Sei sulla pagina 1di 9

VII Semana de Estudos Jurídicos Ouro Preto (MG), 3 de agosto de 2007

DIREITO DE NÃO SER


REGISTRADO

Túlio Vianna

“Lembro-me de que na minha infância,


quando queriam fotografar alguém,
sempre pediam licença. Mesmo a mim,
os adultos
d lt perguntavam:
t di
diga,
menina, podemos tirar seu retrato?
Depois, um dia ninguém perguntou
mais nada. O direito da câmera foi
colocado acima de todos os direitos,, e
desse dia em diante tudo mudou,
rigorosamente tudo.”

(KUNDERA, Milan. A imortalidade, p.36)

© 2007 Túlio Lima Vianna 1/9

1
VII Semana de Estudos Jurídicos Ouro Preto (MG), 3 de agosto de 2007

1. Breve histórico

Magna Carta (1215)


“Nenhum homem livre será detido ou
sujeito
j it à prisão,
i ã ou privado
i d d dos seus
bens, ou colocado fora da lei, ou
exilado, ou de qualquer modo
molestado, e nós não procederemos
nem mandaremos proceder contra ele
senão mediante um julgamento
regular pelos seus pares ou de
harmonia com a lei do país.”

© 2007 Túlio Lima Vianna 2/9

2
VII Semana de Estudos Jurídicos Ouro Preto (MG), 3 de agosto de 2007

Caso Semayne (1604)

“A
A casa de quem quer que
seja é para ele o seu castelo
e fortaleza, tanto para sua
defesa contra a injúria e a
violência,, quanto
q para
p o seu
repouso”.

Lord Chatam (1776)


“O homem mais pobre pode, em sua
casa desafiar todas as forças da
casa,
Coroa. Essa casa pode ser frágil – seu
telhado pode mover-se – o vento pode
soprar em seu interior – a tempestade
pode entrar, a chuva pode entrar –
mas o Rei
R i da
d IInglaterra
l t não
ã pode
d
entrar – seus exércitos não atreverão
a cruzar o umbral da arruinada
morada.”

© 2007 Túlio Lima Vianna 3/9

3
VII Semana de Estudos Jurídicos Ouro Preto (MG), 3 de agosto de 2007

Warren & Brandeis (1890)


“Antigamente, a lei somente encontrava remédio para a
interferência física na vida e na propriedade, para violações vi
et armis.
armis Então,
Então o ‘direito
direito à vida’
vida servia somente para
proteger o indivíduo da violência em suas diversas formas;
liberdade significava a libertação de uma repressão
verdadeira; e o direito à propriedade assegurava ao indivíduo
as suas terras e as suas reses. Mais tarde, veio o
reconhecimento à natureza espiritual do homem, aos seus
sentimentos e ao seu intelecto. Aos poucos, o alcance destes
direitos se estendeu; e agora, o direito à vida significa o
direito de desfrutar a vida - o direito de ser
deixado só, o direito à liberdade assegura o exercício
dos vastos privilégios civis; e o termo ‘propriedade’ evoluiu
para abranger todas as formas de posse – intangíveis, assim
como as reais”

Olmstead X USA (1928)


A prática de interceptações
telefônicas
ô não era ilegal, ao
argumento de que apenas as
‘buscas’ que implicassem em
‘invasões físicas’ do domicílio e as

‘apreensões’
õ ’d de bens
b tangíveis
t í i se
achavam sujeitas às disposições
da 4ª Emenda da Constituição.

© 2007 Túlio Lima Vianna 4/9

4
VII Semana de Estudos Jurídicos Ouro Preto (MG), 3 de agosto de 2007

Katz X USA (1967)


“Conforme a decisão do tribunal estadual ‘a Quarta Emenda
protege pessoas, não lugares.’ A questão, entretanto,
é qual proteção oferece às pessoas. Geralmente, como aqui, a
resposta para esta questão requerer a referência ao ‘lugar’. Meu
entendimento desta norma que emergiu de decisões anteriores é que
há um duplo requisito: primeiro que a pessoa tenha uma
expectativa atual (subjetiva) de privacidade e, segundo, que a
expectativa seja tal que a sociedade esteja preparada para
reconhecê-la como ‘razoável’. Assim, o lar do homem é, para este
propósito, um lugar onde ele espera privacidade, mas objetos,
atividades, ou declarações que ele expõe para o ‘plano de visão’ dos
de fora não estão ‘protegidas’ porque não há intenção de mantê-las
para si próprio o que foi exibido. Por outro lado, conversas ao ar livre
não seriam protegidas contra escutas, pois a expectativa de
isolamento dadas as circunstâncias não seria razoável.”

NAACP x Alabama (1958)


• O Procurador-geral do Alabama exigiu que a NAACP –
National Association for the Advancement of Colored
People, uma associação local defensora dos direitos dos
negros, divulgasse a lista de seus membros.
• Ao garantir o sigilo dos registros da associação, a Suprema
Corte, conseqüentemente negou ao estado do Alabama o
direito de registrar as informações pessoais dos membros
da associação. Estas informações não teriam qualquer
finalidade justificável pela administração pública, salvo um
inadmissível controle discriminatório de seus membros.
membros Ao
garantir o direito dos associados de não serem registrados
pelo estado do Alabama, a Suprema Corte garantiu-lhes
também o direito à livre associação, pois, não há liberdade
de associação se houver controle estatal.

© 2007 Túlio Lima Vianna 5/9

5
VII Semana de Estudos Jurídicos Ouro Preto (MG), 3 de agosto de 2007

2. Privacidade hoje

Princesa Caroline x
Alemanha (2004)
A Corte Européia de Direitos Humanos
decidiu corretamente no caso Von Hannover
v. Alemanha que a Princesa Caroline de
Mônaco, não obstante ser uma pessoa
pública deveria, ter sua privacidade
g
resguardada pela
p República
p Alemã no qque
diz respeito à publicação pelas revistas
daquele país de matérias e fotografias
relativas exclusivamente à sua vida privada.

© 2007 Túlio Lima Vianna 6/9

6
VII Semana de Estudos Jurídicos Ouro Preto (MG), 3 de agosto de 2007

Cicarelli x Youtube (2007)


“Nestes autos, basta assistir ao vídeo, que está nos
autos ggravado em meio eletrônico,, para
p ver que
q havia
várias outras pessoas na praia, quando da troca das
carícias na areia.
Em dado momento, as legendas do vídeo anunciam a
busca de intimidade. As imagens mostram o casal indo
para a água, o que, evidentemente, não lhes trouxe
privacidade alguma, que mereça proteção jurídica. A
situação continuou a ser de exposição pública da própria
imagem, a simples consumação do que se iniciou na
areia, e não a “busca de um lugar reservado, longe das
poucas pessoas que ali se encontravam”, como
equivocadamente dito na réplica do autor (fls. 1457,
item 13).”

3. Por uma nova


concepção de direito à
privacidade

© 2007 Túlio Lima Vianna 7/9

7
VII Semana de Estudos Jurídicos Ouro Preto (MG), 3 de agosto de 2007

Direito ao esquecimento
O registro é uma técnica de ampliação da
memória humana por meio da coleta e
armazenamento de informações em bancos de
dados. Qualquer tipo de informação perceptível
pelos sentidos humanos pode ser registrada, mas
as mais comuns são textos, imagens, sons e
vídeos.
O registro é corolário da monitoração. Monitora
Monitora-
se para registrar. Os sentidos são voláteis e, sem
memória, sua utilização se restringiria ao uso
presente. O registro eterniza o momento
monitorado, permitindo que os sentidos humanos
possam lhe ter acesso no futuro.

Privacidade

Direito de Direito de
não ser não ser
reconhecido monitorado

Direito de não
ser registrado

© 2007 Túlio Lima Vianna 8/9

8
VII Semana de Estudos Jurídicos Ouro Preto (MG), 3 de agosto de 2007

É preciso
i que se reconheça
h o
Direito de não ser
registrado como parte
integrante do Direito à
privacidade.

www.tuliovianna.org

© 2007 Túlio Lima Vianna 9/9

Potrebbero piacerti anche