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O ESTUDO PSICOSSOCIAL EM PROCESSOS DE ADOÇÃO: UM

TRABALHO REALIZADO JUNTO À CENTRAL DE ADOÇÃO DA COMARCA


DE FLORIANÓPOLIS

Mirella Alves de Brito


Docente Supervisora de Estágio na Central de Adoção da Comarca de Florianópolis
Cristine Pereira Tuon Sposito Assistente Social
Responsável pela Central de Adoção da Comarca de Florianópolis
Adrienne Kathlen Melo do Lago
Ilda Terezinha de Souza Guiz
Egressas do Curso de Psicologia
Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI
mirella@univali.br

O trabalho consiste em relato de experiência de estágio em Psicologia Clínica,


vinculado ao Curso de Psicologia da UNIVALI, Campus Biguaçu. Compreendeu a
implantação de serviço de psicologia junto a Central de Adoção da Vara da Infância e
Juventude de Florianópolis. O principal objetivo foi atuar nos estudos avaliativos de
pretendentes a adoção de crianças e/ou adolescentes e conseqüente inscrição no
Cadastro Único Informatizado de Adoção e Abrigo (CUIDA). Além das participações
no estudo para a inscrição no CUIDA, o estágio procurou construir referenciais teórico-
metodológico que promovam um processo reflexivo sobre a escolha pela constituição
de laços parentais através da adoção, buscando superar o lugar meramente avaliativo
que, historicamente, vêm desempenhando, assistentes sociais e psicólogos, no campo da
justiça. As principais ferramentas correspondem aos estudos de Michel Foucault; Gilles
Deleuze e Félix Guattari. No que se refere às entrevistas psicológicas, utilizou-se do
referencial da fenomenologia existencialista, a fim de garantir uma compreensão da
escolha pela adoção como forma de objetivar a construção de laços parentais. O
trabalho efetivamente se expressou na prática interdisciplinar com as áreas do serviço
social, direito e psicologia no que vem, desde então, sendo denominado de estudo
psicossocial para inscrição no CUIDA. Destaca-se a promoção de ações em psicologia
que visam aglutinar elementos a serem elaborados no sentido de encontrar famílias para
as crianças que se encontram privadas do direito a convivência familiar e comunitária.
Para desenvolver o trabalho junto a Central de Adoção, estabeleceu-se nova rotina nos
estudos sociais de inscrição no CUIDA. Cada pretendente a adotar passou a ser
entrevistado(a) por uma assistente social e uma estagiária de psicologia, as entrevistas
eram agendadas pelo setor, através de contato telefônico e realizadas a partir de um
roteiro semi estruturado. As características dos interessados são bastante diversificadas,
não favorecendo o estabelecimento de um perfil. Vale destacar que conforme as
possibilidades de estabelecimento de vínculo parental estabelecidos pela legislação em
vigor; participam das entrevistas, famílias cuja configuração varia entre contextos
constituídos de uma só pessoa, ou de grupos compostos por filhos biológicos, casais
hetero e homo afetivos, por filhos de laços conjugais anteriores, e por outras
experiências de adoção. Nesse contexto o estudo psicossocial passou a ser conduzido da
seguinte maneira: 1. Entrega de documentos obrigatórios junto a Central de Adoção; 2.
Agendamento de entrevista com pretendente(s); 3. Agendamento de visita domiciliar; 4.
Elaboração de relatório do Estudo; 5. Juntar ao processo para Parecer do Ministério
Público e posterior Parecer do Juiz da Vara da Infância e Juventude; 6. Devolutiva da
finalização do Processo. Nosso trabalho focou a realização das entrevistas e devolutivas
dos processos. Para isso realizamos as entrevistas numa perspectiva histórico-dialética,
a qual busca conhecer como o requerente se historicizou, como ele estabeleceu relações
a partir de sua convivência no mundo. É fundamental entender o sujeito a partir da sua
própria história e das significações acerca de suas vivências, visando pautar o estudo
psicossocial, não como sendo somente um processo avaliativo e sim reflexo-
informativo, com condutas que entendam se o projeto de adoção vai ao encontro do
projeto de ser do(s) requerente(s) ou não. As entrevistas eram realizadas também com
base no entendimento que os requerentes que se inscrevem em um processo de
habilitação a adoção, estão de alguma forma motivados, por isso é relevante
problematizar questões que subsidiem a compreensão do projeto de ser deles e a partir
disso, objetivar a inteligibilidade sobre o projeto de adoção. Para tanto, o número de
encontros com os pretendentes variava de acordo com as necessidades de cada situação,
verificando-se com os entrevistados as suas particularidades e condições de levar
adiante o projeto de adoção. Compreendemos que, uma filiação por adoção não ocorre
da mesma forma que uma filiação pela consangüinidade, em especial porque na filiação
consangüínea dá-se uma criança a uma família, e na filiação por adoção dá-se uma
família a uma criança. Constatamos que ao inventarmos novas práticas juntos aos
processos que até então se entendiam como avaliativos, passamos a desafiar questões
teóricas e metodológicas que para a psicologia jurídica tem sido de grande
complexidade. Optamos por não utilizar de instrumentos avaliativos, na forma de testes
psicológicos, empreendendo uma perspectiva que visa ampliar o olhar psicológico para
a análise da história com seus acontecimentos e por isso analisamos a história como um
processo marcado pela produção de processos de subjetivação, nos quais vamos
fazendo-nos sujeitos e produzindo formas de expressão no mundo. Nesse caminho, o
desafio de realizar um estudo psicossocial que possa identificar ao final se um
pretendente a adoção será ou não inscrito no CUIDA, depende de nos colocarmos numa
posição de resistência frente os processos de subjetivação que retiram do pretendente a
possibilidade de se ver criticamente na sua escolha pela adoção. Ao desterritorializar o
lugar da psicologia no campo da justiça, fomos também identificando linhas de fuga que
permitiam ao pretendente sua responsabilização e produção no processo. Durante o
período que temos trabalhado nessa perspectiva, orientamos muitas famílias a
repensarem suas escolhas e retirarem o processo de inscrição, outras foram conduzidas
ao CUIDA e outras procuraram a psicoterapia como forma de analisarem suas reais
motivações para a adoção. Em todos os processos, verificamos que as entrevistas foram
de extrema importância para a reconstrução da escolha, no sentido de avaliarem suas
condições e disposições para a construção de novos laços parentais. Mas também tem
sido possível identificar que o diálogo com os outros atores do campo da justiça tem
sido legitimado pelos resultados favoráveis em processos de colocação de crianças e
adolescentes em famílias substitutas, sobretudo no aumento de processos em que os
pretendentes, após as entrevistas e a visita domiciliar; ampliam a faixa etária do filho
desejado, bem como acenam para maior flexibilidade no perfil, indicando que a
realidade das crianças e adolescente que se encontram nos abrigos, a serem adotados,
tem sido o ponto de partida para muitos pretendentes. Do ponto de vista do trabalho em
psicologia nossa conquista tem sido a de produzir relatórios que possibilitam a
expressão dos sujeitos como atores de suas histórias, uma vez que participa de todo o
processo recebendo feedbacks e sendo chamado a se posicionar diante de nossas
compreensões. Procuramos desestabilizar o lugar de poder-saber territorializado do
técnico para criar rupturas em nossas práticas e novas possibilidades de entendimentos a
cerca das construções de laços parentais e das realidades de crianças e adolescentes que
enfrentam a condição de privados do direito a convivência familiar em abrigos. Nosso
mais recente investimento tem sido na formação de um grupo de estudo que pretende
analisar de forma histórica-genealógica a vida no interior dos abrigos e sua relação com
a colocação de crianças e adolescentes em família substituta.

Palavras-chaves: Adoção; Psicologia jurídica; Estudo Psicossocial.

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