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Capítulo 1

Uma Noite Escura de Verão

Era noite.

Uma escura noite.

Uma escura noite de verão.

Uma escura noite de verão que chovia.

Uma escura noite de verão que chovia muito.

Uma escura noite de verão que chovia muito e não havia ninguém na Toca.

Uma escura noite de verão que chovia muito e não havia ninguém na Toca
além dele.

E por esse motivo Fred suspirava contra o vidro molhado do seu quarto.

Aquilo absurdamente não era justo.

Não era culpa dele se Hugo deixara o seu material escolar do próximo ano
recém comprado justo no ponto exato em que uma bomba de bosta estava
programada para ser lançada.

Ele não tinha culpa da falta de bom senso do primo.

Fred suspirou mais uma vez embaçando o vidro e vendo a chuva torrencial lá
fora.

Todos haviam saído da Toca.

E ele estava de castigo.

De novo.

Porque todas as pessoas daquela casa pareciam ter perdido o senso de humor?
Porque até mesmo seu pai parecia irritado às vezes? Ele não tinha culpa de ter
o nome do falecido tio. Não era culpa dele se cada vez que ele armava alguma
coisa TODO mundo se lembrava do tio e ficava aquele clima chato em que ele
SEMPRE acabava de castigo.

Aquilo era tão injusto.

Suspirou mais uma vez escorregando pela parede até sentar no chão.

Odiava ficar sozinho naquela casa.

A Toca no escuro, silenciosa, tremia levemente na chuva e fazia diversos


barulhos estranhos por todo o lado. Era impossível ficar calmo naquele lugar.
Agarrou as pernas e enterrou o rosto entre os joelhos. Estava decido. Em dois
anos completaria a maioridade e sairia daquele lugar.

Bateu a cabeça na parede, mal humorado.

Nunca teria coragem de deixar todos para trás.

Refletia sobre sua tremenda falta de sorte quando ouviu um barulho estranho
vindo da sala. O som parecia de alguém saindo da lareira, mas quem poderia ir
até ali naquela hora e naquele dia?

Reunindo toda a sua coragem grifinória desceu as escadas com a varinha na


mão.

Ouvia sons leves de passos e alguém batendo as roupas.

Caminhou ainda mais lentamente tentando fazer o mínimo de barulho possível.

Quando chegou perto da sala viu um vulto um pouco menor que ele e se jogou
em cima dele para imobilizá-lo.

- Ai! – gritou uma voz rouca e muito conhecida.

- Scorp? – perguntou assustado vendo os cabelos platinados do garoto


espalhados e os pequenos olhos acinzentados num misto de surpresa e medo.

- Sai de cima de mim Fred! – o tom arrogante e levemente arrastado que ele
inconscientemente fazia imitando o pai quando se sentia ameaçado alertou
Fred que era melhor não contrariar o garoto.

- O que você ta fazendo aqui Scorp? – Fred disse no seu tom levemente
malicioso fazendo o garoto pálido a sua frente desviar os olhos e se levantar
rapidamente.

Fred tinha certeza que o loiro corava levemente, mas Scorp NUNCA deixava
ninguém vê-lo de maneira comprometedora.

- Meu pai disse que você estava de castigo. – Scorp continuou observando o
ambiente como se fosse extremamente normal invadir a Toca no meio da noite.

Fred sorriu abertamente. Se tinha alguém que gostava de colocar os outros em


situações complicadas esse alguém era Draco Malfoy e na sua lista de
preferências estava tio Harry, tio Ron e o próprio filho. Principalmente o filho.

- E você veio aqui para...?

Olhos cinzentos brilharam, o nariz arrebitado empinou, o cabelo loiro balançou


levemente já bagunçado pela queda dos dois, os braços foram cruzados em
desafio e um sorriso de lado apareceu nos lábios rosados do rapaz.

Fred apenas observou encostando-se à parede da sala, apenas para ver a boca
do outro abrir e fechar algumas vezes, seus ombros caírem e a expressão de
derrota e pânico aparecer. E ele adorava ver o outro em pânico.
Era tão fofo.

- EU TE ODEIO WEASLEY! – berrou o loiro batendo o pé no chão fazendo o ruivo


gargalhar.

- Você invadiu a minha casa para dizer que me odeia Scorp? – Fred conseguiu
perguntar entre os risos sabendo que o outro ficaria cada vez mais irritado.

Scorpius Malfoy bufava passando a mão pelo cabelo desalinhado com o rosto
vermelho de irritação e os olhos traindo o seu desespero por não saber o que
fazer ali.

- Vamos Scorp! – Fred tentou segurar o riso e pegou na mão pequena do garoto,
mas o loiro puxou a mão com força se virando de costas – Qual o problema?

Scorpius se virou fazendo bico com os lábios rosados e Fred mal conseguiu
conter um suspiro.

Porque aquele maldito sonserino tinha que ser tão fofo? Não podia ter aqueles
pensamentos.

- Você é um idiota Weasley! – ouviu o loiro resmungar.

Fred se voltou para Scorpius com ímpeto, e antes que o sonserino pudesse
fazer algo ele uniu seus lábios aos dele.

O beijo era para ser rápido, mas a surpresa de Scorpius fez algo dentro dele
estremecer, e ele continuou beijando e beijando, enquanto Scorpius ficou
parado, completamente imóvel, com a boca quieta porem meio aberta,
recebendo as investidas da língua do outro.

Foi quando Fred resolveu se separar que ele resolveu reagir, e o segurou pela
nuca, desfazendo a pequena distancia que o ruivo tinha imposto, e o trouxe
para seus lábios novamente, porem dessa vez, ele era quem a sondava num
beijo muito tímido, mas também intimo e comprometedor.

Ofegantes ambos se separaram apoiando a testa uma na outra. Fred tinha os


dedos firmes entre os cabelos curtos e suaves de Scorp e o loiro tinha os dedos
cravados nos ombros largos do ruivo.

- O que foi isso Fred? – o tom incerto do mais novo fez o outro sorrir
abertamente.

- Não sabe o que é um beijo Scorp?

E o loiro corou fazendo o ruivo corar como seus cabelos diante aquela imagem.

- Eu gosto de você, seu idiota! – Fred murmurou mordiscando a orelha dele.

Scorpius suspirou puxando o outro para mais perto.

- Eu também gosto de você, seu depravado.

Fred se soltou erguendo uma sobrancelha sugestivamente.


- Já que EU sou o depravado – puxou Scorp pela mão – Me acompanha até meu
quarto?

- FRED! – berrou o outro desviando os olhos cinzentos.

- Eu juro que não vou fazer nada que você não queira Scorp! – voltou a
murmurar mordiscando o pescoço do outro.

- Já disse que te odeio Fred? – Scorpius perguntou sério se separando do outro.

- Já! – e não dando mais chances para o sonserino, carregou-o escadas acima
tropeçando algumas vezes ao abraçar o outro.

E era uma noite de verão.

Uma escura noite de verão que chovia muito e não havia ninguém na Toca.

Ninguém além dele e Scorpius Malfoy na sua cama.

E aquela noite tinha tudo para ser perfeita.

Samara Kiss

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