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1 Paraguay ¢ Licia Leal Cortez Oboré, 1992, IL. Estudo de 87-1748 Indices para catélogo sistematico: Estresse do trabalho: Medicina tia e psicopatologia do © Orsay. E casado com uma psiquia iado 67 artigos ni especializadas entre 1973 e 1986, Foi organizador do Pr sobre Psicopatologia do Trabalho, realizado em Paris, em Christophe Dejours A loucura do trabalho estudo de psicopatologia do trabalho Tradusao de Ana Isabel Paraguay e Lucia Leal Ferreira 5* edigdo ampliada 16*reinpressio S sea OBORE «4a Centurion, 1980, Ditetos de tadugoe igo em lingua por OBORE Eitoral Lida. Rua Ver ‘Telefon: Capa, projetogréfico ¢ producto: Sonia Range e Cesita ‘© da radupdo, 1987, de Ana Isabel Paraguay (apitlos 3, 5,6 € Anexo) € ‘de Licia Leal Fereira(intioduglo, captlos 1,2, 4 e conclusdes) Direitos para esta edigio CORTEZ EDITORA’ Rua Monte Alegre, 1074 Perdizes ‘Sto Paulo - ) 3864-4299 Impresso no Brasil ~feverciro de 2014 Sumdario Apreseniagio Introdugao 0 século XIX e a lua pela sobrevivenca .. Da Primeira Guerra Mundial 1968... [As diferentes formas de ansiedade 98 ” 108 0 ¢ 8 doensa us im 16 iB Apresentacgao m Anexo: A metodolosa em psicopaolgia do rabatho 1 Nibiografia Entrviee 16s de estudo passa a ser, ndo a loucura, mas 0 sofrimento no trabalho, “um estado compattvel com a normalidade mas que implica numa série de ‘mecanismos de regulaco”. 9 A nogaio de sofrimento 6 central para Dejours. Implica, antes de tudo, uum estado de luta do procuradas estas forgas. E ele esclarece que do trabalho nflo $6 a divisdo do trabalho, isto é, a ‘0s operadores, os ritmos impostos e os modos as também, ¢ sobretudo, a divisdo dos homens de tarofas, representada pelas hierarquias, as Fepartigdes de responsabilidade ¢ os sistemas de - Quando a dos homens, “quando estio bloqueadas todas adaplagdo entre a organizago do trabalho ¢ o d Os conceitos que esto na base da teoria de psicopatologia do trabalho de Dejours foram elaborados e continuam sendo enriquecidos — or exemplo, as nogdes: de prazer no trabalho, ou de sofrimento criativo Sofrimento patogénico, com os quais vem trabalhando mais recentemente ir de um material empirico 0 também novo. Trabalhi ‘trabalho com 0 objetivo ex ste método aparentemente simples, na da parte dos pesquisadores ¢ tem de ”" & um livro que abre a cabeca para novas ‘Oes sobre o homem. Ele tem 0 mérito josamente de um assunto que 6 ainda muito pouco explorado: as relagdes entre 0 trabalho ¢ a vida psiquica. Um assunto apaixonante que pode ser a chave para a compreensto de varios Pontos ainda obscuros do comportamenio humano, Leda Leal Ferreira Ergonomista Introdugao beneficiaram a espantar ¢ seu lugar de dist Podemos propor varias expli meira seria atribui-lo a Psicandlise. Entretanto, ¢ notavel o lugar pi ciplinas ocupam, ha varios ano: ‘nos meios de comunicagao de massa, na literat Mais aceitivel seria a interpretacdo que atribuiria o subdesenvol- vimento da psicopatologia do trabalho ao superdesenvolvimento das disciplinas tradicionais. E inegavel que a posigao de destaque ocupada pela psicandl ‘com sua teor iéncias humanas, de um século para cé, podemos nos id4o da psicopatologia do trabalho, em conquistar ico quanto na arte e na medicina, hao deixa de ocultar 0 que nao pode ser © campo da psicanalise é centrado sobre a vida de relacdo e, mais precisamente, sobre a vida a dois, ou, no maximo, a trés, Assim, a psicandlise é impropria para dar conta das relagdes de trabalho, na medida em que estas so regidas por regras que nao se deixam reduzir ao jogo das relagdes chamadas de “‘objetais’’. Evidentementé, oporemos, a essa assergo, a psicandlise de grupo ea psicossociologia. postas em evidé: -ossociologia nao procura apenas evidenciar os grupos. Seu ‘0 nao é, jamais, 0 de ou de irredutivel, num grupo de operarios ca em relacdo a um grupo de pessoas em lenciar o que ha de de uma Fabrica autor ferias, ou um consel precisamente sobre a especificidade da vivéncia operdria que queremos chamar a atencdo. E nao de uma vivéncia operaria que seria um denominador comum a todas as situacdes de trabalho. Ao io, desejamos fazer com que aparegam vivencias diferenciadas ras, que sempre dariam conta das experiéncias coneretas, e dos dramas, no sentido de Politzer(86). Nés deixaremos de lado, las, as observagdes ‘arios abertos ou fechados, os esquemas de padrdes comportamentais, a economia dos gestos repe- tidos, as falhas do comportamento produtivo, ou 0 at formances..., em outras palavré deixa a margem, deliberadamente, a propri @ angustia, a raiva, o sonho, os fantasmas, o amor, todos experimentados que escapam a observagao chamada dk 2 ferdo prioridade, apesar metapsicologica, ‘ocupado, , psicossociologia ¢ psicologia abs- trata, Além de nao conseguirem dar conta da unicidade do drama existencial vivido pelos trabalhadores, essas disciplinas fornecem um Quadro de referéncias teéricas € ragdo de concepsdes diferent afinal, € sempre vencendo novas. Assim, 0 subdesenvolvimento prolongado da psicopatologia do trabalho se explica, antes de mais nada, por fendmenos de ordem histérica. retomar os autores existencialistas alemaes de nem sempre conseguirmos escapar ndlo ha ai nada de excep juag0es, que aparecem disciy ido foi mais estudada, & porque inda nao estavam reunidas, a0 ia dos operarios, mas pri histéria do movimento operario e da correlagao de forcas entre trabalhadores, patrdes ¢ Estado. Esse ponto é de talimportancia que nao poderemos evitar voltar ‘um pouco atrés e narrar ‘a histéria da satide dos trabalhadores"’. ‘A evolugao das condigdes de vida e de trabalho e, portanto,de satide dos trabalhadores nao pode ser dissociada do desenvolvimento das lutas e das reivindicagdes operarias em geral E apenas gragas a uma leitura especializada da historia que se podem enumerar 0s elementos necessarios a reconstrucao da historia ente pela sai ; ‘Além do mais, a ‘frente pela satide"* so progrediu gracas a uma uta perpétua, pois as melhorias das condigdes de trabalho e de saiide foram raramente oferecidas graciosamente pelos parceiros sociais.. (Exceto em certos periodos, onde o interesse econdmico se reuniu mo- mentaneamente a0 dos trabalhadores; as guerras; durante as quais foram tomadas medidas especiais para proteger uma mao-de-obra O séeulo XIX ea luta pela sobrevivéncia Para o que nos interessa aqui, 0 periodo de desenvolvimento do capitalismo industrial caracteriza-se pelo crescimento da produto, pelo éxodo rural e pela concentrag20 de novas populagdes urbanas Disso decorrem condigdes de vida Es guisas como as de Benoiston de Chate Alguns elementos marcantes podem ser retidos: a duragao do trabalho, que atinge correntemente 12, 14 ou mesmo 16 horas por dia, © emprego de criangas na produgdo industrial, algumas vezes a partir is frequentemente, a partir dos 7 anos ( com freqiéncia, i o cabe falar de “saide"” em relagao Antes, é preciso que seja assegurada independentemente da doenga. A luta pela saiide, nesta se com @ (uta pela sobrevi “viver, para 0 *. (50) conceme as condigdes de trabalho da época, ¢, sobretudo, 0s acidentes, dramaticos por sua gravidade e numero, nos reporta. emos aos autores de entdo. (29, 72, 91) A intensidade das exigéncias de trabalho e de vida ameaga a prb- ria mao-de-obra que, pauperizando-se, acusa riscos de sofrimento especifico, descrito na literatura da época sob o nome de MISERIA OPERARIA. Concebida como um flagelo, ela é, no espirito dos notaveis, comparavel a uma doenga contagiosa. O movimento higicnista é, de certa forma, a resposta social ao perigo. Como sublinhamos (29), M4 ia assimilada a uma doenca “‘permite a introdugao da linguagem gna os meios a serem postos em pratica para pre- servar a saiide das classes privilegiadas e nao a da classe operatia. ia pelos autores do primeiro nimero dos Annales: , que & a arte de conservar a satide dos homens em sociedade, deve receber um grande desenvolvimento ¢ fornecer nume- rosas aplicagdes ao aperfeigoamento de nossas instituicdes. E ela que ‘observa as variedades, as oposi¢des, as influéncias dos climas, enfim, que informa os meios da salubridade piblica. Ela trata da qualidade € da limpeza dos comestiveis do regime dos soldados, dos marinheiros. Ela faz sem ‘onoses, 208 hos , aos cabarés, aos pres inumagdes, aos ce c. Vé-se quanto, apenas nes resta por empreender ¢ por realizar nesta parte da cine! ainda tem pela frente um outro futuro, na ordem moral. Da investigaglo dos habitos, das profissdes, de todas as nuangas de posigdes soci dos Estados. Ela pode, por sua associagio com a ¢ a legislacdo, exercer uma grande influéncia na marcha d ino. Ela deve esclarecer 0 moralista, e concorrer para an nuit 0 niimero de enfermidades sociais. As faltas e os imes sdo as doencas da sociedade, que é preciso trabalhar para curar ou, pelo menos diminuir. E os meios de cura serio mais poderosos quando inspirarem seu modo de aro nas revelagdes do homem fisico, ‘ectual ¢ quando a fisiologia e a higiene emprestarem suas luzes cia do governo.""(83) Este texto faz com que aparecam, além das preocupacdes com satide, os objetivos concernentes a restaurago da ordem moral e da ordem social nas aglomeragdes operdrias. Com efeito, miséria, pro miscuidade e fome associam-se para criar condicOes favordveis a0 desenvolvimento da delinguéncia, do bai Nao ha nada de espantoso nessa situago, se um pi tante for conferido a Academia de Ciéncias Morais ¢ Pc devera “restabelecer, nes i toridade da ciéncia, do di Quando a burguesia perde sua cred lade ¢ sua imagem de is ‘e mais neutros do que os patrdes. © propor solugdes tuagdo ara restabelecer a ordem moral e, sobretudo, » etapa necessaria para a formacdo de operdrios aparece 0 movimento dos ‘‘grandes alienistas’ Orfila etc) suscitado pela curiosidade pel ide, const Trés correntes, portanto: 0 movimento higienista, o movimento das ciéncias morais e politicas ¢ 0 movimer andes onde os médicos ocupam uma posigo de destaque. O mi sua entrada triunfal no arsenal do controle social, forjando um uten- silio que terd grandes destinos, e que reencontraremos, mais tarde, sob a imagem do ‘TRABALHO SOCIAL” O desenvolvimento da higiene, as descobertas de Pasteur, um pouco de, as pesquisas em psiquiatria, sao de algum modo a vertente positiva da at médica. E sobre ela que se apbia a resposta social a explosio da mi ndo seria suficiente, e , de fato,é aos proprios operarios que se deve. ais melhorias materiais da condicao operaria. as e alienistas so podem responder ao desvio, forma de atentado 4 ordem moral e social vai }0 na solidariedade operaria, nos movimentos de luta e no desenvolvimento de uma ideologia operdria revolucionaria. Aceste segundo € dada uma resposta especifica: a represstio ide do movi res e empregadores eram, até ai, regulados € para escolher as solugdes que quisessse janido apelava para a policia ou para o exército, para reprimir uma . 0 representante do Estado agia em nome, unicamente, do aten- tado a propriedade privada. Mas o desenvolvimento do movimento operdrio conduz a greves mais amplas, onde o Estado ¢ depositario de uma missao mais important O Estado é chamado a intervir cada vez mais freqientemente. Por outro lado, a organizacao dos operarios confere, ao movimento de rev forga que pode derrotar 0 poder do empregador isolado. O Estado torna-se 0 arbitro necessario, 16 Concentragoes operarias criadas em fungao di producio emergem das novas relagdes sociais, peri jerdade de organizacao. {o que concerne ao que se poderia chamar de “‘pré-histéria da vé-se emergir uma palavra de ordem que todo 0 século XIX: a reduedo da jornada ‘Apesar_dos verdadeiros discursos de defesa de Villermé, nao haverd praticamente nenhum progresso na limitagao do tempo de trabalho, durante quase 50 anos. Sob 0 Segundo Império, 0 debate esté praticamente fechado. A pressdo retorna, em seguida, sob dife- rentes formas: o limite de idade abaixo do qual as criancas nao terao mais 0 direito de serem postas a trabalhar; a proteydo das mull a dura¢do do trabalho propriamente di balhos particularmente penosos, aos qui de submeter certas pessoas; 0 repouso semanal. ‘As conquistas sero, com frequéncia, questionadas por voltam ao state quo ante por inumerdveis derrogagBes € por recusas. de aplicagao. As lutas operirias marcarao todo o século. As governamentais serao intermindveis. Entre um projeto de I votagdo & preciso, muitas vezes, esperar d para'a supressio da caderneta operéria (1881-1890); treze anos para © projeto de lei sobre a redugao do tempo de trabalho das mulheres, criangas (1879-1892); onze anos para a lei sobre a higiene e a seguranca quinze anos para a lei sobre acidentes de trabalho quarenta anos para a jomna inte ¢ sete anos para repouso sera 379-1906); jinte ¢ trés anos : criagdo, nas minas, iene e a seguranca dos trabalhadores da indi 1898: lei sobre os acidentes de tra- 7 pos 65 anos (“aposen- 10s, jd que nesta epoca Da Primeira Guerra Mundial a 1968 A partir de entdo, 0 movimento operario adquiriu bases s6lidas ingiu a dimensdo de uma forga politica que iria crescendo no tabu- iro de xadrez das relacdes de forca. Para esquematizar, poder-se-ia dizer que a organizagao dos tra- balhadores traduziu-se na conquista primordial do direito de viver, smo se as condicdes de existéncia estavam longe de serem unificadas para 0 conjunto da classe operaria, lcm aparece reivindicagOes mais diversificadas. a uma frente especifica, que concerne a protegao Ha um vasto programa, onde a protecao do corpo € a preo- ‘cupagao dominant s po dos acid ‘agdes por produtos ind tutas na frente pela sauide, jomar a guerra de 14-18 como data de referéncia? 08 elementos que presidem esta escola, focalizaremos sobretudo 0 ‘0. na producao.indus de produgao para les da guerra, as experiéncias insdlitas de redugdo da duragao de trabalho nas industrias de armam: sultante do nimero de IstTUGAo, a reinseredo dos inv: na producio, formam as condicdes de uma reviravolta na relay lar deve ser dedicado a introdugao do taylorismo, nda hoje, uma modalidade de organizagao do trabalho que nua ganhando ter 10, 0 taylo- rismo sera objeto de um estudo particular, concernente a suas conse- quéncias sobre a saiide mental. Mas, assim mesmo, é preciso assinalar as repercussoes do sistema Taylor na salide do corpo. Nova de submissao, de di 18 trabalho gera exigéncias fisiolbgicas até entdo desconhecidas, especi mente as exigncias de tempo ¢ ritmo de trabalho. As performances exigidas so absolutamente novas, e fazem com que o corpo apareca ‘como principal ponto de impacto dos prejuizos do trabalho. O esgot ‘mento fisico no concerne somente aos trabalhadores bragais, mas 20 conjunto dos operdrios da produeao de massa. Ao separar, ra mente, o trabalho intelectual do trabalho manual, o sistema Taylor neutraliza a atividade mental dos operarios. Deste modo, ndo é 0 aparelho psiquico que aparece como primeira Vitima do sistema, mas sobretudo 0 corpo décil e disciplinado, entregue, sem obsticul \edo da organizagao do trabalho, ao engenheiro de producao de seu protetor Borlanto, oq » ue substituirdo a protecdo natural + definitivamente relegado a categoria de instrumento initil. A partir da guerra, etapas importantes vdo ser transpostas, a0 mesmo tempo em que se perfila uma diversificagdo das condigdes de trabalho e de sade. © movimento operario tenta obter melhorias da relagdo satide-trabalho ¢ mudangas aplicaveis a0 conjunto dos trabalhadores. As vezes consegue, mas muitas vezes leva a um au- mento das diferencas. “ Apesar da votagdo de leis de cardter geral, nao é ainda capaz de controlar sua aplicagao p tudo, onde ele é mais poderoso, suficientemente numerosos (grant uum valor econdmico estrat movimento operario toda parte. E, sobre- onde os trabalhadores sao s empresas), onde o trabalhi 20 (setores de ponta ou centros vi isda economia nacional) que a evolugao da relagdo saitde-trabalho & mais rapida. Ao contrario, nas empresas isoladas, nas regides pouco indus- Uializadas, onde os efetivos so pouco numerosos € pouco sindica- izados, quando a proporsao de trabalhadores estrangeiros ¢ impor. tante, as condigdes de trabalho so incomparavelmente piores do que nas grandes empresas, como a empresa exemplo, que se tornara, progressivament 10 das vitorias operarias. nto operario a nivel eriodo prece~ luta operaria e tal lei social, adequacao nao dissociada pela inércia do tempo que passa. 19 A guerra favorece as tivas em favor da protecao de uma falcada pelas necessidades do front. Os ¢m-se em torno da jornada de trabalho, ¢ da indenizagao das anumalias contraidas ‘Albert Thomas, em 1916, reduz a jornada de trabalho para 8 horas por dia e constata o efeito paradoxal desta medida, sobre a que aumenta! le 1898 sobre os acidentes de trabalho previa a criagio de ios de fabricas a cargo dos levam certas empresas a organi ede controle, em periodo de trabalho. Em do trabalho, com a speedo médica das Apés a Grande izagao da medi- ina do trabalho em certos empregadore: fazer selegio na cor a partir de entao, zagoes, ) @ pouco, elabora-se uma doutrina implicita da medicina do trabalho. No que concerne a indenizagto das doencas ¢ aos cuidados com os doentes, € sobretudo no fim da guerra que leis importantes so votadas: reconhecimento das doengas profissionais, em 1919; criacao de uma comissdo de higiene industrial, em outubro de 1919; criagdo de um comité consultivo de seguros contra os acidentes de trabalho. Uma tendéncia aparece, a partir da fei de 1903, em favor da atenuagdo dos perigos e da insalubridade, isto & da supressao das causas de acidente ¢ de doenca. Ela s6 ganhara corpo, verdadeiramente, na lei de 1919, modificada em 1951, que prevé que as maquinas ou. partes de maquinas perigosas, para’as quais existam dispositivos de pro- eso de eficacia reconhecida, nao possam ser desprovidas destes dispositivos. ‘Apés este periodo, fecundo para a melhoria da relagao saitde-tra- balho, nao havera progresso significativo até o Front Populaire, que 4 momentaneamente vantagem aos operarios.. ‘A semana de 40 horas € votada em 1936, assim com as férias pagas, € 0s acordos Matignon instituem as convengdes coletivas eos ssoal, reconhecendo 0 direito a livre adesao aos sindi- '40 ligados a penalidades financeiras (indeni- Pode-se dizer que em 1936 as condigdes de trabalho tornam-se 20 realmente um tema especifico do movimento operirio, mesmo se a formula s6 veio & moda mais recentemente, alids com um contetido uum pouco diferente. A iiltima onda de medidas sociais relativas’ a satide dos traba- thadores data da Segunda Guerra Mundial e resulta da relacdo de forgas recém-conquistada na Resistencia. O programa da Ri parcialmente aplicado, faz nascerem novas esperangas, com a in: cionalizacdo da Medicina do Trabalho (1946), da Previdéncia S és de Higiene e de Seguranca (1947). iodo esse periodo, que comeca em 1944, fet sua agdo para a ho, férias, aposent , se destaca uma frente propr a satide. Olhando-se de pert de ordem neste dominio concernem a prevengdo de ac ta contra as doengas, 20 to aos cuidados A saiide do corpo. Pode-se dizer ria da saiide dos trabalhadores”” caracteriza-se pela revelacdo do corpo como ponto de impacto da em dia, indevidamente €86 0 corpo. Também. talista argumentam suas te: lesado, do corpo doente, da mortalidade crescente dos operdrios em relagio ao resto da populacao. ‘A proposiio ¢ exata, e seria um erro pé-la em diivida. Mas muito ‘ada. Como se os mecanismos invisiveis da exploragao exigissem, serem evidenciados, uma demonstracao dos seus efeitos visiveis no corpo. Estamos talvez autorizados, hoje, a revisar 0 ponto de vista segundo 0 qual a exploracdo teria por alvo, diretamente, 0 corpo. E a inverter a problematica, insistindo nas mediagdes em jogo no exer- cicio das exigéncias corporais. Tudo se daria como se as condigdes de trabalho nocivas s6 atingissem 0 corpo apés té-lo submetido, domes- ticado e adestrado como a um cavalo de tragtio. Docilidade que, como vamos ver, depende de uma estratégia inicialmente concernente 20 aparelho mental, para dele anular as resistencias que ele opde, espon- taneamente, a exploracao. ‘Seja como for, se 0 corpo aparece durante t6ria como primeira vitima do trabalho indust Ihe € especificamente pre} A periculosidade das maquinas, os produtos industriais, os gases te periodo da his- resta saber 0 que 2 € 08 vapores, as poeitas tOxicas, os parasitas, os virus ¢ as bactérias sdo, progressivamente, designados e estigmatizados como causa do sofrimento fisic condicGes de tra fa frente pela sade. A luta pela sobrevivencia deu lugar a luta pela satide do corpo, A palavra de ordem da reducao da jornada de trabalho deu lugar pela melhoria das condicées de trabalho, pela Seguranca, pela Prevencao de doencas. das condigdes de trabalho!” Palavra de ordem que chegou a maturidade em 1968; revelacdo, denominagao, formulagao tardia do tema que, no entanto, j& animara durante cinqUenta anos todas as lutas operarias na frente pela satide. Nao hd nada de surpre- jostram muitos outros fatos historicos, que falam a revivéncia, reducdo da jorna: s, corrente higienista ‘20 corpo doente, ho, € a corrente contemporinea da medicina do trabalho, da fisiologia do trabalho eda ergonomia. Terceiro periodo: upés 1968 © desenvolvimento desigual das forcas produtivas, das ciéncias, das téenicas, das maquinas, do processo de trabalho, da organizacao e das condigdes de trabalho culmina numa situacao muito heterogénea para que se possa fazer uma andlise global da relagZo saiide-trabalho. No centro deste mosaico de fendmenos diversificados, 6 se pode reconhecer um novo material e tendéncias que an tradicional das questdes da saide. Nos designamos agi Apesar da exist@ncia de uma literatura, a bem dizer restrita, de psicopatologia do trabalho (Girardon - Amiel ~ Sivadon - Veil - Leroy. € preciso reconhecer que 0 conflito que opde 0 trabalho a vida ment io quase desconhecido. E verdade que os especialistas do homem no trabalho se concentraram, em matéria de psicologia, em ide, que entretanto é bem real, se desdobra fora das questBes de satide mental. 22 Do lado dos trabalhadores, 0 discurso operario nao & mais pro- lixo sobre este assunto. Denunciado de maneira exageradamente este- sofrimento psiquico permanéce praticamente ndo analisado. lade do movimento operdrio em levar, efetivamente, a discussio sobre um terreno que € particular- mente complexo. E entretanto, de uns anos para ca, sente-se por todas as partes uma nova for esta hoje iniciada, mesmo se sua Para este fendmeno podemos encontrar varias razBes. A primeira diz respeito a0 esgotamento do sistema Taylor. Primeiramente, no terreno eco- némico, onde as roduc, as operagdes ividade, a sabotagem da alternativas. Em seguida, no terreno do cor tema organizacional nao garante mais sua superioridade. Hoje em dia, estamos longe das afirmagdes de Ta nas fabricas que adotaram a O.C.T.* onde o sistema Taylor é denunciado como desumanizante e acusado de todos os vicios, principalmente pelos operarios, mas também por uma parte do patronato. A reestruturacdo das tarefas, como alternativa para a O.C.T. faz nascerem amplas discussdes sobre 0 objet trabalho, sobre a re~ aco homem-tarefa, ¢ acentua a dimensdo mental do trabalho in dustrial. A isso é preciso somar as vozes dos operirios de linha de producdo, dos trabalhadores do setor tercirio e das novas industrias, como a de processo ea indastria nuclear. Reputadas como isentas de exigéncias fisicas graves, as tarefas de escritorio tornam-se cada vez mais numerosas, na medida do desenvolvimento do setor terciario. A sensibilidade as cargas intelectuais ¢ psicossensoriais de trabalho preparam 0 terreno para as preocupagdes com a satide mental. O mesmo se d4 com 0s operarios que tém uma fraca carga fisica, que so ope- adores das industrias de processo (petroquimica, nuclear, cimentciras, etc). O desenvolvimento destas indiistrias confronta os operdrios a novas condicdes de trabalho e fazem-nos descobrir sofrimentos insus- somo mostraremos mais adiante. assim que se designa uma série de con- iedade, testemunha preocupagdes aparecidas com que cresceu com a desilusdo do apbs-guerra ¢ se ado Trabalho. (N. do.) 23 id Nova procura, onde interessa, sobretudo, hos da burguesia quanto ‘am um papel na formulacao das nje em dia, em escala das massas. comunicagao de massas, no cinema, na jinguém, se 1968 aparece como uma data repre- lagdo saude-trabalho, & verbal ocorride durante aneamente, © trabalho foi reconhecido como causa principal snag, inclusive pelos estudantes. vie eters vans confirmam a escola de 1968 como referencia istorica. Greves selvagens e greves de operdrios ndo-qual a margem das icativa e marcam a eclosto de temas palavra de ordem fundamentalmente original, mergulha 0 patronato ¢ 0 Estado numa ‘a confusdo, pelo menos até a atual crise econémica, que \das as reivindicagdes firmam que esta tronato, da necessidade as da classe operdria (2, data marca o reconheci de levar em conta as ré deveria emergir o tema da relacao satide mental-trabaiho, primeiro como tema de reflexdo das organizagdes operarias, em segundo m4 como objeto de trabalhos ci servar sobre as condigdes de icos, a exemplo do que se pode ob- alho com a medicina do trabalho . este tema esta efetivamente presente ha uma década, pode-se perguntar 0 qué, no trabalho, € acusado como fonte es de nocividade para vida mental. A questo & de uma importncia crucial ‘4 luta pela sobr ia condenava a duracao excessiva do trabalho. a pela satide do corpo conduzia a denincia das condicdes de batho. Quanto ao sofrimento mental, ele resulta da organizacdo do tra- batho. Por condicdo de trabalho & preciso entender, antes de tudo, ambiente fisico (temperatura, pressao, barulho, vibragao, irradiacdo, ambiente quimico (produtos manipulados, vapores ¢ . poeiras, fumagas etc), 0 ambiente biolbgico (virus, , parasitas, fungos), as condicdes de higiene, de seguranca, eas caracteristicas antropométricas do posto de trabalho. Por organizacao do trabalho designamos a divisao do trabalho, © contetido da tarefa (na medida em que ele dela deriva), 0 sistema hierarquico, as modalidades de comando, as relagdes de poder, as questdes de responsabilidade etc alavras de ordem como “‘abaixo as cadéncias a separaco trabalho intelectual-trabalho manual atacam diretamente a organizagdo do trabalho. Seu cardter quali ndo pode ser traduzido, simplesmente, em termos de custo ou de itens ‘orgamentarios. Testes, pesquisas, questionarios abertos ou fechados, icas, mlimeros e quantificacdes devem ser abi no serem capazes de dar conta do processo. A partir de entao se confrontam, sem intermedidrio, a vontade ¢ o desejo dos trabalhadores € 0 comando do patrao, concretizado pela organizacao do trabalho. A psicopatologia do trabatho tamentos humanos. B na contra-corrente desta inspiragdo, aparentada do behaviorisino, que se coloca esta pesquisa. Seu objetivo ¢ o de explicar 0 campo ndo-comportamental, ocupado — do mesmo modo (ue um inimigo ocupa um pais — pelos atos impostos: movimentos, estos, ritmos, cadéncias e comportamentos produtivos. 25 para sua personal como 0 aparelho administrativo do ocu- ft para as estruturas do pais invadido. As relagdes de um e de mente de dominacao, e depois de ocultacao. Do- -ntal do operario pela organiza¢ao do trabalho. 0 ¢ coarctagao de seus desejos no esconderijo secreto de uma desencadear a tempestade. Nosso projeto diz respeito a elucidagdo do frajeto_que vai do comportamento livre ao comportamento estereotipado. Por compor- tamento livre nés ndo entendemos a liberdade metafisica, mas um padrao a realidade circundante mais que um estado, qui nao ocupa 0 lugar de um comportament ‘que podemos perceber em outros trabalhadores ou em operatios li bertos da organizacdo autoritaria do trabalho. E, nesse caso, © pro- cesso de exclusao do desejo se faz sem prejuizo para 0 operario? Tem-se 0 costume, em psiquiatria, de apoiar a em seus comportamentos aberrantes ¢ prolificos (delirio, alucinagdes, impulses). De nossa parte, n6s tentaremos desalojar o sofrimento no que ele tem de empobrecedor, isto é, de amulacao dos “‘comporta- ‘mentos livres”. ‘A questao fundamental aqui colocada diz respeito localizacao do processo de anulagao de um comportamento livre, operagdo mais dificil do que a observacao direta de um comportamento abertamente patologico ou desadaptado. ‘A anulagdo € muda e invisivel. Para conhecé-la, € preciso ir a sua procuta. Projeto temerario, talvez, descobrir 0 sofrimento ope- rario, nao somente desconhecido fora da fabrica, mas também mal conhecido pelos proprios operdrios, ocupados que esto em seus esforcos para garantir a producao. 26 As estratégias defensivas 1, As “‘ideologias defensivas" (0 caso do subproletariado) © subproletariado de que vamos falar & aquele que habita as zonas periurbanas. Nao se trata aqui de uma classe social no sentido que 0s homens politicos italianos, por exemplo, entendem. Mas da fracdo da populacao que ocupa as favelas ou os corticos, geral- mente jogados na periferia das grandes cidades. Esta populagaio nao se caracteriza pela participago comum em uma mesma tarefa indus- trial. Ao contrario, o que a une é mais o nao-trabalho e o subemprego. Por isso, poderia parecer ins6lito-tomé-la como exemplo num estudo de psicopatologia do trabalho. Entretanto, se procedemos desta ma- neira € porque, nesse universo do subirbio, as contradicGes aparece ainda mais gritantes do que em qualquer outro lugar. O sofrimento ai aparece magico ¢ evidente. Mas sua natureza pede para ser deci- frada. A miséria “descrita pelos académicos do século XIX", a misé- ria operaria concebida como uma doenca epidémica (13 antes de tudo 0 pensamento social dominante na época, m: , pode-se ver entdo um cert ¥ que nds descrevemos sob 0 nome de “ideologia defensiva’”. © que vai prender nossa atengdo ¢ a dessa populagdo em relacdo A saiide, mais precisamente em relacdo a doenga. Nao se trata de des- 27

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