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Moysés Gonsalez Tessler Michel Michaelovitch de Mahiques 262 DeciFrRaNDO a TERRA jum niio se lembra da primeira vez em que Jesteve em contato com 0 mar, com o gosto salgado de suas aguas ¢ os movimentos de vai-e-vem das ondas? Como é possivel esquecer a forma como associa- ‘mos 0 mar ao desconhecido, descobrindo que, quanto mais nos afastivamos da praia, mais profundo ele cava, € 0S movimentos de suas Aguas nos expunham mais mais ao perigo? Seri que o mar se aprofunda sempre? Como seri que ele € li no meio? A busca do desconhecido e 0 fascinio por um ambiente tio distinto daquele domi- nado pela humanidade tem, desde a Antiguidade, impulsionado a exploragio € conhecimento do meio matinho, Muito embora o ciclo das Grandes Navegacées, 10s séculos XV e XVI, tenha possiilitado descortinar a imensidio dos mares, ¢ suas correntes superticiais tenham sido aproveitadas pelas frigeis embarcagdes de madeira que conduziram 0 homem ao encontro de novos continentes, foi apenas no ano de 1872 que foi langado ao mar um navio com a missio de, pela primeira vez, estudar cientificamente os mares ¢ siste matizar todo o conhecimento até entio existente sobre 08 animais e plantas marinhas, a quimica da agua do mar € a profundidade dos oceanos. Durante 0s qua- tro anos que durou a viagem de circunavegacio do H.MS. Challenger, o volume de conhecimentos foi tal que permitiu a publicagao de 50 volumosos livros com 0 resultados das observacdes, coletas ¢ andlises exe- cutadas Devem-se expedigio Challenger, por exemplo, as primeiras informacdes sobre o relevo da Cordi- Iheira Meso-Atlintica, uma elevada ¢ extensa cadei de montanhas, de origem vuleanica, submersa no meio do Oceano Atlintico, bem como sobre a existéncia de areas profundas e planas, presentes no fundo de todos os oceanos, além de montanhas, mortos isola- dos e vuledes submarinos, Passado pouco mais de um século da expedigio pi- oneita, 0 desenvolvimento da tecnologia de exploragio do meio marinho permitiu aos navios de pesquisa ocea- nogrifica, com suas equipes multidisciplinares, mapear 0s fundos marinhos, subdividi-los em grandes provinci- as fisiognificas detalhar sua composicio¢, principalmente, compreender a origem e evolucio de seu relevo extre- mamente variado, associando-o aos grandes processos tecténicos atuantes na erosta terrestre, “at Arrebentagéo de onda na proie. Foto: Stock Photos. Contam-se aos milhares as vezes em que livros di- diticos e cientificos bombardeiam o Ieitor com a informagio de que os oceanos cobrem cerca de 70% da superficie da ‘Terra. Mas, que importincia tém os oceanos além da imensidao de sua area? Entre outras propriedades, sabemos que os oceanos constituem um, imenso reservat6rio de sais e gases, atuando como ele- mento regulador na ciclagem de um grande nimero de elementos no planeta. Sabemos também que os processos oceinicos figuram entre os maiores agentes transportadores de calor do planeta, controlando 0 clima e contribuindo para a distribuigio espacial dos processos intempéricos e erosivos. E sob 0 ponto de vista dos processos geolégicos? Qual a importincia dos fundos ocednicos no conheci- mento da hist6ria evolutiva do plancta? Qual 0 papel dos fendmenos ocesnicos na recepeiio ¢ redistribuigio das particulas sedimentares? Neste capitulo, pretendemos introduzir ao leitor alguns aspectos relacionados aos processos oceano- {gtificos ¢ aos fundos marinhos, principalmente quanto 4 sua morfologia € aos materiais que os compéem. Pretendemos, ainda, analisar as caracteristicas dos fun- dos oceiinicos em fungio aos grandes movimentos da crosta terrestre. Finalmente, discutiremos a impor- tiincia dos materiais que recobrem os fundos marinhos nos recursos minerais, bem como fa reconstituicio da histéria geolégica da ‘Terra. 13.1 O Relevo dos Oceanos Estima-se que a area da crosta terrestre recoberta pelos oceanos represente cerca de 70% da superficie total, sendo que o Oceano Pacifico constitui o maior corpo aquoso, com area aproximada de 180 milhi de km’, ou seja, 53% da area oceinica, seguido pelo Oceano Indico (24% em area) ¢ 0 Atlintieo, com cer- ca de 23% da rea total (Fig, 13.1). A profundidade média dos oceanos é estimada em 3.870 metros, sendo as maiores profundidades locali- zadas n0 “Challenger Deep” (11.037 metros) nas Fossas das Marianas, no Oceano Pacifico, que entre todos os oceanos é 0 que possui também a maior profundida- de média (4.282 metros), com cerca de 87% de seus fundos localizados a profuundidades superiores a 3.000 metros (Tabela 13.1). As maiores profundidades do Oceano Atlintico estio localizadas junto As fossas de Porto Rico (9.220 metros) e prdximas is ithas de Sandwich do Sul (8.264 metros), em um oceano cuja Capituto 13 * Processos Oceanicos £ A FisioGraria Dos Funpos Marinos 263 profundidade média nao ultrapassa os 3.600 metros. © Oceano indico possui uma profundidade média de cerca de 4.000 metros € sua maior profundidade localiza-se na Fossa do Almirante (9.000 metros). Uma anilise da configuracio atual do relevo da ctosta terrestre presente sob a coluna de gua que cons- titui os oceanos tem possibilitado a compartimentacio dos fundos marinhos atuais em grandes unidades de relevo, moldadas tanto pelos processos tecténicos glo- bais como pelos eventos relacionados a dinémica sedimentar atuante nos tltimos milhares de anos. Margeando os continentes predominam relevos planos de natureza essencialmente sedimentar que cons- tituem a Plataforma Continental (Fig.13.2) As plataformas continentais constituem extensdes submersas dos continentes, apresentando pequena declividade rumo ao alto mar (1:1,000), ¢ largas em oceanos do tipo Atlintico, como margens passivas (ver Cap. 6), a exemplo do encontrado no jo continuas litoral sudeste brasileiro, onde a plataforma continen- tal apresenta largura de mais de 160 km. Plataformas Fig. 13.1 Mapa fisiogréfico dos fundos ocednicos Fonas hrarsformantes Continente: ‘cle abissal Ines, Pranicie ais | Comets WUCeniCas Mortes | oceancas Prarie nos, labisct wuieéricas |°°! Fig. 13.2 Perfil das unidades do televo submarino ple ee ee ee Y continentais do tipo Pacifico, ocorrentes em margens tectonicamente ativas, apresentam larguras reduzidas ¢ sio ladeadas por fossas submatinas, como € observa- do nas plataformas continentais do Peru e do Chile. Ao longo do Tempo Geol6gico, os eventos de oscilagio relativa do nivel do mar tém exposto, total- mente ou em parte, as plataformas continentais, transformando-as em planicies costeiras onde se esta- Ilha vulc@nica orlada por um recife costeiro areiacaleria eM ‘( homs) Atol e a sua laguna: o vulcdo desapareceu beleceram prolongamentos da drenagem continental Durante esses periodos, as linhas de costa foram cons- tantemente deslocadas, resultando na construcio ¢ destruicio de imimeros ambientes costeiros, forma- dos pela interagio dos fendmenos de dinamica marinha (ondas, marés, correntes), com os processos geolégi- cos atuantes sobre os continentes, Em algumas areas do planeta, principalmente na- quclas submetidas, no presente ou no passado recente, a alteragGes decorrentes dos fendmenos de glaciacio, as plataformas continentais apresentam relevos irte- gulares, com amplitudes de dezenas de metros, recortados por vales profundos. Uma anilise mais detalhada das plataformas con- tinentais evidencia a ocorréncia de interrupgdes topogrificas neste relevo plano, dadas pela presenca de feiges de construcio biogénica (recifes, atdis),além de deformagdes crustais, geradas por atividades vul- cénicas ou outros eventos tectonicos (Figs. 13.3) Uma mudanca acentuada na declividade do televo ‘marca o limite extemno da plataforma continental, Esta transigio, denominada Quebra da Plataforma, marca a passagem para o Talude Continental (Fig. 13.2) © Talude Continental constitui uma unidade de relevo, também de construgio sedimentar, que se in- clina acentuadamente (1:40) ramo aos fundos oceinicos, até profundidades da ordem de 3.000 metros. O relevo do talude continental nao é homo- géneo, ocorrendo quebras de declividade ¢ também, freqiientemente, cénions e vales submersos. Os cinions submarinos sio vales profundos, erodidos sobre a plataforma continental externa ¢ o talude continental, atingindo, por vezes, até a elevagio continental. Fig. 13.3 o}Formacéo de um atol segundo a teoria de Darwin; 6) Atol das Rocas . Foto: Carlos Sechin.

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