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MARCELO ALEXANDRINO DE SOUZA AULAS DE DIREITO ADMINISTRATIVO VemConcursos.com 2001 APRESENTACAO Por Marcelo Alexandrino & Vicente Paulo Em maio de 2000, comecamos com 0 projeto Vemconcursos, no intuito de divulgarmos nossas obras e modesta experiéncia em concursos para outros concursandos. Felizmente, a acolhida foi, em muito, superior ao que esperavamos: em Poucos meses, recebemos efuisivo reconhecimento por nosso trabalho da parte de um grande mimero de pessoas, dos mais variados recantos do Pais... Fizemos muitos amigos, aprendemos muito, também. Acreditamos que nesse jé longo convivio temos sido uteis para muitos concursandos € esperamos lograr continuar correspondendo a confianga que tém depositado em nés. Como resultado desse trabalho, e do acompanhamento de perto dos mais importantes concursos ptiblicos realizados no pais, elaboramos mais de 100 aulas semanais, englobando importantes temas nas disciplinas Direito Administrative (Marcelo Alexandrino), Direito Constitucional (Vicente Paulo) ¢ Direito Tributario (Marcelo Alexandrino). Fruto de nossa experiéncia como concursandos, como professores de cursos preparatérios ¢, mais recentemente, como integrantes de bancas examinadoras de instituicéo responsdvel por importantes concursos pUblicos, as aulas foram revisadas, atualizadas e complementadas com exercicios diversos, ao final de cada tépico estudado. Esse 0 meio encontrado para colocarmos no papel muitos dos mais importantes temas por nés tratados em sala de aula, numa abordagem que, gracas a Deus, tem dado muito bons resultados ao longo dos tltimos anos. Representa, também, uma oportunidade para aqueles que acreditam no nosso trabalho mas que, especialmente devido a distancia, ndo tém condigées de assistir pessoalmente a nossas aulas. Esperamos com isso estar colaborando com sua preparacdo, princi- palmente se 0 seu objetivo é um dos concursos sob responsabilidade da ESAF ou do CESPE/UNB. A partir de janeiro de 2002, estaremos dando seqiténcia as nossas aulas semanais, tratando dos temas ainda faltantes, especialmente em Direito Constitucional e Administrativo, para vocé, que confia no nosso trabalho, ficar com uma colecao abrangente de nossas aulas. Atenciosamente, Marcelo Alexandrino & Vicente Paulo erNanpe 15. indice Apresentagio MéduloI . Estabilidade do servidor piiblico antes e depois da Emenda Constitucional n? 19/98 . A Emenda Constitucional n.° 19/1998 e o fim da obrigatoriedade do Regime Juridico Unico . Provimento Originario e Derivado: Jurisprudéncia do STF . Formas de Provimento de Cargos Publicos - Parte I . Formas de Provimento de Cargos Publicos — Parte II . Teoria do Ato Administrativo ~ Parte I . Atributos do Ato Administrativo Aspectos relevantes sobre Atos Administrativos: Mérito Administrativo, Teoria dos Motivos Determinantes e Desfazimento dos Atos Administrativos . Atos Administrativos - Consideragdes Finais 10. 11. 12. 13. 14. Responsabilidade Civil da Administragao Pablica Responsabilidade Civil da Administragao Publica ~ Parte II Processo Administrativo Disciplinar Processo Administrativo Disciplinar-Parte II © Processo Administrative no Ambito da Uniéo (Lei Ne 9.784799) O Processo Administrativo Federal - Parte II Pag 1 7 11 18 19 23 28 32 37 49 56 62 67 78 80 16. 17. 18. 19. 20. ai. 22. 23. 24, 25. 26. 27. 28. 29. 30. ‘Médulo 11 Contratos Administrativos - Parte I Contratos Administrativos - Parte II Teoria da Impreviséo Espécies de Contratos Administrativos Poderes da Administracao 0 Poder de Poli Servigos Puiblicos ~ Parte I Servigos Pablicos - Parte II Principios Constitucionais Administrativos Expressos Principios Administrativos Implicitos Licitagées Publicas - Parte I Licitagdes Pablicas - Parte II Licitagdes Publicas - Parte III Licitagdes Publicas - Parte IV Licitagdes Publicas - Parte V 91 95 103 108 113 124 130 140 147 153 161 168 177 187 197 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. ‘Médulo IT Controle da Administragao Pablica Classificagao das Formas de Controle - Parte I Controle Administrativo, Controle Legislativo e Controle Judicial Contratos de Gestao Direito Administrativo na CF/88 - O Art. 37 Estrutura da Administraco; Principios Direito Administrativo na CF/88 - O Art. 37 ~ Acessibilidade a Fungées Pablicas; Concursos Pablicos Direito Administrativo na CF/88 — 0 Art. 37 Cargos Comissionados; Sindicalizagao Greve dos Servidores Publicos; Reserva de Vagas a Deficientes Direito Administrativo na CF/88 - 0 Art. 37 - Contratapéo ‘Temporaria; Fixagdo da Remuneracdo e Revisdo Geral da Remuneracdo dos Servidores Pablicos Direito Administrativo na CF/88 - O Art. 37 - Regras Pertinentes a Remuneragdo dos Agentes Pablicos Direito Administrative na CF/88 - O Art. 37 - Acumulagdo; Precedéncia da Administracdo Fazendaria; Criagdo de Entidades da Administracdo Indireta Orgios Pablicos Organizagées Sociais 257 275 Marcelo Alexandrina wl Aula n? 1 Estabilidade do servidor pablico antes e depois da Emenda Constitucional n° 19/98 Para iniciar o assunto, falemos um pouco sobre estabilidade. Este instituto, h& muito existente em nosso ordenamento, embora hoje seja atacado por muitos, tem como fim principal assegurar aos ocupantes de cargos Piiblicos de provimento efetivo uma expectativa de permanéncia no servigo publico, desde que adequadamente cumpridas suas atribuicées. ‘A preocupagao que justificou a criagdo do institute, e sua elevagéo a patamar constitucional, é a de que os servidores piblicos sofram pressdes ¢ ingeréncias de natureza politica visando a favorecer este ou aquele “amigo do principe’, em evidente detrimento do interesse publico. E incontroverso que servidores nomeados com base em critérios politicos para cargos de livre exoneracdo séo extremamente vulneréveis a toda sorte de pressées, agindo praticamente a mando daqueles que tém poder para nomeé-los ou exoneré- los. Outro motivo importante para explicar a existéncia da estabilidade é a necessidade de profissionalizacdo dos quadros funcionais do servigo publico, 0 que se torna inviavel se a cada mudanca de governo puderem ser promovidas grandes “degolas”, com a substituicio dos apadrinhados da administracéo anterior pelos apadrinhados da vez. A Constituicéo de 1988 tratou da estabilidade em seu art.41. Pelo texto original (antes da EC 19/1998) a estabilidade foi conferida aos servidores nomeados em virtude de concurso pablico apés dois anos de efetivo exercicio ¢ uma vez adquirida a estabilidade nao existia qualquer hipétese de exoneracéo do servidor por iniciativa da administragéo, entendida exoneragéo como rompimento do vinculo entre o servidor a administragao sem carater punitive. As wnicas hipéteses de perda do cargo do servider cram as decorrentes de falta Brave, apés proceso administrative disciplinar, ou o transito em julgado de sentenca judicial, que pode acarretar a perda do cargo, por exemplo, como efeito de sentenca penal condenatéria. A partir da EC 19, a estabilidade passou a ser conferida somente apés trés anos de efetivo exercicio. Embora o caput do art. 41 apés a Emenda tenha passado a explicitar que somente os servidores ocupantes de cargos de provimento efetivo nomeados em virtude de concurso publico podem adquirir estabilidade, sempre foi entendimento pacifico da doutrina e da jurisprudéncia de que nem os empregos piiblicos (regime da CLT) e muito menos os cargos em comisséo geram direito a0 instituto em estudo. ‘A aquisicdo da estabilidade, a partir da EC 19, passa, assim, a ter regramento distinto para os servidores j4 empossados na data de sua promulgagdo e para aqueles que ingressaram depois: a) para os primeiros foi expressamente garantida, pelo art. 28 da Emenda, a aquisigéo em dois anos de efetivo exercicio; VerConcursos 1 Marcelo Alexandrina Direito Administrative b) para os empossados apés a alteragio, trés anos sio necessérios. Outro aspecto a ser salientado é que o § 4° do art. 41 pasaou a estabelecer como condigao para a aquisicao da estabilidade a submissdo do servidor a uma avaliagéo especial de desempenho feita por comissdo instituida para esse fim. Desse modo pode-se afirmar que, nos exatos termos do texto constitucional, a EC 19 terminou com a possibilidade de aquisicéo de estabilidade por mero decurso de Prazo, como anteriormente era a regra. Exemplificando: 0 fato de o servidor ter completado o periodo exigido, 2 ou 3 anos, a depender do caso, no o torna automaticamente estavel; a avaliagéo por comisséo passa a ser condigao imprescindivel (sine qua non) para a aquisicéo desta garantia. Saliente-se que, mesmo para aqueles servidores ja empossados na data da promulgaeao da Emenda, que tiveram assegurado o prazo de 2 anos, a avaliacdo de desempenho, nos termos da constitui¢do, passou a ser condigéo indispensével para @ aquisicéo da estabilidade, por forca do expressamente disposto no art. 28 da EC 19/1998, A respeito da perda do cargo do servidor, verifica-se que passam a ser quatro as hipéteses de rompimento do vinculo funcional entre a Administragdo e o servidor estavel: 1. eentenga judicial transitada em julgado; 2. processo administrative com ampla defesa; 3, insuficiéncia de desempenho, por meio de avaliag&o periédica, na forma de lei complementar, assegurada ampla defe 4. excesso de despesa com pessoal, nos termos do art. 169, § 4°. Antes de analisarmos as hipéteses acima, cumpre fazermos uma distingdo ‘terminolégica: a) Demissdo é a perda do cargo por falta grave ou como efeito de sentenga penal condenatéria, vale dizer, demissdo sempre tem caréter punitivo (néo existe, como s vezes ouvimos falar, a figura absurda da “demisséo a pedido” do proprio servidor). b) Exoneracéo € perda de cargo piblico nos demais casos. Atualmente ja néo podemos afirmar que a exoneragéo ndo possua nenhum caréter punitivo, pois o projeto de lei complementar que trata da perda do cargo por insuficiéncia de desempenho refere-se a ela como exoneragdo, Em verdade, mesmo antes da EC 19/1998, j& era dificil defender auséncia de caréter punitive, por exemplo, na exoneraco por inabilitagdo em estagio probatério (principal hipétese de perda do cargo por servidor ndo estavel). Voltando as hipéteses de perda do cargo por servidor estével, verificamos que as duas primeiras jé constavam do texto original da Constituicao. As novidades so os casos de exoneracdo por insuficiéncia de desempenho e por excesso de gastos com pessoal (esta, evidentemente, ndo possui nenhum caréter punitivol) ‘A exoneragéo por insuficiéncia de desempenho depende de lei complementar. O projeto atualmente em votacdo prevé instituicdo de comisséo para avaliagio individual anual do servidor, que teré o direito de acompanher os trabalhos desta comissdo. Recebendo o servidor duas avaliagées de desempenho insuficiente consecutivas ou trés intercaladas em cinco anos da-se a exoneracéo. f tao evidente VerConcursos 2 Marcelo Alexandrina que se trata de punigéo que o préprio texto constitucional assegura ampla defesa ao servidor (lembremos que a CF, em seu art. 5°, LV, dispoe que aos litigantes, em proceso judicial ou administrativo, e aos acusados em geral sao assegurados 0 contraditério ¢ ampla defesa, com os meios ¢ recursos a ela inerentes). J& a exoneragéo do servidor estavel por excesso de despesa com pessoal esté prevista no art. 169, § 4°, da CF (redagéo da EC 19/1998) ¢ regulada na Lei n° 9.801, de 14.06.1999, Prevé 0 texto atual da Constituigéo que se apés a adocéo de medidas de saneamento das despesas com pessoal ativo e inativo estas permanecerem acima dos limites estabelecidos em lei complementar (atualmente estes limites sdo de 50% da receita liquida corrente para a Unido ¢ de 60% para os Estados, DF ¢ Municipios) 0 servidor estavel poderé perder 0 cargo. ‘A Emenda estabeleceu como medidas obrigatérias a serem adotadas com vista & adequacdo de despesas aos limites fixados, nesta ordem: 1") @ redug&o, em pelo menos vinte por cento, das despesas com cargos em comissao ¢ fungées de confianca; 2") a exoneracdo dos servidores nao estaveis; 3°) no caso de, apés a adocdo das medidas acima, permanecerem os gastos com pessoal acima dos limites, poderdo ser exonerados os servidores estaveis. Conceder-se-4 a0 servidor exonerado uma indenizagio correspondente a um més de remuneragao por ano de servico e torna-se obrigatoria a extingo do cargo por ele ocupado, vedando-se a criagéo de cargo, emprego ou funcéo com atribuigies iguais pelo prazo de quatro anos. Um outro ponto que merece destaque ¢ a distingfo entre aprovagéio em estagio probatério ¢ aquisicso de estabilidade. Como vimos, a estabilidade, antes da Emenda 19/1998, era um atributo do servidor ocupante de cargo efetivo que se aperfeigoava com a simples passagem do periodo de dois anos. A aquisicao da estabilidade era um fenémeno de natureza objetiva: passado o periodo sem a exoneragao do servidor, considerava-se adquirida a estabilidade no servigo publico. Atualmente, em nossa opiniéo, ndo mais se pode falar em aquisi¢éo objetiva da estabilidade. Isso porque a Emenda 19/1998 introduziu o j4 comentado § 4° ao art. 41 da Constituicéo, passando estabelecer como condigéo para a aquisicéo da estabilidade a submisséo do servidor a uma avaliagdo especial de desempenho feita por comisséo instituida para esse fim. Como ndo mais € possivel a aquisicso da estabilidade por simples decurso de prazo, entendemos que néo mais se pode falar em aquisicao de estabilidade como um fato juridico objetivo. Jé 0 estégio probatério visa a avaliar a aptidao do servidor para o exercicio de um determinado cargo. Sempre que o servidor tomar posse e entrar em exercicio em ‘um novo cargo, sera submetido ao estagio probatério, ndo importa quantos anos de exercicio 0 servidor tenha prestado em outros cargos da mesma ou de outra Administracéo. £ portanto possivel (e comum) que um servidor estavel seja submetido a estégio probatério. Existe, como jé vimos, a possibilidade de o servidor estdvel ser considerado inapto para o exercicio do novo cargo em que haja tomado posse (ou, seja, que o servidor estavel seja "reprovado" no estagio probatério), devendo, ent, ser reconduzido ao cargo por ele anteriormente ocupado. VerConcursos 3 Marcelo Alexandrina ‘Apés a EC n° 19/1998 0 periodo necessério para a aquisicéo da estabilidade passou a ser de trés anos. Entretanto, o art. 20 da Lei n* 8112/1990, que estabelece em 24 meses o periodo de estagio probatério, nao foi expressamente revogado, nem expressamente alterado, por qualquer lei ou medida proviséria posterior & Emenda. H& quem defenda a tese de que o estagio probatério passou, a partir da EC 19/1998, automaticamente, a ser de 36 meses. Este entendimento encontra-se no “texto atualizado” da Lei 8.112/1990, constante do site da Presidéncia da Repiblica na internet. Como expusemos, existe uma considerdvel distingdo entre o instituto do estagio probatério © a aquisicdo da estabilidade. Pode-se facilmente perceber que néo ha impedimento para que os prazos para a aquisicéo da estabilidade ¢ 0 periodo de duragao do estdgio ndo sejam coincidentes. Tradicionalmente coincidiam, mas néo ‘hd obrigatoriedade légica para que assim seja. Recentemente, a Consultoria Juridica do Ministério do Planejamento, Orgamento e Gestao exarou o Parecer/MP/Conjur/IC/n* 0868-2.6/2001 que, em seu item 8, perfilhou o seguinte entendimento: "8, Desta forma, pode-se inferir que 0 constituinte nao atrelou o periodo de trés (3) anos de efetivo exercicio para a aquisicao da estabilidade ao de vinte e quatro (24) meses para aferigao da aptiddo e capacidade do servidor, por meio do estagio probatério. Nao ha confundir estabilidade com estdgio probatorio, porque aquela, que se refere ao servico publico, é uma caracteristica da nomeagdo, e é adquirida pelo decurso do tempo; 0 estagio probatério ¢ determinado ao servidor desde o instante que entra no exercicio das atribuigées inerentes ao cargo, para os fins de aferigéo da aptidéo ¢ capacidade por meio da aplicagéo dos pontos assinalados no art. 20 da Lei n° 8.112, de 1990. A estabilidade tem como caracteristica principal o critério objetivo, isto é, 0 decurso do tempo, enquanto o estagio probatério o critério subjetivo: aferigao da aptidao e capacidade do servider para 0 cargo.” Podemos observar que o Parecer deixa bastante clara a posipéio adotada no ambito do Poder Executive federal: (1) 0 estagio probatério continua sendo de 24 meses, uma vez que nenhum ato normativo alterou 0 art. 20 da Lei n° 8.112/1990, o qual estabelece esse prazo; (2) nao existe qualquer vinculagdo entre 0 tempo de estigio probatério e 0 periodo aquisitivo da estabilidade previsto no art. 41 da Constituipdo, de trés anos, apés a promulgacéo da EC 19/1998, Por ultimo, podemos frisar que é incorreta a afirmativa, muitas vezes difundida, de que a Emenda 19/1998 acabou com a estabilidade. Nosso ordenamento continua albergando este importante instituto, embora, atualmente, as garantias dele decorrentes estejam sensivelmente atenuadas (para vocé, concursando, vai um alento: a ndo ser que esteja pretendendo fazer concurso publico para um Estado com as receitas extremamente comprometidas com a folha de pagamentos, néo hé grandes razies para preocupacéo. Néo é muito provavel que a Unido venha a exonerar servidores estaveis, inclusive porque apadrinhados demais teriam que ser degolados antes...). VerConcursos 4 Marcelo Alexandrina QUESTOES SOBRE 0 ASSUNTO 1. Quanto a estabilidade no servico publico, é correto afirmar que a estabilidade decorre, automaticamente, de nomeagao em virtude de concurso publico ¢ do transcurso de trés anos de efetivo exercicio. ( ) 2. Quanto a estabilidade no servico publico, € correto afirmar que o instituto da estabilidade néo foi extinto por meio da Emenda Constitucional n° 19, de 1998. ) 3. O servidor estavel dispensado por excesso de quadro faré jus a indenizacao. ( ) 4. O servidor estavel colocado em disponibilidade percebera remunerago proporcional ao seu tempo de servigo ( ) 5. A perda do cargo do servidor estavel por desempenho insuficiente néo seré precedida de ampla defesa e contraditério quando a insuficiéncia for notéria. () 6. Considerando que um cidadao tenha sido nomeado para cargo comissionado em novembro de 1999, entdo ele adquiriré estabilidade no cargo em novembro de 2002. A partir de ento, o servidor s6 perderd 0 cargo por forca de sentenca judicial, ou em decorréncia de deciséo em processo administrative, ou por insuficiéncia de desempenho. ( ) 7. Um servidor, estavel no servigo piblico, apés ter ocupado por cinco anos o cargo de Técnico Judiciario do Tribunal de Justia do Distrito Federal e dos Territérios (TJDFT) foi aprovado em novo concurso para o cargo de Analisa Judiciério - Area Judiciéria, do STM, tendo sido investido no novo cargo. Nesse caso, o referido servidor ndo mais seré submetido a novo estagio probatorio, hhaja’ vista o fato de a Emenda Constitucional n° 19/98 ter extinguido a estabilidade dos servidores publics. ( ) 8 Um servidor, estdvel no servigo piiblico, apés ter ocupado por cinco anos o cargo de Técnico da Receita Federal, foi aprovado em novo concurso para o cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal, tendo sido investido no novo cargo. Nesse caso, o referido servidor néo se submeterd a novo estagio probatério, por jé ter cumprido estégio probatério no cargo anterior, pertencente ao mesmo a) 9. Com a promulgagéo da EC 19/98, 0 tempo de exercicio requerido para a aquisicdo da estabilidade pelo servidor nomeado para cargo efetivo passa a ser de trés anos. Ademais, a avaliagdo especial de desempenho por comissao passa a ser condicéo para a aquisicso da estabilidade (art. 41, caput e § 4°).( ) 10.0 servidor pablico estével 86 perderd 0 cargo em virtude de sentenca judicial transitada em julgado, mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa ou mediante procedimento de avaliagéo periédica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa (art. 41, § 1° c/c art. 169, § 4°).( ) Litnvalidada por sentenca judicial a demisstio do servidor estivel, ser ele reconduzido, ¢ o eventual ocupante da vaga, se estavel, reintegrado ao cargo de origem, sem direito a indenizacéo, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneragéo proporcional ao tempo de servico (art. 41, § 2).() VerConcursos 5 Marcelo Alexandrina 12.A remunerago do servidor em disponibilidade tem 0 seu célculo fixado fexpressamente com base no tempo de servigo do servidor, de forma proporcional (art. 41, §3°). ( } 13.A respeito da perda do cargo do servidor estavel em virtude do excesso dos limites com despesa de pessoal, disciplinada no art. 169 da Constituicso Federal, pode-se afirmar que para o cumprimento dos limites de despesa com pessoal estipulados em lei complementar, os entes estatais poderdo, de pronto, independentemente da adogao de outras medidas, proceder & exoneragéo de servidores estaveis. ( ) 14.A respeito da perda do cargo do servidor estével em virtude do excesso dos limites com despesa de pessoal, disciplinada no art. 169 da Constituicéo Federal, € correto afirmar que a'exoneracéo do servidor estével dar-se-4 por meio de ato normative motivado de cada um dos Poderes que especifique a atividade funcional, o érgéo ou unidade administrativa objeto da reducéo de pessoal. ( } 15.A respeito da perda do cargo do servidor estdvel em virtude do excesso dos limites com despesa de pessoal, disciplinada no art. 169 da Constituicao Federal, € correto afirmar que 0 recurso a exoneragéo de servidor estével 36 poderé ‘ocorrer ap6s esgotadas as outras medidas previstas na Conetituicho para o ajustamento das despesas com pessoal ao limite fixado em lei complementar. ( } 16.A respeito da perda do cargo do servidor estével em virtude do excess dos limites com despesa de pessoal, disciplinada no art. 169 da Constituigdo Federal, pode-se afirmar que o servidor estével que soffer a perda do cargo tera direito a indenizagéo proporcional ao tempo de servico, na base de um més de remuneracdo por més de servico. ( ) 17.A respeito da perda do cargo do servidor estével em virtude do excesso dos limites com despesa de pessoal, disciplinada no art. 169 da Constituicdo Federal, € correto afirmar que 0 cargo deixado vago com a exoneracio do servidor estavel sera considerado automaticamente extinto, néo podendo ser recriado durante 0 perfodo de quatro anos. (_} GABARITO 1-B;2-C;3-C; 4-C; 5-E; 6-E; 7-B; 8-E;9-C; 10-E; 11-E; 12-C; 18-B; 14~-C; 15-C; 16-8 17-C VerConcursos 6 Marcelo Alexandrina Lae Aula n° 2 ‘ A Emenda Constitucional n.° 19/1998 e o fim da obrigatoriedade do Regime Jiridico Unico © constituinte originério, no Capitulo VII da Constituicdo, regulou pormenorizadamente 0 funcionamento da Administragdo Pablica nas diferentes esferas politicas da Federagdo. Especificamente na Secao I deste Capitulo, tratou dos Servidores Pablicos Civis, nos artigos 39, 40 41. © caput do art. 39, originariamente, estabelecia a obrigatoriedade de adoro, por cada ente da Federacdo (em respeito & sua autonomia politico-administrativa), de ‘um 86 regime juridico aplicavel a todos os seus servidores ¢ aos das pessoas juridicas de direito pablico a ele vinculadas. Significa que cada Municipio, cada Estado-membro, o Distrito Federal e a Uniéo tinham a liberdade de estabelecer o regime juridico a que estariam submetidos seus servidores, e os de suas autarquias ¢ fundagdes publicas, com a s6 condigao de que este regime juridico fosse unificado para todos os servidores daquela pessoa politica. (© que acabamos de afirmar decorre da simples leitura da redag&o inicial do art. 39, a qual cabe recordarmos: “Art. 39 A Unio, o8 Estados, o Distrito Federal e os Municipios instituirdo, no Ambito de sua competéncia, regime juridico tinico e planos de carreira para os servidores da administragéo publica direta, das autarquias e das fundacées piblicas.” Como se observa, ndo ha referéncia ao regime a ser adotado, no sendo, portanto, obrigatoria a adogéo de regime juridico estatutério (ndo-contratual) para estes servidores. A preocupacdo do texto foi apenas impor a necessidade de unificacdo, eliminando a coexisténcia, em uma mesma administracéo, e, muitas vezes, em Um mesmo cargo, de servidores regidos por relagées juridicas diversas quanto a seus vinculos com & Administragdo, evitando-se a grande confuso, os atritos e os custos dai resultantes. Era possivel, assim, que determinado ente da Federacdo optasse por um regime de natureza tipicamente estatutéria, ou entdo pelo da CLT (celetista), ou até mesmo Por um regime misto, que se mostrasse, no seu entendimento, mais adequado ao exercicio de atribuigdes pablicas. Com base neste dispositive constitucional a Unio editou a Lei 8.112/1990, que instituiu o Regime Juridico Unico (RJU) dos servidores piblicos civis da Unido, das autarquias e das fundagées publicas feder ‘A Unio optou pela adogao de regime juridico estatutério para disciplinar as relagées de vinculo entre seus servidores e a Administracdo. Por isso, os empregos ecupados pelos servidores incluidos no regime por ela instituide foram transformados em cargos, na data de publicagéo da Lei 8.112/1990 (art. 243, § 1°). Entendeu o legislador, com amplo respaldo da doutrina, que o regime estatutério mostrava-se mais adequado para reger as relagées entre os servidores ¢ a Administragdo, uma vez que esta, néo possuindo organizacao tipicamente VerConcursos 7 Marcelo Alexandrina empresarial, enfrentaria diversos inconvenientes em adotando vinculo de natureza contratual com seus agentes. Com feito, no regime estatutério tem-se uma relagéo juridica, entre a Administragdo e seus servidores, caracterizada pela imposicdo unilateral, a estes, como preceitos obrigatérios, de todas as disposigées da lei de regéncia (j4a CLT se baseia em uma relagéo de cardter contratual, permitindo a discusséo das respectivas condigdes de trabalho - respeitados os direitos ¢ garantias minimos estabelecidos em seu texto). © regime estatutario proprio das pessoas de direito piblico. A nomeago do servidor é um ato unilateral que se destina a efetivar a sua insergao no Ambito do regime juridico preexistente. Na relaco servidor-Estado a manifestacéo de vontade do servidor 96 € necesséria para a formagéo do vinculo, ocorrendo esta manifestagéo de vontade pela posse no cargo para o qual o servidor foi nomeado. Constitui a posse, portanto, mero ato de aceitacao do vinculo com o Estado, sem nenhuma possibilidade de modificar o contetido da relagao formada, uma vez que no € dado ao empossando discutir condigdes de trabalho ou vantagens, todas previamente estatufdas. Ao lado destas consideragses, deve-se observar que o regime estatutério proporciona ao servidor um conjunto de garantias com o fim de assegurar-the relativa independéncia, permitindo-lhe desempenhar sua fungées tecnicamente, com impessoalidade, e, portanto, orientado para o interesse publico. Pois bem, visto isso, passemos a anélise das modificapées introduzidas, neste Ponto, pela “Reforma Administrativa”. AEC 19/1998, alterando o art. 39, eliminou a obrigatoriedade de adogio, pelas Pessoas politicas, de RJU, nos seguintes termos: “Art. 39 A Unido, os Estados, o Distrito Federal ¢ os Municipios instituirio conselho de politica de administracéo ¢ remuneracho de pessoal integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes’ Pode-se notar que a EC 19/1998, relativamente a esfera federal, néo revogou nem prejudicou, ou tornou necesséria a revogacdo, das disposicdes da Lei 8.112/1990. Passou-ee apenas a possibilitar que as Administragées Direta, Autdrquica e Fundacional da Unido prevejam a contratagao e o vinculo com seus servidores por regimes diferentes, nos termos em que vierem a ser regrados em leis especiais, posteriores, vale dizer, em outros termos que ndo os da Lei 8.112. Ja sob esse novo comando, a Unido, em fevereiro de 2000, editou a Lei 9.962, regulamentando a matéria, Esta Lei Disciplinou o regime de emprego piblico do pessoal da Administragdo Federal Direta, Autarquica e Fundacional. Expressamente prevé-se que o pessoal admitido para emprego pablico na Administragéo Federal Direta, Autarquica e Fundacional teré sua relagdo de trabalho regida pela Consolidacao das Leis do Trabalho (CLT). A Lei excepciona os cargos piblicos em comissio, que no poderdo ser providos segundo suas disposigdes (aio poderdo ser celetistas). Resguarda também os servidores ja integrantes da Administragdo regidos pela Lei 8.112 & época da publicagdo das leis que vierem a criar e disciplinar a contratagéo sob regime de emprego pablico (celetista). VerConcursos 3 Marcelo Alexandrina Importante regra da Lei 9.962/2000 é a do § 1° do seu art. 1°, que autoriza leis especificas a transformarem os atuais cargos em empregos publicos. Isso, em hipotese nenhuma, pode ser interpretado como autorizagéo de converse dos atuais servidores publicos estatutarios em empregados publicos celetistas. Como visto acima, a prépria Lei cuidou de resguardar os direitos dos atuais servidores rogidos pela Lei 8.112. A transformagao futura de cargos pablicos em empregos publicos néo podera afetar a situagdo dos agentes da Administragao hoje ocupantes destes cargos. O maximo que poder ocorrer sera a (indesejével) coexisténcia de agentes, contratados por diferentes regimes, com um mesmo conjunto de atribuigdes e responsabilidades previstas na estrutura organizacional da Administracéo, conjunto de atribuicdes ¢ responsabilidades este que serd, entdo, denominado emprego pablico (atualmente esta corresponde & definicdo de cargo publico). Outra garantia que jé existia ¢ foi expressamente mantida foi a exigéncia de realizagéo de concursos piblicos, seja para provimento de cargo, seja para investidura em emprego ptblico. O art. 2° da Lei 9.962 estatui, literalmente: “art. 2° A contratagéo de pessoal para emprego piblico deverd ser precedida de concurso piiblico de provas ou de provas e titulos, conforme a natureza ea complexidade do emprego.” £ bem verdade que a Lei ndo poderia, de modo algum, dispor diferentemente, jé que a Constituico de 1988, mesmo apés a Reforma Administrativa, sempre exigiu concurso ptiblico prévio para a investidura em cargo ou emprego publico (art. 37, I). Tanto assim que, mesmo antes da Emenda 19, a contratacdo de pessoal para as Empresas Pablicas ¢ Sociedades de Economia Mista, embora obrigatoriamente feita pelo regime celetista (art. 173, II da CF/88), tinha que ser precedida de concurso Ublico. Portanto, pelo menos essa boa noticia restou para voc’, concursandol Embora seja possivel ‘a contratacéo por regimes juridicos que venham a oferecer menores vantagens e garantias do que o regime atual da Lei 8.112, a garantia da realizacao de concursos publicos, sem excegdo, permanece intacta, isso em sede constitucionall VerConcursos ° Marcelo Alexandrina QUESTOES SOBRE 0 ASSUNTO 1, Antes da promulgagéo da EC 19/98 a contratacéo de pessoal para as administragées direta, autarquica ¢ fundacional da Unio, dos estados, do DF dos municipios obrigatoriamente deveria ser feita sob regime juridico estatutdrio (legal). ( ) 2. Atualmente é possivel a contratagao de pessoal sob regime celetista, mesmo que se trate de contratagdo realizada pela Administragdo Direta da Unido. ( ) 3. A partir da promulgacéo da EC 19/98, que instituiu a denominada Reforma Administrativa, a Unido passou a somente poder contratar servidores pablicos ‘sob o regime juridico da CLT. ( ) 4. No ambito da Administracéo Pablica federal os cargos comissionados somente podem provides sob regime juridico estatutério. ( ) 5. Na esfera federal, a contratacdo de pessoal para cargo piblico (regime estatu- tario) devera ser precedida de concurso piblico de provas ou de provas e titulos, conforme a natureza e a complexidade do cargo. Ja a contratagéo de pessoal para emprego publico (regime celetista) seré precedida de processo seletivo simplificado. ( ) GABARITO 5 3-B4-C;5-E VerConcursos 10 Marcelo Alexandrina Lae Aula n° 3. Y Provimento Originério e Derivado: Jurisprudéncia do STF Provimento € 0 ato administrative por meio do qual é preenchido cargo pablico, com a designacao de seu titular. Os cargos publicos podem ser de provimento efetivo ou de provimento em comissdo (cargos de confianca). Interessam-nos, por ora, os cargos de provimento efetivo. A Lei n.* 8.112/1990, que estabeleceu o regime juridico dos servidores piblicos federais civis (estatutérios), apresenta em seu art. 8° as formas de provimento de cargo piblico, a saber: (1) nomeagao; (2) promogao; (3) readaptacdo; (4) reversio; (6) aproveitamento; (6) reintegragao; € (7) recondugao. ‘As formas de provimento em cargo piiblico sdo tradicionalmente classificadas (classificagao esta adotada, inclusive, pelo STF) em: a) formas de provimento originarias; € b) formas de provimento derivadas. Provimento origingrio € 0 preenchimento de classe inicial de cargo no decorrente de qualquer vinculo anterior entre o servidor ¢ a Administracdo. A tinica forma de provimento originério atualmente compativel com a Constituigéo é a nomeagio e, para os cargos efetivos, depende sempre de aprovacao prévia em concurso piblico de provas ou de provas e titulos (CF, art. 37, Il) Provimento derivado € 0 preenchimento de cargo decorrente de vinculo anterior entre 0 servidor e a Administracdo. As formas de provimento derivado compativeis com @ CF/88 ¢ enumeradas no art. 8° da Lei n° 8.112/1990 sdo a promocdo, @ readaptacdo, a reversio, o aproveitamento, a reintegracdo ¢ a reconducdo. Para explicarmos 0 conceito de provimento derivado, tomemos o exemplo do aproveitamento, que é, inclusive, instituto expressamente mencionado no texto constitucional (CF art. 41, § 3° Aproveitamento é 0 preenchimento de cargo por servidor que fora posto em disponibilidade (devido extincdo do cargo que ocupava ou declarargo de sua desnecessidade). Este cargo, preenchido por aproveitamento, ndo é 0 mesmo no qual o servidor havia sido originariamente investido, o qual pode, inclusive, néo mais existir. B evidente que o provimento do cargo por esta forma, o aproveitamento, decorre do vinculo anteriormente existente entre o servidor aproveitado e a Administracao. VerConcursos i Marcelo Alexandrina Significa que a causa necesséria e suficiente para o provimento deste novo cargo é justamente a existéncia de uma relagao anterior entre o servidor e a Administragao. Nao ha, neste caso, concurso piiblico, nomeagdo ou posse. A tmica exigéncia evidente & que o cargo provido por aproveitamento guarde razoavel equivaléncia de natureza, complexidade das atribuigses, grau de responsabilidade ¢ nivel de remunera¢éo com o anteriormente ocupado. Isso para que 0 instituto néo seja utilizado como forma disfargada de ascensdo do servidor no servico pitblico sem realizagdo de concurso ptblico compativel com o nivel de complexidade do cargo que ocupa. Aliés, por esse exato motivo, duas outras formas de provimento derivado anteriormente previstas no mesmo art, 8° da Lei n° 8.112/1990, a ascensio ¢ a transferéncia, foram fulminadas pelo STF (ADIn 231; ADIn 837 e outras). Todas as referéncias que a Lei fazia a tais formas ¢ mais ao acesso (entendido pelo STF como sinénimo de ascenséo), foram declaradas inconstitucionais pelo Tribunal. Justamente tais formas de provimento davam ensejo ao preenchimento de cargos de natureza, grau de complexidade e remuneragdo diversos daquele no qual o servidor fora originariamente investido, representando afronta evidente a exigéncia de ingresso por concurso publico compativel com a complexidade do cargo a ser exercido (art. 37, Il, da CF). Dada esta orientacéo da Corte, essas formas de provimento acabaram sendo expressamente revogadas, como nao poderia deixar de ser, pela Lei n® 9.527/1997. Uma anélise mais acurada de cada forma de provimento serd objeto de outra aula, J& que nosso objetivo, aqui, ¢ realcar o entendimento de que as formas de Provimento derivado que violem o principio do concurso publico compativel com a natureza ¢ complexidade das atribuigées do cargo so tides por inconstitucionais pelo STF. Entretanto, por falar em STF ¢ forma de provimento, aproveitamos o ensejo para registrar, desde ja, um importante julgado daquele tribunal acerca da reconducdo. A recondugdo, nos exatos termos do art. 29 da Lei n.° 8.112/1990, € 0 retorno do servidor estavel ao cargo anteriormente ocupado, podendo decorrer de: (1) inabilitagao em estagio probatério relativo a outro cargo; ou (2) reintegragao do anterior ocupante. A segunda hipétese de ocorréncia de recondugéo € muito simples, e dispensa maiores comentarios: © servidor “X” é demitido e, uma vez vago 0 seu cargo, a Administragao Pablica 0 preenche com o servidor “Y". Num momento posterior, o demitido (“X") consegue, administrativa ou judicialmente, invalidar a sua demissdo, obtendo direito de retorno a0 cargo {reintegracéo), com todas as vantagens do periodo. Com a reintegragSo de °X", 0 servidor "Y" que eatava ocupando 0 seu cargo, se estave, sera reconduzido ao seu anterior cargo, sem dircito a indenizagdo, ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, colocado em disponibilidade (neste caso recebendo proporcionalmente ao seu tempo de servigo - CF, art. 41, § 2°, com a nova redacéo da EC 19/98). A primeira hipétese, inabilitacdo em estagio probatério, € a que aqui nos interessa. VerConcursos 2 Marcelo Alexandrina © legislador garante ao servidor estével sua permanéncia no servico ptiblico na hipétese de ser considerado pela Administragio nao apto ao exercicio do novo cargo ara 0 qual foi aprovado em concurso puiblico. Esta previsto decorre do fato de ser a estabilidade atributo do servidor, apés 0 preenchimento dos requisitos constitucionais ¢ legais. O servidor néo é estavel em determinado cargo, mas sim no servico pablico. Prova disso é que pode 0 cargo ocupado pelo servidor ser extinto sem que ele perca sua condigao de estavel sendo, entdo, posto em disponibilidade remunerada (proporcionalmente) ou aproveitado em outro cargo compativel com 0 extinto. © estagio probatério é que visa a avaliar a aptidao e capacidade do servidor para 0 desempenho de determinado cargo. Por isso, cada vez que um servidor seja nomeado para um cargo, necessita cumprir todo o periodo de estagio probatério a fim de ser considerado apto ao exercicio daquele cargo. Caso jé cumprido o estagio probatério em cargo anterior e adquirida, pelo servidor, a estabilidade no servico Piiblico nos termos do art. 41, pode ocorrer que o servidor seja considerado inapto para o exercicio de novo cargo no qual tenha sido nomeado. Neste caso, de inabilitagao do servidor estavel no estagio probatério do novo cargo, sera ele reconduzido ao cargo anteriormente ocupado, cargo este em que fora considerado apto por ocasido da concluséo do estagio probatério anterior. Muito bem, o instituto da recondupao possibilita, p. ex., a seguinte situacdo: Um Auditor-Fiscal estavel da Receita Federal é aprovado no concurso de Delegado da Policia Federal e, entusiasmado com a remuneragéo do novo cargo, pede vacancia na Receita Federal, assumindo o cargo de Delegado. No entanto, por um dos motivos legais, apés o cumprimento do periodo legal, é inabilitado no estagio probatério do cargo de Delegado. Neste caso, nao ha divida, o servidor tem assegurado o seu direito de retorno ao antigo cargo de Auditor da Receita Federal. A grande discussdo que havia, no entanto, era a seguinte: pode o servidor estavel aprovado em novo concursos pablico, dentro do periodo do estagio probatério, por sua iniciativa, independentemente de sua inabilitagdo no estdgio probatério, retornar ao antigo cargo, isto é, “ser reconduzido” ao antigo cargo? Os defensores da tese argumentavam que se o servidor inabilitado no estagio probatério poderia ser reconduzido, com mais razo caberia tal direito aquele que, nao tendo sido inabilitado, simplesmente nao se adaptou, ndo se “entusiasmou” ‘com 0 novo cargo -¢ dele desistiu. Os contrérios idéia, normalmente do seio da Administragdo Publica, argumentavam que essa possibilidade traria uma grande inseguranca & Administragdo, j4 que tornaria possivel ao servidor estavel “ficar pulando de galho em galho, mudando de cargo ao seu inteiro alvedrio, uma vez que, ndo gostando do novo, saberia que poderia retornar ao antigo cargo ~ e isso seria prejudicial ao interesse publica, ja que néo haveria o desejado desenvolvimento do servidor num determinado cargo. © STF, ao apreciar a questéo, perfilhou entendimento segundo 0 qual o servidor federal estével, submetido a estagio probatério em novo cargo piblico, caso desista de exercer a nova fungao, tem o direito de ser reconduzido ao cargo ocupado anteriormente no servigo piblico. VerConcursos rc Marcelo Alexandrina Considerou o STF que o art. 20, § 2°, da Lei 8.112/1990 autoriza a recondugio do servidor estavel na hipétese de desisténcia voluntaria deste em continuar o estagio probatério, por se tratar de motivo menos danoso do que sua reprovacdo (RMS 22.933-DF, rel. Min. Octavio Gallotti, 26.6.98).. Portanto, atualmente, nos termos da jurisprudéncia do STF, € possivel ao servidor estavel aprovado para outro cargo, dentro do periodo de estégio probatério, optar pelo retorno ao antigo cargo, se assim desejar. Apenas uma ressalva: como a deciséo do STF deu-se em sede de Recurso Extraordinario, portanto no chamado controle incidental ou difuso de constitucionalidade, sua eficdcia juridica alcanga, de imediato, somente as partes do processo (eficécia inter partes), ficando restrita, pois, ao caso concreto em que proferida. Dessa forma, néo hé garantia de que, administrativamente, o pedido de Tecondugdo nessa hipétese seja prontamente atendido, ja que a Administragéo néo estd vinculada a tal deciséo. No entanto, esta foi a posicéo do STF e¢, provavelmente, recorrendo-se ao Poder Judiciério, esta sera a decisto que, afinal, prevalecerd. E, ademais, para fim de concurso publico, sem dtvida, o que vale € a posigtio do STFI QUESTOES SOBRE 0 ASSUNTO 1. A exigéncia constitucional de provimento por concurso piblico dos cargos efetivos tem seu fundamento doutrinario basico no principio da isonomia. ( ) 2. Provimento é o ato administrativo por meio do qual é preenchido cargo publico. ) 3. As tnicas formas de provimento originario atualmente compativeis com a ‘Constituipao so a nomeagao e a ascensdo e, para os cargos efetivos, dependem sempre de aprovaeéo prévia em concurso ptiblico de provas ou de provas € titulos. ( ) 4. A reconducdo € 0 retorno do servidor, estével ou ndo, ao cargo anteriormente ‘ocupado, podendo decorrer de inabilitacdo em estégio probatério relative a ‘outro cargo ou de reintegrapdo do anterior ocupante. ( } 5. A finalidade precipua do estagio probatério @ avaliar a aptidéo do servidor Pablico, estavel ou néo, para o exercicio de determinado cargo. ( ) 6. Sdo formas de provimento de cargos plblicos, na esfera federal: nomeagéo; promogao; readaptagéo; reverséo; aproveitamento; reintegragdo; reconducdo. () 7, S40 simultaneamente formas de provimento ¢ de vacdncia de cargos piiblicos, na esfera federal: promog4o; readaptacéo; recondugéo. ( ) GABARITO 1-0,2-0;3- -E;5-C;6-0;7-C VerConcursos 1% Marcelo Alexandrina Lae Aula n° 4 Y Formas de Provimento de Cargos Piblicos - Parte I Na aula passada, analisamos aqui os conceitos de provimento origindrio e derivado, sem, no entanto, adentrarmos a andlise das diferentes formas de provimento, exceto em relagdo @ reconducdo, que terminamos por tratar ali mesmo. Iniciaremos, agora, o estudo de tais formas de provimento, para que entéo possamos, na préxima aula, fechar de vez esse assunto ~ e garantir-lhe seguranca para o préximo concurso publico! NOMEAGAO Tniciamos pela nomeagéo. Trata-se, como jé dissemos, da dnica forma de provimento origindrio atualmente existente, tinica compativel com o sistema estabelecido pela CF/88. ‘A nomeagio pode dar-se em carter efetivo ou em comissio, para cargos de confianca, esta ultima ndo exigindo concurso piblico, podendo tanto recair sobre quem j4 seja integrante da Administragdo Pablica (0 que néo descaracteriza 0 provimento como originério, j4 que a causa da nomeagdo em comisséo ndo é a Telagdo existente entre 0 servidor e a Administracdo) ou sobre pessoa sem qualquer vinculo anterior com a Administragao. Uma regra pratica 6 a eeguinte: sempre que o provimento decorrer de concurso piiblico havera nomeagao e o provimento é efetivo e originério. Se fulano ingressou num hospital federal por concurso como enfermeiro, mais tarde concluiu 0 curso de medicina e deseja exercer esta profissdo no mesmo hospital, ter que fazer novo concurso, para o cargo de médico. Se aprovado, sera nomeado no cargo e depois tomaré posse. Embora fulano possuisse um vinculo anterior com a mesma Administrapéo, nenhuma relagao ha entre o provimento desse cargo de médico e seu cargo anterior. Sua nomeacdo como médico decorre exclusivamente de sua aprovacao no novo concurso e sei provimento, portanto, é originério. Assim, a nomeagéo em carater efetivo depende de prévia aprovagéio em concurso plblico compativel com a natureza ¢ a complexidade do cargo a ser provido. E ato administrativo unilateral que ndo gera, por si 96, qualquer obrigacdo para o servidor, mas sim 0 direito subjetivo para que esse formalize seu vinculo com a Administragao, por meio da po: ‘A posse, que 96 ocorre nos casos de provimento por nomeagéo, esta sim, é ato juridico bilateral, em que o servidor é investido das atribuigdes e responsabilidades inerentes ao cargo. O nomeado somente se torna servidor com a posse. © nomeado tem o prazo de trinta dias, contados da nomeacdo, para tomar posse, salvo nos casos de licenga ou afastamento, hipétese em que se inicia a contagem a partir do término do impedimento. Nao 0 fazendo no prazo previsto, 0 nomeado néo chega a aperfeicoar 0 vinculo com a Administracdo, ¢ 0 ato de provimento ¢ tornado sem efeito. Nao € caso de anulagao porque nao ha vicio no ato de nomeagao que tal justificasse e também no cabe falar em exoneracdo, pois o nomeado nao chegou a tornar-se servidor. VerConcursos 15 Readaptacdo é a primeira forma de provimento derivado de que trataremos, sendo bastante simples. Ocorre ela quando o servidor, estével ou néo, havendo sofrido uma limitacdo fisica ou mental em suas habilidades, torna-se inapto ao exercicio do cargo que ocupa, mas, por ndo ser caso de invalidez permanente, pode ainda exercer outro cargo ara o qual a limitacdo sofrida ndo o inabilita. © cargo provido por readaptacdo deverd ter atribuicées afins as do anterior. Tem que ser respeitada a habilitagao exigida, o nivel de escolaridade e a equivaléncia de vencimentos. Na hipétese de inexisténcia de cargo vago, o servidor exerceré suas atribuigdes como excedente, até a ocorréncia de vaga. Assim, fica claro que a readaptag4o néo significa provimento de cargo “inferior” (e nem “superior*) pelo servidor que sofreu limitag&o em suas habilidades. Simplesmente o novo cargo, para seu exercicio, nao exige ulilizagao da habilidade que o servidor teve reduzida. £ a primeira opeao da Administragdo ante a hipotese de aposentar o servidor por invalidez permanente, evidentemente muito mais vantajosa para ela, Administragéo, e também para o servidor, especialmente nos casos em que a aposentadoria a que ele faria jus seria a proporcional. REINTEGRACAO A reintegracéo € forma de provimento derivado expressamente prevista na Constituigao (art. 41, § 2°). corre quando o servidor estivel, anteriormente demitido, tem a deciséo administrativa ou judicial que determinou sua demisséo invalidada. O irregularmente demitido retornard, entdo, ao cargo de origem, com ressarcimento de todas as vantagens a que teria feito jus durante o periodo de seu afastamento ‘legal, inclusive as promocdes por antigdidade que teria obtido neste interim. Na hipétese de 0 cargo ter sido extinto, 0 servidor ficaré em disponibilidade, até seu adequado aproveitamento. Encontrando-se provide © cargo, o seu eventual ocupante, se estivel, seré reconduzide ao cargo de origem, sem direito a indenizagéo, ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade (nesse caso com remuneracao proporcional). Se ndo estavel deverd ser exonerado (essa € a unica conchisio ‘compativel com os dispositivos constitucionais e legais. Ndo ha jurisprudéncia a respeito). © texto constitucional determina que a reintegracéo somente se aplica ao servidor estavel. O que se pode concluir dai ndo é o absurdo de que o servidor nao estavel, demitido irregularmente, que tenha a demisséo invalidada pela Administragéo ou pelo Judiciario, simplesmente nao retorne ao cargo e tenha sua demissao convertida em exoneracdo. Também € absurdo entender-se que servidor ndo estavel nao pode ser demitido, somente exonerado, pois demissdo € punicéo por falta grave ¢ exoneragao é desligamento ou sem qualquer caréter punitivo, ou por insuficiéncia de desempenko (CF, art. 41, § 1°, II), ou por inabilitagdo no estagio probat Logo, o servidor néo estavel que tenha sua demisséo invalidada retorna, sim, ao servico piblico, certo que esse retorno nao é denominado reintegragdo. Seria um retorno inominado (eu, pelo menos, ndo conhego o nomel). VerConcursos 16 Marcelo Alexandrina Na préxima aula veremos as trés formas de provimento faltantes - aproveitamento, Promogéo e reversio. QUESTOES SOBRE 0 ASSUNTO 1, Caio, servidor ptibtico do quadro funcional do STM, sofreu limitagdo em sua capacidade de trabalho, advinda de doenca hereditéria. Em inspecdo médica, concluiu-se que 0 referido servidor ndo estava incepacitado para o servigo pAblico, mas constatou-se também que Caio néo mais dispunha de habilidade para desempenhar as fungdes do cargo no qual fora investido. A administragéo do Tribunal providenciou, entdo, a investidura de Caio em outro cargo, com atribuig6es compativeis com a limitagdo sofrida. Essa forma de provimento de cargo publico & denominada aproveitamento. ( ) 2. Um servidor aposentado por invalidez no servico piblico federal submeteu-se a novo exame por junta médica oficial, a qual declarou inexistentes os motivos da aposentadoria. Nesses termos, devera ocorrer a reintegragdo do servidor no antigo cargo, desde que este ainda no esteja ocupado. Se o cargo estiver ‘ocupado, sera o servidor posto em disponibilidade remunerada. ( ) 3. Um servidor aposentado por invalidez no servico publico federal submeteu-se a novo exame por junta médica oficial, a qual declarou inexistentes os motives da aposentadoria. Nesses termos, deverd ocorrer o aproveitamento do servidor no cargo anteriormente ocupado, ou sera ele posto em disponibilidade remunerada caso a cargo esteja ocupado. ( ) 4. Um servidor aposentado por invalidez no servigo publico federal submeteu-se a ‘novo exame por junta médica oficial, a qual declarou inexistentes os motivos da aposentadoria. Nesses termos, deveré ocorrer a reversao do servidor ao antigo cargo, desde que este néo esteja ocupado. Caso contrério, o servidor exercerd suas atribuigses como excedente até a ocorréncia de vaga. (_) 5. O cargo provido por readaptagéo deveré ter atribuigées afins as do anteriormente ocupado pelo servidor readaptando, devendo ser respeitada a hhabilitagao exigida, o nivel de escolaridade e a equivaléncia de vencimentos. ( ) 6. Dois ex-servidores (estiveis) do Senado Federal, Joao e José, requereram administrativamente, por motivos diferentes, 0 retorno aos seus respectivos cargos de Consultor de Orgamentos. © primeiro - Jodo ~ néo foi considerado hhabilitado no estagio probatério relativo ao cargo de Técnico Judiciério do ‘Tribunal Superior do Trabalho. O segundo - José - foi demitido do Servigo Pablico, por abandono de cargo (Lei n° 8.12/90, art. 132, inciso I). Apés 0 cumprimento das formalidades legais, a autoridade competente deferiu os pleitos administrativos formulados. Analise a situacdo descrita ¢ julgue os itens seguintes. 1) José retornou ao quadro funcional do Senado Federal por meio do instituto juridico da reintegragéo. A invalidade de sua demisséo poderia ocorrer também pela via judicial. 2) Joao retornou ao quadro funcional do Senado Federal por meio do instituto juridico da recondugéo. 3) Manoel, que ocupava o cargo de Consultor de orgamentos, na vaga deixada por Joao, devera ficar em disponibilidade. VerConcursos 7 Marcelo Alexandrina 4) Caso 0 cargo de Consultor de Orcamentos decorrentes da demisedo do Sr. José tenha sido provido, o seu eventual ocupante sera reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenizagdo, ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade. 5) José tera direito ao ressarcimento de todas as vantagens do cargo de Consultor de Orcamentos, com efeito retroativo & data de sua demisséo. GABARITO 1-B,2-E;3- -0;5-C;6-CCECC VerConcursos 8 Marcelo Alexandrina Lae Aula n° 5 Y Formas de Provimento de Cargos Piblicos - Parte II Continuemos o estudo das formas de provimento de cargos pablicos. APROVEITAMENTO B forma de provimento derivado expressamente prevista pela Constituigéo (art. 41, § 39). Trata-se do retorno do servidor posto em disponibilidade (portanto estavel) a cargo de atribuigdes e vencimentos compativeis com o anteriormente ocupado (0 qual foi extinto ou declarado desnecessério). Serd tornado sem efeito o aproveitamento ¢ cassada a disponibilidade se 0 servidor néo entrar em exercicio no prazo legal, nao especificado na Lei 8.112/1990. Em principio, esse prazo seria de 15 dias, por analogia com o disposto no art. 15, § 1°, da mesma Lei. Observe-se que a cassagéo da disponibilidade é penalidade administrativa, puni¢do, equivalente a demissio, nos termos do art. 127, IV, da Lei 8,112/1990 lembrem-se, no caso de o empossado ndo entrar em exercicio ele é apenas exonerado, sem nenhum caréter de penalidade disciplinar, conforme art. 15, § 2° da Lei). PROMOGAO A promogéo é forma de provimento derivado, nas carreiras em que 0 desenvolvimento do servidor ocorre por provimento de cargos sucessivos ¢ ascendentes. O conceito é um tanto complexo. Nao se aplica aos cargos isolados, somente aos escalonados em carreira ¢ sempre se refere ao progresso dentro da ‘mesma carreira, nunca & passagem de uma carreira & outra, o que seria impossivel por provimento derivado, Para esclarecer a definigao, trazemos trecho do voto do Min. Moreira Alves, relator da ADIn 837-4/DF: “0 critério do mérito aferivel por concurso piblico de provas ou de provas ¢ titulos é indispensdvel para cargo ou emprego piblico isolado ou em carreira. Para o isolado, em qualquer hipétese; para o em carreira, para o ingresso nela, que 86 se fard na classe inicial pelo concurso publico de provas ou de provas e titulos, néo © sendo, porém, para os cargos subseqdentes que nela se escalonam até o final dela, pois, para estes, a investidura se fara pela forma de provimento que é a promogao. Nao ha promocao de uma carreira inferior para outra carreira superior, correlata, afim ou principal. Promogdo - e € esse 0 seu conceito juridico que foi adotado ‘pela Constituicéo toda vez que a ele se refere, explicitando-o - € provimento derivado dentro da mesma catreira.” A lei 8.112/1990, dispde que “Os demais requisitos para o ingresso ¢ 0 desenvolvimento do servidor na carreira, mediante promopéo, seréo estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira na Administragéo Publica Federal e seus regulamentos” (art. 10, pardgrafo nico) e que “A promordo ndo interrompe o tempo de exercicio, que € contado no novo posicionamento na carreira a partir da data de publicacdo do ato que promover o servidor'(art. 17). REVERSAO ‘A reversdo, forma de provimento derivado nao explicitada na Constituicdo, aplicava-se, segundo a redacdo original da Lei 8.112/1990, exclusivamente ao servidor que, aposentado por invalidez permanente (portanto estavel ou ndo), tivesse declaradas insubsistentes, por junta médica oficial, as causas que VerConcursos 9 Marcelo Alexandrina determinaram sua aposentadoria (deixaram de existir os motives que determinaram a invalidez. 0 servidor curou-se ou 0 diagnéstico que originalmente havia determinado sua invalidez era infundado}, Deduz-se, assim, que a reversdo, como estava prevista originariamente na Lei 8.112/1990 sempre era ato de oficio, sendo obrigatéria caso constatada a insubsisténcia citada, Néo se aplicaria, em hipétese nenhuma, ao servidor aposentado por tempo de servico, ¢ ndo podia ocorrer a pedido do servidor aposentado por invalidez (este poderia até requerer novo diagnéstico de junta oficial se entendesse ndo mais existente sua invalidez. Mesmo assim, a reversdo seria ato de oficio ¢, uma vez declarada a insubsisténcia da invalidez, seria obrigatéria para a Administracdo). Este regramento da reverséo vigorou até 05/05/2000, data da publicagéo da Medida Proviséria n° 1971-11. Esta Medida Proviséria alterou substancialmente 0 instituto da reverséo, dando nova redacéo ao art. 25 da Lei n.° 8.112/1990. Atualmente este dispositivo tem a seguinte redacdo, como abaixo se lé: “Art. 25. Reverséo € 0 retorno a atividade de servidor aposentado: I- por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou I1- no interesse da administrapGo, desde que: 4) tenha solicitado a reversdo; +b) a aposentadoria tenha sido voluntaria; ¢) estdvel quando na atividade;

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