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Universidade Metodista de São Paulo

Faculdade de Jornalismo e Relações Públicas

Resenha critica sobre o livro: Caso Escola Base – Os abusos da imprensa


Disciplina: Ética e Legislação Jornalística

Por: José Luís de Freitas (*)

V
ários autores já escreveram e debatem cada vez mais sobre a ética da Imprensa brasileira, Alex Ribeiro escreveu seu livro
com base no caso da Escola Base que é o exemplo mais contumaz, cujo desfecho está longe de algo louvável por parte
dos profissionais da imprensa.
Baseada em laudos médicos, depoimentos de pais e de um delegado de polícia, muitas redações noticiaram, em tom acu-
satório, supostos abusos sexuais em alunos da referida escola. Os acusados seriam os próprios donos da instituição e mais
dois casais.
O livro aponta o descuido e abusos da liberdade de informar, essa tão grave, que até hoje, jornalistas se referem ao assunto
com um misto de vergonha, indignação e aprendizado. No texto estão presentes vários elementos sobre o que não se deve
fazer no exercício do bom jornalismo, o livro também é um excelente manual de ética para futuros profissionais. Nota-se que
ao se ostentar ora como justiceira e ora como manipuladora das informações, ao confundir o imaginário popular, misturando
ficção com realidade, o desserviço da imprensa é imensurável.
É imprescindível, portanto, recuperar o papel ético e de responsabilidade social que a imprensa defende, em seus princípios,
mas que nem sempre coloca em prática, para que possamos, de fato, formar cidadãos críticos, capazes de se tornarem sujeitos
de sua própria história.
Com a leitura atenta, é impossível não perceber a visão turva que os jornalistas passam durante a cobertura do caso, poucos
se comprometeram diretamente com o que escreveram, infelizmente não foram capazes de identificar dois dos mais essenciais
componentes do tipo de notícia que cotidianamente ilustra os exemplos de abusos da imprensa.
Estes componentes são: a notícia-espetáculo e o denuncismo. Estão amalgamados, pelo sentimento único, a sede de justiça, e
encobertos pela ignorância ou, em outras palavras, com a certeza que o leitor secundário, o Hommer brasileiro¹ tende a manter
a crença de que a imprensa sempre julga os fatos com conhecimento de causa. O desejo de furar a concorrência para con-
quistar novos anunciantes e vender mais, impossibilita uma cobertura eticamente responsável no curto prazo, com a mínima
apuração possível.
Se jornalismo é feito por gente, que fala de gente, para gente ler, ver e ouvir porque pessoas, que se julgam profissionais, estimu-
lados ao sensacionalismo barato, se aproveitam de fatos incertos para se promover, sem ter dimensões do estrago que podem
causar? Onde estão os profissionais como os do Diário Popular, que souberam se calar enquanto não havia certeza dos fatos?
Penso que Alex Ribeiro responde essas e outras perguntas com sucesso em sua obra. Foi ponderado nas criticas e usou ar-
gumentos com base em registros, documentos, gravações e outras provas úteis. Também buscou reunir o máximo de fontes
possível. O que dá mais crédito a sua pesquisa.
Empenhou-se em ouvir e comparar versões distintas e contraditórias de grande parcela dos envolvidos: investigadores, pais
de alunos, jornalistas que trabalharam no caso, as vítimas, seus familiares e advogados. Ou seja, tudo o que fez no seu livro
faltou aos seus colegas o fazerem. Será mesmo que fazer jornalismo com ética é ter uma visão muito romântica da imprensa
brasileira hoje em dia? O mercado pede rapidez, agilidade, manchetes sensacionais, e outras bizarrices costumeiras, mas antes
de ocupar um cargo de repórter e aceitar esse tipo de função é necessário ceticismo e cautela com o que se vê, ouve e repro-
duz. Ficou uma boa lição após a leitura.
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¹ Apelido criado por William Borner , atual âncora do Jornal Nacional da Rede Globo para designar o telespectador desprovido de
conhecimentos técnicos, mais amplos e exigente do ponto de vista analítico.

© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.

(*) Atualmente José Luís é Repórter, Assessor de Imprensa da Fundação Florestan Fernandes, colaborador em agências de notícias e escritor com textos
publicados no Recanto das Letras - site: http://www.recantodasletras.com.br/autores/jlfx7

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