ultra-
conservador Partido da Independência em coligação com os partidos centristas social-
democratas. Sob esta liderança a Islândia adotou fortemente a financeirização neoliberal e a
especulação e assistiu a um crescimento excessivo dos seu setor bancário e da finança com os
ativos totais dos seus bancos aumentando de 96% do PIB, no final de 2000, para nove vezes o
seu PIB em 2006. Agora os contribuintes islandeses, que não foram responsáveis por estas
ações, têm que aguentar a carga das dívidas especulativas externas dos seus bancos, o que se
traduz num drástico declínio do seu nível de vida (STIGFÚSSON, 8, 6 e 20 de outubro de
2008)

Uma economia política

A economia na sua fase clássica, que abrangia a obra não só de individualistas-possessivos,


como Adam Smith, David Ricardo, Thomas Malthus e John Stuart Mill, mas também de
pensadores socialistas, como Karl Marx, chamava-se economia política. Esta designação era
significativa porque apontava para a base de classes da economia e para o papel do estado 12 .
A bem dizer, Adam Smith introduziu a noção da "mão invisível" do mercado que substituía a
anterior mão visível do monarca. Mas, apesar disso, o contexto político de classe da economia
mantinha-se presente em Smith e em todos os outros economistas clássicos. Nos anos 1820,
conforme Marx observou, havia "disputas magníficas" entre economistas políticos que
representavam diversas classes (e frações de classes) da sociedade.

No entanto, a partir das décadas 1830 e 40 em diante, quando a classe trabalhadora surgiu
como uma força na sociedade, e quando a burguesia industrial conquistou o controlo firme do
Estado, desalojando interesses instalados (muito especialmente com a rejeição das Leis dos
Cereais), a economia passou de sua anterior forma de discussão para a "má consciência e
intenção malévola da apologética" (Karl Marx, 1976, p: 96 –98). O fluxo circular da vida
econômica foi sendo (re) conceitualizado pouco e pouco como um processo envolvendo
apenas os indivíduos, o consumo, a produção e os lucros marginais. O conceito de classe
desapareceu assim da economia, mas foi abraçado pelo novo campo da sociologia (em formas

12
Ver Nell, 1980.

146
cada vez mais abstraídas das relações econômicas fundamentais). Também se dizia que o
Estado não tinha nada a fazer diretamente com a economia e passou para o novo campo da
ciência política 13 . A economia foi assim "purificada" de todos os elementos de classe e
políticos, e apresentada cada vez mais como uma ciência "neutra", tratando de princípios
universais e trans-históricos das relações entre capital e mercado.

Tendo perdido quaisquer raízes significantes na sociedade, a economia neoclássica ortodoxa


que se apresentava como um simples paradigma se tornou uma disciplina dominada por
abstrações largamente sem sentido, modelos mecânicos, metodologias formais e linguagem
matemática, divorciada das evoluções históricas. Era apenas uma ciência do mundo real; a sua
principal importância residia no seu papel enquanto ideologia autoconfirmada. Entretanto, os
negócios reais prosseguiam ao longo das suas próprias linhas, esquecidos completamente (por
vezes também intencionalmente) das teorias econômicas ortodoxas. A incapacidade de a
economia dominante aprender as lições da Grande Depressão, isto é, as falhas inerentes de um
sistema de acumulação com base em classes na sua fase de monopólio, incluía a tendência em
ignorar o fato de que o problema real reside na economia real e não na economia monetário-
financeira.

Atualmente, nada parece mais míope do que a constante rejeição de Bernanke das teorias
tradicionais da Grande Depressão que traçaram as causas subjacentes ao desenvolvimento da
sobrecapacidade e procura fraca – convidando a uma rejeição semelhante de tais fatores hoje
em dia. Tal como o seu mentor Milton Friedman, Bernanke defendeu a opinião econômica
neoliberal dominante das últimas décadas, com a sua insistência em que ao escorar "a rocha
que inicia um deslizamento de terras" era possível impedir indefinidamente uma avalanche
financeira de "proporções importantes" (Friedman e Schwartz, op. cit, p: 419). Se o estado do
terreno por cima estava em movimento, e se isso se devia a processos reais, relacionados com
o tempo, não era motivo para preocupação. Ironicamente, Bernanke, o acadêmico especialista
da Grande Depressão, adotou a política de "não ver o mal, não ouvir o mal, não falar do mal"
que tinha sido descrita por Ethan Harris, principal economista americano do Barclays Capital,
em relação às bolhas de ativos (Harris, 2008).

Devemos então nos voltar para a opinião contrária que sublinha as contradições
socioeconômicas do sistema. Durante algum tempo, em resposta à Grande Depressão dos

13
Ver Macpherson, 1973.

147
anos 30, na obra de John Maynard Keynes e de outros pensadores associados às tradições
keynesianas, institucionalistas e marxistas – o mais importante dos quais foi o economista
polaco Michael Kalecki – houve um certo revivalismo de perspectivas político-econômicas.
Mas depois da Segunda Guerra Mundial, o keynesianismo foi sendo reabsorvido pouco e
pouco pelo sistema. Isto ocorreu em parte através do que se chamou a "síntese neoclássica-
keynesiana" – que, como afirmou Joan Robinson, um dos colegas mais jovens de Keynes,
teve o efeito de abastardar Keynes – e em parte através do crescimento estreitamente
relacionado do keynesianismo militar 14 . Por fim, surgiu o monetarismo como a resposta
dominante para a crise de estagflação dos anos 70, juntamente com a ascensão de outras
ideologias conservadoras do mercado livre, tais como a teoria do lado da oferta, as
expectativas racionais e a nova economia clássica (resumida como ortodoxia neoliberal). A
economia perdeu a sua categoria explícita político-económica e o mundo voltou de novo para
a mitologia dos mercados auto-reguladores, auto-equilibradores, isento das questões de
classes e de poder. Quem quer que isto questionasse, era caracterizado como um político e
não como um economista e, portanto, excluído da discussão econômica dominante 15 .

Não é necessário dizer que a economia nunca deixou de ser política; o que aconteceu é que a
política que era promovida estava tão entrelaçada ao sistema do poder econômico que quase
se tornava invisível. A mão visível do monarca, de Adam Smith, estava transformada na mão
invisível, não do mercado, mas da classe capitalista, que estava escondida por detrás do véu
do mercado e da concorrência. No entanto, em cada crise econômica grave esse véu ia sendo
parcialmente rasgado e expunha a realidade do poder de classe.

O pedido do secretário do Tesouro Paulson ao Congresso em setembro de 2008, de 700


bilhões de dólares para salvar o sistema financeiro pode constituir um ponto de inflexão no
reconhecimento e escândalo popular do problema econômico, levantando pela primeira vez
em muitos anos a questão da economia política. Tornou-se de imediato visível para toda a
população que a questão crítica na crise financeira e na profunda estagnação econômica que
estava a surgir era: quem vai pagar? A resposta do sistema capitalista, entregue às suas
próprias manobras, foi a mesma de sempre: os custos seriam suportados
desproporcionalmente pelos que estão em baixo. O velho jogo da privatização de lucros e da

14
Ver Foster, Ho lleman e McChesney, 2008.
15
Para a discussão da estagnação da economia desde os anos 70, ver Perelman, 2007. Ver também Canterbery,
2001.

148
socialização de prejuízos seria jogado de novo pela enésima vez. A população seria chamada
a "apertar o cinto" para "pagar a fatura" de todo o sistema. A capacidade de o público em
geral ver além desta fraude nos próximos meses e anos dependerá, claro, de uma enorme
quantidade de esclarecimento pelos sindicalistas e ativistas dos movimentos sociais, e do grau
com que o império do capital fique desnudado pela crise.

Não há dúvidas de que a atual bancarrota econômica crescente e o escândalo político


produziram uma ruptura fundamental na continuidade do processo histórico. Como é que as
forças progressistas vão abordar esta crise? Primeiro que tudo, é importante rejeitar quaisquer
tentativas para apresentar os graves problemas econômicos que agora enfrentamos como uma
espécie de "desastre natural". Têm uma causa, e ela reside no próprio sistema. E embora a
crise não tenha sido com certeza bem recebida pelos que estão no topo da economia, a
verdade é que foram eles os principais beneficiários do sistema, enriquecendo descaradamente
às custas do resto da população, e devem ser responsabilizados pelas pesadas cargas agora
impostas à sociedade. São os ricos que devem pagar a fatura – não só por razões de elementar
justiça, mas também porque eles, coletivamente, e o seu sistema constituem a razão de as
coisas estarem tão mal como estão; e porque a melhor forma de ajudar a economia e os que
estão em baixo é tratar diretamente das necessidades destes últimos. Não pode haver pára-
quedas dourados para a classe capitalista pagos à custa dos contribuintes.

Mas o capitalismo tira partido da inércia social, usando o seu poder para roubar
descaradamente quando não pode confiar apenas na exploração "normal". Sem uma revolta de
baixo, a carga recairá pura e simplesmente sobre os que estão em baixo. Tudo isto requer um
levantamento de massas, social e econômico, tal como aconteceu na segunda metade dos anos
30, incluindo a revitalização dos sindicatos e dos movimentos sociais de massas de todos os
tipos – utilizando o poder para a mudança que o povo tem garantido pela Constituição;
chegando até o ponto de ameaçar a atual bipolaridade do sistema de dois partidos.

Que irá tentar fazer, nestas circunstâncias, esse movimento radical a partir de baixo, se ele
vier a surgir? Aqui hesitamos em responder, não porque haja falta de ações necessárias a
serem feitas, mas porque um movimento político radicalizado determinado a varrer décadas
de exploração, desperdício e irracionalidade será, se surgir, como uma tempestade em fúria,
abrindo novas perspectivas para a mudança. Qualquer coisa que se possa sugerir nesta altura
corre o duplo risco de parecer demasiado radical agora e demasiado tímido no futuro.

149
Alguns economistas e comentadores liberais argumentam que, dada a presente crise
econômica, nada será eficaz sem um programa de importantes obras públicas destinado a
promover o emprego, uma espécie de outro Novo Acordo. Robert Kuttner defendeu no
Desafio de Obama que "uma recuperação econômica exigirá mais do que 700 bilhões de
dólares por ano em novos gastos públicos, ou um corte de 600 bilhões de dólares em despesas
militares, para compensar. Porquê? Porque não há mais nenhuma estratégia plausível para
conseguir uma recuperação econômica geral e para o reequilíbrio da economia" (KUTTNER,
2008, p: 27). Mas isto é mais difícil de fazer do que de dizer. Há razões para crer que os
interesses econômicos dominantes bloquearão o aumento dos gastos civis governamentais a
uma escala destas, mesmo em uma crise, por interferirem com o mercado privado. A verdade
é que as compras civis do governo, em 1939, se situavam em 13,3 % do PNB – o que Baran e
Sweezy, em 1966, teorizaram como estando se aproximando de seus "limites máximos" – e
desde então, a situação pouco mudou, com o consumo civil do governo e as despesas de
investimento, de 1960 até o presente, registrando uma média de 13,7% do PNB (13,8% do
PIB). (BARAN e SWEEZY, 1996; ECONOMIC REPORT OF THE PRESIDENT, 2008).
Portanto, não se deve subestimar as forças de classe que podem bloquear um importante
aumento nas despesas governamentais não militares, mesmo em uma profunda estagnação.
Quaisquer avanços nesta direção exigirão uma forte luta de classes.

No entanto, não pode haver dúvidas de que a mudança deve ser dirigida, primeiramente e
acima de tudo, para a satisfação das necessidades básicas da população no que se refere à
alimentação, à habitação, ao emprego, à saúde, à educação, a um ambiente sustentável, etc. Irá
o governo assumir a responsabilidade de proporcionar trabalho útil a todos os que o desejarem
e dele necessitarem? Irá haver habitação disponível (livre de hipotecas esmagadoras) para
toda a gente, estendo também aos sem abrigo e aos que vivem em habitações precárias? Irá
ser instituído um sistema de saúde nacional para cobrir as necessidades de toda a população,
substituindo o pior e mais caro sistema de saúde do mundo capitalista ava nçado? Irão as
despesas militares ser reduzidas drasticamente, renunciando-se ao domínio imperialista
global? Irão os ricos pagar pesados impostos e as receitas e riqueza serem redistribuídas? Irá o
ambiente, quer global quer local, ser protegido? Irá o direito à organização se tornar uma
realidade?

Se estes pré-requisitos elementares de qualquer futuro decente parecem impossíveis no atual


sistema, então o povo deve tomar nas suas próprias mãos a criação de uma nova sociedade

150
que proporcione estes bens genuínos. Acima de tudo é necessário "insistir em que tanto a
moral como a economia apóia o sentimento intuitivo das massas de que os recursos humanos
e naturais da sociedade podem e devem ser usados em benefício de toda a gente e não apenas
de uma minoria privilegiada" (MAGDOFF E SWEEZY, 1987, p: 5).

Nos anos 30, Keynes condenou o crescente domínio do capital financeiro, que ameaçava
reduzir a economia real a "uma bolha num redemoinho de especulação", e recomendou a
"eutanásia do senhorio". Mas a financeirização é tão essencial para o capital monopólio-
finança de hoje, que tal "eutanásia do senhorio" não pode ser conseguida – contrariando o
sonho de Keynes de um capitalismo mais racional – sem passar para além do próprio sistema.
Neste sentido estamos claramente num ponto de inflexão global, em que o mundo talvez
esteja finalmente preparado para dar o passo, como Keynes também visionou, de repudiar e
alienar o código moral de "o justo é ilegal e o ilegal é justo" – utilizado para justificar a
ganância e a exploração necessárias para a acumulação do capital – virando-o do avesso para
criar uma ordem social mais racional16 . Para tal, porém, é necessário que a população assuma
o controlo da sua economia política, substituindo o atual sistema de capitalismo por algo que
se assemelhe a uma real democracia política e econômica; aquilo que os atuais dirigentes do
mundo mais temem e condenam – como o "socialismo"17 .

25 de outubro de 2008.

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16
Ver Keynes, 1973 e 1932; Sweezy, 1994; Foster, 2005.
17
Sobre este aspecto, é necessário, pensamos, ir mais além da economia liberal, e tentar u ma crít ica imp iedosa
de tudo o que existe. Mesmo u m economista liberal relativamente progressista, como Paul Krug man,
recentemente galardoado com o prêmio de economia do Banco da Suécia em ho nra de Alfred Nobel, torna claro
que o que o torna num pensador predominante, e daí ser membro do clube no topo da sociedade, é o seu
profundo compro misso com o capitalismo e os "mercados livres" e o seu desdém pelo socialismo – proclamando
altivamente que "há bem poucos anos… uma rev ista chegou mesmo a dedicar-me u m ataque numa notícia de
capa por causa das minhas opiniões pró-capitalistas" (2004). Neste contexto, ver Magdoff, Foster e McChesney,
2001.

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154
Orígenes comunes de la crisis económica y la crisis ecológica
Autor: François Chesnais *

1. Uno de los rasgos más importantes de la situación que se abrió en el 2007, es la conjunc ión
entre la crisis económica mundial y la profundización de la crisis climática con gravísimos
efectos sociales de impacto mundial. Se suma la crisis alimenticia, en gran medida provocada
directamente por las políticas comerciales que se pusieron en marcha hace ya 20 años. La
rapidez con que avanza la crisis climática, afectando a las poblaciones de los países más
pobres y vulnerables, nos indica sufrirán los impactos combinados de la recesión mundial, del
calentamiento y de los efectos de las políticas agrícolas que se impusieron a muchos países.
Todo esto implica un cuestionamiento a la civilización en cuanto tal, pero es seguro que los
gobiernos lo abordarán como si se tratase de manatener el orden, tanto a nivel nacional como
internacional (véanse las medidas de la Unión Europea contra la inmigración). Los efectos de
los cambios climáticos, así como también la resistencia popular que ellos provocarán en
algunas partes del mundo, pueden ser tan fuertes que indudablemente repercutirán sobre la
economía y agravarán la recesión.

2. La conjunción entre la crisis económica mundial y el avance de la crisis climática (con toda
su gravedad) no es algo fortuito. Las raíces de ambas crisis son las mismas: la naturaleza del
capital y de la producción capitalista. Pero esto es algo que sólo pudo verse claramente con la
liberalización y la desreglamentación del capital y, consecuentemente, su completa
mundialización y exacerbada financiarización. Estos son los procesos los que explican, por un
lado los rasgos originales de la crisis (en la que la subproducción de mercancías y la
sobreacumulación de capacidades de producción, se combinan con el desmoronamiento de un
monto gigantesco de capital ficticio), y por el otro lado la aceleración de las emisiones
mundiales de CO2, después y a despecho de que los efectos de esto sobre el clima fueran
claramente establecidos.

3. Los tiempos del cambio climático a consecuencia de las emisiones de CO2 (que éstas sean
la única causa, o que vengan desde hace algunas décadas acelerando y agravando
cualitativamente un ciclo climático multisecular, no modifica en nada la naturaleza del hecho)
son muy diferentes al tiempo de la acumulación a largo plazo del capital, que es también el de
la acumulación de sus contradicciones internas hasta que ya no pueden ser contenida. Puede
155
considerarse que la larga acumulación a la que puso fin la crisis comenzó a fines de los años
1950, mientras que a la producción de gas de efecto invernadero y su concentración en la
atmósfera, se los hace remontar generalmente al momento de difusión internacional de la
revolución industrial y la utilización de carbón a muy grande escala, a fines del siglo XIX.
Son tiempos de maduración muy distintos.

4. Pero cabe hacer dos observaciones. En primer lugar, las emisiones comenzaron a
incrementarse hacia el fin de los “30 gloriosos”, en los años 1970. Y sobre todo a partir de los
años 1990. Precísamente cuando se publicó el primer informe del Grupo Intergubernamental
de Expertos en el Cambio climático (en adelante, GIEC) comenzó esta especie de “carrera
hacia el abismo” a nivel del cambio climático, cuyas consecuencias son cada vez más
evidentes. Y fue también desde el comienzo de los años 1990 cuando comenzaron a utilizarse
cada vez más sistemáticamente todos los mecanismos dirigidos a mantener la acumulación y
detener la crisis financiera: los mecanismos que retardaron la crisis hasta su estallido en
agosto de 2007 y que explican ahora su profundidad. Volveremos sobre esto más adelante,
señalando sus implicaciones a nivel ecológico (Nota Bene: en este artículo no abordaremos
especìficamente la pesada contribución que hicieron la URSS y los paìses del “socialismo
real” del centro y este de Europa al daño ecológico. Con Claude Serfaty hemos escrito un
capítulo sobre esto, en el libro colectivo coordinado por Michael Löwy y J-M. Harribey,
Capital contre nature, Actuel Marx Confrontations, París, 2003).

Dos crisis con raíces comunes y consustanciales al capital

5. Las raìces están en lo que se puede considerar “la esencia” del capital. El dinero que
deviene capital debe crecer, reproducirse con ganancias, aumentar, en un movimiento que no
puede tener ni fin ni límites. Recordemos a Marx, que en los Manuscritos de 1857-58 (los
Grundrisse) escribió que “el capital, en tanto representa la forma universal de la riqueza -el
dinero-, es la tendencia sin límite y sin medida de sobrepasar su propio límite. Si no dejaría de
ser capital, dinero que se produce a si mismo”. O también en El Capital cuando insiste en
decir qué “la producción no es más que la producción para el capital y no a la inversa, los
medios de producción no se amplían en beneficio de la sociedad de los productores”
(subrayados de Marx). Para crecer, el capital debe producir y apropiarse indefinidamente del
valor y de la plusvalía. Lo que también significa que debe sacar los recursos del suelo y el
subsuelo ilimitadamente, tal y como ha hecho desde que se constituyó como modo de
producción abarcando países enteros y, más aún, cuando comenzó su expansión mundial.

156
6. La expresión “producción por la producción” que ahora se escucha con frecuencia, requiere
algunas precisiónes. Para poner fin al “productivismo”, en primer lugar hay que comprender
bien su naturaleza y resortes. Está en la esencia del capital apropiarse de la plusvalía. Lo que
supone primero reunir trabajadores en empresas, organizar la actividad productiva lo mas
eficazmente que se pueda y aumentar la productividad, al mismo tiempo que se limita al
máximo la suba de los salarios. Y supone luego vender el producto en de mercancía, haciendo
todo lo posible por convencer a la gente para que las compre. El “productivismo” se asienta
en muy fuertes mecanismos que buscan la “aprobación” social:

* Algunos de estos mecanismos tienen que ver con la venta y la compra de la fuer za de
trabajo, con el hecho de que son las empresas (y más allá de ellas, el funcionamiento general
del capitalismo) las que deciden quien tiene o no trabajo, con qué grado de seguridad y con
qué nivel salarial. La mejor manera de obtener la “aprobación” a este nivel, vale decir, de
garantizar la docilidad de los trabajadores, siempre fue actuar de modo tal que las empresas
entren en competencia, en lo posible aguda. Mientras más compitan las empresas, más en
competencia estarán también los trabajadores por los puestos de trabajo. Efectivamente, para
cada núcleo diferenciado de producción y de apropiación de plusvalía, para cada empresa, la
competitividad pasa por la reducción de lo que se llama “costo del trabajo”. Y la mayor
garantía de que estos dos niveles interconectados de competencia “funcionen bien” es
liberalizar los intercambios. Esto es lo que el capital viene haciendo desde hace 40 años en el
marco de la Unión Europea y a nivel mundial con el tratado de Marrakech y la cooptación de
China a la Organización Mundial de Comercio.

* Los otros mecanismos de creación de “aprobación” (aprobación forzada) tienen que ver con
el acondicionamiento de los asalariados y de toda la población para que compren. Es preciso
que las mercancías que encierran la plusvalía sean vendidas y lanzadas al mercado en la
mayor cantidad posible. Para eso deben ser “cosas útiles”: pueden ser auténticamente útiles
para quienes las compran, mercancías que responden a sus necesidades... Pero es preciso que
sean “útiles” por sobre todo en el sentido de que permitan la realización de la plusvalía. En
realidad, un conjunto de factores (simplificando, digamos la repartición desigual de los
ingresos entre clases sociales y países y también sencillamente la saturación) hacen que la
dimensión del mercado tenga límites. Es preciso entonces que el capitalismo haga de todo
para correrlos. Lo que le importa es que las mercancías que contienen plusvalor tengan la
apariencia de “cosas útiles”, pues para el capital la “utilidad” es lo que permite ob tener

157
ganancias y proseguir el proceso infinito de valorización. Las empresas se han convertidos en
maestras en el arte de demostrar (a quienes tienen poder de compra) que las mercancías que
les proponen son “útiles”.

7. Ya avanzamos bastante en la comprensión de las raíces comunes de la crisis en tanto crisis


de sobreacumulación y sobreproducción y del agotamiento de los recursos del planeta. Y de
todo lo que acabamos de explicar se desprende que el movimiento de acumulación, cuyo
motor es la necesidad de valorización infinita e ilimitada del capital conduce
simultáneamente:

* a la sobreacumulación de medios de producción (la sobre inversión) y a la resultante


superproducción de mercancías;

* a la existencia de una situación de desocupación endémica;

* a un inmenso desperdicio de recursos no renovables, desperdicio continuado porque es tan


consustancial al capitalismo como la superproducción.

8. La racionalidad propia del capital conduce a distintas expresiones de profunda


irracionalidad social y ambiental entre las cuales se conforman procesos interactivos
agravantes. Citemos uno. Cada empresa ve a los asalariados como un costo que es preciso
reducir, pero al hacerlo “serruchan la rama” en la que estas empresas están colectivamente
sentadas. Mucho antes que Keynes, Marx escribió:

Cada capitalista sabiendo que no ocupa frente a su obrero la posición del productor frente al
consumidor, busca limitar al máximo su capacidad de cambio, su salario, pero desea
naturalmente que los trabajadores de los otros capitalistas consuman tanto como sea posible
su mercancía.

El movimiento del capital agrava el problema de la realización de la plusvalía y


simultáneamente debe acentuar los esfuerzos para hacer que quienes tienen sus necesidades
saturadas, compren productos socialmente inútiles. Esta contradicción alojada en el corazón
de la relación entre el capital y el trabajo, es una de las expresiones del hecho de que “la
verdadera barrera de capital es el capital mismo”. Quienes son las personificaciones del
capital no pueden comprenderlo, mucho menos aceptarlo en caso de llegar a presentirlo.

158
Tampoco pueden sacar la conclusión de que un sistema cuyo corazón es la ilimitada
valorización del dinero, es un sistema mortífero.

Aspectos específicos de la configuración del capital y el “crecimiento” desde los años


1990

El primer informe del GIEC es de 1990. Planteó una constatación y formuló una serie de
previsiones, que no fueron posteriormente desmentidas. Confirmó las informaciones sobre
cambio climático ya conocidas por los científicos desde hacía varios años. En 1992 las
Naciones Unidas adoptaron una “Convención sobre los cambios climáticos”, que entró en
vigor en marzo de 1994. Posteriormente, cada nuevo informe del GIEC no hizo más que
confirmar las conclusiones de los precedentes y achicar los límites temporales. Sin embargo,
poco o nada se hizo. Y los hechos que vinieron a “desmentir” las previsiones de los
científicos, lo hicieron siempre en el sentido de la aceleración de los procesos, sobre todo en
lo relativo al derretimiento de los glaciares africanos y andinos, y de la banca ártica y
antártica. A pesar de las advertencias, ninguna medida de alcance real fue adoptada e
implementada por los gobiernos ni, por supuesto, los grupos industriales y financieros con
mayor responsabildiad directa en las decisiones económicas que influyen en la intensidad y
estructura del consumo energético. Esto se explica parcialmente por el fuerte interés de estos
grupos en prolongar sus actuales fuentes de ganancia. Pero la explicación más profunda de la
“carrera hacia el abismo” está dada por los desarrollos que vinieron a exacerbar los procesos
básicos que acabamos de presentar.

10. Es obligatorio considerar la esencia de el capital al nivel de abstracción que antes


utilizamos. Pero es preciso también aprehenderlo en las configuraciones organizativas que en
cada momento esboza. En el actual estadio del capitalismo, estas configuraciones son por
supuesto los grandes grupos de la energía, la industria y la gran distribución: todas son
sociedades transnacionales (SNT). Sin embargo, desde hace 30 años, son también y sobre
todo las sociedades financieras, los grandes bancos, las sociedades de seguros, los fondos de
pensión por capitalización y los fondos de colocación financiera (Mutual funds o SICAV), los
llamados “inversores institucionales”. Su poderìo está basado en la centralización de dinero
que busca valorizarse con la forma de préstamos y colocaciones, la forma llamada “capital
con interés”. Una parte de tal dinero proviene de ganancias no invertidas, otra de las ventas (la
más importante de las cuales es la renta petrolera) y finalmente de obligaciones
institucionales, como es el caso de los fondos de pensión por capitalización. Sea cual fuere su

159
origen, el dinero centralizado se confía a los gestionarios de fondos. Se convirtieron en un
componente central del capital contemporáneo gracias a un conjunto de instituciones, en
primer lugar los mercados financieros y especialmente la Bolsa, y gracias también a
mecanismos tales como la “gobernancia de empresas” en provecho de los accionistas. Es
preciso ver lo que esto implica.

11. El punto de partida del ciclo de valorización del capital es el dinero D y su punto de
llegada es más dinero D’. Quienes por así decirlo personifican D (el dinero en toda su
“pureza”) fueron siempre quienes lo poseìan, lo centralizaban o lo “creaban” mediante el
crédito. Luego de un paréntesis de aproximadamente 40 años (entre mediados de los años
1930 y mediados de los 1970), se volvió a esa situación. El poder capitalista decisivo pasó
nuevamente a manos de los financistas, de los poderosos gestionarios de los fondos de
pensiones y de colocación financiero. La liberalización, la desreglamentación y la
mundialización contemporánea les abrieron un espacio de valorización planetaria. Los fondos
son la materialización de un capital que posee, más que en cualquier momento anterior, los
atributos de una fuerza impersonal dirigida exclusivamente hacia su auto valorización y su
auto reproducción. Extrema movilidad de los flujos de capital, gran flexibilidad en las
operaciones de valorización, exterioridad en relación a las constricciones de producción y
venta qen que opera el capital industrial. Y también una radical indiferencia en cuanto a los
mecanismos políticos y sociales para la producción y apropiación de la plusvalía o a sus
consecuencias sociales y ecológicas.

12. Los gestionarios financieros ocupan gran parte de los puesto de mando del capitalismo
“occidental”. En el caso de los Estados Unidos, que no lo oculta, sus nombres son muy
conocidos, comenzando por los PDG de Goldman Sachs, Robert Rubín y Henry Paulson: el
primero fue Secretario del Tesoro de Clinton, el segundo de G.W. Bush. Ellos personifican un
capitalismo que creyó haber desplazado “sus límites inherentes” por mucho tiempo, y lo
hicieron como siempre recurriendo a “medios que levantan nuevamente estas barreras frente
a ella, a una escala aún más formidable”. La burguesía alineada detrás de los Estados Unidos
durante los últimos 30 años trató de superar los límites inherentes al capital esencialmente a
través de tres medios: a) la liberalización de los flujos financieros, del comercio y de las
inversiones directas; b) el recurso en una escala jamás vista a la creación de capital ficticio en
su forma más vulnerable, el crédito, sobre todo hipotecario; c) finalmente y como respuesta a
la penuria de plusvalía creada por la pérdida de velocidad de la inversión en los países

160
centrales del sistema, un nuevo e importante salto en las inversiones exteriores, cuyo destino
principal fue China.

13. La creación de capital ficticio en dimensiones desconocidas y también con la forma de


crédito al consumo, tuvo el objetivo de ampliar artificialmente el mercado doméstico de los
países que recurrieron a este procedimiento. Especialmente después del 2001, y durante algún
tiempo este artilugio construido mediante la constante extensión de las técnicas de
“titulización” fue capaz de contrarrestar los efectos de una demanda insuficiente. Asì ocultó
entonces situaciónes de superproducción crónica, como en el caso de la industria automotriz.
Un monto extraordinariamente importante de acreencias insolventes “escondidas” en tìtulos
fue asentado en el activo de capital de los bancos, de la sociedad de seguros y los fondos de
colocación. Después de agosto del 2007 (de hecho después de julio), todo el edificio comenzó
a hundirse, pedazo por pedazo, a través de sucesivos episodios cada vez más espectaculares.

14. La crisis financiera desgarró el velo que ocultaba la superproducción en los Estados
Unidos, en Europa y de rebote en el Japón, que es terriblemente dependiente de las
exportaciones. Lo que ahora está en juego es si la extensión de la crisis de sobreacumulación
y de superproducción se producirá de modo tal que alcance o nó a China. Desde comienzos de
los años 1990, el flujo del capital productor de plusvalor hacia el exterior no tomó solamente
la forma de una extensión de las relaciones imperialistas de apropiación-expropiación de
recursos básicos de los países subordinados o de producción mo nopólica en esos países para
la venta en sus mercados domésticos, como ocurriera en las fases precedentes. Ahora se trató,
particularmente en lo que concierne a China, de la extensión de relaciones de producción
entre capital y trabajo en el sentido fuerte, es decir, relaciones cuyo objetivo es la creación de
valor y plusvalor en la industria manufacturera. China no es solamente un mercado. Es “the
factory of the world”, una de las más importantes bases de producción manufacturera del
mundo, sino la principal. Esto implica que es una base productiva que exige una esfera de
realización, es decir un mercado, de dimensión proporcional al monto de las mercancías
producidas. La extensión de las relaciones productoras de valor y plusvalor fue alentada por la
dirección del Partido Comunista Chino, que convocó al capital extranjero a participar y hacer
ganancias. Las empresas extranjeras, encabezadas por las estadounidenses y japonesas, se
desplazaron desde mediados de los años 1990 hacia China, para aprovechar una mano de obra
disciplinada, bien formada y barata. El incremento de la capacidad productiva debido al flujo
de inversiones extranjeras fue acentuado por mecanismos político-económicos específicos que

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propiciaron la súper acumulación. Por todas estas razones, China es el terreno en el que se
decidirán la dimensión y duración de la crisis, y tal vez su desenlace.

15. Volvamos a la aceleración de los procesos de utilización de los recursos no renovables


hasta su agotamiento, del desgaste de la capacidad productiva de los suleos por largos
períodos en cada vez mas lugares del planeta, y del incremento de las emisiones de gas con
efecto invernadero. En el primer caso, la cuestión está abundantemente documentada. La
destrucción de las selvas primarias en África, en el Amazonas y el archipiélago indonesio,
para vender maderas raras, para cultivar especies que sirvan para los agro carburantes o
posibilitar los cultivos extensivos y la quimificación cada vez más pronunciada de la gran
agricultura, tienen lazos estrechos con el pago de la deuda, con la liberalización del comercio
y la acentuada penetración en el sector agrícola ganadero del capital concentrado y los
accionistas de los fondos de colocación financiera.

16. En el caso de la aceleración de las emisiones de gas con efecto invernadero, el lazo no es
ciertamente tan directo, pero existen al menos un “ramillete de indicadores”. Cabe la hipótesis
de que sea, al menos parcialmente, una consecuencia de muchos procesos ligados a la
liberalización de intercambios, a la desreglamentación y la mundialización de las inversiones
y las privatizaciones: el salto salto cualitativo en el transporte de carretera con camiones, así
como los transportes marìtimos y aéreos ligados a la tercerización y el “justo-a-tiempo”, a las
mercancías chinas baratas, a los gastos de invierno, etc.; las deliberadas subinversiones en los
transportes públicos; la urbanización que tiende a hacer obligatorio el uso del automóvil (para
todos los que pueden pagarlo...), etc. (¿será realmente una casualidad que Renault y Peugeot,
Bouygues y cia. sean los principales destinatarios y beneficiarios del “plan de
relanzamiento”?).

Dos cuestiones políticas a tratar

17. La primera es la del “decrecimiento”. Estamos en un sistema que tiene como núcleo y
racionalidad característica, la valorización del dinero devenido capital, en un movimiento
infinito. Valorización que se hace (y no puede dejar de hacerce) mediante dos procedimientos:
1º) una relación intrínsecamente antagónica con el trabajo, de la que nacen (excepto en
situaciones políticas excepcionales y transitorias que las atenúan como ocurriera durante los
“30 gloriosos”) la polarización social, la pobreza, la miseria; y 2º) la venta infinita de
mercancías, hasta la saturación, con las implicaciones ecológicas que antes vimos. La

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liberalización y la mundialización hicieron saltar los mecanismo que contenían el primer
procedimiento y han acentuado terriblemente al segundo. El único momento en que este
sistema “decrece” es durante las crisis, como ocurre actualmente.

18 . Otro sorprendente error de los teóricos del decrecimiento es colocarse políticamente en


un terreno de súplica al capital: que sea más razonable, que tome conciencia de sus intereses
“bien entendidos” a largo plazo... Son sensibles a la pobreza, pero no colocan en el centro la
lucha de clases. Pueden unirse a las luchas en el punto de intersección entre las consecuencias
de la explotación y tal o cual cuestión de orden ecológico, y sienten la presión popular cuando
se desarrolla. Pero la búsqueda sistemática de puentes entre ambas les es ajena, porque no
comprenden la naturaleza del sistema capitalista o porque piensan que “ya ganó”, como los
social- liberales.

19. Una segunda cuestión política tiene que ver con la utilización del término
“ecosocialismo”, en vez de socialismo a secas. Tengo la impresión de que, en definitiva, los
únicos argumentos reales en tal sentido son a) el descrédito de la palabra socialismo a causa
del estalinismo y de la socialdemocracia y b) la poca importancia concedida a las cuestiones
ecológicas por los marxistas, incluyendo los revolucionarios, al punto que se “redescubrió” a
Marx en esta cuestión recién en los años 1990 y gracias sobre todo a gente como Bellamy
Foster.

20. Por lo tanto, mis dos respuestas son (invirtiendo el orden): 1) la cuestión ecológica no es
la única que subestimada por los marxistas, incluídos los revolucionarios (ver el texto de Jean-
Louis Marchetti para la reunión del 13-14 de diciembre); 2) el contenido de la palabra
socialismo puede y debe ser repensado a partir de los jalones puesto por Max en relación a los
“productores asociados” y sus relaciones con la naturaleza. En uno de los últimos capìtulos de
El capital Marx asigna a los hombres socializados, devenido “productores asociados”, la
perspectiva de “combinar racionalmente y controlar sus intercambios materiales con la
naturaleza, de modo tal de realizarlo con el menor gasto de fuerza y en las condiciones más
dignas y más acordes a la naturaleza humana”. Esto nos indica que la protección de la
naturaleza contra la mercantilización capitalista es inseparable del hombre en tanto parte de la
naturaleza. Dicho otra manera, toda política que asuma la cuestión ecológica deberá combatir
también la alienación - la alienación mercantil, pero también la alienación en el trabajo- y esto
con verdadera eficacia, y no como esas campañas en “defensa del empleo” donde vemos a los
sindicatos aliados a los empleadores en torno a cuestiones como las normas en materia de

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polución. De lo que se trata es de actuar de tal manera que el individuo “individual”, creación
del capitalismo escindido en productor y consumidor y privado de toda instancia que pueda
ayudarlo a comprender las principales determinaciones de su experiencia social, pueda
devenir un productor asociado, en condiciones de administrar sus relaciones con el medio
natural según una racionalidad colectiva. El socialismo, así redefinido, es la palabra que
debemos reaprender a defender.

1¨ Texto preparado para una reunión de las estructuras provisorias del Nuevo Partido
Anticapitalista (Francia) los días 13 y 14 de diciembre de 2008. Enviado por el autor para el
Foro el 18 de diciembre, traducido para Herrramienta por Aldo Casas.

* Destacado marxista, es parte del Consejo científico de ATTAC-Francia, director de Carré


rouge, y miembro del Consejo asesor Herramienta, revista con la que colabora asiduamente.
La finance, último libro publicado bajo su dirección, está siendo traducido para su próxima
publicación por Ediciones Herramienta.

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