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Jeanne Marie Gagnebin LEMBRAR ESCREVER ESQUECER editoralll34 EDITORA 34 iors 34 Lda. ‘Rea Hengria, 592 Jardim Eoropa CEP 01455-000 Sho Paulo SP Beal TeVFax (11) 3816-8777 waw-edtora34.com.be Copyight © Bators 34 Lada. 2006 Lomb exreverexguecer © Jeanne Marie Gagnebin, 2006 As rroodna oe qUALqu FoI BESTE uvRD BCAL, €CONMGURA UA fomotwiagho fSteving 208 ONETOS ELIT PARINIAS DO ATR. Imagem da cape [Apart dedesano de Hew Mikes, Sem tao, 1960, eanguai papel, 65140 cm (etl) Ca, projeo grin eedroragio eles Bracher © Malta Produrio Grice Revi Alberto Marine (Cami Bolen Marcela Viera 1 gio - 2005 IP Bra. Catalopsgto-ne Fonte (Sindee Nacioal dos Eatores de Livos,R), Bras) in eae ce OP ee eft ae 1 Rl 2. ei, LEMBRAR ESCREVER ESQUECER Nota da autora 1, A memésia dos mortas:, rotas para uma definigio de culeura a partir de uma leieura da Odea 2. Homero ea Dialética do Bsclarecimento 3. Verdade e membria do passado... 4, Meméria, hist, testemunko 5. "Apis Auschwie” : 6. Sobre as relagSes ene ica eestética ro pensamenta de Adorno. 7.0 que significa elaborar 0 passado? 8,0 rastroe a cca: metiforas da metnéria. 9. Bserturts do cO2P0 wan 10, 0 numor das distancas areavesadss. 11, Uma filosofia do cogitoferido: Pal Ricoeur 12, Os pelidios de Paul Ricoeur 13. “Plat, creo, estava doente™ 14. As formas teria de fos. Sobre os textos Bibliografia. Agradecimentas Sobre a autora . " 3 39 ” 9 33 7 107 119 us 163 19 133 201 an 23 21 223 11 UMA FILOSOFIA DO COGITO FERIDO: PAUL RICOEUR, ‘A traduczo de viras obras de Paul Ricoeur nos iltimos anos! oferece uma ocasiio privilegiada de apresentar ao piblico brasileiro 8 trajetéra,simultsneamente excéntrica e exemplar, desseflseofo contemporaneo. Trajtéra excétrica com relago ao suposto centro ‘qe figuraria o Hexagone, a Franga, eem particular, Pars. Ricoeus€ tum dos poucos filésfos francesesatuas que no 26 ee adr doale- 19 edo inglés, mas também dialoga com correatesnternacionais de pensamento tio diversas como a fenomenologiaalema (rads 38 ‘dias I, de Hsser jé em 1950), a hermenéatica de Gadamer ou a filosofiaanalitcainglesae norte- americana. Esse dislogo miliplo, lise, constiai pare considerivel de seus textos. Em Tempo e nar rativa, por exemple, a discussio com Agostinho © Aristotle, com “Huse eHeideager, mas também com Braudel, Danto, Whi, ropp, Geeimas, Weiavich, sem falar em Thomas Mana e Proust, ocapa mais dda mecade da obra. Tal conftontagio com pensamentosaleioslevou 8 critica muito frequente de que Ricoeur néo teria um pensamento réprio.S6saberia, como um bom professor (meio chato como mui {as vezs si 0s bons profesorts!), expor as idéias dos outros e cor. sigicthes 0s excessos. Gostaria, aqui no de defender umn original dade eonteante da filosofia de Ricoeur — originaldade, alls, ue sme parece pertencer 3 pouguissimos, apesar das afirmagbes mevca: Adolégicas contrérias —, mas de ressaltar sta coerenciae sa genero- sade. A questio central da obra, pois, poderia ser tematizada como atentativa de uma hermenutica do si pelo desvionecessrio dos sig: nos da eultura,sejam eles a obcas da radio ou, jstamente, as dos contempordneos, A discuss2o aprofundada de outros pensadores " Os ds comos de Tempo ¢noradioa, pubes pla Pius en 1994, 1995 «1997 ors de Linas Em tr co polite, A regio des ldap © [Nas rome da sofia, angados pla yols er 1985, 199, 1996, reper ‘Una lose do cogi erie: Pau Ricoeur 18 aponta nfo s8 para um habito académicoe professoral, mas, muito ‘mais, para uma abertura¢ uma generosidade no pensar que vio em tirego oposta a certo narcisisma jubilatioeesotrio, earacersti> 9 de mnitas modasfilos6fias(e outras)contemporiness. “Trajetdra exemplar, portant, se considerarmes como sea ink cio a recepeio da fenomenologia hussrlana nos anos $0 e seu it~ ‘no ivr mais sstemtico, Soi me commen autre? que tra ins ‘rita no seu belo titulo @ questéo da identidade (Someme) de uma lnvengio da identidade através das figuras da alteidade (comme sot ‘antre, nsstindo tanto na dimensio metafrica como também étca essa invengio. Ora, esa questo jd se enconteava, segundo Ricoeur, fo centro de seu inteesse pela fenomenologiahusterlian2. Com ele ‘ro, seu impacto sobre ojovem fildsofo ndo provém de sua pretensio uma fundamentacio origindri eimediata da fenomecalidade pela ‘onsciéncia pura — pretensio certamente presente e importante — ‘mas de sua insisténcia na intencionalidade dessa mesma conscitnia, isto, da rela essenciale primeira da conscincia para como mune 4o fora da consciénci. Em outta palavras, a fenomenologia hus- serliana sompe “a identifiagio cartesiana entre consi cltncia de si" ou, ainda, permite “escapar 20 solipsismo de Descartes {+} pata levara'sério 6 quadco histrico da cultura"? Desde o inicio, portato, Ricoeur se situa numa posigio de com- bate as verses mais exacerbadas do idealism, em pariclar a pre- testo de auto-sufieiénca da consciénca desi para vessltar os i= ses dessa tentativa. Limes entendidos,seguindo a empresa critica de Kant, como as demaecagées intransponiveis da recionalidade eda lin- sguagem humanas, sob pena de car nes aporias ou, pior, na bybris {des medida) de um pensamento que se auto-instti emt absoluto; mas limites também no sentido de uma frontera que apont, or sua peo 2 A walusso basin, O sf mesmo como wm cara (Campinas, Pps 1980, dea, infliment, bastante «dest 2 Rifeion fate. ntobographe lc Ep, 198), verso eanesa esi bled mins no odo The piosopy of Pa Rico {Cows Hab, or Chicago, Ope Court, 1995) ‘Pat ecende sti inland Rios, cons le deste, una ‘olines de nevis do sitor nF. Ati eM. de Lau, Leite enmetion Pats Calmant-Lay, 1993} e anda um ite cnsaredo ao pets tne deRisoer, Pa! Rive por Olver Margi Pris, Sei, 1994) 1 Lamba esse nquccee pra existtacia, para um outro pais, para uma outa regio que nio ‘8a o erritdrio da consciéncia auto-eflexiva. Essa problematen das Frontera das veges (ver os subetuls dos volumes 2e 3 de Lette 135) & portato, dupla na reflexdo de Ricoeur: 20 mesmo tempo ex ticaeaberta, cheia de cuiosidade, Ao reconbecer ses limites, a coms- Jacques Deends, “La mthologieHanche. La méaphore dat letee hlwophiqae, Mares, Fane, Mist 1972 pp 247-324 " Lacotique el conviction ct ‘Ua losfia do cgi erie: Pau Ricoet 16 seu “sit”, mas também — alee mas oxaiaciamente — ma fclgio de pertencimentoappartenanc) dese sjeio 30 mand, Ve- toe agi com ides, come avereatefenomenogiea do pensame- tovde Ricoeur 0 cesguarda dos encantosenteeruzados do exrtuca- Tmo, de desconneuioe,tambén de oso analica “Senos or- amon cogs para ets movalidades de emrucamenta ede perenc- ‘mento que peceder a relaio de um sujet com objeos € porque tatlcamos de manera no-erica um cet coesto de verdad, dele rio pela adequacio a um rea de objets e submetdo ao riterio da ‘erieagio eda falsificagio empiriss. O dscarso poco quastona presgamene esis concetos nda cicado de adeguacao ede veiica- 0. Ao fazer so, ele questions a redusio da Fangio referencia 30 Uiscurso descritivo e abe o campo de uma releréncia nio-descriiva do mundo." "Agora que stuamos Ricozurna pisagem moved dos as 70, 1a Fanga, eaendemos melhor 0 que et em jogo (enn) em La Imétaphore vive e Temps et rit Nos doi cass, atase de tans da anise da nov semintica pesquisar as tranformssies que 05 homens podem instaurae na experéniacomplens por meio da gual se smam no mando. Em ima instnca,€ 9 caeiterfandamenta- ment lnc langagierliprachch da experiencia, tl como Hegel ¢ Fred go resakavam, que permite a compreendo de sea com- prcenso das ponsibldades de transformaczo de se do mundo. O estudo desis dfniges enovages da identdade no plano poco to plano narativo so, gualient,o econkecnento prético da impossibiidade, para 0 suet, dese aprender imediatamene a mesmo, ea “ruloadefiaitiva[.] do ideal eatsiano, fchtean gem boa parte também, hiserliano de uma tansparéncia do sueita a mesmo”? & ida de uma compreenso des edo mando passa ne cessariamente ~ eis una nova definio da hermenéutica — ple ané- lise ds signose das obras que encontamos no mundo e gue pres dem nossa exitnca individual ercebemos agora que tata hermenéatia no sentido clisico da ioterpretato da aig se desdobra numa area ais abicior sa: a da interpetacio eda compreensio aio apenas d(s)setidos) if dado), mas também dos processsdeerigho de semidos). Para 9 Rifles ate, v0 ember acer ogee 2. Ielamene, cresceoinserese de Ricoeur pela tema ia pla, poruma tora da ago, interes qe o contato coma flosfa anal fice nore-amerieana deveria reforgr (desde 1970, Ricoeur di cursos regulres na Universidade de Chiago). O empretnmento dos és ‘limes de Tempo enaraivaestemunh,iualmens esa passage Do testo dado, elo de una sepunda coletinea de esas heme futicos publeads em 1986. Tal afirmacio pode parce paradox ‘Mo telamos aguianlses predominantemente dscrsits, ej de textos de fg, sea de textos histccos? Sem dvida, Mas otulo comport ua ours —eprmeca —palvrat Tempo, essa dimensio to inesrutvel como essencal do agir humano. Desde sempe,con- {essa fiésofo, a temitin do tempo 0 perepias mas 86 conseguia aproximae-se dla através de retomada de belissmainerogacio de Sint Agostino, no Leo XI das Conse. Mais precbaments ape ras quando redescobre, nas pegadas de Agostino, aligns ixima ate tempo hnmanoe narrago, ou ainda, ahundo& famosa de fnigo lacaniana do inconscient, de “que o tempo & exraturad co- ‘mo uma naratialnarragio!somente nese momento pide ede dlobrat a construgdo compatva ene ap estatgasnaratives da bien eda gto Outro elemento tebrico deisivo dessa construsio provém da Postca de Aistéees, da soa teria do mythos e do enredo™ sio como minesis prose, representagao da wo, Ente a questo sportia sore #essncia do tempo ~ nas palavras de Agostinho: "Que 6 pois, 0 tempo? Quem poder explo clara bevemente? ‘Quem polerdapreender, mesmo s6 com opensarento, pata depois nos tradinc com plavas seu conceit? (© que por cnsegi te,0 tempo? Se ningoém mo pergunar, cu si, so ise: expla & gem me ara perganta, jo se" (Confisves, XE 1417) — ea " Nese coment, pee center lado ative da pla ind sic Tepe tp Tempo enaragdo ever de Tomo ara, ce © [en de mania cores, Costnga Marcondes Css, "La entigue tl comction ct. Uns bos iterpreagio dese remit odeser encontrado preciso de Berets Nae, Otomo na tara {So Paulo, Ati, 1983). "ei a aust ened antiga em rar ds conenies alacant des i plat, redo thie tenet eens ea ets is aos pelo Une fiosta do cot fro Pal Riese m intcerogasio ansiosa sobre as condigdes ¢ as possiblidades da agio just, imervém, portanto, os eos de uma ellesdo sobre o carter aan: rativo da experiéacia temporal e sobre a disposigio on ordenagio nareativa (nebos) dos divers momentos da ago, Sonente esses los nrratvosinteemedieios permitem pensar, no sentido forte da pala va, 2 temporalidade ea peitica humanas, sem cae nos abs viz hos do osticiemo edo imediaismo, Para melhor entender as diferencas¢ as semelhangas ent nat sativa ficconal e natratva hietrica, Ricoeu langa mio de dois con- ‘xitos complemencaes: a configura, isto &, "as operages narra vas claboradas no interior mesmo da linguagern” edo caso (formas do enredo e construgdo das personagens) e refiguragzo, ou sia, “a transformasio da experiacia viva sob o eeito da natracio"."° primo volume de Tempo e narattuaestuda mais eepecificamentea Rofo me, rerpecivament, 2 Tem f tomo I pp 194-25 (Pa vis Sai 1984) Tome a tome yp 332-46 Pais Se 198) (Os pedo de Pal Rico 19

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