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Em vez de escrever a arte do amor, título tão vulgarizado, preferimos apresentar um artigo sobre a arte de amar em um sentido mais elevado, a adoração, que só pode ser alcançado no momento em que entendemos o que está na origem do amor: o tipo ideal, que vamos construindo em nossas mentes.
Em vez de escrever a arte do amor, título tão vulgarizado, preferimos apresentar um artigo sobre a arte de amar em um sentido mais elevado, a adoração, que só pode ser alcançado no momento em que entendemos o que está na origem do amor: o tipo ideal, que vamos construindo em nossas mentes.
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Em vez de escrever a arte do amor, título tão vulgarizado, preferimos apresentar um artigo sobre a arte de amar em um sentido mais elevado, a adoração, que só pode ser alcançado no momento em que entendemos o que está na origem do amor: o tipo ideal, que vamos construindo em nossas mentes.
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A arte de adorar. Escrito pelo filósofo Antonio Jaques.
Porto Alegre, 25 de abril de 2010.
*************************************************************************** Antes de mais nada, senti a necessidade de alterar o título porque “a arte de amar” está tão vulgarizada. A arte de amar do romano Ovídio é a arte de conquistar objetos que, por acaso, falam, pensam e sentem, é a versão sexual do “Príncipe”, de Maquiavel, para quem se acha na posição de governar sua casa, sua mulher e sua família. Há publicações atuais que usam o título para divulgar posições do coito, mas não é esse o objeto do presente estudo, não que não seja importante, apimenta, dá sabor à vida íntima de um casal, mas, antes, queremos saber, como formar casais que realmente se amem! A nossa “arte de adorar” tem a ver com uma tese de René Descartes. Para ele: o amor como adoração pode ser um sentimento em que amamos mais ao outro que a nós mesmos. Diferente de outras de suas alternativas: o amor como amizade consiste em amar o outro tanto quanto amamos a nós mesmos ou, ainda, o amor como simples afeição, é amar mais a nós mesmos que ao outro. Sei que 1% da humanidade tem a capacidade de adorar, pois, só uns poucos abririam alegremente mão de suas vidas por uma outra pessoa. Jesus fez isso, por um pai invisível, mas mesmo ele teve um momento em que hesitou – “afasta de mim esse cálice”. Aliás, devemos adorar apenas a Deus, como supôs Descartes? Qual Deus, o que responde por vários nomes e em cada povo ordena regras opostas? Um Deus que exige sacrifícios, que destroem outros seres vivos que Ele criou? Um Deus que manda passar a espada outros povos, que Ele mesmo criou? Ninguém pode adorar quem não merece, quem não responde com amor; o amor é sempre recíproco. Alguém que manda seu filho morrer ou sacrificar o filho de outro, não ama, usa o filho para satisfazer seus propósitos. O amor não exige nada, nem sacrifícios, nem testes. O amor dá sem pedir nada em troca. Deus não é amor. Ele é ciúme. Quem ama não esconde respostas a essas e outras perguntas. Por isso, a religião é o ópio do povo, assim como o marxismo e qualquer outra coisa que entorpece, anestesia a mente. O amor não anestesia, amplia a percepção. Olhos abertos leitor, não se engane, nem com esse presente texto! Mas, se o leitor insistir em ler esse artigo, queremos a seguir tratar do assunto: como encontrar alguém que seja digno de nossa adoração? Devemos pensar em todas as pessoas com quem convivemos e separar entre as que nos deram prazer com sua companhia das que não nos deram nada ou até nos desagradaram. É das imagens daquelas pessoas que nos agradaram no passado que construiremos a imagem da pessoa ideal para adorar. Toda a dificuldade reside em encontrar uma pessoa que se aproxime ao ideal. E como saber se as próximas experiências não alterarão nosso ideal? E mesmo que o ideal permaneça o mesmo, como saber se você ou eu somos o ideal da pessoa que se encaixa em nosso ideal? Podemos pensar que as mulheres não parecem dar muita atenção à beleza física e, portanto, o seu ideal de parceiro não se refere aos aspectos físicos. Acho que elas querem muito pouco no que se relaciona às características físicas, em geral, basta a elas que o parceiro seja mais alto – instinto, genética? Não, seu pai ou as figuras masculinas que ela conheceu são, em geral, modelos que compõem ideal feminino, são mais altos que ela. E, porque o conhecimento do mundo aparece pela primeira vez nelas após a necessidade da lactância não ser o que há de essencial. E é com a figura paterna que ela é apresentada ao mundo. O sexo oposto, para elas, está intimamente relacionado à vida social. No que diz respeito ao sexo masculino, a apresentação ao sexo oposto, a mãe, se dá quando o que mais interessa ao bebê é saciar a fome, no homem o sexo é um tipo de fome. Por isso, se a parceira não se aproximar do tipo ideal (físico e psicológico) as chances de traição serão muito grandes. Seria de grande valia, a namorada perguntar ao namorado sobre as mulheres que ele conheceu, não necessariamente levou para cama: sua mãe, irmãs, tias, primas, professoras, vizinhas, como lembra delas, quais lhe foram agradáveis e quais o magoaram ou nada lhe significaram. Isto pouparia discussões, brigas, insatisfações e remorsos, além de danos emocionais aos filhos que testemunhassem as brigas futuras. É, portanto, das boas experiências que a mulher ideal se construirá na mente masculina. E as prostitutas? Quer sejam boas, quer sejam más experiências apenas se somarão às boas e más experiências anteriores e futuras. Isto porque o sexo é um acessório, não o prato principal. E o produto final, o ideal, surge de uma média de todas as experiências com o sexo feminino que vivemos, com seus pesos (positivos ou negativos). Somente depois que descobrimos o ideal em nossa mente, então, qualquer livreto que ensine a arte da conquista e que trata a conquista do amor como uma caça ou batalha, fará sentido e proporcionará, conquistada ou não a amada, um grande aprendizado, um jogo ou uma diversão. Mas, com uma última condição: que o amante deixe claro que a amada é o seu tipo ideal e que ele deseja muito que ele seja o ideal dela. Assim, que os jogos comecem!