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earte“autetica” tem sempre um fndamento eoldgico, por mais remoto que seja: ele pode ser reconhecido, como ritual secularizado, ‘mesmo nas formas mais profanas do culto do Delo. Essas formas profanas do culto do belo, Surgidasna Renascenca e vigentes durante 85 aéculos, deixaram manifesto esse fundamento Passando do divino ao belo, as artes nfo per- Serum 0 que a religito thes dera: a aura. Nao BPor 2250, o artista foi visto como génio cria- Sor inspirado, individuo excepeional que ria Sema obra excepcional, isto é, manteve em sua Hieura o mistério do mégico antigo. Arte e Filosofia Do ponte de vista da Filosofia, podemos fa- Hem dois grandes momentos de teorizagao Ge arte. No primeiro, inaugurado por Plato e AsBiGicles, a Filosofia trata as artes sob a for Sia da pottica; no segundo, a partir do século XVIII, sob a forma da estética, ‘Arie poética & 0 nome de uma obra aristoré- fica sobre as artes da fala e da escrita, do can- BBE da danca: a poesia e o teatro (tragédia © omédia). A palavra podtica é a tradugio para (Poiesis, portanto, para fabricagio. A arte poé- fies estuda as obras de arte como fabricagio eseres e gestos artficias, isto é, produzidos pelos seres humanos, Estética & a tradugio da palavra ‘aesthesis, que significa conhecimento s al, experiéneia, sensibilidade. Foi empregada para referit-se as artes, pela primeira vez, pelo alemio Baumgarten, por volta de 1750. Em sew uso inicial, referia-se ao estudo das obras de arte enquanto criagdes da sensibilidade, tendo ‘como finalidade o belo, Pouco a pouco, substi- tmiu a nogdo de arte posticae passou a designar {oda investigago filoséfica que tenha por ob- jeto as artes ou uma arte. Do lado do artista © a obra, busca-se arealizagao da beleza: do lado {do espectadore receptor, busca-se a 1 forma do juizo de gosto, do bom-gosto. agi sob A nogdo de estética, quando formulada ¢ desenvolvida nos séculos XVIII e XIX, pres- supunha: 1. que a arte & produto da sensibilidade, da imaginagdo e da inspiragdo do artista e que sua finalidade é a contemplagao; 2. que a contemplagto, do lado do artista, € a busca do belo (e ndo do diil, nem do agradit- vel ou prazeroso) ¢, do lado do pliblico, é a avaliagdo ou o julgamento do valor de beleza atingido pela obra: 3. que o belo é diferente do verdadeiro, De fato, o verdadeiro é 0 que ¢ conhecido pelo intelecto por meio de demonstragies pprovas, que permitem deduzir um particular de um universal (dedugio) ou inferir um uni- versal de virios particulares (indugao) por meio de conceitos e leis. 0 belo, a0 contritio, tem a peculiaridade de possuir um valor uni- tembora a obra de arte seja essencial- mente particu Em outras palavras, a obra de arte, em sua particularidade ¢ singularidade tnica, ofere- ce algo universal —a beleza — sem necessi- dade de demonstragdes, provas, infer conceitos. Quando leio um poema, escuto uma sonata ou observo um quadro, posso dizer que so belos ou que a teja diante de algo tnico incomp juizo de gosto teria, assim, a peculiaridade de cemitir um julgamento universal, referindo-se, porém, a algo singular ¢ particular. Desde 0 inicio de nosso século, todavia, abandona-se a idéia de jutzo de gosto como critério de apreciagto € avaliaclo das obras de arte, De fato, as artes deixaram de ser pen. sadas exclusivamente do ponto de vista da pro- ‘dugdo da beleza para serem vistas sob outras perspectivas, tis como expressiio de emog0es € desejos, interpretagao e critica da realidade social, atividade cridora de procedimentos inéditos para a invengao de objetos artisticos, 321 tc, Essa mudanga fez com que a idéia de gos to ¢ de beleza perdessem o privilégio estético e que a estética se aproximasse cada vex mais, da idéia de postica, a arte como trabalho e no como contemplagiio e sensibilidade, fan- asia iusio, A estética ou filosofia da arte possui trés nicleos principais de investigacao: a relaglo entre arte © Natureza, arte ¢ huma- no, ¢ finalidades-fungies da arte Relago entre arte e Natureza A primeira e mais antiga relagdo entre arte «e Natureza proposta pela Filosofia foi a daimi- taco: “a arte imita a Natureza’, escreve Aris IGteles, A obra de arte resulta da atividade do artista para imitar outros seres por meio de sons, sentimentos, cores, formas, volumes, tc., © 0 valor da obra decorre da habilidade do artista para encontrar materiais e formas adequados para obter 0 efeito imitativo. Evidentemente, imitar no significa repro dduzir, mas representar a realidade através da fantasia ¢ da obediéncia a regras para que a obra figure algum ser (natural ou sobrenatu- -algum sentimento ou emogo, algum fato (acontecido ou inventado). Harmonia e pro- porgo das formas, dos ritmos, das cores, das palavras ou dos sons oferecem a finalidade a ser alcangada e estabelecem as regras a serem seguidas pelos artistas, A partir do Romantismo (portanto, ap6s qua- se 23 séculos de definiga0 da arte como imi- tacdo), a Filosofia passa a definir a obra de \¢o. Enquanto na concepgiio an- terior o valor era buscado na qualidade do ob- {eto imitado (imitar um deus é mais valioso ddo que imitar um bumano; imitar um huma- no, mais valioso do que imitar um animal, planta ou coisa), agora o valor é localizado na figura do artista como génio criador e imagi- nagio criadora, ‘Agora, @ idéia de inspiragdo torna-se cexplicadora da atividade artstica: o artista, interioridade e subjetividade especial, recebe uma espécie de sopro sobrenatural que 0 im- arte comoer! 322 pele a criar a obra, Esta deve exprimir senti- mentos e emogées, muito mais do que figurar ou representar a realidade. A obra é a exterio- rizagdo dos sentimentos interiores do génio excepcional. A arte ndo imita nem reproduz a Natureza, ‘mas liberta-se dela, criando uma realidade puramente humana e espiritual: pela ativida- de livre do artista, a fantasia, os homens se ‘igualam a ago criadora de Deus. Essa con- ceepgo é contemporinea, na Filosofia, &idéia Kantiana de diferenga entre o reino natural da causalidade necesséria e reino humano da liberdade e dos fins (diferenga essencial para 1 Gtica),e 2 idéia hegetiana do Espirito como cultura ¢ Histéria, oposto e negador da passi- vidade e da causalidade mectinica da Nature- za, Em suma, a estética da criago correspon- de ao momento em que a Filosofia separa ho- ‘mem e Natureza, A terceira concepedo, nossa contemporinea, cconcebe a arte como expresso ¢ constru A obra de arte nao é pura receptividade imita tiva ou reprodutiva, nem pura criatividade es- pontinea e livre, mas expressiio de um sentido >. escondido no mundo, e um processo de cconstrugio do objeto artistico, em que 0 artista colabora com a Natureza, luta com ela ou con- ita ela, separa-se dela ou volta a ela, vence a resistencia dela ou dobri-se is exigencias dela Essa concepetio corresponde ao momento da sociedade industrial, da técnica transformada em tecnologia e da ciéncia como constru¢so rigorosa da realidad, A arte € trabalho da ex- presstio que constréi um sentido novo (a obra) co institui como parte da cultura, O antista é um ser social que busca exprimir seu modo de estar no mundo na companhiia dos outros seres humanos, reflete sobre a so- ciedade, volta-se para ela, seja para criti sa para afirmé-la, seja supers. ssa terceira concepgio filosofica da arte coloca 0 artista num embate continuo com & Natureza ¢ com a sociedade, deixando de ve: no criudor solitrio e excepe Relagao entre arte e humano Duas grandes concepgdes percorrem a his: céria das relagées entre arte c humano, ambas inicladas na Grécia com Platio e Arist6teles. A concepeiio platbnica, que softerd altera- ‘gdes no curso da Hist6ria sociocultural, con- sidera a ante uma forma de conhecimento. A aristotélica, que também sofrers mudangas no correr da Histéria, oma a arte como ativida- de pritica Para Plat baixo do conhecimento, pois & imitagdo das coisas sensfveis, elas priprias imitagdes im- perfeitas das esséncias inteli Na Renascenga, porém, a concepedo platén ea € retomada, mas com novo sentido: afir sma-se, agora, que a arte € uma das formas a: tas de acesso do conhecimento verdadeiro ao divino (fica abaixo apenas da Filosofia e do extase mistico) Essa mudanga se deve ao fato de que a Re- nascenga platénica redescobre os escritos her: méticos e de magia natural nos quais se afir ‘ma que Deus criou o homem dando-Ihe a ca- pacidade de criar novos deuses e novos mun- dos, 0 que ele faz através das artes, ¢ estas, por sua vez, Ihe d mas secretas ¢ invisiveis das coisas. A valorizagdo das artes como expressiio do conheeimento encontra seu apogeu durante © Romantismo, quando a arte & concebida como reo geral da Filosofia”, sob ts aspectos diferentes: para alguns, a arte &a nica via de ‘acesso a0 universal e a0 absoluto; para outros, as artes So a primeira etapa da vida consciente do Espirito, preparando a re- ligifo e a Filosofia; e outros, enfim, a conve bbem como 0 tnico caminho para reatar 0 sin- . @ arte se situa no plano mais eis ou idéias 0 conhecimento das for- ‘como Hegel ular e o universal, o particular eo geral pois. através da singularidade de uma obra artis cca, temos acesso ao significado universal de alguma realidade, Essa tltima perspectiva é a gue encontramos, por exemplo, no filésofo Martin Heidegger, para quem a obra de arte é desvelamento e desvendamento da verdade. Acconcey centre 0 te6rico € 0 pritico, decorrente da dite: renga entre 0 necessério eo possivel, toman- do a arte como atividade pritica fabricadora. Essa concepeiio, mantida durante séculos e ri valizando com as variantes platGnicas, recebe dduas grandes conuibuig slo XIX: a dos que afirmam a utilidade social das artes (particularmente, a arquitetura) ¢ a dos que afirmam 0 carfler Iddico das artes, como Nietszche, para quem a arte é jogo, iberdade criadora, embriaguez ¢ delfrio, vontade de poidncia afirmativa da vida: é “um estado de vigor animal’ dda vida e um estimulante da vida". aristotélica parte da diferenga “uma exaltagiio do sentiment Fantasia, jogo, sabedoria oculta, desejo, ex plostio vital, afirmago da vida, acesso ao ver- dadeiro: cis algumas maneiras pelas quais a esiética concebe a atividade artista, Finalidades-funedes da arte ‘Duas concepgées predominam no correr da Historia das artes, concementes as finalida des © 8s fungbes da atividade artistiea: a con cepeiio pedagégica e a expressiva A concepeao pedagdgica encontra sua pri- meira formulagdo em Platdo e Aristoteles. Na Repiiblica, expondo a pedagogia para a cria- G0 da cidade perfeita, Platdo exclui poetas, pintores e escultores, porque imitam as coisas sensiveis e oferecem uma imagem destespei- tosa dos deuses, tomados pelas paixdes hu- mnanas; porém, coloca a danga ea muisica como dlisciplinas fandamentais na formago do cor- po e da alma, isto 6, do cariter das criangas ¢ dos adolescentes. Como, para Platto, gramé: tica, estratégia, aritmética, geomettia ¢ astro- noma si artes, seu ensino € considerado in dispensivel na forma acrescentadas da arte dialética, na formagio dos filésofos, Aristoteles, na Arte poética, desenvolve Jongamente 0 papel pedagdgico das artes, par ticularmente a tragédia, que, segundo o filé- sofo, tem a fungio de produzir a catarse, isto 323 6, a putificagdo espiritual dos espectadores, comovidos ¢ apavorados com a firia, 0 hor- ror € as conseguéncias das paixoes que mo- vem as personagens trdgicas. Essa fungio catértica € atribuida sobretudo & misc, Na Arte poétiea, AristGteles escreve: A misica nao deve ser praticada por um sé tipo de beneficio que dela pode derivar, mas or uses miitiplos, jd que pode servir para a educagdo, para proporcionar a catarse e, em terceiro lugar parao repouso dala ea sus. ensao de suas fadigas Fcoando as palavras de Aristoteles, lemos em O mercador de Veneza, de Shakespeare: Txdo homem que em si no traga misica Ea quem nao toquem daces sons concordes, E de sraigoes, pithagens, armadithas. Seu espicto vive em noite obscura, Seus afeos sda negros como 0 Lrebo: Nao se confi em homem ral A conceppio pedagégica da arte reaparece ‘em Kant quando afirma que a fungdo mais alta da ante € produzir o sentimento do sublime, isto é a elevacdo e o arrebatamento de nosso espirito diante da beleza como algo terrivel, espantoso, aproximacdo do infinito, Também Hegel insiste no papel educativo da arte. A pedagogia artstica se efetua sob duas moda- lidades sucessivas: na primeira, a arte €0 meio Para @ educagdo moral da sociedade (como Arist6teles havia mostrado a respeito da tra- sgédia); na segunda ira como des- 'w6i a brutalidade da matéria, impondo-lhe a ppureza da forma, educa a sociedade para pas- sar do antistico 2 espiritualidade da religiao, 2 passar da religito da exterioridade (0s deuses e espiritos esto visiveis na Natu- reza) a religido da interioridade (0 absoluto é arazio e a verdade), Por estabelecer uma relagiio intrinseea en- tre arte e sociedade, o pensamento estético de querda também atribui finalidade pedags- gica as artes, dando-Ihe a tarefa de crt 324 cial e politica, interpretagdo do presente eima- ginacao da sociedade futura, A arte deve ser engajada ou comprometida, isto é estar a ser- vigo da emancipasio do género humano, ofe- recendo-se como instrumento do esforco de libertag Essa posicio foi defendida pelo teatro de Brecht e, no Brasil, pelo de Augusto Boal; pela poesia de Maiakévski e Pablo Neruda, e, no Brasil, pela de Ferreira Gullare José Paulo Paes; pelo romance de Sartre, e, no Brasil, pelo de Graciliano Ramos: pelo cinema de Einsestein © Chaplin, e, no Brasil, pelo Cinema Novo; pela pintura de Picasso e, no Brasil, pela de PPortinari; na mésica, pela chamada misica de protesto — no Brasil, a misica popular dos anos 60 70, foi de protesto politico, com Edu Lobo, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gil- Graciliano Ramos (1892-1953) ¢ seu filha Ricardo, em foto de 1949. O escritor ‘manifestou seu interesse pela literatura desde muito jovem. Em 1910, trabalhan. do numa loja de seu pai, escrevia em Papel de embrulho. Entre os seus livros destacam-se Sao Bernardo, Angustia, Vidas secase Memérias do cdrcere. CAPITULOS-0 UNIVERSO DAS ARTES. berto Gil, Geraldo Vandré, Milton Nascimen: to, entre outros, Numa outra perspectiva, a arte & concebida como expressii, transformando num fim ‘aquilo que para as outras atividades humanas um meio. E assim que se diz que a arte faz ver a visio, faz falar a linguagem, faz ouvir a audigao, faz sentir as mos e o corpo, fazemer- giro natural da Natureza, o cultural da Cultu ra, Aqui, aarte‘é re da esséneia da realidade, amortecida e esqueci- dda em nossa existéncia cotidiana, reduzida a ‘eonceitos nas ciéncias e na Filosofia, trans formada em instrumento na técnica e na eco- nomia. Foi com essa concepeio que abrimos este capitulo, ‘Como expressfio, as artes transfiguram area- lidade para que tenhamos acesso verdadeiro a cla. Desequilibra o instituido ¢ 0 estabeleci do, descentra formas e palavras, retirando-as do contexto costumeiro par Jas numa outra dimensao, instituinte ou cri dora, arte inventa um mundo de cores, for- ‘mas, Volumes, massis, sons, gestos,texturas, ritmos, palavras, para nos dar a conhecer nos- so proprio mundo. Por ser expressiva, & ale goriea e simbélica. ‘A palavra alegoria vem do grego, cando; falar de outra coisa ou falar de uma coisa por meio de outra. Essa outra coisa é fo sfmbolo, Assim, a balanga ¢ a estitua de olhos yendados sio simbolos da justiga, a pomba, do Espirito Santo, a bandeira verme Iha, da revolugio. O simbolo, en que une, junta, sintetiza numa unidade os diferentes, dando-lhes um sentido novo que nao possuiam quando separados. A obra de arte € essa unidade simbstica e gnifi- alegérica que nos abre 0 acesso ao verda: deiro, a0 sublime, ao terrivel. © uo prazer. Um quadro como a Guer Picasso 6 dimensoes da expresso. A arte como expressfo ndo ¢ apenas alego- rig e simbolo. E algo mais profundo, pois pro cura exprimir o mundo através do artista. Ao 10 belo, & dor sintese poderosa de todas essas Ms, faz@-lo, leva-nos a descobrir 0 sentido da Cul- tura e da Hist Tomemos a literatura como exer rase pudesse tomar qualquer uma das ares para expor o significado da atividade expressiva. (Quando um poeta ou um romancista escre- vem, trabalham @ maneira do teceldo. Este tra- balha com fios ¢ pelo avesso, mas produz, do ‘outro lado, uma tapegaria, isto é, desenho, cor, forma. figura, O escritor trabalha apenas com ras, com a materialidade de sinais grafi 0s, mas 0 livre (poema ou romance, conto ou novela) & imaterial: é puro sentido, pura sig- nificagdo, a tal ponto que, quando acabamos Je I-10, temos o sentimento de que houve uma municagio entre nosso espirito e 0 doe critor, sem palavras. Assim, a primeira revelagdo que a literatura nos traz é a do mundo da linguagem como materialidade sonora grfica queé e faz sen- material, mas no pode existit mm a materialidade das palavras. Do mesmo do, ¢ este € modo, um quadro nao 6 sendo tina, trago, cor. contomnos e, no entanto, quando © vemos no olhamos essa materialidade e sim o mundo de significagSes ali expresso e que mio poderia exprimir-se sem aguela materialidade que © tomnou possivel eseritor exprime al na abertura deste capitulo) porque descentra esequilibra, torce ¢ deforma o sentido das palavras, dando-thes um outro, inteiram novo. Com isso, uma segunda revelagio € a diferenga entre lin: & que usamos todos twazida pela literatura sagem instituida (au 6s dias e que constitui o repertsrio de sinais sonoros ¢ graficos com que indicamos e de. notamos as coisas) e linguagem instituinte ou cexpressiva, isto é a linguagem nova, que foi riada pela ago do escritor. O mesmo pode- ria ser mostrado em cada uma das artes, pois em todas elas momento fundamental, 0 ins- ate expressivo, € instituinte do novo. Realizada a obra —o instituinte —, ela pas- sa, gragas aos leitores, tes, a fazer parte da cultura existente, ‘oman: espectadores, ouvin- 325 fda, Desa mancira,a obrade arte nos traz uma terceira revelago, Mostra que a Cultura é um movimento continuo em que 0 institaido € descentrado, desequilibrado, de- formado, modificado pelo novo, que, a seguir, ‘gragas aos destinatirios da obra (0 seu publi 0), & depositado e sedimentado como parte do instituido, ficando disponivel para todos como algo que é integrante de sua Cultura Esse duplo movimento — do instituido a0 institinte e deste para aquele — assinala que ‘a obra arte expressiva ¢ interminavel. De fat, cada artista, para exprimir-se, retoma as obras os outros eas suas préprias para produzir uma obra nova que, por sua vez, ser retomada por outros para novas expressoes. Um artista su- pera ¢ ultrapassa outros porque os retoma e os transforma, fazendo vir Lexpresso aquilo que ‘outros prepararam para ele Cada obra de arte parte de um duplo ponto de partida: do desejo do artista de exprimir alguma coisa que ainda nfo sabe bem o que é fe que somente a obra realizada lhe diré; e do excesso de significagdes que as outras obras possuem e que elas préprias nlo chegaram a exprimir, excesso que s6 existe porque tais obras existem eo fizeram aparecer. Assim, a obra de arte nos traz uma dltima revelagdo: mostra que a Historia € 9 movi- ‘mento incessante no qual o presente (0 artis- ta trabalhando) retoma o passado (o trabalho os outros) ¢ abre o futuro (a nova obra, ins- tituinte), Arte e sociedade Se acompanharmos as transformagoes so: fridas pelas artes, passando da fungdo religio aA autonomia da obra de arte como eriagio & expressdo, veremos que as mudangas foram de dois tipos, De um lado, mudancas quanto ao fazer ar- tistico, diferenciando-se em escolas de arte ou estilos artisticos — classico, g6tieo, renascentista, barroco, rococs, romamtico, 326 impressionista, realista, expressionista, abstra- to, construtivista, surreatista, ete. Essas mu- ddangas concemem & concepeao do objeto ar- tistico, as relagdes entre matéria e forma, as técnicas de elaborago dos materiais, & rela .¢20 com o pitblico, ao lugar ocupado por uma arte no interior das demais e servindo de pi ili elas, as descobertas de procedimentos De outro lado, porém, concemem a determi nag social da atividade atitiea, seja do ponto de vista da finalidade social das obras —, por exemplo, culto religioso ou o mercado de arte —, do lugar ocupado pelo artista — por exemple, iniciade numa seita secreta, finan- ciado por um mecenas renascentista, profissi- ‘onal liberal ligado ao mercado de arte, etc. —, das condigbes de recepeo da obra de arte — a comunidade de fis, a elite cultivada e eco nomicamente poderosa, as classes populares, a massa, ete A discussdo sobre a relagao arte-sociedade Tevou a duas atitudes filos6ficas opostas: a que afirma que a arte s6 6 arte se for pura, isto & se no estiver preocupada com as circunstancias historicas, sociais, econémicas e politcas. Tra- tarse da defesa da “arte pela arte”. A outra afi rma que 0 valor da obra de arte decorre de seu Ccompromisso eritico diante das circunstincias presentes. Trata-se da “arte engajada”, na qual ‘artista toma posicio diante de sua sociedade, Jtando para transformé-la e melhori-la, e para cconscientizar as pessoas sobre as injusticas e as opressbes do presente ‘As duas concepgdes sao problematicas. A primeira porque imagina o artista e a obra de arte como desprovides de rafzes no mundo e livres das influéncias da sociedade sobre eles ‘o que 6 impossivel. A segunda porque corre risco de sacrificar © trabalho artistico em ‘nome das “mensagens” que a obra deve enviar ’ Sociedade para mudé-la, dando ao artista 0 papel de consciéncia ertica do pove oprimido. A primeira concepetio desemboca no cha- ‘mado formalismo (6a perfeig20 da forma que conta e niio 0 contetdo da obra). A segunda,

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