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CURSO DE DIREITO

APOSTILA DE DIREITO INTERNACIONAL


PÚBLICO
( CIRCULAÇÃO RESTRITA )

PÉRICLES ANTUNES BARREIRA, M.S.


(pabarreira@gmail.com)

GOIÂNIA-GOIÁS
2

PALAVRAS EXPLICATIVAS

Este trabalho é apenas uma compilação em forma de


brochura, simples, inicialmente formulado para servir de roteiro à
ministração das aulas de Direito Internacional Público nas
Faculdades que lecionamos, posto que com elas a produção não
tenha nenhum vínculo. O direcionamento segue o gosto pessoal
do autor. Esta é a 1ª versão de 2007 que ainda mantém dados
informativos que vão sendo atualizados ao longo do tempo. É
uma síntese e em nenhum momento dispensa a leitura dos livros
constantes da Bibliografia indicada. Seu caráter tem circulação
restrita, em razão do já exposto. Caso seja utilizado para citações,
solicita-se que citem a autoria.
Estamos cientes das limitações e engessamentos que
uma apostila traz. Por isso, além de enfatizarmos a necessidade
absoluta de consultar os autores nas bibliografias originais,
juntamos o texto no final da apostila que reforça tal visão.
Reservamo-nos, entretanto, o direito de fazer um roteiro restrito o
qual, ao servir ao professor, poderá servir aos discentes.
Cada vez mais, ao tempo que somos cidadãos locais,
somos também cidadãos do mundo. Nos meios de comunicação,
encontramo-nos como cidadãos locais, estaduais, nacionais e
internacionais, a todo momento. Se a cidadania local implica em
conhecer as leis e o direito interno, exercer direitos e deveres, a
cidadania mundial leva necessariamente ao conhecimento do
sistema normativo e do direito aplicado ao âmbito internacional.
A co-relação dos acontecimentos na política internacional,
sociologia e relações internacionais com o direito internacional
enriquece este ramo do direito.
Críticas, sugestões e colaborações são bem-vindas no
nosso correio eletrônico pessoal: pabarreira@gmail.com .

O AUTOR.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I – TEORIA GERAL DO D.I.P.

1.1. Denominação da Disciplina


1.2. Sinonímia
1.3. Formas de ver e interpretar o DIP
1.4. A Sociedade/Comunidade Internacional: Características
1.5. Noção Histórica do DIP
1.6. Definições
1.7. Classificações
1.8. Princípios do DIP
1.9. Negadores do DIP
1.10.Fundamentos da Obrigatoriedade do DIP
1.11.Validade Formal do DIP
1.12.Validade Material do DIP

CAPÍTULO II – FONTES DO D.I.P.


2. Fontes do DIP
2.1.Fontes Materiais
2.2.Fontes Formais
2.3.O Direito dos Tratados Internacionais

CAPÍTULO III – OS SUJEITOS DO D.I.P.


3.1. O Estado como Sujeito do D.I.P.
3.1.1. Classificação
3.1.2. Micro-Estados
3.1.3. Reconhecimento de Estado
3.1.4. Direitos dos Estados
3.1.5. Deveres dos Estados
3.1.6. Restrição aos Direitos Fundamentais dos Estados
3.1.7. Responsabilidade Internacional dos Estados
3.1.8. Órgãos de Relações Internacionais dos Estados
3.1.9. Resolução Pacífica dos Conflitos Internacionais
3.1.10. Dimensão Pessoal do Estado
3.1.11. Da Deportação
3.1.12. Da Expulsão
3.1.13. Da Extradição
3.1.14. Do Asilo
3.1.15. Dos Refugiados

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3.2. As Organizações Internacionais como Sujeitos do D.I.P.


3.2.1. A O.N.U.: Órgão Principais; Órgãos Subsidiários; as Agência
Especializadas; 3.2.1.1. Destaque: A Organização Internacional do
Trabalho- O.I.T.
3.2.2. A O.E.A.
3.2.3. Direito Internacional de Integração
3.2.3.1.. Os “Blocos” Político-Econômicos ( Regionalização ou Direito de
Integração Regional )

3.3. O Indivíduo/Pessoa Humana como Sujeito do D.I.P.


3.3.1. Direito Internacional dos Direitos Humanos – História
3.3.1. Sistema Internacional de Proteção/Promoção dos Direitos
Humanos

CAPÍTULO IV – OUTROS ATORES NO CENÁRIO


INTERNACIONAL

4.1. As Organizações Não Governamentais Internacionais


4.1.1. As O.N.G.I. Ambientais
4.1.2. Exemplos de O.N.G.I. diversas
4.2. As Multinacionais
4.3. A Humanidade como sujeito do DIP ?

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“APOSTILA DE DIREITO INTERNACIONAL


PÚBLICO”

Prof. PÉRICLES ANTUNES BARREIRA

CAPÍTULO I: TEORIA GERAL DO DIREITO


INTERNACIONAL

1.1.Da Denominação da Disciplina


Este ramo do direito tem sido chamado como Direito
Internacional Público. Entretanto, rigorosamente, tal denominação não está
correta. Qual a importância de se discutir o nome da matéria? Dentro de
uma postura científica e considerando, ainda, que há princípios e normas
que se aplicam a cada ramo do direito, seria inexato adotar um nome que
não refletisse o conteúdo do que trata. Assim, a expressão adotada hoje,
sofre contestação quanto à sua exatidão na língua portuguesa e nas línguas
latinas. Em inglês, International Law, foi traduzido diretamente para as
línguas latinas como Direito Internacional. Observe-se que ao dissecar a
expressão Inter-Nacional, percebe-se que ela quer dizer entre- nações. Se
para o inglês Nação e Estado podem ser sinônimos, em nossa língua não. A
expressão nação não deve ser aplicada no lugar de estado. Juridicamente,
um país soberano é um Estado e não uma Nação. A partir de tal explicação,
será apropriado que este ramo do direito se denominasse direito inter-estatal
ou interestadual. Seria correto se o direito internacional, ao assim ser
denominado, abrangesse apenas os Estados soberanos hoje. Todavia, na
Sociedade/Comunidade Internacional, há outros sujeitos que figuram nesta
disciplina e, por isso, mesmo sendo mais exato dizer-se direito interestatal,
já não refletiria a realidade do que pretende alcançar tal direito. Por causa
disso e pela tradição e comodidade a doutrina brasileira ( como, de resto, de
outros países de língua latina ) mantiveram a expressão inexata Direito
Internacional. Partindo da premissa, hoje não totalmente verdadeira, de que
um Direito entre nações lida com pessoas de direito internacional público, a
expressão público seria redundante, desnecessária. Acresça-se a isto que há
doutrinadores que negam a existência de um Direito Internacional Privado
próprio e, assim, se não há um direito internacional privado menos ainda se
necessita do termo público.

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1.2.SINONÍMIAS
Dentre as diversas maneiras que a doutrina nomeia a
matéria, além de Direito Internacional, registram-se as seguintes:
Direito das Gentes ou ius gentium ( diverso do “ius
gentium” romano, constante de dispositivos sobre os tratados e rituais de
declaração de guerra e a convivência entre o romano (cidadão) e os
estrange iros ( bárbaros ). Era nomeadamente um direito interno.
Direito dos Povos
Direito Estatal Externo
Direito Internacional Público
Direito Internacional

1.3. FORMAS DE VER E INTERPRETAR O DIREITO


INTERNACIONAL PÚBLICO

Visão Tradicional: A matéria tem sido exposta no Brasil


apontando a denominação, história, definição, divisões, fontes e os sujeitos.
Não se perquire muito o direito que deveria existir mas o direito que existe,
o direito posto. Não são questionadas as causas imediatas que influenciaram
o surgimento da norma internacional ou as suas fontes ( direito material )
mas já se adentra na norma tal qual estabelecida, quase sempre fruto de
relações históricas injustas e desiguais dos países que hoje se chamariam
desenvolvidos e não-desenvolvidos.
Visão Marxista: Parte da idéias das relações desiguais que
se formaram na sociedade, sobretudo após o advento do Capitalismo e nas
relações desiguais entre patrões x empregados, explorador x explorado,
detentores dos meios de produção x operários, etc. Tem sua base na
explicação econômica dessa relação desigual que vai se refletir, também, na
relação econômico-políticas entre os países. O direito seria conseqüência
imediata dessa divisão do mundo e, portanto, o direito internacional é o
direito dos mais fortes contra os mais fracos e atende mais ao interesse dos
ricos contra o interessa dos explorados. É como se houvesse uma
manipulação do direito e, enquanto é conveniente, usa-se a força pela força
e, alcançados os objetivos da dominação, constrói-se um sistema normativo
que valide e perpetue tal situação.
Por uma visão crítica: É real que o direito que está posto é
fruto de uma luta de interesses. Não reflete a justiça que se espera do
Direito, nem de relações jurídicas que considera como iguais os sujeitos.
Não se pode iludir que o direito colocado reflete o que seria ideal ( existe
relação jurídica ideal concretizada ? ), mas não se pode fechar os olhos para
o fato de que as relações estão em evolução e com elas, o próprio Direito.
De um lado, os países desenvolvidos querem manter os privilégios e os não-
desenvolvidos ou em desenvolvimento, tentam aumentar sua participação e
alcançar os privilégios dos mais favorecidos e assim tentar alcançar relações
mais justas, menos desiguais. Parte-se também da idéia errônea de que os
direitos internos dos países são mais justos. Será que são? É real que o
direito normatizado se concretiza pela intensa luta de interesses e quanto

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mais desigual é a relação em favor dos ricos, as normas manterão os pobres


mais longe do justo. Mas a sociedade reage, a doutrina questiona, os países
pleiteiam. O direito posto não é justo, mas enquanto Sistema de Normas, há
um direito existente a ser estudado. Também, há um sistema de normas a ser
criticado, questionado. Assim como no direito interno, a realidade aponta
para se estudar o direito posto, para verificar se sua aplicação atende à
norma construída dentro da sociedade.Todavia, não se pode perder a visão
crítica da aplicação do direito posto e, mais ainda, a busca pela modificação
do sistema normativo no sentido de alcançar a paz com justiça nas relações
internacionais. Não é uma tarefa de dias, mas, jurídica e politicamente, é
uma tarefa de gerações.

1.4. A SOCIEDADE/COMUNIDADE INTERNACIONAL

Ao se estudar a noção histórica da relação entre os países, ver-


se-á que na medida que os países se tornaram independentes, soberanos
aumentava também a necessidade de relações internacionais continuadas,
permanentes e estabelecidas sob uma base jurídica. Para tanto, era
necessário fixar regras, normas, que disciplinassem tais relações. O estudo
do direito internacional não se faz alheio à realidade das interações jurídico-
políticas entre os países e das relações sócio-econômicas que existem. É
certo que o estudante de direito às vezes tem alguma resistência em
conhecer além do que trata o Direito estabelecido ( as normas de direito
internacional ) dissociando-se das relações internacionais e da história. Tal
proceder empobrece a visão tanto do próprio direito, quanto da sociedade
internacional e a torna incompleta e limita o estudante.
De uma postura elitista e oligárquica dos países europeus, onde
se originaram as primeiras regras de direito internacional, caminhando para
um complexo de relações e de uma quantidade significativa de países em
comparação com o início histórico noticiado, foi necessária a construção
normativa baseada no costume e, aos poucos, sendo transformada em regras
aceitas, ora costumeiras, ora escritas. Reconhece-se, hoje, a existência não
mais de uma sociedade relacional, em que os países, por necessidade
econômica, social, histórica e, quase sempre, devido a defesa de interesses
egoísticos e disputas bélicas, encontravam-se pontualmente, eventualmente,
mas de uma sociedade internacional cujas relações são constantes,
contínuas, permanentes, intensas, baseadas em regras escritas e costumeiras,
permeada por representações diplomáticas, pela diplomacia parlamentar e
um aparato normativo substancial. Há quem diferencie a sociedade
internacional ( emergente do Tratado de Vestfália e centrada no Estado da
soberania absoluto de Bodin ) da comunidade internacional, esta em
concretização, formada voluntariamente e espontaneamente e baseada em
valores tais que a paz e a justiça internacionais, com respeito aos direitos
humanos e longe dos desejos egocêntricos e do poder a todo custo dos
Governos. Na mídia, alguns livros de DIP utiliza-se indistintamente a
expressão Sociedade Internacional e Comunidade Internacional e fala-se
num ente capaz de sentir e expressar-se ( “Opinião da Comunidade
Internacional”; “a Comunidade Internacional pensa isto ou aquilo;”A

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Comunidade internacional condenou; questionou; etc.” ). Nem sempre tal


expressão é reflexo mesmo desta comunidade, mas da manipulação da
informação, visando influenciar, modificar, chamar a atenção, pelos grupos
que detêm o poder e a mídia. A visão crítica deve visualizar mais adiante,
para não ser induzida a perder a perspectiva real do que ocorre.
1.4.1. CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE
INTERNACIONAL

A produção das normas dentro do direito interno nos diversos


Estados que compõem a Sociedade Internacional, principalmente nos
Estados Ocidentais, quer de origem romanística, quer no sistema do
commom law, obedece, em geral, uma padrão centralizado, em que as
instituições que compõe o poder do país, classicamente denominado tri-
partição do poder, têm um papel bem definido. Assim é que se tem o Poder
Executivo ( Presidente, Rei, Primeiro Ministro, etc.), o Poder Legislativo (
uni-cameral ou bi-cameral, o Parlamento ) e o Judiciário ( onde se diz o
direito ). Fala-se, por isto, que é um sistema centralizado. O reconhecimento
histórico desta situação, informa que houve um caminhar histórico rumo a
tal Sistema Normativo nos países. Ora por meios pacíficos, ora por meios
violentos, tal resultou numa certa homogeneidade nos países ocidentais, em
primeiro lugar e, evolutivamente, pode-se dizer na maioria dos países
pertencentes à Sociedade Internacional.
Na Sociedade Internacional, partindo-se da produção normativa
baseada em grande parte no Costume Internacional e na Codificação parcial
alcançada até hoje através dos Tratados, é real que esta Sociedade
estruturou-se de forma diversa das Sociedades Nacionais, internas. Por isso,
diz-se que a Sociedade/Comunidade Internacional tem certas características
que a diferenciam do direito interno dos Estados. São as seguintes
características da Sociedade Internacional:
1.4.1.1. É DESCENTRALIZADA : Não há um centro de poder
de onde parte a Administração mundial, nem a produção de normas. Não há
um parlamento permanente, com uma Constituição ou um Tratado que lhe
fixe as regras e lhes dê legitimidade. Os vários sujeitos, especialmente os
Estados e as Organizações Internacionais, em consenso, fixam as regras
jurídicas. Não se antevê um Poder Executivo, tais quais se percebe nos
Direitos internos dos países.
1.2.12. NÃO TEM UM “PODER JUDICIÁRIO”. Tal afirmativa
está a sofrer algumas modificações relevantes. Mesmo assim, o Tribunal
Internacional de Justiça não julga qualquer causa e, ainda assim, apenas
referente a Estados que estejam vinculados à ONU. Os juízes representam
as macro-regiões em que o mundo está dividido. A jurisdição do Tribunal
não é obrigatória para auem não a aceita.
1.4.1.3. NÃO TEM UM LEGISLADOR CENTRAL. De fato,
não se concebe um parlamento mundial, eleito pelos países com alguma
forma de representação, que discutisse e votasse “leis” internacionais. A
produção normativa está adstrita principalmente aos Tratados Internacionais
de caráter normativo. Como regra, obriga-se ao Tratado quem o ratificou o
aderiu posteriormente. Em muitos casos, há a formulação de reservas que
exclui certas obrigações. Por isso, não se fala em lei internacional no sentido
de uma norma produzida a partir de um parlamento. Ressalte-se ainda que

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certas regras são jus non scriputum, ou seja, formadas a partir de um


Costume Internacional geralmente aceito.. Também admite-se fontes
formais a partir dos Princípios Gerais do Direito. São peculiaridades que
regem o aspecto jurídico da Sociedade Internacional.
1.4.1.4. NÃO TEM UMA FORÇA POLICIAL
INTERNACIONAL Não há uma polícia judiciária internacional. A
possibilidade do uso da força, em razão de alguma desobediência à decisão
do T.I.J. é possível, contudo, nunca foi usada. Associado a isto está o fato de
que o uso da força somente pode ser autorizado pelo Conselho de Segurança
que arrebanhará dentre os Estados- membros as forças para manter a paz e a
segurança internacionais, não tendo uma aplicação como polícia judiciária.
No mesmo sentido, os capacetes azuis agem sob mandato específico, na
manutenção de uma paz provisória ( trégua ) ou a pedido do país solicitante.
Está distante de ser uma força policial tal qual as polícias públicas dos
Estados.
1.4.1.5. BASEIA-SE NUMA RELAÇÃO HORIZONTAL E DE
COORDENAÇÃO. Partindo-se da idéia da igualdade soberana dos Estados,
as relações Estaduais se dão num nível de Coordenação, tendo a ONU
exercido este papel coordenador. Não é uma relação de subordinação, nem
hierarquizada. Na Assembléia Geral, aliás, cada país um voto, a refletir a
igualdade soberana. A ONU não impõe condutas, apenas coordena o que os
Estados decidem no seio da Organização.

1.4.1.6. BASEIA-SE NA IGUALDADE JURÍDICA DOS


ESTADOS. A igualdade jurídica tem o mesmo sentido da frase aplicada nas
relações civis e penais: “todos são iguais perante a lei”. Tal igualdade parte
originalmente da idéia de que cada país é soberano e, portanto, todos são
iguais quanto à independência e soberania. O status jurídico decorrente é
extamente a igualdade jurídicana Ordem Internacional. E, assim como nos
Direitos internos, a igualdade jurídica não siignifica nem igualdade de
poder, nem uma igualdade sócio-econômica, na Sociedade Internacional não
decorre que a iguldade jurídica signifique igualdade de poder.
1.4.1.7. PERMANÊNCIA DAS RELAÇÕES
INTERNACIONAIS. O “Aumento significativo no intercâmbio de
mercadorias entre s pessoas, que extrapola os limites físicos das fronteiras
dos Estados, unindo produtor e distribuidor.” Tal é uma constatação da
permanência das relações entre os membros da Sociedade Internacional.

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1.5. N O Ç Ã O H I S T Ó R I C A DO D.I.P. 1

Introdução
a)- As mudanças não são bruscas
b)- É um dos ramos do direito que tem mais evoluído
c)- Diz-se que até os fins séc. XIX ele era bidimensional, pois
versava basicamente sobre a terra e o mar, tornando-se
tridimensional a partir do início do séc.XX.
Períodos Históricos
1º Período: DA ANTIGUIDADE ATÉ O CONGRESSO DE
VESTFÁLIA
Até a Idade Média, não existiam os Estados.
Realidades históricas: 3 Poderes que se opunham: Roma e seu
Império ( Advento do Cristianismo ); Hegemonia Papal (
Reforma ); Fim do Feudalismo ( processo unificador do reino,
concentração do poder no Rei ).
Desenvolvimento do Comércio Marítimo e Leis e Costumes
Marítimos ( Novas regras do D.I. ):
1º)- As Leis de Rhodes séc- VII
2º)- Consolato del Mare –Elaborado em Barcelona- meados do
séc. XIV
3º)- Liga das Cidades Comerciais para a proteção do Comércio
e dos cidadãos – Liga Hanseática.
TRATADO DE VESTFÁLIA DE 24 DE OUTUBRO DE 1648 – Pôs fim à
guerra dos 30 anos ( 1618-1648 )
Conseqüências:
1)- Princípio do Equilíbrio Europeu ( Pela primeira vez, os
Estados europeus reuniram-se para deliberar )
2)- Princípio da Igualdade Jurídica dos Estados
3)- Primeiros Ensaios de uma Regulamentação Internacional
positiva.
4)- O Tratado acolheu muitos dos ensinamentos de Hugo Grócio, surgindo
daí o DIREITO INTERNACIONAL tal como se conhece hoje.
Marca o fim de um período e o início de outro.
2º Período: DO CONGRESSO DE VESTFÁLIA AO CONGRESSO DE
VIENA
Século XV e XVI: Os Descobrimentos ( Portugal e Espanha )
Já havia na Europa vários Estados independentes.
Pais do D.I.:
FRANCISCO DE VITÓRIA ( 1480-1456 )
Fundador da Ciência do DI. Professor de teologia em Salamanca ( 3ª
universidade da Europa em antiguidade )
“Jus inter gentes”: é regido por um direito natural acima da vontade
individual dos Estados independentes. Outros: Domingo Soto, Fernando
Vazques Menchaca, Baltazar de Ayala.

1
Para a divisão histórica proposta, parte-se da proposta de ACCIOLY, H. E SILVA, G.E.
Manual de DIP. Há acréscimo s e notas feitas pelo autor.

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FRANCISCO SUÁREZ ( Jesuíta de Granada ) – Lecionou em Coimbra (


1549-1617 ) – Conceito de uma Comunidade Universal supra-Estadual.
HUGO GRÓCIO ( 1583-1645 )
Fundador e sistematizador do DI ( o caso de Gentille)
Jurista, Filósofo, Teólogo, Músico, Poeta, Historiador.
OBRAS: Mare Liberum ( 1609 ) parte da obra DE JURE PREADAE)- 22
anos. Companhia Holandesa das Índias Orientais.
Obra prima: DE JURE BELLI AC PACIS – 1625
G.I. Tunkin: “ Só Hugo Grócio tornou o DI numa ciência jurídica
independente”
“Emancipou o DI da doutrina puramente teológica”
Outros: Richard Zouch, Samuel Puffendorf, John Selden, Serafim de Freitas
( Português: “ De Justo Imperio Lusitanorum Asiático ).
Séc. XVIII – Internacionalistas mais famosos: Corneliu van Bynkershoek,
Christian de Wolff, J.J. Burlamaqui, Emerich Vatel, G.F. von Martens. Fim
do século trouxe a Revolução Francesa e o 2º Congresso europeu.
CONGRESSO DE VIENA ( 1815 )/ CONVENÇÃO DE VIENA
Participantes: França, Grã-Bretanha, Áustria, Alemanha, Rússia, Suécie e
Portugal.
Não se limitou apenas a consagrar a queda de Napoleão e estabelecer uma
nova ordem política na europa.
Teve um espírito conservador
Conseqüências:
1)- Princípio da Proibição do Tráfico de Escravos
2)- Princípio da Liberdade de Navegação em certos rios internacionais (
Reno, Mosa, Escalda, etc. )
3)- Neutralidade Perpétua da Suíça ( Aderiu à ONU em 20/09/2002 )
4)- Surgimento da Doutrina Monroe
Doutrina Monroe – James Monroe enviou uma mensagem em
02/12/1823 ao Congresso dos EUA.
1º)- O Continente Americano não pode ser sujeito no futuro a
ocupação por parte de nenhuma potência européia;
2ª)- É inadmissível a intervenção de potências européias nos
negócios internos ou externos de qualquer país americano.
3º)- os EUA não intervirá nos negócios pertinentes a qualquer
país europeu.
5)- Classificação para os Agentes Diplomáticos

3º Período: DO CONGRESSO DE VIENA À PRIMEIRA GUERRA


MUNDIAL
Meados do Século XIX, fatos favoráv eis ao progresso do DIP:
CONGRESSO DE PARIS DE 1856 Normas relativas à Guerra no Mar –
Aboliu o corso
1ª CONVENÇÃO DA CRUZ VERMELHA ( 1864 )
Decidiu sobre a sorte dos militares feridos e doentes na guerra terrestre.
DECLARAÇÃO DE GENEBRA DE 1868 contra o uso de projéteis
explosivos e inflamáveis e contra o uso de drogas asfixiantes.
1ª Conferência Internacional dos Países Americanos ( Washington, outubro
de 1889 a abril de 1890 ).
1ª Conferência de Paz de Haia em 1899

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Criação da “ Corte Permanente de Arbitragem de Haia” visando a solução


pacífica dos Litígios Internacionais.
4º Período: O D.I. NO SÉCULO XX.
O D.I. no século XX atingiu seu pleno desenvolvimento.(?)
Marcos:
1906- Fauchille submeteu um relatório sobre os aspectos legais das
aeronaves ( Tridimensional )
Criação do Instituto de Direito Internacional
As Conferências Internacionais Americanas ( México-1901-1902, Rio de
Janeiro-1906 -, Buenos Aires – 1910- Santiago do Chile- 1923 – Havana –
1928 – Outras )
1907 – 2ª Conferência de Paz de Haia – 44 países inclusive da América do
Sul.
Conferência Naval de Londres ( Dezembro de 1908 a fevereiro de 1909 )
Conferência de Paz de Paris ( 1919 )
Criação da Liga das Nações ( ou S.D.N. )
Criação da Corte Permanente de Justiça Internacional
Pacto Briand-Kellog de proscrição da Guerra.
1ª Conferência para a Codificação do DI ( HAIA ) – 1930.
Criação da ONU e de inúmeras Organizações Internacionais – Carta de
S.Francisco de 26/6/1946 .
Registro Especial: A Conferência de Breton Woods ( Banco Mundial e
outros )
Criação da Comissão de Direito Internacional – C.D.I.- ( 1947 ) –
Resultados - Salto no DI:
Convenção de Genebra sobre o Direito do Mar
1961- Convenções :
1961 – Relações Diplomáticas
1963 – Relações Consulares
1969 – Direito dos Tratados
1975 – Representação dos estados com as OI de caráter universal
1982 – Convenção da ONU sobre o Direito do Mar de Montego Bay
1983 – Sucessão dos Estados em Matéria de Tratados
1985 – Direito dos Tratados entre Estados e OI ou entre OI X OI.
Após 2ª Guerra: Além do Tridimens ional. Espaço ultraterrestre, lua, corpos
celestes.

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1.6. DEFINIÇÕES DO D.I.P.

1.6.1. PREÂMBULO

a)- PRESSUPOSTOS PARA A EXISTÊNCIA DO DIP 2 :

1)- Pluralidade de Estados soberanos


Regula as relações entre Estados com autodeterminação, ou seja,
estados soberanos. Sem que houvesse ao menos alguns poucos Estados, não
haveria necessidade de se ter um direito regulando essas relações.

2)- Comércio Internacional


A existência de relações de comércio provoca imediatamente o
aparecimento de normas para regulá-la. O comércio foi o grande
motivador para as viagens, a busca de novos mercados e ampliação dos já
existentes. Tal fenômeno é contínuo, como se vê, hoje, com a globalização.

c)- Princípios Jurídicos Coincidentes. Se não existissem valores


comuns não poderia haver o DIP. Reconhece-se que há uma base comum
que se poderia chamar de Princípios Gerais do Direito, a qual possibilita tal
convergência.

B)- CONTRADIÇÕES:
a)- a soberania e a necessidade de cooperação : especialmente quando
se defendia solenemente a chamada “soberania absoluta” ou a
exacerbação da soberania, em que se achava que a soberania quer dizer
independência absoluta e isolamento de quaisquer relações com outros
países. Entretanto, sem abdicar da soberania, as interações são
necessárias, a cooperação requerida entre as nações. Do ponto de vista do
mercado, aliás, há que se ter para quem vender; do ponto de vista da
convivência, todos os países tem algo a dar e receber.

2
Guggenheim, Paul. P. 68.

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b)- O DIP procura a paz e a segurança, mas existem as exigências


revolucionárias nacionais; hoje se reconhece o direito revolucionário dos
países se libertarem das colônias, das dominações indevidas por outra
potência. No passado, quando existiam muitas colônias, a luta
revolucionária foi reconhecida como legítima, mesmo com o uso da força.
c)- A soberania e a igualdade dos Estados e, por outro lado, o
enorme poder dos grandes. Mesmo quando se reconhece a soberania e a
igualdade jurídica dos Estados, é notória o enorme abismo entre “ricos” (
desenvolvidos ), remediados (“em vias de desenvolvimento” ou “em
desenvolvimento” ) e os pobres ( sub-desenvolvidos ). Assim como no
direito interno, a igualdade perante a lei, ou a igualdade jurídica, não
resolve as diferenças econômico-sociais entre os países.

1.6.2. DEFINIÇÕES

A influência conforme a visão dos autores:

“ Conjunto de regras e princípios que regem as relações


jurídicas entre Estados” ( Posição clássica-positivista )

“ um sistema de princípios e normas que regulam as relações


de coexistência e de cooperação, frequentemente institucionalizadas, além
de certas relações comunitárias entre Estados, dotados de diferentes graus
de desenvolvimentos socioeconômico e de poder” ( Díez de Velasco )

“É o conjunto de regras que regem as relações entre os


Estados” ( René-Jean Dupuy )

“o conjuto de normas jurídicas que regulam as relações mútuas


dos Estados e, subsidiariamente, as das demais pessoas internacionais,
como determinadas Organizações, e dos indivíduos” ( Hildebrando Accioly
)

“Conjunto de regras que governam as relações dos homens


pertencentes aos vários grupos nacionais” ( Nicolas Politis )

“Conjunto de regras que regem as relações jurídicas entre


homem pertencentes a grupos políticos diferentes”

“Conjunto de regras e princípios que regem as relações


jurídicas dos Estado e de outras entidades internacionais personificadas,
entre si e com os Estados”

“Conjunto de regras e princípios que regem as relações


jurídicas internacionais, tanto dos Estados ou outras entidades análogas,
quanto dos homens”

“Conjunto de regras e princípios que regem as relações


jurídicas entre pessoas internacionais”

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“é o conjunto de regras e de instituições jurídicas que regem a


sociedade internacional e que visam a estabelecer a paz e a justiça e a
promover o desenvolvimento” ( Jean Tuscoz ).

“Ramo do Direito Público que regula as normas convencionais,


pactos e costumes jurídicos, visa o ordenamento através de acordo
realizado por Estados independentes “ ( Miguel Reale)

“é o ramo do direito chamado a regular as relações entre


Estados soberanos e organismos assimilados” (Belfort de Matos)
“É o complexo de normas e princípíos que trata da relação
entre Estados, pessoas estrangeiras, pessoas físicas e jurídicas, de cada
Estado.” ( Chaumont )3
“Uma construção não terminada e mutável, tendo em vista o
seu desenvolvimento em virtude da sua aplicação a novos espaços por
novos sujeitos de direito e sua codificação.”
( Bedjaoui ) 4
“O D.I.P. é um ramo autônomo do direito que disciplina as
relações entre Estados, as Organizações Internacionais dotadas de
personalidade jurídica e subsidiariamente os direitos do homem exercodps
´pr omter,[edop dps Estados, ou, em algumas ocasiões, diretamente
oponíveis”
“O Direito Internacional Público disciplina a relação entre
Estados que se aproximam, que por vezes se unem para eliminar fcronteiras
e facilitar o intercâmbio de mercadorias e serviços, buscando semelhanças
e afinidades culturais, idiomática e religiosa”
“O Direito Internacional se reduz às relações dos Estados e é o
produto da vontade destes mesmos Estados” ( Bourquin ) 5
“É o conjunto de regras e de instituições jurídicas que regem a
sociedade internacional e que visam estabelecer a paz e a justiça e a
promover o desenvolvimento” ( Jean Touscoz ).
Das várias definições, o que se deve observar: 1)- Abrange os
sujeitos do Direito Internacional hoje aceitos? As fontes do direito são
referenciadas? 3)- Reflete não só o ordenamento, mas o Direito como um
todo? Destas reflexões pode-se fazer uma crítica a cada definição.

1.7. CLASSIFICAÇÕES DO DIREITO INTERNACIONAL

a)- Quanto ao objeto: Direito da Paz e da Guerra – clássica.


Hoje em dia a Guerra não é vista como algo inevitável e também não é vista
como instituto dotado de normalidade. A paz é a regra, a guerra é a exceção.
Assim, é desejável ( e juridicamente correto ) que a paz preceda à guerra.

3
Apud MELLO, Celso D. Albuquerque. Direito Internacional Público. 12ª ed. Rio de
Janeiro: Renovar, 2000.
4
Apud Mello, Celso D. Albuquerque . Op. Cit. P. 74.
5
Apud MELLO, Celso D. Albuquerque. Op. Cit. P. 67.

15
16

No mesmo sentido, há quem o denomine, quanto ao objeto, como Direito da


Paz e dos Conflitos Armados. 6
b)- Quanto à abrangência
Direito Internacional Público Geral ou Comum.
Direito Internacional Público Geral ou Comum: Diz respeito à
sociedade internacional como um todo ou refere-se às regras que valem para
toda a sociedade internacional. Tomando-se como exemplo um tratado
internacional, este referir-se-á a uma regra dirigida a todos os países.
Direito Internacional Público-Particular: refere-se às regras
estabelecidas entre dois ou poucos países, num intuito de regular as relações
específicas entre eles, contudo, não se aplicam à Sociedade Internacional
como um todo.
c)- Ramos ( ou sub-ramos: se o DIP é um ramo do direito, suas
subdivisões serão um sub-ramo ).
1)-RAMOS ANTIGOS: Direito Internacional do Mar ( às vezes
apenas chamado Direito do Mar ); Direito e Costumes da Guerra e da
Neutralidade.
2)- RAMOS MAIS RECENTES: Direito Internacional dos
Direitos Humanos (DIDH); Direito Administrativo Internacional; Direito
das Organizações Internacionais; Direito Internacional do Meio Ambiente;
Direito Comercial ( ou do Comércio ) Internacional; Direito Econômico
Internacional; Direito Diplomático; Direito Consular; etc.

1.8. PRINCÍPIOS QUE ORIENTAM O D.I.P.

As Nações Unidas, pela Resolução 2625 (XXV) de 24 de


outubro de l970, aprovou a “Declaração sobre os Princípios de Direito
Internacional Referentes à Relações Amistosas e a Cooperação entre os
Estados de Conformidade com a Carta das Nações Unidas”.
Neste campo, tal procedimento tem um valor relativo, pois
gerado dentro da principal Organização Internacional de caráter universal
atualmente existente. Contudo, não se pode apegar às mesmas como sendo
algo consagrado e aceito por todos os membros da Sociedade Internacional,
muito menos ser algo consagrado no Sistema Normativo Internacional ou no
Direito aceito. Observar que muito dos Princípios listados, falam de um
direito desejável, buscado, não propriamente o que é aplicado. Em tal
Resolução da ONU, os Estados firmaram os seguintes Princípios, aqui
apontados de forma livre:

1)-O PRINCÍPIO QUE OS ESTADOS, EM SUAS RELAÇÕES


INTERNACIONAIS, SE ABSTERÃO DE RECORRER À AMEAÇA OU
AO USO DA FORÇA CONTRA A INTEGRIDADE TERRITORIAL OU
A INDEPENDÊNCIA POLÍTICA DE QUALQUER ESTADO, OU EM
QUALQUER OUTRA FORMA INCOMPATÍVEIS COM OS
PROPÓSITOS DAS NAÇÕES UNIDAS.
2)-O PRINCÍPIO DE QUE OS ESTADOS RESOLVERÃO
SUAS CONTROVÉRSIAS INTERNACIONAIS POR MEIOS PACÍFICOS
6
MELLO, Celso D. Albuquerque. Op. Cit. P. 71.

16
17

DE TAL MANEIRA QUE NÃO SE PONHA EM PERIGO NEM A PAZ


NEM A SEGURANÇA INTERNACIONAL NEM A JUSTIÇA.
3)-O PRINCÍPIO RELATIVO A OBRIGAÇÃO DE NÃO
INTERVIR NOS ASSUNTOS QUE SÃO DE JURISDIÇÃO INTERNA
DOS ESTADOS, DE CONFORMIDADE COM A CARTA.
4)- O PRINCÍPIO DA OBRIGAÇÃO DOS ESTADOS DE
COOPERAR ENTRE SI DE CONFORMIDADE COM A CARTA.
5)- O PRINCÍPIO DA IGUALDADE SOBERANA DOS
ESTADOS.
5)-O PRINCÍPIO DA IGUALDADE DE DIREITOS E A
LIVRE DETERMINAÇÃO DOS POVOS.
6)- O PRINCÍPIO DE QUE OS ESTADOS CUMPRIRÃO DE
BOA FÉ AS OBRIGAÇÕES CONTRAÍDAS POR ELES DE
CONFORMIDADE COM A CARTA.
Outra classificação dos Princípios do D.I.P.: “1-
Responsabilidade Coletiva; 2- Cumprimento das Obrigações Internacionais;
3-Efetividade; 4-Reciprocidade; 5-Coordenação;6- Relatividade”

A Constituição Federal de l988 em seu artigo 4º, ainda que se


refira a uma postura unilateral do Brasil e ao âmbito de sua jurisdição
interna, posiciona-se da seguinte maneira: “A República Federativa do
Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
independência nacional;
prevalência dos direitos humanos;
autodeterminação dos povos;
não- intervenção;
igualdade entre os Estados;
defesa da paz;
solução pacífica dos conflitos;
repúdio ao terrorismo e ao racismo;
cooperação entre os povos para o progresso da
humanidade;
concessão do asilo político.
Parágrafo único: A República Federativa do Brasil buscará a
integração econômica, política, social e cultural dos povos da América
Latina, visando a formação de uma comunidade latino-americana de
nações.”7
Há que se considerar que a origem dos Princípios internacionais
decorrentes da Resolução da ONU, enquanto fonte, originam-se de uma
Fonte Formal que será estudada, a Resolução das Organizações
Internacionais. Reparar ainda que são aplicadas aos Estados, o que as torna
restritas em relação aos demais sujeitos do DIP.

7
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 29ª ed. São Paulo: Saraiva,
2002.

17
18

1.9. NEGADORES DO DIREITO INTERNACIONAL


PÚBLICO

Autores: Espinosa, Lasson e Lundstedt ( Para este, falta


coercibilidade ao sistema jurídico internacional ).

1. Não há lei internacional que regule os direitos e obrigações.


Onde não há código, não há direito;
2. Não há juiz ou Tribunal que julgue os Estados. A regra que
não encontra sanção numa sentença judiciária é ineficaz, é como se não
existisse.
3. Não há força pública organizada para fazer respeitar o
Direito Internacional.
4. O Estado é a forma mais elevada de vida social.
5. “Os Estados vivem para satisfazer suas necessidades. Assim,
qualquer avença internacional que contrarie seus interesses internos pode
ser desrespeitado.”

Refutação:

1. Não se pode confundir o Direito com a lei.


2. A ausência de poder coativo não implica a ausência de um
direito.
3. Existe uma sociedade internacional porque existem relações
contínuas entre as diversas coletividades.
4. O DIP é um direito originário ( não se fundamenta em outro
ordenamento positivo ). Tem pouco número de membros.

1.10. FUNDAMENTO DO DIREITO INTERNACIONAL-


( Fundamento da Obrigatoriedade do Direito Internacional )

1.10.1. ESCOLA VOLUNTARISTA


Tal escola também é chamada de positivista. A visão básica é
que “A raiz da sociedade internacional é a vontade de se
associar”

1.10.1.1. Autolimitação – Jellinek – Vontade metafísica do


Estado. Limitação ao poder absoluto. O Estado no direito interno, quando
outorga a Constituição aos seus súditos, submete-se aos direitos
individuais, princípio de separação de poderes, da não retroatividade das
leis. No DI ocorre a autolimitação nos tratados.

1.10.1.2.Vontade comum ( Triepel ). A vontade de um Estado


não pode ser o fundamento, nem as leis concorrentes dos Estados. Só as
vontades de um certo número de Estados, juntadas numa unidade volitiva
podem constituir o fundamento do D.I. Outro autor afirma que: “O Estado
não pode submeter-se a newnhuma outra vontade que não a sua própria” (

18
19

p. 16). No mesmo sentido: “Não apenas um Estado externaria sua vontade,


uma uma coletividade deles” É a “vontade livre, desimpedida e soberana”
( p. 17 ).
O Brasil é voluntarista ( art. 5º, § 4º, C.F./88 ), embora haja
autgores que o colocam como monistas moderados. Prevalece a primeira
afirmativa, ao observar o sistema constitucional brasileiro.
1.10.1.3. Teoria do Consentimento das Nações
A diferença para a anterior, ainda que baseada na coletividade,
funda-se não na unanimidade, mas “a manifestação de vont ade, exercida de
maneira livre e desimpedida de qualquer vício que possa turvar sua limpidez
por parte da maioria dos Estados.” ( p. 17 )

1.10.2. ESCOLA ANTI-VOLUNTARISTA

Teoria Pura ou Objetiva do Direito: As normas encontram seu


fundamento na que lhe é imediatamente superior. Todo ordenamento
jurídico depende da norma-base que lhe dá sustentação. Assim, no Direito
Interno, cada norma inferior encontra seu fundamento na superior, até
chegar à norma maior, a Constituição. No Direito Internacional ( visto como
superior ao interno, por ter nele o fundamento de todas as normas ), haveria
uma norma superior a todas que, inicialmente, seria o PACTA SUNT
SERVANDA. (GRUNDNORM). Depois, propugnou-se pelo DIREITO
NATURAL. Outros dizem que é um postulado, que foge à dogmática
jurídica, tornando-se um problema filosófico e não propriamente jurídico-
normativo.
Hans Kelsen: norma hipotética fundamental “Grundnorm”.
Anzilotti ( Escola Italiana ): A norma-base é o “pacta sunt
servanda”

1.11.VALIDADE FORMAL

DIREITO INTERNO X DIREITO INTERNACIONAL

1.11.1. AS ESCOLAS DUALISTAS E MONISTAS

1.11.1.1. ESCOLA DUALISTA- Triepel, Oppenheim, e Karl


Strupp.

O DIP E O D. Interno são dois sistemas distintos,


independentes, separados, que não se confundem. “A norma internacional
só vale quando recebida, isto é, transformada em lei interna, não operando,
a simples ratificação, esta transformação”8
A “sociedade interna” é diferente da “sociedade
internacional”. (idem, p. 99). “A norma interna vale independentemente da
internacional” ( idem, pç. 99)
Um, trata da relação entre Estados.
8
LITRENTO, Oliveiros. Curso de Direito Internacional Público. Rio de Janeiro: Forense,
2001. p.99.

19
20

Outro, regras entre indivíduos.


O DIP depende da vontade comum de vários Estados.
O D. Interno: vontade unilateral do Estado.

1.11.1.2. ESCOLA MONISTA

O Direito é um só. É uma norma superior. Representantes:


Kelsen; Scelle (monismo sociológico).
Correntes:
1- Primado do Direito Internacional (Kelsen)
“Decerto que somente o Direito internacional é capaz de limitar o poder
estatal, de modo que o Estado não possa impor sua vontade aos órgãos da
ordem jurídica internacional. A obrigatoriedade de uma lei oposta ao Direito
Internacional só existe para efeitos internos e, quase sempre, provisórios. O
Estado prejudicado está autorizado pelo Direito internacional comum a
exigir a derrogação da mesma lei, ou sua não-aplicação, e as satisfações, se
não for atendido, no caso de que haja danos materiais ou morais a reparar.” 9
Chamado de Monismo radical. O Tratado sobrepõe-se à norma interna,
inclusive à Constituição.
Para a Corte Internacional de Justiça: os doutrinadores vêem a prevalência
da primazia do DIP sobre o direito interno dos países, conforme a leitura do
art. 27 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados.: “uma parte
não pode invocar as disposições do seu direito interno para justificar o
inadimplemento de um Tratado”

Primado do Direito Interno : representado pelo


“constitucionalismo nacionalista doutrinário” que tem suas bases filosóficas
no sistema de Hegel, em que se justifica a soberania absoluta, incontrolável
do Estado. Nesta concepção, o Direito internacional não passa de um Direito
estatal público externo, o que significa nega- lo, tal como o encaramos, ou
reduzi- lo a uma mera fonte de regras políticas ou morais. Justifica-se a
teoria, historicamente, pela anterioridade do Estado e, formalmente, pelo
processo de criação das regras de Direito internacional.”10 Em outro trecho,
informa o autor citado: “Sendo dado que a lei interna se define pela vontade
do Estado, pode-se dizer também que o Direito internacional fundamenta-se
na vontade do Es tado e é válido graças a essa vontade. É válido graças ao
Estado, para o Estado e contra o Estado. É válido com a mesma autoridade
que todo outro Direito que emane do Estado.”11 ( p. 143 ).
O Tratado equivale à lei ordinária, subordinada a norma constitucio nal do
direito interno. A norma internacional contida numa Convenção da qual o
Brasil seja signatário não dispõe de qualquer vigência ou eficácia no direito
interno brasileiro ( Moraes, Alexandre de. Direito Constitucional, p. 591 ).

9
BOSON, Gerson de Britto Mello. Direito Internacional Público. 3ª ed. Belo Horizonte:
Del Rey, 2000. p. 144.
10
BOSON, Gerson de Britto Mello. Op. cit. p. 142, 143, com omissões propositais.
11
Idem, p. 143.

20
21

CONSEQÜÊNCIAS NAS FORMAS DE RECEPÇÃO DO DIREITO


INTERNACIONAL PELO DIREITO INTERNO

a)- Sistema de Transformação : O Estado recusa em absoluto a vigência do


D.I.). Tipifica a visão dualista e voluntarista do direito. Ex.: Brasil.
b)- Sistema de cláusula geral de recepção plena ou Sistema de Recepção
Automático. O Estado reconhece a plena vigência de todo o D.I. na ordem
interna. Aponta para uma visão anti-voluntarista e monista do direito.
Exemplos explícitos são encontradiços nas Constituições de alguns países
no pós-2ª Guerra Mundial . Neste sentido, “Exemplifique-se com o que
ocorreu com os textos constitucionais da França – em seu art. 26 preceitua
que “tratados diplomáticos regularmente ratificados e publicados têm força
de lei, ainda mesmo que sejam contrários às leis internas francesas” -, da
Itália – art. 10 ( “o Estado italiano se conforma às normas do direito
internacional geralmente reconhecidas”)- e da Alemanha – art. 25 (“As
regras do direito internacional fazem parte integrante do direito federal.
Primam sobre as leis e fazem nascer diretamente direitos e obrigações para
os habitantes do território federal.”) 12
c)- Sistema Misto: O Estado não reconhece a vigência automática de todo o
D.Y., mas reconhece-o sobre certas matérias ( sistema de cláusula geral de
recepção semiplena ). Há recepção plena para certas matérias definidas e,
para outras, há que se fazer a transformação)

1.12.VALIDADE MATERIAL

1. Competência do Direito Internacional ( Art. 2º, alínea 7 da Carta da


Organização das Nações Unidas ): “Nenhum dispositivo da presente Carta
autorizará as Nações Unidas a intervirem em assuntos que dependam
essencialmente da jurisdição de qualquer Estado ou obrigará os membros a
submeterem tais assuntos a uma solução, nos termos da presente Carta; este
princípio, porém, não prejudicará a aplicação das medidas coercitivas
constantes do Capítulo VII.”
2.Domínio Reservado dos Estados ( ou Assuntos Domésticos dos Estados ):
âmbito de alcance da jurisdição interna dos Estados soberanos, normalmente
delineada na Constituição Fundamental do País.
3. Mista: Hoje há áreas em que o D.I.P. tem “invadido” a esfera dos Estados
soberanos. As situações mais típicas nota-se no Direito Internacional dos
Direitos Humanos, no Direito Internacional do Meio Ambiente e quando um
Estado ameaça ou quebra a paz mundial sem fundamento.

12
Miliauskas, Cleide. Intervenção da ONU no Domínio Econômico de seus Estados-
Membros – A Questão do Iraque. In: Revista de Direito Internacional Econômico: Porto
Alegre: Sínte4se/INCE, v. 2, n. 1, out/dez.2002. p. 79.

21
22

CAPÍTULO II

FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL


PÚBLICO
CONCEITO
2.1. FONTES MATERIAIS DO D.I.P. As fontes materiais
dizem respeito aos fatores sociais, político, econômicos, históricos e outros
que induzem o nascimento da norma positivada. No caso do Direito
Internacional, estes fatores estariam imediatamente ligados ao surgimento
ora do costume, ora de uma Convenções internacional.

2.2. AS FONTES FORMAIS SEGUNDO A CORTE


INTERNACIONAL DE JUSTIÇA OU TRIBUNAL INTERNACIONAL
DE JUSTIÇA. As fontes formais, ao revés das materiais, já são aquelas
onde se vê a norma revelada, estabelecida, positivada. Dentre as várias
fontes formais, pode-se apontar as principais:
a)- COSTUME INTERNACIONAL
b)- CONVENÇÕES OU TRATADOS INTERNACIONAIS
c)- PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
Textualmente, o artigo 38 do Estatuto da C.I.J. assim enuncia:
2.2.1. COSTUME INTERNACIONAL: Algumas regras entre
os Estados já existiam de modo prático, como um direito consuetudinário.
“O costume internacional, também denominado “usos e costumes
internacionais” “prática internacional” ou ainda “Direito internacional não
escrito” ( “jus non scriptum” ) ou Direito Internacional Geral ou Direito
Internacional Comum ou ainda Direito Internacional Consuetudinário,
consiste numa das mais importantes fontes do Direito Internacional Público,
ainda nos dias correntes, dada a ausência de um centro unificado de
produção de normas jurídicas nas relações internacionais.” (SILVA
SOARES, 80,81 )
“Conforme a tradição, a unanimidade da doutrina
internacionalista e inúmeros precedentes de tribunais internacionais para
que um comportamento comissivo ou omissivo seja considerado como um
costume jurídico internacional, torna-se necessária a presente de dois
elementos constitutivos: (a) um elemento material, a “consuetudo”, ou seja,
uma prática reiterada de comportamentos, que, no início de sua formação,
pode ser um simples uso ou prática; e (b) um elemento psicológico, ou
subjetivo, a “opinio juris vel necessitatis” ou seja, a certeza de que tais
comportamentos são obrigatórios, em virtude de representarem valores
essenciais e exigíveis de todos os agentes da comunidade dos Estados.” (
idem, 82 ). “O costume internacional vem a ser o conjunto de normas
consagradas por longo uso e observadas nas relações internacionais como
obrigatórias. Da última definição constatamos que o uso é forma de
proceder uniforme e constante aceita e adotada pelos membros da sociedade
internacional nas suas relações mútuas. Logo, vem a ser o primeiro
elemento do costume internacional. O segundo é a opinião júris vel
necessitatis, que é o elemento psicológico, convicção de obrigatoriedade,
que distingue, essencialmente, o costume internacional da comitas gentium

22
23

ou cortesia internacional, não obrigatória.”13 Quatro elementos compõe o


Costume: 1)- Repetição da conduta; 2)- crença no costume como conduta;
3)- imprecisão do início; 4)- prazo considerável. OBS.: Não se concebe o
“costume instantâneo” ( Gario, José Maria. Temas de Derecho Internacional
Publico. P. 36 ).. O elemento psicológico ou imaterial do costume orienta-se
pela idéia de que assim se procede “por ser necessário, justo e
conseqüentemente jurídico.” ( Rezek, p. 113 ).
Também chamado de usos e costumes internacionais.
2.2.2. TRATADOS INTERNACIONAIS: “Sabe-se que os
tratados e convenções internacionais são a manifestação expressa de um
acordo de vontade entre Estados ou entre sujeitos de Direito Internacional e
destinados a produzir efeitos de Direito. Como bem explica H. Accioly, essa
manifestação surge sob duas formas: a de tratados especiais ou tratados-
contratos (que outros Autores denominam de particulares ou bilaterais) e de
tratados gerais ou tratados- leis, também chamados normativos, por outros
ainda chamados coletivos ou plurilaterais. Estes últimos exprimem vontades
paralelas enquanto que os primeiros supõem acordo de vontade
primitivamente divergentes.” Mais adiante, o mesmo autor explica:
“Rigorosamente falando, só os tratados- leis ou normativos constituem fonte
direta de Direito Internacional.” 14
2.2.3. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: Litrento afirma
que “muitos autores identificam com o próprio Direito
Natural.”15 Socorremo- nos do que diz SILVA SOARES: “existe uma
discussão teórica, que se arrasta desde a entrada em vigor do primitivo
Estatuto da CPJI, quanto à natureza jurídica dos referidos princípios gerais
de direito: a)- se são aqueles princípios gerais vigentes na maioria dos
direitos internos das nações da atualidade ( e então aquela adjetivação teria
sentido, porém sem a palavra “civilizadas”, mas ainda remanescendo uma
discussão do que se entende por nação, se eventualmente sinônimo de
Estado, ou se um conceito mais geral de “povos”; ou b)- se aqueles
princípios gerais vigentes unicamente no ordenamento internacional ( e, na
verdade, alguns princípios, como o da igualdade dos Estados, ou o do direito
subjetivo à independência, ou ainda o direito de passagem inocentes para os
navios mercantes em tempo de paz, não teria sentido existir num
ordenamento interno dos Estados, concebido como um sistema fechado); ou
c)- se aqueles tão gerais, presentes em qualquer ordenamento jurídico
interno ou internacional, e que se confundiriam com a própria
normatividade ( e, portanto, sua enunciação como fonte de direito, seria
inútil, pois representariam eles a própria essência ontológica do fenômeno
jurídico”16 Pode-se dizer que: “são os bens jurídicos, que devem ser
protegidos, preservados, antes mesmo de se tornarem normas obrigatórias.”
( p. 4l ).
A Corte internacional de justiça denomina-os de “Princípio
geralmente aceitos.” ( p. 41, RRG )

13
Litrento, Oliveiros. Op. Cit. 106.
14
Idem, p. 108.
15
Idem, p. 106.
16
SILVA SOARES, Guido Fernando. Direito Internacional do Meio Ambiente. p. 90.

23
24

2.2.4. OUTRAS FONTES FORMAIS: A doutrina aponta


ainda, como outras fontes do DIP atualmente: as resoluções obrigatórias das
Organizações Internacionais e as Declarações Unilaterais dos Estados.
2.2.4.1.. RESOLUÇÕES OBRIGATÓRIAS DAS
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS: “Na verdade, as organizações
intergovernamentais são, um sujeito de direito internacional, tal como o
Estados. O são, porém sem a totalidade das capacidades que estes possuem;
uma das restrições diz respeito a não poderem integrar como partes um
contencioso contra Estados, perante a CIJ, segundo o art. 34 do seu
Estatuto,, podendo, no entanto, solicitar- lhe Pareceres Consultivos. Em
virtude de serem pessoas coletivas, carregam a nota características das
construções tipificadas como tal, ou seja, o fato de a personalidade da
organização não se confundir com a personalidade de seus membros.”
“Assim, é necessária em primeiro lugar, um exame dos
tratados-fundações de cada organização intergovernamental, para ter-se uma
idéia da coercitividade e da exigibilidade que os Estados conferiram aos atos
unilaterais que expedem; em outras palavras, até que ponto esses tratados
multilaterais conferiram ao “direito derivado” a qualidade de serem fontes
do Direito Internacional?”(p.119).
Alguns colocam as Resoluções equivalentes aos Atos
Unilaterais dos Estados.

2.2.4.2. ATOS UNILATERAIS DOS ESTADOS: “Em sua


tipicidade, atos unilaterais são manifestações de vontade de um único sujeito
e Direito Internacional, o qual produz efeitos jurídicos na esfera da atuação
do Direito Internacional Público, portanto, erga omnes, na comunidade dos
Estados, Conforme já acentuamos, trata-se de manifestações unilaterais dos
principais sujeitos do Direito Internacional Público, como os Estados e as
organizações inter- governamentais, as quais não figuram no rol das fontes,
conforme contempladas no art. 38 do Estatuto da CPJI, hoje, CIJ. Nem por
isso, são tais atos unilaterais desprovidos da força de gerar normas jurídicas
internacionais, exigíveis de quaisquer pessoas submetidas ao Direito
Internacional. Enquanto os atos unilaterais imputáveis dos Estados tem
força normativa autônoma, os imputáveis às organizações inter-
governamentais dependem de exame de sua legalidade e legitimidade, em
função dos Estatutos que governam tais entidades. Note-se, desde já, que as
manifestações de vontade imputáveis às organizações inter-governamentais,
em que pese sua gênese multilateral, são consideradas como atos
unilaterais.”.
O mesmo autor continua: “Por sua vez, os atos unilaterais dos
Estados, com efeitos no Direito Internacional, podem ser os praticados com
vistas a produzir diretamente tais efeitos, e conformar-se com os usos e
costumes internacionais, como o protesto diplomático, a ratificação de um
tratado, a retirada de uma organização inter- governamental, o
reconhecimento formal de uma situação, digamos, de beligerância ( de
modo expresso, como um rompimento formal de relações diplomáticas ou,
de modo implícito, como a prática de atos incompatíveis com um tratado de
amizade e consulta), ou ser atos tipicamente gerados no ordenamento
interno dos Estados e que têm efeitos internacionais ( o exemplo mais

24
25

notável é o da denominada teoria do ato do Estado, Act of State Doctrine,


em que atos administrativos, com ou sem a adoção de leis internas de um
Estado, têm efeitos no Direito Internacional, como os exemplos das
nacionalizações de bens de súditos estrangeiros.” (p. 113 ).
Também se pode comentar que “O ato unilateral é a
manifestação de vontade de sujeitos de direito internacional capaz de
produzir efeitos jurídicos na sociedade internacional” ( p. 42, RRG )
Tais atos podem ser tácitos ou expressos.
Exemplos: rompimento de relações diplomáticas; advertências;
aquiescências; oferecimento dos bons ofícios; promessas
Como conclusão do assunto, impede registrar outras fontes que
estão colocadas mais ao nível da interpretação do direito, pode-se mencionar
a doutrina e a jurisprudência internacionais. Esta refere-se às produzidas
“pelos tribunais internacionais, ou aque les que, embora sendo tribunais
internos dos Estados, tenham decidido sobre matéria de interesse
internacional” ( p. 42 ).

SÍNTESE DAS FONTES FORMAIS HOJE:

COSTUME INTERNACIONAL, TRTADOS


INTERNACIONAIS, PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO,
RESOLUÇÕES OBRIGATÓRIAS DAS ORGANIZAÇÕES
INTERNACIONAIS E ATOS UNILATERAIS DOS ESTADOS.

2.3. O DIREITO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS

Base Normativa:
- Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (l969);
- Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entre
Estados e Organizações Internacionais ou entre Organizações Internacionais
e O.I. (1986)
Conceito: “O ato jurídico por meio do qual se manifesta o
acordo de vontades entre duas ou mais pessoas internacionais.” Excluem-se,
por exemplo, acordos de compra petrolíferas, contratos com multinacionais,
etc.
Sinonímia: Convenção, Protocolo, Pacto, Convênio, Declaração,
Ajuste, Carta, Ato, Compromisso, Arranjo, Aliança, Modus Vivendi, Troca
de Notas, Estatuto, etc.
Concordata: Santa Sé x outros Estados. (“Tratados religiosos”)
Qualquer que seja a sua denominação, Tratado se refere a um
acordo regido pelo direito internacional ( Art.2º, I,C.V./1969 )
Formalidade: O Tratado é um acordo formal, escrito.
Atores: Pessoas jurídicas de direito internacional público
Número de Partes: Conforme seja o número de partes
envolvidas, os Tratados são designados como:
Bilateral ( Estado x O.I; O.I. x O.I. ) (dois
Sujeitos).

25
26

Multilateral ( ou Coletivo): 3 ou mais


Estados. ( tem cláusula de adesão ).
Capacidade de concluir tratados:
Estados soberanos, as Organizações Internacionais, os
Beligerantes, a Santa Sé e outros entes internacionais.
Também: Estados dependentes, membros de uma federação ( em
certos casos especiais, sim )
O Direito interno ( Constituição ) pode dar aos Estados
federados este direito. Ex.: Suíça, Alemanha e Rússia.
Os Estados federados da federação americana podem, mas
nunca o fizeram. No Canadá, só o Governo central.
A Santa Sé sempre teve o direito de firmar tratados.
As O.I. tiveram tal direito reconhecido pela C.I.J.
Beligerantes e Insurgentes também possuem o direito de
Convenção, após o reconhecimento ( “oportunismo político” ). Atualmente,
os movimentos de libertação nacional têm concluído tratados.

Condições Intrínsecas:
Habilitação dos Agentes Signatários. Tal é definido pelo direito
interno de cada Estado.
“A voz externa do Estado, é por excelência, a voz do seu Chefe”
( Rezek, p. 34 ). Pode o Chefe de Estado/Governo delegar tal competência
através de um documento específico para tal.
É feita pelos “plenos poderes”: que dão aos negociadores “
poderes de negociar e concluir tratados”. São os plenipotenciários. Surgiu
pela impossibilidade dos Chefes de Estado estarem em todos os tratados.
Outra razão: a assinatura do Chefe de Estado dispensa a ratificação.
Tal documento é dispensado aos Chefes de Estado e de Governo
( no Brasil, é competência privativa do Presidente da República, art. 84,
VIII, C.F./88 ), Ministro das Relações Exteriores (competência derivada),
Chefes de Missões Diplomáticas junto ao Estado em que estão acreditados.
Nos T. bilaterais: Trocados pelos negociadores.
Nos T. multilaterais: A verificação por uma Comissão ou pelo
Secretariado e ali são depositados nos arquivos da reunião. Existe o texto
original ( primeira versão ) é as versões autênticas.

a)- Objeto Lícito e Possível

É nulo o tratados que viola uma norma imperativa do D.I. ex.


Carta da O.N.U. ou o jus cogens.

b)-Consentimento mútuo e livre


Não deve sofrer nenhum vício ( erro, dolo e coação, viciam o
tratado.
Fundamento: “pacta sunt servanda” ( o pactuado deve ser
cumprido ), fundamento último no D. Natural.
Efeitos: normalmente, limitam-se às partes contratantes. “ Um
Tratado não cria nem obrigação nem direito para um terceiro Estado sem o
seu consentimento.” ( Art. 34 da C.V. ) Não tem efeito temporal retroativo.

26
27

Redação ( ou composição ). Duas partes- Preâmbulo e Parte


Dispositiva e Anexos ( se houver ).
Preâmbulo: Enunciado das finalidades do Tratado e a
enumeração das partes.
Parte Dispositiva: É redigida sob a forma de artigos, sendo nela
que estão fixados os direitos e deveres das partes contratantes. Lugar, data e
assinatura.
O idioma é escolhido livremente pelas partes e é escrito. No
passado, utilizava-se o latim. Depois, o francês; Após, o inglês. Hoje utiliza-
se tantas línguas quanto forem os Estados contratantes.

Fases, passos ou etapas:


Tratado em sentido estrito, também chamado Tratado Clássico (
conclusão mediata ) : negociação, assinatura, ratificação, promulgação,
registro e publicação. Há uma unidade de instrumentos jurídicos.
São aqueles submetidos à ratificação, após terem sido aprovados
pelo Poder Legislativo.
Acordo em Forma Simplificada ( conclusão imediata ). Também
chamado de Tratado Executivo: Negociação e assinatura.
A negociação deve ser feita de boa fé.
A assinatura é um dos momentos de formular reservas (
ressalvas ) quanto ao cumprimento de determinadas cláusula contratual.
O poder para firmar a ratificação é fixado livremente pelo
Direito Constitucional de cada Estado. É um assunto do Direito interno. É a
confirmação do tratado pelo Chefe de Estado. Repare que a Ratificação de
um Tratado é assunto do Direito Internacional, entretanto, quando se trata da
decisão de quem é competente para fazê- lo pelo país, é uma questão do
Direito Interno do Estado, ora a Constituição, ora a lei ordinária. Por isso,
quando a dimensão da ratificação transcende o direito interno, será melhor
dizer Ratificação Internacional.
O Brasil exige a aprovação do legislativo ( Congresso ). Para
tanto, a proposta do Presidente é sujeito à apreciação da Comissão de
Justiça, sem modificação do texto, órgão do Congresso Nacional. Segundo o
art. 49, I, da C.F./88, o Congresso aprova o tratado e autoriza a ratificação,
caso assim o decida, por meio de um decreto legislativo e a promulgação
pelo executivo por meio de um decreto, atos que serão publicados no
D.O.U.
Qual o nível que é aprovado o Tratado? Para a doutrina interna,
os Tratados regularmente ratificados, entram no ordenamento jurídico ao
nível de uma lei ordinária ( contra, Pereira, Bruno Yepes. Curso de DIP, p.
74 ). Para outros, especialmente em se tratando de Convenções relativas aos
Direitos Humanos, prevista no art. 5º, § 1º, § 2º e § 3º da Constituição,
deverá receber o tratamento de Emenda Constitucional ( cuja votação tem
que ser feita em dois turnos, com 3/5 do senado e o mesmo quorum na
Câmara dos Deputados , conforme alteração da C.F./88 pela emenda
45/2004 ), sendo recepcionado como tal.
A ratificação internacional é um ato discricionário do Chefe de
Estado, não tem efeito retroativo, não tem prazo para ser efetuada e deve ser
sempre expressa. A ratificação é irretratável ( Rezek, 53 ).
Em geral, ocorre por Carta de Ratificação.

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28

Pode haver recusa de ratificar.


Adesão e aceitação ( “é o ato jurídico pelo qual um Estado que
não é parte de um Tratados, declara-se obrigado por suas disposições” ). A
Adesão pode ser limitada e ilimitada. Outra definição do que seja Adesão é
o “ato jurídico pelo qual o sujeito do D.I. ingressa em tratados cocnluídos
entre outros”.
Tratados bilaterais, há troca de ratificação. Multilaterais:
depósito.
Publicação e Registro: Todo Tratado internacional deverá, logo
que possível, ser registrado no Secretariado e por ele publicado ( Art. 102
Carta da ONU ).
Nenhuma parte num Tratado não registrado poderá invocá-lo
perante qualquer órgão da ONU.
Existe também a denominada “Cláusula da Nação mais
Favorecida”, que permite um terceiro Estdo invocá-la, caso o Estado que
consigo firme Tratado, tenha privilegiado algum outro Estado em situação
similar.
Emenda e Revisão: É possível seguindo-se o que o próprio
tratado deliberar.
Interpretação dos Tratados:
A C.V. l969 e l986 nos arts. 31 a 33 estipulam a regra geral que
um tratado deve ser interpretado de boa fé.
Leva-se em consideração não só o texto, mas também o
preâmbulo e os anexos.
Reservas
Conceito: “é uma espécie de exclusão de uma parcela das
obrigações impostas por um tratado, por parte de um Estado signatário.”
(p. 76).
Exceções quanto ao uso: a)- A reserva seja proibida; b)- O
Tratado disponha que só possam ser formuladas determinadas reservas,
entre as quais não se inclui a reserva em pauta; c)- Nos casos que sejam
previstos nas alíneas a e b as reservas sejam incompatíveis com a finalidade
do Tratado.
Controvérsia de Aplicação de Tratados Sucessivos sobre a
mesma matéria: “ No caso de conflito entre as obrigações dos membros das
Nações Unidas em virtude da presente carta e as obrigações resultantes de
qualquer outro acordo internacional, prevalecerão as obrigações assumidas
em virtude da Carta” ( Art. 103 ),
Jus cogens ( Art. 53 C.V. l969 ) – Nulo o Tratado.
Nulidade: Em virtude de erro, dolo, corrupção do Representante
do Estado. Coerção sobre o Representante ou ameaça ou emprego de força,
desconhecimento do jus cogens.
Nulidade relativa: Erro ( art.48) dolo ( art. 49 )
Nulidade absoluta: Coação ( art. 51 e 52 ) e Conflito com o jus
cogens ( art. 53 ).

Causas de Extinção dos Tratados Internacionais:


1)- Execução integral do tratado: cumprimento do objeto do
mesmo.

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29

2)- Expiração do prazo convencionado (caducidade); Rezek, p.


100, denomina: “pré-determinação ab-rogatória”. Prazo previamennte
fixado ( início e término da vigência )
3)- A verificação de uma condição resolutória, prevista
expressamente;
4)- Acordo mútuo entre as partes;
5)- A renúncia unilateral, por parte do Estado ao qual o tratado
beneficia de modo exclusivo;
6)- A impossibilidade de execução ( cláusula “rebus sic
stantibus”: alteração das condições vigentes à época da assinatura. ). Se for
temporária, suspende a execução do Tratado.
7)- A denúncia, admitida expressa ou tacitamente pelo próprio
tratado;
8)- A inexecução do Contrato por uma das partes contratantes;
9)- A guerra sobrevinda entre as partes contratantes;
10)- A prescrição liberatória: “Extingue a responsabilidade
internacional do Estado. Uma vez invocada e havendo silêncio do credor
durante o espaço de tempo mais ou menos longo, está caracterizada a
prescrição liberatória”.

CAPÍTULO III: OS SUJEITOS DO D.I.P.


A Sociedade Internacional é constituída pelos Estados,
Organizações Internacionais, Coletividade Não-Estatais ( como o Estado da
Cidade do Vaticano o Comitê Internacional da Cruz Vermelha ) e outros
sujeitos com ou sem capacidade internacional que nela transitam. Os
Sujeitos do D.I.P. apresentam-se conforme este ordenamento o admite.
Originalmente, eram só os Estados soberanos admitidos como sujeitos.
Depois, admitiu-se as Organizações Internacionais. Hoje em dia, admite-se
que o Homem, mormente quando se aplicam as normas do Direito
Internacional dos Direitos Humanos, deixa de ser simplesmente um súdito
do seu país para tornar-se um sujeito do D.I. podendo assumir reclamações
internacionais. Assim como a sociedade no direito interno, a sociedade
internacional é dinâmica e torna-se cada vez mais abrangente. Há inúmeras
tendências, tal qual a admissão da HUMANIDADE ser sujeito do D.I. (
veja-se o caso da existência do Patrimônio Comum da Humanidade, a Área,
ou seja, os fundos marinhos; há quem especule sobre a personalidade
incipiende das ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS
INTERNACIONAIS ). Por uma questão de origem e de influência na vida
internacional, na seqüência que propomos, o primeiro sujeito do D.I.P. a ser
estudado será o Estado. São os Estados os que originaram a construção do
D.I. e que, ainda hoje, lhe dão os principais rumos e estabelecem as normas
que vão vigorar para a Sociedade Internacional.

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3.1. O ESTADO COMO SUJEITO DO DIREITO


INTERNACIONAL PÚBLICO

Introdução- Por mais de 300 anos o DIP só considerou os Estados.


Primeira mudança: Vaticano. Atualmente: personalidade das Nações
Unidas e de algumas O.I.
O SUJEITO ESTADO: SOBRE A SUA FORMAÇÃO
ORIGEM
Domínio da história, da sociologia, da teoria geral do Estado.
O processo primário: suas origens se perdem no tempo ( migrações,
usurpações, conquistas, partilhas, fusões.
O processo secundário: desenvolvimento do liberalismo democrático.
Genericamente:
AQUISIÇÃO E PERDA DE TERRITÓRIO
-Descoberta: No passado, as potências navais adquiriram
territórios pela descoberta, seguide de ocupação efetiva ou presumida. O
objeto da descoberta era a terra nullius ( ou terra de ninguém ), não
necessariamente inabitadas, desde que o eventual elemento indígena não
oferecesse resistência.
Ex.: O caso do descobrimento do Brasil por Portugal é o
modelo perfeito do que os europeus da época e épocas posteriores
entendiam como descoberta e apossamento de terra nullius.

Terra Derelicta: Outra forma efetuada pelos Estados de intensa


presença nos mares era a terra derelicta, ou seja, a terra abandonada pelo
seu primitivo descobridor, tornando-a igual ao estatuto da terra nullius.
Exemplos: caso da Espanha que abandonou a ilha de Palmas, Malvinas e as
Carolinas, ocupada depois pelos Países Baixos, Grã-Bretanha e Alemanha.
Conquista: Emprego de força unilateral ou como resultado do
triunfo no campo de batalha. Exemplos: vários pontos do continente
americano, a Espanha aniquilou o ocupante nativo e era a forma mais rude
de conquista.
Cessão Onerosa: ( Compra e Venda ou permuta )
Exemplos: EUA compraram a Louisiânia da França, em 1803, por 60
milhões de francos. Alaska, da Rússia, em 1867, por 7,2 milhões de dólares.
Brasil adquiriu o Acre da Bolívia em 1903 por 2 milhões de Libras
Esterlinas e a prestação de determinados serviços.
Cessão Gratuita: Eufemismo. Típica dos Tratados de Paz.
Exemplo: a França cedeu gratuitamente a Alsácia-Lorena para Alemanha,
após ter sido derrotada na guerra bilateral de 1871.
Ao tempo da 1ª Guerra, nova cessão gratuita no sentido inverso, em que a
Alemanha cedeu gratuitamente a Alsácia-Lorena pelo Tratado de Versalhes
de 1919.
B)-OUTRAS FORMAS DE SURGIMENTO DE UM
ESTADO:
1)- SEPARAÇÃO DE PARTE DA POPULAÇÃO E DO TERRITÓRIO
DO ESTADO, SUBSISTINDO A PERSONALIDADE INTERNACIONAL
DA MÃE-PÁTRIA.
Grande maioria dos Estados do séc. XIX E XX.
Situação ocorrida com os EUA, Brasil e demais países hispano-americanos.

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31

2)- DISSOLUÇÃO TOTAL DO ESTADO, NADA


SUBSISTINDO.
Grã-Colômbia (1830): República de Nova Granada ( Colômbia, Venezuela
e Equador.)
URSS: Federação Russa, sede em Moscow. Ucrânia, Geórgia e Bielo-
Rússia.
3)- FUSÃO EM TORNO DE UM ESTADO NOVO
Pode ocorrer pacíficamente ou por conquistas.
Ex.: Itália ( 1860 ): Ducado de Modena, Parma e Toscana e o Reino de
Nápoles, foram incorporados ao Piemonte.
Sujeitos do DIP: “ É toda entidade jurídica que goza de direitos
e deveres internacionais e que possua capacidade de exercê-los ”
Enfoques:
Clássico: noção de sujeito do D.I. só os Estados;
Realista ( ou individualista ): O destinatário é o indivíduo.
Mista ( não só os Estados e o indivíduo com reservas ).
Os Estados com capacidade internacional plena são “aqueles cuja
capacidade não sofre qualquer restrição de caráter geral e permanente” (
Litrento, op. cit. p. 116).
Os Estados são chamados por alguns doutrinadores de: sujeito-
tipo ( Velasco ); “Sujeito por excelência” ( Fausto Quadros e André
Gonçalves Pereira); “pivô central” ( Frank Attar); “ Sujeito originário”, “
principal sujeito”, “ é o criador dos demais sujeitos do D.I.”
O D.I. gira em torno das relações interestatais quase que
exclusivamente, defendem alguns doutrinadores.
A sua moderna configuração nasceu na Europa ocidental em
época que os grandes Estados Nacionais já estavam formados.
3.2. Elementos Constituintes:
1)- Uma base territorial ( inclui o espaço aéreo )
2)- Uma comunidade humana estabelecida sobre a área ( composta por
nacionais e estrangeiros )
3)- Uma forma de governo não subordinada a qualquer autoridade superior
4)- Capacidade de entrar em relação com os demais Estados.
A doutrina registra ainda a existência, quanto à capacidade dos Estados, de
Estados SEMI-SOBERANOS e Estados NÃO-SOBERANOS17 .
TENDÊNCIAS MODERNAS ( discussão ):
Primeira vertente: vê uma tendência à extinção dos Estados
contemporâneos. Os Estados tendem a ser substituído por forças mais
dinâmicas. As multinacionais ( ou transnacionais ) ameaçam o Estado.
Segunda vertente: em sentido inverso está ocorrendo é o fortalecimento do
Estado contemporâneo. Na regionalização ( através dos blocos regionais
tipo o MERCOSUL, NAFTA, UNIÃO EUROPÉIA ) esta se firmam no ator
Estado, sendo este insubstituível. Assim os blocos econômicos, políticos,
militares, longe de levarem à extinção do Estado, reforçariam a importância
da existência destes.
“O Governo do Estado é o órgão atuante da soberania nacional perante a
ordem do Direito das Gentes.”
(Boson)
Nação: em inglês, é igual a Estado.
17
Litrento, Oliveiros. Op. cit. p. 116.

31
32

Em Português: “ designa um conjunto de pessoas ligadas pela consciência


de que possuem a mesma origem, tradição e costumes comuns, e geralmente
falam a mesma língua.”
Mancini: Defende o “Princípio das Nacionalidades”, segundo o qual os
Estados deveriam ser organizados tendo em consideração o fator nação.
População: Massa de indivíduos, nacionais e estrangeiros, que
habitam o território em um determinado momento histórico; é a expressão
demográfica, um conceito aritmético, quantitativo.
Território determinado: não deve ser entendido em sentido
absoluto. Não é necessário que o Estado esteja perfeitamente delimitado.
América Latina: os Países foram reconhecidos antes de estabelecidos os
limites exatos. Hoje: África.

A extensão não influi, em virtude do princípio da igualdade jurídica dos


Estados.

Governo: Governo soberano, não subordinado a qualquer autoridade


exterior e compromissos com o D.I.

C.VIENA: “ relações amistosas entre as nações, independentemente da


diversidade dos regimes constitucionais e sociais.”

3.1.1. CLASSIFICAÇÃO :
O D.I. se interessa por sua personalidade internacional, ou seja, sua
capacidade de exercer os direitos e as obrigações por ela enunciados.

A)-ESTADO SIMPLES : Plenamente soberanos em relação aos negócios


externos e sem divisões de autonomias no tocante aos internos. Representam
um todo homogêneo e indivisível. Trata-se da forma mais comum de
Estado, sendo o tipo existente na maioria dos Estados latino-americanos.
Ex. Portugal, França ( europa )
Uruguai, Chile e Peru ( América )
Japão e Turquia ( Ásia )

B)-ESTADO COMPOSTO, ESTADO FEDERAL OU


FEDERAÇÃO DE ESTADOS:
É a união permanente de dois ou mais Estados no qual cada um deles
conserva apenas a sua autonomia interna, sendo a soberania externa
exercida pr um organismo central, isto é, o Governo Federal plenamente
soberano nas suas atribuições, entre as quais se salientam a de representar os
Estados nas relações internacionais e de assegurar a defesa externa.
Exemplo EUA ( entrada em vigor da C.F. de l789 )
SUIÇA ( 1848 ). MÉXICO ( 1875 ). REPÚBLICA FEDERAL DA
ALEMANHA; ARGENTINA ( 1860 ); VENEZUELA ( 1893 ). BRASIL (
24.2.189

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33

3.1.2. CASO ESPECIAL: OS MICRO-ESTADOS OU


ESTADOS EXÍGUOS

Considerações.
Quando foram percebidos foram vistos por parte d doutrina
como Estados semi-soberanos.

Não se nega, em princípio, que sejam soberanos.


A)Dispõem de um Território, ainda que exíguos.
Exemplos:
ANDORRA (Pirineus): 467 KM 2
LIECHTENSTEIN (encravado na Suíça): 160 KM 2
SÃO MARINHO ( situado em território italiano ): 61 KM 2
NAURU: 21 KM 2
MÔNACO (Sul da França): MENOS DE 2 KM 2
B)Possuem uma população ( em geral, todos com menos de
40.000 pessoas )
C)Suas instituições políticas são estáveis e seus regimes
corretamente estruturados, ainda que, vez por outra, originais.
Por serem Estados soberanos, em regra, detêm sobre seu
suporte físico-territorial e humano a exclusividade e a plenitude das
competências. Isto quer dizer que o Estado exerce, sem concorrência, sua
Jurisdição Territorial e faz uso de todas as competências possíveis na
órbita do Direito público.

3.1.2.1.LIMITAÇÕES
A)-LIMITAÇÕES INTERNAS
Em razão de sua exigüidade e hipossuficiência, partes expressivas de sua
competência são confiadas a outrem, normalmente a um Estado vizinho.
Exemplos:
MÔNACO À FRANÇA ( Moeda: Franco Francês )
SÃO MARINHO À ITÁLIA ( Moeda: Lira Italiana )
LIECHTENSTAIN À SUÍÇA ( Moeda: Franco Suíço )
ANDORRA ( Moeda: Peseta Espanhola e Franco Francês ; NAURU ( Dólar
Australiano )

No âmbito da Defesa Nacional ( Competência Expressiva ):


eles não a exercitam diretamente.
Dispõem, no máximo, de uma guarda civil com algumas dezenas de
guardas.
A Segurança Externa é confiadas à potência externa com que cada uma
dessas soberanias exíguas mantém laços singulares de colaboração, em geral
resultantes de Tratados Bilaterais.

B).LIMITAÇÕES INTERNACIONAIS

As demais soberanias vêem com reticências a personalidade internacional


dos Micro-Estados pelas naturais conseqüências negativas do vínculo a que
são forçados a manter com certos Estados de maior vulto.

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Exemplos:
Os Micro-Estados admitidos em certos foros internacionais: significa peso
2 à voz e voto daquele país que divide com cada um deles um acervo de
competências.
Por longo tempo, houve a restrição de sua aceitação nas
Organizações de caráter político.
Mônaco ( o menor dentre os Estados exíguos ) e Andorra, ficaram muito
tempo à margem das Organizações Internacionais.

2.ASPECTOS ESPECÍFICOS

1.1. SÃO MARINHO ( SAN MARINO )


Situado na Região Montanhosa com fortalezas medievais bem preservadas
e 3 antigos núcleos urbanos: San Marino, Serravalle e Borgo Magiore.
É um Estado Republicano, admitido em 1992 na ONU.

1.2. MÔNACO
Nacionalidade: Monegasca.
Área: 1,95 km2.
É um Principado.
Dinastia da casa de Grimaldi.
Situada na costa mediterrânea francesa ( Côte d’Azur )
População: 30.000 habitantes.
Formado por 4 pequenas cidades: a maior, Monte Carlo com 13.000
habitantes.
Língua Oficial: Francês.
Chefe de Estado: Príncipe RAINIER III

1.3. ANDORRA ( Principado de Andorra )


Situada a 3.000 m de altitude. Vive do Turismo, especialmente dos seus
centros de esqui.
Seus regentes honorários são o Presidente da França e o Bispo da Diocese
de Urgel.
Chefe de Governo eleito. É Parlamentarista com Co-Principado não
hereditário.
Língua Oficial: Catalão.
É 12 vezes menor que o DF.
Constituição data de 1993 e tornou-se completamente independente.
Admitida na ONU em 27/07/1993 e na U.E. em nov./94.
2. LIECHTENSTEIN
Situada na divisa entre a Suíça e a Áustria, nos Alpes.
Banhada pelo Rio Reno. É um “paraíso fiscal”.
É uma monarquia parlamentarista
População com 30.000 habitantes. 160 km2
3. NAURU
Ilha da Oceania. A extensão do contorno de todo o país totaliza 19 km.
Situada no Oceano Pacífico, norte da Oceania.
Nacionalidade: Nauruana.
República Presidencialista: População: 10.000 hab.

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UM CASO ESPECIAL: O ESTADO DA CIDADE DO VATICANO –


A SANTA SÉ
É o menor Estado soberano do mundo.
A Santa Sé é a cúpula governativa da Igreja Católica, instalada na cidade
de Roma.
Nome Oficial: Estado da Cidade do Vaticano e a Capital é a Cidade do
Vaticano.
Chefe de Estado: É o Papa.
Não lhe faltam os elementos conformadores da qualidade Estatal ( ainda
que de forma peculiar ):
Território: 44,00 ha ( 0,44 km 2)
População: menos de 1.000 pessoas.
Governo: independente
Argumento Teleológico: não seguem os padrões de todo Estado soberano.
A Santa Sé não possui nacionais ( mantém os laços patriais ). O vínculo
dessas pessoas lembra o vínculo funcional das Organizações Internacionais
e seu pessoal administrativo, pois não é um vínculo nacional.
Tem personalidade de Direito Internacional por legado histórico.
Visto como um caso único de personalidade internacional anômala

3.1.3. RECONHECIMENTO DE ESTADOS

O reconhecimento de Estado, é colocado como um Ato


Unilateral do Estado. Quanto à sua natureza jurídica, a doutrina tem
atribuído ora a ser um Ato Declarativo, ora um Ato Atributivo, ora um Ato
Misto, que reuniria as duas condições anteriores.
As características que o ato possui são: 1)- Irregovabilidade; 2)-
Discricionariedade; 3)- Retroatividade; 4)- Incondicionalidade (p.52,RRG ).

3.1.3.1. RECONHECIMENTO DE ESTADO


Reunidos os elementos que constituem um Estado, o governo da nova
entidade buscará o seu reconhecimento pelos demais membros da
comunidade internacional.
Por uma certa visão, “O relacionamento com os sujeitos de direito
internacional depende do reconhecimento, pois é ele que merca o início das
relações” Noutro sentido, há os que afirmam que “A existência política do
Estado é independente do seu reconhecimento pelos outros Estados. Mesmo
antes de ser reconhecido, o Estado tem direito de defender a sua
integridade e independência, de promover a sua conservação e
prosperidade e, por conseguinte, de se organizar como melhor entender, de
legislar sobre os seus interesses administrar seus serviços e determinar a
jurisdição e a competência dos seus tribunais. O exercício desses direitos
não tem outros limites senão o de exercício dos direitos de outros Estados,
conforme o direito internacional “ ( art. 12, Carta da O.E.A., citado por
RRG, p. 50,51 ).

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36

O Reconhecimento é uma decisão do governo de um Estado existente de


aceitar outra entidade como Estado.

Já foi um ato político-jurídico mais importante.


Ex.: Brasil declarou a independência em 22.09.1822. Só obteve o
reconhecimento do Rei de Portugal em 29.08.1825, através do Tratado de
Paz e Aliança.

Efeito Atributivo: Ato bilateral. Distingue o nascimento histórico do


nascimento da pessoa internacional.
Efeito Declarativo: Ato livre, retroativo e unilateral. Mais aceita.
Pode ser expresso ou tácito.

3.1.3.2. RECONHECIMENTO DE GOVERNO

O reconhecimento de Governo não importa no reconhecimento de sua


legitimidade, mas significa apenas que este possui, de fato, o poder de
dirigir o Estado e o de o representar internacionalmente.
O reconhecimento do Estado comporta automaticamente o do
governo que está no poder. Se a forma do governo muda, isto não altera o
reconhecimento do Estado. Só o novo governo terá necessidade de novo
reconhecimento.
Expresso: nota diplomática.
Tácito: início de relações diplomáticas ou celebração de um tratado.
De fato: quando provisório ou limitado a certas relações jurídicas.

3.1.3.3. RECONHECIMENTO DO ESTADO DE BELIGERÂNIA


Precede ao reconhecimento de um Estado.
Havendo o reconhecimento do Estado de beligerância, o beligerante passará
a desfrutar das regras do D.I. aplicáveis nos casos de neutralidade. Os
governos estrangeiros poderão por as duas partes em luta no mesmo pé de
igualdade jurídica, reconhecendo- lhes a qualidade de beligerantes.
Efeitos: Se são reconhecidos pela pátria- mãe como beligerantes ( ou pelo
governo legal ), não os pode tratar como rebeldes, mas ao mesmo tempo
exonera da responsabilidade decorrente dos danos causados.

3.1.3.4. RECONHECIMENTO DO ESTADO DE INSURREIÇÃO


A Insurreição, com fins puramente políticos, deixando de Ter caráter de
motim e passa a guerra civil ( sem contudo se poder reconhecer o caráter
jurídico deste), considera-se que existe uma situação de fato que, não
podendo ser qualificada de beligerância, não deve ser qualificada como
situação de pura violência ou banditismo. A este estado de fato dá-se o
nome de insurgência. Efeitos: a) não podem ser tratados como piratas ou
bandidos pelos governos que os reconheçam; b) se reconhecidos pela pátria-
mãe ou pelo governo legal, deverão ser tratados como prisioneiros de
guerra.Os atos dos insurretos não comprometem a Pátria- mãe ou o governo
legal.

36
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Posição Brasileira: Princípio da Situação de fato. Para aplicá-


lo, leva em consideração: a)- a existência real de um governo aceito e
obedecido pelo povo; b)- estabilidade desse governo; c)- a aceitação pelo
Estado da aceitação da responsabilidade pelas obrigações internacionais.

3.1.3.5. PRINCIPAIS DOUTRINAS SOBRE O RECONHECIMENTO

As Doutrinas sobre o Reconhecimento

A)-A DOUTRINA TOBAR


Carlos Tobar, Ministro das Relações Exteriores do Equador- 1907
Não se deve reconhecer governo algum oriundo de golpe de Estado ou de
revolução, enquanto o povo do respectiv o país, por meio de representantes
livremente eleitos não o tenham reorganizado constitucionalmente.
A Venezuela ( Anos 60 ), sob o Governo de Betancourt e Raúl de Leone,
praticou declaradamente a doutrina Tobar. Rompeu relações diplomáticas
com o Brasil em 1964 e restabeleceu-a após dois anos e meio; com a
Argentina, 1966 e com o Perú, 1968 ( governo de esquerda). Rafael
Caldeira assumiu em l969 e repudiu a doutrina Betancourt, sucedânea da
doutrina Tobar. A doutrina desgastou-se e hoje, a regra pragmática é a da
efetividade ( tem ele controle sobre o território ? mantém a ordem nas ruas
? honra os tratados internacionais ? )

B)-A DOUTRINA ESTRADA


Genaro Estrada ( 1930 )
Secretário das Relações Exteriores do México
“ o reconhecimento do governo constitui prática afrontosa, que fere a
soberania da nação interessada e importa em atitude crítica”
Esta doutrina restou triunfante.
A postura mais comum, se for o caso, é a ruptura de relações diplomáticas
com um regime que se avalie impalatável.

Conclusão: O reconhecimento acaba sendo um ato de conveniência política.


C)- OUTRAS DOUTRINAS - MENÇÃO
C1)- DOUTRINA JEFFERSON
Levava em conta o apoio popular que o Governo deve ter para ser digno de
reconhecimento ( p. 54, RRG )
C2)-DOUTRINA WILSON
Era similar à doutrina Tobar.

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3.1.4. DIREITO DOS ESTADOS

Introdução
1- DIREITO À LIBERDADE
2- DIREITO DE IGUALDADE
3- DIREITO DE FIRMAR TRATADOS
4- DIREITO AO RESPEITO MÚTUO
5- DIREITO DE DEFESA E CONSERVAÇÃO
6- DIREITO INTERNACIONAL DO
DESENVOLVIMENTO
7- DIREITO DE JURISDIÇÃO

INTRODUÇÃO
Para Accioly só existe um Direito fundamental: Direito à
Existência ( primordial ) e do qual decorrem todos os demais. Para
Verdross seriam cinco os direitos dos Estados: Direito à Independência,
Direito à Conservação, Direito à Igualdade, Direito à Honra ( ou ao
respeito mútuo ) e o Direito a Comerciar.
Para Gerson Britto Mello Boson: Direito Fundamental à
Existência, Direito à Igualdade, Direito ao Respeito Mútuo e Direito ao
Comércio Internacional.
A Carta da Organização dos Estados Americanos-O.E.A.-
enumera dos arts. 9 ao 22 os direitos e deveres fundamentais.
A Comissão de Direito Internacional da O.N.U. apresentou um
projeto com uma listagem, o qual foi rejeitado. Uma verificação suscinta na
doutrina, permite, inicialmente, apontar os seguintes direitos: ius belli; ius
legationis; ius tractuum; ius comercii; ius reclamationis. Fazendo-se um
apanhado mais amplo do que a enumeração retro,l a doutrina
internacional registra sobre o tema, podemos listar e comentar sobre os
seguintes direitos:

3.1.4.1. DIREITO À LIBERDADE

Confunde-se com a noção de soberania que deixou de ser o


direito absoluto e incontestável de outrora.
1)-Soberania interna: representa o poder do Estado em relação
às pessoas e coisas dentro dos limites de sua jurisdição. Também chamada
autonomia. Compreende os direitos: a)-de organização política ( escolher a
forma de governo, adotar uma Constituição política, estabelecer sua
organização política própria e modificá-la à vontade ( contanto que não
sejam ofendidos os direitos de outros Estados ); b)-De legislação ( formular
suas próprias leis e aplicá-las aos nacionais e estrangeiros, dentro,
naturalmente, de certos limites ); c)- de jurisdição, ou seja, de submeter à
ação dos seus próprios tribunais as pessoas e coisas que se achem em seu
território, bem como o de estabelecer sua organização judiciária; d)- de
domínio, em virtude do qual o Estado possui uma espécie de domínio
eminente sobre o próprio território.
2)-Soberania externa: afirmação da liberdade do Estado em
suas relações com os demais membros. Confunde-se com a independência.

38
39

Dentre tais direitos, pode-se mencionar: a)- Ajustar Tratados


Internacionais ; b)- De Legação ou de Representação; c)- de fazer guerra e
a paz; d)- o de igualdade e o de respeito mútuo.

3.1.4.2. – DIREITO DE IGUALDADE

Todos os Estados são iguais juridicamente perante o D.I.


Preâmbulo da C.N.U.: A Organização “ é baseada no princípio
da igualdade soberana de todos os seus membros” Ressalte-se que “A
igualdade jurídica não deve ser confundida com a igualdade política” 18
Conseqüências da igualdade jurídica: a)- qualquer questão que
deva ser decidida pela Comunidade Internacional, cada Estado terá direito
de voto e o voto do mais fraco valerá tanto quanto o do mais forte; b)-
nenhum Estado tem o direito de reclamar jurisdição sobre outro Estado
soberano.
Nas relações internacionais, a igualdade jurídica tenta
compensar a desigualdade de poder. De tal direito, derivam outros: a)- nos
Congressos e Conferências, os Estados se assentam e assinam os textos
segundo a ordem alfabética, podendo os seus representantes falar na língua
nacional do país. ( não impede, contudo, a fixação de uma “língua de
trabalho” ); b)- em qualquer questão que deva ser decidida pela
comunidade internacional, cada Estado, grande ou pequeno, tem direito a
um só voto, de igual valor. É o princípio democrático em direito
internacional; c) imunidade de jurisdição, em que nenhum Estado pode ter
jurisdição sobre os seus pares. As questões em que seja parte um Estado
não podem ser levadas aos tribunais de outro, mas tão-só aos tribunais
internacionais.

DIREITO DE FIRMAR TRATADOS (“jus tractuum”)

Qualquer Estado pode iniciar negociações com outro ou vários


Estados até chegar a um Tratado. Este direito decorre do fato que os
Estados são legisladores, e apenas obedecer às regras que os criam.
Um Tratado é um acordo entre Estado com o objetivo de
produzir efeitos de direito.
O Estado tem o direito de recorrer à justiça internacional, tem
legitimidade para isso. A C.I.J. está prevista no art. 92 da Carta da ONU e
com sede em Haia. Tem competência segundo o art. 36 do Estatuto da C.I.J.
“ voluntariedade de submissão”.

3.1.4.4.- DIREITO DE RESPEITO MÚTUO

Direito que tem cada Estado de ser tratado com consideração


pelos demais Estados e de exigir que os seus legítimos direitos, bem como a
sua dignidade moral e a sua personalidade física ou política, sejam
respeitados pelos demais membros da Comunidade Internacional.
18
Oppenheim apud LITRETO, Oliveiros. Op. cit. p. 125.

39
40

Um Estado deve prestar homenagens de praxe e respeitar os


símbolos nacionais do outro Estado.

3.1.4.5.- DIREITO DE DEFESA E CONSERVAÇÃO

Abrange os atos necessários à defesa do Estado contra inimigos


internos e externos.
A legítima defesa só existe em face de uma agressão injusta e
atual., “ contra a qual o emprego da violência é o único recurso possível.”
Carta da ONU, art. 2, §3: “ os membros da Organização se
abstêm, nas suas relações internacionais, de recorrer à ameaça da força ou
ao emprego da força.”
“a guerra deixou de ser um “ato de soberania” do Estado,
exercido ao sabor das conveniências deste, para se tornar, exclusivamente,
um direito de legítima defesa. Deve ser entendido como tal o direito de
fazer a guerra justa, inclusive aquela que for decretada e levada a efeito
por um organismo internacional de segurança geral” ( p. 254, GBMB ).
Algumas ações de força são consideradas legítimas: legítima
defesa, libertação colonial, ação do Conselho de Segurança para eliminar a
ameaça da guerra ou a agressão em curso e a ação de polícia da ONU.
Neutralidade permanente: Estatut o adotado por vários Estados.
Suíça ( Declaração de 20 de março de 1815 ). Áustria ( Constituição de
l955).

3.1.4.6. – DIREITO INTERNACIONAL DO


DESENVOLVIMENTO

Difere do D.I. ao Desenvolvimento, matéria afeta aos Direitos


Humanos.
A Declaração de Concessão de Independência aos Países
Coloniais e Povos ( 1960 ) abriu as portas a novos membros que não
poderiam sobreviver sem o auxílio, principalmente econômico, da
Comunidade Internacional. Alguns Estados argumentaram que o
reconhecimento do Direito Internacional do Desenvolvimento colidia com
os Princípios de Reciprocidade e da Não-Discriminação, ambos corolários
da Igualdade Jurídica dos Estados. Daí porque passou-se a falar em
igualdade jurídica, mas economicamente desiguais. O caso dos
microestados. No entanto, a A.G. tomou várias medidas para apoiar os
Estados menos capacitados.

3.1.4.7.- DIREITO DE JURISDIÇÃO

Todo Estado tem o direito de exercer sua jurisdição no seu


território e sobre a população permanente, com as exceções estabelecidas
no D.I.
O Direito do Estado sobre o território e os respectivos
habitantes é exclusivo.
Para C. Russeau, a competência territorial refere-se à
competência do Estado em relação aos homens que vivem em seu território,
às coisas que nele se encontram e aos fatos que aí ocorrem.

40
41

O Estado exerce no seu domínio territorial, todas as


competência de ordem legislativa, administrativa e jurisdicional ( F.
Rezek). Portanto, ele exerce a generalidade da jurisdição.
A exclusividade quer dizer que, no exercício de sua
competência, o Estado local não enfrenta a concorrência de qualquer outra
soberania.
Só o Estado pode tomar medidas restritivas contra pessoas,
detentor que é do monopólio do uso legítimo da força pública e previsto na
sua legislação.
Atos de autoridade ( jure imperii): pessoa pública ou no
exercício do direito de soberania. Isento da competência de qualquer
tribunal.
Atos de simples gestão ( jure gestionis): Executa tal qual uma
pessoa privada.

3.1.5. DEVERES DOS ESTADOS

Os Estados devem respeitar os direitos fundame ntais dos outros


Estados. Na verdade, reconhece-se que um “Dever jurídico é a obrigação de
cada Estado respeitar os direitos dos membros da sociedade internacional ou
sujeitos do direito internacional público.”19

3.1.5.1- OBSERVAR O “JUS COGENS” ( “invariable law”, “


jus necessarium ” ou “ius strictum” ).
“Conjunto de normas internacionais costumeiras que têm por
principal particularidade formal o fato de não poderem ser derrogadas por
outros atos jurídicos, sob pena destes incorrerem em nulidade absoluta e,
por particularidade formal, o fato de tutelarem interesses da Comunidade
Internacional no seu conjunto, acarretando a sua violação um ilícito erga
ogmnes, isto é, em relação a todos os Estados vinculados pela norma”
Outra definição: “Conjunto de normas que, no plano do direito
das gentes, impõem-se objetivamente aos Estados, a exemplo das normas de
ordem pública que em todo sistema de direitos limitam a liberdade
contratual das pessoas.” ( Rezek, 111 ).
Está no campo dos princípios do D.I.
A C. Viena ( art.53 ) o reconhece:
a) costume geral internacional ou comum ( por exemplo:
liberdade dos mares, coexistência pacífica, proibição da
escravatura )
b) normas internacionais pertencentes ao D.I. geral.
c) Princípios constitucionais da Carta da ONU ( uso da força,
condenação da agressão, preservação da paz, pacta sunt
servanda )
d) Direito internacional convencional geral sobre os Direitos
do Homem.

19
LITRENTO, Oliveiros. Op. cit. p. 130.

41
42

No caso do jus cogens existe uma obrigação que o Estado não


pode, em nenhuma hipótese, desconhecer ( art. 64 C.V. se há conflito entre
a norma e o jus cogens, a norma é nula ).

3.1.5.2.- O DEVER FUNDAMENTAL DA NÃO-


INTERVENÇÃO
O QUE É A INTERVENÇÃO?
Intervenção é a ingerência de um Estado nos negócios
peculiares, internos ou externos, de outro Estado soberano com o fim de
impor a este a sua vontade. “Veda ao Estado a ingerência na jurisdição
doméstica ou na competência internacional de outro Estado, impondo-lhe
uma vontade que lhe é estranha”20
Características da intervenção:
a)-A Imposição da vontade exclusiva do Estado que a pratica;
b)- a existência de dois ou mais Estados soberanos;
c)- Ato abusivo, isto é, não baseado em compromisso
internacional.

3.1.5.2.1. CASOS DE INTERVENÇÃO


1)- EM NOME DO DIREITO DE DEFESA E
CONSERVAÇÃO
Todo Estado tem o direito de tomar todas as medidas visando
sua defesa e conservação, dentro dos limites estabelecidos pelo D.I. e pela
Carta das Nações Unidas.
Tais medidas, entretanto, não podem ensejar um motivo para
ocupação definitiva, nem apossamento do território de outro país.
Hoje em dia, ao nível das relações internacionais, tem-se
discutivo a LEGÍTIMA DEFESA PREVENTIVA, exemplificada pela reação
americana ao ataque terrorista de 11 de setembro. Também, a ataque e
invasão do Líbano pelo Estado de Israel, alegando estar se defendendo do
Hizbolah, que na avaliação de Israel é um grupo terrorista sediado num
país soberano que, no entanto, não impede as suas ações de ataques a
Israel. Não há nada assente hoje sobre a legitimidade e a extensão de ações
de legítima defesa preventiva.

2)- PARA A PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

A questão do “Domínio Reservado dos Estados”. O


reconhecimento internacional dos Direitos Humanos na carta da ONU e na
Declaração Universal dos Direitos Humanos foi crescendo com o correr
dos anos, a ponto que seu desconhecimento e desrespeito por um Estado
justificaria uma intervenção no caso de eventuais abusos.

20
Idem, p. 130.

42
43

Qualquer Intervenção neste sentido deverá ser praticada


através de uma O.I. da qual todos os Estados envolvidos sejam membros, e,
como tais, tenham aceito a adoção da medida.
A OTAN bombardeou pontos estratégicos da Sérvia com o
objetivo de obrigar o governo daquele país a permitir o estacionamento de
suas tropas na província do Kosovo para impedir a prática de violência
contra as minorias de origem albanesa. É o exemplo mais recente de
intervenção de caráter humanitário. Neste caso admite-se o jus belli.

3)- PARA A PROTEÇÃO DOS INTERESSES DOS SEUS


NACIONAIS

Todo Estado tem o direito e o dever de proteger os seus


nacionais no exterior. Esse direito é reconhecido tradicionalmente e
Codificado na Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de l961.
Seu exercício é realizado através de missão diplomática.
A prática americana, tradicionalmente, reserva a ação de intervir
militarmente, geralmente na América Central e no Caribe, onde a vida e a
propriedade de seus nacionais sejam ameaçadas. O Pres. Roosevelt fez um
pronunciamento autorizando o envio de marines a várias nações vizinhas. A
prática tinha cessado, voltou em l965, quando os EUA enviaram tropas para
a República Dominicana devido a ameaça aos seus nacionais com a eclosão
de uma revolução interna. Depois, a OEA concordou com o envio de uma
força interamericana ( que incluía tropas brasileiras ), com o objetivo de
restabelecer a paz na ilha. Mais tarde, houve intervenção no Panamá,
Granada e Haiti.
CLASSIFICAÇÃO DA INTERVENÇÃO:
Diplomática ; Armada; Individual; Coletiva. Política ou
Humanitária ( visando a proteção de nacional ).

3.1.6. RESTRIÇÕES AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


DOS ESTADOS

1. NEUTRALIDADE
A neutralidade permanente ou perpétua ocorre quando um
Estado se compromete a não fazer guerra a nenhum outro, salvo em defesa
própria contra a agressão sofrida. Deve ser reconhecida pelos Estados, que
devem garantir, pelo menos, o dever de não violar.
Suíça, Cidade do Vaticano e Áustria.

ARRENDAMENTO DE TERRITÓRIO
Em 30.6.1977 Hong Kong deixou de ser uma Colônia Britânica
e a 1º de julho voltou a fazer parte da china.
Cessão temporária do Porto de Guantânamo, em Cuba, aos
Estados Unidos da América. O Estado que permite o arrendamento recebe
uma contrapartida financeira.

43
44

2. IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO ( OU ISENÇÃO DE


JURISDIÇÃO CIVIL E CRIMINAL )

Chama-se também de (teoria da ficção da) extraterritorialidade


pelo costume, contudo não é aceita hoje.
Imunidade jurisdicional dos funcionários diplomáticos
reconhecida por todos os Estados e codificada pela Convenção de Viena
sobre Relações Diplomáticas de l961.
Gozam de imunidade de jurisdição ou extraterritorialidade : Os
Chefes de Estado e Governo; os Agentes Diplomáticos; determinadas
categorias de cônsules; tropas estrangeiras devidamente autorizadas a
atravessar o território de um Estado ou de ele se instalar temporariamente;
os oficiais e tripulantes de navios de Guerra de um Estado aceitos em águas
territoriais de outro; Os oficiais e tripulantes de aeronaves militar
autorizadas a pousarem em território estrangeiro.

4. SERVIDÕES INTERNACIONAIS:
A jurisdição de um Estado pode sofrer restrições em favor de
outro ou outros Estados, por analogia ao direito civil, elas podem ser
consideradas “ direitos reais sobre coisa alheia. As servidões internacionais
são restrições que o Estado aceita expressa ou tacitamente quanto ao livre
exercício de sua soberania sobre seu território. Pode dar-se pr Tratado (
expressa ) ou pelo Costume Internacional.

3.1.7. RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL DOS


ESTADOS –

Princípio de que a violação de um compromisso acarreta a


obrigação de reparar o dano por forma adequada ( C.P.J.I. ).
“Hoje primam os postulados da teoria do direito internacional.
O Estado-membro da ONU, no exercício de suas competência, pode
praticar atos contrários ao direito internacional, mas incorre em
responsabilidade ajuizável perante os tribunais internacionais, mesmo que
o ato entendido como ilícito no âmbito do direito internacional não o seja
no do direito interno desse Estado.”21
Regra: O Estado é internacionalmente responsável por todo o
ato ou omissão que lhe seja imputável e do qual resulte a violação de uma
norma jurídica internacional ( extensiva às Organizações Internacionais ).
A responsabilidade pode ser delituosa ou contratual, segundo
resulte de atos delituosos ou de inexecução de compromissos contraídos.
Em geral, a responsabilidade do Estado será sempre indireta
porque somente pode praticar atos por meio dos seus agentes e, quando
responde por atos de particulares não autorizados, não é por tê-los
praticados.

21
Miliauskas, Cleide. Intervenção da ONU no Domínio Econômico de seus Estados-
Membros. A Questão do Iraque. In: Revista de Direito Internacional e Econômico. Porto
Alegre: Síntese/INCE, v. 2, n. 1, out/dez. 2002. p. 79.

44
45

Fundamento: Ato ilícito, não se investiga a culpa subjetiva. É


bastante que tenha havido afronta a uma norma do direito das gentes e daí
resulte um dano ao Estado ou O.I. Também não se admite a
responsabilidade objetiva, independente de qualquer processo faltoso,
exceto em casos especiais e tópicos disciplinados por Tratados recentes.
A responsabilidade jurídica do Estado pode achar-se
comprometida tanto por um dano material quanto por um dano moral. O
que importa é:
1º)- Que haja um dano ao direito alheio.
Se não existe o direito lesado, não se pode falar em
responsabilidade no sentido em que aqui é tomada a palavra.
2º)- Que se trate de um ato ilícito.
Ato ilícito é o que viola os deveres ou as obrigações
internacionais do Estado, quer se trate de um fato positivo, quer se trate de
um fato negativo ( omissão ). Tais obrigações não resultam apenas de
Tratados ou Convenções; podem decorrer também do costume ou dos
princípios gerais do direito.
3º)- Que esse ato seja realmente imputável ao Estado.
Quanto à imputabilidade, a mesma resulta, naturalmente, de ato
ou omissão que possa ser atribuída ao Estado, em virtude do seu
comportamento. Nesta categoria estão apenas os atos ou as omissões de
indivíduos que o representam ou o encarnem.
Mas, como a imputabilidade exige certo nexo jurídico entre o
agente do dano e o Estado, é preciso que aquele tenha praticado o ato na
qualidade oficial de órgão do Estado ou com os meios de que dispõe em
virtude de tal qualidade.
A atividade do Estado e de seus órgãos é múltipla e pode
manifestar-se de diversos modos. Situações:
1º)-ATOS DOS ÓRGÃOS DO ESTADO
a)- Atos do órgão executivo ou administrativo
São os casos mais comuns.
É incontestável que o poder executivo ou as autoridades
superiores que o encarnem têm qualidade para comprometer a
responsabilidade do Estado. Para isto, basta que um outro Estado ou cidadão
estrangeiro sofra um dano resultante de ação ou omissão das referidas
autoridades incompatíveis com as obrigações internacionais. A ação ou
omissão pode apresentar-se de diversas formas: l)- Questões relativas às
concessões ou contratos do Estado; 2)- As dívidas públicas – Exceções:
insolvência do Estado devedor; riscos do negócio. 3)- As prisões ilegais ou
injustas. 4)- Falta de proteção devida aos estrangeiros. Governo do Estado
não empregou, para protegê- los, a diligência que, em razões das
circunstâncias e da qualidade da pessoa em causa, se poderia,
razoavelmente, esperar de um Estado civilizado.

b)- Atos dos Órgãos Legislativos


“um Estado não pode invocar contra outro Estado sua própria
Constituição para se esquivar a obrigações que lhe incumbem em virtude do
D.I. ou dos Tratados vigentes.”

45
46

c)- Atos dos Órgãos Jud iciários ou relativos às funções


judiciárias.
Há muita divergência.
Casos: 1)- Denegação da justiça. Ampla: recusa de aplicar
justiça ou de conceder a alguém o que lhe é devido. Restrita: ( idéia mais
corrente no D.I. ) – É a impossibilidade para um estrangeiro obter justiça ou
a reparação de uma ofensa.
Expressões de Denegação da Justiça: a)- quando um Estado
não fornece aos estrangeiros a devida assistência judiciária ou porque não
lhes permite acesso a seus tribunais ou porque não possui tribunais
adequados; b)- quando as autoridades judiciárias se negam a tomar
conhecimento das causas que os estrangeiros lhes submetem por meios
singulares e a cujo respeito tenham jurisdição. C)- quando ditas autoridades
se negam a proferir sentença em tais causas, ou retardam obstinadamente as
respectivas sentenças. D)- quando os tribunais do Estado não oferecem aos
estrangeiros as garantias necessárias para a boa administração da justiça.
2º)- ATOS DE INDIVÍDUOS
O Direito Internacional reconhece a existência de atos
internacionais ilícitos imputáveis exclusivamente a indivíduos: Pirataria,
tráfico de drogas e de escravos ( tempo de paz ). Transporte de contrabando
e violação de bloqueio em tempos de guerra.
Os Atos ilícitos particulares suscetíveis de comprometer a
responsabilidade internacional do Estados, ou são lesivos a um Estado ou a
meros indivíduos estrangeiros.
a)- Ataques ou atentados contra o Chefe de Estado ou os
representantes oficiais de um Estado estrangeiro.
b)- insulto à bandeira ou emblemas nacionais de um país
estrangeiro;
c)- publicações injuriosas contra um país estrangeiro.
Em nenhum dos casos, o autor ou autores dos atos lesivos
possuem a qualidade de órgão ou agente do Estado, nem procedem nessa
qualidade. Nisto diferem tais atos dos que determinam a responsabilidade do
Estado por provirem dos referidos órgãos ou agentes.
Há várias teorias que tentam explicar tal obrigatoriedade.
Anziloti: Teoria da solidariedade do grupo. O Estado, como uma
coletividade cujos membros respondem, individual e coletivamente, pelos
atos de qualquer deles, é responsável ( concepção da idade média ).
Grócio: A responsabilidade do Estado decorreria da
cumplicidade com os seus membros ( fundado no Direito Romano ).
Atualmente, entende-se que o Estado será responsável quando,
por ato de particular:
1º)- Deixou de cumprir o dever de manter a ordem, isto é, de
assegurar à pessoa e bens do estrangeiro a proteção que lhe é devida;
2º)- Se foi negligente na repressão dos atos ilícitos cometidos
contra estrangeiros.
O Estado pode e deve regular a condição do estrangeiro em seu
território. Cumpre-lhe, no entanto, assegurar-lhe certa proteção, isto é,
reconhecer-lhe um mínimo de direitos, entre os quais, se salientam o direito
à vida, o direito à liberdade individual, o direito de propriedade.

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O Estado responde pela violação de sua obrigação de os


assegurar.
3º)- ATOS RESULTANTES DE GUERRAS CIVIS
responsabilidade por danos resultantes.,
Teorias antigas: não havia responsabilidade, por confundir-se
com casos similares de força maior ( inundações, terremotos, erupções
vulcânicas ).

Hipóteses:
1º)- danos causados por insurretos ou amotinados ou pela
população.
O Estado tem o dever de avisar que falta-lhe possibilidade de
exercer seus deveres elementares de prevenção ou repressão e recomendar a
retirada do país.
Deve-se examinar se: A)- O Estado procedeu sem a conveniente
diligência para prevenir os fatos. B)- se deixou de os reprimir, isto é, não
reagiu contra tais fatos com a devida diligência. Nos dois casos, a
responsabilidade do Estado está comprometida.
2º)- Danos causados pelas Forças Armadas ou Autoridades do
Estado, na repressão da insurreição ou de motins. Confunde-se com a
responsabilidade resultante de atos do seu órgão executivo ou
administrativo.
Assim, se as ações foram contrárias aos seus deveres
internacionais. Pode-se responsabilizar o Estado se: a)- houve conivência de
seus agentes ou funcionários na causa ou na ocorrência do motim; b)- falta
de reparação nos casos de requisições; c)- falta de reparações por danos
causados sem relação direta com a luta armada ou incompatível com as
regras geralmente aceitas pelos Estados civilizados.
No caso de GUERRA CIVIL
a)- Insurretos Reconhecidos como Beligerantes
a responsabilidade do Estado cessa quando reconheceu estes
como beligerantes. Cessa também em relação aos outros Estados que os
reconheceram como tais.
b)- Insurretos que se tornaram vitoriosos. O novo governo é
responsáveis pelos dados causados pelos insurretos.

- ASPECTOS FUNDAMENTAIS PARA


O PLEITO DA RESPONSABILIDADE CIVIL –
a)- ESGOTAMENTO DOS RECURSOS PERMITIDOS PELO
DIREITO INTERNO.
Tal regra é universalmente admitida. É necessário o
esgotamento prévio de todos os recursos locais.
Tais recursos podem mostrar:
a)- juridicamente, não houve dano ou ofensa;
b)- Há meios de defesa adequados;
c)- pode ser obtida a reparação sem reclamação internacional ou
reclamação diplomática.
Todo Estado que possua tribunais adequados e acessíveis aos
estrangeiros tem o direito de exigir que nenhuma reclamação lhe seja

47
48

apresentada por via diplomática, antes que sua última instância se


pronuncie definitivamente.
b)- OUTORGA DA PROTEÇÃO DIPLOMÁTICA DE UM
ESTADO A UM PARTICULAR.
Denomina-se endosso. Com isso, o Estado passa a ser o
dominus litis.
Não podem tê- la: os apátridas e os cidadãos com dupla
nacionalidade em reclamações contra as mesmas.
No caso das O.I. a outorga de proteção diplomática, denomina-
se proteção funcional, outorgada aos funcionários ao seu serviço.
Em qualquer dos casos, o Estado ou a O.I. faz se quiser e, de
outro lado, pode fazê-lo independentemente do pedido do nacional e
adotará o procedimento que lhe convier.

EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE
INTERNACIONAL
Casos:
1º)- Aqueles em que o ato perde o caráter ilícito,
transformando-se no exercício de um direito reconhecido.
Ex. Legítima defesa
2º)- Aqueles em que o ato determinante da responsabilidade,
apesar de lícito em si mesmo, não pode acarretar as conseqüências naturais
dos atos ilícitos.
Ex.: represálias que se justificam como o único meio de
combater outros atos igualmente ilícitos.

3º)-Aqueles em que o decurso do tempo extingue a


responsabilidade.
Ex.: prescrição liberatória. Silêncio do credor durante um
espaço de tempo mais ou menos longo. Só é aplicada quando
invocada.
4º)-Aqueles que representam a conseqüência direta do
comportamento inconveniente e censurável do indivíduo lesado. Quando o
indivíduo é a própria causa do fato gerador ou contribui fortemente para
isso.
Outros casos:
Casos dos contratos particulares com um Governo estrangeiro,
em que o particular se compromete a não recorrer à proteção diplomática
do seu próprio governo em qualquer das disposições de tal contrato (
Cláusula Calvo ).
Cabe exceção: Denegação de justiça ou injustiça manifesta.

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CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA
RESPONSABILIDADE

A responsabilidade do Estado comporta a obrigação de reparar


os danos causados e, eventualmente, dar uma satisfação adequada.
Ao Estado lesado ( ou do qual um nacional tenha sido lesado )
pertence o direito à reparação ou à satisfação.
Reparação: implícita a de dano material e do restabelecimento
das coisas no estado anterior ou em sua primitiva integridade ( Se não é
possível, deverá haver uma indenização equivalente ).
Satisfação: implícita à compensação moral, proporcional ao
dano. Visa os danos não materiais ou ext ra-patrimoniais.
Reparação por prejuízos Formas: direta restituição do estado
anterior. Indireta indenização ou compensação equivalente. Regra aceita:
dano emergente e lucro cessante tal qual no direito civil comum.
Casos de satisfação:
Desaprovação de atos contrários à honra e à dignidade do
Estado. Devem ser públicas.
Formas mais comuns: apresentação de desculpas, a
manifestação de pesar, a saudação à bandeira do Estado ofendido. A
destituição do autor ou autores da ofensa.
Deve ter relação com a gravidade e natureza das ofensas.

ÓRGÃOS DE RELAÇÕES ENTRE


3.1.8.
ESTADOS –( DIREITO DIPLOMÁTICO E DIREITO
CONSULAR )
São os seguintes os Órgãos de Relações entre Estados:
1)- Chefe de Estado ou Chefe de Governo
2)- Ministro das Relações Exteriores
3)- Agentes Diplomáticos
4)- Agentes Consulares ( sem representação )
5)- Delegados junto às Organizações Internacionais.

3.1.7.1.- O CHEFE DE ESTADO

Para o DIP, o Chefe de Estado ( quer se intitule imperador, rei,


Presidente da República ou Chefe de Governo ) é, salvo declaração formal
em contrário, o órgão encarregado das Relações Internacionais dos
Estados.
Aspectos:
- Não cabe aos outros Estados opinarem sobre a legitimidade
do mesmo;
- Cabe ao respectivo Estado comunicar oficialmente.
- No Brasil, a Constituição é clara ao dispor que compete
privativamente ao Presidente da República manter relações
com os Estados estrangeiros e acreditar seus Representantes
Diplomáticos, bem como celebrar tratados internacionais
com os mesmos, sujeitos a referendo do Congresso
Nacional.

49
50

- No regime presidencial republicano, os poderes do Chefe de


Estado costumam ser maiores do que os dos monarcas, pois
são responsáveis pela sua política exterior.

Em território estrangeiro, os Chefes de Estado gozam de certas


prerrogativas e imunidades, que os autores antigos, em geral, diziam
decorrer da ficção da extraterritorialidade. Segundo a doutrina mais aceita
atualmente, o fundamento para tais prerrogativas e imunidades reside nas
considerações de cortesia, de conveniência recíproca e até de necessidade.
Se o Chefe de Estado viaja incógnito, ele será tratado como
qualquer indivíduo particular. Bastará que revele a sua qualidade para que
lhe seja reconhecido o privilégio de imunidade. Entre tais privilégios,
figuram:
a)- a prerrogativa de inviolabilidade, que cobre a pessoa do
Chefe de Estado, os seus documentos, a sua carruagem, a casa de
residência;
b)- isenção de direitos aduaneiros e impostos diretos;
c)- isenção de jurisdição territorial, tanto em matéria penal,
quanto em matéria civil. A inviolabilidade pessoal, no entanto, não exclui o
direito de legítima defesa.
Neste aspecto, cabe registrar as seguintes exceções:
- Na aceitação do Chefe de Estado voluntariamente da
jurisdição territorial ;
- No de ação sobre imóvel situado em território estrangeiro;
)- No de ação proposta contra o Chefe de Estado, no país em
que se encontra, se tal ação se funda na sua qualidade de
herdeiro.
A imunidade é extensiva aos membros de sua família e de sua
comitiva.

Obs.: O Chefe de Estado que tenha sido deposto ou abdicado,


deixa de gozar os privilégios e imunidades reconhecidos aos titulares em
exercício.

Dois exemplos, estão a trazer uma reflexão sobre o caráter


absoluto do Princípio da Inviolabilidade do Chefe de Estado e de Governo:

1)-Em 1998, Augusto Pinochet, a pedido de um juiz espanhol


Baltazar Garzón foi denunciado por genocídio, tortura, seqüestro,
assassinato e desaparecimento de pessoas, solicitando a sua detenção e
eventual extradição para julgamento, enquanto ele estava na Inglaterra. A
Câmara dos Lordes acolheu o pedido, mas não no tocante aos atos por ele
praticados quando do exercício da presidência.
2)- Em 1999, a Promotora-Geral do Tribunal Internacional de
Haia para julgamento dos crimes praticados na Iugoslávia, indiciou o
Presidente Slobodan Milosevic por crimes contra a humanidade. Ele foi
preso em 2.001 em sua residência.

50
51

3.1.7.2.- O MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES


( OU MINISTRO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS )

Geralmente denominado Chanceler na América Latina.


Função: Auxiliar o Chefe de Estado na formulação e na
execução da política exterior do país.
É o Chefe hierárquico dos funcionários diplomáticos e
consulares do país.
Na prática, dentre os órgãos internos utilizados pelo D.I., é o
mais importante na direção da política exterior, embora a responsabilidade
final seja sempre do Chefe de Estado.
Denominação: Além do título de Ministro das Relações
Exteriores generalizado na América Latina, ainda usa-se a denominação
Chanceler e, por analogia, o local onde funciona o Ministério denomina-se
Chancelaria.
No âmbito internacional:
Manter contactos com governos estrangeiros
( através do governo diretamente ou através de missões
diplomáticas que lhes são subordinadas ou com as embaixadas e legações
existentes no país ).
Negociações e assinatura de Tratados Internacionais. Pela
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de l969, ele não é
obrigado a apresentar carta de “plenos poderes”.
Reconhecido o status não inferior a de um Embaixador pela
Convenção sobre Relações Diplomáticas de 1961 e em matéria protocolar,
lhe é mais favorável.

3.1.7.3.- OS AGENTES DIPLOMÁTICOS

A Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de l961 é o


documento básico no tocante às Relações Diplomáticas entre Estados.

“Agente Diplomático” era aplicado apenas ao Chefe da


Missão. Hoje, tal título é aplicado a todos os demais funcionários da
carreira diplomática.

Função: As Missões Diplomáticas destinam-se a assegurar a


manutenção das boas relações entre o Estado representado e os Estados em
que se acham sediadas, bem como proteger os direitos e interesses dos seus
nacionais.

Todo Estado soberano em o Direito de Legação Ativo ( envio de


M.D. ) como também o Direito de Legação Passivo ( receber uma M.D. ).
A Missão Diplomática é integrada não só pelo Chefe da Missão
e pelos demais funcionários diplomáticos, mas também pelo pessoal
administrativo e técnico e pelo pessoal de serviço. OBS.: “Carreira
Diplomática: “O ingresso na carreira diplomática se dá mediante concurso

51
52

realizado pelo Instituto Rio Branco, órgão encarregado da seleção e


treinamento de diplomatas. Aprovado no concurso, realiza-se um estágio de
dois anos, organizado nos moldes de um curso de mestrado, e entra-se para
a carreira diplomática como TERCEIRO SECRETÁRIO. Os cargos
seguintes são os de SEGUNDO SECRETÁRIO, PRIMEIRO
SECRETÁRIO, CONSELHEIRO, MINISTRO DE SEGUNDA CLASSE E
MINISTRO DE PRIMEIRA CLASSE ( EMBAIXADOR ).
Para inscrever-se no concurso de admissão, o candidato deve ser
brasileiro nato, estar em dia com o serviço militar e com as obrigações de
eleitor; ter bons antecedentes; e ter concluído, antes da inscrição, curso
superior reconhecido de graduação plena.
O treinamento durante a carreira é intenso e contínuo de modo a
preparar o diplomata a tratar de uma série de temas, desde paz e segurança
até normas de comércio e relações econômicas e financeiras, direitos
humanos, meio ambiente, tráfico de drogas e fluxos migratórios, passando,
naturalmente, por tudo que diga respeito ao fortalecimento dos laços de
amizade e cooperação do Brasil com seus parceiros externos. Dominando
estes temas, o diplomata deverá ser capaz de desempenhar suas funções;
representar o Brasil perante a comunidade de nações; colher as informações
necessárias à formulação da política externa; participar de reuniões
internacionais e, nelas, negociar em nome do país; assistir às missões no
exterior; proteger os compatriotas e promover a cultura e os valores do povo
brasileiro.”22

Os funcionários diplomáticos podem ser permanentes ou


temporários.

As primeiras Missões Diplomáticas surgiram na Itália, século


XV, mas a classificação que hoje vigora tem origem na Convenção de Viena
de 1815, qual seja:
a)- a dos Embaixadores, Legados ou Núncios;
b)- a dos enviados, Ministros ou outros agentes acreditados,
como os primeiros, junto aos soberanos;
c)- dos encarregados de negócios estrangeiros, acreditados
junto aos Ministros das Relações Exteriores.

Pela Convenção de Viena, artigo 14, são:


a)- Embaixadores e Núncios acreditados perante os Chefes de
Estado e outros Chefes de Missões de categoria equivalente;
b)- Enviados, Ministros ou Internúncios, acreditados perante
Chefes de Estado;
c)- Encarregado de Negócios Estrangeiros, acreditados perante
Ministros das Relações Exteriores.

A precedência dentro de cada classe é estabelecida pela


apresentação de credenciais.

22
Disponível em: www.mre.gov.br/portugues/ministerior;carreira_ext ; Acessado em
08/09/2005. Destaques intencionais.

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53

O grupo de Agentes Diplomáticos acreditados num mesmo


Estado, denomina-se “Corpo Diplomáticos Estrangeiro” e este é presidido
pelo decano ( o mais antigo agente diplomático ).
A Missão Diplomática é composta pelo Chefe da Missão, dos
membros do pessoal diplomático, do pessoal administrativo e técnico e do
pessoal de serviço da missão.
O pessoal diplomático abrange o Chefe da Missão, Ministros-
Conselheiros, Secretários de Embaixada ou de Legação, Adidos Militares e
Adidos Civis.
Antes da nomeação, o Governo faz consulta confidencial do
pedido de Agreement. Ao ir, o agente diplomático leva o Passaporte
Diplomático e as Credenciais.

PRERROGATIVAS E IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS


PRIVILÉGIOS DIPLOMÁTICOS:
No âmbito da Missão Diplomática, tan to os membros do
quadro diplomático de carreira ( do Embaixador ao Terceiro-Secretário ),
quanto os membros do quadro administrativo e técnico ( tradutores,
contabilistas, etc. ) – estes últimos, desde que oriundos do Estado
acreditante, e não recrutados in loco – gozam de ampla imunidade de
jurisdição penal e civil.
São, ademais:
Fisicamente invioláveis e em caso algum podem ser obrigados a
depor como testemunhas. Reveste-os, além disso, a imunidade tributária.
Exceções:
1)- Processo sucessório, em que o agente esteja a título
estritamente privado;
2)- Ação real relativa ao imóvel particular.
Inclui-se os membros das respectivas famílias que vivam sob
sua dependência e tenham, por isso, sido incluídos na lista diplomática.
Também são fisicamente invioláveis os locais da Missão
Diplomática com todos os bens ali situados, assim como os locais
residenciais utilizados pelo quadro diplomático ou pelo quadro
administrativo e técnico.
Tais imóveis e os valores mobiliários nele encontráveis, não
podem ser objeto de busca, requisição, penhora ou medida qualquer de
execução.

Os arquivos e documentos da missão invioláveis são invioláveis


onde quer que se encontrem.
Deveres das Missões Diplomáticas:
Deveres junto ao Estado ao qual se acha acreditado:
a)- Tratar com respeito e consideração o Governo e as
autoridades locais.
b)- Não intervir em sua política interna.
c)- Não participar de intrigas partidárias.
d)- Respeitar as leis e regulamentos locais.

Deveres para com o Estado patrial:

53
54

a)- direito de representação: o Agente Diplomático fala em


nome do seu Governo junto ao Estado em que está acreditado.
b)- Promove relações amistosas bem como o intercâmbio
econômico, cultural e científico.
Em decorrência do direito de representação, cabe à Missão
negociar com o estado acreditado.
O Diplomata deve proteger os interesses do seu Estado bem
como dos seus nacionais junto às autoridades do país.
Tem o dever de observação. Informar ao respectivo Governo a
situação do país.
Termo da Missão Diplomática:
- Ato Administrativo do Estado patrial;
- Remoção para outro posto;
- Volta à Secretaria de Estado;
- Demissão ou Aposentadoria;
- Se o Chefe da Missão ou qualquer agente é considerado
persona non grata pelo Estado de residência.
“O Estado acreditado poderá, a qualquer momento, e sem ser
obrigado a justificar a sua decisão, notificar ao Estado acreditante que o
Chefe da Missão ou qualquer membro do pessoal diplomático da missão é
persona non grata ou que outro membro do pessoal da missão não é
aceitável.” ( Art. 9, § 2º___ ).
- Ruptura das Relações Diplomáticas
- Extinção do Estado acreditado
- Fechamento da Missão.
- Falecimento.

3.1.7.4.- OS AGENTES CONSULARES

Consulados: São repartições públicas estabelecidas pelos


Estados em portos ou cidades de outros Estados com a missão de velar
pelos seus interesses comerciais, prestar assistência e proteção aos seus
nacionais, legalizar documentos, exercer polícia de navegação e fornecer
informes de natureza econômica e comercial sobre o país ou distrito onde
se acham instalados.
Codificação:
Convenção de Viena sobre Relações Consulares de 1963
Convenção sobre Agentes Consulares de Havana de 1928
Relações Consulares:
Depende do consentimento mútuo dos Estados interessados.
Tipos de Repartições Consulares:

Consulado-Geral
Consulado
Vice-Consulado
Agência Consular

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55

4 Classes de Cônsules:

Cônsules-Gerais, cônsules, vice-cônsules e agentes consulares.

Nomeação e Admissão: Depende da aceitação prévia do nome


indicado. O Estado por negar o exequatur.

Nem todos são funcionários de carreira.


Ao contrário, a maioria é composto de consules honorários.

Cônsule Electi: Cônsul honorário


Cônsule missi: consules profissionais

Casos de cassação pelo Estado-patrial:


Culpa do Cônsul ( má conduta ), casos de ruptura de relações
diplomáticas e consulares entre os Estados.

Funções consulares: Constam da legislação interna dos


respectivos Estados, dentre elas, pode-se mencionar que os
cônsules possuem “função certificante e de autenticação de
documentos produzidos por órgãos públicos do Estado
estrangeiro perante o qual desempenham as suas
atribuições” 23 , nos termos da Convenção de Viena sobre
Relações Consulares de l963.
No entanto, o Estado receptor tem o direito, ao admitir um
funcionário consular, de comunicar que o exercício de
determinada função consular não é permitida.

Exemplo: casamento consular.

PRIVILÉGIOS E IMUNIDADES
Bem distintos as exclusivamente do Cônsul e da Repartição.
Repartição Consular:
a)- Inviolabilidade da repartição, dos arquivos e da
correspondência.
b)- Isenção fiscal e aduaneira e imunidade trabalhista.

Exceção: Caso de incêndio ou outro sinistro que exija medidas


imediatas, presume- o consentimento para penetrar na
repartição.

Cônsules: inviolabilidade pessoal ( só alcança seus atos de


ofício ).

Exceção: crimes graves estão sujeitos a prisão preventiva.


Gozam de imunidade de jurisdição civil em relação a atos
praticados no exercício de suas funções. Não se estende aos
membros de sua família, nem à residência.
23
Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal in Revista de Direito Internacional e
Econômico. Porto Alegre: Síntese/INCE, v. 2, n. 1, out/dez. 2002., p. 141.

55
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O Cônsul poderá ser chamado a depor como testemunha no


decorrer de processo judiciário ou administrativo ( é
obrigatório ). No entanto, não são obrigados a depor sobre
fatos relacionados com o exercício de sua função, nem exibir
documentos oficiais.
Existe isenção fiscal, mas há tantas exceções que ela fica
enfraquecida.
Cônsul honorário: tem pequenas regalias com as de que “possa
necessitar em razão da posição oficial”

TERMO DA FUNÇÃO CONSULAR


Remoção ao novo posto ou volta ao respectivo país
Demissão ou aposentadoria
Falecimento
O Estado de residência pode anular o exequatur, isto é,
declará-lo persona non grata. Poderá ser tomada a qualquer momento, sem
explicar os motivos ( pode ser conduta incompatível ou motivo político ).
Declaração de Guerra ( mesmo assim, deve haver a cassação
do exequatur ).

3.1.7.5. DELEGAÇÕES JUNTO ÀS ORGANIZAÇÕES


INTERNACIONAIS

5.1.Base normativa
“Convenção de Viena sobre a Representação de Estados em suas
relações com as O.I. de caráter universal”

Abrangência

As Nações Unidas, suas agências especializadas, a Agência


Internacional de Energia Atômica ou outras organizações similares cuja
responsabilidade e a escolha dos membros seja feita em escala mundial.

Considerações

Missões junto as O.I. ( Arts. 5 a 41 )


Delegação junto a órgãos e Conferências ( Arts. 42-70)
Observadores junto a órgãos e conferências ( Art. 71 e 72 ).
As Missões gozam de inviolabilidade, isenção fiscal,
inviolabilidade de arquivos e documentos e liberdade de comunicação.
Quanto aos membros, inviolabilidade de residência e propriedade,
imunidade de jurisdição penal, civil e administrativa. Isenção quanto à
legislação social e trabalhista. Isenção fiscal e aduaneira.
Em geral, têm o mesmo status das Missões ordinárias.

56
57

3.1.9. SOLUÇÃO PACÍFICA DOS CONFLITOS


INTERNACIONAIS –

1. Introdução

São alternativas de solução dos conflitos internacionais, fora do


recurso extremo da guerra.
Com a evolução do Direito Internacional, especialmente depois
da Carta das Nações Unidas, a guerra tem sido como um ilícito
internacional e um recurso inadequado. Propugna-se, através do D.I., que
os conflitos entre nações sejam resolvidos por meios pacíficos, sendo, ao
menos, um dever moral dos Estados que tal busquem. “Seja como for, é,
pelo menos, dever moral de todo Estado não recorrer à luta armada, antes
de tentar qualquer meio pacífico para a solução de controvérsia que surja
entre o mesmo e qualquer outro membro da comunidade internacional” (
Hildebrando Acciolly ).
Classificação
Os conflitos em geral, podem ser agrupados como políticos ou
jurídicos.
Jurídicos
A)- Violação de Tratados e Convenções
B)- Desconhecimento, por um Estado, dos direitos do outro
C)- Da ofensa de princípios correntes do direito internacional,
na pessoa de um cidadão estrangeiro.
Políticos
A)- Choques de interesses políticos ou econômicos
B)- Ofensa à Honra ou à Dignidade de um Estado
A Solução Pacífica dos Conflitos
Três formas são de caráter amistoso ( denominados Meios
Diplomáticos, Meios Jurídicos e Outros Meios ).
Outras formas são de caráter coercitivo ( não amistoso )

A)-MEIOS DIPLOMÁTICOS

1)-AS NEGOCIAÇÕES DIRETAS ( ENTENDIMENTO DIRETO


EM SUA FORMA SIMPLES )
O meio usual, geralmente o de melhores resultados para a
solução de divergência entre Estados, é o da negociação direta entre as
partes.
Em geral, basta na maioria dos casos um entendimento verbal
entre a missão diplomática e o Ministério das Relações Exteriores local. No
casos mais graves, a solução poderá ser alcançada mediante entendimentos
entre altos funcionários dos dois governos, os quais podem ser os próprios
Ministros das Relações Exteriores. A solução da controvérsia constará de
uma troca de notas.
Pode haver a desistência, aquiescência ou a transação.

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2)-CONGRESSOS E CONFERÊNCIAS

Quando a matéria ou o assunto em litígio interessa a diversos


Estados, ou quando se tem em vista a solução de um conjunto de questões
sobre as quais existem divergências, recorre-se a um congresso ou a uma
conferência internacional. Atualmente, tais casos são tratados no seio da
Assembléia Geral e, no caso da América Latina, no âmbito da Organização
dos Estados Americanos.

3)- BONS OFÍCIOS


Tentativa amistosa de uma terceira potência, ou de várias, no
sentido de levar Estados litigantes a se porem de acordo. O Estado que se
oferecerem ou que aceitarem alguma solicitação, não tomam parte
diretamente nas negociações. O oferecimento de bons ofícios não constitui
ato inamistoso, tão pouco a sua recusa.
O terceiro Estado é denominado “prestador dos bons ofícios”.
Exemplo: os do governo português em 1864, para o
restabelecimento de relações diplomáticas com o Brasil e a Grã Bretanha,
abaladas pela consequência da questão Christie. Os do Presidente
Theodore Roosevelt dos EUA, em 1905, para a conclusão da guerra entre o
Japão e a Rússia.

4)- A MEDIAÇÃO
Consiste na interposição amistosa de um ou mais Estados entre
outros Estados, para a solução pacífica de um litígio. Ao contrário do que
sucede com os bons ofícios, a mediação constitui-se de uma participação
direta nas negociações entre os litigantes. O terceiro Estado toma
conhecimento do desacordo e das razões de cada um dos contendores, para
finalmente propor-lhes uma solução. Geralmente um sujeito do direito das
gentes ( Estado, O.I., Santa Sé ou um Estadista associado ao exercício de
uma elevada função pública, cuja individualidade seja indissociável da
pessoa jurídica internacional que ele representa.)
Exemplos: Inglaterra, entre o Brasil e Portugal, para o
reconhecimento da independência política brasileira, consagrado no
Tratado de Paz e Amizade celebrado no Rio de Janeiro em 1825; a do Papa
Leão XIII, em 1885, no conflito entre a Alemanha e a Espanha sobre as
ilhas Carolinas. João Paulo II no conflito argentino-chileno do canal de
Beagle, em 1981.

5.SISTEMA CONSULTIVO ( Consulta )


Um entendimento direto programado, geralmente previsto em
tratado.
Define-se como uma troca de opiniões, entre dois ou mais
governos interessados direta ou indiretamente num litígio internacional, no
intuito de alcançarem uma solução conciliatória.
Foi no continente americano que esse sistema desenvolveu-se e
adquiriu o caráter preciso de meio de solução pacífica de controvérsia e
também o de meio de cooperação pacifista internacional.

58
59

Tal como se acha hoje estabelecido, o sistema consultivo


interamericano tem, assim, dois aspectos: o de método para solução
pacífica de controvérsias e o do processo para o estudo rápido, em
conjunto, de problemas de natureza urgente e de interesse comum para os
Estados-membros da OEA.

B)- OS MEIOS JURÍDICOS

1)- OS TRIBUNAIS INTERNACIONAIS PERMANENTES


Historicamente, a primeira corte criada foi a Corte Centro-
Americana de Justiça, criada em 1907.

A)-A CORTE PERMANENTE DE JUSTIÇA INTERNACIONAL


( depois sucedida pela CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA
( C.I.J. ). Observação: Jurisdição voluntária dos Estados.

B)- TRIBUNAL INTERNACIONAL DO DIREITO DO MAR


2)- OS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS:
A)- O TRIBUNAL ADMINISTRATIVO DAS NAÇÕES UNIDAS (
UNAT )
B)- OUTROS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS: DO BANCO
MUNDIAL, DA O.I.T. E DA O.E.A.

C)- OUTROS MEIOS:


ARBITRAGEM INTERNACIONAL
Era conhecida desde 3.200 A.C.
Conceito: “a arbitragem internacional tem por objeto resolver
os litígios entre Estados por meios de juízes de sua livre escolha e na base
do respeito do direito ( Art. 37 da Convenção para solução pacífica dos
conflitos internacionais, assinada em Haia, 1907)
Aplicação: qualquer conflito internacional pode ser submetido à
solução arbitral.
Na realidade, há vários tipos de arbitragem no direito interno e
internacional. Neste, nem todos casos envolver apenas o Direito
Internacional Público, o que depende dos atores envolvidos. Assim,
genericamente, podemos apontar os seguintes atores envolvidos numa
arbitragem: “I- entre Estados: regida por normas do Direito Internacional
Público, tendo por fontes, principalmente, os tratados e os costumes
internacionais; é a arbitragem clássica, encontrada nas relações
internacionais desde a Antigüidade remota, a arbitragem internacional
entre sujeitos do Direito Internacional;
II- entre Estados e o particular nacional: quando o Estado
celebra contrato com particular sujeito à jurisdição estatal, e o
instrumentos prevê o emprego da arbitragem, aplicando-se,m via de regra,
a lei material do Estado;
III- entre Estado e particular estrangeiro: quando o Estado
contrata com particular estrangeiro, celebrando contrato internacional, e o
instrumento prevê o emprego da arbitragem, aplicando-se a lei material
previamente estabelecida pelas partes; é a chamada arbitragem mista,

59
60

instaurada com freqüência para solucionar litígios surgidos por força de


contratos internacionais ou investimentos estrangeiros, que se encontra na
linha divisória do interesse público e dos interesses privados;
IV – entre particulares sujeitos a ordenamentos jurídicos
diversos; nesse caso, o contrato guarda correlação com mais de um
ordenamento jurídico, devendo a controvérsia ser submetida a normas
materiais e procedimentos previamente escolhidos pelas partes; trata-se da
arbitragem do Direito Internacional Privado, chamada também de
arbitragem impropriamente internacional, pois costuma ser feita com base
nas leis de um único país; e
V- entre particulares sujeitos ao mesmo ordenamento jurídico;
a arbitragem aplica-se a controvérsias entre partes sujeitas a um único
sistema jurídico, o nacional.
As quatro últimas espécies configuram, portanto, a arbitragem
comercial, nacional ou internacional, da qual nos ocupamos
detalhadamente alhures, mas que não será enfocada neste estudo, voltado
para a arbitragem internacional entre sujeitos do DIP, em especial, no
contexto da Organização Mundial do Comércio – OMC.” 24

Características:
a)- o acordo de vontade dos litigantes no tocante a que o motivo
determinante da controvérsia seja soluciona por árbitro ou árbitros de sua
livre escolha;
b)- que a decisão dos árbitros seja obrigatória para os
litigantes.
Tipos:
a)-Voluntária ou facultativa
b)- Obrigatória ou permanente ( em virtude de previsão em
Tratado, em caso de futuros conflitos)
Compromisso: Ato pelo qual os Estados litigantes acordam na
entrega da solução de suas diferenças à arbitragem.
Competência para firmar o compromisso: dada pelo direito
interno de cada país. No Brasil essa competência pertence ao Poder
Executivo embora sujeito à aprovação posterior do Congresso Nacional, na
mesma situação de celebração de Tratados Internacionais.
Escolha dos Árbitros: é livre. Os interessados podem escolhê-
los diretamente ou delegar tal faculdade a um Chefe de Estado ou a outras
pessoas.
Composição do Juízo Arbitral: Pode ser constituído por um só
árbitro ou diversos. Cada litigante pode indicar dois árbitros e os
indicados, por sua vez, escolher o super-árbitro ou desempatador.
Nulidade da Sentença Arbitral: Se o árbitro ou Tribunal exceder
aos poderes conferidos ou se houver cerceamento de defesa, a sentença
será nula.

24
Cretella Neto, José. Arbitragem Internacional: O Significado Peculiar do Instituto No
Contexto do Mecanismo de Solução de Controvérsias da Organização Mundial do
Comércio. In: Revista de Direito Internacional e Econômico. Porto Alegre: Síntese/INCE,
v. 2, n. 1, out/dez. 2002. p. 15,16.

60
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2, INQUÉRITO
“Ocorrendo um conflito entre dois ou mais Estados, uma
comissão estuda os fatos que ensejaram a divergência, elaborando, em
seguida, um relatório que, se aprovado, servirá de base para solucionar o
impasse. Embora a conclusão do relatório não seja obrigatória para as
partes, estas se comprometem a não iniciar qualquer atividade bélica
enquanto a Comissão estiver exercendo suas atividades.” ( Araújo, Luis
Ivani Amorim. Curso de Direito Internacional Público )

OS MEIOS COERCITIVOS

1.RETORSÃO
É o ato por meio do qual um Estado ofendido aplica ao Estado
que tenha sido o seu agressor as mesmas medidas ou os mesmos processos
que este empregou ou emprega contra ele. É, pois, uma espécie da
aplicação da lei de Talião. Exemplos: a interdição de acesso de portos de
um Estado aos navios de outro Estado; a concessão de certos privilégios ou
vantagens aos nacionais de um Estado, simultaneamente, com a recusa dos
mesmos favores aos nacionais de outro Estado, etc.
A Retorsão é medida, certamente, legítima; mas a doutrina e a
prática internacional contemporânea lhe são pouco favoráveis.
A Retorsão implica a aplicação, de um Estado, de meios ou
processos idênticos aos que ele empregou ou está empregando. A Retorsão
consiste, em geral, em simples medidas legislativas ou administrativas, ao
passo que as Represálias se produzem sob a forma de vias de fato, atos
violentos, recursos à força.

2. AS REPRESÁLIAS
“As represálias são medidas coercitivas, derrogatórias das
regras ordinárias do direito das gentes, tomadas por um Estado em
conseqüência de atos ilícitos praticados, em seu prejuízo, por outro Estado
e destinadas a impor a este, por meio de um dano, o respeito do direito” (
Instituto de Direito Internacional, 1934 ).
São medidas mais ou menos violentas e, em geral, contrárias a
certas regras ordinárias de direito das gentes, empregadas por um Estado
contra outro, que viola ou violou o seu direito ou o do seus nacionais. E “
não são – conforme disse Kelsen – “um delito, na medida em que se
realizam como uma reação contra um delito”.
Distingue-se da Retorsão, por se basearem na existência de uma
injustiça ou da violação de um direito; ao passo que a Retorsão é motivada
por um ato que o direito não proíbe ao Estado estrangeiro, mas que causa
prejuízo ao Estado que dela lança mão.

3. O EMBARGO
É uma forma especial de represália que consiste, em geral, no
seqüestro, em plena paz, de navios e cargas de nacionais de um Estado
estrangeiro, ancorado nos portos ou em águas territoriais do Estado que
lança mão desse meio coercitivo.
Foi abandonado pela prática internacional e condenado pela
doutrina.

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4. BLOQUEIO PACÍFICO
O bloqueio pacífico ou bloqueio comercial constitui outra forma
de represália. Consiste em impedir, por meio de força armada, as
comunicações com os portos ou as costas de um país ao qual se pretende
obrigar a proceder de determinado modo. Conforme foi visto, trata-se de
um dos meios de que o Conselho de Segurança das Nações Unidas pode
recorrer para obrigar determinado Estado a proceder de acordo com a
Carta.
5. A BOICOTAGEM
É a interrupção de relações comerciais com um Estado
considerado ofensor dos nacionais ou dos interesses de outro Estado. Mais
apropriadamente, atualmente se denomina EMBARGO ECONÔMICO-
COMERCIAL. Pode-se afirmar que “ Hoje primam os postulados da teoria
do direito internacional. O Estado-membro da ONU, no exercício de suas
competências, pode praticar atos contrários ao direito internacional, mas
incorre em responsabilidade ajuizável perante os tribunais internacionais,
mesmo que o ato entendido como ilícito no âmbito do direito internacional
não o seja no do direito interno desse Estado. Não se trata exatamente de
supremacia do direito internacional sobre o direito interno, mas da
integração da normatividade dos sistemas interno e internacional por
conseqüência das pertinentes determinações e preceitos do direito
constitucional de cada um dos Estados.”

6. A RUPTURA DE RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS


A ruptura de relações diplomáticas ou cessação temporária das
relações oficiais entre os dois Estados pode resultar da violação, por um
deles, dos direitos do outro. Mas pode também ser empregada como meio
de pressão de um Estado sobre outro Estado, a fim de o forçar a modificar
a sua atitude ou chegar a acordo sobre algum dissídio que os separe.
Assim, é usado como sinal de protesto contra uma ofensa
recebida, ou como maneira de decidir o Estado contra o qual se aplica, a
adotar procedimento razoável e mais conforme aos intuitos que se têm em
vista.
No segundo sentido, está prevista no artigo 41 da Carta das
Nações Unidas, como uma das medidas que podem ser recomendadas pelo
Conselho de Segurança para a aceitação de suas decisões, em caso de
ameaça contra a paz internacional.

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3.1.10. DA NACIONALIDADE ( DIMENSÃO PESSOAL DO


ESTADO )

CONCEITOS PRÉVIOS NECESSÁRIOS

POVO: é o conjunto de pessoas que fazem parte de um Estado.


É o seu elemento humano. O povo está unido ao Estado pelo vínculo
jurídico da nacionalidade.

POPULAÇÃO: É o conjunto de habitantes de um território, de


um país, de uma região, de uma cidade. Esse conceito e mais extenso que o
de povo, pois engloba os nacionais e os estrangeiros, desde que habitantes
de um mesmo território.

NAÇÃO: agrupamento humano, em geral numeroso, cujos


membros, fixados num território, são ligados por laços históricos, culturais,
econômicos, linguísticos.

CIDADÃO: “ é o nacional ( brasileiro nato ou naturalizado ) no


gozo dos direitos políticos e participantes da vida do Estado.” (Alexandre
de Morais). “Cidadão de um Estado não é qualquer habitante desse Estado,
mas apenas quem possui o direito de cidadania” ( Feu Rosa). “Cidadão,
isto é, detentor da cidadania, é aquela pessoa que se encontra no uso e gozo
dos seus direitos políticos.” ( idem). “Cidadão é, pois, o eleitor em dia com
as suas obrigações eleitorais.” ( Ari F. de Queiroz ).
“A relação entre o nacional e o cidadão é que aquele é
pressuposto deste, vale dizer, não há como ser cidadão de um Estado (
Brasil ) sem ser seu nacional ( brasileiro ).

“Só quem pode ter cidadania são as pessoas físicas. As pessoas


jurídicas são “entes” e adquirem a nacionalidade. Tornam-se “empresas
nacionais” ou “associações nacionais”, etc. (Feu Rosa)

NACIONALIDADE: “é o vínculo jurídico-político de Direito


Público interno, que faz da pessoa um dos elementos componentes da
dimensão pessoal do Estado” ( Pontes de Miranda ).

NACIONAL:(ou da nacionalidade), que pode ser nato ou


naturalizado. CIDADÃO( ou da cidadania) e a do ESTRANGEIRO.

POLIPÁTRIDA: É o que tem mais de uma nacionalidade, o que


acontece quando sua situação de nascimento se vincula aos dois critérios
de determinação de nacionalidade primária.

APÁTRIDA ( ou HEIMATLOS, expressão alemã que significa


sem pátria ou apátrida )- É também um efeito possível da diversidade de
critérios adotados pelos Estados na atribuição da nacionalidade. Torna-se,
assim, sem nacionalidade.

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3.1.10.2. A NACIONALIDADE é um direito fundamental do


homem, sendo inadmissível uma situação, independente da vontade do
indivíduo, que o prive desse direito. A DUDH bem o reconhece, quando
estatui que “ toda pessoa tem direito a uma nacionalidade e ninguém será
arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de
nacionalidade” ( Art. 15 ).

ESPÉCIES DE NACIONALIDADE

1.1.1. ORIGINÁRIA ( PRIMÁRIA)


Resulta do nascimento, a partir do qual, através de critérios
sanguíneos, territoriais ou mistos, será estabelecida.
Os critérios de atribuição da nacionalidade originária, são
basicamente dois: o ius sanguinis e o ius soli, aplicando-se
ambos a partir de um fato natural: o nascimento.
IUS SANGUINIS ( origem sangüínea)- Por esse critério será
nacional todo o descendente de nacional, independentemente do
local do nascimento.

IUS SOLI ( origem territorial )- Por esse critério, será nacional


o nascido no território do Estado, independentemente da nacionalidade de
sua ascendência. A Constituição brasileira adotou-o em regra.

BRASILEIROS NATOS-HIPÓTESES DE AQUISIÇÃO


ORIGINÁRIA

Previsão legal: Constituição Federal, artigo 12, inciso I.


A regra adotada, foi o IUS SOLI, mitigada pela adoção do IUS
SANGUINIS somado a determinados requisitos. Assim, são brasileiros
natos:

1)- os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de


pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço do seu país ( IUS
SOLI )

Território nacional: terras delimitadas pelas fronteiras


geográficas, com rios, lagos, baías, golfos, ilhas, bem como o espaço aéreo,
o mar territorial, formando o território propriamente dito; os navios e as
aeronaves de guerra brasileiros, onde quer que se encontrem; os navios
mercantes brasileiros em alto mar ou de passagem em mar territorial
estrangeiro; as aeronaves civis brasileiras em vôo sobre o alto mar ou de
passagem sobre águas territoriais ou espaços aéreos estrangeiros.
Exceção ao IUS SOLI: exclui da nacionalidade brasileira os
filhos de estrangeiros que estejam a serviço do seu país.

2)- os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe


brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República
Federativa do Brasil ( IUS SANGUINIS + critério funcional ).

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Critérios:
Ser filho de pai brasileiro ou mãe brasileira ( IUS SANGUINIS )
O pai ou a mãe devem estar a serviço da República Federativa do Brasil (
critério funcional ), abrangendo-se o serviço diplomático; serviço consular;
serviço público de outra natureza prestado aos órgãos da administração
centralizada ou descentralizada ( autarquias, sociedades de economia mista
e empresas públicas ) da União, dos Estados-membros, dos Municípios, do
Distrito Federal ou dos Territórios.

3)- os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe


brasileira, desde que venham a residir na República Federativa do Brasil e
optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira ( IUS
SANGUINIS + CRITÉRIO RESIDENCIAL + OPÇÃO CONFIRMATIVA)
Conhecida por nacionalidade potestativa.
Requisitos:
Os nascidos de pai brasileiro ou mãe brasileira;
Pai brasileiro ou mãe brasileira que não estejam a serviço do
Brasil.
Fixação de residência a qualquer tempo;
Realização de opção a qualquer tempo;
OPÇÃO: consiste na declaração unilateral de vontade de
conservar a nacionalidade brasileira primária, na já vista hipótese de
nacionalidade potestativ a. A aquisição, apesar de provisória, dá-se com a
fixação da residência( fato gerador), ficando seus efeitos suspensos até que
haja a opção confirmativa. Por isso, a opção é uma condição confirmativa
e não formativa da nacionalidade. A opção é feita perante a Justiça Federal
a qualquer tempo, a qual terá efeito retroativo. Contudo, tal como nas
Constituições anteriores, até a maioridade são brasileiros esses indivíduos.
Alcançando a maioridade, essas pessoas passam a ser brasileiras sob
condição suspensiva. Sua condição de brasileiro nato fica suspensa até que
seja feita a opção.
ADQUIRIDA ( SECUNDÁRIA )
É a que se adquire por vontade própria, após o nascimento, e
em regra pela naturalização.
O brasileiro naturalizado é aquele que adquire a nacionalidade
brasileira de forma secundária, ou seja, não pela ocorrência de um fato
natural, mas por um ato voluntário. A naturalização é o único meio
derivado de aquisição da nacionalidade, permitindo-se ao estrangeiro que
detém outra nacionalidade ou ao apátrida ( também denominado heimatlos
), que não possui nenhuma, assumir a nacionalidade do país em que se
encontra, mediante a satisfação dos requisitos constitucionais e legais.
Não existe direito público subjetivo à obtenção da
naturalização, que se configura como ato de soberania estatal, sendo,
portanto, ato discricionário do Chefe do Poder Executivo.
A naturalização pode ser tácita ou expressa.

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66

DA NATURALIZAÇÃO
Todos os países reconhecem o direito de estrangeiros adquirirem
por naturalização sua nacionalidade, desde que determinadas condições
sejam preenchidas, condições estas que podem ser mais ou menos severas
de conformidade com a política demográfica do país.
1)- NATURALIZAÇÃO TÁCITA
ou GRANDE NATURALIZAÇÃO
Art. 69, § 4º da Constituição de 24 de fevereiro de 1891, previa
serem : “cidadãos brazileiros os estrangeiros que, achando-se no Brazil
aos 15 de novembro de 1889, não declararem, dentro em seis mezes depois
de entrar em vigor a Constituição, o animo de conservar a nacionalidade de
origem.”
Após tal prazo, deixou de produzir efeitos jurídicos.

NATURALIZAÇÃO EXPRESSA

É aquela que depende de requerimento do interessado,


demonstrando sua manifestação de vontade em adquirir a nacionalidade
brasileira. Divide-se em ordinária e extraordinária. No Brasil, a
naturalização é prevista no art. 12, inciso II, que estabelece as seguintes
condições:

2.1. ORDINÁRIA
O processo de naturalização deve respeitar os requisitos legais,
bem como apresenta características administrativas, uma vez que todo o
procedimento, até decisão final do Presidente da República ocorre perante
o Ministério da Justiça, porém com uma formalidade de caráter judicial,
uma vez que:

“a entrega do certificado de naturalização ao estrangeiro que


pretende naturalizar-se brasileiro constitui o momento de efetiva aquisição
da nacionalidade brasileira. Este certificado deve ser entregue pelo
magistrado competente ( da Justiça Federal ).
Enquanto não ocorrer tal entrega, o estrangeiro ainda não é
brasileiro, podendo, inclusive, ser excluído no território nacional.

2.1.1. ESTRANGEIROS ( EXCLUÍDOS OS ORIGINÁRIOS DOS


PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA )
Requisitos ( Estatuto dos Estrangeiros, Lei 6.815 19/8/80)
prevê:
- Capacidade civil segundo a lei brasileira;
- Ser registrado como permanente no Brasil ( possuir o visto
de permanência )
- Residência contínua pelo prazo de 4 ( quatro ) anos
- Ler e escrever em português
- Boa conduta e boa saúde
- Exercício de profissão ou posse de bens suficientes à
manutenção própria e da família;
- Bom procedimento;

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- Inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no


Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena mínima de
prisão, abstratamente considerada superior a um ano.
OBS.: A simples satisfação dos requisitos não assegura a
nacionalização do estrangeiro, uma vez que a concessão da nacionalidade é
ato discricionário do Poder Executivo.

2.1.2. PARA OS ORIGINÁRIOS DE LÍNGUA PORTUGUESA,


EXCETO PORTUGUESES RESIDENTES NO BRASIL

A Constituição prevê apenas dois requisitos para os originários


de países de língua portuguesa adquirirem a nacionalidade brasileira,
quais sejam:

A)- Residência por um ano ininterrupto;


B)- Idoneidade moral.
Além disso, exige-se o requisito da capacidade civil, pois a
aquisição da nacionalidade secundária decorre de um ato de vontade.

2.1.3. PARA OS PORTUGUESES RESIDENTES NO BRASIL

Além do caso da aquisição igual ao dos originários dos países


de língua portuguesa, a Constituição prevê a possibilidade de serem
atribuídos aos portugueses com residência permanente no país, os direitos
inerentes ao brasileiro naturalizado, se houver reciprocidade em favor de
brasileiros. Neste caso, eles não perdem a nacionalidade portuguesa.

2.2. NATURALIZAÇÃO EXTRAORDINÁRIA OU


QUINZENÁRIA

Foi uma inovação da C.F. de 1988. Somente são exigidos os


seguintes requisitos:
a)- residência fixa no país há mais de 15 anos;
b)- ausência de condenação penal ;
c)- requerimento do interessado;

2.3. OUTROS CASOS:


as hipóteses abaixo deixaram de constar do texto constitucional
em virtude da desnecessidade de especificar hipóteses casuísticas, que
devem ficar a cargo do legislador ordinário.
Tendo sido o Estatuto do Estrangeiro recepcionado pela atual.
Constituição, tais casos continuam a existir como hipóteses legais de
aquisição da nacionalidade secundária.

2.3.1. RADICAÇÃO PRECOCE

- Podem ser considerados naturalizados os nascidos no


estrangeiro, que hajam sido admitidos no brasul durante os primeiros cinco
anos de vida, estabelecidos definitivamente no território nacional, que para

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preservar a nacionalidade brasileira deveriam manifestar-se por ela,


inequivocamente, até dois anos após atingir a maioridade.

2.3.2. CURSO SUPERIOR

Os nascidos no estrangeiro que, vindo a residir no País antes de


atingida a maioridade, fizessem curso superior em estabelecimento
nacional e tivessem requerido a nacionalidade até um ano depois da
formatura ( conclusão do curso superior ).

PERDA DA NACIONALIDADE
A perda da nacionalidade só poderá ocorrer nas hipóteses
taxativamente previstas na Constituição Federal, sendo vedada a ampliação
de tais hipóteses pelo legislador ordinário, e será declarada quando o
brasileiro:

Tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em


virtude de atividade nocivas ao interesse nacional ( ação de cancelamento
de naturalização )
Adquirir outra nacionalidade (naturalização voluntária), salvo
nos casos:
A)- de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
estrangeira;
B)- de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
Obs. Se for adquirida com fraude à lei, nos termos da legislação
civil ordinária.

AÇÃO DE CANCELAMENTO DE NATURALIZAÇÃO


Esta hipótese de perda da nacionalidade também é conhecida
como perda-punição e somente se aplica, obviamente, aos brasileiros
naturalizados.
Dois requisitos ( prática de atividade nociva ao interesse
nacional; cancelamento por sentença judicial com trânsito em julgado).
A ação é proposta pelo Ministério Público Federal. Efeitos, no
caso de sentença que acate o pedido, é ex nunc.
A hipótese de se readquirir a naturalização só poderá existir no
caso de ação rescisória.
NATURALIZAÇÃO VOLUNTÁRIA
Conhecida como perda-mudança.
( voluntariedade de conduta; capacidade civil do interessado;
aquisição de nacionalidade estrangeira)

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3.1.10.3.TRATAMENTO DIFERENCIADO ENTRE


BRASILEIRO NATO E NATURALIZADO

A Constituição brasileira, em virtude do princípio da igualdade,


determina que a lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos
e naturalizados. Portanto, as hipóteses de tratamento diferenciado são as
quatro constitucionais: cargos, funções, extradição e propriedade de
empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens.

A). CARGOS ( Art. 12, § 3º C.F. )

O legislador constituinte fixou dois critérios para definição dos


cargos privativos aos brasileiros natos: a chamada linha sucessória e a
segurança nacional.

Cargos privativos:
PRESIDENTE DA REPÚBLICA, VICE-PRESIDENTE,
PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS; PRESIDENTE DO
SENADO FEDERAL; MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL;
DA CARREIRA DIPLOMÁTICA; DE OFICIAL DAS FORÇAS ARMADAS
E DE MINISTRO DE ESTADO DA DEFESA.

Não há impedimento para o brasileiro naturalizado ocupar o


cargo de Ministro das Relações Exteriores.

B)-FUNÇÃO ( art. 89, VII C.F.)


A C.F. reserva seis assentos do Conselho da República aos
brasileiros natos.
O C.R. é órgão superior de consulta do P.R.
Não há impedimento a que um naturalizado faça parte do
C.R., observado os cargos para natos.

C)-DIREITO DE PROPRIEDADE
A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão
sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos
ou naturalizados há mais de dez anos, aos quais caberá a
responsabilidade por sua administração e orientação
intelectual.

D)-EXTRADIÇÃO ( será estudada à parte )

3.1.10.4. CONDIÇÃO JURÍDICA DOS ESTRANGEIROS

Nacionais
Estrangeiros permanentes
Estrangeiros temporários
Os Estrangeiros podem ter nacionalidade estrangeira ou estar
na situação de apátrida

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O Direito de Conservação e Segurança do Estado permite- lhe


legislar sobre o estrangeiro, desde que respeitados os seus
direitos humanos.

O estrangeiro goza dos mesmos direitos que os nacionais,


excluídos aqueles expressamente mencionados na legislação,
cabendo- lhes cumprir as mesmas obrigações que os nacionais.
Embora isento do serviço militar, poderá ser obrigado, como os
demais habitantes do país, a prestar ajuda em caso de incêndio
ou outras calamidades públicas, como terremotos,
inundações,etc.
Os Direitos que devem ser reconhecidos aos Estrangeiros:
1º)- Direitos Humanos ( liberdade individual e a inviolabilidade
da pessoa humana, com todas as conseqüências daí decorrentes, tais como
liberdade de consciência, de culto, a inviolabilidade do domicílio, direito de
comerciar, direito de propriedade.)
2º)-Os direitos civis e de família.
Tais direitos não são absolutos.
A Constituição Federal de 1988 enumera os cargos privativos
de brasileiros natos, ou seja: Presidente, vice-Presidente da
República, Presidente da Câmara e do Senado Federal; Ministro
do STF; Carreira diplomática; oficial das Forças Armadas.
O Estado tem o Direito de negar o ingresso de estrangeiros em
seu território, mas não pode fazê- lo por discriminação racial ou religioso.

Principal Instrumento de Controle: O Passaporte.


Nele é colocado o visto de entrada ( varia de país p/ país)
De maneira geral, são três as categorias de vistos: permanente,
temporária, turista. Entretanto, o Itamarati prevê os seguintes
vistos:

3.1.11. D A DEPORTAÇÃO

A Deportação consiste em devolver ao estrangeiro ao exterior,


ou seja, é a saída compulsória do estrangeiro.
Preliminarmente há que se considerar que o instrumento de
controla da entrada de estrangeiros no país é o PASSAPORTE e o visto que
ali é aposto. Há uma diversidade de vistos e estes é que determinam o tempo
e as atividades permitidas ao estrangeiros. Parte da prorrogação dos vistos é
atribuída à Secretaria de Justiça do Ministério da Justiça. Outra parte é
atribuída à Polícia Federal. O pedido de prorrogação deve ser feito com 30
dias de antecedência sob pena de multa. Há casos em que os vistos podem
ser transformados de temporários para permanentes.
O Ministério da Justiça, por seu Departamento de Estrangeiros,
estabelece os seguintes vistos: 1. De trêns ito; 2. De Turista; 3. Temporário;
4. Permanente; 5. De Cortesia; 6. Oficial; 7. Diplomático. Em geral, o visto
é obtido no Consulado no exterior. Admite, dentre estes, os vistos para as
seguintes finalidades: TEMPORÁRIOS: 11. viagem cultural ou missão de
estudos; 1.2. viagem de negócios; 1.3. artistas ou desportistas; 1.4.
estudantes; 1.5. cientistas, professores, técnicos ou profissionais de outra

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71

categoria sob regime de contrato; 1.6. correspondente de jornal, revista,


rádio televisão ou agência noticiosa estrangeira; 1.7. ministro de confissão
religios\a ou membro de instituto de vida consagrada e de congregação ou
ordem religiosa. Os vistos 1.3;1.4.; 1.5.;1.6. e 1.7 são prorrogados pelo M.J.
E os itens 1.1 e 1.3 pela Polícia Federal. Uma situação específica é o caso
do estrangeiro inexpulsável, o qual, mantida as condições para sua não-
expulsão, poderá permanecer no país.

Há uma figura denominada IMPEDIMENTO, quando ao


Estrangeiro falta justo título. Neste caso, ele não passa da barreira policial
de fronteira, porto ou aeroporto. Cabe tal ônus ( embarque de volta ) à
empresa aérea. É, de fato, uma Deportação.

A Deportação fundamenta-se no fato de o estrangeiro entrar ou


permanecer irregularmente no território nacional, não decorrendo da
prática de delito em qualquer território, mas do não cumprimento dos
requisitos para entrar ou permanecer no território. Tal procedimento será
adotado, desde que o estrangeiro não se retire voluntariamente no prazo
determinado.
A Deportação é uma forma de exclusão, após a entrada
irregular ( geralmente clandestina ) ou que tenha se tornado irregular (
excesso de prazo ) ou exercício de trabalho remunerado ( turista ). Tal
procedimento é feito pelas autoridade locais ( não a cúpula de governo ).
No Brasil, cabe aos agentes da polícia federal, quando entendam que não
lhes cabe regularizar a situação. Não é propriamente uma pena, pois,
sanada a irregularidade, o estrangeiro pode voltar ao país.

Far-se-á a deportação para o país de origem ou de procedência


no estrangeiro, ou para outro que consinta em recebê-lo.
Não se dará a deportação se esta implicar extradição vedada
pela lei brasileira.
Não há deportação de brasileiro. O envio compulsório de
brasileiro para o exterior constitui banimento, proibido
constitucionalmente.

3.1.12. D A EXPULSÃO

O direito do Estado expulsar os estrangeiros que atentarem


contra a segurança nacional ou a tranqüilidade pública é admitido
pacificamente pelo Direito Internacional. Contudo, o direito de expulsão
não pode ser exercido arbitrariamente.
O Estado tem o Direito de negar o ingresso de estrangeiros em
seu território, mas não pode fazê-lo por discriminação por motivo racial ou
religioso.
Principal instrumento de Controle: O passaporte.
Nele é colocado o visto de entrada ( varia de país para país).
Há três categorias de visto: permanente, temporário, turista.

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72

A Extradição é o modo de entregar o estrangeiro ao outro


Estado por delito nele praticado.
A Expulsão é uma medida tomada pelo Estado, que consiste em
retirar forçadamente do seu território um estrangeiro, que nele entrou ou
permanece irregularmente, ou, ainda, que praticou atentados à ordem
jurídica do país em que se encontra.
A Expulsão decorre de atentado à segurança nacional, ordem
política ou social, ou nocividade aos interesses nacionais. Casos práticos:
a)- ofensa à dignidade nacional; b)- mendicidade e a vagabundagem; c)-
atos de devassidão; d)- atos de propaganda subversiva; e)- provocação de
desordens; f)- conspiração; g)- espionagem; g)- entrada ilícita no território
nacional.
A Expulsão não exige requerimento de país estrangeiro algum e
tampouco que o atentado à ordem jurídica tenha sido praticado no
estrangeiro, mas no próprio território do país que pretende expulsar o
estrangeiro.
É um procedimento ex officio da autoridade nacional. Neste
caso, o Ministério da Justiça instaurará inquérito para a expulsão do
estrangeiro. Caberá exclusivamente ao Presidente da República resolver
sobre a conveniência e oportunidade da expulsão ou de sua revogação e o
fará expedindo o Decreto de Expulsão.
Discricionaridade mitigada: A inobservância da estrita
legalidade do decreto de expulsão poderá ser controlada por meio de
habeas corpus a ser ajuizado no S.T.F., pois apesar da expulsão ser ato
discricionário do Poder Executivo, não se admite ofensa à lei e falta de
fundamentação.
Limitações à expulsão: não se admite a expulsão se implicar
extradição inadmitida pela lei brasileira ou, ainda, quando o estrangeiro
tiver cônjuge brasileiro, do qual não esteja divorciado ou separado, de fato
ou de direito, e desde que o casamento tenha sido celebrado há mais de
cinco anos; ou, ainda, se tiver filho brasileiro que, comprovadamente,
esteja sob sua guardas e dele dependa economicamente. Neste último caso,
há que haver a comprovação da dependência e efetiva assistência
proporcionada pelo estrangeiro à prole brasileira, uma vez que a proteção
é dada à família do expulsando e não a ele. Nestes casos, “a instrução do
pedido é precedida de sindicância policial, pela são constatadas a data e o
local de nascimento, a existência física do menor, a guarda e a dependência
econômica, a vida em comum do casal, etc.”25 “ A página do M.J. registra
que: “Importante registrar que o abandono do filho, o divórcio ou a
separação, de fato ou de direito, não justificammais a permanência do
estrangeiro em território nacional. A faculdade conferida ao estrangeiro de
permanecer no Brasil, nas condições citadas, resulta de regra que visa
beneficiar não ao estrangeiro, mas a família brasileira aqui constituída.”
De registrar ainda que “Quanto à prole, não basta apenas que ela dependa
economicamente do pai estrangeiro. É necessário que a obrigação de
sustentar os filhos seja efeitva e se verifique cumulativamente com a guarda
dos mesmos.”
O S.T.F. ao proferir julgamento sobre filhos nascidos e
registrados após o fato criminoso, assim decidiu: “FILHOS NASCIDOS E
25
www.mj.gov.br/Estrangeiros/permanência

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REGISTRADOS APÓS O FATO CRIMINOSO. Lei 6.815/80, art. 75, § 1º. O


nascimento e registro dos filhos do paciente verificaram-se após a
ocorrência do fato criminoso que deu ensejo ao decreto de sua expulsão.
Hipótese que afasta o impedimento de se expulsar o estrangeiro. Ordem
denegada”. ( obs. Neste caso, a Autoridade Coatora é o Presidente da
República ).
Não há expulsão de brasileiro. O envio compulsório de
brasileiro para o exterior constitui banimento, proibido
constitucionalmente.

3.1.13. D A EXTRADIÇÃO

( Art. 5º, LI E LII da Constituição Federal de l988 )

1)-Definição: “é o ato pelo qual um Estado entrega um


indivíduo, acusado de um delito ou já condenado como criminoso, à justiça
do outro, que o reclama, e que é competente para julgá-lo e puní-lo.”
2)-Natureza jurídica: ação de índole especial, de caráter
constitutivo, que objetiva a formação de título jurídico apto a legitimar o
Poder Executivo da União a efetivar, com fundamento em tratado
internacional ou em compromisso de reciprocidade, a entrega do súdito
reclamado.
3)-Tratamento Diferenciado:
LI: nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
na forma da lei;
LII: Não será concedida a extradição de estrangeiro por crime
político ou de opinião.
Assim, somente nas hipóteses constitucionais será possível a
concessão da extradição, podendo, porém, a legislação federal
infraconstitucional ( C.F. art. 22, XV, determinar outros requisitos ).
Há duas espécies de extradição:
Extradição ativa: É requerida pelo Brasil a outros Estados
soberanos.
Extradição passiva: é a que se requer ao Brasil, por parte dos
Estados soberanos.

4.HIPÓTESES CONSTITUCIONAIS PARA A EXTRADIÇÃO

1. o brasileiro nato nunca será extraditado;


2. o brasileiro naturalizado somente será extraditado em dois
casos:
(Por crime comum, pratico antes da naturalização; tráfico
ilícito de entorpecentes )
3. o português equiparado, nos termos do art. 12, § 3, da C.F.
tem todos os direitos do brasileiro naturalizado ( contudo, somente para
Portugal ).

73
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4. O estrangeiro poderá, em regra, ser extraditado, havendo


vedação apenas nos crimes políticos ou de opinião. ( soberania nacional e
a estrutura política )

5. REQUISITOS INFRACONSTITUCIONAIS PARA A


EXTRADIÇÃO
O Estado estrangeiro que pretender obter a extradição deverá
fundar seu pedido nas hipóteses constitucionais e nos requisitos formais
legais, ou seja:

- Hipóteses materiais: incisos LI E LII da C.F. de l988


- Requisitos formais: Estatuto do Estrangeiro ( Lei 6.815/80,
arts. 91 e seguintes ), Lei Federal nº 6.964/81 e Regimento Interno do STF (
arts. 207 a 214) entre eles:
1. O pedido extradicional somente será atendido quando
Estado estrangeiro requerente se fundamentar em tratado internacional ou
quando, inexistente este, promete reciprocidade de tratamento do Brasil.
2. Competência exclusiva da Justiça do Estado requerente
para processar e julgar o extraditando, da qual decorre incompetência do
Brasil para tanto.
3. Existência de título penal condenatório ou de mandato de
prisão emanados de juiz, tribunal ou autoridade competente do Estado
estrangeiro;
4. Ocorrência de dupla tipicidade. Como define o Supremo
Tribunal Federal, “revela-se essencial, para a exata aferição do respeito ao
postulado da dupla incriminação, que os fatos atribuídos ao extraditando –
não obstante a incoincidência de sua designação formal- revistam-se de
tipicidade penal e sejam igualmente puníveis tanto pelo ordenamento
jurídico doméstico quanto pelo sistema de direito positivo do Estado
requerente. Precedente RTJ 133/1075”.
Assim não será possível a concessão de extradição se o fato,
apesar de crime no ordenamento jurídico estrangeiro, for tipificado como
contravenção no ordenamento jurídico brasileiro.
5. inocorrência de prescrição da pretensão punitiva ou
executória, seja pelas leis brasileiras, seja pela lei do Estado estrangeiro.
6. Ausência de caráter político da infração atribuída ao
extraditado. ( obs.: Os atos de terrorismo, que vem recebendo repulsa
internacional, não tem acolhida no Brasil. Não são considerados crimes
políticos e autorizam a extradição).
7. Não-sujeição do extraditando a julgamento, no Estado
requerente, perante tribunal ou juízo de exceção.
8. Não cominar a lei brasileira, ao crime, pena igual ou
inferior a um ano de prisão.
9.Compromisso formal do Estado requerente em:
a)- Efetuar a detração penal, computando o tempo de prisão
que, no Brasil, foi cumprido por força da extradição;
b)- comutar a pena de morte, ressalvados os casos em que a lei
brasileira permite a sua aplicação ( art. 5º, XLVII – “... salvo em caso de
guerra declarada, nos termos do art.84, XIX”), em pena privativa de
liberdade.

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c)- não agravar a pena ou a situação do sentenciado por


motivos políticos.
d)- não efetuar nem conceder a re-extradição ( entrega do
extraditando, sem consentimento do Brasil, a outro Estado que o reclame).
Desta forma, o Estado estrangeiro deverá indicar, em síntese
objetiva e articulada, os fatos subjacentes à extradição, limitando o âmbito
temático de sua pretensão.

6. PROCEDIMENTO E DECISÃO
O pedido deverá ser feito pelo governo do Estado estrangeiro
soberano por via diplomática, nunca por mera carta rogatória, e
endereçado ao Presidente da República, autoridade constitucionalmente
autorizada a manter relações com Estados estrangeiros ( art. 84, VII ). Uma
vez feito o pedido, ele será encaminha do ao Supremo Tribunal Federal,
pois, não se concederá extradição sem seu prévio pronunciamento sobre a
legalidade e a procedência do pedido, que somente dará prosseguimento ao
pedido se o extraditando estiver preso e à disposição do Tribunal.

Obs.: Era prevista a prisão administrativa decretada pelo


Ministro da Justiça no procedimento de extradição, mas esta não foi
recepcionada pela nova ordem constitucional. Assim, a hipótese de prisão
do extraditando permanece no ordenamento jurídico, com a denominada
prisão preventiva para extradição, porém a competência para a sua
decretação será do Ministro-relator sorteado, que ficará prevento para a
condução do processo extradicional.
Uma vez preso o extraditando, dar-se-á início ao processo
extradicional, que é de caráter especial, sem dilação probatória, pois
incumbe ao Estado requerente o dever de subsidiar o governo brasileiro,
desde o início, os elementos de instrução documental considerados
essenciais.
O processo de extradição passiva ostenta, em nosso sistema
jurídico, o caráter de processo documental. Tem duas fases: a
administrativa ( percorrida através do Poder Executivo na Chancelaria e
no Ministério da Justiça ) e a judicial ( perante o Supremo Tribunal Federal
).
Não há possibilidade de o extraditando renunciar ao
procedimento extradicional, pois mesmo com sua concordância em retornar
ao seu país , isso não dispensa o controle da legalidade do pedido.
Se o STF decidir-se contrário à extradição, vinculará o
Presidente da República, ficando vedada a extradição.
Se, no entanto, a decisão for favorável, fica o Chefe do Poder
Executivo, discricionariamente, com a determinação de extraditar ou não,
pois não se pode ser obrigado a concordar com o pedido de extradição,
mesmo que legalmente correto e deferido pelo STF, uma vez que o
deferimento ou recusa do pedido é direito inerente à soberania. Ao
extraditado serão entregues os documentos do processo e tudo que lhe diga
respeito, bem como a comprovação do tempo que esteve preso no nosso
país, ficando à disposição do Estado requerente.

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PRISÃO PREVENTIVA POR EXTRADIÇÃO


O Estatuto do Estrangeiro, ao dispor sobre a prisão do
extraditando, determina que esta perdurará até o julgamento final do
Supremo Tribunal Federal, não sendo admitida a liberdade vigiada, a
prisão domiciliar, nem a prisão-albergue ( art. 84, § único ).

A prisão cautelar do extraditando reveste-se de eficácia


temporal limitada, não podendo exceder ao prazo de noventa ( 90 ) dias,
ressalvada disposição convencional em contrário, eis que a existência de
Tratado regulando a extradição, quando em conflito com a lei, sobre ela
prevalece, porque contém normas específicas.

8- ATUAÇÃO DO JUDICIÁRIO NA EXTRADIÇÃO

O sistema extradicional vigente qualifica-se como sistema de


controle limitado, com predominância da atividade jurisdicional, que
permite ao STF exercer a fiscalização concernente à legalidade extrínseca
do pedido de extradição formulado pelo Estado estrangeiro, mas não no
tocante ao mérito, salvo no caso de análise de ocorrência de prescrição
penal, da observância do princípio da dupla tipicidade ou da configuração
eventualmente política do delito imputado ao extraditando.
O S.T.F. tem decidido que o fato de o Extraditando possuir
família constituída ( mulher e filhos brasileiros ) não impede a procedência
do pedido de Extradição ( “LEGISLAÇÃO PENAL-TERRITORIALIDADE.
A regra direciona à observância das normas em vigor no país em que
cometido o crime – artigos 5º e 7º do Código Penal. TRÁFICO DE
DROGAS-NÚCLEO. Para efeito de extradição, considera-se a modalidade
ocorrida no país requerente que, ante o princípio da territorialidade e
considerada convenção internacional, possua jurisdição própria à
persecução criminal. EXTRADIÇÃO – FAMÍLIA CONSTITUÍDA –
ALCANCE. Ao contrário do que ocorre com o instituto da expulsão a
existência de família constituída no Brasil não é obstáculo à procedência do
pedido de extradição.” ( disponível em www.stf.gov.br, votação unânime.
Acessado em 23/01/05 ).

9. EXTRADIÇÃO: PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE E


PEDIDO DE EXTENSÃO.
Princípio da Especialidade: o extraditado somente poderá ser
processado e julgado pelo país estrangeiro pelo delito objeto do pedido de
extradição, conforme art. 91, I da Lei 6815/80.
Pedido de Extensão: consiste na permissão, solicitada pelo país
estrangeiro, de processar pessoa já extraditada por qualquer delito
praticado antes da extradição e diversos daquele que motivou o pedido
extradicional, desde que o Estado requerido expressamente autorize.
Síntese sobre o Processo de Extradição:
Os processos de Extradição não têm normas gerais, fixas e
inflexíveis. São estudados caso a caso, porque aí entram em jogo diversos
aspectos:
1)- nem sempre os Estados pedem a Extradição;

76
77

2)- os Estados concedem a Extradição mediante estudo de


segurança e conveniência, considerando sobretudo seus
interesses internos;
Em matéria de Extradição há, portanto, total insegurança, tanto
da parte do que pede como da parte do que concede.

3.1.14. DO ASILO

Introdução ( ver também item 4.4.5.4.)


Este Instituto pode ser estudado sob a optica de um Direito do
Estado, quando há uma interface com a dimensão pessoal do mesmo. De
outro lado, o tema pode ser estudado a partir da proteção dos Direitos
Humanos e é neste aspecto que aqui ele é abordado.
O Asilo era visto como uma instituição humanitária e não exige
reciprocidade. Hoje tem sido incluído dentre os Direitos Humanos.
O Asilo Territorial não deve ser confundido com o Asilo
Diplomático.
Definição
“A proteção dada por um Estado, em seu território, a uma
pessoa cuja vida ou liberdade se acha ameaçada pelas autoridades de seu
país por estar sendo acusado de haver violado a sua lei penal ou, o que é
mais frequente, tê-lo deixado para livrar-se de perseguição política.

“É o acolhimento, pelo Estado, de estrangeiro perseguido


alhures – geralmente, mas não necessariamente no seu próprio país patrial
- por causa de dissidência política, de delitos de opinião, ou por crimes
que, relacionados com a segurança do Estado, não configurem quebra do
direito penal comum” (Rezek).

Previsão legal: Artigo XIV da Declaração Universal dos


Direitos do Homem: “todo homem, vítima de perseguição, tem o direito de
procurar e gozar asilo em outros países”
§2º: “ não pode ser invocado em caso de perseguição motivada
legitimamente por crimes de direito comum ou por atos contrários aos
objetivos e princípios das Nações Unidas.”

Observação: Fala no direito de procurar Asilo, mas não na


obrigação do Estado em concedê-lo.

Convenção de Havana sobre o Asilo, de 1928.


Foi substituída pela Convenção sobre o Asilo Político de
Montevidéu de 1933.
Modificada pela Convenção sobre Asilo Diplomático de
Caracas de 1954.
Resolução 3.212 (XXII) de l967 da Assembléia Geral. Diretrizes
básicas do Asilo Territorial:
a)- O Asilo é um direito do Estado baseado em sua soberania;
b)- deve ser concedido a pessoas que sofrem perseguição;

77
78

c)- a concessão de Asilo deve ser respeitada pelos demais


Estados e não deve ser motivo de reclamação;
d)- a qualificação do delito incumbe ao Estado Asilante, que
pode negar o asilo por motivos de segurança nacional;
e)- as pessoas que fazem jus ao Asilo não devem Ter a sua
entrada proibida pelo país Asilante nem devem ser expulsas a um Estado
onde podem estar sujeitas a perseguição;

Disciplina do Asilo Diplomático


1)- A natureza política dos delitos atribuídas ao fugitivo;
2)- Atualidade da perseguição ( Estado de urgência );
3)- Locais: Missões Diplomáticas, isto é, não é repartições
consulares. Via de regra, o embaixador a examinará as situações acima e,
se entender presentes, reclamará da autoridade local a expedição do salvo-
conduto para deixar o país.
Imóveis invioláveis, segundo o costume internacional: navios de
guerra acostados no litoral

3.1.15. DOS REFUGIADOS


Este tema é apenas registrado aqui, numa transcrição,
visando um desenvolvimento jurídico futuro. Tal é necessário,
para diferenciar-se a figura do “asilado” e seu estatuto, da figura
do estatuto de “refugiado”.
“A conseqüência mais visível da multiplicação dos
conflitos interno é o crescimento dos conflitos internos é o
crescimento do número dos refugiados, que chega a 21,1 milhões
no início de 2001 – um número alto, mas que não chega perto do
recorde de 27 milhões em 1995. O maior grupo é formado pelos
3,8 milhões de palestinos que estão sob mandato da Acnur há
décadas esperando a criação de um Estado próprio. Logo atrás
estão os afegãos, expulsos dopais pela guerra e pela seca
prolongada. Em maio de 2001, antes mesmo dos ataques anglo-
norte-americanos eles totalizam 3,6 milhões ( contra 2,5 milhões
no fim de 2000 ). Isso torna a Ásia o continente com maior
população de refugiados. A África – que abriga mais da metade
dos confrontos armados no mundo – vem em seguida.”26
O recebimento dos refugiados é ato de soberania de
cada Estado. Os países, entretanto, pela ONU, criaram um
organismo específico para cuidar do assunto. É o Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados-ACNUR-
que possui escritório no Brasil para cuidar dos casos que surjam
neste campo.

26
ALMANAQUE ABRIL: São Paulo: Editora Abril, 2002. p.19.

78
79

3.2. O SUJEITO “ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL”


Além dos Estados, sujeitos do DIP amplamente estudados, é
relevante estudar as Organizações Internacionais, entidades que gozam da
subjetividade internacional, isto é, são sujeitos do Direito Internacional
Público. O seu estudo específico, é denominado Direito das Organizações
Internacionais e faz parte do estudo do DIP.

- DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS -

DEFINIÇÕES

“Entidades criadas sob a égide do Direito Internacional, por


acordo de vontades dos diversos sujeitos jurídicos internacionais, para
efeito de prosseguirem no âmbito da comunidade internacional, autônoma e
continuamente, finalidades específicas não lucrativas de interesse público
comum, através de órgãos seus com competência própria”

“Uma associação de Estados ( ou de outras entidades


possuindo personalidade internacional ), estabelecida por meio de um
tratado, possuindo uma constituição e órgãos comuns e tendo uma
personalidade legal distinta dos Estados-membros.”

As formadas só por Estados, são denominadas também


Organizações Intergovernamentais ( O.I.G.)

PONTO ESSENCIAL
Possuem subjetividade internacional ( personalidade
internacional )

ÓRGÃOS
Pelo menos dois órgãos são indispensáveis em toda estrutura de
toda Organização Internacional:

3.1. ASSEMBLÉIA GERAL- Onde todos os Estados-membros


tenham voz e voto, em condições igualitárias conforme o Tratado
Instituidor. Caracteriza-se como sendo o centro de uma “competência
legislativa”. Não é permanente.
Em geral, reúne-se uma vez por ano, podendo ser convocada
extraordinariamente.

SECRETARIA
Órgão de administração, de funcionamento permanente,
integrado por servidores neutros em relação à política dos Estados-
membros, particularmente à de seus próprios Estados patriais.
Geralmente é presidida pelo Secretário-Geral ou Diretor-Geral.

1.2. Além dos dois órgãos acima, pode ocorrer a


existência de um CONSELHO PERMANENTE ( especialmente nas O.I. de

79
80

vocação política ). Tem funcionamento ininterrupto e tende a exercer a


competência executiva, notadamente em situações de urgência.

2. SEDE
As O.I. são carentes de base territorial e precisam que um
Estado soberano faculte a instalação física de seus órgãos nalgum ponto de
seu território. Assim, normalmente firma-se um tratado bilateral, a que se dá
o nome de Acordo de Sede.
Ex.: Liga dos Estados Árabes (L.E.A.): Cairo.

Também há casos de uma O.I. dispor de mais de uma sede ou


faça variar a instalação de alguns dos seus órgãos.
Exemplos:
ONU X EUA: Nova Iorque.
ONU X Suíça : Sede européia da ONU e Escritórios em
Genebra.
ONU x Países Baixos: C.I.J. em Haia.

REPRESENTAÇÃO E GARANTIA

A O.I. não goza de privilégios apenas em sua sede. Ela tem o


direito de fazer-se representar tanto no território de Estados-membros
quanto no de Estados estranhos aos seus quadros, mas que com ela
pretendam relacionar-se.
Em ambos os casos, seus Representantes Exteriores, serão
integrantes da Secretaria ( vale dizer, do quadro de funcionários neutros ).
Por isso:
a)- têm privilégios semelhantes àqueles da Missão Diplomática
de qualquer soberania.
b)- Suas instalações e bens terão a inviolabilidade usual em
direito diplomático.

6.FINANÇAS DA ORGANIZAÇÃO
Em regra, funcionam com a cotização dos Estados-membros e
não é paritária. Antes, levam em conta a capacidade contributiva de cada
Estado-membro, levada em conta sua pujança econômica.

Exemplo da ONU:
EUA: 25%
Japão: 12,5 %
Rússia: 9,5 %
Alemanha: 9 %
França: 6 %
Reino Unido: 5 %
Itália: 4,5 %
Canadá: 4,0 %
Austrália, Espanha, Países Baixos, China, Suécia, Brasil e
Bélgica: entre 1 e 2 %.

80
81

Demais membros da ONU ( 170 ): contribuem com menos de


1% da receita total.
Orçamento da ONU ( início dos anos 90 ): superava a cifra
de 1 bilhão de dólares/ ano.

7-ADMISSÃO DE NOVOS MEMBROS


É disciplinada pelo Ato Constitutivo.
São levados em conta, três aspectos capitais:

A)- Condições Prévias de Ingresso ( Limites)

Os limites da abertura de seu Tratado Constitutivo. Podem ser


meramente geográficos ( Comunidades Européias: só Estados europeus ;
Organização dos Estados Americanos: só Estados americanos ) ou
geopolítico ( Liga Árabe só Estados árabes ). No caso da ONU ( art. 4ª da
Carta ): Estado pacífico, que aceite as obrigações impostas pela Carta e
juízo da própria organização ).

B) Adesão : Condição Fundamental.


O interessado expressa sua Adesão ao Tratado Institucional (
desprovida de reserva ).

C)- Aceitação
A concordância com a Adesão pelo órgão competente da
entidade, conclui o processo de admissão de um novo membro.
Carta da ONU: decisão da A.G., mediante recomendação do
Conselho de Segurança.
SANÇÕES
A falta aos deveres resultantes de sua qualidade de membro de
uma O.I. pode trazer conseqüências.
a)- Suspensão de determinados Direitos.
Exemplo: Art. 5 da Carta da ONU.
Art. 19: Exclui da votação em A.G. quem estiver em atraso com
sua cota relativa à receita da Organização.
b)- Exclusão do Quadro
O Estado-membro que “ viole persistentemente os princípios
contidos na presente Carta, poderá ser expulso da Organização
pela Assembléia Geral, mediante recomendação do Conselho de
Segurança” ( Art. 6º ).
Observação crítica: caso dos 5 membros permanentes.
RETIRADA DE ESTADOS-MEMBROS
Dois elementos, quando os textos fundamentais prevêem a
denúncia:
A)- Pré-Aviso- Lapso de tempo que deve mediar a manifestação
de vontade do Estado retirante e o rompimento efetivo do vínculo jurídico
decorrente da sua condição de parte no Tratado.
B)- Atualização das Contas

81
82

10- CLASSIFICAÇÃO

De alcance universal e finalidade política ( busca da paz e


segurança ): SDN( 1919-1939 ); ONU ( 1945 ).
De alcance universal e finalidade técnica específica ( Agências
Especializadas da ONU – são O.I. distintas, dotada cada uma delas de
personalidade jurídica própria em direito das gentes ).

De alcance Regional, finalidade política ( vocação precípua de


manutenção da paz entre seus membros )
O.E.A. ( 1951 )
LIGA DOS ESTADOS ÁRABES (L.E.A.)- (1945)
ORGANIZAÇÃO DA UNIDADE AFRICANA (O.U.A.): (1963
).

De alcance Regional, finalidade técnica específica:


Neste grupo se inclui as Organizações Regionais de Cooperação
e Integração Econômica.
C.E.E. ( 1957 ); ALADI ( 1981); Acordo de Livre Comércio da
América do Norte-NAFTA- ( 1994 ).
Organização dos Países Exportadores de Petróleo-OPEP – (
1960 ) – Viena
MERCOSUL: MERCADO COMUM DO SUL ( 1991 ).

3.2.1. -A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS -

ANTECEDENTES

A SOCIEDADE DAS NAÇÕES (S.D.N.) ou LIGA DAS


NAÇÕES (L.D.N.)

Documento básico: Pacto da Sociedade das Nações


Foi prevista na 1ª parte do Tratado de Paz de Versalhes
firmado entre os aliados e associados, de um lado, e a
Alemanha, de outro, firmado em 28 de junho de 1919.
Previa a Assembléia formada por membros da Sociedade e um
Conselho.
Regra: um país, um voto.
Sede: Genebra
Buscava a paz e a segurança das nações. No seu artigo 8º
previa um programa de redução de armamentos.
Expressamente, não previa a proibição da guerra.
Em 1928 surgiu tal previsão no Pacto Briand-Kellogs.

A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS

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83

Lei básica: Carta das Nações Unidas – assinada em 26 de junho


de 1946.
Entrou em vigor em 24 de outubro de 1945.
Possui o preâmbulo e mais 111 artigos e o Estatuto da Corte
Internacional de Justiça ( C.I.J. )
O Brasil ratificou em 12/09/1945 e o depósito da ratificação
deu-se em 21/09/1945.

Membros originários: 51 países participaram da Conferência


de São Francisco e previamente firmaram a Declaração das
Nações Unidas de 1º/01/1942.
Membros eleitos: são os que são admitidos pela Assembléia
Geral, mediante recomendação do Conselho de Segurança.

Objetivo: Organização mundial encarregue de manter a paz e a


segurança internacional, constando expressamente que a guerra
é proscrita. Por isso, suas funções são: 1)- Manutenção da paz e
da segurança internacionais; 2)- Cooperação econômico-social
internacional; 3)- Proteção dos Direitos do Homem; 4)-
Descolonização.
Os membros podem ser suspensos e expulsos ( artigo 5).
Sede: Sediada numa zona internacional em Nova Iorque.

ÓRGÃOS
ASSEMBLÉIA GERAL
Composta por todos os membros da Organização, cabendo a
cada Estado-membro apenas um voto. ( Art. 18, 1).
É o principal órgão deliberativo da ONU e por isso, visto como
seu órgão central.
Em 1997 possuía 185 membros.
Tonga, um pequeno arquipélago do pacífico sul, tornou-se o
188º membro.
Reúne-se uma vez ao ano ( 1ª Terça-feira de setembro )
Sessões extraordinárias: Convocadas pelo Secretário-Geral, a
pedido do Conselho de Segurança ou da maioria dos Estados-
membros.
Possui 7 ( sete comissões )
Decisões em geral: maioria simples. Decisões mais
importantes: maioria de 2/3

1.1.1. CONSELHO DE SEGURANÇA

Era originalmente composto por 11 membros, dos quais 5


membros permanentes ( EUA, Reino Unido, França, Rússia e
China ). A partir de janeiro de 1966 foi alargado para 15
membros, sendo cinco permanentes e dez não permanentes,
eleitos de dois em dois anos pela Assembléia Geral, tendo em
conta uma repartição geográfica equitativa ( 5 africanos e
asiáticos; 1 da europa oriental ; 2 da América Latina; 2 da
europa ocidental )

83
84

A votação é feita por maioria qualificada, ou seja, nove votos


afirmativos em quinze. Nas questões processuais, os votos têm o
mesmo peso. Quanto a outras questões, essa maioria tem que
ter incluída os cinco membros permanentes, os quais têm o
direito de veto.
A presidência é assegurada rotativamente pelos seus membros
pelo período de um mês.
Competência: sua competência é a manutenção da paz e
segurança internacionais, bem assim, recomendação prévia no
caso de admissão, suspensão ou exclusão de membros e
nomeação do Secretário Geral para, só então, ser submetida à
Assembléia Geral. O C.S. também é assistido por um Comitê de
Estado-Maior.
O Conselho de Segurança é o único Órgão que tem poderes de
tomar decisões que os membros têm obrigação de aplicar.
1.1.1. O CONSELHO DE TUTELA
Foi criado para superintender a administração dos territórios
sob tutela.
Já teve maior importância quando havia muitos territórios nesta
condição, geralmente subordinados à tutela de uma grande
potência, a qual exercia a tutela dum território,
transitoriamente, até a sua independência.

O CONSELHO ECONÔMICO E SOCIAL (C.E.S.)


Composto por 54 membros eleitos por 3 anos pela Assembléia
Geral e está submetido à autoridade desta; permitida a
reeleição.
Reúne-se duas vezes por ano ( Nova Iorque e Genebra )
Decisão: maioria dos membros presentes e votantes.
Sua competência desenvolve-se no plano econômico, social,
cultural, educacional e dos direitos do homem da ONU e das
seus organismos especializados e das diversas instituições que
constituem o sistema das Nações Unidas. Também desenvolver
atividades relativas ao Comércio Internacional, à
industrialização, aos recursos naturais, à condição da mulher,
às questões demográficas, ao bem-estar social, à ciência e
tecnologia, à prevenção do crime e a múltiplas outras questões
de ordem econômica e social.
Sobre os assuntos que lhe compete, dirige recomendações à
Assembléia Geral, aos Estados-membros da ONU e às agências
especializadas. Está em sua competência ainda, preparar
projetos de Convenções, convocar Conferências Internacionais
posto que não tenha poderes próprios de decisão.

A CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA (C.I.J.)

84
85

Sucedeu a Corte Permanente de Justiça Internacional ( C.P.J.I.


)
Ao tornar-se membro da ONU implica na aceitação integral do
Estatuto da C.I.J. Tal Estatuto foi baseado no Estatuto da C.P.J.I.
Línguas oficiais: inglês e francês.
É composta por quinze ( 15 ) juízes, eleitos por nove anos pela
Assembléia geral e pelo Conselho de Segurança de uma lista de pessoas
enviadas pelos Estados.
Durante o mandato, “os membros do Tribunal não podem
exercer nenhuma função pública ou administrativa”, nem tão pouco ser
advogado, ser agente ou conselheiro em questões judiciais, nem Ter outra
ocupação profissional.
Podem fazer parte da Corte, um ou dois juízes ad hoc. Reúne-se
na cidade de Haia, Holanda e “estão em sessão permanente”.
A C.I.J. só está aberto aos Estados-membros da ONU e a outros
que a Assembléia Geral e o Conselho de Segurança determinarem,
incluindo as instituições especializadas.
Tem competência contenciosa e competência consultiva.
Na contenciosa, julga querelas entre os Estados, quando então,
“reveste-se de carácter jurisdicional”. Na consultiva, emite pareceres.
Sobressai-se por ser o principal órgão jurisdicional das Nações Unidas.

O SECRETARIADO

É um órgão administrativo e tem sede permanente em


Washington.
O Secretário-Geral é eleito pela Assembléia Geral mediante
recomendação do Conselho de Segurança. Cabe-lhe nomear diretamente os
funcionários segundo as regras fixadas pela A.G. e “são funcionários
internacionais”. O Secretário-Geral participa de todas as reuniões da
Assembléia Geral, do Conselho de Segurança, do Conselho Econômico e
Social e do Conselho de Tutela. “O Secretário Geral tem um papel de
primeiro plano, e é nele que culminam estes dois caracteres fundamentais
da ONU: a permanência e a vontade própria.”
O Secretariado assume as funções administrativas da ONU.
Está ao serviço dos outros órgãos e põe em prática os programas e as
políticas que eles aprovam.
Secretário-Geral atual.: Kofi Anan
O Secretariado da ONU é composto pelo Secretário-geral, pelo
pessoal funcionários e pelos agentes ao serviço da ONU em todo o mundo.
É um órgão das Nações Unidas.
Emprega 50.000 pessoas, das quais 4.800 em sua sede. Forma o
maior complexo administrativo existente em Organizações Internacionais.
Línguas oficiais: Árabe, Chinês, Espanhol, Francês, Inglês e
Russo.
Todo tratado firmado pelo Estado-membro deverá ser
registrado e publicado pelo secretariado, depois de sua entrada em vigor.

ORGANISMOS DO SISTEMA DAS NAÇÕES UNIDAS

85
86

a)- Semi-Autônomos :
UNICEF: Fundo das Nações Unidas para a Infância, seadio em
Nova Iorque.
H.C.R. ( Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Refugiados), sediado em Genebra. A sigla em português é ACNUR.
PNUD ( Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento), sediado em Nova Iorque.
CNUCED ( Conferência Das Nações Unidas sobre o Comércio
e Desenvolvimento )
ONUDI ( Organização das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Industrial )
PNUA ( Programa das Nações Unidas para o Ambiente),
sediado em Nairobi.
CMA ( Conselho Mundial da Alimentação ), juntamente com o
FIDA ( Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola )e o PAM (
Programa de Alimentação Mundial ) estão sediados em Roma.
UNU ( Universidade das Nações Unidas, sediada em Tóquio.

b) Autônomos
Conhecidos como “agências especializadas” ou “instituições
especializadas” ligadas direta ou indiretamente à Assembléia Geral.
Exemplos:
AIA: Agência Internacional de Energia Atômica.
FAO: Organização das Nações Unidas para a Alimentação e
Agricultura.
UNESCO: Organização das Nações Unidas para Educação,
Ciência e Cultura.
OMS: Organização Mundial de Saúde.
O.I.T.: Organização Internacional do Trabalho.*
F.M.I.: Fundo Monetário Internacional
U.I.T.: União Internacional das Telecomunicações
U.P.U.: União Postal Universal
G.A.T.T.: Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio.
O.M.C.: Organização Mundial do Comércio. Sediada em
Genebra.
O caráter essencial de cada instituição especializada é sua
independência.
Os organismos especializados são organizações autônomas
inter-governamentais que colaboram com as Nações Unidas e, entre si, por
intermédio do Conselho Econômico e Social.

86
87

DESTAQUE ESPECIAL: A ORGANIZAÇÃO


INTERNACIONAL DO TRABALHO-O.I.T. 27
A Organização Internacional do Trabalho, “é um organismo
especializado das Nações Unidas que procura fomentar a justiça social e os
direitos humanos e trabalhistas internacionalmente reconhecidos.”28 Alguns
a denominam como um tipo de Agência Especializada da ONU29 “é
encarregada de garantir o respeito aos direitos trabalhistas no mundo.
Defende a liberdade de associação dos trabalhadores, estabelecimento de
um sistema de previdência social, salário adequado e proteção contra
doenças ocupacionais.”30 A O.I.T. , segundo PEREIRA 31 , “consolidou-se
como foro internacional de discussão de temas trabalhistas, com uma
estrutura composta por representantes dos empregados dos trabalhadores e
dos governos.”
Sua sede é em Genebra, Suíça e sua data de criação remonta a
1919. O Brasil é membro fundador. Os ógãos básicos são: Conferência
Internacional do Trabalho, o Conselho de Administração ( 48 membros ) e o
Bureau Internacional do Trabalho, encarregado de executar suas decisões. 32

Citando André Gonçalves Pereira e Fausto de Quadros,


FONTOURA E GUNTHER citam, existem dois instrumentos jurídicos
fundamentais: “as convenções e as recomendações aprovadas pela
Assembléia Geral por maioria de 2/3. As primeiras são obrigatórias após a
sua ratificação pelos Estados. As segundas são meramente indicativas.”33
Na mesma perspectiva, LOBO XAVIER34 esclarece: “As
Convenções e as recomendações são aprovadas na Conferência por maioria
de dois terços. Não contêm um regime com eficácia imediata nos
ordenamentos do Estado, já que este tem o direito de ratificar ou não os
textos aprovados, devendo, contudo, em qualquer caso informar
periodicamente sobre o estado da legislação e da prática nacionais quanto
aos aspectos focados.
As convenções, depois de ratificadas, conduzem os respectivos
estados à obrigação de as aplicar, conformando a sua legislação e prática aos
princípios nela constantes, ficando tal aplicação sujeita a controle. As
recomendações constituem uma orientação e antecedem, muitas vezes,a
elaboração de uma conve nção sobre a matéria.”
No mesmo artigo científico citado acima, há uma esclarecedora
consideração sobre as distinções entre as Convenções e as Recomendações
da O.I.T., conforme BALMACEDA:

27
International Laboral Organization: ILO. www.ilo.org
28
Idem.
29
ALMANAQUE ABRIL. São Paulo: Editora Abril, 2002.
30
Idem, p. 49.
31
PEREIRA, Bruno Yepes. Curso de Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva,
2006. p. 139.
32
Idem, p. 139.
33
FONTOURA, Jorge e GUNTHER, Luiz Eduardo. A Natureza Jurídica e a Efetividade
das Recomendações da OIT. Porto Alegre: Síntese Trabalhista, v. 1. nº 1, jul. 1989. 141-
149, p. 141.
34
Idem, apud FONTOURA, Jorge e GUNTHER, Luiz Eduardo. Op. Cit. P. 142.

87
88

“1)-a convenção constitui uma forma de tratado internacional,


não assim a recomendação;
2)- a convenção pode ser, por conseguinte, objeto de ratificação
pelo correspondente Estado, o que logicamente não pode ocorrer com uma
recomendação;
3)- ratificada uma convenção, o Estado ‘tomará as medidas
necessárias para efetivar as disposições da dita convenção’ ( Constituição
da OIT, art. 19, nº 5, letra d ). Sendo improcedente a ratificação de
recomendação, não vigora pois, a seu respeito, dita obrigação por parte
dos Estados;
4)- enquanto que no caso das convenções podem apresentar-se
diversos problemas de interpretação, entrada em vigor, denúncia, revisão e
efeitos em caso da retirada de um Estado da OIT, todos derivados da
ratificação do instrumento, nenhuma dessas situações têm lugar no que
concerne às recomendações.” 35
Para SÜSSEKIND, as convenções da OIT, quando rfaticiadas
pelo Brasil, constituem autênticas fontes formais de direito. No entanto, “as
recomendações aprovadas pela Conferência Internacional do Trabalho
atuam apenas como fontes materiais de direito, porque servem de inspiração
e modelo para a atividade legislativa.”36
SÜSSEKIND esclarece que “Ao ingressar na OIT e aderir à sua
Constituição, o Estado contrai a obrigação formal de submeter toda
convenção, no prazo máximo de dezoito meses da sua adoção, à autoridade
nacional competente para sua aprovação ( art. 19, § 5, a, da Constituição ).
A ratificação do tratado constitui ato de Governo; mas este só poderá
promovê- la depois de aprovado o correspondente texto pela autoridade
competente, segundo o direito público interno. Por força do que prescreve o
art. 49, I, da Constituição brasileira, essa autoridade é o Congresso
Nacional, a quem compete resolver, em caráter definitivo, sobre a
aprovação, ou não, dos tratados. Sem essa aprovação, que se dá por Decreto
Legislativo, o Presidente da República não poderá promover a ratificação.
Por seu turno, a eficácia da convenção ratificada no plano
nacional, mesmo em se tratando de normas auto-aplicáveis, está
condicionada à publicação oficial do seu texto no idioma português, o que
se verifica com o Decreto de Promulgação expedido pelo Presidente da
República.”37
A recepção e o efeito da norma recepcionada são agrupadas em
duas teorias. A do CONGLOBAMENTO e a da ACUMULAÇÃO.
Neste sentido, por sua clareza, transcrevermos o texto de
MEDEIROS E LAET 38 a seguir:
“As teorias do conglobamento e da acumulação foram criadas
em decorrência do estudo da aferição da norma mais favorável. Pela
primeira teoria, o hermenêuta, diante de instrumentos jurídicos em conflito,
haveria de sopesar qual deles seria o mais benéfico ao empregado, tomando
35
Idem, apud FONTOURA. Jorge e GUNTHER, Luiz Eduardo, op. Cit. P. 143.
36
Idem, apud FONTOURA, Jorge e GUNTHER, Luiz Eduardo, op. Cit. P. 144.
37
SÜSSEKIND, Arnaldo. Direito Constitucional do Trabalho. 2ª ed. São Paulo: Renovar,
2001. P 73, 74.
38
MEDEIROS, Alexandre Alliprandino e LAET, Flávio Antônio Camargo de. As
Novidades no Sistema Jurídico das Férias Individuais – A Convenção 132 da O.I.T. Porto
Alegre: Síntese Trabalhista, 2001. v. 13, n. 146, ago. 2001, pág. 141.

88
89

por parâmetro a totalidade de seus dispositivos. A segunda teoria, por sua


vez, sustenta que a aferição da norma mais benéfica deve ser feita
dispositivo por dispositivo, de sorte que o hermenêuta poderia se valer,
concomitantemente, de um dispositivo mais favorável de um sistema legal
aliado a outro mais favorável do sistema jurídico conflitante.
Cogita-se, ainda, uma terceira teoria, qual seja, a do
conglobamento mitigado, pela qual a apreciação da norma mais benéfica há
de ser feita instituto por instituto. Assim, tomando por exemplo o objeto do
presente estudo, o instituto seria o das férias individuais. O intérprete e
aplicador da lei, por conseguinte, haveria de optar pela utilização integral ou
da Convenção 132 ou das normas internas atualmente em vigência.
De qualquer forma, a apreciação da norma mais benéfica, como
é sabido, há de ser feita de acordo com o caso concreto, pelo que as teorias
supra podem ou não ser mais vantajosas dependendo das vicissitudes e do
estágio de cada contrato de trabalho.”
Registre-se ainda que “é importante registrar que as normas das
convenções da OIT são formuladas em termos de direitos trabalhistas
internacionais mínimos, pelo que, no que respeito à interpretação e à
aplicação de seus dispositivos, há de prevalecer a norma mais favorável,
devidamente manejada segundo os critérios do conglobamento, da
acumulação ou do conglobamento mitigado.”39

3.2.2. - ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS -


( O.E.A. )

Origem: Carta da Organização dos Estados Americanos


De 30/04/0948 de Bogotá.
Possui princípios escritos consuetudinários continentais desde
1889.
“É a mais antiga organização de cunho genérico existente”.
1ª Conferência Internacional de Países Americanos –
Washington – 1889/90-
Propósitos e Princípios:
1)- Garantir a paz e a segurança do continente.
2)- Assegurar a solução pacífica de suas controvérsias.

A Carta não prevê expulsão de nenhum Estado- membro.


Estrutura:
ASSEMBLÉIA GERAL
Órgão supremo da Organização e todos os Estados- membros
fazem-se representar nela. Reúne-se anualmente. Cada país um voto.
A primeira A.G. ocorreu em Washington, 1971.
CONSELHOS:
Conselho Permanente
Conselho Interamericano Econômico-social
Conselho Interamericano de Educação, Ciência e Cultura
Comissão Jurídica Interamericana com sede no Rio de Janeiro.
39
Idem. P. 140.

89
90

Comissão Interamericana de Direitos Humanos – Art. 112 da


Carta da OEA. Completada pela “ Convenção Americana sobre a Proteção
dos Direitos Humanos”.

Secretaria-Geral: dirigida pelo Secretário Geral, eleito por um


período de 5 anos ( só eleito uma vez ).
ORGANISMOS ESPECIALIZADOS:
Comissão Interamericana da Mulher (Washington)
Instituto Indigenista Americano ( México )
Instituto Interamericano de Ciências Agrícolas (São José)
Instituto Interamericano da Criança ( Montevidéu )
Instituto Panamericano de Geografia e História (México)
Organização Pan-Americana de Saúde ( Washington )

3.2.3. - DIREITO INTERNACIONAL DE INTEGRAÇÃO -


E A GLOBALIZAÇÃO

A GLOBALIZAÇÃO iniciou-se principalmente a partir da


década de 80, onde o capitalismo conheceu um processo de aceleração sem
precedentes que passou a definir a nova tendência do mundo atual: a
globalização da economia. Percebe-se, assim, que houve um evolução do
capitalismo desde a sua fase inicial, passando pelo Capitalismo Liberal,
Capitalismo Monopolista e o Neoliberalismo.
“A Globalização da Economia é a expressão máxima do
processo de mundialização das relações entre as nações, ao mesmo tempo
em que representa a mudança na concepção do papel dos Estados nacionais.
A formação dos Estados nacionais tinha como pressuposto uma unidade
territorial, comandada por uma autoridade política única e integrada por
uma economia de base nacional.”
“O processo de globalização, que avança em diferentes tempos
para diferentes direções, é extremamente contraditório, porque, assim como
promove a modernização de um país, tende a formar uma sociedade
padronizada, hierarquizada e excludente. A globalização transforma a
economia, a política e a cultura de um país, marcando as sociedades
nacionais com uma nova realidade que pode ser constatada por meio:
- da presença de inúmeras empresas multinacionais e de seus
executivos vindos do país de origem dessas empresas;
- das transformações ocorridas no setor comercial facilmente
verificadas pelo aumento de shopping centers;
- da variedade de produtos importados encontrados à venda;
- da disponibilidade e utilização de modernas tecnologias;
- da divulgação de informações por meio da Internet, de
revistas estrangeir as e de jornais escritos e falados que
circulam entre os diferentes países.”

Obs.: “Este processo não ocorre em todo o mundo ao mesmo


tempo. Por exemplo, existem regiões na África e no sul da Ásia que ainda
não foram atingidas.”

90
91

“O processo de integração mundial que se intensifica nas


últimas décadas se baseia na liberação econômica. Com o abandono
gradativo de barreiras tarifárias que protegem sua produção da
concorrência estrangeira, os Estados se abrem ao fluxo internacional de
bens, serviços e capitais. A recente revolução nas tecnologias da
informação contribui de forma decisiva para essa abertura, permitindo uma
integração sem precedentes no planeta. Além de concorrer com uma
crescente homogeneização cultural, a evolução e a popularização das
tecnologias de informação( computador, telefone e televisor) são
fundamentais para agilizar o comércio, o fluxo de investimento e a atuação
das empresas transnacionais. Em 1960, um cabo de telefone
intercontinental conseguia transmitir 138 conversas ao mesmo tempo.
Atualmente, os cabos de fibra óptica possuem capacidade para enviar 1,5
milhão. Uma ligação telefônica internacional de três minutos, que custava
244 dólares em 1930, é feita em média por 2,5 dólares em2.000. A OMC
estima em 2.000 a existênciade300 milhões de usuários da internet e
transações comerciais demais de300 bilhões de dólares.”
“Nem todos se beneficiam com os fluxos da globalização.
Muitos vivem ao lado de aeroportos internacionais, um dos nós da rede de
fluxos de pessoas e mercadorias, mas dificilmente entrarão em um avião.
Outros passam todos os dias em frente a grandes hotéis – outro nó do fluxo
de pessoas -, mas não têm dinheiro para se hospedar neles. Há aqueles
ainda que nunca poderão investir em ações, participando do fluxo
financeiro mundial. As grandes cidades oferecem uma infinidade bens e
serviço, aos quais boa parte da população não tem acesso.
O fator de limitação é o desigual acesso à renda. Nem todas as
pessoas têm recursos suficientes para adquirir bens e serviços cada vez
mais disseminados no mundo globalizado. No capitalismo, os investimentos
são concentrados em certos lugares e voltados para setores nos quais o
retorno é maior. Assim, as regiões e as populações mais pobres tendem a
ser marginalizadas – se não se realizarem investimentos para garantir o
desenvolvimento de todos os lugares.”40 Os autores deste texto, na mesma
obra, desenvolvem o tema dos “Principais Fluxos da Globalização”,
apontando-os: O Fluxo de Capitais Produtivos ( investimentos estrangeiros
ou externos ); O Fluxo de Capitais Especulativos ( busca do lucro financeiro
imediato ), estes “quase não geram empregos e tendem a tornar vulneráveis
as economias dos países, especialmente dos emergentes. Na maioria das
vezes, os operadores das empresas financeiras retiram o dinheiro dos
países no momento em que eles mais precisam de capital. Isto aconteceu na
crise asiática, em outubro de 1997 e na brasileira, no início de 1999” ( Op.
Cit. P. 74 ); Os Fluxos de Mercadorias ( “responsável pela crescente
mundialização do consumo ” ); Os Fluxos de Informações ( Internet; Redes
de Televisão, com a CNN; Redes de Rádio ( BBC ); Os Fluxos de Pessoas.
Na mesma linha, os autores apontam as chamadas Cidades Globais, para
além das Megacidades. Tal situação, como visto, desuniforme e injusta, não
foi aceita genericamente. Aconteceram movimentos de resistência que, ao
in´ves de trazer a convergência dos povos, apontou para um distanciamento,
um litígio, um conflito. Como exemplo dos movimentos contra a imposição
40
SENE, Eustáquio de e MOREIRA, João Carlos. (coleção Trilhas da Geografia: espaço
geográfico mundial e globalização ). São Paulo: Scipione, 2000. p. 93.

91
92

de regras, padrões de consumo, padrões culturais, em suma, o denominado


movimento antiglobalização, pode-se apontar os Movimentos Radicais
Islâmicos, cujos ramos desembocaram no TERRORISMO; também os
movimentos nacionalistas; de forma organizada, podemos citar também o
Fórum Social Mundial ( o primeiro, em 2001, em Porto Alegre, Brasil ). 41

1)- Tipos de Integração

1.1. ZONA DE LIVRE COMÉRCIO

Caracteriza-se pela redução ou eliminação das taxas


aduaneiras ou restrições ao intercâmbio. “Criação de uma zona em que as
mercadorias provenientes dos países membros podem circular livremente.
As tarifas alfandegárias são progressivamente reduzidas e, afinal,
eliminadas. Há flexibilidade nos padrões de produção, controle sanitário e
de fronteiras. Alianças como a Asean e o Nafta estão nesse estágio de
integração.”42 Ex. NAFTA.

1.2. UNIÃO ADUANEIRA

Zona de Livre Comércio + Taxa Externa Comum (TEC). “Além


da zona de livre comércio, essa etapa envolve e negociação de tarifas
alfandegárias comuns para o comércio realizado com outros países. O
Mercosul se encontra nesse estágio do processo.”43
Ex.: Pacto Andino (1969: Bolívia, Colômbia, Equador, Perú e
Venezuela )

1.3. MERCADO COMUM


“É a situação de efetiva integração econômica. Engloba as
duas fases anteriores e acrescenta a livre circulação de pessoas, serviços e
capitais” 44
União Aduaneira + Livre circulação de bens, serviços, pessoas
e capitais. Ex.: COMUNIDADE EUROPÉIA, até 1992. MERCOSUL/1991.

1.4. UNIÃO MONETÁRIA


“Essa fase pressupõe a existência de um mercado comum em
pleno funcionamento. Consiste na coordenação das políticas econômicas
dos países membros e na criação de um único banco central para emitir a
moeda que será utilizada por todos eles. Na Europa unificada, por exemplo,
cabe ao Banco Central Europeu emitir a moeda comum .”45
Mercado comum + Sistema Monetário Comum
1.5. UNIÃO POLÍTICA
“Última etapa da integração, a união política engloba todas as
anteriores e envolve também a unificação das políticas de relações

41
MOREIRA, Igor. Espaço Geográfico. São Paulo: editora Ática, 2002.
42
MOREIRA, Igor. Op. Cit. p. 54.
43
Idem, p. 54 .
44
Ibidem, p. 54.
45
Op. Cit. p. 54.

92
93

internacionais, defesa, segurança interna ( terrorismo, narcotráfico ) e


segurança externa ( guerras ). Em sua meta de unificação, a União
Européia está voltada para a efetivação desta etapa.

1.6.UM DILEMA: INTEGRAÇÃO FEDERALISTA X


FUNCIONALISTA (gradualismo ): o dilema da União Européia.

Há vários setores que podem ser incluídos na Integração:

1)- ECONÔMICO: desenvolve-se um processo para eliminar as


barreiras alfandegárias entre os Estados- membros ( aí ocorre a livre
circulação de mercadorias, de pessoas e de capitais ). Podem definir uma
política econômica comum e única em relação aos outros Estados.
2)- POLÍTICO: Uma autoridade transnacional ( exemplo: o
europeísmo da União Européia ). As motivações seriam:
A)- Otimizar a capacidade econômica para competir. menor
assimetria em favor dos EUA, líder em produção para exportação.
B)- Aumentar o potencial político na balança internacional de
poder.
C)- Eliminar causas de conflitos.

3)- DE SEGURANÇA E DEFESA: OTAN ( aliança militar dos


países ocidentais para fazer frente ao bloco socialista )
Integração Federalista
Integração Funcionalista ( gradualismo )
Há vários setores que podem ser incluídos na integração:
1-Econômico: desenvolve-se um processo para eliminar as
barreiras alfandegárias entre os Estados-membros ( aí ocorre a livre
circulação de mercadorias, de pessoas e de capitais ). Podem definir uma
política econômica comum e única em relação aos outros Estados.
2-Político: Uma autoridade transnacional ( exemplo: o
europeísmo da União Européia ).
Motivação: 1)- Otimizar a capacidade econômica para
competir. Menor assimetria em favor dos EUA, líder em produção para
exportação;
2)- Aumentar o potencial político da balança internacional
de poder.
3)- Eliminar causas de conflito

3-De Segurança e Defesa: OTAN ( aliança militar dos


países ocidentais para fazer frente ao bloco socialista ).

3.2.4. BLOCOS ECONÔMICOS

Dentro do tema “Organizações Internacionais”, há que se


destacar a formação dos chamados “Blocos” que, na realidade, não passam
da criação de uma Organização Internacional, ora nos moldes tradicionais
do Direito Internacional Público pela forma de relação entre os países
chamada de coordenação ( as soberanias relacionam-se dentro da O.I. como

93
94

soberanias independentes que se unem e formam um “bloco”, mantendo


cada uma a sua personalidade internacional e a O.I. é uma nova
personalidade ), ora nos moldes que fogem ao direito internacional clássico,
que seria a relação entre países e a nova organização denominada
supranacionalidade em que os órgãos de direção da O.I. têm mecanismos
de se imporem aos Estados formadores, prevalecendo a sua decisão em
bloco vencedora sobre a decisão individual vencida ( caso típico da União
Européia ).
1.Definição:
“São associações de países, em geral de uma mesma região
geográfica, que estabelecem relações comerciais privilegiadas entre si e
atuam de forma conjunta no mercado internacional”
2.Histórico
O primeiro bloco econômico apareceu na Europa, com a
criação em 1957 da Comunidade Econômica Européia ( embrião da atual
União Européia ).
A tendência de regionalização da economia só é fortalecida nos
anos 90, com o desaparecimento dos dois grandes blocos da Guerra Fria
liderados pelos EUA E URSS, estimulando a formação de zonas
independentes de livre-comércio, um dos processo da Globalização.
Atualmente, os blocos mais importantes são: a U.E., o NAFTA,
o MERCOSUL e a APEC. Em menor grau, estão o PACTO ANDINO (1969,
formados pelos países andinos, menos o Chile que se retirou em 1977),
CARICOM ( Comunidade do Caribe e Mercado Comum ), ASEAN (
Associação das Nações do Sudeste Asiático ), CEI ( Comunidade dos
Estados Independentes);SADC ( Comunidade da África Meridional para o
Desenvolvimento e COMESA ( Mercado Comum dos Países do Leste e Sul
da África que inclui dezoito países: Moçambique, Tanzânia, Uganda,
Etiópia, Angola, Quênia,etc.).
No plano mundial, as relações comerciais são reguladas pela
Organização Mundial do Comércio - O.M.C. – que substituiu o GATT (
Acordo Geral de Tarifas e Comércio ).

3. Destaques:
1)- Um dos aspectos mais importantes na formação dos blocos
econômicos é a redução ou a eliminação de alíquotas de importação, com
vistas à criação de livre-comércio;
2)- Os blocos aumentam a interdependência das economias dos
países membros;
4-Os Principais Blocos:

A)- O MERCOSUL
O Mercado Comum do Sul, formado em 1991 pelo Tratado de
Assunção, é composto por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, visando
estabelecer uma zona de livre comércio. É uma O.I. cuja relação se coloca
como de coordenação. Desde a sua criação até hoje, o MERCOSUL
promoveu um enorme crescimento no comércio entre esses quatro países-
membros, sendo o mais importante mercado comum da América Latina e
provavelmente de todo o sul do planeta.

94
95

Congrega 215,9 milhões de pessoas e um PIB um pouco


superior a 1,1 trilhões de dólares. Hoje está mais para uma união
aduaneira. Tem como países associados a Bolívia e o Chile, os quais
deverão logo fazer parte como membro do bloco.

B)- O NAFTA ( North American Free Trading Agreement ou


Acordo de Livre Comércio da América do Norte ). Organização
Internacional de Coordenação. A grafia com as iniciais em inglês é mantida
apenas para facilitação do que a sigla se refere. Fazem parte do bloco os
Estados Unidas, o Canadá e o México, assinado pelos três países em 1993.
Em conjunto, eles somam 370 milhões de habitantes, que, normalmente, são
consumidores de elevado poder de compra. Possui um PNB superior a 7
trilhões de dólares. Representa uma expressão da denominada Doutrina
Monroe ( 1823 ): A América para os Americanos. A tendência é caminhar
para o estabelecimento de uma Área de Livre Comércio em toda a América,
a ALCA. Prazo para eliminação das barreiras alfandegárias: 15 anos.
C)-A ALCA ( Área de Livre Comércio para as Américas ) –
Surgiu em 1994 visando eliminar as barreiras alfandegárias entre os 34
países da América, exceto Cuba. O prazo mínimo de sua formação é de sete
anos, quando poderá transformar-se em um dos maiores blocos comerciais
do mundo, com um PIB de 10,8 trilhões de dólares e uma população de
823,2 milhões de habitantes. Os EUA propõem a implementação imediata
de acordos parciais, com abertura total do mercado em 2.005.O Brasil e o
Mercosul prevêem grandes dificuldades na adaptação de suas economia a
essa integração e preferem dar início ao processo em 2.005.
D)- COMUNIDADE SUL-AMERICANA DE NAÇÕES
A primeira reunião de Chefes de Estado da Comunidade Sul-
Americana de Nações foi realizada em Brasília em 01 de outubro de 2005.
Os países integrantes, por ordem alfabética: Argentina, Bolívia, Brasil,
Chile, Colômbia, Equador, Guiana , Paraguai, Peru. Surinama, Uruguai e
Venezuela. Em termos estimativos, tem-se os seguintes dados: 372 milhões
de habitantes, alcançando uma superfície de 17,6 milhões de quilômetros
quadrados. O comércio inter-regional em 2004 alcançou a cifra de 83
bilhões de dólares. O PIB estimado é de 1,2 trilhões de dólares e a inflação
média é de 7,2%. As reservas internacionais alcançam 141 bilhões de
dólares.
Sua agenda prioritária inclui: diálogo político; integração física;
cooperação na preservação do meio ambiente; integração energética;
financimaneto; promoção da coesão social; telecomunicações. 46

E)- A UNIÃO EUROPÉIA – U.E. – (relação supra-nacional)

Nascida nos anos cinquenta com o Mercado Comum Europeu,


também conhecida como C.E.E. Essa associação foi pioneira e forneceu o
exemplo a ser seguido pelo resto do mundo. Vários países do globo
procuraram criar outros mercados regionais, outros exemplos de
integração econômica internacional. Os países que a compõem atualmente
46
www.newsbox.msn.com.br/article. Acessado em 01/10/2005.

95
96

são: Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Espanha, Bélgica, Holanda,


Luxemburgo, Portugal, Grécia, Dinamarca, Suécia, Áustria, Finlândia e
Irlanda do Norte.
Está previsto um alargamento a leste, quando outros países
europeus ocidentais e orientais deverão fazer parte da mesma. Com tal
unificação, as empresas passaram a dispor de um mercado muito mais
amplo que a sua nação de origem.
São cerca de 375,2 milhões de consumidores de alto poder
aquisitivo e um PIB de 8,3 trilhões de dólares.
Na verdade, além de um bloco econômico, a União Européia
caminha para uma sonhada unificação política e adotou um sistema de
relações que superam o direito internacional geral ou comum, pois as
decisões da U.E. podem sobrepor-se e impor-se sobre a posição contrária
de um país membro o que se denomina de O.I. supranacional.

F)- A APEC ( Associação de Cooperação Econômica da Ásia e


do Pacífico )
São quinze membros fundadores da APEC: Japão, Estados
Unidos, China, Canadá, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Cingapura,
Brunei, Malásia, Indonésia, Filipinas, Austrália, Nova Zelândia e Coréia do
Sul. Também o México e o Chile foram aceitos, mas na condição de futuros
membros. Ainda cita-se o Perú, Federação Russa e Vietnã. Visa a
implantação de uma zona de livre comércio até 2020. Abertura de mercado
entre 20 países. Respondem por metade do PIB mundial e 40% do
Comércio mundial. É uma O.I. suja relação é de coordenação.
G)- A C.E.I. ( Comunidade dos Estados Independentes )
Constituída pelos países originários da ex-União Sociética (
com exceção das três nações bálticas ), cujos membros totalizam doze
Estados: Rússia, Ucrânia, Armênia, Geórgia, Casaquistação, Moldávia,
Bielo-Rússia e outros. Criada em 1991. É uma O.I. de coordenação.
Esses países tentam reconstruir suas economias e criar um
mercado comum inspirado no exemplo da Europa, pois a interdependência
que possuem é muito grande ( estradas, oleodutos em comum, indústrias
que utilizam matérias-primas de países vizinhos, décadas de comércio
prioritário entre si, etc. ). Prevê a centralização das forças armada se uma
moeda comum: o rublo.
H)- COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA
PORTUGUESA

Esta comunidade visa uma integração CULTURAL, baseada na


língua comum dos países que a compõem, qual seja, a língua portuguesa. A
data de sua criação foi 17 de julho de 1996. Possui personalidade jurídica
internacional e é dotada de autonomia financeira, oriundo da contribuição
dos Estados- membros.
Os princípios que orientam a CPLP são: Igualdade soberana dos
Estados- membros; Não-ingerência nos assuntos internos de cada Estado;
Respeito pela identidade nacional; Reciprocidade de tratamento; Primado da
paz, da democracia, do estado de direito, dos direitos humanos e da justiça
social; Respeito pela sua integridade territorial; Promoção do
Desenvolvimento; Promoção da cooperação mutuamente vantajosa.

96
97

Os órgãos da CPLP são: A Conferência dos Chefes de Estado e


de Governo. O Conselho de Ministros; o Comitê de Concertação
Permanente; As Reuniões Ministeriais Setoriais; a Reunião dos Pontos
Focais da Cooperação e o Secretariado Executivo. Também foi criado o
INSTITUTO INTERNACIONAL DE LÍNGUA PORTUGUESA, IILP.
(2005).
Composição: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau,
Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. Mais tarde, em 2002, o
Tirmo Leste foi aceito como países integrante, após a sua independência.
Foi estabelecido o dia 05 de maio como o DIA DA CULTURA
LUSÓFONA pelo mundo.
Outros comunidades baseados na cultura e na língua comum
procuram disseminar e valorizar as respectivas língua e, neste sentido, existe
a Comunidade Anglófona, Francófona, Hispânica, dentre outras.

CAPÍTULO IV: O INDIVÍDUO/PESSOA


HUMANA, COMO SUJEITO DO D.I.P.
4.1. Introdução
A questão do domínio reservado dos Estados.

4.2.Sinonímia
A Constituição brasileira utiliza a expressão direitos
fundamentais, mas na doutrina constitucional utiliza como sinônimas as
expressões: liberdades públicas, direitos humanos, direitos subjetivos
públicos e direitos fundamentais.

“Os direitos e garantias fundamentais constituem um amplo


campo de dispositivos, onde estão reunidos os direitos de defesa do
indivíduo perante o Estado, os direitos políticos, os relativos à
nacionalidade, os sociais e os difusos:”

4.3.Histórico
A)- A primeira declaração de direitos fundamentais da pessoa
humana que a histórica registro foi a Magna Carta de 1215, na Inglaterra,
também conhecida como a “Grande Carta das Liberdades Inglesas”,
assinada pelo rei João Sem Terra, embora sua forma definitiva só se deu
em 1225, sob Henrique III.
Destaques:
1)-Garantia de que “A Igreja da Inglaterra seja livre e goze de
todos os seus direitos e liberdades.”

97
98

2)-Não serão tomadas propriedades imóveis para pagamento de


dívidas, uma vez que os bens móveis apresentados ao credor bastem para
liquidar a dívida.
3)-Um homem livre não poderá ser punido por um pequeno
delito, senão proporcionalmente à gravidade do mesmo.
4)-Nenhum homem será detido, nem encarcerado, nem
desapossado de seus bens, nem colocado fora da lei ( out law ), nem
exilado, nem molestado, senão em virtude de julgamento legal por seus
pares e segundo a lei do país.
B)- Ainda na Inglaterra vieram o Habeas Corpus ( 1679) e o
Bill Of Rights ( 1688 )
“Nestes documentos, nota-se sempre um processo evolucionista
em defesa da liberdade, propriedade privada, segurança, direito de
resistência contra os abusos da Coroa ( Estado ) e liberdade de consciência
e de religião” ( Feu Rosa, p. 159 ).

C)-EUA: Constituição Federal de 1787, com suas dez primeiras


emendas. Abriu caminho, logo seguido pelas Constituições da Virgínia,
Pensilvânia e demais Estados americanos.

D)- “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” de 26


de agosto de 1789, da França. Teve maior repercussão que a Americana.
Considerava como direitos fundamentais mais importantes a propriedade, a
segurança e o direito de resistência contra os abusos do Estado.
“Os ideais da Revolução Francesa obtiveram rápida aceitação
e os princípios enunciados na “Declaração do Homem e do Cidadão”
foram logo incorporados às Constituições de todos os povos do mundo.” (
Feu Rosa, 161).
Apesar desta evolução histórica, pode-se afirmar que, até a
criação da ONU, não era seguro afirmar que houvesse, em direito
internacional público, preocupação consciente e organizada sobre o tema
dos direitos humanos.

4.4.Documento Básico
“Declaração Universal dos Direitos do Homem” de
10/12/1948.
Expressam normas substanciais pertinentes ao tema e no qual
as Convenções supervenientes encontrariam seu princípio e inspiração.
É uma Resolução, não uma Convenção. Não é obrigatória.

4.4.1. Antecedentes da DUDH


Comissão de Direitos Humanos presidida pela Sra. Eleonora
Roosevelt com 3 encargos:
A)- Preparar uma Declaração Universal relativa aos direitos
civis, econômicos e sociais do homem;
B)- Elaborar um pacto ou uma Convenção, em termos legais,
relativo aos direitos civis e políticos, de cumprimento obrigatório para
todos os Estados que a assinassem e ratificassem.

98
99

C)- Propor medidas para implementar os princípios da


Declaração e os dispositivos da Convenção e para examinar as petições e
reclamações de indivíduos ou grupos.
Inspirou-se no Bill of Rights da Constituição dos EUA. Assinada
em Paris.

4.4.2. ADENDOS:

A)-“Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos”-


Protocolo facultativo.
B)- “Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais”. São direitos que a pessoa deve fruir como membro da
sociedade.
Ficaram abertos à assinatura, ratificação e adesão pela
Resolução da AGNU em 19/12/1966.
Brasil ratificou em Janeiro de 1992 e entrou em vigor em julho.
São de cumprimento obrigatório. Contudo, mais que isso, a
DUDH é tida como direito costumeiro ( “jus cogens”).

4.4.3. OS SITEMAS REGIONAIS DE PROTEÇÃO DOS


DIREITOS HUMANOS
Coexiste com o mundial.

4.4.3.1. O SISTEMA EUROPEU


“Convenção Européia para a proteção dos Direitos Humanos e
das Liberdades Fundamentais” – Roma, 1950

Carta Social Européia de 1961 e os sucessivos protocolos.


4.4.3.1.l. CORTE EUROPÉIA DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS
HUMANOS – Sede: Estrasburgo ( França)
Atualmente, denúncia ou queixa pode ser feita por qualquer
pessoa ou grupos de pessoas, as ONG e os Estados-parte diretamente à
Corte.
4.4.3.1.2. COMISSÃO EUROPÉIA DE PROTEÇÃO AOS
DIREITOS HUMANOS
Funciona como uma instância preliminar, embora não impeça a
postulação diretamente à Corte.

4.4.3.2. O SISTEMA AMERICANO DE PROTEÇÃO DOS


DIREITOS HUMANOS OU SISTEMA INTERAMERICANO DE
PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

A BASE NORMATIVA É COMPOSTO POR:

99
100

“Convenção Americana sobre a Proteção dos Direitos


Humanos” . S. José da Costa Rica 22/11/1969. (Carta de São José )
12 Estados assinaram. 1993: 22 Repúblicas americanas,
ratificaram ou aderiram. Brasil, setembro de 1992. EUA, não.
54.4.3.2.1. .CORTE INTERAMERICANA DE PROTEÇÃO AOS
DIREITOS HUMANOS – Sede: São José da Costa Rica..
4.4.3.2.2.COMISSÃO INTERAMERICANA DE PROTEÇÃO
AOS DIREITOS HUMANOS : Instância preliminar e tem amplo poder de
requisitar informações, formular recomendações. Sede: Washington,D.C.
(EUA)

4.4.3. O SISTEMA AFRICANO DE PROTEÇÃO DOS


DIREITOS HUMANOS
A base normativa é: Carta Africana dos Direitos do Homem e
dos Povos de 1981.
Funciona dentro da Estrutura da Organização da Unidades
Africana.

4.4.4. GERAÇÕES OU DIMENSÕES DOS DIREITOS


HUMANOS
6.1.)Direitos de 1ª Geração: Direitos Civis e Políticos.
Direito à Liberdade – tradição individualista. ; Direitos civis e
políticos: Direito à vida, a uma nacionalidade, a liberdade de movimento,
ao direito de asilo.
Proibição de tortura e tratamento cruel, desumano ou
degradante. Proibição da escravidão. A liberdade de opinião, liberdade de
atividades políticas e trabalhistas.
Direitos de 2ª Geração: Direitos econômicos, sociais e
culturais.
É como se existisse uma dívida da sociedade para com o
indivíduo.
Só podem ser desfrutados com o auxílio do Estado.
Direito ao Trabalho em Condições Justas e Favoráveis; o
Direito à Educação e Cultura; Direito a um nível adequado de Vida;
Direito à Seguridade e Seguro Social.
Direitos sociais são desfrutados de maneira coletiva, ou seja, a
soma do indivíduo, Estado e outras entidades públicas e privadas.
Direitos de 3ª Geração: Direito de Solidariedade e Direito
Humano ao Meio ambiente sadio.
Direito à Paz, Direito ao Desenvolvimento, Direito aos Bens
que constituem o patrimônio comum da humanidade.
“O problema inerente a esses direitos de terceira geração é o
de identificar seus credores e devedores.”

Art.III da DUDH:
“todo homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança
pessoal”.

100
101

Direito ao reconhecimento de sua personalidade jurídica e a um


processo judicial idôneo.
A não ser arbitrariamente detido, preso ou desterrado; a gozar
presunção de inocência até que se prove culpado; livre circulação; a uma
nacionalidade.

4.4.5. -CONSIDERAÇÕES SOBRE VIOLAÇÕES MAIS


COMUNS DOS DIREITOS HUMANOS

4.4.5.1. A ESCRAVIDÃO
A Declaração Universal dos Direitos Humanos assim proclama:
Art.IV: “Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a
escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas
formas.”
-Foi admitida na antigüidade e praticados por países
“civilizados”.
O tráfico de escravos para os países americanos foi um meio
muito empregado para alimentar a escravidão.
É princípio aceito universalmente que o homem não pode
constituir propriedade de outro homem nem do Estado.
O tráfico acha-se condenado há muito mais de um século.
O Congresso de Viena de 1815 constou a condenação
internacional do tráfico de escravos através de uma “declaração de
princípios” datada de 8 de fevereiro de 1815.
Tratado de Paris de 20/11/1815, através de um artigo adicional,
também enfatizou o assunto.
No Congresso de Aquisgrama ( aix-la-Chapelle de 1818) e de
Verona de 1822, foram aprovadas Declarações condenando a escravidão e
o tráfico.
O Pacto da Liga das Nações Condenou o Tráfico de Escravos.
Moralmente, a escravidão é comparada ao trabalho forçado,
não remunerado. Por isso, a 14ª Conferência Internacional do Trabalho de
1930, adotou uma Convenção que condenava tal espécie de trabalho e
recebeu da ratificação de vários países.

4.4.5.2. TRÁFICO DE PESSOAS


Hoje em dia, refere-se ao Tráfico de Mulheres e ao Tráfico de
Crianças.
Em 18 de maio de 1904 foi firmado um acordo para a repressão
do tráfico de mulheres brancas e em 4 de maio de 1910, foi assinada a
Convenção Internacional relativo à repressão do Tráfico de Mulheres
Brancas.
No programa da Sociedade das Nações (SDN), previa o
combate ao tráfico de mulheres e crianças.
Foi elaborada a “Convenção Internacional de Genebra para a
Repressão do Tráfico de Mulheres e Crianças” 30/09/1921, complementada
em 11/10/33 relativa a mulheres maiores.

101
102

A Carta da Organização das Nações Unidas foi um retrocesso,


pois silencia-se sobre o assunto.
Em 1946, a A.G. endossou a sugestão ao comitê legal,
assumindo para si vários encargos da SDN, dentre eles, o combate ao
tráfico de mulheres e crianças.
Em 1949, os documentos e tratados anteriores, foram juntados
numa só Convenção para o Combate do Tráfico de Mulheres e Crianças.
Não contou com o apoio da maioria dos países industrializados.
Foi aceita pelos países da europa oriental. Da europa ocidental,
recebeu apenas o apoio da Espanha, França e Noruega. Daí a importância
da Convenção anterior, pois vincula muitos países industrializados.

4.4.5.3. CONDIÇÕES DE TRABALHO EQÜITATIVAS E


HUMANAS

A DUDH estipula no artigo XXIII, § 1º:


“Todo homem tem direito ao trabalho, à livre escolha do
emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e a proteção contra o
desemprego”

§ 3º: “o direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe


assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a
dignidade humana”.
Atualmente, vive-se uma fase de retrocesso.
Exemplos:
A)- O tratamento dado aos trabalhadores estrangeiros para o
reerguimento da europa ocidental, especialmente na alemanha.
Trabalhadores dos países europeus mais pobres, principalmente
procedentes da Turquia, reergueram a alemanha, mas o direito de
permanência não era reconhecido.
Os que permanecem, contentam-se com empregos desprezados
pelos nacionais.
B)- A França com relação aos nacionais do antigo Império
Colonial Francês, especialmente Argelinos, Marroquinos e Tunisianos.
C)- A Inglaterra reconhecia a qualidade de cidadão britânico (
isto é, distinto do súdito inglês), aos nacionais dos países que integram a
Comunidade Bitânica ( British Commonwealth of Nations ). Depois, deixou
de reconhecer as regalias que eram asseguradas, tanto que a imigração de
Jamaicanos, Indianos e Pasquitaneses é severamente controlada.
No fundo, ocorre uma discriminação pautada em motivos
raciais, religiosos e de nacionalidade, condenada taxativamente pela
Declaração de 1946.

4.4.5.4. DIREITO DE ASILO

Introdução
Este Instituto pode ser estudado sob a optica de um Direito do
Estado, quando há uma interface com a dimensão pessoal do mesmo. De

102
103

outro lado, o tema pode ser estudado a partir da proteção dos Direitos
Humanos e é neste aspecto que aqui ele é abordado.
O Asilo era visto como uma instituição humanitária e não exige
reciprocidade. Hoje tem sido incluído dentre os Direitos Humanos.
O Asilo Territorial não deve ser confundido com o Asilo
Diplomático.

Definição
“A proteção dada por um Estado, em seu território, a uma
pessoa cuja vida ou liberdade se acha ameaçada pelas autoridades de seu
país por estar sendo acusado de haver violado a sua lei penal ou, o que é
mais frequente, tê-lo deixado para livrar-se de perseguição política.

“É o acolhimento, pelo Estado, de estrangeiro perseguido


alhures – geralmente, mas não necessariamente no seu próprio país patrial
- por causa de dissidência política, de delitos de opinião, ou por crimes
que, relacionados com a segurança do Estado, não configurem quebra do
direito penal comum” (Rezek).

Previsão legal: Artigo XIV da Declaração Universal dos


Direitos do Homem: “todo homem, vítima de perseguição, tem o direito de
procurar e gozar asilo em outros países”
§2º: “ não pode ser invocado em caso de perseguição motivada
legitimamente por crimes de direito comum ou por atos contrários aos
objetivos e princípios das Nações Unidas.”

Observação: Fala no direito de procurar Asilo, mas não na


obrigação do Estado em concedê-lo.

Convenção de Havana sobre o Asilo, de 1928.


Foi substituída pela Convenção sobre o Asilo Político de
Montevidéu de 1933.
Modificada pela Convenção sobre Asilo Diplomático de
Caracas de 1954.
Resolução 3.212 (XXII) de l967 da Assembléia Geral. Diretrizes
básicas do Asilo Territorial:
a)- O Asilo é um direito do Estado baseado em sua soberania;
b)- deve ser concedido a pessoas que sofrem perseguição;
c)- a concessão de Asilo deve ser respeitada pelos demais
Estados e não deve ser motivo de reclamação;
d)- a qualificação do delito incumbe ao Estado Asilante, que
pode negar o asilo por motivos de segurança nacional;
e)- as pessoas que fazem jus ao Asilo não devem Ter a sua
entrada proibida pelo país Asilante nem devem ser expulsas a um Estado
onde podem estar sujeitas a perseguição;

Disciplina do Asilo Diplomático


1)- A natureza política dos delitos atribuídas ao fugitivo;
2)- Atualidade da perseguição ( Estado de urgência );

103
104

3)- Locais: Missões Diplomáticas, isto é, não é repartições


consulares. Via de regra, o embaixador a examinará as situações acima e,
se entender presentes, reclamará da autoridade local a expedição do salvo-
conduto para deixar o país.
Imóveis invioláveis, segundo o costume internacional: navios de
guerra acostados no litoral

CAPÍTULO V - OUTROS ATORES


5.1.)- AS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS
INTERNACIONAIS ( O.N.G.I. ) –

Definição: Designam-se organizações não governamentais por


não implicarem uma atividade oficial de colaboração governamental e não
terem fins lucrativos.
Relação das mais conhecidas:
1)- Sociedade para a Prevenção da Crueldade contra os Animais ( Society
for the Prevention of Cruelty to Animals )- 1824. Ainda Existente no Reino
Unido.
2)-Sierra Club nos Estados Unidos da América (1829) sob o impulso do
naturalista John Muir. “Ao longo de uma centena de anos, essa associação
lançou as bases que viriam a ser adotadas em todo mundo pelas ONG.”
3)-Royal Society for the Protection of Bids ( 1889)
4)- Royal Society for the Promotion of Nature Reservas (1912)
5)-União Internacional para a Conservação da Natureza(IUCN)-1948. Tem
como membro mais de 50 Estados, 100 agências e 400 ONG. É atribuída a
IUCN, juntamente com o WWF, a cunhagem do termo “desenvolvimento
sustentável”.
6)-O World Wide Fund For Nature – W.W.F.- “ hoje a maior organização
mundial de proteção do ambiente com representação em cerca de 30 países
e um orçamento anual na ordem de vinte e cinco milhões de contos.
7)-NOS EUA E CANADÁ foram criados em 1970/71 os Frends
of the Earth ( Amigos da Terra e o GREENPEACE.
O GREENPEACE INTERNACIONAL talvez a entidade de ação
com repercussão mais conhecida, possui trinta escritórios e chegou a
movimentar a cifra de 130 milhões de dólares em 1994. Atribui-se ao
Greenpeace, os seguintes resultados de sua ação agressiva em defesa do
meio ambiente:
1)-Suspensão do alijamento de produtos tóxicos no Mar do
Norte pela Bayer.
2)-Não afundamento da plataforma petrolífera Brent Spar, no
Atlântico Norte, pela Companhia Shell;
3)-Denúncia e posterior decisão da Comissão Baleeira
Internacional da suspensão, ao nível mundial, da caça à baleia.

Art.71 da Carta da ONU: o C.E.S. pode tomar todas as


disposições úteis para consultar as Organizações Não Governamentais que
se ocupem de questões relacionadas com a sua competência. As
Organizações, nestas condições, podem enviar observadores às reuniões

104
105

públicas do Conselho e das comissões. Essa política generalizou-se a outras


Organizações Internacionais. PONTO CRUCIAL: Não são sujeitos do
D.I.P. geral nem particular.

5.2)- AS TRANSNACIONAIS OU MULTINACIONAIS

Definição: “ As empresas formadas por um centro de decisão


num Estado e centro de atividade, dotado ou não de personalidade jurídica
própria, situado num ou vários outros Estados, deverão ser consideradas
como constituindo em direito sociedades transnacionais.”
PONTO CRUCIAL: Não são sujeitos do D.I.
São pessoas de direito privado, que têm fim lucrativo e é
inegável sua presença na cena internacional

CAPÍTULO VI: ALGUNS TEMAS RELEVANTES


DO D.I.P.

6.1.)- O TRIBUNAL CRIMINAL INTERNACIONAL


PERMANENTE ( OU: TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL )

Antecedentes

1)- O PRIMEIRO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL


Em 1474 em Breisach, Alemanha, 27 juízes do Sacro Império
Romano-Germânico, julgaram e condenaram Peter von Haggenbach por
violação das “leis Divinas e Humanas” por autorizar que suas tropas
estuprassem, matassem civis inocentes e pilhassem propriedades ( in
Aragão, Selma Regina, citando Japiassú, p. 69. Bibliog.)

2)- O SEGUNDO TRIBUNAL: RELATIVO À I GUERRA


MUNDIAL : A)- O Tratado de Versalhes estabeleceu que o Kaiser
Guilherme II havia violado as leis da guerra e que, por tal violação, deveria
ser preso e processado criminalmente. B)- Autorizou o Supremo Tribunal
Alemão a promover o julgamento. “Os 20.000 (vinte mil) acusados, foram
reduzidos para 895, porém, o procurador-geral Alemão concluiu ser
impossível julgar um número tão grande de réus, e o número foi reduzido
para 45. Destes 45, somente 21 foram julgados. Destes 21, 13 foram
condenados a pena máxima de 3 anos” ( Aragão, Selma Regina, p.69. v.
Bibliografia). C)- A impunidade repetiu-se em relação aos turcos. Os
militares turcos foram responsáveis pelo massacre de 600.000 ( seiscentos
mil ) Armênios, segundo a comissão que investigou as violações das leis e
costumes da guerra. Não foram julgados e no Tratado de Lausanne/1927,
os militares turcos foram anistiados ( razões de conveniência político-

105
106

estratégicas: os turcos eram necessários para impedir a passagem de


navios soviéticos para o Mar Mediterrâneo ).
O TRIBUNAL DE NUREMBERG ( E O TRIBUNAL DE
TÓQUIO)
a) Funcionamento: 20 de novembro de 1945 a 30 de setembro
de 1946.
b) Local: cidade alemã de Nuremberg ( “cidade das 100 torres”
). Foi a “Capital espiritual do nazismo”. Em 1935 Hitler promulgou ali as
leis contra os judeus. Ali Hitler também previu que o seu reich duraria mil
anos.
c)- Delitos colocados em julgamento:
1)-Plano Comum ou Conspiração ( Conspiracy, direito anglo-
americano ). Equivale à formação de quadrilha ou bando no direito
brasileiro.
2)-Crimes contra a Paz. Refere-se à direção, preparação e ao
desenvolvimento de uma guerra de agressão, bem como ao seu
prosseguimento ( previsto no Pacto Briand-Kellog firmado em Paris, 1928,
mas sem cominação de sanção ).
3)Crimes de Guerra: Violação às leis e costumes da guerra.
4)-Crimes contra a Humanidade: referiam-se ao homicídio;
extermínio; redução à escravidão; deportação ou qualquer outro ato
desumano ou cruel cometido contra populações civis, antes ou durante a
guerra, ou então perseguições por motivos políticos, raciais ou religiososo,
quando esses atos tenham sido cometidos em consequência de qualquer
crime que entrasse na competência do Tribunal ou tivesse conexão com esse
crime.
Esses crimes, até então, não eram reconhecidos pela
Comunidade Internacional. São a grande inovação do Tribunal de
NUREMBERG.
d) Características:
Foi implacável na imposição da pena de morte.
e)- Réus: M.Keitel, Comandante Supremo das Forças Armadas
Alemãs; Franz von Papen, ex-Chanceler; Herman Goering: Marechal do
Reich; Rudolf Hess, seguidos de Hitler. Joachim von Ribbentrop, ministro
das Relações Exteriores; Ernst Kaltebunnner, Chefe da polícia e da
Gestapo. Alfred Rosenberg, ideólogo do nazismo; Hans Frank, o carrasco
da Polônia. Wilhelm Frick, ministro do Interior e “protetor” da Boêmia e
da Morávia. Julius Streicher, editor da revista Der Sturmer, que pregava o
extermínio total da raça judia. Walter Funk, ministro das Finanças.
Hjalmar Schacht, economista. Karl Doenitz, almirante, Comandante da
Marinha, que assinou a rendição alemã. Erich Raeder, Almirante, Ministro
da Marinha até 1943. Hans Fritszche, ministro da Propaganda. Baldur von
Schirach, ex-chefe da juventude hitlerista; Fritz Saukel, organizar do
trabalho escravo. Alfred Jodl, Chefe do Exército alemão. Arthur Seyss-
Inquart, Chefe do território ocupado da Holanda. Albert Speer, ministro da
Produção e do Armamento; barão Constantin von Neurath.
f) Condenações: Sentença de morte para 11 réus ( “Tod durch
den strang”: morte pela forca ); 20 anos; 15 anos ( von Neurath); 10 anos (
Almirante Doenitz). Absolvidos: von Papen, Schacht e Fitzsche. Goering:
suicidou-se com cianureto.

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Os mortos foram cremados nos fornos cremátios de Dachau,


utilizados para o extermínio de milhões de judeus. As cinzas jogadas no rio
Isaar, que atravessa a cidade de Munique.

g)-CONTROVÉRSIAS:
1)-Uso da pena de morte;
2)- “nulla poena sine lege” ( não há pena sem lei )
3)- Composição injusta do Tribunal ( deveria ser formado por
representantes das nações neutras e não por representantes das potências
vencedoras.
4)-Após a ação dos Tribunais de Nuremberg e Tóquio, surgiram
objeções a um Tribunal Penal Internacional fundado na idéia de soberania.
5)-Os aliados também execederam:
A)-O bombardeio anglo-americano da cidade de Dresden, onde
não havia nenhum aparato militar. Foram lançadas 9.900 bombas
explosivas e 670 mil bombas incendiárias. Mais da metade da cidade foi
destruída ( patrimônio cultural da humanidade ). 250 mil pessoas morreram
( “ foi o maior massacre na história da Europa ). O rumo da guerra já
estava decidido.
B)- Bomba Atômica sobre Hirosshima, em 5 de agosto de 1945.
Bombardeiro B-59 “Enola Gay” lançou a bomba apelidada de “little boy”.
130 mil pessoas morreram imediatamente. A guerra já estava decidida.
C)- Bomba Atômica sobre Nagasaqui, 9 de agosto de 1945. 75
mil mortos. Declaração de um General Americano: “ o emprego dessa
arma bárbara, tanto em Hiroshima como em Nagasaqui, não nos trouxe
qualquer utilidade contra o Japão. Os japoneses já estavam derrotados,
dispostos a capitular como consequência do bloqueio de bombardeiros
clássicos.” ( Op. cit. p. 85 ).
O TRIBUNAL DE TÓQUIO
Julgou os criminosos de guerra japoneses, tomando como base
o Tribunal de Nuremberg. Ambos os Tribunais foram aprovados, além das 4
potências vencedoras ( EUA, União Soviética, França e Inglaterra ) por
outros 19 Estados.
CONVENÇÃO CONTRA O GENOCÍDIO
Assinada após a 2ª Guerra. Já previa a criação de uma Corte
Criminal Permanente. A convenção foi adotada com facilidade, mas a
Corte não foi implementada.
A A.G. criou uma Comissão para estudar a viabilidade da
criação de uma jurisdição criminal internacional e a Codificação dos
crimes contra a paz e a segurança da humanidade. Assim como a criação
de uma Câmara Criminal na Corte Internacional de Justiça. Em 1951 ficou
pronto o projeto de Estatuto para uma Corte Criminal Internacional, que
foi modificado em 1953 e assim permaneceu até recentemente.
Em 1989 e 1990 a A.G. requisitou à CDI que prestasse
informação sobre a criação de um Tribunal Penal Internacional para julgar
pessoas envolvidas com o Tráfico Internacional de Drogas. Nada
aconteceu.
Em 1992, o C.S., pela Resolução 780, pediu em 1992 ao
Secretário-Geral, Bouthros Ghali, que constituísse uma Comissão de
especialistas para apurar os acontecimentos dramáticos na Iugoslávia.

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Na Resolução 808/93, após receber o relatório da Comissão,


criou-se provisoriamente um Tribunal Internacional referente a
IUGOSLÁVIA.
Pela Resolução 827/93 foi criado novamente um Tribunal
Internacional com o único objetivo de julgar as pessoas presumidamente
responsáveis pelas graves violações cometidas no antigo território
Iugoslavo entre 1º Janeiro/91 até a data que se celebrasse a paz. Pela
mesma resolução, o Estatuto foi aprovado.
Pela Resolução 955(1994) do C.S., por solicitação do governo
de Ruanda, foi criado o Tribunal Penal Internacional Ad Hoc para julgar
as pessoas presumidamente responsáveis por atos de genocídios e outras
graves violações ao Direito Internacional Humanitário, cometidos no
território de RUANDA e por cidadãos ruandenses cometidos em territórios
vizinhos.

Pela Resolução 48/31 da Assembléia Geral da ONU, foi


solicitado à CDI que acelerasse os estudos do Estatuto e recomendou que
fosse convocada uma Conferência.
A Conferência foi realizada em ROMA, de 15 de junho a 17 de
julho/1998. Em 17/07/1998 numa Conferência Diplomática das Nações
Unidas com representantes de 162 países, foi estabelecido o TRIBUNAL
CRIMINAL INTERNACIONAL PERMANENTE ( 120 votos a favor; 7
contra: EUA, China, Filipinas, Índia, Israel, Síria, Sri Lanka, Turquia; 21
abstenções ).
Recursos Financeiros da Corte: a)-Contribuição dos Estados
signatários; b)- Recursos fornecidos pela ONU ( sob reserva da aprovação
da A.G. nos casos iniciados a pedido do C.S. ); c)-Contribuições
voluntárias de Governos, Organizações Internacionais, Indivíduos,
empresas ou outras entidades.
Sede: HAIA, HOLANDA.
Função: Julgar crimes de GENOCÍDIO CONTRA A
HUMANIDADE, CRIMES DE GUERRA, ASSIM COMO CRIMES DE
AGRESSÃO. Atuará apenas quando um país mostrar falta de interesse ou
capacidade para levar avante um processo contra o acusado.
Obs.: Os soldados não podem ser responsabilizados quando
estiverem cumprindo ordens e não souberem que os comandos de seus
superiores são ilegais.
Os crimes previstos são imprescritíveis.
Os Estados signatários do Estatuto estão automaticamente sob
jurisdição do Tribunal para casos de GENOCÍDIO E CRIMES CONTRA A
HUMANIDADE. CRIMES DE GUERRA: Os países podem ficar fora da
jurisdição por 7 anos; O Conselho de Segurança poderá pedir a
interrupção dos processos por 1(um) ano, sujeito a renovação do pedido.
Estatuto: 128 artigos. É A PRIMEIRA CORTE PERMANENTE.
Composição: 18 juízes e 1 Promotor Independente, este com
poderes de dar início a procedimentos de maneira autônoma, sujeito apenas
a uma câmara de pré-julgamento a pedido de um país-membro do Conselho
de Segurança.
O Estatuto entrará em vigor 60 dias após o 60º país o ratificar.
Está aberto a adesões até 31/12/2000.

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Outros crimes pretendidos que ficaram de fora: Agressão,


Terrorismo, Tráfico Ilícito de Drogas, Crimes contra o pessoal da ONU ou
ainda Embargos econômicos. Também a inclusão do uso de Armas
Nucleares.

6.2)- ANOTAÇÕES SOBRE A QUESTÃO AMBIENTAL


INTERNACIONAL –

1)- SITUAÇÕES CONVERGENTES

A)- Relatório do Clube de Roma


Relatório U Than
Detecção de pesticidas

2)- PROBLEMAS COMUNS

A)- O FENÔMENO DA CHUVA ÁCIDA

Contaminação da atmosfera devido à presença no ar de


compostos de enxofre provenientes da indústrias e dos centros urbanos,
especialmente dos veículos.
O fenômeno não é novo, foi detectado em Manchester, na
Inglaterra, no século passado e o termo foi criado pelo químico Roberto
Angus Smith. O que é novo foi sua constatação como um problema
internacional. É um tipo de poluição atmosférica de longa distância.
“a chuva, neve ou neblina com alta concentração de ácidos em
sua composição, conhecida como chuva ácida, é um dos grandes problemas
ambientais do mundo contemporâneo. O óxido de nitrogênio (NO) e os
dióxidos de enxofre (SO2), principais componentes da chuva ácida, são
liberados com a queima de carvão e óleo, fontes de energia que movem
diversas economia no planeta.” “Na Ásia as indústrias de região lançaram
na atmosfera cerca de 34 milhões de toneladas de dióxido de enxofre ao
ano, 40% do que emitem os EUA, até então o maior responsável pela
ocorrência do fenômeno. Estes números devem triplicar até 2010, sobretudo
na China, Índia, Tailândia e Coréia do sul, tanto por causa do aumento da
produção industrial e da frota de veículos como pelo uso constante do
carvão para gerar energia.”
Os efeitos observados vão desde a destruição da vegetação até
danos causa dos edifícios e monumentos ( dissolução do calcário ), mas
inclui a acidificação de rios e sobretudo lagos, causando a morte de peixes.
Em termos econômicos, os efeitos da chuva ácida em florestas, culturas e

109
110

edifícios do Reino Unido foram estimados em4.500 milhões de Euros/ano e


na Alemanha esse valor supera 7.250 milhões de euros. Poluição
transfronteiriça.

B)- EFEITO ESTUFA

“Aquecimento da Terra causado pela concentração de gás


carbônico na atmosfera, provocado pela queima de combustíveis fósseis.
Provoca secas, enchentes, desertificação e subida do nível dos mares.”
Dentre os gases, “os principais são o dióxido de carbono (C02),
produzido pela queimada de florestas e pela combustão de produtos como
carvão, petróleo e gás natural; o óxido nitroso, gerado pela atividade das
bactérias do solo; e o metano, produzido pela decomposição de matérias
orgânicas.
“A forma como o efeito estufa se manifestará no fuutro ainda é
imprevisível. A longo prazo, o superaquecimento do planeta pode causar
problemas ambientais como tufões, furacões e enchentes, em conseqüência
do derretimento das geleiras e do aumento da evaporação da água. Deve
atingir também a fauna, pois algumas espécies de animais não se adaptam
a temperaturas elevadas, além de comprometer ecossistemas, especialmente
mangues, mais sensível a alterações do nível domar.”

BURACO NA CAMADA DE OZÔNIO

Situada na estratosfera, entre 20-35 km de altitude, a camada


de ozônio tem certa de 15 m de espessura. Sua constituição, há 400 milhões
de anos, foi crucial para o desenvolvimento da vida na terra. Composta de
um gás rarefeito, formado por moléculas de três átomos de oxigênio- o
ozônio -,m ela impede a passagem de parte da radiação ultravioleta emitida
pelo Sol. A agressão à camada de ozônio interfere no equilíbrio ambiental e
na saúde humana e animal. Sem sua proteção, diminui a capacidade de
fotossíntese nas plantas e aumenta o risco do desenvolvimento de doenças
como o câncer de pele. Pode Ter efeito mutagênico ( alteração do código
genético ) e teratogênico ( aparecimento de deformações ), podendo levar
até mesmo à morte. Efeitos em desordens oculares.
O impacto do CFC na camada de ozônio começou a ser
observado em 1974 pelos químicos Frank Rowland e Mario Molina,
ganhadores do Prêmio Nobel de Química de 1995. Eles confirmaram que o
CFC reage com o ozônio, reduzindo a incidência desse gás e,
conseqüentemente, a espessura da camada. Na época, o CFC usado em
propelentes de sprays, embalagens de plástico, chips de computador,
solventes para a indústria eletrônica e, sobretudo, nos aparelhos de
refrigeração, como geladeiras e sistemas de ar condicionada.

D)-ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS GLOBAIS

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111

“Os estudo mais importantes sobre o clima envolvem a questão


do a aquecimento da Terra. O desmatamento e a emissão de gases têm
provocado alterações no clima mundial, e é possível que a temperatura do
planeta aumente 3,5º no século XXI de acordo com especialistas da ONU. O
aquecimento deve causar mudanças no regime normal da seca e chuva em
algumas regiões e afetar sobretudo as áreas dos pólos. Na Antártica, o
maior reservatório de água doce da Terra, já se observam indícios de
crescimento do degelo. O derretimento do gelo poderá elevar o nível dos
oceanos.” .

E)- FATOS IMPACTANTES NA OPINIÃO PÚBLICA

1)- PROBLEMA DO MERCÚRIO NA BAÍA DE MINAMATA


“Um dos piores casos de intoxicação relatados, saiu
suscintamente numa coluna intitulada “Morte pela Boca”. Conta o artigo
que o mercúrio presente em resíduos industriais despejados durante anos
na baía de Minamata, no sul do Japão, contaminou o pescado da região.
De 1953-1997, 12.500 pessoas haviam sido diagnosticadas com o “mal de
Minamata”. É um sistema que degenera o sistema nervoso e é transmitida
geneticamente, acarretando deformação nos fetos.”
2)- GRANDES ACIDENTES MARÍTIMOS MUNDIAIS
Acidentes com grandes petroleiros: Atlantic Express ( 1979 )
derramou 276.000 t petróleo bruto; Amoco Cadiz, 282.000t. Torrey Canyon
e Exxon Valdez, 240.000 barris.

ACIDENTE COM PESTICIDAS E ACIDENTES NUCLEARES

3)- RESPOSTA DA COMUNIDADE INTERNACIONAL

3.1.)- CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O


MEIO AMBIENTE HUMANO ( CNUMAH ) – ESTOCOLMO – SUÉCIA/
1972.
PRINCIPAIS CONSEQÜÊNCIAS :

A)- CRIAÇÃO DO DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE


B)- O PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO
AMBIENTE ( PNUMA )
C)- O MOVIMENTO AMBIENTALISTA
D)- DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO – (O “SOFT-LAW”)
E)- A QUALIDADE DOMEIO AMBIENTE COMO UM
DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL

3.2)- RELATÓRIO BRUNDTLAND: “O NOSSO FUTURO


COMUM”

3.3)- CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O


MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (CNUMAD) – RIO DE
JANEIRO/ BRASIL/ 1992.

111
112

CONSOLIDAÇÃO DA IDÉIA DE DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL
COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
AGENDA XXI
DECLARAÇÃO DO RIO

BIBLIOGRAFIA

1. LAMBERT, Jean-Marie. Curso de Direito Internacional


Público. Parte Geral.(Fontes e Sujeitos). Goiânia, Kelps,
2002.
2. SOARES, Guido Fernando. Curso de Direito Internacional
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