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PANSPERMIA: UMA BREVE HISTÓRIA

07/08/2005

A idéia evita a questão mais interessante: qual a origem da


vida, aqui ou em outra parte do cosmo?

Marcelo Gleiser,
é professor de física teórica do Dartmouth College, em Hanover
(EUA), e autor do livro "O Fim da Terra e do Céu"

Não, a "Micro/Macro" não virou coluna pornográfica. Panspermia é


a hipótese de que a vida na Terra foi importada de algum outro lugar
do espaço.

Tudo começou com a idéia da pluralidade de mundos – ou seja, o


Sistema Solar não seria o único com uma estrela circundada por
planetas. Já na Grécia antiga filósofos falavam da possibilidade de
outros mundos, alguns até com formas de vida distintas das da
Terra.

Epicuro (341-270 a. C.) sugeriu: "Devemos acreditar que em todos


os mundos existem criaturas e plantas, tal como aqui". Um de seus
seguidores, Metrodoro, escreveu: "Considerar a Terra o único
mundo povoado no espaço infinito é tão absurdo quanto imaginar
que em um campo semeado por inteiro apenas uma planta
nascerá".

A hipótese dos gregos ganhou força quando Copérnico sugeriu, em


1543, que a Terra era apenas um planeta e não o centro do cosmo.
Afinal, se a Terra não tem nada de especial e a vida é abundante
aqui, por que não em outras partes? Kepler, o primeiro astrônomo a
levar o copernicanismo a sério, chegou até a escrever o que muitos
consideram o primeiro conto de ficção científica, "O Sonho", sobre
criaturas que viviam na Lua.

Em 1686, o francês Bernard le Bovier de Fontenelle publicou


"Conversas sobre a Pluralidade dos Mundos", um diálogo fictício
entre um filósofo e uma marquesa sobre a possibilidade de vida
extraterrestre.
O livro causou enorme sensação. Para evitar problemas com a
Igreja Católica, Fontenelle afirmou que os extraterrestres não eram
descendentes de Adão e que, portanto, não deveriam influenciar
questões teológicas. Mesmo assim, sua obra foi posta no "Index" (o
catálogo de livros proibidos do Vaticano).

Quando os micróbios foram descobertos, a possibilidade de vida


extraterrestre ganhou ainda mais força. Os ETs poderiam
perfeitamente ser bactérias exóticas, desconhecidas aqui.

Louis Pasteur, que conhecemos pela pasteurização do leite,


estudou a questão seriamente. Pensando, no começo de sua
carreira, que a vida apareceu de matéria inanimada através de
geração espontânea, acabou se convencendo do contrário: a vida
que aparece em restos de comida expostos ao ar por um tempo
vem de fora, por contaminação.

Seu livro, publicado em 1860, influenciou, entre outros, o grande


físico William Thomson, lorde Kelvin, conhecido pela escala de
temperatura com o seu nome.

Kelvin sugeriu que a vida na Terra veio do espaço, transportada em


meteoritos, pedaços de "outros mundos", que serviam de naves de
imigração. Calculando, corretamente, que a Terra é bombardeada
anualmente por toneladas dessas pedras, Kelvin escreveu: "A
hipótese que a vida aqui se originou de fragmentos de outros
mundos pode parecer fantasiosa e visionária; mas mantenho que
deve ser considerada científica".

Svante Arrhenius, o químico sueco vencedor do prêmio Nobel de


1903, refinou as idéias de Kelvin. Afirmando que impactos de
meteoritos são violentos demais para que a vida sobreviva, sugeriu
que ela tenha chegado aqui em sementes carregadas pelo vento
solar, do mesmo modo que na Terra são carregadas pelo vento.
Hoje sabemos que ambas as idéias são possíveis: sementes
terrestres podem de fato sobreviver durante anos no espaço.

E as extraterrestres, se existirem, podem ser transportadas em


meteoritos, já que as temperaturas interiores não são muito altas.
Mesmo assim, a idéia da panspermia evita a questão que, para
mim, é a mais interessante: qual a origem da vida, aqui ou em outra
parte do cosmo?
Marcelo Gleiser é professor de física teórica do Dartmouth College,
em Hanover (EUA), e autor do livro "O Fim da Terra e do Céu"

Origem do texto: COLUNISTA DA FOLHA


Editoria: MAIS! Página: 9
Edição: São Paulo Aug 7, 2005
Seção: + CIÊNCIA; MICRO/MACRO
Observações: PÉ BIOGRÁFICO

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