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Uma longa permanéncia em uma escola publica de Primeiro grau desvenda os meandros da producao das dificuldades de escolarizago que atingem grande parte das criangas brasileiras das classes populares. De um lade, uma escola, via de regra, precéria como Instituicéo de ensino; de outro, alunos vistes pelo filtro do Preconceito racial e social de profundas raizes cultural em geral, informades por pseudo-conhecimentes cientificos que inculpam os pobres pelo fracasso da escola. Como Sylvia Leser de Melle resume muito. bem, o resultado néo poderia ser ‘a escola nao aceite acrianco como ela 6 e a crianga néo ‘celta a escola tal como ela funciona”. Eis 0 desafic sobre o qual @ autora nos estimula a pensar com este livro que, segundo Jerusa Vieira Gomes, “desde seu langamento, estava destinade @ provocar grande impacto na comunidede cientifico-académica, especialmente nes Greas de Psicologia e Educacdo. No que concerne @ Educagéo, as repercussées desta obra foram de tal monta que, em 1995, mereceu prémio de livro de maior relevancia pora a area, concedido pela APEOESP”. | APropucho po Fracasso EscoLar Historias de Submissio e Rebeldia Tce fee es ‘ ‘SP, Brau rat, Maca Helen Sou ‘A produgia do fracas (Maria Heleea Sous Pato, — Sio P Bibliograi ISBN 83-7396. 1. Baudantes — Condigoes socials 2. Fracanso escolar 3 Preconceios 4 eicacional 5. Repetinca 6, Sociologia cefvencional |. Talo 90.2300 cpp-371.28 fantces para eatilogo sistematieo: 1, Fracamo escola: Edueagho 371.28 Maria Helena Souza Patio A PRODUGAO DO FRACASSO ESCOLAR Historias de submissdo e rebeldia Casa do Psicélogo” © 2000 Casa do Psicclogo® Livaria¢ Editora Lida. 2 edsto, 2000 ~Casa do Psicblogo® Liveariae Editora Lida It reimpressio: 2002 2 reimpressio: 2005, Vedigtio, 1990-T.A. Queiroz, Editor, Lida, Ireimpressio: 1991 ‘2 reimpressiio: 1993 3 reimpressiio: 1993 Reservaclos todos os direitos de publicago em I{ngua portuguesa a Casa do Psicdlogo® Livrariae Editora Lida, Rua Mourato Coelho, 1.059 - Vila Madalena—05417.011 Sio Paulo- SP - Brasil Fone (11) 3034.5000 Enmail: casadopsicologo@ casadopsicologo.com.br hitp://www.casadopsicologo.com.br # proibide a reprodusfo total ov parcial desta pablicasdo para qualquer finalidade, sem autorizagio prévia por escrito dos editores Impresso no Brasil / Printed in Brazil Agradecimentos ste estudio ndo teria sido possivel sem a colaboragio das educadoras € funciondrios, dos alunos ¢ dos pais dos alunos da escola municipal onde foi feito o trabalho de campo. apoioda Pundagio Carlos Chagas, onde grande parte-da pesquisa se desenvolveu, teve um papel f 1 Bernarde A. Gatti e Vitor H. Paro, pesquisadores do Departamento de Pesquisas Educacionais dessa Fundagio, compare ima leitura critica e valiosas sugestoes, Dermeval Saviani, Alfredo Bosi, Celso de Rui Beisiegel, Sylvie Leser de Mello e Lino de Macedo foram membros da banca do concurso de livre-docéncia no qual ho foi apresentado como tese no Instituto de Psicologia d e So Paulo; suas contribuicoes certamente continuario a ser incorporadas 8 nossa produgdio ao longo dos préximos anos, Denise Trento, lanni Scarcelli ¢ Sandra Sawaya foram companheiras soliddrias ¢ corajosas de uma longa ¥ n baitro pobre ¢ uma piiblica da cidade de Sio Paulo, A autora agradece 20 CNPq e & Finep pelo apoio financeiro em diferentes momentos da realizagao desta pesquisa MHSP. Prefacio a segunda edigao Desde seu langamento, este ivro de Maria Hel @ provocar um grande impacto na comunidade pesquisas, reverso, o sucesso escolar. No que concemne & educagio, epercussdes desta obra foram de tal monta que, em 1995, merece 0 premio de livro de maior relevancia para a rea, concedido p APEOESP. Assim, se, a0 apresentar a ediglo original, Sylvia Leser de Mello reconheciaque wm livro forte e sugestivo comoeste nie necessitava comentdiri es fo, penso, nada eeessirio dizer. Aulora e cbra sto sobejamente (re)conhecidas por si mesmas. Eis porque lisonjeou-me tanto o convite de ara que en dissesse algumas palavras sobre ele. Ese 0 foi para aproveitar esta oportunidade ¢ chamar a atenglio dos ‘atuais Ieitores para aspectos que, a despeito de sua relevancia, acabam quase sempre embacados pelo vigor das idéias centrais. Refiro-me as farnlias que refletem, muito além da n mmiliar¢ educagko escolar, os estereétipas e os preconceitos no que coaceme as pessoas pobres e, especialmente, & vida familiar te entre clas. Uma nova apropriagiio do texto, ppouco mais acurada, € 4 minha proposta. Politica e profissionalmente comprometida com o seu tempo, Maria busca coletiva de noves rumos para.a Psicologia porque seu inconformismn eom os altos indices de evasllo e repeténcia, em escolas pablicas de primeiro grau, fi suficiemte no intuito de realizar as das tarefas por ela assumidas na Introdugio deste livro: revisar crticamente a literatura sobre fracasso escolar e dar continuidade as pesquisas nessa sea. No que diz respeito a revisdo da literatura, contida na primeira te do livro, além de uma coniribuigio inestimavel ao estudo das relagées entre a ciéncia psicoldgica ¢ a educagio, cla fomece o$ fundamentos par i de novos saberes concernentes & escolarizagiio das camadas populares. Em relagio A pesquisa — apresentada e discutida na segunda parte deste livro —, a0 invés de limitar-se & continuidade prometida, o que Maria Helena faz € um: ‘ruptura teérico-metodolégica, que Ihe permitira analisar o fracasso de maneira inovadora, enquanto processo psicossocial E, embora também esta obra x6 possa ser integralmente compreendida em seu conjunto, éda (re)leitura cuidariosa dessa segunda parte que emerge, em certa medida, o reconhecimento desse mérito. Nela.a autora, além de demonstrar a intima relagdo entre teoria e pesquisa, convida 0 Te -ompanhar 0s sucessivos passos de sua pesquisa de campo. De uma pesquisa inovadora, pioneira mesmo, desde as bases tecricas que a fundamentam —em especial 0 conceito de cotidianidade, segundo Agnes Heller —, & metodologia e até 2 escolha dos sujeitos. Para o pesquisador — em especial o jovem pesquisador ¢ 0 pos graduando, ainda iniciantes no trabalho de campo — esta obra oferece uma preciosa liga de rigor em pesquisa quslitativa, quando ainda € tio. precério o entendimento dessa modalidade de fazer ciéneia. Este rigor vel na eacollia ds Insttumentos de coleta de dados: gio e entrevista. Sem divida, a entrevista € sempre insuficiente quando se trata de apreender as relagées intersubjetivas No caso da situagiio escolar, 0 recurso a observagio, jf tradicional na Psicologia, toma-se essencial ao pesquisador de campo interessado nox aspectos mais sujeitos & camuflagem, ao encobrimento, quando 0 seu objeto de Pesquisa envolve esterestipos.e preconccitos. Se es ambigiidades podem. Ser percebidas nas falas, as contradigbes entre o discurso e a agi pedagdgica s6 se revelam por meia da comparagdo entre eles, discurso. ‘¢ato. Em outras palavras, este livro demonstra, de mancira inequivoca, ‘que a face menos vis(vel do fazer pedagSgico sc torna acessfvel quando se conjugam observagio e entrevista. Mas o rigor da pesquisadora ressalta, também, 0 cuidlado na escolha dos sujeitos. Reconhecendo os Tim anilises que privilegiacam apenas os profissionais da escola, « pesquisadora inclui, também, as familias e cs alunos que apresentam luma histéria de fracasso escolar. E, pela vez primeiraya perspectiva dos Sujeitos 6 levada em conta no estudo do que se convencionou chamar fracasso escola Jo, Maria Helena (re)coloca em debate a relagio entre escola e vida familiar Mas, observem, a autorape essarelasfio em novostermos, i medida que recorrea aspectos da hist6ria de vida familiar das professoras, em s busca de melhor compreender a atividade docente. Assim, ao contrapor a Pritica pedagégica de duas professoras, Maria Helena revela-nos, Propriedade, como a histéria pessoal ¢ a familiar influenciam: a maneira particular de cada uma delas perceber a familia ea crianga pobre, a partir de esterestipas e preconceitos; © modelo disciplinar que norteia as suas relagbes com os altinos; as concepgées sobre as aprendizagem em seu sentido mais resirto; a atitudes por elas assumiclas 1no intrincado jogo das relagbeshierdrquicas de poder no interior da escola. E tudo isso influencia a valorizasio institucional atribuida a cada Drofessora, que, ao fim ¢ a0 cabo, vai tefletir-se em sua agio pedagSgica. Todavia, é a0 contrapor a perspectiva da instituigSo & dos sujeitos, fala € alunos, que Maria Helena mostra, a0 seu leitor, a maneira insidiosa de se produzr o fracasso escolar: no basta prodici-lo na cotidano escolar, 6 necessirio inculcé-lo nas mentes enquanto a escoia se esforca Portodos os meins,em dacilizar as corpar. Nas falas das mics, juntamente ‘com a valorizagio da escola, a autora identifica os sentimentos de ilegitimidade e de fracasso — anteriormente interiorizados ¢ em cuja ‘continunidade a escola revelaempenho, Identifica, ainda, a perplexidade Siaate du fiavasse esculur dos Mh0s, “wna profunda dificuldade de compreender 0 que acontece ¢ wna anguistia de ndo seber como explicar, ‘muitos vezes contornada pela repeticdo do discurso considerado-o tinico Aegitime (0 discurso competente), em suas wirias verses”. Mas Maria Hielena atribai uma ceria ambiguidade a esses diseursos, a medida que se

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