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Uma pedagogia comunista Psicologia e ética sio os polos em torno dos quais se agru- pa a pedagogia burguesa. Nao se deve supor que ela esteja estag- nada. Ainda atuam nela forgas ativas e, por vezes, também signi- ficativas. Apenas, nada podem fazer contra o fato de que a ma- neira de pensar da burguesia, aqui como em todos os ambitos, estd cindida de uma forma nao dialética e rompida interiormente. Por um lado, a pergunta pela natureza do educando: psicologia da infancia, da adolescéncia; por outro lado, a meta da educagao: o homem integral, 0 cidadao. A pedagogia oficial é 0 processo de adaptagdo muitua entre esses dois momentos — a predisposi- fo natural abstrata ¢ 0 ideal quimérico — ¢ os seus progressos obedecem a orientagao de substituir cada vez mais a violéncia pela astiicia. A sociedade burguesa hipostasia uma esséncia absoluta da infincia ow da juventude, 4 qual ela atribui o nirvana dos Wanderviigel,' dos escoteiros, hipostasia uma esséncia igualmente ' Wanderviigel (literalmente, “aves de arribagio”): membros da associagao sto do juvenil Wandervogel, fundada em 1896 e dissolvida em 1933 com a asce nacional-socialismo ao poder. Muitos desses grupos de jovens que empreendiam viagens e excursGes sem destino definido foram integrados & Juventude Hitleris- ta. (N. do T) Reflexes sobre a crianga, 0 brinquedo e a educagao absoluta do ser humano ou do cidadao, adornando-a com os atributos da filosofia idealista. Na verdade, ambas as esséncias si0 mascaras complementares entre si, do concidadao util, socialmen te confidvel e ciente de sua posigao. E 0 cardter inconsciente dessa educacio, ao qual corresponde uma estratégia de insinuagoes ¢ empatias. “As criangas tém mais necessidade de nds do que nos delas”, eis a maxima inconfessada dessa classe, que subjaz tanto as especulagdes mais sutis de sua pedagogia como & sua pratica da reproducao. A burguesia encara a sua prole enquanto herdei ros; os deserdados, porém, a encaram enquanto apoio, vingado res ou libertadores. Esta é uma diferenga suficientemente drasti- ca, Suas consequéncias pedagdgicas sao incalculiveis. Em primeiro lugar, a pedagogia proletéria nao parte de duas datas abstratas, mas de uma concreta. A crianga proletaria nasce dentro de sua classe. Mais exatamente, dentro da prole de sua classe, nao no seio da familia. Ela é, desde o inicio, um elemento dessa prole, ¢ nao é nenhuma meta educacional doutrinaria que determina aquilo que essa crianga deve tornar-se, mas sim a si- -a desde o primeiro instante, tuagao de classe. Esta situagao penetr: jd no ventre materno, como a prépria vida, e 0 contato com cla estd inteiramente direcionado no sentido de agugar desde cedo, na escola da necessidade ¢ do sofrimento, sua consciéncia. Esta transforma-se entio em consciéncia de classe. Pois a familia pro- letdria nao € para a crianga melhor protegao contra uma compre- ensfo cortante da vida social do que o seu pufdo casaquinho de verao contra o cortante vento de inverno. Edwin Hoernle? da su ficientes exemplos de organizac6es infantis revoluciondrias, gre- ves escolares espontaneas, greves de criangas durante a colheita 2 Edwin Hoemle, Grundfragen der proletarischen Erziehung |Questoes fun ia], Berlim, 1929. damentais da educacao proletd 122 Uma pedagogia comunista de batatas etc, O que diferencia os movimentos de seu pensamen- to das melhores ¢ mais sinceras reflexes por parte da burguesia é que ele considera seriamente nao apenas a crianga, a natureza infantil, mas também a situagao de classe da prépria crianga, si- tua¢ao essa que jamais constitui um problema real para o “refor- mador escolar”. A este Hoernle dedicou o penetrante pardgrafo final de seu livro, que tem a ver ainda com os “reformadores sociais austro-marxistas” ¢ com 0 “idealismo pedagdgico de fa- chada revoluciondria”, os quais levantam protestos contra a “po- litizagao da crianga”. Mas — assinala Hoernle — sera que esco- la priméria e profissionalizante, militarismo e Igreja, associacoes de juventude e escoteiros seriam, em sua fungao oculta e exata, outra coisa senao instrumentos de uma instrucao antiproletaria dos proletérios? A essas instituigdes contrapde-se a educagio co- munista, seguramente nao de maneira defensiva, mas sim en- quanto uma fungao da luta de classes. Da luta da classe pelas criangas, as quais lhe pertencem e para as quais a classe existe. Educagao é fungao da luta de classes, mas nao apenas isso. Ela coloca, segundo 0 credo comunista, a avaliagao completa do meio social dado a servigo de metas revoluciondrias. Mas, como esse meio social nao é apenas lutas, mas também trabalho, a edu- cagao apresenta-se ao mesmo tempo como educagao revolucio- naria do trabalho. Este livro dé o melhor de si ao tratar do pro- grama dessa educagao revoluciondria. Com isso, introduz o lei- tor no programa dos bolcheviques em um ponto decisivo. Du- rante a era de Lénin teve lugar na Russia a significativa discus- sao a respeito de formac¢ao monotécnica ou politécnica. Especia- lizacao ou universalismo do trabalho? A resposta do marxismo proclama: universalism! Apenas enquanto o homem vivencia as mais diferenciadas transformagées do meio social, apenas ao mo- bilizar sempre de novo, em cada novo meio, as suas energias, colocando-as a servigo da classe, apenas assim ele atinge aquela 123 Reflexdes sobre a crianga, o brinquedo e a educagao disposicao universal para a agao, a qual o programa comunista contrapée aquilo que Lénin chamou de “o traco mais repugnante da velha sociedade burguesa”: a dissociagao entre pratica e teo- ria. A ousada e imprevisivel politica dos russos em relagio 4 mao de obra ¢ inteiramente o produto desse novo universalismo, nao contemplativo e humanista, mas ativo e pratico: o universalis- mo da disposi¢ao imediata. A incalculivel possibilidade de apro- veitamento da pura forga de trabalho humano, possibilidade que a todo momento 0 capital traz 4 consciéncia do explorado, re- torna, em estégio superior, enquanto formacao politécnica do homem, em oposigao & especializada. Sao principios fundamen- tais da educagao das massas, cuja fecundidade para a educagao dos jovens se pode apalpar com as maos. Apesar disso, nao é¢ facil aceitar sem reservas a formulagao de Hoernle de que a educacao das criangas nao se distingue em nada de essencial da educagao das massas adultas. Em face de consideragées tao ousadas damo-nos conta de quao desejavel ou mesmo quao necessdrio seria complementar a exposigao politica que aqui se apresenta com uma exposigio filoséfica. Mas, sem diivida alguma, faltam ainda todos os trabalhos preliminares pa- ra uma antropologia dialético-materialista da crianga proletétia. (Do mesmo modo como, desde Marx, 0 estudo do proletirio adulto nao ganhou nada de novo.) Essa antropologia nao seria outra coisa senao um confronto com a psicologia da crianga, cuja posicao teria entao de ser substitufda por minuciosos protoco- los — elaborados segundo os principios do materialismo dialé- tico— a respeito daquelas experiéncias que foram realizadas nos jardins de infincia proletdrios, grupos de jovens, teatros infan- tis, ligas da juventude. O presente manual deve ser complemen- tado o mais breve possfvel por tal antropologia. E efetivamente um manual, mas ainda mais do que isso. Nao h4 na Alemanha, fora dos escritos politicos e econdmicos, 124 Uma pedagogia comunista nenhuma literatura marxista ortodoxa. E esta a principal causa da surpreendente ignorancia dos intelectuais — com inclusao da esquerda — a respeito de assuntos marxistas. Com penetrante autoridade, o livro de Hoernle demonstra em relagao a um dos temas mais elementares, a pedagogia, 0 que ¢ 0 pensamento mar- xista ortodoxo ¢ para onde ele leva. Deve-se té-lo sempre em mente. (1929) 125

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