Farpatoon... ...por Meca Director: Miguel Correia PROLETÁRIOS DE TODO O MUNDO UNI-VOS!

Web: pcplordelo.blogspot.com

Edição especial com

distribuição em
Lordelo e Rebordosa

Boletim editado pela

Organização da
Freguesia de Lordelo 30 ABRIL 2010
do PCP Série II, N.º 2

O ESTADO DOS CUIDADOS DE SAÚDE

“Só falta duas e meia para a abrir… está quase…” “O médico vai faltar hoje, mas tente ir à clínica dele..”
PRIMÁRIOS EM LORDELO E REBORDOSA
CARTOON INTERNACIONAL

Centros de Saúde irão ser transformados em USF - Unidades de Saúde Familiar

“Humoral da História”, Rodrigo (Portugal)

Omar Zevallos (Peru)

Lordelo: Mais de um terço dos utentes continuam sem Médico de Família

“Marcha Solidária”, Bayramoglu (Turquia) Valentin Georgiev (Bulgária)

ENVIE AS SUAS SUGESTÕES, CRÍTICAS e REFLEXÕES: Email: pcplordelo@gmail.com /Telm.: 964783409 Rebordosa: Utentes desesperam pela abertura do novo estabelecimento de saúde
2 A FARPA / Abril 2010 / 2.ª Série / N.º 2
EDITORIAL
Saúde, Abril e Maio
Nos últimos tempos, Lordelo foi alvo da atenção
da comunicação social devido à situação vergo-
nhosa de dezenas de utentes do Centro de Saúde
pernoitarem à porta do estabelecimento à procu-
ra de uma consulta. Esta situação e todo o alvo-
roço que daí decorreu provocaram algumas
mudanças na organização administrativa e leva-
ram à contratação de mais profissionais de saú-
de. Entretanto no início de Março, foi constituído
um movimento de utentes, o MUSS-L/R – Movi-
mento de Utentes dos Serviços de Saúde de Lor-
delo e Rebordosa, que já levou a cabo algumas
iniciativas em defesa dos utentes e do serviço
público gratuito e de qualidade.
Nesta edição pretendemos dar a conhecer este
Movimento e a situação actual no que diz respei-
to à questão dos cuidados primários de saúde,
tanto em Lordelo como em Rebordosa.
Daí que esta edição, a título excepcional, seja
também distribuída em Rebordosa, cidade com a
qual os lordelenses só têm a ganhar em estabele-
cer boas relações e juntarem forças, com vista a
eliminação de qualquer resquício de bairrismo
retrógrado e a alcançar melhores condições de
vida para todos.
A defesa dos interesses dos utentes não está des-
ligada da necessidade da defesa intransigente do
SNS – Serviço Nacional de Saúde, uma conquista
da Revolução do 25 de Abril, sob a ameaça per-
manente dos interesses do Capital que vê na saú-
de um sector lucrativo, sem que isso signifique
melhor saúde para as pessoas.
Por isso comemorar Abril é também defender a
Saúde Pública, acessível a todos independente-
mente da sua condição económica, social ou cul-
tural.
Abril é o mês da comemoração dos 36 anos da
Revolução dos Cravos e Maio é o mês dos 120
anos do Dia do Trabalhador, datas históricas de
grande significado num tempo onde a democra-
cia e os direitos dos trabalhadores são todos dias
postos em causa pelo sistema dominante, o capi-
talismo.
Mas também um tempo onde a consciência de
classe, a luta dos trabalhadores e dos povos de
todo o mundo dá provas de combate à precarie-
dade laboral, ao controlo monopolista, às privati-
zações vergonhosas e ao imperialismo.
Esta Assembleia representa uma importante etapa nesta
tarefa mais vasta de reforço do nosso Partido. Com mais
união, mais organização e mais quadros a intervir, sere-
mos seguramente mais fortes para prosseguirmos a luta
pela melhoria das condições de vida das popula-
ções.» (Resolução Política, p. 7)
Decorreu no dia 10 de Abril a I Assembleia da Organização
da Freguesia de Lordelo, com a presença de Cristiano
Ribeiro e Paulo Macieira, membros da Organização Conce-
lhia de Paredes do PCP. Entre os vários assuntos aborda-
dos destacam-se a aprovação por unanimidade da Resolu-
ção Política e da nova Comissão de Freguesia, constituída
por oito camaradas:
- Carlos Ferreira, 32 anos, Polidor;
- Emanuel Ribeiro, 25 anos, Estudante Universitário;
- Jaime Cruz, 40 anos, Estofador;
- Joaquim Barbosa, 31 anos; Empresário;
- Jorge Dias, 42 anos, Marceneiro;
- Leonardo Ferreira, 58 anos, Marceneiro;
- Mário Silva, 61 anos, Empresário;
- Miguel Correia, 34 anos, Empresário, eleito da CDU na
Assembleia de Freguesia de Lordelo.
Desmentido público do PCP/Lordelo sobre a
última publicação do boletim A Farpa
A Organização da Freguesia de Lordelo do PCP vem
por este meio informar que errou no conteúdo da
edição em papel de A Farpa distribuída em Janeiro
passado. O erro refere-se ao conteúdo do artigo "A
Educação em Lordelo". Assim, onde se lê: "Mas pen-
sa resolver algumas lacunas, recorrendo ao orça-
mento privativo da Escola EB2,3, só possível pela
angariação de dinheiro através de algumas activida-
des escolares, para além do obtido pelo aluguer do
ginásio, cujo dinheiro passou a reverter para a Esco-
la e não para um funcionário, como acontecia
antes" (página 3, coluna 2) deve ler-se: "Mas pensa
resolver algumas lacunas, recorrendo ao orça-
mento privativo da Escola EB2,3, só possível pela
angariação de dinheiro através de algumas activi-
dades escolares, para além do obtido pelo alu-
guer do ginásio." Assim, a última parte do parágrafo
publicado não corresponde àquilo que foi dito pela
entrevistada, Dra. Beatriz Castro, e constitui um erro
cometido pelo director do jornal e responsável pela
Organização da Freguesia de Lordelo do Partido
Comunista Português, Miguel Correia.
O PCP/Lordelo pede desculpa pelo incómodo causa-
do à entrevistada e aos leitores.
A Organização de Freguesia de Lordelo do PCP
A FARPA / Abril2010/ 2.ª Série / N.º 2
7. Sobre a política de compra de terrenos na Zona
Industrial disse que todo o processo começou mal e
atribuiu responsabilidade ao Executivo da Junta de Fre-
guesia do tempo do início da construção da Zona Indus-
trial.
8. Sobre os rasgos na EN209, informou a Assembleia
que reuniu recentemente com os responsáveis da Veo-
lia para resolverem este problema e que as alterações
nas ruas, nomeadamente junto do café do Sapo e em
frente ao Posto da GNR é da responsabilidade das Estra-
das de Portugal, cujo
projecto já foi aprova-
do, faltando as obras
de requalificação.
Nuno Serra, do PSD,
aproveitou a sua
intervenção para acu-
sar a CDU de aprovei-
tamento político na
questão do Centro de
Saúde e na luta con-
tra as portagens.
No ponto da ordem
de trabalhos dedicado
ao Relatório de Activi-
dades do primeiro
trimestre de 2010,
Miguel Correia, lem-
brou que a CDU A limpeza das margens do rio provocaram troca de acusações
apoiou sempre a luta por melhores condições dos cuida-
dos primários em Lordelo, bem como a luta contra as
portagens, e afirmou ter orgulho de pertencer a um
partido político, o PCP, que desde a primeira hora este-
ve ao lado das populações na defesa das suas reivindica-
ções.
O deputado do PSD reiterou as suas críticas ao eleito da
CDU, corroboradas pelo presidente da Junta de Fregue-
sia, e criticou ainda uma notícia publicada no blogue de
A Farpa (pcp-afarpa.blogspot.com) que elogiava a parti-
cipação da Junta de Freguesia na jornada de limpeza do
passado 20 de Março, mas lembrava a discriminação
que a Associação Moinho foi alvo, nos primeiros tempos
da sua actividade, nomeadamente o facto de a Junta de
Freguesia ter negado o seu apoio na primeira grande
acção de limpeza levada a cabo pela associação ambien-
talista em 2003. O deputado comunista lembrou que
isso corresponde à verdade e disse não aceitar lições de
ambientalismo por parte da JF, até porque já organizou
e participou em muitas acções de limpeza, ao contrário
de alguns elementos da Junta que só aparecem para a
fotografia.
A propósito da questão da saúde, a enfermeira Ermelin-
da Coelho anunciou que a candidatura para a formaliza-
ção da Unidade de Saúde Familiar, que chamar-se-á USF
São Salvador de Lordelo, irá iniciar-se no dia seguinte a
esta Assembleia.
Após esclarecimentos solicitados pela CDU, a Prestação
de Contas de 2009 foi aprovada por unanimidade.
15
Sobre a toponímia – atribuição de nomes a novas ruas,
por acordo unânime dos deputados, ficou agendado
uma reunião com o presidente da Câmara e os líderes
das bancadas.
O Executivo apresentou o programa das Jornadas Cultu-
rais 2010. Miguel Correia pediu a palavra para apresen-
tar uma proposta: uma campanha de recolha de livros e
outros materiais culturais para o espólio da futura
Biblioteca da Fundação A Lord que culmina-se numa
pequena cerimónia de doação do material recolhido ou
numa conferência
dedicada à importân-
cia da leitura.
O programa das Jor-
nadas Culturais foi
aprovado por unani-
midade, bem como as
alterações ao Regi-
mento da Feira, a
Proposta de Protoco-
lo entre a Junta e a
USV – empresa dedi-
cada à recolha de
óleos alimentares e o
Protocolo de Delega-
ção de Competências
na Junta de Freguesia
de Lordelo no Domí-
nio da Conservação e
Reparação de Equipamentos Desportivos estabelecido
com a Câmara Municipal de Paredes.
No ponto seguinte da ordem de trabalhos, abordou-se a
delimitação das fronteiras de Lordelo com Arreigada, na
zona de Cerqueda, onde Joaquim Mota admitiu não
saber que uma área do território tido como parte inte-
grante do concelho de Paços de Ferreira afinal pertence
a Lordelo e prometeu regularizar a situação.
No período da intervenção do público, tomaram a pala-
vra os seguintes cidadãos:
- Carlos Ferreira: acusou o PSD e o PS locais de baixarem
os braços na questão das portagens na A42 e relatou o
problema da falta de pavimentação na Rua do Taio e o
“buraco negro” junto à Caixa Geral de Depósitos;
- Mário Silva: chamou a atenção para os obstáculos nas
margens do Rio Ferreira, fruto de obras particulares,
que impedem as pessoas de passear junto ao rio;
- Sr. “Zé do Feio”: apelou para que a JF recupere os ter-
renos limítrofes no Padrão e na Balsa, que segundo ele,
são pertença da nossa cidade e, tal como fez na Assem-
bleia Municipal de Paredes do dia anterior, chamou
“aldrabão” a Celso Ferreira sem especificar o motivo.
- Jorge Lamas: acusou de falta de civismo alguns cida-
dãos que deitam lixo para os rios, ribeiras e ruas.
O presidente prometeu resolver todas as situações colo-
cadas pelo fregueses e criticou a intervenção de “Zé do
Feio”.
No final da sessão foram distribuídos cravos vermelhos
pelos presentes.
14 A FARPA / Abril 2010 / 2.ª Série / N.º 2
Sessão da Assembleia de Freguesia de Lordelo de 25 de Abril 2010
No mesmo dia em que se comemorou os 36 anos da
Revolução do 25 de Abril, o deputado da CDU, Miguel
Correia, não deixou de saudar todos quantos lutaram
para que a liberdade fosse possível em Portugal. Aludin-
do a uma das conquistas de Abril, o poder local demo-
crático, o eleito da CDU, na sua intervenção antes do
período da ordem do dia, não deixou de estranhar que a
Junta de Freguesia (JF) não tenha promovido activida-
des de celebração do
dia da Liberdade.
Na sua intervenção,
colocou várias ques-
tões ao presidente da
Junta de Freguesia, a
saber:
1. Sabendo da destrui-
ção da Biblioteca da
Fundação A Lord, insti-
tuição ímpar no pano-
rama cultural da nossa
cidade, que tipo de
diligências a Junta de
Freguesia tomou ou
pretende tomar para CDU propôs uma recolha de livros para a futura Biblioteca
ajudar a Fundação a encontrar uma solução, por exem-
plo disponibilizando um espaço na sede da Junta de
Freguesia para albergar provisoriamente a Biblioteca ou
intercedendo junto de diversas instituições (Câmara
Municipal, Ministério da Cultura etc.), para aquisição de Assembleia é um acto de celebração do 25 de Abril e
livros e outros materiais de índole cultural de forma a
contribuir para criar um espólio para a futura nova
Biblioteca?
2. Que contributo pretende a JF dar à luta pela contes-
tação das portagens na A42? Pretende juntar-se às ini-
ciativas do Movimento de Utentes ou ficar-se pela
declaração de intenções?
3. Porque é que as obras no complexo desportivo do
Aliados estão paradas? Para quando a conclusão das
obras prometidas: a nova bancada e o relvado sintético?
4. Sabia que dezenas de jovens de Lordelo que praticam
desporto e não pertencem a nenhum clube ou associa-
ção não têm acesso ao Pavilhão Rota do Móveis e por
vezes não conseguem alugar uma hora no Pavilhão da
Escola EB2,3 de Lordelo, obrigando-os a recorrem ao
Pavilhão Municipal de Rebordosa? Não considera que é
necessário criar uma infra-estrutura desportiva para
satisfazer estas necessidades?
5. Como é que os cidadãos com deficiência ou mobilida-
de reduzida podem aceder ao auditório da JF, nomeada-
mente com o fim de assistirem a uma sessão da Assem-
bleia de Freguesia? Para quando o fim desta ilegalida-
de?
6. Que tipo de política tem a JF para os fontanários?
Porque é que há fontanários em condições lastimáveis?
Porque é que foi destruído o fontanário da Ribeira?
7. Considera que os terrenos da Zona Industrial de Lor-
delo devem estar submetidos exclusivamente à lógica
das regras de mercado sem haver qualquer mecanismo
de apoio as micro e pequenas e médias empresas que
pretendem sair do meio da população e instalar-se na
Zona Industrial?
8. Continuam a existir muitos problemas nas nossas
ruas, em especial na EN209 a necessitar de requalifica-
ção. Há rasgos na estra-
da. É urgente uma
rotunda em frente ao
edifício da GNR e a
requalificação da rua
junto ao café do Sapo.
O que pretende a JF
fazer para resolver este
conjunto de proble-
mas?
A CDU apresentou ain-
da uma moção de apoio
ao MUSS-L/R – Movi-
mento de Utentes dos
Serviços de Saúde de
Lordelo e Rebordosa,
que foi rejeitada com os votos contra da bancada do
PSD e abstenção do PS.
O presidente da JF, Joaquim Mota, começou por res-
ponder ao deputado da CDU que a própria realização da
respondeu às questões colocadas pela CDU:
1. Disse estar disponível para ajudar a Fundação A Lord
a solucionar o problema da Biblioteca e informou que
na última sessão da Assembleia Municipal de Paredes,
Celso Ferreira prometeu doar um terreno de 700
metros quadrados nas margens do Rio Ferreira perten-
cente à autarquia para a nova Biblioteca.
2. Confessou que já não acredita que a pretensão do
Governo em colocar portagens na A42 possa ser altera-
da, mas apoia todas as iniciativas de protesto.
3. Sobre o Aliados, disse que não há pessoa que mais
tenha lutado pelas obras do que ele e relatou uma con-
versa com o presidente da Câmara onde prometeu pres-
sionar o empreiteiro para continuar as obras.
4. Aludindo ainda à questão das obras no Aliados, pro-
meteu a construção de um Pavilhão para o Aliados, que
servirá também para os jovens poderem ter mais um
espaço para praticar desporto.
5. Admitiu que o auditório da Junta de Freguesia não
tem acesso para deficientes, prometendo, quando hou-
ver disponibilidade financeira, a colocação de um eleva-
dor.
6. Disse estar atento à questão dos fontanário, lembran-
do a recente construção do fontanário do Ronfe e que o
fontanário da Rua Ribeira foi destruído porque o poço
que o servia não tinha o mínimo de condições.
A FARPA / Abril 2010/ 2.ª Série / N.º 2
A luta contra as portagens nas Scut´s
A convite do jornal Imediato,
Miguel Correia, em repre-
sentação da Comissão de
Utentes das A41/A42, res-
pondeu a um inquérito, que
devido à sua pertinência
publicamos nesta edição:
Como surgiu o Movimento
de Utentes das SCUT e
quantos elementos inte- O Buzinão na rotunda da A42 em Frazão (26 Feverei- Que acções de protesto já
gram? ro) contou com a presença de dezenas de lordelenses realizaram e o que preten-
A Comissão de Utentes da
A41/A42 surge devido ao descontentamento gerado pela
ameaça do Governo em colocar portagens nas SCUT's,
estávamos no início do ano de 2008 e rapidamente for-
mamos um grupo de amigos que cresceu até atingir cerca
de 20 pessoas de vários concelhos do Vale do Sousa.
Quais aos argumentos de defesa para a não introdu-
ção de portagens?
A A41 e a A42 são das SCUT mais utilizadas do país,
com mais de 38.000 viaturas por dia. E por não terem
alternativas, respondem a uma série de indicadores ofi-
ciais que foram estabelecidos para justificar a introdução
(ou não) de portagens.
Assim, sabe-se, o PIB da região é inferior a 80% da
média do país. Tal não admira tendo em conta ser a
região do Vale do Sousa e Baixo Tâmega uma região
deprimida e socialmente fragilizada pelo subdesenvolvi-
mento e pelo desemprego. Este indicador justificaria por
si só a não introdução de portagens. Considerar o PIB
dos concelhos do Grande Porto para a média avaliada,
como fez o Governo, é falacioso.
Assim, sabe-se, o Índice de Poder de Compra da região é
inferior a 90% da média do país, pois o poder de compra
reflecte as grandes dificuldades económicas das famílias
na região.
E, por último, a distância em tempo pelas falsas alterna-
tivas é superior a 135% do tempo gasto em viagem por
auto-estrada. Por exemplo, a EN 207 não é alternativa
adequada à circulação de pessoas e bens, são mais 167%
em tempo de percurso, e que em tempo real são mais 34
minutos.
Já foram ouvidos pelo
Governo ou há alguma reu-
nião agendada?
A nossa Comissão de Uten-
tes participa no Grupo de
Trabalho que reúne todas as
comissões de utentes das 3
SCUT's afectadas.
Através desse Grupo já reu-
nimos com o Secretário de
Estado do Ministério das
Obras Públicas no ano passa- Cerca de um milhar de viaturas entupiu a Avenida dos para além de declarações de
do. Aliados, no Porto, no passado dia 17 de Abril
3
Pedimos uma nova audiência
em finais de 2009 para mos-
trar ao Ministério um estudo
por nós realizado, que
demonstrava a não existência
de condições para a colocação
de portagens, tendo em conta
os critérios definidos pelo
próprio Governo. Até à data
não obtivemos resposta...
dem fazer?
Temos participado nas acções conjuntas do Grupo de
Trabalho das comissões de utentes, colaboramos num
abaixo-assinado que reuniu mais de 60 mil assinaturas,
participamos em várias iniciativas de protesto sob a for-
ma de buzinões, em 2008 e 2009, e é claro, participamos
nas grandes marchas de protesto de 2008 e do passado
dia 17 de Abril. Para já não temos marcado novas
acções, mas podem ter a certeza que a luta vai continuar
até o Governo desistir desta medida tão injusta .
A economia da região pode sofrer graves consequên-
cias se as portagens avançarem?
É evidente que sim. As portagens são mais um custo
para os empresários, que terão mais um obstáculo à sua
actividade numa altura de crise, e para os todos os cida-
dãos que já apertaram em demasia o cinto.
Já se estima que mensalmente quem circule, ida e volta,
na A41 e A42 gastará de 76 a 125 euros por mês em
combustíveis. E estimando-se que 100 km nas SCUT´s
poderão custar aos automobilistas cerca de 5,85 euros
em portagens, teremos uma viagem de ida e volta nestes
percursos a onerar em portagens mensalmente em 48,8
euros.
Concorda com a tomada de posição da Valsousa?
Os argumentos da Associação de Municípios são os nos-
sos, sem tirar nem pôr. Mas achamos que o papel das
Câmaras Municipais podia e devia ser outro. Por exem-
plo, a Comissão de Utentes escreveu a todos os presiden-
tes da Câmara da região a informar da marcha de protes-
to do passado dia 17 de Abril e a pedir que se juntassem
à luta das populações.
A única resposta que obteve
foi por parte do assessor do
Presidente da Câmara de
Penafiel a dizer que o presi-
dente não tinha agenda para
participar...
Se o interesse das Câmaras
Municipais fosse outro,
tinham razões e recursos para
colaborar nesta luta, infeliz-
mente, não temos visto nada
boas intenções.
 4 A FARPA / Abril 2010 / 2.ª Série / N.º 2
Eurodeputado do PCP visitou o concelho de Paredes Avante camarada
O deputado no Parlamento Europeu João Ferreira Avante, camarada, avante,
visitou, no passado dia 6 de Março, o concelho de Junta a tua à nossa voz!
Paredes. O seu dia começou em Lordelo, onde Avante, camarada, avante, camarada
reuniu com o MUSS-LR - Movimento de Utentes
E o sol brilhará para todos nós!
dos Serviços de Saúde de Lordelo e Rebordosa, do
qual recebeu um documento com as suas reivindi-
Ergue da noite, clandestino,
cações e preocupações.
Durante a tarde visitou vários locais do concelho À luz do dia a felicidade,
de Paredes e distribuiu, juntamente com outros
Que o novo sol vai nascendo
representantes do PCP, documentos à população.
Em nossas vozes vai crescendo
Ao final da tarde, depois de ter reunido com os
presidentes de algumas Cooperativas de Água do Um novo hino à liberdade
concelho, na sede da Junta de Freguesia de Para- Que o novo sol vai nascendo
da de Todeia, João Ferreira foi o principal orador Em nossas vozes vai crescendo
João Ferreira... numa sessão em defesa de Água Pública.
Um novo hino à liberdade
Nesta sessão, ficou bem patente a necessidade de defender o acesso à água
como um bem público, que nunca deve estar ao serviço do poder económico.
Avante, camarada, avante,
Mais uma vez denunciou-se a política da Câmara Municipal de Paredes sobre
este assunto, que concessionou um bem universal à multinacional Veolia, Junta a tua à nossa voz!
empresa que pretende acabar com todos os subsistemas de fornecimento de Avante, camarada, avante, camarada
água no concelho, em prejuízo dos cidadãos.
E o sol brilhará para todos nós!
O dia acabou em Vandoma, no jantar promovido pela Organização Concelhia de
Paredes do PCP, que acolheu centena e meia de militantes e amigos do PCP. Em
ambiente de festa, os comensais comemoraram os 89 anos do Partido, que nas- Cerrem os punhos, companheiros,
ceu em 6 de Março de 1921, que resistiu aos 48 anos de fascismo e teve um Já vai tombando a muralha.
papel determinante na luta contra a ditadura e no surgimento da Revolução do
Libertemos sem demora
25 de Abril. Este percurso histórico foi um dos vectores do discurso de João Fer-
Os companheiros da masmorra
reira, convidado para este evento, que realçou que o PCP continua a sua luta na
defesa dos direitos dos trabalhadores e do Povo português. Heróis supremos da batalha
Libertemos sem demora
Os companheiros da masmorra
Heróis supremos da batalha
Avante, camarada, avante,
Junta a tua à nossa voz!
Avante, camarada, avante, camarada
E o sol brilhará para todos nós!
Para um novo alvorecer
… em Lordelo num encontro com utentes dos Centros de Saúde Junta-te a nós, companheira,
Que comigo vais levar
A cada canto, a cada lar
A nossa rubra bandeira
Que comigo vais levar
A cada canto, a cada lar
A nossa rubra bandeira
Avante, camarada, avante,
Junta a tua à nossa voz!
Avante, camarada, avante, camarada
… em Parada de Todeia, numa sessão pública sobre o tema da água E o sol brilhará para todos nós!
A FARPA / Abril 2010/ 2.ª Série / N.º 2 13
Em 1991, a dívida pública representava 57,8 por cento do PIB. Dezoito anos
depois, 100 privatizações depois e após o Estado ter encaixado cerca de 27,9
Poeta Castrado, Não!
mil milhões de euros, a dívida pública atinge os 77,2 por cento do PIB. Mais
Serei tudo o que disserem
ainda, só os lucros acumulados nos últimos seis anos pelos principais grupos por inveja ou negação:
económicos e financeiros criados a partir de empresas antes nacionalizadas cabeçudo dromedário
(BES, BPI, Santander/Totta, BCP, Galp Energia, EDP, REN, PT, ZON, CIMPOR, fogueira de exibição
SEMAPA e BRISA), somam 27 mil milhões de euros. Ou seja, O Estado não só teorema corolário
perdeu algumas das principais poema de mão em mão
alavancas da nossa economia, lãzudo publicitário
como as vendeu por tuta e malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
meia aos grandes grupos eco-
Poeta castrado não!
nómicos nacionais e estrangei-
ros.
Os que entendem como eu
10. Em 2013 o País ficaria as linhas com que me escrevo
melhor depois de aplicadas reconhecem o que é meu
estas medidas previstas no em tudo quanto lhes devo:
PEC? ternura como já disse
Não, o País não ficaria melhor. sempre que faço um poema;
As medidas previstas neste PEC são as mesmas que a política de direita tem saudade que se partisse
imposto ao País, só que numa dose reforçada. me alagaria de pena;
e também uma alegria
11. Existe alternativa ao PEC?
Sim, claro. Existe alternativa ao PEC, tal como existe alternativa à política de uma coragem serena
em renegar a poesia
direita. Como o PCP tem defendido, o País precisa de uma ruptura, de uma
quando ela nos envenena.
mudança na vida nacional que concretize uma política patriótica e de
esquerda, designadamente com: Os que entendem como eu
Aumento dos salários e pensões visando uma mais justa repartição da a força que tem um verso
riqueza e a dinamização do mercado interno, designadamente com a eleva- reconhecem o que é seu
ção do Salário Mínimo Nacional para pelo menos 600 euros até 2013 e o quando lhes mostro o reverso:
aumento das pensões, designadamente 25 euros para aquelas que são mais
baixas; Da fome já não se fala
é tão vulgar que nos cansa
Defesa da produção nacional alargando o investimento público, apoiando
as PME’s, privilegiando o mercado interno, impondo a obrigatoriedade de mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança?
incorporação da produção nacional nos grandes projectos, a taxação das
importações e outros apoios às exportações. Avançando também com um Do frio não reza a história
programa de industrialização do País e com o objectivo de inverter a actual a morte é branda e letal ---
situação deficitária do sector agro-alimentar; mas que dizer da memória
Reforço do sector empresarial do Estado, pondo fim imediato ao processo de uma bomba de napalm?
de privatizações e das parcerias público-privadas, afirmando o interesse
nacional em sectores estratégicos por via do controlo público de sectores E o resto que pode ser
como a banca, a energia, as telecomunicações e os transportes; o poema dia a dia?
Uma política fiscal que contribua para mais justiça social, a satisfação das Um bisturi a crescer
necessidades do Estado e o equilíbrio das contas públicas. Obrigando a ban- nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer
ca a pagar 25 por cento de taxa de IRC, acabando com o off-shore da Madei-
parido por asfixia?!
ra, aplicando uma taxa extraordinária de IRC a empresas que tenham mais Ah não me venham dizer
de 50 milhões de euros de lucros e impondo, ao contrário do Governo PS, a que é fonética a poesia!
taxação agora das mais-valias realizadas na bolsa;
Combate ao desemprego e apoio aos desempregados tendo como objecti- Serei tudo o que disserem
vo uma política de pleno emprego, combatendo os despedimentos com por temor ou negação:
legislação dissuasora, combatendo a precariedade, alargando o emprego Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
público e a prestação de serviços às populações. Apoiando quem está
desempregado, com o alargamento do acesso ao subsídio de desemprego; prostituta proxeneta
Uma forte iniciativa política do Estado Português junto da União Europeia, espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
visando a renegociação do calendário estabelecido de diminuição da dívida
Poeta castrado não!
pública, a diminuição das contrapartidas nacionais para um valor máximo de
10 por cento na aplicação dos fundos comunitários, a suspensão de remes-
sas do Estado português (ou devolução de parte do que enviamos) para o Ary dos Santos
Orçamento Comunitário
(Ler documento completo no Avante! - www.avante.pt)
12 A FARPA / Abril 2010 / 2.ª Série / N.º 2
PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O PEC
Muito se tem falado, nas últimas semanas do PEC, ou,
mais precisamente, do Programa de Estabilidade e
Crescimento 2010-2013, apresentado pelo Governo.
Mas para a maioria dos portugueses, o PEC não passa-
rá de uma sigla, pouco se sabendo dos seus reais
objectivos e desastrosas consequências.
1. O que é o PEC?
O Programa de Estabilidade e Crescimento 2010-2013 é
um documento que o Governo português está compeli-
do a apresentar à Comissão Europeia e que decorre do
Pacto de Estabilidade e Crescimento e dos critérios que
este impõe para a União Económica e Monetária. O
Governo propõe-se até ao final de 2013 reduzir o défice
das Contas Públicas de 9,3 por
cento do PIB, em 2009, para 2,8
por cento em 2013.
Para conseguir atingir este
objectivo, o Governo quer redu-
zir o défice das contas públicas
em cerca de 10 mil milhões de
euros até 2013. Destes, mais de
50 por cento resultariam de
cortes nas despesas com pes-
soal na Administração Pública,
nas despesas com prestações
sociais, nas despesas com o
Serviço Nacional de Saúde, no
aumento da carga fiscal sobre
os trabalhadores e no congela-
mento e reduções das reformas
e pensões.
2. O PEC já é lei?
Não. Não é nem virá a ser lei. A
única coisa que até ao momen-
to foi votada na Assembleia da
República foi uma resolução
sobre o PEC que nem sequer é
obrigatória e não tem qualquer valor jurídico. Todas e
cada uma das medidas do PEC terão de ser discutidas e
decididas uma a uma na Assembleia da República.
3. É verdade que o PEC prevê que os portugueses
paguem mais impostos?
Sim, é verdade. A esmagadora maioria das quatro
milhões e seiscentas mil famílias que entregam o Impos-
to sobre Rendimento de Pessoas Singulares (IRS), iriam
pagar mais impostos, porque pelo menos as deduções
específicas por cada sujeito passivo ficariam congeladas
nos próximos quatro anos, assim como as deduções à
colecta.
4. É verdade que o PEC prevê cortes nos salários e nas
pensões?
Sim, é verdade. Prevê que cerca de 700 mil trabalhado-
res da Administração Pública tenham os seus salários
nominais congelados em 2010 e em 2011, 2012 e 2013
– o que significaria um corte real do valor dos salários,
que influenciaria também os salários no sector privado.
5. É verdade que o PEC tem como objectivo baixar o
valor das prestações sociais?
Sim, é verdade. O Governo estabelece no PEC limites
quantitativos ao montante global das transferências a
efectuar para a Segurança Social para pagamento de
prestações sociais não contributivas – abono de família,
acção social escolar, complemento solidário para idosos
e rendimento solidário para idosos, entre outros – de tal
forma que de 2010 até 2013 estas transferências baixa-
riam de 7 673 milhões para 6 900 milhões de euros.
6. É verdade que os trabalhadores a receber subsídio
de desemprego poderão ser afectados?
Também é verdade. No final de 2009, dos cerca de 700
mil trabalhadores desemprega-
dos apenas 362 719 recebiam
subsídio de desemprego. A
verba aprovada no Orçamento
do Estado para 2010 é insufi-
ciente para fazer face a uma
previsível subida do desempre-
go e à necessidade de todos os
trabalhadores efectivamente
desempregados terem acesso
ao subsídio de desemprego.
7. É verdade que o Serviço
Nacional de Saúde vai ser afec-
tado?
Sim, é igualmente verdade. O
Governo pretende reduzir as
despesas com o Serviço Nacio-
nal de Saúde em 715,3 milhões
de euros até 2013, o que signi-
ficaria um corte considerável
nas despesas com saúde afec-
tando fundamentalmente
aqueles que dependem exclusi-
vamente dos serviços públicos
de saúde.
8. Qual é o contributo dos grandes grupos económicos
e financeiros para o PEC?
Nenhum, já que o PEC, ao contrário do que faz com
agravamento do IRS para as famílias, não apresenta
nenhuma medida de agravamento do IRC sobre os
lucros dos grandes grupos económicos e financeiros.
Nada é dito sobre os milhões de euros dados em benefí-
cios fiscais no off-shore da Madeira ou sobre a necessi-
dade de avançar numa outra tributação do património,
ou sobre o escândalo que são as taxas efectivas de IRC
na banca inferiores a 15 por cento.
9. O que significam estas novas privatizações previstas
no PEC?
A experiência do processo de privatizações iniciado em
1989, em que mais de 100 privatizações foram efectua-
das, provou inequivocamente que não foi pelo facto de
ter alienado as principais empresas públicas que o Esta-
do reduziu a dívida pública
A FARPA / Abril 2010/ 2.ª Série / N.º 2
O ESTADO DOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS EM LORDELO E REBORDOSA
Os cuidados primários de saúde são cuidados essenciais de saú-
de baseados em métodos e tecnologias práticas, cientificamen-
te bem fundamentadas e socialmente aceitáveis. Representam
o primeiro nível de contacto dos indivíduos, da família e da
comunidade com o Sistema Nacional de Saúde, uma conquista
do 25 de Abril, constantemente atacado pelos interesses capita-
listas.
Em Lordelo e Rebordosa, a Saúde, em especial, os cuidados pri-
mários têm estado na ordem do dia, nem sempre pelas melho-
res razões. Por isso, A Farpa dedica a presente edição a esta
questão e espera contribuir para informar os utentes das duas
cidades das mudanças em curso e reflectir as suas implicações
para a vida da comunidade.
Centro de Saúde de Lordelo na comunicação social
A situação não era nova, mas uma reportagem do jornal Verda-
deiro Olhar em 28 de Janeiro passado, mostrou de forma crua a
situação vergonhosa de dezenas de lordelenses pernoitarem à
porta do Centro de Saúde de Lordelo, sobretudo os utentes
sem Médico de Família, em busca de uma vaga para uma con-
sulta. Tal situação torna-se ainda mais grave quando a mesma
notícia refere que alguns utentes fazem desta situação uma
forma de rendimento pessoal, vendendo o lugar que ocupam
na fila de espera por determinada quantia a pessoas que apare-
cem no dia seguinte de manhã.
Esta reportagem do jornal regional chamou a atenção da comu-
nicação social nacional, nomeadamente o Jornal de Notícias (6
de Fevereiro) e até a estação televisiva SIC, que emitiu uma
reportagem no programa “Nós por Cá”, em 5 de Fevereiro.
Em resultado da pressão mediática, o Agrupamento de Centros
de Saúde do Tâmega II – Vale do Sousa Sul (ACES), organismo
que tutela todas as Unidades de Saúde dos concelhos de Pare-
des, Penafiel e Castelo de Paiva, adoptou algumas regras que
atenuaram este problema. As consultas para os utentes sem
Médico de Família que eram marcadas somente à sexta-feira e
realizavam-se na semana seguinte passaram a poder ser marca-
das por telefone ou pela internet (através da E-Agenda). Tam-
bém o nível de absentismo por parte de alguns médicos reduziu
significativamente, diminuindo o transtorno causado aos seus
utentes.
Deputados comunistas apresentaram requerimento na Assem-
bleia da Répública
Estas pequenas mudanças resultaram também da pressão polí-
tica de alguns deputados que na Assembleia da República apre-
sentaram requerimentos sobre esta situação, como é o caso
dos deputados comunistas eleitos pelo distrito do Porto, Jorge
Machado e Honório Novo (ver Requerimento do PCP na AR).
Aliás, o PCP é o partido político que tem mais trabalho realizado
em torno da questão da saúde no nosso concelho. Convém
recordar que o nosso jornal já dedicou uma edição a este assun-
to (A Farpa n.º 19 – Setembro 2003) onde elaborou uma análise
a um inquérito realizado aos lordelenses sobre a sua opinião
sobre o problema da Saúde em Lordelo.
Neste estudo, promovido pela Comissão de Freguesia de Lorde-
lo do PCP, já eram evidentes as preocupações dos lordelenses.
5
Requerimento do PCP na AR
«Assunto: Centro de Saúde de Lordelo, Paredes
Destinatário: Ministério da Saúde
Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República
O Centro de Saúde de Lordelo, no concelho de Pare-
des, serve uma população com mais de dez mil habi-
tantes e tem ao seu serviço quatro médicos a tempo
inteiro.
Assim, em média, cada um dos médicos tem a seu
cargo 2500 utentes, quando as entidades competentes
apontam que o rácio ideal é de 1500 pacientes por
cada médico existente. Além disso, cerca de um terço
da população abrangida por este centro de saúde não
tem Médico de Família.
A consequência é que dezenas de pessoas acumulam-
se à porta da Unidade de Saúde de Lordelo todas as
noites, sobretudo à quinta-feira, para conseguirem uma
consulta de recurso na semana seguinte.
Hoje, quer uma consulta de vigilância infantil, quer uma
consulta para a prorrogação de um Certificado de Inca-
pacidade Temporária (vulgo “baixa médica”), ou uma
consulta para mostrar os exames complementares
pedidos, é feita por uma penosa procura de uma vaga
pré-anunciada numa folha de papel afixado no centro
de saúde.
A situação acima descrita, provoca um legítimo descon-
tentamento por parte da população que há muito tempo
reclama mais médicos e melhor organização no atendi-
mento, de forma a evitar a situação lamentável de obri-
gar dezenas de cidadãos a pernoitarem junto à porta do
estabelecimento em busca de uma consulta.
Assim, ao abrigo da alínea d) do artigo 156º da Consti-
tuição e nos termos e para os efeitos do 229º do Regi-
mento da Assembleia da República, pergunto ao Minis-
tério da Saúde o seguinte:
1) Que avaliação faz este Ministério quanto ao funcio-
namento deste Centro de Saúde?
2) Prevê este Ministério a resolução do problema de
falta de médicos neste centro de saúde? Se sim, quan-
do?
3) Que medidas vai este Ministério tomar para melhorar
o funcionamento deste centro de saúde?
Palácio de São Bento, 10 de Fevereiro de 2010
Os deputados Jorge Machado e Honório Novo.»
6 A FARPA / Abril 2010 / 2.ª Série / N.º 2
Um dia no posto médico de Lordelo
Certo dia de Inverno resolvo dirigir-me ao Cen-
tro de Saúde, a fim de ser tratado.
São sete horas e quarenta minutos. Acabo de
chegar. Encontro várias pessoas que mantém
conversas paralelas, defronte à porta de entra-
da. Deduzo que estão à espera que o estabe-
lecimento abra as portas e pergunto: “Quem é
o último para a Doutora Lina?”. Pois bem, sou
o sexto.
Sinto-me como fazendo parte de um movimen-
to convenientemente ardil, que tende a ascen-
der a uma tradicional romaria lordelense,
segundo os boatos que por lá se ouvem.
Diante da “tripulação”, há um indivíduo que se
destaca com os seus comentários de galhofa: “
as pessoas que vieram para cá às seis da
manhã para guardarem a sua vez, se estive-
rem doentes, ainda ficam mais doentes!”
Ao seu gracejo, por entre a indiferença e
alguns comentários de fundo, apenas lhe zom-
bou uma jovem mulher, que parecia conhecer
a sua vida particular. Por entre murmúrios ouve
-se: “ Se estivesse mesmo doente…”.
O tempo foi passando e o povo volta a disper-
sar-se em pequenos grupos. Aos poucos a
dúzia de cidadãos que encontrei inicialmente
transforma-se numa multidão.
De repente, eis que a multidão se estreita em
direcção à porta de entrada. É uma funcionária
que, com uma arrogância militar, entrega uns
papelinhos que indicam a ordem de chegada e
o médico.
Tenho de esperar mais um pouco para me
entregarem o respectivo papelinho. Espero
sentado numa cadeira, debaixo de um relógio
que está uma hora adiantado.
Esperei duas horas para que a minha consulta
fosse registada, mas… o que são duas horas
para quem assistiu a uma animada discussão
entre uma senhora que afirmava ter sido a
primeira a chegar e o resto dos utentes?!
As minhas dúvidas quanto à indigência daque-
le local apagam-se de vez, quando durante a
mesma algazarra, o indivíduo que atrás referi,
afirma categoricamente e com auxílio de teste-
munhos, que estava lá desde as seis da
manhã para conseguir o quinto lugar! Boa! …
Depois do almoço, chego lá às catorze horas,
como me tinham prevenido. Sou atendido por
volta das dezasseis horas.
Mas afinal de contas, o que são oito horas e
meia para um pobre doente que quer ser trata-
do?
Só me resta dizer: “A tradição ainda é o que
era!”
Gilberto “Paz-de-alma”
A falta de médicos (um terço de utentes sem médico de família), a assi-
duidade dos médicos que então prestavam serviço na unidade de saú-
de, bem como o tempo de espera pela consulta e a simpatia (ou antipa-
tia) dos administrativos e o barulho no interior do estabelecimento,
seja por falta de civismo de alguns utentes, seja pela má concepção
física do estabelecimento onde os balcões de atendimento estão dema-
siado juntos às salas de espera, foram temas abordados no estudo.
Clima de guerra em Rebordosa
Também Rebordosa foi notícia pelas guerras políticas entre o PSD/
Rebordosa e novo Executivo/PS de Elias Barros em torno do problema
da Saúde, nomeadamente sobre a questão da ambulância do INEM e a
esperada abertura do novo Centro de Saúde, prometida para antes das
Eleições Autárquicas de Outubro passado.
Os problemas sentidos pela população servida pelo Centro de Saúde de
Rebordosa são semelhantes aos lordelenses, com a agravante do esta-
belecimento, sem quaisquer condições, ainda estar inserido no edifício
que alberga também a Junta de Freguesia.
As recentes mudanças organizativas que fizeram substituir o Dr. Luís
Campos, cuja gestão mereceu críticas de alguns utentes, pela Dra. Ana
O edifício da Junta de Freguesia de Rebordosa alberga há mais de 20
anos o Centro de Saúde da cidade, sem o mínimo de condições
Oliveira à frente da Unidade de Saúde, tem causado alguns problemas,
ao ponto ter obrigado a GNR a intervir por diversas vezes.
A nova coordenadora é alvo de críticas por parte dos utentes, que utili-
zaram em massa o Livro de Reclamações para expressar o seu descon-
tentamento. As queixas prendem-se com as alegadas restrições de
alguns bens e serviços que os utentes tinham acesso, como por exem-
plo, material médico e transporte ambulatório.
Não há utentes sem Médico de Família em Rebordosa
Há, no entanto, uma vantagem que Rebordosa tem em relação a Lorde-
lo: actualmente não há utentes sem Médico de Família, considerando
que o rácio ideal é de 1750 utentes por médico. Os actuais 6 médicos
(Ana Oliveira, Luís Campos, Darcília Eusébio – em licença de parto,
Susana Vilas-Boas, Paula Pamplona e Helena Alves), 7 enfermeiros e 4
administrativos são os profissionais que servem 10.666 utentes.
Em Lordelo o cenário é pior. O Centro de Saúde tem ainda 3600 utentes
sem Médico de Família, num universo de 10.693 inscritos, apesar da
contratação de alguns médicos nos últimos meses. Lordelo possui sen-
sivelmente o mesmo número de médicos que Rebordosa mas os novos
médicos são contratados e não exercem Medicina Familiar.
A FARPA / Abril 2010/ 2.ª Série / N.º 2
CGTP - Sindicalismo de classe
A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersin-
dical Nacional (CGTP-IN) é uma confederação sindical fundada a
1 de Outubro de 1970 em Lisboa. As direcções
do Sindicato Nacional dos Caixeiros do Distrito
de Lisboa, do Sindicato Nacional do Pessoal da
Indústria dos Lanifícios do Distrito de Lisboa,
do Sindicato Nacional dos Técnicos e Operá-
rios Metalúrgicos do de Lisboa e do Sindicato
dos Empregados Bancários do Distrito de Lis-
boa convidam a 29 de Setembro de 1970
outras direcções sindicais para " comparecerem numa sessão
de trabalho para estudo de alguns aspectos da vida sindical cuja
discussão lhes parece da maior oportunidade". A ordem de tra-
balhos proposta para a primeira reunião intersindical reflecte,
desde logo, uma concepção de sindicalismo que não separa a
resolução dos problemas dos trabalhadores da luta pelos direi-
tos e liberdades democráticas fundamentais. Entre as questões
"da maior oportunidade" que foram propostas para estudo,
constaram o decreto-lei nº 49212 (contratação colectiva), o
horário de trabalho, a censura e a liberdade de reunião. No dia
11 do mesmo mês, realizou-se em Lisboa a primeira Reunião
Intersindical com a presença de 13 direcções sindicais. Iniciava-
se assim o movimento das reuniões intersindicais.
Em 21 de Março de 1971, a CGTP aprova Programa Básico da
Intersindical, documento em que se reivindica a liberdade sindi-
cal, o direito de livre negociação e o direito à greve.
Em 1974, o Movimento das Forças Armadas (MFA) derruba a
ditadura fascista. A Intersindical manifesta o seu apoio e enca-
beça o processo de democratização, através da destituição das
direcções corporativas dos "sindicatos nacionais" e da eleição
de novas direcções pelos trabalhadores. O aparelho corporativo
acabou por ser desmantelado em poucos dias. Festeja-se o 1º
de Maio em liberdade, organizado pela Intersindical, o qual
constituiu a maior manifestação de massas alguma vez realiza-
da em Portugal e foi expressão inequívoca do seu poder de
mobilização e da adesão dos trabalhadores e do povo portu-
guês ao 25 de Abril. A 27 de Maio é instituído pela primeira vez
no nosso país um salário mínimo nacional no valor de 3300$00,
que veio beneficiar mais de 50 por cento dos trabalhadores
portugueses. O direito de greve e de liberdade sindical eram já
exercidos na prática.
Em 11 de Março de 1975, a Intersindical apoia as medidas
tomadas pelo Conselho da Revolução – nacionalização da banca
e dos seguros. Em 30 de Abril, após grandes manifestações, é
publicada a lei que consagra a unidade sindical e as liberdades
sindicais. Em 30 de Abril e após grandes manifestações, é publi-
cada a lei que consagra a unidade sindical e as liberdades sindi-
cais. Entre 25 A 27 de Junho realiza-se o 1.º Congresso da Inter-
sindical (com a participação de 159 sindicatos) institui a Inter-
sindical por vontade expressa dos trabalhadores, aprova os seus
primeiros estatutos e programa de acção.
A CGTP-IN define-se como «organização sindical de classe, uni-
tária, democrática, independente e de massas, tem as suas raí-
zes e assenta os seus princípios nas gloriosas tradições de orga-
nização e de luta da classe operária e dos trabalhadores portu-
gueses.»
11
1.º de Maio - Apontamento histórico
Em 1886, realizou-se uma manifestação de trabalha-
dores nas ruas de Chicago nos Estados Unidos da
América.
Essa manifestação tinha como finalidade reivindicar a
redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias e
teve a participação de milhares de pessoas. Nesse
dia teve início uma greve geral nos EUA. No dia 3 de
Maio houve um pequeno levantamento que acabou
com uma escaramuça com a polícia e com a morte de
alguns manifestantes. No dia seguinte, 4 de Maio,
uma nova manifestação foi organizada como protesto
pelos acontecimentos dos dias anteriores, tendo ter-
minado com o lançamento de uma bomba por desco-
nhecidos para o meio dos policiais que começavam a
dispersar os manifestantes, matando sete agentes. A
polícia abriu então fogo sobre a multidão, matando
doze pessoas e ferindo dezenas. Estes acontecimen-
tos passaram a ser conhecidos como a Revolta de
Haymarket.
Três anos mais tarde, a 20 de Junho de 1889, a
segunda Internacional Socialista reunida em Paris
decidiu por proposta de Raymond Lavigne convocar
anualmente uma manifestação com o objectivo de
lutar pelas 8 horas de trabalho diário. A data escolhida
foi o 1º de Maio, como homenagem às lutas sindicais
de Chicago. Em 1 de Maio de 1891 uma manifestação
no norte de França é dispersada pela polícia resultan-
do na morte de dez manifestantes. Esse novo drama
serve para reforçar o dia como um dia de luta dos
trabalhadores e meses depois a Internacional Socia-
lista de Bruxelas proclama esse dia como dia interna-
cional de reivindicação de condições laborais.
Em 23 de Abril de 1919 o senado francês ratifica o dia
de 8 horas e proclama o dia 1 de Maio desse ano dia
feriado. Em 1920 a Rússia adopta o 1º de Maio como
feriado nacional, e este exemplo é seguido por muitos
outro países. Apesar de até hoje os norte-americanos
se negarem a reconhecer essa data como sendo o
Dia do Trabalhador, em 1890 a luta dos trabalhadores
norte-americanos conseguiu que o Congresso apro-
vasse que a jornada de trabalho fosse reduzida de 16
para 8 horas diárias.
Em Portugal, só a partir de Maio de 1974 (o ano da
revolução do 25 de Abril) é que se voltou a comemo-
rar livremente o Primeiro de Maio e este passou a ser
feriado. Durante a ditadura do Estado Novo, a come-
moração deste dia era reprimida pela polícia. O Dia
Mundial dos Trabalhadores é comemorado por todo o
país, sobretudo com manifestações, comícios e festas
de carácter reivindicativo, promovidas pela central
sindical CGTP-Intersindical (Confederação Geral dos
Trabalhadores Portugueses - Intersindical) nas princi-
pais cidades de Lisboa e Porto.
10 A FARPA / Abril 2010 / 2.ª Série / N.º 2
ABRIL, 25
Nos idos de 90, a temática “25 de Abril de
1974” foi para mim matéria escolar fugaz
e superficial. Diria que me foi leccionada
no ensino básico com a mesma rapidez,
com a mesma fugacidade, com que os
valores que lhe eram adjacentes se esfu-
maram da consciência social e política da
sociedade portuguesa. Devo acrescentar
ainda que ab initio – até à altura em que me apercebi que a respei-
to da nossa História me davam a conhecer bem menos do que era
efectivamente necessário – não me questionei muito sobre isso.
Além da despreocupação própria da idade, as conversas em família
que descreviam isoladamente um momento histórico de grande
relevância, acabavam por contrastar com a ligeireza programática
do ensino público, bem como com a notória falta de importância
que o poder autárquico (na verdade, uma das principais conquistas
de Abril) à minha volta lhe dava. Talvez isto explique parte da indi-
ferença – para não falar em ignorância – com que muitas gera-
ções se referem à efeméride. Para muitos – tristemente! – o 25 de
Abril não passa de um feriado, que este ano tem a inconveniência
de calhar a um domingo. Desta feita, nem para feriado serve!
A um patamar ‘oficial’, chamemos-lhe assim, a desvalorização da
data não pode deixar de ser considerada, com benevolência minha,
uma irresponsabilidade. Há alturas ainda em que deve ser merece-
dora de uma acrescida repulsa e que só pode, por isso,
ser vigorosamente contrariada. Bem sabemos que, com maior ou
menor hipocrisia, no topo da pirâmide não vão faltando evocações
e cravos na lapela. Porém, é na base da pirâmide que a displicência
é maior. Por mais perverso que possa parecer, é a nível local e
regional, onde assentam precisamente os pilares do que se cons-
truiu em 1974, que a omissão propositada e a desvalorização volun-
tária de Abril e dos seus valores têm lugar.
É uma realidade perceptível – não obstante felizes excepções,
sobretudo a sul – que são muitos os responsáveis autárquicos que
se sentem francamente incomodados com os cravos vermelhos.
Aquilo cheira-lhes demasiadamente a ‘esquerdice’. Omitem, indis-
põem-se, negam-se à simples evocação e homenagem – simbólica
que seja! – ao movimento que derrubou o regime ditatorial de Sala-
zar e Caetano. O que falta saber é o que é que na verdade os inco-
moda: se as ‘comemorações’ em geral, ou se apenas aquilo que
neste ‘feriado’ se comemora. No ar fica a dúvida, e por ventura no
trabalho (ou falta dele) a resposta. Talvez seja por coerência. Não
pode celebrar 25 quem nunca saiu de 24.
Que fique claro, não vá perpassar aqui tal ideia, que não interessa
apenas o estardalhaço de foguetes e bandeiras. Não interessa ape-
nas o discurso de circunstância e o entoar do Hino por mero enfei-
te. O que realmente interessa é que do ponto de vista formal, insti-
tucional e oficial, seja dado um sinal muito claro a todos, sobretudo
às gerações mais jovens: um sinal audível, perceptível e convicto de
que um dia se derrubou, e por isso celebramos, aquilo que em forte
escalada se tenta hoje branquear: o fascismo, a repressão, a fome,
a ignorância e a miséria!
Viva o 25 de Abril!
Ivo Rafael Silva. In adargumentandum.wordpress.com
Exposição de jornais manuscritos
feitos por presos políticos do PCP
A colecção de jornais manuscritos feitos por
presos políticos do PCP em diversas cadeias
fascistas como Peniche, Caxias, Penitenciá-
ria de Lisboa, Cadeia de Monsanto, Aljube,
Angra do Heroísmo e Tarrafal, num período
que vai de 1934 a 1945 e que a partir de ago-
ra passa a estar disponível para consulta do
público em resultado da cooperação que se
estabeleceu entre o Partido Comunista Portu-
guês e a Torre do Tombo, constitui a nosso
ver um acontecimento cultural relevante e
uma inegável contribuição para um melhor e
maior conhecimento dessa negra e trágica
realidade que foi a ditadura fascista em Por-
tugal, realidade cada vez mais branqueada e
mesmo remetida ao esquecimento.
Mas é igualmente importante contributo para
um maior conhecimento de aspectos que
assumiu a luta heróica da resistência ao fas-
cismo sem a qual não teríamos conquistado a
liberdade em 25 de Abril de 1974.
Estes jornais foram feitos num período muito
particular da vida do nosso país e do mundo.
Foi no período de consolidação do fascismo,
de aperfeiçoamento dos mecanismos poli-
ciais, da intensificação da repressão contra
os antifascistas, da inauguração do Campo
do Tarrafal concebido para a liquidação dos
mais firmes e combativos resistentes. E no
plano externo coincidiu com o avanço avas-
salador das hordas nazis por vários países, o
esmagamento da república espanhola, a car-
nificina que foi a II Guerra Mundial, de pesa-
das e dolorosas derrotas do movimento ope-
rário e democrático na Europa e noutras par-
tes do mundo.
A FARPA / Abril 2010/ 2.ª Série / N.º 2 7
Na verdade, só Beatriz Mendonça (a coordenadora), Lina Assunção, Timóteo Velo-
sa e a Eugénia Toledo são considerados Médicos de Família. Raul Almeida é con-
tratado, presta serviço a tempo inteiro mas não é Médico de Família. Subsistem
situações de utentes que não são consultados porque alguns médicos contratados
têm faltado ao serviço ou apenas ficam durante algum tempo a prestar serviço em A propósito da saúde
Lordelo. O médico brasileiro Dr. Pires saiu há poucas semanas. O médico originário
do Leste Europeu Vladimir e Mário Neves são médicos de recurso. O Centro de
em Rebordosa
Saúde conta ainda com 6 enfermeiros e 4 administrativos.
A especulação política de fortes
A contratação do vigilante e dos serviços de limpeza, tanto em Lordelo como em candidatos nas últimas eleições
Rebordosa, são da responsabilidade de uma empresa privada contratada pelo em Rebordosa prometera o novo
ACES. centro de saúde mas, de que ser-
virá o novo se os problemas do
Lordelenses e Rebordenses criam Movimento de Utentes existente se mantiverem? …
Estas foram algumas das informações que o MUSS-L/R – Movimento de Utentes Os utentes, doentes, ou não, con-
dos Serviços de Saúde de Lordelo e Rebordosa, constituído em 3 de Março deste tinuam a ter que madrugar em
ano e porta-voz das preocupações dos utentes das duas maiores freguesias do frente deste. Além de horas ali
concelho de Paredes (Ler Declarações de Princípios), obteve da reunião com o passadas estão sujeitos às condi-
ACES, representado pela Directora Executiva, Dra. Fátima Gonçalves, e pelo Presi- ções climatéricas e vão-se embora
dente do Conselho Clínico, Dr. Baptista Pereira, em 25 de Março. sem terem direito ao devido aten-
dimento. Marca-se consultas e
Miguel Correia (Lordelo), Joel Ferreira (Rebordosa) e Armando Amorim (Lordelo)
como se já não basta-se estas são
foram os representantes deste Movimento de Utentes que receberam dos respon-
marcadas para cerca de 6 meses
sáveis pelo ACES outras informações e explicações. Por exemplo, a directora do
depois, ou mais e volta-se a não
ACES defendeu a coordenadora da Unidade de Saúde de Rebordosa dizendo que a
ter o devido atendimento. Isto
imposição de novas regras visa a boa gestão, evitando o desperdício, acusando
acontece porque não há médicos
alguns utentes terem maus hábitos, que é necessário acabar.
ou estes não se apresentam para
trabalhar. Fazem com que os fun-
cionários se justifiquem perante os
utentes dando desculpas das
quais estes não têm hipótese de
contestar. E, por incrível que pare-
ça, encontramos estes indivíduos
a dar consultas em hospitais ou
clínicas privadas.
E que tipo de direito à saúde
temos nós se nem consultados
devidamente somos? Estamos
num jogo de raça, crença, estatuto
ou cor? Será que famílias sem
poder monetário merecem ser
assim tratadas? Mães, com filhos
doentes ao colo, idosos e, muitas
Miguel Correia (Lordelo) e Joel Ferreira (Rebordosa) representantes do MUSS-LR
vezes, jovens estão ali á espera
em vão. Lembro-me de mim em
Novo Centro de Saúde de Rebordosa quase a abrir criança passar ali horas, doente e,
Quanto ao novo Centro de Saúde de Rebordosa, cujo edifício está pronto desde agora com 24 anos continuo a ver
Fevereiro 2010, foi-lhes garantido que a abertura das portas está para breve, fal- a mesma situação. Não houve
tando apenas que a Portugal Telecom proceda às ligações telefónicas e que a nenhuma evolução! Parece que
CELER faça o trabalho das ligações eléctricas. De lembrar que a obra registou o cada vez esta pior. As pessoas
lançamento da 1.ª pedra em 2005. chegam ao ponto de serem
Por enquanto os utentes de Rebordosa sujeitam-se às condições do actual Centro ”obrigadas” a recorrer aos serviços
de Saúde totalmente condicionado na sede da Junta de Freguesia há mais de duas privados onde gastam fortunas
décadas, num espaço cedido provisoriamente para 10 anos. com a saúde. E o que acontecerá,
futuramente, às pessoas que não
tenham posses para gastar em
Criação de USF nas duas freguesias
saúde? Morrerão por doenças
Nesta fase de reorganização dos Centros de Saúde, agora ainda designados por
que, hoje em dia, com um simples
USCP - Unidades de Saúde de Cuidados de Saúde Personalizados, ao MUSS-L/R antibiótico são tratadas?
(muss-lordelo-rebordosa.blogspot.com ) foi garantido que as Unidades de Saúde
de Lordelo e Rebordosa irão ser transformadas em USF,s , na esteira da Reforma Pedro Seabra
dos Cuidados de Saúde Primários já iniciada no país.
8 A FARPA / Abril 2010 / 2.ª Série / N.º 2
Declaração de Princípios do MUSS-L/R
(excertos)
O direito à saúde é um direito civilizacional que se
materializa através da promoção da saúde e pela
equidade no acesso a cuidados de saúde que res-
pondam efectivamente às necessidades de saúde
da população.
É um direito e um dever reconhecido internacional-
mente participar individual e colectivamente no
planeamento e na execução dos cuidados de saúde.
Assim, constituímos o Movimento de Utentes dos
Serviços de Saúde de Lordelo e Rebordosa que tem
como objectivos a representação e defesa no plano
social e individual dos interesses e dos direitos dos
utentes de Lordelo e Rebordosa, a receber cuidados
apropriados ao seu estado de saúde, no âmbito dos
cuidados preventivos, curativos, de reabilitação,
continuados e terminais, nomeadamente pela defe-
sa do Serviço Nacional de Saúde, impedindo a sua
degradação e promovendo a melhoria da qualidade
das suas prestações.
Temos como linhas de intervenção:
1) Tomar posição:
- De denúncia e combate às políticas de saúde neo-
liberais, preconizadas pelos grupos económicos,
organizações internacionais, governo, administra-
ção da saúde e serviços de saúde;
- Para desenvolver a iniciativa de apresentação de
propostas na defesa dos interesses dos utentes;
2) Representar os utentes;
3) Promover a iniciativa popular em torno da saúde,
pela participação alargada e organizada dos uten-
tes;
4) Promover o respeito pelos direitos individuais e
colectivos dos utentes:
- No acesso aos cuidados de saúde;
- A cuidados de qualidade técnica e humanizados.
5) Representar e apoiar individualmente ou colecti-
vamente os utentes face aos serviços de saúde;
6) Informar sobre: os direitos e os deveres dos uten-
tes; o funcionamento dos serviços e do sistema de
saúde;
7) Avaliar as respostas dos serviços de saúde às
necessidades sentidas pelos utentes;
8) Promover e defender a saúde em iniciativas autó-
nomas ou em colaboração com os serviços de saúde
ou/e com outras organizações;
9) Desenvolver actividades em colaboração e envol-
vendo diversas organizações
sociais.
Ler mais em:
muss-lordelo-rebordosa.blogspot.com
A USF - Unidade de Saúde Familiar é um novo modelo de
organização que tem por objectivo primordial prestar mais e
melhores cuidados e, desta forma, atribuir médico de família
a todos os cidadãos da respectiva área de abrangência. (ler o
artigo “USF – Definição e Concretização” de Cristiano Ribei-
ro). Além disso, quando um médico faltar o utente nunca
será prejudicado porque será sempre consultado por outro
médico.
O concelho de Paredes conta já com 4 USF, servindo cerca de
46.000 cidadãos.
A última foi a USF de Gandra e tudo indica que a próxima a
ser criada será a de Lordelo, cujo processo de formalização já
foi iniciado, que contará com 6 médicos, 6 enfermeiros e 5
administrativos e chamar-se-á USF São Salvador de Lordelo.
Depois deverá seguir-se Rebordosa, ainda durante este ano.
Centro de Saúde de Lordelo será transformado numa
Unidade de Saúde Familiar a curto prazo
As inquietações do Movimento de Utentes
O MUSS-L/R considera que a criação das USF pode ser um
avanço na melhorias das condições de saúde por utentes de
Lordelo e de Rebordosa, desde que a preocupação central
seja servir com dignidade o utente.
Para Miguel Correia, o porta-voz do MUSS-L/R, “este novo
modelo organizacional reveste-se de uma certa forma de
empresarialização que pode ser perversa, tendo em conta
que a obtenção de objectivos a que a equipa de profissionais
está obrigada, pode levar a situações que podem prejudicar
os utentes. Por exemplo, haverá uma pressão para diminuir
o tempo de espera das consultas, o que pode levar a que dos
utentes não sejam devidamente consultados.
Além disso, a contenção de despesas e o combate ao desper-
dício pode levar a situações prejudiciais para os doentes, que
pela lógica mercantilista, podem ver negados certos bens ou
serviços, como é o caso de medicamentos, material médico
ou transporte ambulatório.
Aliás, é de certa forma esta situação que está a gerar uma
relação conflituosa entre os utentes do Centro de Saúde de
Rebordosa e a médica coordenadora do estabelecimento.”
No entanto, acredita que os utentes das duas cidades serão
beneficiados com a criação das USF’s, “temos expectativas
moderadas mas positivas e esperamos que as mudanças pro-
metidas venham melhorar substancialmente as condições
dos cuidados de saúde primários prestadas à população”,
conclui.
A FARPA / Abril 2010/ 2.ª Série / N.º 2
UMA USF: DEFINIÇÃO E CONCRETIZAÇÃO (UMA VISÃO PESSOAL)
Uma Unidade de Saúde Familiar (USF) é uma equipa de
médicos, enfermeiros e secretários clínicos que se pre-
dispõem a prestar cuidados de saúde a uma determina-
da população numa lógica de mais e melhor acesso,
atendimento personalizado, melhor qualidade e quanti-
dade de serviços e partilha desses cuidados com a co-
responsabilização do utente.
O que muda de significativo?
Todos os utentes inscritos na USF passam a ter Médico
de Família. Todas as famílias passam a ter um médico,
um enfermeiro e um secretário clínico. Mesmo na
ausência do seu médico ou enfermeiro, o atendimento
será feito por outros elementos com conhecimento da
sua situação clínica. Na situação de doença aguda será
sempre atendido no próprio dia. É possível marcar con-
sultas das 8.00 às 20.00 todos os dias úteis. É possível
aconselhamento médico ou de enfermagem ao utente
por telefone diariamente em horário a determinar pelos
mesmos.
Que tipos de consulta há numa USF?
A prioridade é dada às consultas marcadas.
Há Consultas de Medicina Geral, marcadas por iniciativa
do utente, sem carácter de urgência, e que se destinam
a avaliar o estado geral de saúde, independentemente
da idade ou situação do utente bem como à emissão de
atestados, declarações e relatórios.
Há Consultas de Doenças Crónicas, tais como hiperten-
são, diabetes, obesidade, alterações das gorduras do
sangue e bronquite crónica e que são marcadas por
indicação do médico ou do enfermeiro.
Há Consultas de Doenças Agudas, quando o problema
de saúde tem menos de 2 dias e é garantido o atendi-
mento no próprio dia do pedido.
Há Consultas de Vigilância e Prevenção marcadas pelo
médico ou pelo enfermeiro, a pessoas saudáveis que
devido á sua situação necessitam de consultas periódi-
cas, como Saúde Infantil e Juvenil, Saúde Materna, Con-
sulta Pré-Concepcional e do Puerpério, Planeamento
Familiar, Rastreios Oncológicos e Saúde do Idoso.
Mais cancro no nariz nos fabricantes de móveis
Segundo o Jornal de Notícias de 12 Fevereiro 2010, um
estudo epidemiológico detectou uma incidência ligeira-
mente maior de cancros do pescoço e da cabeça no
Norte do país, nomeadamente, nas pessoas ligadas ao
fabrico de móveis. Debater e solucionar este problema
foi um dos principais objectivos do 1º Encontro de Pato-
logia da Cabeça e Pescoço, que decorreu em Fevereiro
passado no Instituto Português de Oncologia (IPO) do
Porto. Os cancros da cabeça e pescoço (CCP) reúnem
tumores da laringe, faringe, hipofaringe, nariz, seis peri-
nasais, boca e glândulas salivares.
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Há consultas médicas e de enfermagem
no domicílio, marcadas após avaliação
da incapacidade dos doentes se desloca-
rem à USF.
Há consultas sem contacto com o médi-
co, nomeadamente de avaliação de exa-
mes, renovação do receituário crónico,
credenciais de transporte, pedidos de
oxigenoterapia e outras terapêuticas similares no domi-
cílio, pedidos de fisioterapia, pedidos de cuidados de
termalismo e outros problemas burocráticos. A USF
compromete-se a responder num prazo de 2 dias úteis.
Dito isto, o compromisso expresso em GUIA DO UTENTE
passa por ver no prestador dos cuidados de saúde em
USF um profissional qualificado, empenhado, respeita-
dor das regras estabelecidas, e que interage na saúde e
na doença, na prevenção e no tratamento e reabilita-
ção, respeitando a dignidade do UTENTE e interpretan-
do os seus verdadeiros interesses.
Para isso, é essencial a existência de estruturas físicas
adequadas e modernas, com equipamento necessário,
informação generalizada e disponível e um quadro de
elementos que seja compatível com a resposta aos com-
promissos estabelecidos. Estima-se que um rácio entre
os 1750 utentes/ médico e os 1900 utentes /médico
seria o ideal, admitindo-se em certos casos valores algo
superiores.
As dinâmicas de grupo a ocorrerem dentro de uma USF
são complexas, sendo fundamental a existência de uma
coordenação interna e externa, e uma coesão dinâmica
entre indivíduos, grupos profissionais, interesses e até
experiências de vida.
A contratualização de objectivos por parte da tutela
transforma as USF em exércitos de vontades e de procu-
ra exaustiva de resultados, algumas vezes a roçar o cari-
catural, o impossível ou o excesso burocrático. Contudo
penso que os utentes nunca são prejudicados directa-
mente.
Cristiano Ribeiro. Médico, responsável pela Organização
Concelhia de Paredes do PCP
Sabe-se que os homens têm mais probabilidades de
desenvolver estas patologias. Eurico Monteiro, citado
pelo JN, director do serviço de Otorrino do IPO, realça,
por exemplo, a elevada taxa de cancros dos seios peri-
nasais em operários da indústria de mobiliário. "Paredes
e Paços de Ferreira são dos nossos maiores clientes".
Já em tumores da laringe é frequente encontrar doentes
que trabalharam com poluentes, por força da inalação. É
o caso, por exemplo, dos polidores.
O diagnóstico precoce destas patologias é de vital impor-
tância.