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1) O poema convida o escritor brasileiro Jorge Amado a visitar Moçambique, dizendo que as pessoas e culturas são semelhantes.
2) Descreve heróis e mártires compartilhados entre os povos brasileiro e moçambicano, como Zumbi dos Palmares.
3) Pede a Jorge Amado que fale e acenda novamente a esperança no povo moçambicano através de suas histórias.
1) O poema convida o escritor brasileiro Jorge Amado a visitar Moçambique, dizendo que as pessoas e culturas são semelhantes.
2) Descreve heróis e mártires compartilhados entre os povos brasileiro e moçambicano, como Zumbi dos Palmares.
3) Pede a Jorge Amado que fale e acenda novamente a esperança no povo moçambicano através de suas histórias.
1) O poema convida o escritor brasileiro Jorge Amado a visitar Moçambique, dizendo que as pessoas e culturas são semelhantes.
2) Descreve heróis e mártires compartilhados entre os povos brasileiro e moçambicano, como Zumbi dos Palmares.
3) Pede a Jorge Amado que fale e acenda novamente a esperança no povo moçambicano através de suas histórias.
SOUSA, Nomia de. Sangue negro. Maputo: AEMO, 2001, p. 136138.
POEMA A JORGE AMADO
O cais... O cais um cais como muitos cais do mundo... As estrelas tambm so iguais s que se acendem nas noites baianas de mistrio e macumba... (Que importa, afinal, que as gentes sejam moambicanas ou brasileiras, brancas ou negras?) Jorge Amado, vem! Aqui, nesta povoao africana o povo o mesmo tambm irmo do povo marinheiro da Baa, companheiro Jorge Amado, amigo do povo, da justia e da liberdade! No tenhas receio, vem! Vem contar-nos mais uma vez tuas histrias maravilhosas, teus ABCs de heris, de mrtires, de santos, de poetas do povo! Senta-te entre ns e no deixes que pre a tua voz! Fala de todos e, cuidado! no fique ningum esquecido: nem Zumbi dos Palmares, escravo fugido, lutando, com seus irmos, pela liberdade; nem o negro Antnio Balduno, alegre, solto, valente, sambeiro e brigo; nem Castro Alves, o nosso poeta amado; nem Lus Prestes, cavaleiro da esperana; nem o Negrinho do Pastoreio, nem os contos sem igual das terras do cacau - terra mrtir em sangue adubada essa terra que deu ao mundo a gente revoltada de Lucas Arvoredo e Lampio! Ah no deixes que pre a tua voz, irmo Jorge Amado! Fala, fala, fala, que o cais o mesmo, mesmas as estrelas, a lua, e igual gente da cidade de Jubiab,
- onde noite o mar tem mais magia,
enfeitiado pelo corpo belo de Iemanj -, v! igual tua, esta gente que rodeia! Seno, olha bem para ns, olha bem! Nos nossos olhos fundos vers a mesma ansiedade, a mesma sede de justia e a mesma dor, o mesmo profundo amor pela msica, pela poesia, pela dana, que rege nossos irmos do morro... Mesmas so as cadeias que nos prendem os ps e os braos, mesma a misria e a ignorncia que nos impedem de viver sem medo, dignamente, livremente... E entre ns tambm h heris ignorados espera de quem lhes cante a valentia num popular ABC... Portanto, nada receies, irmo Jorge Amado, da terra longnqua do Brasil! V: Ns te rodearemos e te compreenderemos e amaremos teus heris brasileiros e odiaremos os tiranos do povo mrtir, os tiranos sem corao... E te cantaremos tambm as nossas lendas, e para ti cantaremos nossas canes saudosas, sem alegria... E no fim, da nossa farinha te daremos e tambm da nossa aguardente, e o nosso tabaco passar de mo em mo e, em silncio, unidos, repousaremos, pensativamente, Olhando as estrelas do cu de Vero e a lua nossa irm, enquanto os barcos balouarem brandamente no mar prateado de sonho... Jorge Amado, nosso amigo, nosso irmo da terra distante do Brasil! Depois deste grito, no esperes mais, no! Vem acender de novo no nosso corao a luz j apagada da esperana! 22/5/49