Sei sulla pagina 1di 2

À TODOS

Ao pequenino pedestre medrosamente ilhado nas vias,


Ao mendigo errante que por mim passou,
À menina-moça descendo de madrugada de uma favela,
Ao velho aposentado subindo, tremendo, o ônibus,
À comerciária apressada e embelezada já na segunda-feira,
Ao último motorista ainda ajuizado, fechado e xingado todos os dias,
Ao cachorrinho de ralo pêlo marrom e olhos aterrorizados com os tiros e
explosões da cidade nua,
Ao estudante paraplégico que caiu do alto da escada ao sair da aula,
Àquela mãe que perdeu o filho aidético e a esperança no viver,
Aos esposos amantes que repentinamente ficaram sós e perdidos,
À criança fugindo desesperada dos seus grandes agressores,
Ao pequenino ser chorando de fome no colo da mãe também,
Ao policial nervoso e cansado das ruas loucas dos guetos e favelas sem saber
se o amanhã virá,
Ao viciado de todas as drogas e porcarias, fissurado pelo pipocar de seu
sangue e de suas células,
Ao preso da realidade das grades e da verdade de sua inocência,
Ao ciclista de tênis e bicicleta importados deitado eternamente no asfalto,
Ao pai, à mãe, aos irmãos, aos tios, aos avós dos seqüestrados de sua
liberdade,
Ao seqüestrado, de dias e noites infinitas, de medos de inédita intensidade, de
angústia seca e teimosa,
Aos sem-terra, de cérebros, pulmões e intestinos esfacelados pelos modernos
projéteis da estupidez dos déspotas e da bandidagem gargalhante,
Ao funcionário vagueante, tentando fugir da fúria neoliberal,
Aos desempregados enganados e já descartados pelo sistema,
Ofereço a minha indignação, a minha dor, a minha lágrima, a minha mão, o
meu ombro, a minha voz, o meu grito, o meu sangue, a minha força, o meu
furor, ......

30 de julho de 1999
Diógenes o grego

Potrebbero piacerti anche