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lrandé Antunes ANAUSEDETExTOS damentos @ pratica Anas de cextos~ tuadamenins es TT No momento, um dos desafios para os professores é deseo. bei © que incluir em seus programas de estudo da lingua, para além da simples circulada pel: : elas categotias da mor! ; sien da fologia e da foro 28 Sivida, pois, que si0 bem oportunos todos os es- forcos por orientar e apoiar o trabalho dos professores em ton be das questdes textuais, sejam questdes da sua produgao, sejam gue compreensao. A exploracao dessas questées, corfi certeza, Pode contribuir muito para que o professor va descobrindo come ampliar seus programas de estudo da lingua e, melhor dizendo, como Preencher suas previsdes de estudo com questdes que slo, le fato, relevantes para a ampl. ai fica de , pla ¢ atuante educacio linguf seus alunos. Solingsistca de Eo que vamos tentar fazer nas - préximas paginas: - 160s do texto coeso, ladocon none et coerente, relevante eadequado con-textualmente Escrever é outro modo de falar, Ler é outro modo de ouvir. (Marcos Bagno, O espelho dos nomes) nesta NogGes preliminares sobre 0 texto e suas propriedades 2.10 conceito de textualidade omo fundamento para a compreensao do que é 0 tex- to, tem-se desenvolvido 0 conceito de textualidade, a qual pode ser entendida como a caracteristica estru- tural das atividades sociocomunicativas (e, portanto, também linguisticas) executadas entre os parceiros da comuni- cacao. Logo, todo enunciado — que porta sempre uma funcio comunicativa — apresenta necessariamente a caracteristica da textualidade ou uma “conformidade textual”. Quer dizer, em qualquer lingua, e em qualquer situacao de interacao verbal, o modo de manifestagdo da atividade comuni- cativa é a textualidade ou, concretamente, um género de texto qualquer. Daf que nenhuma aco de linguagem acontece fora da textualidade. “Desde que ela exista, a comunicagdo se dé de for- ma textual” (Schmidt, 1978: 164). Na mesma direcdo, afirmou Marcuschi em uma de suas aulas: “No momento em que alguém abre a boca para falar, comega um texto”. Perde sentido, entio, aquela perspectiva ascendente da lin- guagem, segundo a qual, primeiro, se aprendem as palavras, de- pois as frases, para enfim, se chegar ao texto. Todos os segmentos de nossa atividade de linguagem, desde os primeiros balbucios, (ee MTS so entendidos e clasificados como. integrado: 0 texto. Fazer da textualidade o objeto de ensino nao 6, pois, ceder 4 teorias da moda, ou um jeito de—como dizem al; us —d as aulas mais motivadas, mais prazerosas, menos sng fo mais que isso: € uma questdo de assumir a textualidade corny Principio que manifesta e que regula as atividades de li sua om Ocorte que essa textualidade n3o acontece de forma abst ta. Acontece sob a forma conéreta de texto, lingustcn ¢ cerns mente tipificados, conforme veremos a seguiz eeseet Pattes funcionais de um todo 2.2.0 conceit de texto ‘i 2 mais consensual tem sido admitir que um conjunto aleats- To de palavras ou de frases nao consttui sm texto, Mesmno intel ute cit es808 fem esse discernimento, até porque nao € lificl t@-1o, uma vez que nao ai ° . indamos por ai esbarrandi em nado crados cmd textos. or mais que esteja fora dos padrOes considerados , eruditos ou edificantes, 0 que fala icantes, MOS Ou escreverno: situag&es de comunicacao, so sempre textos ae Também nao é dificil exp licitar essas intuigdes, se nos fi- uito sumétia, uma vez que, nos sucessivos capitulos de andl vamos desenvolvé-los um pouco mais, “ 2.2.1. Primeiramente, Fecorremos a um texto qu cativa e a queremos expre Poderiamos comecar por lembrar que ‘ando temos alguma pretensdo comuni- ssar. Oomen, conforme citacdo de Sch- BRERA oes prcliinates sone o exo «suas proprdatee eminentemente funcional, no sentido de que a ele recorremos com uma finalidade, com um objetivo especifico, nem que seja, simples- mente, para no ficarmos calados. Assim, nada do que dizemos € destituido de uma intengdo. O sentido do que dizemos aos outros é parte da expresso de um ou mais objetivos. Falamos com a intengio de “fazer algo”. O sucesso de nossa atuacdo comunicativa esta, sobretudo, na iden- tificagdo dessa intengo por parte do interlocutor com quem inte- ragimos. Por isso mesmo é que, no percurso da intera¢io, vamos dando as instrugGes necessdrias para que 0 outro v4 fazendo, com eficdcia, essa identificagao. Como diz Schmidt (1978: 80), o texto é um “conjunto ordenado de instrugées”. © prinefpio de que falamos sempre para cumprir determi- nado objetivo é sobejamente referido por todos os autores que se ocupam do texto. Por exemplo, Adam (2008: 107) declara que “o texto no é uma sequéncia de palavras, mas uma sequén- cia de atos”. Halliday e Hasan (1989: 52) definem texto como a “linguagem que é funcional. Por linguagem funcional, queremos referir aquela linguagem que cumpre alguma funcio em algum contexto”. Na mesma linha, Schmidt (1978: 170) define o con- ceito de texto como “um conjunto-de-enunciados-emr-fun¢ao”. Consequentemente, todo texto é expresso de uma atividade social. Além de seus sentidos linguisticos, reveste-se de uma rele- vancia sociocomunicativa, pois esta sempre inserido, como parte constitutiva, em outras atividades do ser humano. Nas palavras de Marcuschi (2008: 23), “nao existe um uso significativo da lin- gua fora das inter-relacdes pessoais e sociais situadas”. Assim, compreender um texto € uma operagdo que vai além de seu aparato linguistico, pois se trata de um evento comunica- tivo em que operam, simultaneamente, aces linguisticas, sociais ¢ cognitivas. 2.2.2, Um segundo aspecto que deriva desse primeiro ponto € 0 fato de que 0 texto, como expressio verbal de uma atividade social de comunicagao, envolve, sempre, um parceiro, um inter- locutor. Nao, simplesmente, pelo fato de que temos uma com- panhia quando falamos e, assim, nao o fazemos sozinhos. Mas, Andlise de temas funcanents «tes ES sobretudo, pelo fato de que construimos nossa expresso verbal com 0 outro, em parceria, a dois; de maneira que 0 texto vai tendo um fluxo conforme acontece a interacdo entre os atores da agao de linguagem. Dizemos o que julgamos ser de interesse do outro escutar. Pressupomos esse interesse ¢ arriscamo-nos a responder a ele. Daf 0 dialogismo reconkecido por Bakhtin (1995) como caracteristi- ca fundamental da linguagem. Nao dizemos as coisas gratuita- mente ou aleatoriamente, Esforcamo-nos, quase sem nétar, para sermos, em cada contexto, relevantes, dizendo 0 que supomos ser.da necessidade, do interesse ou do gosto do outro. Em iiltima instancia, é isto mesm Drie essaspassagens, simplesmen- juntando palavrase frases que fui tolhendo numa revista, Em con- 19s com professes e alunos, fi stando 2 estranhess que causava “sem sensido' de ambas ae pepis. justfcatvas para a hipétese de ce io consticiam textos centrae mse na “falta de uma unidade sentido possvel”. E curioso que, ante muito tempo, of alanoefize- im atividades de formar frases sl- sem que ninguém questionasse a Mincia ence iso eo exerecio rel linguagem. £ que, de ato, oext0 ‘o “escava previsto no programe” Religiosidade io falamos sozinhos, no sentido de que © fexto que construimos é uma resposta 20 que supomos ser 4 pergunta do outro. 2.2.3. Um terceiro aspecto a se consi- derar sumariamente diz respeito ao fato de que o texto é caracterizado por uma orienta- go temdtica; quer dizer, 0 texto se constr6i 4 partir de um tema, de um tépico, de wma ideia central, ou de um miicleo semantico, que lhe da continuidade e unidade. Para explicitar esse principio (tao presen- te As nossas intuigdes), vejamos, por exem- plo, as seguintes passagens, que tém, natural- mente caras de texto? Monsto planos sex0 cantor pela deniincia de polémico paguel fazer sobre pre- fendem enfermelra menino milhées presente viva-vor telefone estar risco com mercado 0 Computatior completo fica frontal vocé veloz se para esperar domeéstico rincando ‘mamitero moda Felegios cartas sobre expectativa inte promogdo empregadas sabatina campa- ha novo quetjo compra Brasil meninos, BRBRRERE oot poliinas str ote sus pptindes ‘Mamilero voraz # preciso 100 pontos para ganhar um relégio de pléstico. Teremos imenso prazer fem Ihe mostrar 0 nosso pais. J ests nas los ‘Tok & Stok a Linha Garden Verso 97. Dizia-se lé em casa que éramos de origem francesa. Tenho um pequeno museu casa. ‘Seu préximo passo é ter um caro com 6 meses de anuidade aritis — Jamais abandonarei a senhora Bom mesmo é viver numa cabana no meio do mato. 0 préprio banco cobrr quais so os melhores produtos para montar sua carteia de investimentos. Daria para perceber em alguma dessas passagens uma unida- de seméntica, ou reconhecer qualquer mticleo de sentido? Daria para dizer sobre qué 6 cada uma? Daria para fazer, a partir delas, um resumo, uma sintese? Alguém poderia reconhecer af uma fun- do comunicativa pertinente a determinado contexto? Como se vé, sao passagens construidas a partir de palavras ou de frases soltas, o que nos faz voltar aos termos com que ini- ciamos esta seco: 1m conjunto aleatorio de palavras ou de frases nao constitui um texto. Com base nos pontos até aqui levantados, podemos recapitular em seguida o que tem sido proposto na linguistica de texto como as propriedades do texto, ou seja, como critérios que nos permitem reconhecer um conjunto de palavras como sendo um texto. Em sintese, a questdo seria: 0 que um conjunto de palavras recisa ter para funcionar e ser identificado como um texto? A resposta a essa questo jé se encontra definida na literatura sobre a linguistica de texto. Por exemplo, Beaugrande e Dressler (1981) propdem como propriedades ou critérios da textualida- de: a coesio, a coeréncia, a intencionalidade, a aceitabilidade, a ~ informatividade, a intertextualidade, a situacionalidade. S40, na ‘Visio deles, sete propriedades, portanto. Nos estudos que tenho feito, na sequéncia dessa e de outras Propostas, optei por fazer uma pequena reordenagio no qua- » dro dessas sete propriedades, concedendo certa saliéncia aquelas i suito comum 0 entendimento sa intencionalidade como um nceito equivalente A questéo f antengdes com que usamos a sguagem. Nio € bem assim. A encionalidade de que se trata si corresponde 2 disposigio do ante de somonte diver coisas que 1 sentido, que sdo cosrentes. A tea questio ~a da ‘inrengio com amos’ —tem a ver com a di- ‘slo pragmtico-funcional da sagem, no sentido de que todo 2 de linguagem & um fazer, pois varrgado de uma intengio ou wma finalidede, Sto diferentes, is, of dois conceitos. Para uma isdo dessese de outros concetos rextualidade, sugito a leitara de sea Val (2000), bem como a de tunes (2009) Andis de ents —funcaments¢ pices ARIS propriedades que, mais diretamente, perten- cem a construcdo mesma do texto. Assim, proponho, como propriedades do texto, a coesdo, a coeréncia, a informatividade e a in- tertextualidade, Proponho, como condigGes de efetivagao do texto, a intencionalidade?, a aceitabilidade ea situacionalidade. Para justificar essa reordenagio, alego que a intencionalidade e a aceitabilidade re- metem aos interlocutores e no ao texto pro- priamente. Quer dizer, pela intencionalidade, propée-se que o interlocutor que fala se dis- poe a dizer somente.aquilo que tem sentido e é, portanto, coerente. Pela aceitabilidade, admite-se que 0 ouvirite, simultaneamente, empreende todo o esforco necessétio para processar os sentidos e as intencées expres- EBREERYocoschmintes sobre texto e suas propane dar uma justificativa, uma ordem, fazer o re- lato de um fato, convencer, expressar um sen- timento, apresentar um plano, uma pessoa, um lugat, fazer uma proposta, ressaltar as qualidades de um produto, pedir ou oferecer ajuda, fazer um desabafo, defender-se, pro- testar, reivindicar, dar um parecer, sintetizar uma ideia, expor uma teoria; enfim, fazemos, 0 dia todo e todos os dias, iniimeras aces de linguagem, cada uma, parte constitutiva de uma situacho social qualquer. Em resumo, proponho para o texto, es- pecificamente, as propriedades da coesio, da coeréncia, da informatividade e da intertex- tualidade®. As outras séo condig6es funda-- mentais para que os textos se efetivem. Retomando 0 absolutamente basico para » sobre a condo ¢ cotta, spre en Lar com plas Coes coerbncia (So Pal Pa ‘la Ed, 2005, ale de txplcagie bem aera fa to conjnto de explo. Sobre at peopidads da nentocalidad a sceabldade, sug 2 fsa do capitals de tes ive Linge texto ensino (So Pasler Perabo Eaitoral, 2009), Sobre prope de da lnformtidada, podees vere cept 7 dee mes Tie * Vota jifear por qu, neste ports do lo, fo apenas oe fami spresencagto des prope dates do texto on ails des nadora ani, etna desea tereom mais dette nes 08 pont, haus tago apenat © a Consider ese pars eompre cna ds ques sas. Como se vé, essas duas propriedades nao sao propriamente do texto. Embora la se reflitam, remetem para a disponibilidade cooperativa das pessoas envolvidas na interacdo. © mesmo cabe afitmar da situacionalidade: uma condi¢ao Para que 0 texto — que é parte de uma atividade social — aconte- ¢a. Nenhum texto, como sabemos, ocorre no vazio, em abstrato, fora de um contexto sociocultural determinado. Todo ele esté an. corado numa situagio concreta ou, melhor dizendo, esté inserido hum contexto social qualquer. Uma conferéncia, por exemplo, € parte da programacio de um evento e é por ela regulada em todos os detalhes. Uma simples conversa é parte de um relaciona- mento interpessoal que prevé variadas finalidades. Essa insergdo da linguagem em nossa atividade social 6 to Obvia que até mesmo temos dificuldade de percebé-la. O absoluta- mente evidente é que falamos sempre em um lugar, onde acontece determinado evento social, com a finalidade de, intervindo na conducao desse evento, executar qualquer ato de linguagem: ex- Por, defender ou refutar um ponto de vista, fazer um comentario, a compreensio dessas quatro propriedades, Jembramos os seguintes pontos': a coesdo concerne aos modos e recursos — gramaticais € lexicais — de inter-relagao, de ligagio, de encadeamento entre os varios segmentos (palavras, oragGes, periodos, pardgrafos, blocos superparagrificos) do texto. Embora seus recursos transparecam na superficie, a coesdo se fun- damenta nas relagdes de natureza semantica que ela cria €, ao mesmo tempo, sinaliza. Ou seja, pela coesdo se pro- move a continuidade do texto que, por sua vez, é uma das condigdes de sua unidade; 4° a coeréncia concerne a um outro tipo de encadeamento, © encadeamento de sentido, a convergéncia conceitual, aquela que confere ao texto interpretabilidade — local e global —e Ihe dé a unidade de sentido que esta sub- jacente & combinacio linear e superficial dos elementos presentes ou pressupostos. A coeréncia vai além do com- ponente propriamente linguistico da comunicagao verbal, olive tones fundamen: pices KR ou seja, inclui outros fatores além daqueles puramente linguisticos, fatores que esto implicados na situacdo em que acontece a atuacao verbal; dai que a coeréncia decor- te nao s6 dos tragos linguisticos do texto, mas também de outros elementos constituintes da situagio comunicativa; a informatividade concerne ao grau de novidade, de im- brevisibilidade que, em um certo contexts comunicativo, © texto assume; concerne ainda ao efeito interpretative que © cardter inesperado de tais novidades produz, Essa novidade decorre, portanto, da quebra do que era previsi vel, do que era esperado para aquela situacao de comusi cacao, seja em relacao a aspectos ligados & forma (deco¥- rentes de maneiras diferentes de se dizer 0 jé dito), seja em relago a aspectos ligados a0 conteiido (decorrentes de ideias e conceitos novos), De qualquer forma, todo texto, em alguma medida, comporta algum grau de informati. vidade. O contexto de uso € que determina um teor mais alco ou mais baixo de informatividade. Logo, nem sempre © texto melhor e mais adequado é aquele com um grau de informatividade mais alto. Os avisos, como: “Transito in- terrompido”, “Devagar. Escola”, “Reduza a velocidade” ¢ outros semelhantes sio de baixa informatividade, mas, Por isso mesmo, é que so adequados ao seu contexto de funcionamento; a intertextualidade concemne ao recurso de insergao, de en- trada, em um texto particular, de outro(s) texto(s) jd em circulagao. Na verdade, todo texto é um intertexto — di- Zem os especialistas — no sentido de que sempre se parte de modelos, de conceitos, de crencas, de informagées ja veiculados em outras interagées anteriores. Ou seja, dada @ propria natureza do processo comunicativo, todo texto contém outros textos prévios, ainda que nao se tenha intei- ra consciéncia disso, Mas ha uma intertextualidade expli- cita, que tem lugar quando citamos ou fazemos referéncia direta ao que esta dito em outro texto, por outra pessoa. RISE ces prtiminaes sobre ote e sus procedades Nesse caso, a intertextualidade assume um aspecto dina- mico, na medida em que significa mais do que o simples trnsito do outro texto ou da outra voz. Quem recorre a palavra do outro, o faz ou para apoiar-se nessa palavra, ou para confirmé-la ou para refutd-la. Ou seja, 0 recurso a palavra do outro responde sempre a alguma estratégia argumentativa’. De qualquer forma, propriedades e condi- tal ampliar nosso repertério acerca do que = | Gaimerentualidade uma visio clara dos elementos que sio neces- | ds i sérios para se constituir um texto (¢ € muito | ¢Minks pretest com exe nro pra que 08 professores possam sampliar essa compreensio do que é tom texto ¢possam, asim, intervir no desenvolvimento da compet: ia dos alunos para a produso,re- tais classes e categorias intervém para fazer, | Serssecanil de eos de toons daquele conjunto de palavras, uma unidade | relevaneesigniieativa provavel que tais elementos faltem para mui- tos professores!), vamos a ele, simplesmente, para reconhecer classes e categorias da gramé- rica, sem que procuremos averiguar em que de sentido comunicativamente funcional’, Mesmo numa abordagem suméria como esta, dé para per- ceber que um texto ndo se constitui apenas de elementos gra- maticais e lexicais. O texto é um tragado que envolve material linguistico, faculdades e operacdes cognitivas, além de diferentes fatores de ordem pragmética ou contextual. Possivelmente, uma das maiores limitagBes que tem aconteci- do em nossas aulas de linguas tem sido a pressuposicao ingénua dg que um texto resulta apenas de um conjunto de elementos linguisticos. Ou seja, nessa suposi¢ao reduzida, as palavras bas- tama gramatica basta. Por isso, ficamos tateando por sobre elas, como se todo o sentido expresso estivesse na cadeia dessas pala- vras e na sua gramética de composigao. ; O conjunto de propriedades que mencionamos possibilita-nos olhar para 0 texto — seja do aluno, seja de um outro autor —e perceber ai, por exemplo: + E de grande relevancia a consul- ta obra de Koch et al, invaada Intertentualidade ~ didlogos pos- goes devem centralizar os estudose as andlises | vin sie Paulos Cortes editor, considers te que fazemos em tomo do texto, E fundamen- | 2007. Alem de considera Fics, as atorasapresenam frtos texemplos de gnerosexruais, onde procurar ver nesses materiais. Quando falta | ‘o exploraos diferentes aspects a Aralse deteits —hundonens «prices SEER quenterent, falo em ‘textos levantes © adequador. E que, | lado da coeréncia, dois outros | térios so fundamentais paca \prestar qualidade aos texton, a der: sua rolevdncia~o texto deve firs obviedades a0 ésabido~e | " adequagdo contextual ~0 tex. dere conformar-se ae condigées situagio social de que faz par. Dessa forma, 530 bons textos | leles que apreventams coeréncia, vincia comunicativa eadequar contextual. Nessetripé, cabem 4 a6 outras propriedades, in- ivamente a coesdo e corsegdo. | naticl E comum, até mesmo ent de que a fala nao é textual; ow uma outra suposica gramatica. A fala seria sintéticas. Algo meio castico. As regras privativas da escrita; por isso, reousas desta coesto, ‘anor (exits eimplicts) de sua coeréncla Cinguistica pragmatic pistas de sua concentagio temética + aspectns de sua relevance sococomuntcaiv, + tages de itenextualidede, + cttios de escola das palavas + sinais das tntengbes pretendidas, + marcas da posigo do autor em relagio 20 quo & ait, *estrategias de argumentagdo ou de convencimento, fein de sentido decomentes de um jogo qualquer de palavras, “_ateruag do extioedonivel de nguagem, entre muitos oat elementos © fato de apenas nos fixarmos em ques- tes de gramética, sobretudo naquelas liga- das a norma-padrdo, nos fez deixar de ver muitos outros componentes também fun. damentais para a comunicacao relevante” ¢ adequada socialmente. E hora, portanto, de abrit nossa capacidade de percepcio e de Procurar encontrar nos materiais que lemos € ouvimos tracos de sua coeréncia global e de sua funcionalidade comunicativa. 2.2.4. Merecem um comentdrio também dois aspectos do texto: (a) a modalidade — falada ou escrita; (b) € a extenso em que ele se realiza, re alguns professores, a impressio seja, texto é apenas o escrito. Dai, ade que a lingua falada nao 6 regulada pela qualquer coisa fora das normas morfos. —e muitas! — seriam elas € que serviriam de parametro Para @ avaliacdo da fala. Ha quem acredite que fala bem, em qualquer situacao, quem fala ct Outra compreensao infiun texto, ‘onforme a escrita correta. dada diz respeito a crenga de que o Para ser reconbecido como tal, tem que ser grande. Ora, ERIE des prtiinaes sot o toca esas px texto € qualquer passagem, de qualquer extensGo, desde que constitua um todo unificado e cumpra uma determinada funcio comunicativa. Na verdade, essa compreensio nio € tio infundada assim, pois pode ter como supor- te a tradicional diferenciagio, feita em quase todas as gramaticas e manuais didéticos, en- tre oragio e frase. Segundo essa discrimina- <0, por exemplo, o pedido de auxilio feito por alguém, mediante o grito Socorro!, mes- mo numa situago comunicativa concreta, € classificado como frase. Assim, também, os avisos: Atengdo, desvio a esquerdal Curva perigosa; Propriedade privada e tantos ou-, * Halliday e Flas (1989) chamama tengo para esse tipo de extos ("os textos minimos”),absolutamente funcionais,ecurts, porque aequa- dos a seus contextos de ciculasio. Pela funcionalidade que apesser- ‘tam, tornaram-se comuns is erans- es socais,sobrerudo na complet ade dos contextosurbanos. Por sua dimensio assim reduzida, bem que poderiam prestarse a atvidades de Tinguagem nas primeias sires do ensino fundamental. Assim, seriam deixados de lado os exercicios com frases inventadas fora de qualquer tros exemplares do que Halliday e Hasan’ | fst imenadas for (1989) chamaram de “textos minimos”*, -— Como se vé, as funcdes implicadas nesses enunciados néo contavam e, assim, aquilo que, de fato, constituia um texto era visto como uma frase. O texto — inclusivamente aquele de geo- grafia, biologia, historia, que os alunos liam — se localizava fora da sala e, portanto, nao era considerado objeto de estudo. A centralizagao na frase levou a escola a outra reduc de conceber o texto como uma espécie de super-sentenca, algo como uma unidade gramatical mais ampla, uma espécie de perio- do grande, que se forma juntando-se unidades menores, em vistas & formacdo de uma unidade maior. ‘Compor um texto, conferirlhe unidade, supde uma integra- so estrutural bem diferente daquela pensada para unir as varias partes de um periodo. Desde a configuracao convencionada para cada género, até os detalhes de como responder is determina- ges pragmaticas de cada situacao, a habilidade de promover a sequenciagao das partes de um texto ultrapassa as injungées esta- belecidas pelas estruturas gramaticais. Depende do que se tem a dizer, a quem dizer, com que finalidade, com que precaugdes, em funcao de quais resultados etc. ee ArMlsede totes —iindenens: tices TTS Ninguém aprende, pois, a ler ou a escrever cartas, por exem- plo, com 0 exercicio de analisar ¢ compor frases, nem mesmo aquelas mais complexas, assim como, para aprender a falar, no treinamos, como iniciago, a jun¢ao de palavras ou de frases. As leis do texto so outras e, embora sejam previsiveis, esto sujeitas as condigées concretas de cada situagdo. Noutras palavras, o mais Previsivel para 0 texto que sua coeréncia e relevancia socioco- municativa sao dependéncias contextuais, e muito dorque deve ser dito ¢ feito vai sendo decidido na hora mesma de sua realizacio. Essas observagies nao significam que nao estejam definidos 08 termos ou as condigdes de sima competéncia textual. Ja mos- tramos, nas referéncias as propriedades e condicdes da textuali- dade, o que € requisitado para que se constitua 0 objete-texto. Queremos chamar a atenco, no entanto, é para a natureza dessa competéncia, que é bem diferente daquelas estabelecidas para o nivel da oracao ou do periodo, Em termos bem simples, quere- mos ressaltar que, para compor um texto, as regras da boa for. magao de oragdes e periodos sio insuficientes, embora um texto — que nao aqueles textos minimos compostos de uma ou duas palavras — seja formado com oracées e perfodos. Assim, 0 texto, suas leis, suas regularidades de funcionamento, seus critérios de Sequenciacdo e boa composicao precisam ser 0 centro dos Pro- Sramas de ensino de linguas, se pretendemos, de fato, promover 4 competéncia das pessoas para a multiplicidade de eventos da interagao social. Insisto em lembrar que, tradicionalmente, temos olhado 0 texto como uma criagdo puramente linguistica, formada com Palavras, apenas — de diferentes classes gramaticais —, reuni- das, conforme certas regras sintaticas, em oragées e periodos. Tem toda relevancia, portanto, ressaltar que a construgao ¢ a compreensao dos sentidos expressos resultam de vdrios siste- mas de conhecimento e de varias estratégias de processamento. O conhecimento do sistema linguistico, se é necessario, nao é, contudo, suficiente para dar conta de todas as. operagdes que Precisam ser feitas, Pretendemos com essa observacdo advertir ERED oes prliinares soe o texto esas ropsedades| 08 professores contra uma visio demasiado linguistica da co- municagao verbal. O éxito de uma transagao verbal resulta de uma série de fatores, que se inter-relacionam ¢ se integram em sistemas amplos e complexos. ‘Ou seja — como temos mostrado em outras oportunidades — para o processamento textual, em hora de fala ou de escrita, de escuta ou de leitura, ativamos quatro grandes conjuntos de conhecimento, a saber: {a} o conhecimentolinguistco(compreendendo aqui o lexical e o gramatica: (b) 0 conhecimento de mundo, 0 conhecimento geral, ou © que se conhece com o nome de ‘conhecimento encclopédieo' (ue inclul 0s protétpas, as esuemas, cs cendtias, ou os modelos de eventos ¢ episédios em vigor nos grupos @ que ‘pertencemos): (0 conhecimentorefeente a modelos globais de texto (que incul as reguasidades de construgéo dos tipos e géneres} _ (@ oconecimento sociointercional, ou 0 conhecimento sobre as agdes verbais (que Incl o saber acerca da realizagdo social das agGes verbais ou de como as pessoas devem se comporar para inteagir em diferentes situagdes socials Numa visio bem ampla, esses sistemas de conhecimento en- volvem 0 conhecimento das operacdes cognitivas, das estratégias e dos procedimentos que fazem a rotina das pessoas em seus eventos de interagao verbal. Desse pequeno esquema, pode-se concluir que um programa de ensino de Iinguas restrito as classes de palavras e as suas fun- ses sintdticas é,incontestavelmente, pobre e irelevante. Talvez por isso os resultados de nossas aulas de linguas na tenham convencido a sociedade de que o professor de linguas — sobretudo 0 professor de lingua materna — é uma figura rato significativa para a elevacao dos padrdes de desenvolvimento de sociedade. As imensas desigualdades sociais que marcam a reali- dade brasileira tém um grande reforgo na escola que nio alfabe- tiza, na escola que nao forma leitores criticos, na escola que néo desenvolve o poder de argumentar — oralmente e por escrito — de crias, de colher, de analisar ¢ relacionar dados, de expressat em prosa ¢ em verso, 0s sentidos culturais em circulagao. Aalise deters -indonenis

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