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CONTEÚDO

PROFº: MARQUES
01 A CIDADE - ESTADO
A Certeza de Vencer KL 070208

I. INTRODUÇÃO “Já se sonhou bastante – e às vezes até se delirou – sobre


O Povo Heleno o poeta cego. Existiu um Homero, dois Homeros e até, como
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“Os gregos, no seu próprio idioma, nunca se alguns pensaram, uma multidão de Homeros? Na ilha de Quios
apelidaram ‘gregos’ (o termo deriva do nome que os romanos havia os chamados homéridas, que se diziam descendentes de
lhes davam: Graeci). Nos tempos micênicos, parece que eram Homero e constituíam um grupo de rapsodos que cantavam os
conhecidos como Aqueus (segundo registros dos seus poemas de seu pretenso antepassado.”
contemporâneos Hititas), um dos vários nomes que ainda (VIDAL-NAQUET p.13-14).
conservam nos poemas homéricos, a mais antiga literatura
A Poesia Oral
grega. No decurso da Idade das trevas, ou talvez no seu final, o
“(...) Por detrás da Ilíada e da Odisséia, há séculos de
termo ‘helenos’ substitui todos os outros e ‘Hélade’ passou a ser
poesia oral, composta, recitada e transmitida por bardos
o nome coletivo para designar o conjunto dos gregos. Na
profissionais, sem o auxílio de nenhuma palavra escrita.”
antiguidade, contudo, nada existia de comparável a que os
(FINLEY p. 17).
helenos pudessem chamar ‘o nosso país’. Para eles, a Hélade era
“Homero (...) era um aedo. Essa palavra, que vem do
essencialmente uma abstração, tal como a Cristandade na Idade
grego aoidós, significa ‘cantor’. Os poemas homéricos eram
Média, ou ‘o mundo árabe’ atualmente, porque os gregos antigos
compostos e cantados por aedos que se acompanhavam com um
nunca tiveram unidade política ou territorial.”
pequeno instrumento de cordas a phórminx.”
“(...) Todos esses gregos, apesar de espalhados, tinham (VIDAL NAQUET, p.14-15)
consciência de pertencer a uma única cultura – ‘seres da mesma
raça e com a mesma língua, possuindo santuários comuns dos Um Rapsodo (Trata-se
deuses e iguais rituais, costumes semelhantes’ – tal como de um artista popular que
Heródoto se expressou. O mundo em que habitavam, quer na peregrina pelas cidades
própria península grega, quer nas ilhas do mar Egeu, tornara-se recitando poemas conhecidos.
de fato, totalmente grego, à exceção dos escravos e dos visitantes Não se apresenta acompanhado
estrangeiros (...).” por instrumentos musicais,
“Naturalmente a civilização comum nunca significou geralmente permanece em pé
identidade absoluta. Havia diferenças de dialeto, na organização segurando um galho de loureiro,
política, na prática de culto, freqüentemente na moral e nos símbolo de Apolo. Em algumas
valores (...). No entanto, aos seus próprios olhos, essas diferenças circunstâncias, atuava como um
eram secundárias quando comparadas com os elementos exegeta dos poemas que
comuns, de que tinham consciência”. recitava.). Ânfora ática com
(FINLEY, p.14-16) figuras vermelhas atribuída ao
pintor de Cleofrades, c 480 a.C.
Helenos e Bárbaros
“(...) Os homens costumavam ser divididos em duas A Moral Heróica
categorias: os gregos chamados de helenos – ainda hoje o nome “(...) A Ilíada e a Odisséia, aos olhos dos Gregos,
que prevalece na Grécia –, e os bárbaros. A palavra ‘bárbaro’ tem surgiram como veículos portadores de um sistema de valores,
certamente uma conotação pejorativa, mas o seu sentido inicial essa moral heróica cuja influência, até mesmo na democrática
significa simplesmente ‘aquele que não fala o grego e que parece Atenas da época clássica, irá continuar a fazer-se sentir. Como é
que está balbuciando’. Não se tratava de uma oposição de evidente, estes princípios correspondem aos de uma aristocracia
‘raças’. Muitos gregos escreveram: torna-se grego pela educação, guerreira para a qual as virtudes essenciais são aquelas que
a paidéia, e não pelo nascimento. A Grécia se fez Grécia.” possam revelar-se em combate, visto ser aí que o guerreiro pode
(Vidal-Naquet, p.37) ganhar a kleos, a glória que o tornará imortal (...). Para estes
heróis sucumbir em combate representa a glória suprema.”
II. OS POEMAS HOMÉRICOS
“Segundo a tradição, Homero era um grego da Jônia,
compositor de duas grandes epopéias, a Ilíada e a Odisséia. Aquiles no seu
Porém, desde a antiguidade, pairam dúvidas sobre o momento carro arrasta o
em que viveu e o local exato de seu nascimento. A ‘questão corpo de Heitor; A
homérica’ então nunca deixou de dividir o mundo erudito.” sombra de
Pátroclo aparece à
“O primeiro dos dois poemas que nos foram
direito. Relevo
transmitidos como de sua autoria tem como assunto um
romano do século
episódio da Guerra de Tróia e o segundo, o retorno de um dos
II d.C. encaixado
heróis desta guerra: Ulisses, que, por haver ofendido o deus
no muro exterior
Posêidon vagou pelos mares dez anos antes de voltar à pátria, a
da Igreja de Maria
ilha de Ítaca, e à esposa, a fiel Penélope”.
Saal (Áustria)
(MOSSÉ, 2004. p.171)
VESTIBULAR – 2009

A Questão Homérica “Esta ‘bela morte’ que espera o guerreiro, à qual ele
“(...) Existem histórias sobre a vida de Homero, mas elas deve a sua Kleos, há que procurá-la na força da idade, quando o
são totalmente lendárias. Se ele era tido como cego é porque os seu corpo ignora ainda as decrepitudes da velhice, tal como foi o
antigos consideravam, talvez não sem razão, que a memória de caso de Aquiles, Heitor e Pátroclo, pois só desse modo
um homem era mais extraordinária quando ele se encontrava permanecerá para sempre juvenil e belo na memória dos
desprovido de visão.” homens. E é justamente por a glória do guerreiro se achar ligada
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a esta eterna juventude que os seus restos mortais são objeto de e mais extensas. O surgimento da pólis também esteve vinculado
cuidados particulares. Ao invés, a pior injúria que se pode a um vigoroso aumento da população (...). Este acréscimo
infligir a um inimigo é precisamente mutilar-lhe o cadáver, demográfico, juntamente com uma retomada do progresso
assim age Aquiles, prendendo o corpo de Heitor ao seu carro tecnológico, artesanal e comercial foi fator de rápida
para depois o arrastar na poeira, desejoso de o dar de pasto aos urbanização.”
cães e aos abutres.” (CARDOSO, 1993. p.20-21)
(MOSSÉ, 1989. p.47) Pólis
O Genos
“O centro da organização social era a família Cidade antiga.
aristocrática que se julgava descender de um herói ou de um Pintura
deus – o genos –, certamente uma família patriarcal extensa em elaborada com
que vários casais poderiam viver sob a autoridade de um único a finalidade de
chefe; mas não um ‘clã’, como era usualmente definida, sob a demonstrar a
influência de Morgan e Engels, até as primeiras décadas do topografia de
século passado. Acreditava-se, então, que o genos fosse um clã uma cidade-
possuidor de terras em comum e que da sua diferenciação Estado grega
interna surgira a polarização em aristocracia e povo; mas tal
interpretação carece de base. O genos era invariavelmente só
aristocrático e não há sinais de propriedade coletiva nos poemas “(...) A pólis grega apresentava-se antes de mais nada
homéricos ou nos de Hesíodo.” como uma comunidade humana composta pelos politai, os
(CARDOSO, p. 19-20) cidadãos. Os autores antigos falam, aliás, de atenienses,
coríntios, lacedemônios etc., empregando em raríssimos casos o
O Oikos
nome das cidades ao evocar seu papel de comunidade a agir
“Trata-se de termo antigo, encontrado desde os poemas
politicamente. A pólis, entretanto, era inseparável do território
homéricos, que designa o domínio aristocrático, ou seja, ao
em que estava estabelecida a comunidade dos politai, a não ser
mesmo tempo as terras, a casa e todos aqueles que, de um modo
em casos excepcionais. Cada pólis era um Estado autônomo,
ou de outro, fazem parte deste domínio: parentes, servos,
governado pelas suas próprias leis e colocado sob a proteção de
escravos. Na época clássica, esse sentido é mantido, mas o oikos
seus próprios deuses. Havia, entretanto, no mundo grego da
passa a referir-se com mais freqüência ao senhor, à sua esposa, às
época clássica, agrupamentos de cidades-estados reunidos em
crianças e escravos.”
(MOSSÉ, 2004. p.213)
torno de uma cidade mais poderosa ou de um santuário,
“Cada genos era o núcleo em torno do qual se dotando-se então de instituições federativas comuns.”
(MOSSÉ,2004,p.240)
organizava uma ‘casa’ real ou nobre, o oikos, que reunia pessoas
“Os gregos de épocas posteriores conservavam a
e bens variados (terras, rebanhos, o ‘palácio’ – de fato bem
lembrança de que, em certos casos, o aparecimento das póleis
modesto –, um ‘tesouro’ constituído por reservas de vinho e
ligara-se, no passado, a um movimento de concentração
alimentos, objetos de metal, tecidos preciosos e etc.), todos e
populacional e fusão política: chamavam simpolitia a união de
tudo obedecendo ao chefe do genos em questão. Fora do oikos,
várias coletividades para formar uma maior e sinecismo o
achamos: uma categoria de ‘trabalhadores da coletividade’
mesmo fenômeno quando, paralelamente, dava-se o transplante
(demiurgos), gozando de certo prestígio social – artesãos
de boa parte dos habitantes à aglomeração mais importante ou a
especializados, profetas, médicos, arautos, poetas cantores
uma cidade especialmente fundada para tal.”
(aedos), etc. –, que iam de uma ‘casa’ nobre a outra na medida
“Do ponto de vista topográfico, uma pólis, no seu
em que fossem solicitados seus serviços.”
(CARDOSO, p.20)
núcleo urbano, dividia-se com freqüência em duas partes, que
“(...) A agricultura e a criação de gado constituem as podiam ter surgido primeiro independentemente: a acrópole,
duas principais atividades de um domínio, as quais são colina fortificada e centro religioso, e a ásty ou cidade baixa, cujo
supervisionadas pelo senhor do oikos em pessoa, e isto mesmo ponto focal era o lugar de reunião (posteriormente também um
tratando-se de um rei.” mercado com lojas) a ágora. Um terceiro elemento muitas vezes
“Com efeito, se o senhor superintende sobre os presente era o porto, mas este podia muitas vezes formar uma
trabalhadores do campo, a senhora, quanto a si, reina sobre a aglomeração separada, embora próxima (é o casão do Pireu,
casa e as suas servas. É ela quem acolhe os visitantes, quem lhes principal porto de Atenas). Por fim, o território rural semeado de
manda preparar um banho relaxante e leitos para passarem a aldeias (khóra) completava o quadro da cidade-Estado. Esta
noite. É também ela quem preside o preparo das refeições. visão topográfica é mais nossa do que dos gregos, para os quais
Durante o resto do tempo, fia e tece rodeada pelas suas servas. uma Cidade-Estado era formada pela comunidade de seus
(...) Ela também guarda a chave do tesouro.” cidadãos: daí que mencionassem, falando de póleis, ‘os
(MOSSÉ, 1989. p.60-61) atenienses’, ‘os lacedemônios’, ‘os coríntios’, e não Atenas,
Esparta ou Corinto.”
III. A CIDADE-ESTADO GREGA (CARDOSO, 1993. p.21)
“A constituição da pólis aristocrática plenamente
caracterizada deu-se com o desaparecimento da monarquia, BIBLIOGRAFIA
substituída por magistrados eleitos pela nobreza de sangue entre
CARDOSO, Ciro Flamarion. “A Cidade-Estado Antiga”. São Paulo:
seus próprios membros, persistindo o Conselho, antes órgão
Editora Ática, 1993.
consultivo do rei, agora com freqüência o centro da vida política. FINLEY, Moses. “Os Gregos Antigos”. Lisboa: Edições 70, 2002.
VESTIBULAR – 2009

Esta evolução que parece ter ocorrido entre a segunda metade do MOSSÉ, Claude. “Dicionário da Civilização Grega”. Rio de Janeiro:
século VIII a.C. e o início do século seguinte, significou, por um Jorge Zahar Editor, 2004.
lado, uma subordinação do genos e do oikos à comunidade MOSSÉ, Claude. “A Grécia Arcaica de Homero à Ésquilo”. Lisboa:
(seguida do enfraquecimento destas formas tradicionais de Edições 70, 1989.
organização pré-urbana), e por outro lado há indícios de que, de VIDAL-NAQUET, Pierre. “O Mundo de Homero”. São Paulo:
Companhia das Letras, 2002.
algum modo, os aristocratas se apoderaram das terras melhores

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