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lvaro de Campos

Aquela falsa e triste semelhana

Aquela falsa e triste semelhana
Entre quem julgo ser e quem eu sou.
Sou a mscara que volve a ser criana,
Mas reconheo, adulto, aonde estou,
Isto no o Carnaval, nem eu.
Tenho vontade de dormir, e ando.
O que passa, ondeando, em torno meu,
Passa (. . .)
Dormir, despir-me deste mundo ultraje,
Como quem despe um domin roubado.
Despir a alma postia como a um traje.
Tenho nusea carnal do meu destino.
Quase me cansa me cansar. E vou,
Annimo, (. . .) menino,
Por meu ser fora busca de quem sou.

s. d.
Carnaval. lvaro de Campos Livro de Versos . Fernando Pessoa. (Edio crtica. Introduo,
transcrio, organizao e notas de Teresa Rita Lopes.) Lisboa: Estampa, 1993: 7d.

Obra Aberta 2015-06-08 01:10