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Março de 2007

Direcção: Paulo Ferreira


Edição > 02.

Notícias de alvalade
Alvalade > Campo Grande > S.João de Brito > S. João de Deus
Secção de Alvalade > FAUL > Partido Socialista > www.psalvalade.eu > Secção de Alvalade

Editorial > Em Destaque


por Paulo Ferreira

Este é o terceiro número do Noticias de Alvalade, faz também pouco mais de 3


meses que o nosso site está online, julgo portanto ser um bom momento para
fazer um ponto da situação pedindo para tal o vosso contributo.
Se é uma verdade incontornável que nem esta publicação nem o nosso site
têem ainda a qualidade que desejamos para a nossa Secção e que os
Militantes merecem, é também um facto que muito nos temos esforçado para
que, sem custos, baseado em voluntarismo e boa vontade e com uma boa
dose de amadorismo, do qual eu sou o melhor exemplo, se melhore
continuamente e, penso, sem margem para duvidas, que muito se progrediu > À CONVERSA COM...
em relação ao passado.
Este é apenas um patamar para atingir objectivos mais altos, para servir mais
e melhor todos os Militantes.
A única forma de melhorar, a melhor receita para crescer, o único método para
Nuno Gaioso Ribeiro
págs. 2, 3 e 4
evoluir é através da promoção do debate livre, do qual surgem as criticas,
nascem as ideias, se ouvem sugestões e opiniões, boas ou más, favoráveis
ou não, construtivas ou não.
Tal como no resto das actividades sociais ou profissionais que constituem o > Lisboa_Cidade Criativ@
dia a dia de qualquer cidadão, filiado ou não em qualquer partido político, Págs. 5
somos sempre, e temos de estar, sujeitos a criticas, a debates e discussões,
sobre caminhos e decisões que tomamos.
Aliás o maior partido português, o nosso, é a prova viva de que as diferenças
de opinião são a maior riqueza da democracia e um capital que garante o Caderno IVG
futuro do partido e do projecto que este tem para a sociedade portuguesa.
Os “unanimismos” apenas paralisam a actividade criativa, entorpecem a
vontade e escondem diferenças de opinião que mais tarde causam sempre
fracturas se não existir debate, discussão e liberdade de pensamento.
Como tal, estes projectos, o site e o Noticias de Alvalade, aliás como todas as IVG
actividades da Secção promovidas pelo Secretariado, só poderão atingir
aquilo que delas se espera com a participação de todos, com a critica de Uma promessa de Abril
todos, com as ideias e sugestões de todos. por Ana Catarina Mendes
Não me parece que esta grande Secção, cada vez melhor e maior, talvez daí
algumas reacções exteriores, estivesse habituada à censura e à falta de
debate, pode-se debater mais ou discutir menos, mas com este ou com
anteriores Secretariados a Secção de Alvalade sempre teve uma palavra a págs. 9, 10, 11 e 12
dizer sobre as matérias que afectam directa ou indirectamente os nossos
Militantes.
Por mim continuará a ter e cada vez mais. Caderno Social Cadernos em Destaque
Em relação a quem pretende manter o obscurantismo, apontar delitos de
> IDOSOS E A CIDADE
opinião e censurar o trabalho que deveria ser elogiado e referenciado como
exemplo lembro apenas uma frase de um general norte-americano que
alertou para o desastre social e politico em que se iria transformar a segunda > Coisas da Vida
aventura militar americana pelo Iraque, e em que de facto se tornou.
> Notas Soltas
“Se não gostares da mudança ,ainda vais gostar menos da irrelevância”

Eric Shinseki
págs. 13 e 14
Na Secção
Secção
dede
Alvalade
Alvalade Março de 2007

Edição 02. > www.psalvalade.eu


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> À CONVERSA COM...

Nuno Gaioso Ribeiro


1. Como classifica e como define o mandato do engenheiro Carmona funcionamento da câmara aos mais variados níveis, como referi antes (das
Rodrigues? Sente que existem duas fases neste mandato? finanças e empresas ao urbanismo). Segundo, as soluções estratégicas: a
revitalização da cidade e do seu tecido, cruzando todas as políticas de
O mandato tem sido desastroso. Em primeiro lugar, pelas opções políticas
competitividade e coesão social que permitam a Lisboa relançar-se como
tomadas nas matérias mais críticas para a cidade urbanismo, finanças e
cidade de qualidade de vida, aberta e cosmopolita, competitiva e coesa.
sector empresarial local, mobilidade, acção social, educação. Em segundo
Posso dar exemplos muito concretos de coisas muito simples e e sem custo
lugar, pelas quase inevitáveis consequências de muitas dessas opções
que estão por fazer. Mas claro que para isso não basta ter ideias e soluções,
políticas falo, naturalmente, das investigações judiciais que se conhecem
é preciso também que haja legitimidade popular e pessoas competentes e
mas também do alerta público generalizado que elas suscitam. A meu ver,
qualificadas para gerir.
do ponto de vista da gestão camarária, não existem duas fases neste
mandato nem sequer uma ruptura visível de políticas face ao anterior
mandato do PSD. Existe, isso sim, uma fase nova em termos mediáticos a
5. O que pensa que será melhor para a Autarquia e para todos os
que estamos hoje em que ganhou notoriedade pública essa gestão errada
Lisboetas, eleições antecipadas? Apenas para o executivo camarário
e as suas consequências mais graves: as investigações judiciais e o
ou para a Assembleia Municipal também?
colapso político desta maioria
Julgo que as eleições que não são antecipadas, mas intercalares, o que faz
muita diferença , sendo objectivamente uma má solução para a cidade são
2. Atendendo aos mais recentes acontecimentos, como é que sente actualmente o resultado inevitável da crise que a cidade vive. O arrastar
que estão os funcionários da CML neste momento com todos estes desta situação “comatosa” só tenederá a agravar o estado das coisas, o
problemas e suspeições? E de que forma pensa que a imagem da executivo tem falta de credibilidade para agir, está paralisado e, pior do que
Autarquia fica perante todos os Lisboetas? isso, dependente da evolução de investigações judiciais em curso, o que é
no mínimo uma situação bizarra
A grande maioria dos funcionários camarários cumpre o seu dever e
executa o seu trabalho o melhor que pode. Mas não tenho dúvidas que a
crescente falta de credibilidade da maioria impede uma gestão de médio e
6. Como vereador da CML o que é que nos pode dizer sobre alguns
longo prazo, por um lado, e cria um ambiente de grande ruído e volatilidade
na vida profissional das pessoas, por outro. Julgo que os lisboetas sentem dossiers que têm desacreditado a Autarquia aos olhos dos lisboetas,
hoje que a autarquia está paralisada e que a actual maioria não pode ser Bragaparques, Infante Santo, Marvila?
parte da solução porque é, ela própria, não só parte do problema mas sim o Posso explicar todos eles detalhadamente e seria até interessante fazê-lo
problema mais grave de todos.
em público junto de todos os cidadãos interessados. Mas digamos que no
essencial eles têm uma coisa em comum: em vez de terem sido geridos de
3. Quais são, para si, as áreas e os problemas a carecer de mais rápida acordo com o procedimento legal comum em matéria de planeamento
intervenção e atenção neste momento em Lisboa? urbanístico, houve uma decisão política de não o fazer e seguir um
Julgo, numa perspectiva interna e de organização municipal, que até 2009
“caminho improvisado”, e note-se que só por eufemismo lhe chamo
há quatro grandes tarefas por realizar para normalizar o funcionamento da
“improvisado” a aplicação do regime excepcional do n.º 3 do artigo 75.º do
autarquia: saneamento financeiro, reestruturação do sector empresarial
local, normalização dos serviços e dos processos urbanísticos, revisão do Regulamento do PDM no caso de Marvila, a avaliação dos terrenos
PDM. E sobre essas matérias existe, inclusivamente, um certo “núcleo de assumido uma edificabilidade “convencional” sem Plano de Pormenor
entendimento” ou possível “consenso” entre os partidos de centro- aprovado no Parque Mayer, a aceitação das desistências na hasta pública
esquerda e esquerda. Para além disso, os problemas imediatos que os
de Entrecampos e a consideração de um alegado direito de preferência que
cidadãos sentem são os de sempre: trânsito e estacionamento, higiene
urbana, habitação, espaço público de qualidade, etc. a meu ver não existe de forma alguma por não ter sido normativamente
consagrado (quer nos regulamentos quer em sede camarária ou de
assembleia municipal), o arbítrio normativo nos cálculos e modos de
4. Que soluções propõe para inverter a situação de degenerescência
que a cidade atingiu? pagamento de taxas urbanísticas, a “casuística” na fiscalização por parte de
alguns serviços municipais, etc., etc. Só o facto de a decisão política “evitar”
Convém não criar expectativas a que a situação municipal não pode dar
resposta. Há dois tipos de soluções. Primeiro, as soluções operacionais: é o processo comum previsto na lei, ainda mais quando toda ou parte da
necessário restituir credibilidade ao executivo municipal e normalizar o oposição não estava de acordo, abre por si só uma “zona de suspeição”
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7. Alguns camaradas têm levantado questões, além dos temas que já infelizmente, figuras de interesse nacional pelas piores razões, como
abordámos, pertinentes que gostaria de resumir e lhe transmitir, o que considera que eles comportaram nesta matéria? Subscreve as opções
é feito do trabalho ao nivel da juventude e do desporto? O que se tomadas? Diferencia também a "importancia" do caso EPUL do caso
passa com a Cultura? Para que foi criada a Lx-Desporto? "Bragaparques"?

Julgo que a cultura sofre de um problema evidente de reduzida capacidade Quando se trabalha com qualquer pessoa, como eu trabalhei junto a esse
financeira do executivo, por um lado, e de uma política municipal que até há veradores ao longo deste ano e meio, criam-se sempre relações, com mais
bem pouco estava mais concentrada na lógica do “hardware” ou menos empatia, é certo, que pelo menos a mim criam algum
(equipamentos, obras, projectos) do que na do “software” (programação, condicionamento em opinar livremente sobre comportamentos individuais.
conteúdos, criatividade). Ou seja, além de dinheiro falta estratégia e Não tenho dúvidas em afirmar que houve erros graves nas decisões
criatividade para existir uma política municipal no sentido integrado e nobre políticas, e esses erros são imputáveis a esta maioria PSD, tanto no caso
do termo. Idênticos problemas sofre o desporto, se bem que existam EPUL e “Bragaparques” como no Vale de Santo António, LisMarvila, Plano
situações graves neste pelouro ao nível ainda primário dos próprios de Alinhamento e Cérceas da Avenida da República, entre outros. Nessas
equipamentos e da sua gestão. A Lx-Desporto, em teoria, visava dar alturas fiz o que me competia politicamente como oposição e, em alguns
resposta a ineficácia da actuação municipal através de uma flexibilização casos, actuei mesmo judicialmente no cumprimento de um dever e agora o
dos processos de contratação (não só de recursos humanos e materiais sistema judical pronunciar-se-á, não me cabendo diferenciar a “gravidade”
mas também de parcerias público-privado e concessões); porém, por dos casos. Apenas entendo, politicamente, que enquanto a decisão
enquanto ainda não saiu do “papel”, muito por culpa da própria situação pessoal de suspensão do mandato da vereadora Gabriela Seara é
financeira. Quanto à juventude, na minha opinião os problemas essenciais inatacável, apesar de geradora de muitos problemas, já a não revelação da
não passam pelo próprio pelouro com o nome mas sim pelo funcionamento sua condição de arguido, por parte do Vice-Presidente, é no mínimo
integrado de várias políticas da câmara, do urbanismo e da habitação ao censurável e ainda não se sabe se tal sucedeu com o conhecimento do
estímulo ao empreendedorismo e à qualificação, da qualidade do espaço Presidente. Por último, sendo aplicável a presunção de inocência até
público e da mobilidade urbana à qualidade de vida em geral. Não acredito trânsito em julgado da sentença, a valoração processual e
numa revitalização populacional da cidade nem no incremento da sua consequentemente política dada à condição de arguido não é a mesma
competitividade e atractividade perante os jovens através do antes ou depois de existir acusação, como sucede com um dos casos,
funcionamento isolado e ineficaz de um pelouro chamado juventude. apesar de, naturalmente, eles poderem ter “gravidades” criminais
diferenciadas apesar das fases processuais em que cada um se encontra
8. Sabendo que qualquer cidadão é inocente até prova em contrário neste momento.
mas tendo em conta que vereadores como a Gabriela Seara e Fontão
de Carvalho são figuras públicas da nomenclatura lisboeta e agora, (continuação na página seguinte...)

> Em Destaque

Secção de Alvalade

JANTAR TERTÚLIA
Mário Lino

28
Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações

de
Março Restaurante Passarola (SNPVAC) Av. Gago Coutinho, n.º 90, Lisboa
2 0 h 0 0 Reservas: M ari a O tíl i a (TLM . 914 607 278) Antóni o M i guel (TLM . 965 072 132)
G uedes Vaz (TLM . 914 55 6 969) Paul a G ui m arães (TLM . 969 060 810)
(17.00 € ) M anuel a Cabeç adas (TLM . 967 083 357)
Secção de Alvalade Março de 2007 4
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Nome completo: Nuno Ricardo Gaioso Ribeiro


Idade: 35 anos
Naturalidade: Portuguesa
Habilitações académicas: Licenciatura em Direito na Universidade de Coimbra (Portugal) com Bom com Distinção, Pós-
graduação em Comércio Internacional na Universidade de Bolonha (Itália) com Muito Bom, “General Management
Programme” pelo INSEAD, Paris (França), “Advanced Course” da “European Private Equity Association”, Paris (França),
Curso de Doutoramento da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa (Portugal) com Muito Bom.
Curriculum profissional:
a) Profissional: CEO da IBS Portugal (representante da “private equity” espanhola Ibersuizas), administrador do grupo
Aerosoles, administrador da La Seda de Barcelona (sociedade espanhola cotada em Bolsa). Foi também vice-presidente
da IMG Investimentos, administrador executivo do FIEP (Fundo para a Internacionalização das Empresas Portuguesas) e
administrador de sociedades dos grupos Neoplástica, Quintas & Quintas, “Red Globe”, “Häagen-Dazs”, adjunto do
Ministro da Economia do XIII Governo Constitucional (Prof. Augusto Mateus), presidente da Assembleia Geral da
Siderurgia Nacional e da Urbindústria, presidente da “Comissão Torralta”, consultor de empresas.
b) Académica: Professor convidado do ISCEM e assistente da Universidade Nova de Lisboa. Foi também docente da
Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e do Porto.
Outra informação relevante: Diversos trabalhos publicados, em livro e em revistas com arbitragem científica, publica
regularmente artigos de opinião na imprensa escrita e assina uma coluna de opinião no “Diário Económico”.

Vale de Santo António


A zona do Vale de Santo António está localizada numa área central da cidade, abrange 44 hectares distribuídos pelas freguesias de São João, Penha de
França e Santa Engrácia. Esta zona está classificada na Planta de Ordenamento do PDM como “àrea de reconversão urbanística habitacional”, ou seja, de
acordo com o próprio Regulamento do PDM, artigos 73.º e 74.º, o licenciamento de loteamentos deve ser precedido de Plano de Urbanização ou Pormenor.
Ora o que se passou aqui foi, uma vez mais, uma total inversão processual decidida politicamente pela maioria PSD: antes de existir qualquer Plano de
Urbanização ou Pormenor aprovado, a EPUL, que é uma empresa 100% municipal, resolveu abrir três concursos públicos para vender lotes de terreno,
imputando-lhes direitos de construção hipotéticos ou “futuros”, isto é, direitos que não existiam nem podiam existir sem que antes fosse aprovado o tal Plano
de Urbanização. Um desses concursos, o último ou n.º 144, tinha por objecto três lotes de terreno em que se previa construir (como “direitos futuros”)
105.655 m2, a vender a uma sociedade privada pelo preço de € 61.4 milhões! E, no caso concreto, um concurso aberto 13 dias antes das eleições (a 26 de
Setembro), decidido 22 dias depois das eleições (a 31 de Outubro) e cujos contratos era suposto serem assinados até 30 de Novembro de 2005! Era claro e
era demais: não só pela duvidosa legalidade e legitimidade como também pelo condicionamento efectivo que tais contratos implicavam quanto à elaboração
e aprovação do Plano de Urbanização. Recém-chegado à Câmara, analisei o processo o melhor que sabia e conclui imediatamente pela existência de um
vasto conjunto de situações que então me pareciam como de graves ilegalidades e irregularidades. Por isso, com o apoio técnico também de uma outra
vereadora do PS que acompanha as matérias urbanísticas, Isabel Seabra, apresentei em sessão de Câmara de 30 de Novembro uma proposta conjunta
com o PCP, tal como de igual conteúdo apresentaram propostas o CDS/PP e o BE, para suspender a assinatura destes contratos e de todos os actos
análogos até que fosse aprovado o necessário Plano de Urbanização, o o interesse público ficaria salvaguardado. Era o mínimo a fazer, mas infelizmente,
como é público, nenhuma destas propostas foi aprovada em Câmara, apesar da oposição ter a maioria dos votos, pelo que o processo prosseguiu à revelia
do PDM. Mais tarde, na sequência de uma análise ainda mais aprofundada do processo, e do conhecimento de alguns elementos adicionais, parte dos quais
são públicos (o protocolo adicional dito interpretativo celebrado na mesma data que um dos contratos-promessa, as comissões imobiliárias pagas pela
EPUL, etc.), resolvi participar tais factos ao Ministério Público, por entender que a existência de indícios fortes de ilegalidades graves e de diversa natureza
(não só administrativa mas também criminal) me constituía no dever jurídico, político e de cidadania de o fazer.

Seabra) ao negócio do Vale de Santo António ou às propostas das Sociedades de


Partido Socialista Reabilitação Urbana, ao meu pedido de participação à Procuradoria-Geral da
República sobre a EPUL ou mesmo à minha participação ao Ministério Público sobre o
Como é que define o trabalho desenvolvido pelo PS na oposição camarária?
Vale de Santo António. Mas depois de tudo o que aconteceu, tenho também uma
Não sei se é por defeito profissional ou por feitio pessoal, mas entendo quase sempre
posição de princípio muito clara: para que não se corram riscos como os deste
que se pode fazer mais e melhor. No caso da oposição camarária que o PS tem feito, já
passado recente, acho que o PS deveria fazer uma ruptura integral e completa com as
disse isso mesmo publicamente e fui então mal interpretado por algumas, julgo que
pessoas que integraram esta lista e preparar um novo projecto político, com novas
poucas, pessoas. Contínuo a entender que na perspectiva das posições críticas
ideias, novos meios e necessariamente com novas pessoas, inquestionavelmente
estivemos globalmente bem, apesar da comunicação pública desse trabalho ter sido
mais qualificadas, empreendedoras, leais e transparentes.
insuficiente feita, enquanto na perspectiva das propostas e do trabalho propositivo
estivemos muito aquém do que poderíamos fazer. Não é por ser agora o primeiro Como é que define o líder da Concelhia, Miguel Coelho?
vereador do PS na Câmara, mas julgo que chegado ao momento em que poderíamos Vou colocar as coisas desta maneira: não é apenas a cidade que necessita
abrir um novo ciclo de oposição vai faltar tempo para que isso suceda! Como disse urgentemente de ser revitalizada, é também a concelhia de Lisboa do PS e em
uma escritora de que gosto, e esta ideia tem para mim um pouco de auto-retrato, especial o seu líder Miguel Coelho.
“muito cedo na minha vida foi tarde demais”...
Integrou a lista da deputada Leonor Coutinho à Comissão Política? Como é que
Estará disponível para integrar o futuro projecto político socialista para a CML? a define?
Tenho a consciência muito tranquila sobre o meu trabalho, sobre a sua qualidade Integrei essa lista como suplente, e pelo valor simbólico dessa participação. Leonor

técnica, coerência política e absoluta honestidade dos fundamentos e das posições Coutinho é uma mulher qualificada, competente, honesta e leal. Conhecem-se muitas

que tomei ao longo deste mandato, em especial nos momentos em que houve pessoas assim?

“divisões” ou “actos individuais” no Grupo do PS, como na oposição que fiz (com Isabel
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qualificado), mas antes de atrair pessoas com elevado capital criativo, a


classe criativa. Esses sim, serão o factor-chave do progresso e do
desenvolvimento económico.
É pois, este, um dos maiores desafios que se colocam à cidade de Lisboa e
à região que representa. Para sobreviver, como cidade cosmopolita,
desenvolvida e empreendedora no século XXI, Lisboa tem de ser capaz de
atrair os talentos que constituem a classe criativa. E concorrência não falta,
a começar por cidades como Berlim, Amsterdão ou Barcelona...
Torna-se por isso fundamental compreender o que procuram esses
trabalhadores criativos da era do conhecimento. E mais uma vez, as
respostas começaram a surgir nos estudos pioneiros de Richard Florida
sobre geografia económica. A sua investigação tem demonstrado que estas
pessoas criativas preferem optar por viver em locais inovadores,
Lisboa_Cidade Criativ@ diversificados e tolerantes. Em sucessivos estudos onde Florida utilizou
índices tão excêntricos e controversos como o “índice de bohémia” (que
Na minha recente estadia em Washington tive a oportunidade de falar com o
sintetiza o número de trabalhadores criativos como os artistas, cientístas e
reputado investigador Richard Florida, da George Mason University. As
outros), ou o “índice de talento” (que corresponde à percentagem de
geniais teorias de Forida sobre o desenvolvimento económico regional está
pessoas com licenciatura ou acima), ou mesmo o “indicador gay” (que
a deixar perplexos (e algo irritados também!) os mais conservadores dos
corresponde ao número de homossexuais assumidos numa dada
economistas. Desde há muito que os estudiosos das cidades e do
comunidade), os resultados mostram de forma consistente que as cidades
desenvolvimento regional procuram compreender como se podem atrair as
mais tolerantes e que conseguem atrair pessoas mais diversificadas (i.e.,
grandes empresas a nível mundial e com isso gerar riqueza e emprego, ou
de origens, costumes e tradições muito diferentes) são aquelas que mais
seja, como criar cidades que prosperem económica e socialmente.
conseguem inovar e gerar riqueza nas sociedades ocidentais. É nestas
As teorias de Florida sobre aquilo que designa de “classe criativa”, vêm
cidades que a inovação emerge e se traduz numa mais valia estratégica, e
porém trazer uma visão radicalmente diferente sobre o desenvolvimento
talvez tenha sido por isso que Lisboa foi na época dos Descobrimentos,
regional nos dias de hoje. E deixam uma mensagem clara para as cidades e
uma cidade próspera e cheia das variedades que chegavam de “outros
regiões que se querem afirmar no mundo globalizado do século XXI. Os
mundos”.
seus estudos mostram que, ao contrário do que os economistas mais
As implicações desta nova realidade para as políticas municipais são
clássicos sempre sustentaram sobre a atracção de investimento para o
inúmeras. Lisboa pode e deve voltar a estar no centro do mundo, a ser uma
desenvolvimento, o segredo para o crescimento económico não são as
cidade cosmopolita e capaz de atrair os recursos humanos mais criativos e
empresas que se vêm estabelecer nas cidades, mas antes as pessoas que
capazes de gerar riqueza para a região e para o país. Fomos capazes de o
aí se fixam.
fazer no passado e temos de o ser também no presente. As potenciais
Se anteriormente eram as pessoas que se mobilizavam para onde existia
medidas concretas são muitas: criar habitação a baixos custos para jovens
emprego (e nós que o digamos com os nossos emigrantes para a França, a
de outros países e Universidades; fomentar e apoiar estágios de pessoas
Alemanha e muitos outros destinos), assiste-se hoje ironicamente à
provindas de todos os cantos do mundo; agilizar e baixar os custos de
deslocalização de grandes e valiosas empresas para cidades e regiões
transporte do exterior para a cidade, incluindo aeroportos, zonas portuárias
onde podem encontrar pessoas criativas e inovadoras. E exemplos não
e ferrovias, etc, etc.
faltam: empresas como a Yahoo, a Google e a eBay, empresas altamente
Enfim, as medidas são virtualmente ilimitadas. A visão é uma só: Lisboa--
geradoras de riqueza, correm atrás de cidades como Boston,
Massachussets, Seatle e muitas outras, onde podem encontrar os Cidade Criativa!
profissionais mais criativos, inovadores e, consequentemente, geradores
de riqueza. Hoje, é a indústria que vai atrás do capital humano e não o
Miguel Pereira Lopes
contrário!
A mensagem dos apoiantes deste novo paradigma é clara: As cidades que Professor Universitário no ISPA

querem vingar no século XXI não se devem preocupar tanto com a atracção Mlopes@ispa.pt
de grandes empresas (porventura geradoras de trabalho pouco

a secção à distância de um clique

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6

> GESTÃO POLÍTICA DA CIDADE

A Secção de Alvalade organizou um ciclo de Sessões que abordaram


a cidade, a sua gestão, organização e desenvolvimento de políticas.
Os debates iniciaram-se em Dezembro passado com o Duarte Nuno
Simões, em Janeiro o orador foi João Soares, em Fevereiro
participou Nuno Gaioso Ribeiro e a última reunião decorrida em 14
de Março teve a participação de Dias Baptista.

Nas quatro sessões organizadas estiveram presentes mais de trezentos


camaradas, o que por si só é extremamente elucidativo da importância do
tema, do interesse que os oradores despertaram e também do
reconhecimento que a Secção de Alvalade começa a despertar e granjear
junto de muitos socialistas da nossa Secção, mas também ao nível de
Lisboa.
Cada reunião, teve um debate próprio, ideias e análises diferentes,
emoção, mas sobretudo muita elevação como puderam testemunhar os 4 SESSÕES de debate em Alvalade
oradores convidados. Foram sessões muito participadas ao nível da juntaram 300 militates
exposição de ideias e das intervenções dos camaradas.
> Dezembro: Duarte Nuno Simões > Janeiro: João Soares
Parabéns a Todos os socialistas que passaram por estas Sessões e o
nosso agradecimento aos oradores. > Fevereiro: Nuno Gaioso Ribeiro > Março: Dias Baptista

Durante a visita chamou-se a atenção para vistas relevantes que, de vários pontos da
Falar da Cidade
1 área percorrida, se alcançam. Citem-se o convento e a igreja de Nª. Srª. da Penha de
França, a colina de S. Gens com a sua capela de Nª. Srª. do Monte, o convento e a
igreja de Nª. Srª. da Graça, o castelo de S. Jorge. Do jardim do Torel tem-se acesso ao
magnífico panorama da parte da cidade que se situa a poente da Av. da Liberdade, do
topo norte do Parque Eduardo VII até ao Terreiro do Paço, ao Tejo e à outra banda.

Estas vistas à distância dão aos visitantes o conhecimento, mesmo inconsciente, de


estarem num espaço muito maior do que aquele a que, imediatamente, têm acesso. É,
pois, uma informação de que, não estando confinados ao espaço limitado a que
imediatamente temos acesso, pertencemos a uma comunidade mais vasta da qual
requeremos e devemos solidariedade. Não como uma expressão desprovida de
consequências práticas mas como um convite a transformá-la em algo activo e
concreto passando-se do “chavão” a um conceito ético.

Começando pelo princípio do programa não se pode deixar de referir a visita à


Academia Militar e à sua esplêndida capela de Nª. Srª. da Conceição, classificada
como Monumento Nacional, que, para além da sua esplêndida espacialidade, contem
um muito interessante acervo de pinturas que ilustram momentos da vida de vários
Falar da cidade, propor transformações, engendrar políticas para a santos. Dessa visita não se pode deixar de citar a sala dos paramentos e a sacristia.
suagestão, implica o conhecimento de duas realidades em constante variação: Para além do que vimos refira-se, ainda, a hospitalidade do senhor Coronel Vítor
os espaços que a constituem e que dinamismos geraram a sua forma, quem são Marçal Lourenço que nos acompanhou e nos referiu vários factos relevantes da
os residentes, qual a sua evolução numérica, etária e qualitativa. história da Senhora Dona Catarina de Bragança, filha de Dom João IV e rainha de
Inglaterra pelo casamento com Carlos II. A ela se deve a construção do Paço da
Lisboa não é só o seu concelho mas uma área muito mais extensa, a assim designada Bemposta, sua residência nos últimos anos de vida.
Área Metropolitana de Lisboa, que se espraia à sua volta, fruto das acessibilidades e
velocidades de locomoção de que hoje dispomos. Refiram-se também vários aspectos do percurso previsto, como o edifício das
Varandas, na esquina da Rua Rafael de Andrade, o palácio do Mitelo, o “sobe--e-
Conhecer a cidade onde residimos é, pois, uma obrigação dos políticos que dela se desce” do Paço da Rainha, resultante do desmonte de uma pequena elevação
ocupam. Conhecê-la na sua organização social e urbana e caracterização espacial, anteriormente existente.
nas suas riquezas e nas suas deficiências, nas suas potencialidades, nos seus
problemas, nas necessidades e ambições dos residentes e daqueles que, A caminho das instalações da Xuventude de Galicia, onde se almoçou e se trocaram
diariamente, a visitam para trabalhar. Não basta referi-la como uma entidade quase impressões sobre o passeio poude-se ter uma ideia do jardim que hoje integra o
abstracta cujos problemas se elencam: a habitação, a circulação, os transportes, o Campo de Santana, bordejado, entre outros, por edifícios tão valiosos como o da
comércio… Embaixada Alemã, o do Patriarcado, aquele outro onde residiu a pianista Maria João
Pires e o Palácio Centeno. Após o almoço visitou-se, o jardim do Torel do qual, como
A fim de conhecer melhor os problemas da cidade onde residimos a nossa Secção atrás se referiu, se avista um magnífico panorama da cidade.
decidiu organizar, durante este ano, algumas visitas a pontos importantes da cidade
bem como ouvir e discutir depoimentos sobre o seu espaço habitado e sobre os No topo sul do Campo de Santana situa-se a estátua do Dr. Sousa Martins, director da
problemas que a ele se ligam. então chamada Escola Médica, cuja memória é venerada ainda por muitas pessoas
que lhe vão pedir auxílio para problemas de saúde, conforme as lápides que se situam
Assim, no passado sábado 20 de Janeiro, organizou-se uma visita a uma importante na base da estátua.
zona da cidade de Lisboa sequência de espaços públicos que se articulam uns com os
sequencialmente: o Paço da Rainha, o Largo do Mitelo, o Largo do Mastro, o Campo A tarde acabou com uma visita à Galeria Monumental, cujo objectivo principal era, para
de Santana e o Jardim do Torel. Nessa visita estiveram presentes 20 militantes da além da exposição de fotografias que se inaugurava, ver a utilização de uma antiga
Secção e, ainda, a nossa camarada Leonor Coutinho. mercearia hoje desempenhando funções completamente diversas das originais.

O primeiro objectivo da visita foi chamar a atenção para o facto de a cidade, uma
qualquer cidade, ser sempre constituída por sinais da história, a grande história e a Duarte Nuno Simões, Arquitecto
pequena história local, a que correspondem soluções espaciais específicas, pelas
transformações de uso que nela ocorram, pelo aparecimento de novas actividades e o
desaparecimento de outras.
Secção de Alvalade Março de 2007 7
Edição 02. > www.psalvalade.eu

> II.º Jantar de Reis


Secção de Alvalade > 5 de Janeiro > Hotel Roma

No dia 5 de Janeiro, decorreu o II.º Jantar de Reis do PS-Alvalade, sob organização do secretariado da Secção.
Estiveram presentes quase 100 militantes, triplicando-se o número de participantes face ao jantar realizado no ano anterior, o que contribuiu para que um
maior encontro entre camaradas, num clima de emoção verdadeiramente extraordinário.
Este jantar, iniciou-se com uma recepção a todos os participantes através de um porto de honra servido no bar do hotel, a que se seguiu um jantar onde as
surpresas marcaram verdadeiramente presença, uma vez que o secretariado lembrou-se de presentear todos com uma pequena oferta em alusão às
três prendas dos reis magos e para o encerramento reservou ainda a entrega de um bolo rei individual para ser desfrutado em casa. Trataram-se é um
facto de pequenos gestos, mas o seu simbolismo e humanismo, são fiéis testemunhos da família socialista que se levanta novamente em Alvalade.
No decorrer do jantar o nosso secretário-coordenador, o camarada Miguel Teixeira felicitou todos os presentes e deixou palavras de agradecimento e de
empenho, apresentando um a um cada membro da equipa.
A opinião dos camaradas era única, tratou-se de um encontro verdadeiramente excepcional.

Próximo JANTAR

Secção de Alvalade

JANTAR TERTÚLIA
Mário Lino

28
Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações

de
Março Restaurante Passarola (SNPVAC) Av. Gago Coutinho, n.º 90, Lisboa
2 0 h 0 0 Reservas: M ari a O tíl i a (TLM . 914 607 278) Antóni o M i guel (TLM . 965 072 132)
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Secção de Alvalade Março de 2007 8
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O estacionamento e a circulação em Alvalade Então que fazer?

Provavelmente haverá que abdicar de alguma coisa que, por ser do início dos anos
cinquenta, lidava com premissas bem diferentes das actuais. Estou a falar da largura
Vamos voltar a este assunto que, sem dúvida, se apresenta como um dos mais de determinados passeios que bem poderiam ser amputados de um ou dois metros
importantes a condicionar a vida dos habitantes das nossas Freguesias. para permitir, em certos locais, o estacionamento em espinha, potenciador de uma
melhor circulação e impeditivo da “segunda fila”. Embora haja sempre quem discorde
Importante e complexo. Com efeito, as variáveis em jogo são imensas e penetram seria, talvez, pacífica a reacção da generalidade das pessoas e excepcionalmente
profundamente naquele campo meio nebuloso que, por implicar decisões que podem bem aceite pelos comerciantes.
ferir as diversas sensibilidades em jogo, são sistematicamente adiadas ou apenas
mitigadas com medo de perdas importantes a nível eleitoral. Já a questão do aproveitamento dos espaços entre as traseiras das casas do “Bairro
das Caixas” para estacionamento de residentes é bem mais complicado e polémico.
Focámos, em anterior artigo, a importância da alteração da carreira 21, que passou a Uma pequena abordagem a vários residentes escolhidos ao acaso coloca-nos
circular na totalidade da extensão da Avenida da Igreja. Como é óbvio, e até para perante dois tipos de reacção: Os residentes mais antigos, saudosos do início do
ilustrar os considerandos do parágrafo anterior, não existe uma opinião unânime sobre bairro, ainda bucólico e pouco movimentado, com espaços amplos e arranjados nas
esta mudança. Os utilizadores residentes no - ou perto do troço inferior da Avenida da traseiras dos quarteirões, quase confinados, até pela idade que já ostentam, ao
Igreja estão, na sua maioria, satisfeitos. Já aqueles que se servem deste autocarro entretenimento de pequenos trabalhos agrícolas ainda permitidos em algumas dessas
para locais mais distantes, não deixam de se manifestar veementemente contra este parcelas de terreno, são maioritariamente contra. Alguns argumentam que a utilização
novo percurso, mais longo e por artérias mais engarrafadas, obrigando, inclusive, a desses espaços para estacionamento vai permitir o acesso de mais viaturas às ainda
voltar para trás, com o objectivo de recuperar o antigo trajecto. Isto para, no dizer de pacatas ruas provocando mais poluição. Já os residentes mais recentes, ou os
várias pessoas, onde se incluem grande parte dos profissionais da Carris, servir uma descendentes dos ocupantes originais, confrontados com as exigências da vida
ou duas pessoas. Acresce que a localização da paragem (a meio do troço inferior da moderna, onde pontificam, por exemplo, mais dos que um ou até dois carros por
Avenida, ainda por cima desprotegida e permanentemente atulhada de veículos) não família, defendem a reconversão dessas zonas em estacionamento, até para
é “nem carne nem peixe”, criando uma distância desigual entre a que fica junto ao valorização das suas casas. Classificam de “conversa de velhos” as pequenas hortas,
Largo do Santo António e a outra já em pleno Campo Grande. concluindo que, na esmagadora maioria dos casos, apenas existem barracas podres e
matagais ao abandono, semeados de silvas, onde os ratos procriam sem problemas.
Aqui está, neste problema, aparentemente tão simples, um pequeno exemplo do que
são as dificuldades em lidar com estes assuntos. Para complicar a situação, existe uma terceira classe de habitantes que
prudentemente não se pronunciam, visto serem abusivamente usufrutuários de um
E, no entanto, parece lógico que, tratando-se de beneficiar os habitantes dos nossos espaço público que lhes foi permitido ocupar naqueles anos confusos a seguir ao 25
bairros, as opiniões fossem unânimes e pudessem ser extrapoladas para os restantes de Abril, onde a ausência de quaisquer regras deu origem aos diversos caos
problemas que nos apoquentam. urbanísticos que só a muito custo têm sido resolvidos.

Só que não é bem assim. Diversas zonas do bairro das Caixas parecem-se com um bairro de lata; as garagens
clandestinas sucedem-se, sem ordenação, sem estética, ainda por cima, nalguns
Por exemplo, no que respeita ao estacionamento, para começarmos por aí, as casos, utilizadas para habitação de imigrantes, sem condições de higiene ou com
diversas sensibilidades aparecem em força. Uma verificação isenta terá de passar ligações precárias às fossas e esgotos públicos.
pela aceitação do primado do automóvel privado sobre o transporte público. Atente-se
que sou o primeiro a ficar horrorizado com este facto. Como utilizador preferencial do A solução passará pela divisão efectiva dos terrenos pelos diversos fogos. Aí existirá
metropolitano e do autocarro, não é aquilo que eu penso. No entanto isso não me um compromisso entre os que desejam estacionamento e os que pretendem continuar
permite, tentando ser um interventor na procura de soluções práticas e realistas, uma com pequenas hortas. Quanto aos outros não deverão existir contemplações: O que
postura fundamentalista na abordagem destes assuntos. Está assumido que, sem estiver construído no espaço público deverá ser inexoravelmente destruído, tal como
automóvel passível de ser estacionado nas redondezas dos estabelecimentos, não há já foi norma noutras situações. Os cantos e recantos susceptíveis de serem
comércio, sobretudo em artérias de prestígio como aquelas que constituem o tecido ajardinados devem deixar de estar expectantes, como diz a propaganda, e passarem
viário de uma parte importante das nossas freguesias. a sê-lo efectivamente.

A não ser assim, grande parte dos consumidores optará por efectuar as suas compras Simples não é?
nos Centros Comerciais que Administrações Camarárias pouco atentas deixaram que
se instalassem na nossa cidade, ao contrário de muitos outros países europeus. Bem pelo contrário. As dificuldades são enormes. Em primeiro lugar de onde vem o
dinheiro (muito dinheiro) necessário à prossecução destas gigantescas obras. Da
Ora isso determina a situação caótica do estacionamento dos residentes e a péssima Junta, da Câmara, dos privados? Embora todos gostassem que fossem os outros a
circulação de outros transportes, quer públicos, quer privados, criando um caos em pagar, só uma efectiva parceria entre as partes envolvidas poderá assegurar as
tudo semelhante a algumas cidades do terceiro mundo, nomeadamente pelo Natal ou verbas necessárias. Muito bem. E que percentagem caberá a cada entidade? E,
aos sábados de manhã, quando o consumo dispara consideravelmente. partindo do princípio que tudo se obtém, como se organiza? Só no bairro das Caixas,
em média, cada espaço entre as traseiras corresponde a setenta e dois fogos, um
Aí assistimos às célebres “segundas filas”, ao desrespeito pelas passadeiras para enorme condomínio, melhor dizendo, um condomínio dos condomínios. Será que
peões e à ocupação abusiva dos passeios e até dos espaços ajardinados que existem. todos querem ou podem pagar? Como é evidente o estacionamento, apenas para
residentes, terá de ser protegido por barreiras com sistemas electrónicos, para evitar a
A postura das autoridades, quer da Junta de Freguesia, quer da Polícia tem sido a de ocupação abusiva por não residentes, o que vai implicar contratos, manutenção, mais
fechar os olhos à generalidade das situações, excepto quando, numa sanha estranha despesa, mais organização. Também não será de descurar a segurança e a
e despropositada aparecem a bloquear e a multar tudo e todos, como se isso iluminação.
resolvesse o problema de base.
Enfim, um rol imenso de problemas que justificam, em parte, a situação a que se
Não há pedagogia, a presença física dos agentes, nos locais e nos momentos chegou.
precisos, dissuasora da maior parte dos abusos, não é regra e tudo se resume a um
“oito ou oitenta” que, por ser sempre ocasional, deixa tudo na mesma até à próxima Vamos ao debate. O assunto toca a todos. Não bastam as boas intenções.
ocasião.

José Carlos Sequeira, Independente


Na caderno IVG Março de 2007

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Os portugueses deram uma resposta positiva à alteração ao Código Penal


e, mais uma vez, cumprimos o que prometemos. A aprovação da nova lei
penal sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez seguindo as melhores
práticas europeias, consagrando uma consulta médica obrigatória, a
IVG disponibilização de toda a informação médica e social e a previsão de um
período de reflexão é o espelho do nosso compromisso com os

Uma promessa de Abril portugueses.

por Ana Catarina Mendes Devemos salientar o amplo consenso atingido no espectro parlamentar e o
esforço, de todos, para a construção de uma lei equilibrada, sensata,
moderada e justa. Mas, é dia de relembrar todas quantas, ao longo destes
vinte e três anos, morreram vítimas de aborto clandestino e todos quantos
Portugal vira, hoje, uma página negra da sua história a do aborto sofreram com as perseguições e investigações criminais. Foi, também, por
clandestino, a da humilhação, a da indignidade, a do medo, a de uma lei estes que esta lei foi alterada.
penal injusta e inadequada.
Portugal começou a mudar no dia 11 de Fevereiro, mas fica, hoje, mais
A vitória do Sim no Referendo resultou do empenho de vários movimentos tolerante, mais justo, mais europeu. A mudança posta em movimento no dia
cívicos que se mobilizaram na defesa de uma sociedade plural, livre e mais 11 culminou hoje, com a aprovação em votação final global da alteração do
respeitadora dos Direitos Humanos, e que merecem, por isso, todos sem art.º 142º do Código Penal.
excepção, um reconhecimento público do nosso apreço assim como o
aplauso pelo trabalho desenvolvido. A partir de hoje, terminará a ameaça de prisão das mulheres e a sua
sujeição ao calvário de um processo judicial, o qual não podia ser a resposta
Os partidos tiveram um papel determinante na mobilização e na justa para o drama vivido por muitas mulheres portuguesas.
consciencialização do grave problema de saúde pública, de desrespeito
pelos Direitos Humanos e de iniquidade penal que vivemos nestes últimos A partir de hoje, serão proporcionadas as condições para fazer acompanhar
vinte e três anos. a decisão de abortar de mecanismos de apoio social, informação e reflexão
da mulher que o pretenda fazer.
O Partido Socialista, como partido responsável, assumiu este combate com
determinação na defesa da alteração da lei penal que nos aproxima dos A partir de hoje, dá-se um passo de gigante para combater o aborto
nossos congéneres europeus. Acima de tudo, quem ganhou foram as clandestino; viabilizando-se uma alternativa legal com garantia de
mulheres e as famílias portuguesas que poderão, agora, recorrer a uma condições de saúde e dignidade para as mulheres, designadamente as
Interrupção Voluntária da Gravidez em condições de saúde dignas. mais frágeis e desprotegidas, nos planos cultural, económico e social.
Cumpriu-se mais um pouco o Princípio da Igualdade de Oportunidades
acesso aos cuidados de saúde para todos. Porque, a partir de hoje, a interrupção voluntária da gravidez quando
realizada até às dez semanas, por opção da mulher, em estabelecimento de
O Partido Socialista honrou o seu compromisso eleitoral realizar um saúde legalmente autorizado, deixará de ser crime. Finalmente!
referendo para mudar a lei penal com o objectivo de acabar com as
perseguições e investigações criminais, com os julgamentos, com as Por coincidência feliz, hoje, 8 de Março de 2007, dia internacional da
condenações. Realizar um Referendo e respeitar o seu resultado, fosse mulher, deu-se um passo de gigante para aperfeiçoar a igualdade inscrita
qual fosse. nas promessas de Abril.

partidos políticos enquanto pólos agregadores por excelência da


participação em democracia , aos movimentos de cidadãos e às
populações.

As diversas leituras que poderemos retirar dos resultados obtidos têm de


ser cuidadosas, sem que se insuflem em demasia nenhum dos
argumentários de interpretação dos mesmos. Parece-me, numa primeira
Referendo, hoje e amanhã… abordagem, que esta vitória referendária foi uma vitória limitada se bem que
com uma tendência mais humanista e ainda europeia. Para esta reflexão,
O Referendo do passado dia 11 de Fevereiro de 2007 não foi vinculativo destaco: uma participação reduzida dos cidadãos eleitores, os resultados
mas ainda assim a Assembleia da República deve fazer cumprir o seu distritais mais hegemónicos do que homogéneos, a escassa diferença de
resultado, deve legislar no sentido da despenalização da Interrupção votos entre os apoiantes do Sim e do Não e um aumento de votos expressos
Voluntária da Gravidez, de um ponto de vista político e atrever-me-ia a dizer em ambos os movimentos (não traduzindo, assim sendo, um crescimento
de doutrina democrática. A decisão sobre a lei que propõe a despenalização exclusivamente directo dos partidários de qualquer um dos lados da
da interrupção voluntária da gravidez até às 10 semanas em questão). Podemos então considerar que temos um país mais progressista
estabelecimento de saúde autorizado terá de ser tomada agora no plano e mais tolerante, depois de 11 de Fevereiro? Pessoalmente tenho mais
político, no círculo dos legisladores. Este ónus legislativo recai perguntas a fazer do que respostas tácitas a dar.
especialmente sobre o Partido Socialista, que detém a maioria absoluta na Pode a afluência às urnas pôr em causa a virtude deste instrumento de
Assembleia da República e assim os votos suficientes para aprovação consulta popular? Será que a consulta referendária, constante da lei da
numa votação final global das propostas que ainda se debatem em sede de Nação reflecte as necessidades e aspirações do país? Se a resposta
comissão. Em termos formais seguir-se-á a decisão do Presidente da estiver comprometida terá então de ser revista, do mesmo modo que
República que poderá vetar ou promulgar a referida lei. desejámos ver revisto o Código Penal pois as suas disposições legais não
De um ponto de vista legítimo, a intrincada tarefa de interpretar os traduziam a urgência do combate à realidade do aborto clandestino.
resultados indicativos caberá à Assembleia da República, e também aos
Março de 2007 10
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(cont.)
Os resultados obtidos no refendo sobre a I.V.G. não deixam de significar, a - Combate efectivo à I.V.G. sem condições e sem acompanhamento,
algum nível, um anseio de mudança social e também de mutação de combatendo a mortalidade e morbilidade feminina;
crenças morais ainda muito alicerçadas na sociedade. Desejo, até porque
- Apoios e incentivos à natalidade que tenham por sustentáculo a harmonia
me parece muito a propósito, deixar-vos uma pérola publicada no jornal
britânico “The Guardian”, relativamente à análise da votação pró- e a qualidade de vida.
despenalização no referendo português: “ (…) votou-se no sentido de
eliminar séculos do domínio moral da Igreja Católica, permitindo agora aos Acredito ainda que a controvérsia espoletada pela pergunta do referendo
governantes a reforma de uma das leis sobre o aborto mais restritivas da transferiu para si grandes questões relativamente à identidade e ao género,
Europa (…) ”. e não pensem os mais distraídos que falo das futuras batalhas sobre as
questões de paridade e de identidade inclusivas! Infelizmente, a questão de
É central, neste enquadramento, abordar a temática do declínio do poderio
moral da Igreja Católica a favor de uma capacidade de decisão cada vez género e de acesso aos mais múltiplos recursos, é uma questão que
mais ética e mais centrada no Estado, ou seja, em todos os cidadãos. A restringe especialmente as mulheres! Esta conquista de direitos para as
evolução social, também ela herdeira desta campanha pela escolha, mulheres não é uma batalha nova, mas uma que dura há séculos e muitos
afiança uma transição civil que se opera a partir de um paradigma mais mais serão necessários até que se atinja um equilíbrio distinto, até porque é
inflexível e doutrinal, no sentido de um mais reflexivo e subliminar.
humanista…esperando que este (s) amanhã (s) sejam cada vez mais hoje.
O presente momento nacional é intensamente fértil para cogitarmos sobre
O referendo trouxe outros contributos essenciais no sentido da expressão e
que conjunto de pessoas somos e o que queremos vir ser enquanto nação.
valorização democrática feminina. No entretanto, já alguns discípulos do
Objectivando, relativamente às questões dos direitos sexuais, reprodutivos
autoritarismo se preparam para os contaminar com prazos de reflexão
e educativos, é imperioso e para ontem:
obrigatórios. Este tipo de atitude traduz uma manifesta tentativa de diminuir
- Educação sexual nas escolas (a coragem política e social sempre foi um
as mulheres na sua capacidade de decisão e fundamentalmente…no seu
entrave a sua implementação);
poder, o poder de poderem decidir sem grilhões numa sociedade ainda
- Planeamento familiar eficaz, efectivo, democrático e universal;
profundamente firmada em valores patriarcais. No entanto existem direitos,
- Acesso livre e de qualidade aos serviços de saúde, física e mental, com o
que não os de índole jurídica, aos quais não renuncio enquanto mulher; o
objectivo último de equilíbrio e felicidade do ser humano.
direito à diferença também é um direito e nada é mais injusto e cego do que
E para amanhã:
tratar do mesmo modo realidades que são diferentes na sua natureza.
- Portugal mais ocidentalizado e solidário no que respeita a direitos
humanos e com uma lei que o traduza, mantendo sempre a liberdade de
decisão da mulher; Paula Peres, Independente

A IVG vista por um médico

A implementação da futura lei da Interrupção Nacional de Saúde (SNS) terá que assegurar A utilização de técnicas farmacológicas tem
Voluntária da Gravidez (IVG) fará concerteza que esta se pode processar em condições de vindo a aumentar ao longo dos últimos anos,
correr muita tinta e suscitará novamente segurança e que existe uma capacidade de constituindo um procedimento médico bastante
bastante controvérsia. resposta em tempo útil. Muitos dos Serviços, eficaz, seguro e aceitável e surgindo como uma
Há questões mais ou menos consensuais como designadamente de Ginecologia/Obstetrícia, já importante alternativa ao aborto cirúrgico.
o necessário período de reflexão (garantia da estão a funcionar no limite das suas A técnica cirúrgica mais indicada para a
ponderação que uma decisão destas tem na capacidades e portante esta questão terá que interromper uma gravidez de primeiro trimestre,
vida de uma mulher) e a necessidade de ser enquadrada e terão que se criar as equipas é a aspiração por vácuo. Se realizada por
implementar uma política de planeamento e designados os profissionais que profissionais treindados, é um método rápido,
familiar acessível a todos e que permita obviar acompanharão a mulher em todo o processo. tem uma eficácia muito elevada e uma taxa de
as potenciais situações de IVG. Uma questão Isto implicará reorganização logística, de complicações baixa, podendo ser realizada em
que também é considerada primordial é a recursos humanos e também do ponto de vista ambulatório, recorrendo a analgésicos ou
criação de programas de promoção da saúde e administrativo os procedimentos deverão ser anestesia local.
educação sexual, acessíveis a todos, levando a agilizados. Contudo tudo o que venha a ser implementado
uma comunidade mais informada dos riscos e Em relação ao método para IVG, existem fica necessariamente dependente da Lei que
as suas consequências. diferentes indicações e protocolos para virá a ser publicada, tudo indica, tendo como
Já no que toca ao aconselhamento há várias interromper a gravidez, quer por método exemplo os vários países cujo enquadramento
posições antagónicas, mas no âmbito da farmacológico quer por método cirúrgico, legal já permite a IVG há alguns anos.
própria consulta para realização da intervenção propondo a Organização Mundial de Saúde
deverão ser avaliados os vários aspectos da (OMS) diversas orientações técnicas para a
saúde da mulher, de forma a que possam ser realização de interrupções médicas da Ricardo Mexia, Independente
acautelados. gravidez, cada uma delas adequadas á idade Médico Interno de Saúde Pública
No que toca á IVG propriamente dita, o Serviço gestacional e a cada caso em particular.
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O Sim na despenalização um sinal de emancipação social


“A banalização do aborto só se explica pela vontade de uma certa
Vanguarda de mudar a sociedade portuguesa (…)” (António Borges i
Revista Visão nº 726)
Embora discordando totalmente da posição de António Borges
relativamente à IVG (relembro que o mesmo é um fervoroso defensor do
não), e ainda tendo que corrigir a citação do mesmo na medida em que se
votou a despenalização e não a banalização, vejo-me compelido a
concordar com parte da sua opinião.
Na verdade, mais do que a mera questão jurídica da despenalização da
IVG, o que realmente se concretizou no seio da sociedade portuguesa foi
um processo de reflexão e de participação cívica sinalizador de uma
mudança de mentalidade dos portugueses relativamente ao exercício da Importa agora iniciar o processo que traduzirá em lei a opinião expressa. É
sua cidadania. de congratular, aliás, a prontidão e rapidez que responsáveis e partidos
Partindo do pressuposto que se pode estabelecer uma certa correlação políticos tiveram assim que foram conhecidos os resultados.
entre os princípios, valores e regras de uma dada sociedade e o seu Aqui há a destacar a responsabilidade acrescida do Partido Socialista na
desenvolvimento socio-económico na actual conjuntura mundial, observa- medida em que ao decidir que devia ser o povo a pronunciar-se e não ele a
se nos países europeus mais vanguardistas em matéria de IVG algum tomar a iniciativa em sede de Assembleia da República comprometeu-se
paralelismo entre o seu enquadramento jurídico e o seu desenvolvimento automaticamente a legislar em tempo útil a vontade que fosse veiculada.
económico. Não obstante a pergunta que foi referendada, existem uma série de
Porém, não é só em matéria de IVG que estes países são vanguardistas. aspectos que precisam ser acautelados e regulamentados. Desde logo os
Também o são em termos de regulamentação das drogas leves, apoios e assistência à gravidez, o período de reflexão, as condições em que
prostituição, transparência fiscal, casamento entre homossexuais, etc., etc. a IVG será realizada, etc., etc. Existe, porém, um aspecto que considero ser
Não quero com isto estabelecer qualquer tipo de relação lógica entre a de crucial importância e que deve merecer especial reflexão neste período
despenalização da IVG até as 10 semanas e a concordância com as que se avizinha. O papel do pai no processo de decisão. Se é verdade que é
soluções destes países para estas questões. O que pretendo sublinhar é a o corpo da mulher que está essencialmente em questão também é verdade
abertura destas sociedades e a afirmação do indivíduo enquanto ser livre e que o feto é fruto de dois progenitores, pelo que importa analisar e reflectir
pensante que não abdica de decidir sobre questões estruturantes do seu sobre os direitos e deveres do pai.
quotidiano. Outro aspecto que considero indissociável desta questão é o Planeamento
Outro aspecto comum a estas sociedades, e talvez mais relacionado com a Familiar. Temos uma lei já de 84 e no entanto pouco mais se conseguiu que
sua afirmação económica, é o pendor liberal que normalmente orienta a umas parcas aulas de educação sexual nas escolas e algumas consultas
maioria. Liberal não no sentido da desregulamentação e da fragilização do de planeamento familiar em Centros de Saúde e Hospitais. Não fosse a
Estado mas sim da transferência de autonomia, responsabilidade e dedicação e interesse de algumas ONG's, profissionais da educação e da
capacidade decisória e interventora para o indivíduo. Aspecto ao qual não saúde e instituições de solidariedade social e o panorama seria ainda mais
será certamente alheia a tradição religiosa desses países, por norma mais negro do que já é. Para quando a aprendizagem dos afectos? Para quando
ortodoxos do que católicos. a sexualidade responsável e informada? Para quando o ensino de pares? É
Foi, portanto, com algum espanto (ou talvez não…) que constatei a que realmente a IVG é apenas o fim da linha. Um fim de linha sempre
adopção de argumentos e posturas contrários à autonomia e à iniciativa doloroso para o qual muitas mulheres são empurradas pela
individual por parte de acérrimos defensores de um modelo económico irresponsabilidade do Estado.
mais liberal e empreendedor (logo, mais capacitador do indivíduo). Ou será Mas, e voltando ao início do artigo, o Estado somos nós. E este referendo
que o modelo que apregoam se assemelha à estratégia que escolheram veio demonstrar que os portugueses desejam estar presentes e fazerem-se
para discutir a IVG? Confundir, obscurecer e deturpar… ouvir nas questões estruturantes. Mesmo com uma abstenção acima dos
Feita a contagem de votos analisemos os argumentos utilizados por uma e 50% o sinal foi claro (para aqueles que utilizam o argumento da abstenção
outra parte, dado que o que havia para influenciar já foi influenciado. Há que para desvalorizar o referendo e tudo aquilo que ele representou relembro a
reflectir agora sobre os argumentos utilizados, na medida em que isso é 2ª candidatura de Jorge Sampaio a PRESIDENTE DA REPÚBLICA).
demonstrativo do respeito que uma e outra parte têm pelos concidadãos. Importa, portanto, tornar a nossa democracia cada vez mais participativa.
Claro está que esta análise jamais será insuspeita, na medida em que Para que todos nós nos responsabilizemos pela saúde das grávidas
sempre defendi o Sim, mas creio que as constatações que farei são portuguesas e seus bebés. Para que a IVG se transforme numa memória
facilmente demonstráveis por processos mais imparciais e neutros. longínqua da nossa cultura civilizacional, erradicada pela prevenção, pela
Enquanto que de um lado tivemos uma campanha essencialmente formação, pela informação e pelo desenvolvimento tecnológico e
centrada nos postulados éticos, morais e biológicos que consubstanciaram económico. Mas sempre, sempre… Despenalizada.
o enquadramento jurídico actualmente vigente e que o referendo
Demonstrou ser necessário mudar, do outro lado tivemos uma campanha Bruno Noronha Gomes
sentimentalista que muitas vezes se socorreu de argumentos
supostamente técnicos que facilmente se demonstraram falaciosos e
deturpados (de todos eles elejo como melhor o da recusa de utilização dos
impostos para pagar as IVG's no Serviço Nacional de Saúde. A fragilidade e
incoerência de tal argumento seria assunto suficiente para um artigo
inteiro).
Março de 2007 12
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Um esforço de racionalidede
No passado dia 11 de Fevereiro, a julgar pelas intervenções de partidos e de ligeiramente num cenário de redução da abstenção. O Sim, pelo outro lado,
movimentos de cidadãos sobre os resultados do referendo à interrupção revelou um movimento contrário, penetrando em parte do eleitorado da
voluntária da gravidez (IVG), dir-se-ia que o país tinha dado um salto Direita e no voto católico, rompendo a anterior barreira geográfica do Tejo,
civilizacional ou em frente, ou para trás, consoante os diferentes ganhando em todo o Sul e quase todo o centro e litoral continental, e
alinhamentos políticos. Emoções daquela noite à parte, interessa analisar aumentando em perto de um milhão o número dos apoiantes da
os argumentos de suporte a esta campanha, os seus resultados e as suas despenalização da IVG. A outra conclusão óbvia é a significativa regressão
inevitáveis repercussões. da influência da Igreja na sociedade portuguesa, mais no domínio das
mentalidades que na área social e política. Isto significa que, apesar da
Duas fortes tendências contraditórias com uma relativa carga emotiva grande pressão e o envolvimento da Igreja e das suas organizações neste
afirmaram-se à partida e condicionaram a maior parte do debate. De um referendo, se conseguiu produzir na mentalidade dos católicos a distinção
lado, a argumentação resvalou para a área da concepção do que é a vida racional entre a opção da IVG em concreto e a liberdade de o efectuar sem
humana, com um uso intensivo de palavras como criança e bebé, constrangimentos, entre a questão moral e religiosa e o problema jurídico.
misturando a noção de vida com a de ser humano. Esta noção absolutista
da ideia de vida obriga a uma escolha emocionada entre o potencial Nos muitos países que desde há cinquenta anos têm vindo a aplicar a
egoísmo da mãe e a protecção do bebé e lança um profundo estigma sobre despenalização e a liberalização do aborto (consoante os graus de
o recurso à IVG. Esta linha de pensamento, embora tenha armadilhas para permissividade legal e apoio estatal), inclusivamente nos que têm hoje uma
o sector do Não (impede uma relativização dos direitos de um conjunto de prática absolutamente consolidada, a introdução das medidas foi
células ou de um embrião face aos direitos de uma mulher e, em última acompanhada pelo surgimento de movimentos de cidadãos (na maioria dos
análise, qualquer possibilidade de recurso à IVG), criou um embaraço para casos com ligação a partidos e organizações religiosas) extremamente
o sector do Sim, que foi obrigado a, num esforço de racionalidade, explicar empenhados e activos, que procuram eliminar a possibilidade de uma IVG
toda a diferença entre um recém-nascido e um ovo fecundado ou uma vida por opção da mulher.
em formação.
Coisa diferente não será de esperar em Portugal, seja nesta matéria ou
Do outro lado, a discussão centrou-se demasiado na questão jurídica, noutras que se relacionem com as questões bioéticas, até porque os
recordando os tristes episódios do julgamento de mulheres pela prática do movimentos assim o prometeram na noite do referendo e já deram provas
aborto clandestino. Evidentemente, centrar o debate neste problema (que é dessa intenção. A recente exigência de incluir na lei um aconselhamento
importante, sem dúvida) é obrigar a controvérsia a uma escolha comovida obrigatório da mulher que se decide pela IVG foi já uma primeira estratégia
entre a mulher-criminosa e a mulher-despenalizada. O embaraço do lado para ganhar na lei o que se perdeu nas votações e espelha a recusa do
do Não foi evidente, com alguns dos seus membros a propor todo o tipo de reconhecimento à mulher da sua autonomia e capacidade de decisão.
alternativas impensáveis, desde a manutenção da lei mas retirando as
condições para a sua aplicação, à aplicação de penas diferentes, mantendo Ora, durante anos, a proibição da IVG e a necessidade de recurso ao aborto
o estigma sobre a IVG. Estratégias de campanha à parte, não me parecem clandestino colocou as mulheres em situações diferentes no que diz
ser estas as questões centrais. respeito à sua saúde sexual e reprodutiva, em função das suas origens e
condições socio-económicas, é sabido. Mas colocou-as também em
Estas duas tendências dominadoras empurraram o debate sobre a IVG posições diferentes no que diz respeito ao efectivo controlo sobre o seu
para fora do tema dos direitos das mulheres, do exercício do domínio sobre corpo e à escolha do momento da sua maternidade. E este aspecto não foi
o seu corpo e a sua sexualidade e a afirmação do princípio do direito de devidamente abordado, por estratégia de campanha e receio da mácula da
escolha da mulher sobre o momento e as condições para a sua acusação de promoção do aborto livre. Era essencial desenvolver esta
maternidade. Estes assuntos, ainda que implícitos no debate e na própria linha de argumentação sem receios, fazendo um esforço de racionalidade
pergunta referendada e sejam centrais em toda esta problemática, foram que procurasse ir além da mera vitória no referendo, antes garantindo a
cautelosamente evitados por quase todos os activistas durante a abertura da mentalidade portuguesa para este tema. Insistindo na
campanha. Esta ausência, poderão alguns dizer, auxiliou a vitória do Sim, despenalização jurídica ou na mera preocupação com a fragilidade social
por ser um tema considerado polémico e menos mobilizador, mas trará de algumas mulheres, não valorizamos as mulheres como ser consciente e
inevitavelmente dificuldades à manutenção da regulação tal como ela foi responsável, capaz de tomar uma decisão desta natureza.
aprovada pelos portugueses.
O estigma que resulta daqui há-de pesar na sociedade portuguesa durante
Na verdade, foram vários os elementos que auxiliaram a vitória do Sim muitos anos, abrindo espaço à inibição se não da prática da IVG a pedido da
neste referendo. Contam-se entre estes a posição mais afirmativa por parte mulher, pelo menos da aceitação social da prática da IVG nessas
do PS e a hesitação do PSD (um cenário exactamente oposto ao de 1998), condições. As recentes iniciativas dos partidários decorrem do espaço
o impacto que os julgamentos de mulheres tiveram na consciência pública, político dado pelo facto de não ter sido travada e ganha uma batalha mais
um aumento do votação e sobretudo da votação urbana e jovem, uma ideológica sobre o papel e a autonomia da mulher na sociedade, por não ter
estratégia de suavização da campanha e de envolvimento dos movimentos sido absolutamente afirmada a sua capacidade de decidir, a sua
cívicos, a entrada em cena dos médicos pelo lado do Sim e a afirmação de responsabilidade individual. Aliviada a consciência pública com o
uma linha de debate centrada na saúde reprodutiva da mulher. afastamento dos julgamentos, a “escolha da mulher” sai ainda condenada.
É por isso que despenalizar a IVG é apenas o primeiro passo. Faltará ainda
Os resultados da votação traduzem também evoluções muito aceitá-la.
interessantes. Por um lado, provocou-se uma espécie de acantonamento
do Não: embora agrupados em vários grupos de cidadãos, a sua área de Bruno Carapinha, Independente
influência ideológica não saiu da esfera da Direita e dos sectores católicos
conservadores, a sua área de influência geográfica resumiu-se apenas ao
norte (Minho), interior norte (Beira Alta, Trás-os-Montes e Alto Douro),
Aveiro e Regiões Autónomas e os seus partidários aumentaram
Na caderno SOCIAL Março de 2007

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> IDOSOS E A CIDADE

Há uma idade na vida em que os anos passam demasiado depressa e os dias são uma
eternidade.
Virginia Wolf

Em Dezembro de 2004, Portugal tinha uma população residente estimada em 10,5, milhões de pessoas,
das quais cerca de 52% era do sexo feminino.
Uma análise da relação de masculinidade, por idades), permite concluir que, não obstante terem
nascido 105,8 indivíduos do sexo masculino, por cada 100 do sexo feminino, a relação se altera
progressivamente, passando a existir, a partir dos 36 anos, menos homens por cada 100 mulheres.
Em 2000, existiam, em Portugal 102,2 idosos (65 ou mais anos) por cada 100 jovens com idades
compreendidas entre os 0 e os 14 anos.
Em 2004, a tendência de envelhecimento da população continua a fazer-se sentir, tendo o índice de
envelhecimento passado de 106,8, no ano anterior, para 108,7.
A análise por regiões permite observar as disparidades regionais: o Alentejo com o maior índice de
envelhecimento (170,4) e a R.A. dos Açores com o menor (62,4).
A esperança de vida à nascença continua a aumentar para ambos os sexos, sendo agora de 74,5 anos,
no caso dos homens e de 81 anos, no caso das mulheres.
Cerca de 71% das famílias residentes em Portugal apresentavam, em 2004, uma dimensão máxima de
três pessoas, contra 70% no ano anterior.
Quando comparado com a situação no ano 2000, este valor representa um aumento de de 2,4 pontos
percentuais, em consequência do aumento do número de famílias compostas por uma (+1,6 p.p.) e duas
pessoas (+ 0,8 p.p.), e da diminuição do nº de famílias com 3 e mais pessoas.

Em África, diz-se, quando morre um ancião, desaparece uma Os velhos sem potencial evolutivo e produtivo, passam a ocupar um plano
biblioteca. Isto lembra-nos o papel crucial que os idosos residual, já que os valores societários estavam centrados nos aspectos
desempenham como intermediários entre o passado, o presente e o económicos.
futuro; a importantíssima linha de comunicação que constituem para Durante o século XIX asa experiências e conhecimento dos mais velhos,
a sociedade. Sem os conhecimentos e a sabedoria dos anciãos, os não constituíam um contributo decisivo para a dinâmica e organização
jovens nunca iriam saber donde vêm ou qual a comunidade em que se social, na era industrial e pós industrial a velhice foi desvalorizada.
inserem.
No Século XX a esperança média de vida duplicou de 40 para cerca de 80
Kofi Annan
anos na maioria dos países desenvolvidos, mantendo-se no entanto mais
baixa nos diferentes países africanos como é o caso paradigmático da
Na antiguidade os velhos desempenhavam um importante papel nas Serra Leoa (38) anos.
sociedades, nomeadamente no valor da continuidade, dos padrões de Na segunda metade do século XX, o papel do idoso foi sendo valorizado,
comportamentos que se repetiam pela força da lembrança e da desta feita não tendo por base só a longevidade mas também a integração e
transmissão à gerações vindouras. valorização da pessoa idosa, como membro activo da sociedade.
O valor da experiência acumulada era um pilar fundamental à A organização Mundial de Saúde criou em 1997 o conceito de
sobrevivência de cada presente e às possibilidades de continuidade no envelhecimento activo que defende a permanência da integração dos
futuro. Os mais velhos assumiam por isso funções de conselheiros, idosos na vida laboral e social
curandeiros, sábios e de feiticeiros, inspirando respeito e tinham um papel Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (1999), existe uma
central na preservação da memória, nas lendas crenças e mitos. reduzida participação das pessoas idosas como membros de organizações
Nas sociedades mais remotas onde não havia ainda o conhecimento da culturais e sociais, tais como, clubes desportivos e recreativos,
escrita, a memória dos sobreviventes ao tempo desempenhava um papel associações de bairro ou partidos políticos registando por isso valores
determinante na transmissão de conhecimentos. pouco significativos, embora mais elevados nos homens. (18,7% contra
Na antiguidade Grega, o sistema gerontócrático reconhecia nos mais 5,2% de mulheres)
velhos a solução para o governo, associando a idade á sabedoria. Dados do I.N.E, indicam que a maioria dos idosos não exerce qualquer
Até ao século XVIII, a associação da sabedoria a uma maior probabilidade actividade sócio-cultural. Cerca de 27% dos homens e 19% das mulheres
de reprodução no tempo, e isto preservava os mais velhos de qualquer tipo frequentam festas populares "algumas vezes" e 12% e 8%,
de discriminação. respectivamente, visitam museus ou exposições.

No final do século XVIII, para o sec.XIX o envelhecimento começou a ser No que respeita a actividades de lazer, a quase totalidade das pessoas
sinónimo de degradação e decadência . mais velhas vê televisão (cerca de 98% de homens e 94% de mulheres), e
fá-lo diariamente (cerca de 89% para ambos os sexos).
A revolução Industrial fez imergir os valores da produtividade e da
exploração da força motora e do consumo. Valorizava-se a inovação, o Dos cerca de 2,3% dos homens e 6,4% das mulheres que não vêem
conhecimento novo e rejeitavam-se as lendas os ritos, tabus e os velhos. televisão, uma pequena parte é porque não gosta, invocando os restantes
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Dos cerca de 2,3% dos homens e 6,4% das mulheres que não vêem À nossa geração caberá descobrir uma forma de aprender com os nossos
televisão, uma pequena parte é porque não gosta, invocando os restantes “velhos” e sobretudo de uma forma responsável e solidária criar condições
razões diversas. de dignidade e respeito para que cada vez mais possamos enriquecer as
Os jornais são lidos sobretudo por homens (quase 50%) contra 23% de trocas intergeracionais.
mulheres. 19,3% dos homens idosos e 8,7% das mulheres, praticam As juntas de freguesia são na sua condição territorial um instrumento muito
actividades como passear a pé andar de bicicleta ou praticar outras útil e eficaz dada a sua proximidade com as populações e na resolução dos
actividades leves, pelo menos 4 horas por semana. problemas concretos das pessoas e no apoio a associações e
A sociedade Portuguesa em geral e os responsáveis políticos em particular colectividades que desenvolvam actividades junto da terceira idade.
estão hoje confrontados com uma realidade social multifacetada e com A criação de estruturas de proximidade que entendam o fenómeno do
questões estruturais que merecem uma abordagem cada vez mais envelhecimento e que criem respostas realmente adequadas às reais
especifica. necessidades da população idosa na cidade, tendo em conta a situação de
A melhoria crescente dos cuidados de saúde e dos avanços científicos, solidão, precariedade económica deverá ser uma prioridade politica
associados ás melhores condições de vida tem aumentado a longevidade, ancorada nos valores da cidadania e solidariedade.
e com isso aumentaram o numero de pessoas idosas que habitam as As iniciativas privadas sob as diferentes formas de associativismo são sem
nossas cidades e vivem no interior do pais nos lugares mais distantes. dúvida fundamentais na abordagem e intervenção junto da população
A vantagem da longevidade e preservação conquistada à ciência, implica idosa. No entanto apesar de se substituírem aos serviços públicos são
também um quadro de responsabilidades que são formais e de natureza muitas vezes confrontadas com dificuldades financeiras e de apoio e
politica na definição de um sistema de segurança e protecção á população supervisão técnica.
idosa. Nesta medida deverão ser dadas condições objectivas para que as juntas
Neste âmbito o programa do actual governo aponta algumas orientações e de freguesias possam desenvolver um trabalho de apoio e supervisão às
medidas dirigidas aos cidadãos de terceira idade. Nomeadamente na diferentes organizações que operam na área da terceira idade, para que
criação espaços de participação activa da população idosa, promoção do possam ser criadas redes de serviços articulados que manifestamente
associativismo desportivo ou de animação cultural, manutenção e eventual defendam a qualidade de vida da população idosa.
reforço do puder aquisitivo das pensões e desburocratização do Não existirá intervenção social de qualidade se não houver a consciência
processamento das mesmas, campanhas de promoção da saúde, da proximidade, e da intervenção integrada com base em parcerias
programas de apoio às instituições, estudo e lançamento de programas institucionais num determinado território, neste contexto a existência de
especiais de assistência à terceira idade nomeadamente de apoio gabinetes do idoso nas diferentes freguesias poderá responder a uma
domiciliário em conjunto com as estruturas locais. necessidade premente de coordenação da intervenção com os diversos
O mérito destas propostas e a expectativa da sua concretização não instituições no terreno.
esgotam a intervenção que é necessário no âmbito da terceira idade na sua Não é possível “pensar” as cidades do sec: XXI, ignorando
complexidade. sistematicamente a constituição do tecido social, apenas respondendo a
Não podemos esquecer as dimensões subjectivas do envelhecimento, a lógicas economicistas e por ciclos eleitorais.
forma como cada qual encara esta fase da vida, a solidão, a angustia, o Aos políticos cabe o papel de entender a multidimencionalidade deste
tempo a saúde e as condições de precariedade económica. fenómeno, evitar as respostas fáceis , pensar relacionalmente e sobretudo
Por outro lado a capacidade criativa, a disponibilidade a sabedoria e ser consciente dos seus deveres de cidadania. A politica não se sobrepõe à
sobretudo os afectos dos avós. responsabilidade, solidariedade e sobretudo à ética.

António José Coelho

telhados da minha Lisboa faz com que um pequeno-almoço à varanda seja


um luxo ao alcance de todos.

Há outra Lisboa que não nos fica na retina. Uma que está repleta de
edificações devolutas e de outras construções indignas da cidade. Outra

Coisas de Lisboa
por André Caldas
Lisboa que trai a primeira e lhe ocupa o seu espaço secular. Não há-que
pensar mais em reabilitar Lisboa, há-que fazê-lo e pronto, há-que
requalificá-la já quanto antes fazendo uma simbiose perfeita entre as
gerações, permitindo que os jovens regressem à habitação no centro da
cidade, trazendo-lhe a vida de que ela carece.
Lisboa, a nossa velhinha Lisboa que parece que sempre existiu, convive
com esta nova Lisboa como se sempre se tivessem conhecido e convivido. Essa outra Lisboa de que falávamos, abandona os mais idosos, deixando-
A nossa Lisboa soube acolher aqueloutra cosmopolita e moderna que os entregues a si mesmos, já esqueceu os passeios de domingo, o barulho
lentamente se foi insinuando pelas suas avenidas, ruas e travessas. Por das crianças a brincar nos parques e o calor do sol que acariciava os velhos
isso, a famosa luz dos dias em que não há nuvens em Lisboa, nunca saiu que jogavam nos jardins. Essa empurra os jovens para longe... A nossa
prejudicada e permitiu um novo êxtase o de contemplar as fachadas dos querida Lisboa acolhe todos: grandes e pequenos, novos e velhos,
edifícios recuperados, tão coloridas e sorridentes. Esta nossa Lisboa está soturnos ou radiantes, diurnos ou noctívagos.
envelhecendo por toda a parte. Está em Alfama, na Madragoa, na Mouraria,
no Castelo, no Bairro Alto, nas Janelas Verdes, a olhar o rio, enfim... Está Tudo o que de tão típico há para conservar e recordar não o é porque ser
onde Cesário Verde via soturnidade e melancolia e onde Eugénio de bonito ou por arrancar um “lovely” ou “beautiful” aos turistas, é-o porque é
Andrade via uma menina descalça, descendo degraus até ao rio. É a Lisboa parte de nós, é a nossa identidade!
de sempre, voltada para o mar e para o mundo.
Há-que preservar a luz de Lisboa afastada dos cinzentos poluidores e
É isto que nos surge no fundo da retina quando pensamos no que gostamos bacilentos, para que se possa reabilitar e requalificar a outra, fazendo dela
da nossa querida cidade. Nas outras cidades há um manto de cinzentismo também nossa e trazendo gente à cidade, toda a gente!
que vem dos escapes dos carros e das chaminés das indústrias. Permitir
isso em Lisboa é tirar-lhe a sua mais deliciosa característica, parte da sua Nos dias em que não há nuvens em Lisboa, que são tantos, sabia bem
identidade. Nos dias em que não há nuvens, a luz que se espalha pelos poder andar a pé!
Na Secção
SecçãodeCOISAS
caderno de
Alvalade
Alvalade
DA VIDA Março de 2007

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> emel, PORQUÊ?


por Diogo Morais,
Independente

No site da Emel podia ler-se há algum tempo atrás (porque na última semana tem estado em actualização) que a missão e objectivo da Emel (e presumo, a
razão de tão funesta existência) passava pela melhoria das condições de vida dos lisboetas e de todos os que visitam a nossa maravilhosa cidade
diariamente. Este objectivo seria alcançado, à primeira vista, através de uma ordenação do espectro rodoviário, no que ao estacionamento diz respeito,
maximizando o fluxo de tráfego na cidade de Lisboa.
Para isso, a Emel encontra-se municiada de instrumentos legais que permitem punir quem não respeite o facto de ser obrigatório contribuir para os cofres da
autarquia sempre que estacionamos uma viatura em Lisboa. Numa primeira fase da sua existência, esta empresa criou parques de estacionamento em
zonas criticas da cidade para que não existissem os conhecidos problemas de mau estacionamento e a tão conhecida “segunda fila” lisboeta. No entanto,
com o tempo, algumas decisões estranhas têm levado ao aumento de preço de alguns parques e o encerramento de pelo menos um, numa zona central da
cidade (Entrecampos).
Olhando com um pouco mais de cuidado é facíl de perceber que a agenda é de facto outra: como a autarquia não consegue resolver os problemas de tráfego
e de estacionamento no município, nada melhor do que utilizar uma solução, ao estilo de um tal George W. Bush (nota: propôs o abate de uma percentagem
muito significativa das arvores nos Estados Unidos da América como solução para o problema dos incêndios), e tornar virtualmente impossível a utilização
do automóvel na cidade de Lisboa. Senão veja-se: o preço dos parquímetros em Lisboa atingiu um valor completamente incomportável para quem tem de se
deslocar para ou na cidade para desenvolver a sua actividade profissional (8 horas de estacionamento = 10€; 22 dias uteis X 10€ = 220€).
Mas a verdade é que em Lisboa, como aliás acontece com grande parte das metrópoles europeias, existe um problema sério de ordenação do
estacionamento. No entanto, em todo este processo, o que de facto fica evidente a cada dia que passa é que os lisboetas estão cansados da acção da Emel,
têm dificuldade em compreender a sua utilidade (que poderá, se bem executada a sua função, levar a melhorias claras na cidade) o que provoca um
decrécimo da qualidade de vida de todos nós, contrariando a própria missão da empresa.
Por último, fico seriamente preocupado com o nível de formação/educação dos agentes fiscalizadores da Emel. Em todos os contactos que tive até este
momento, confesso que a impressão é francamente negativa. Para mais, é evidente que a propalada intenção de aumentar o âmbito de acção destes
agentes os vai equiparar, em muitos campos ligados à fiscalização rodoviária, a agentes das forças de autoridade. A grande diferença faz-se ao nível da
formação. A PSP tem agentes bem treinados para as funções de fiscalização (que a meu ver, nunca deveriam ter saído da sua alçada, com ou sem
parquímetros) e com uma noção clara dos princípios eticos e morais que devem reger uma actividade que interfere, por vezes, com a liberdade dos lisboetas.
Espero pois que nos próximos tempos a Emel se concentre mais na sua missão: melhorar a qualidade de vida dos lisboetas, permitindo uma normal
utilização dos recuros rodoviários, ao invés de se comportar como uma simples fonte de angariação de fundos para o estado e a cãmara.

que o valor da vida não pode ser apreciado em si mesmo, sem considerar as
circunstâncias em que existe. A vida só o é em plenitude e com dignidade
desde que vivida com qualidade.

Isto remete-nos para um confronto fundamental entre quem considera que


a defesa da vida plena, quando assegurada por determinados
mecanismos, é uma cultura de morte. Quem assim entende opõe-se à IVG,
ao casamento dos homossexuais, à eutanásia e à investigação em
embriões humanos e até criminaliza o suicídio. Quem entende que o direito
à vida é tão fundamental que deve ser o verdadeiro poder de decisão
Deus não joga aos dados
por André Caldas
autónoma do indivíduo se vive ou se dá vida compreende a IVG como mais
do que um problema penal ou de saúde pública, mas também como um
exercício de livre escolha, entende e respeita o suicídio como decisão limite
de quem vive de forma dramática, observa o casamento ou outro tipo de
No recente referendo sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez lançou- união dos homossexuais como a expressão do amor entre duas pessoas
se uma discussão sobre a vida e o respeito que uns e outros têm por ela. coincidentemente do mesmo sexo, exulta sobre o potencial da investigação
Chegou a haver quem sugerisse que a esquerda confundia uma em embriões humanos, objecto de vida constituenda, como dádiva àqueles
determinada evolução civilizacional da autonomia do indivíduo com uma que padecem em vida consituída e compreende a eutanásia dos que
cultura de morte. sofrem, sem esperança visível vinda da ciência, como escolha derradeira
de luta contra sofrimentos insuportáveis.
Essa cultura de morte incluiria o agendamento de questões futuras sobre o
casamento dos homossexuais incapazes de procriar sobre a eutanásia e O que parece estranho é que sendo tudo matérias do foro íntimo e
sobre a investigação com embriões humanos. individual, tenha de haver ingerência de todos na vida de cada um. A ética é,
por definição, individual. Daí difere da moral e do direito.
Alguém decidiu que a inteligentsia deveria manter as discussões em ética,
especialmente as da bioética, no âmbito do conservadorismo radical. Estas são discussões sobre a vida, não são sobre a morte. São discussões
a ter em sociedades abertas e tranquilas sobre o seu poder intelectual e de
Ora, aquilo que o progressimo impõe é que se considere a autonomia do decisão. Não são questões fracturantes, são questões civilizacionais.
indíviduo como valor fundamental ao qual só se oporá a autonomia do outro
indivíduo, a beneficência, a não-maleficência e a justiça. Estes quatro Não tenho sobre elas nenhum tipo de opiniões fechadas. Sei contudo que
princípios norteiam a discussão em bioética desde a sua fundação pecado e crime são entes diferentes e é por aí que caminha o meu
enquanto área autónoma do pensamento. Nesse sentido, podemos inferir pensamento e continuará a caminhar porque espero que sobre estas
matérias eu nunca tire conclusões e percorra um caminho de saber.
Na Secção
SecçãodeNOTAS
caderno de
Alvalade
Alvalade
SOLTAS Março de 2007

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> A OPA não acabou


por Rui Mano,

Muito já foi escrito sobre a OPA da SonaeCom sobre a PT desde de que foi mercado funcionar ou, se pelo contrário iria intervir. Foi dada uma resposta
lançada em início de Fevereiro do ano passado. Sabemos que a Sonae não cabal. Os direitos da Golden Share não foram exercidos e o Estado
conseguiu alcançar os seus objectivos, isso é certo, mas provocou um absteve-se na votação para a desblindagem dos estatutos da PT. Ninguém
verdadeiro terramoto na empresa de telecomunicações nacional. compreenderia uma intervenção diferente dado o discurso de incentivo ao
Nada será como dantes em 4 aspectos fundamentais. investimento privado, nacional e estrangeiro, em Portugal. O Governo sai
1. O governo da PT. Vejamos, um dos grandes argumentos que a Sonae reforçado deste processo.
apresentou foi o de que conseguiria gerir melhor a PT do que a 4. E finalmente o posicionamento do maior accionista da PT, a Telefónica. A
Administração de então. Como tal oferecia um prémio significativo face à Telefónica não tinha disponibilidade para lançar uma oferta sobre a PT
cotação da altura. De facto, a prova de que o argumento era válido foi dada depois da sua compra bem sucedida da O2 inglesa por cerca de 26 mil
pela Administração da PT. Não aquela que estava mas a que veio. Henrique milhões de euros. Assim apontava “apenas” para o Brasil. A Sonae
Granadeiro demonstrou, desde o início do seu mandato, uma grande provavelmente iria vender os 50% que a PT detém na VIVO, com base no
vontade de mudar a PT, de torná-la mais competitiva e atractiva para os fraco retorno desse investimento. Agora o futuro é incerto. A Administração
investidores. Daqui resultaram um conjunto de propostas mais inovadoras da PT sente-se desconfortável com a Telefónica e provavelmente irá
ao nível da oferta e restritivas da estrutura de custos operacionais da PT. romper a aliança estratégica entre os dois gigantes (um mais do que o
Nunca saberemos se o CEO da PT o fez porque tinha o fantasma da OPA a outro) ibéricos. A Telefónica não deverá desistir facilmente. A VIVO
pairar sobre a sua cabeça mas de facto era possível fazer bem melhor do continuará a ser partilhada, e aí as coisas poderão não correr bem. Quem
que a anterior Administração da PT. A Sonae tinha razão e foi Granadeiro sabe se quando recuperar a solidez financeira, a Telefónica não poderá ela
que o demonstrou (se cumprir o que anunciou). própria lançar uma OPA hostil sobre a PT; o caminho está aberto. Talvez
2. A separação da rede de cabo e cobre. A Sonae soube desde sempre que nesse momento o Estado já nem tenha a Golden Share (amplamente
um dos remédios impostos para a aprovação desta operação seria a criticada por instâncias europeias). Agora, o problema era um grupo
separação das duas redes, incentivando uma maior concorrência no sector português vender uma parte da PT à Telecom espanhola, vejamos o que
das telecomunicações em Portugal. Vendo o diferencial de preços que acontece. A Telefónica poderá tornar-se num dos grandes beneficiados a
existe para o resto da Europa, pode inferir-se que a concorrência por cá tem prazo desta OPA.
sido muito limitada. Mas agora, mesmo depois da OPA ter fracassado, a A OPA teve impactos positivos que serão duradouros. A PT será uma
separação das redes deverá efectivar-se, colocando a rede de cabo a empresa mais competitiva com uma Administração menos despesista e
concorrer com a de cobre na oferta de serviços de televisão, telefonia fixa e mais respeitadora dos accionistas, os milhares de accionistas valorizaram
internet. Mais uma vez não sabemos se tal teria acontecido num mundo o seu património, o Estado mostrou responsabilidade e os milhões de
sem OPA à PT, mas o facto é que a PT até então tinha-se sempre recusado consumidores portugueses vão pagar menos pelas suas comunicações. O
a fazê-lo; podemos amitir que, pelo menos, tentaria adiá-lo por mais futuro esclarecerá quais as ambições da Telefónica para a PT.
tempo… Ganham os consumidores e as empresas que terão um dos seus Do outro lado, a Sonae “pagou” €40M para ter razão e os trabalhadores da
custos (é certo não dos mais representativos) diminuídos. PT vão sentir a pressão competitiva aumentar, à semelhança dos
3. A posição do Governo. Subsistia a dúvida se o Governo deixaria o trabalhadores de qualquer outra empresa portuguesa.

Desejo tanto que respeitem a minha liberdade que sou incapaz de não respeitar a dos outros

Sagan , Françoise

Quando iniciámos o projecto político que se apresentou a eleições na nossa Secção em Fevereiro de 2006, considerámos que podíamos fazer melhor que os
camaradas que nos antecederam, que podíamos criar no PS-Alvalade uma relação política que assentasse no militante, em todos nós camaradas. Hoje,
decorridos doze meses, desde que tomámos posse percebemos que tudo está diferente em Alvalade, existe comunicação diária através dos email´s que
vos levam as notícias de cada dia, existem documentos, textos, intervenções de diferentes personalidades da política e da sociedade civil, que diariamente
cruzam os muitos socialistas da nossa Secção através de um política de comunicação que encetámos. Mas também existe debate, muito mais debate,
reuniões, temas e oradores diferentes, convívio, jantares, passeios por Lisboa, um site com um domínio próprio em www.psalvalade.eu e uma newsletter, o
“Notícias de Alvalade”, tudo em nome de um compromisso que assumimos, “O PODER AOS MILITANTES”.
Hoje, a Secção de Alvalade é reconhecidamente uma Secção que sabe fazer política, que acompanhou as mudanças tecnológicas e que as sabe utilizar em
prol dos militantes, em benefício de uma saudável camaradagem. Não é fácil ser-se diferente, inovar, estabelecer compromissos, num PS-Lisboa que não
entende a diversidade como uma aposta de futuro, como um exemplo de capacidade de liderança. A liberdade meus caros amigos e camaradas, foi
conquistada por vós e merece ser usada.
Secção
Secção
dede
Alvalade
Alvalade Março de 2007 17
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> Políticos de tenra idade


agentes moduladores da sociedade

por Fernando Arrobas da Silva,

Com o 25 de Abril abriram-se novos caminhos e alargaram-se horizontes.


Abril de 1974 trouxe a possibilidade de se explorarem novas liberdades. É certo que os estudantes de hoje também não querem ser os
Alguns partidos políticos emergiram da clandestinidade a que estavam desempregados de amanhã e, como tal, com a competição verificada a
confinados e outros simplesmente brotaram da vontade de marcar a cada passo, quantas vezes os actos de cidadania são e terão de ser
diferença em termos ideológicos. subalternizados. Cumprir os pergaminhos de Bolonha torna-se aqui
impreterível, quando refere a valorização extracurricular.
Hoje, numa época em que a maioria das pessoas revela indiferença pelos Não só se deve criar e dinamizar instâncias governamentais e universitárias
assuntos políticos (as vezes sem noção que tudo é política), é tempo de como se deve pretender promover a interacção directa entre os recém-
serem os jovens, os maiores potenciais agentes moduladores da licenciados e o mercado de trabalho, através de pesquisas, recolhas e
sociedade, a assumir uma participação activa e séria. divulgação das ofertas de emprego, estágios e cursos de formação,
Provenientes do associativismo estudantil, de organizações não- transmitindo essa informação a todos os interessados ou candidatos a uma
governamentais, dos núcleos ou das juventudes partidárias, são alguns os primeira experiência profissional e tal só se consegue mantendo o
que já participam. Contudo, são também muitos os adormecidos. ordenamento de emprego, isto é, alertando todos os estudantes, desde o
início do percurso académico, para a realidade do mercado de emprego,
Num momento em que se vivem tempos complicados no Ensino Português promovendo condições para que possam exercer funções para as quais
e em que a evolução do país, no que respeita ao conhecimento e adquirirão aptidões.
crescimento individual e colectivo, deve ter como desígnio a formação
cívica, e grande parte desta ganha-se no panorama vivencial e de Mas, antes da chegada ao Ensino Superior, é que deve ser feita uma
escolástica, os jovens/estudantes estão a despertar. No entanto, ainda é verdadeira e séria ponderação entre o que o país carece e o que as pessoas
necessário um maior envolvimento dos jovens/estudantes em todos os ambicionam ter como profissão.
níveis de decisão. Este envolvimento deve, portanto, não só ser permitido, Todo o Sistema de Ensino deve ser dinamizado face às novas realidades.
como aliás, efectivamente encorajado, através da disponibilização de Não se pode conceber um Ensino Superior que não interfira no Ensino
meios necessários para uma participação constante e preparada e todas as Secundário, que por sua vez não interfira no Ensino Básico.
Instituições que para tal contribuam serão vistas como escolas de A existência de uma escada de crescimento bem definida, com profundos
cidadania. momentos de reflexão nos momentos de transição, deve ser um ponto de
honra e que deve ser valorizado.
De 1987 até hoje as matérias de política educativa desenvolveram-se. É um facto que a administração das Instituições de Ensino e Instituições
Hoje, para além da definição e planeamento do sistema educativo, da responsáveis por tutelar o Ensino não devem ser compatíveis com a
gestão das universidades e escolas, do acesso ao ensino superior, da acomodação, o funcionalismo ou a incompetência. É um facto também que
acção social escolar, dos planos de estudos, reestruturação de cursos, por vezes o são. E uma coerente exigência estudantil, em todas as idades
graus de formação e habilitações, há que considerar a importância da (em alguns, através dos pais), é o primeiro passo para o impedir, pois maior
emissão de parecer aquando do processo de elaboração de legislação envolvimento acarreta consigo maior responsabilidade e respeito de uns
sobre ensino no domínio da avaliação de instituições e cursos, da para outros.
acreditação de cursos, da criação do espaço europeu de ensino superior e Porém, essa exigência estudantil só estará apta quando estiver completa
matérias dessa criação decorrentes. uma real democratização do sistema educativo: quando, na defesa do
interesse que ainda se afirma ser comum, se investir mais nas escolas, nas
Um inquérito europeu já revelou que existe uma rampa crescente de pessoas e na sua formação e quando existir a obrigação ética de transmitir
influência estudantil nos governos de Ensino Superior. o conhecimento adquirido enquanto dirigente pois à lei da vida é que
Actualmente, em Portugal, formalmente e juridicamente, a participação competirá a renovação que determina que as novas gerações ocupem os
estudantil está “aberta”, mas, decorrente da nossa cultura democrática mal lugares que eram de outrem, outrora.
aplicada, não são delegadas aos estudantes quaisquer tipos de funções e
envolvimento nas matérias específicas, nunca assumindo
verdadeiramente qualquer tipo de função nos órgãos.
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Alvalade
Alvalade Março de 2007 18
Edição 02. > www.psalvalade.eu

> Novas formas de associativismo dos cidadãos


por Pedro Lagido

Diversas facetas da vida quotidiana dos residentes da cidade de Lisboa estão a ser fortemente afectadas e não encontram cabal resposta por parte das
autoridades aos diversos níveis, autarquias, polícias, etc. Os aspectos que saliento são a qualidade do espaço público e a segurança.
A qualidade do espaço público é fortemente afectada pela pressão enorme para rentabilizar espaços e realizar receitas por parte da Câmara e também por
deficientes comportamentos cívicos por parte dos cidadãos no que diz respeito ao estacionamento de viaturas, higiene urbana e danificação dos
equipamentos públicos. Esta situação manifesta-se com uma tal dinâmica que não se observam respostas adequadas por parte das Juntas de Freguesia e
da Câmara Municipal.
Por outro lado a complexa situação social e económica da região de Lisboa tem vindo a evidenciar uma ocorrência crescente de criminalidade e que não
obstante os esforços da P.S.P. não tem sido possível mais do que manter um certo nível de controlo.
Estes problemas não são exclusivos de Lisboa mas manifestam-se em todas as grandes cidades dos países mais evoluídos e a resposta que se está a gerar
é a de uma participação mais intensa dos cidadãos, organizadamente, em associações com uma componente de pressão reivindicativa em relação às
autoridades mas também com uma componente de partenariado com as autarquias e outras entidades envolvidas nestes aspectos. A atitude dos cidadãos
tem de ser exigência, envolvimento e cooperação. A actuação das autoridades em parceria com os cidadãos organizados é a resposta que se prevê com
muito maior eficiência para os problemas da vida da cidade.
O aspecto especial da criminalidade que é um fenómeno que está presente na vida diária da cidade exige da parte dos cidadãos medidas preventivas
adequadas. Aqui as referidas associações de cidadãos podem ter um papel fundamental na recomendação de boas práticas de segurança, na formação, na
prevenção, na informação e na cooperação com a PSP. Um dos aspectos mais importantes é o da informação acerca das ocorrências de carácter
delinquente que se observam para se monitorar a evolução e se estabelecerem padrões de actuação dos delinquentes. É preciso colher o máximo de
informação mesmo que esta não permita resolver casos concretos acontecidos de imediato. As vítimas de assaltos ou outros actos delinquentes devem ter a
preocupação de memorizar o máximo de detalhes para a informação policial.
Estas são algumas das áreas em que as associações de moradores tem um importante papel a desempenhar.

> Jardinices
por Rui Moreira

Desde tenra idade, sempre ouvi dizer “É Carnaval, ninguém leva a mal”. Pois nesta senhor não quer dizer é que a Madeira já atingiu um patamar de crescimento com
época de folia, o País foi presenteado com mais uma travessura do senhor Alberto um rendimento per capita que faz com que já não esteja incluída nas regiões
João Jardim (e utilizo senhor pois sempre achei divertido a maneira como ele desfavorecidas e que implica a perda de fundos comunitários. Quem tem tanto
utilizou esta terminologia para o senhor Pinto de Sousa, o senhor Santos e o dinheiro para gastar em fogo de artifício, também tem dinheiro para aplicá-lo em
senhor Silva, este último muito bem recebido na última vez que esteve na Madeira, algo concreto para o bem-estar do povo madeirense.
pensando o senhor Jardim que o companheiro iria ajuda-lo na luta contra o Os ecos que chegam da Madeira não são de pessoas furiosas pelo que está a
perverso Governo do Continente que quer é ver a Madeira na miséria). acontecer; pelo contrário, entendem o enquadramento da Nova Lei de Finanças
Imaginem lá que o senhor Jardim demitiu-se e nem esperou pelo 1 de Abril. Sente- Regionais face à situação do País, de tal forma que a vida continuou normalíssima
se enganado pelos pelintras do Governo do Continente pois numa altura de após o anúncio de demissão do senhor Jardim. Foram evidentes os sinais de
contenção orçamental, pensava que não ia ter que contribuir para o desígnio crescente maturidade política nas última eleições regionais e legislativas por parte
nacional. Desta forma, o Marítimo já não vai ter um estádio novo e se calhar o dos Madeirenses e ao fim de 30 anos, já começam a não ligar às partidas de
Diário da Madeira já não vai poder receber os 5 milhões de Euros para continuar a Carnaval do seu maior folião. O que a mim me preocupa e está em causa nas
ser um orgão de comunicação independente. Isto sem falar das mais variadas próximas eleições regionais não é a legitimidade democrática do senhor Jardim,
obras que vão ter de ser canceladas pelos construtores civis, esses beneméritos do mas sim a maturidade e responsabilidade política dos madeirenses.
desenvolvimento insular.O pobre senhor já não tem condições para governar, pois Todos os Portugueses já ouviram falar ou já viram as pressões que existem sobre o
segundo ouvi dizer, que na Madeira, as maiorias absolutas só funcionam a partir eleitorado madeirense. Há duas situações que nunca me vou esquecer acerca da
dos 60%. Zangado e traído pelo amigo senhor Silva (o mesmo que ele sempre Madeira: uma, é a reportagem da Visão em que conta uma história do Vice-
falou mal e a princípio não queria apoiar para Presidente da República), prepara a Presidente do PSD-Madeira, o senhor Jaime Ramos, que num restaurante agride
Jihad contra os Infiéis, empurrando a Madeira para umas eleições antecipadas, um ex-membro do Governo Regional que saiu em rotura e a respectivamente
com o desígnio que estão a roubar os Madeirenses, povo acolhedor e hospitaleiro e mulher; e segunda, uma madeirense, colega minha de faculdade, que me contou
que isto não têm nada a ver com uma vingança por ter tido os piores resultados de que estava inscrita no PSD porque na Madeira não havia outra maneira de arranjar
sempre nas últimas legislativas e regionais nos seus 30 anos de mandato e 7 emprego, mas que a votar punha sempre a cruz no PS. Não estou à espera duma
reeleições. Mais ainda, diz agora que vai ser uma revolução democrática sem surpresa na Madeira, mas era por demais importante um sinal daquela bela região
armas! A poncha é forte para aqueles lados… para o resto do País, um sinal que o País está unido no combate ao défice
Deixando de lado a ironia, é no mínimo vergonhoso a maneira escabrosa que o orçamental e concentrado na luta por um desenvolvimento sustentável; um sinal
senhor Jardim ameaça as Instituições Democráticas ao longo dos anos, protegido que a democracia começa a crescer e as pessoas já não aplaudem a demagogia e
pelo silêncio dos líderes do PSD sob pena de perder os seus delegados e votos e a “peixeirada” e sabem separar o trigo do joio; um sinal de esperança ao país no
agora venha quase tornar banal a utilização do escrutínio universal, pois o dito qual não se recompensam máquina montadas para privilegiar uns poucos e reprimir
senhor não quer apertar o cinto e ajudar o resto do País a combater o défice das muitos.
finanças públicas (e que tanto a Região Autónoma da Madeira contribui). O que o
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Alvalade Março de 2007 19
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> Notas SOLTAS


por Paulo Ferreira

Há poucas semanas quando me preparava para ver o Telejornal da RTP1, a cadeiras na administração publica…”, esta ultima noticia um pouco mais
melhor informação da televisão portuguesa em canal aberto na minha antiga. No dia seguinte o resultado da mesma busca era menos
modesta opinião, reparei numas imagens curiosas mas surpreendentes, interessante e bem mais triste…
um grupo não muito numeroso mas bastante ruidoso de trabalhadores da
PT, legitimamente preocupados com o desfecho da OPA, termo tão em - Recentemente fui cortar o cabelo ao meu barbeiro do costume,
moda que já merecia uma linha de merchandising, aplaudia curiosamente o mesmo que corta o cabelo ao Presidente da nossa
fervorosamente o Sr. Joe Berardo, um representante do Grupo Espírito Autarquia.,tendo inclusive foto e recorte de jornal a prová-lo, ocorreu-me
Santo e, obviamente, o presidente do conselho de administração, Dr. finalmente uma coisa em que Carmona Rodrigues tem razão e diz a
Henrique Granadeiro. verdade, é mesmo muito o bom o barbeiro em causa. Nada mau para 2 anos
Acerca do último, apraz-me apenas dizer que fez um excelente trabalho, de mandato…
preocupa-me o retardar do spin off da PT Multimédia, a incerteza sobre a
celeridade, ou não, da separação do negócio da rede fixa de cabo do - Nesse mesmo dia em que, como de costume, cortei o cabelo a olhar para
negócio da rede fixa de cobre, e a alienação do negócio desta ultima, para um recorte de jornal onde o meu barbeiro diz ser ele quem corta o cabelo do
proporcionar finalmente alguma concorrência a sério que beneficie os Presidente da CML há 40 anos, fui à procura duma loja dedicada a material
consumidores no negócio dos serviços Tri-Band, por exemplo, e o que desportivo de Rugby e dei de caras com um pequeno autocolante que dizia
acontecerá aos títulos da PT após o pagamento de tão avultados “Carmona Rodrigues, Lisboa para Todos”!
dividendos aos accionistas, mas merece o benefício da dúvida. Parecia perseguição mas afinal era apenas uma coincidência que serviu
Acerca do “interesse nacional” do grupo BES num “projecto português” para para me chamar a atenção de que bons programas não ganham eleições,
a PT, não convence muito esse argumento num excelente grupo Manuel Maria Carrilho, bons presidentes nem sempre se reelegem, João
empresarial português, muito bem gerido e que tem sabido adaptar-se à Soares, basta afinal sorrir, mentir e dizer que não se é politico profissional
evolução do mercado nacional e internacional, parece um discurso pouco que depois se tem carta branca para desbaratar a já fragilizada saúde
consistente, do género Movimento Portugal. financeira da CML e livre - transito para toda a espécie de malfeitorias com o
Agora Joe Berardo entusiasticamente recebido, isso surpreendeu-me, sector da construção e da promoção imobiliária.
ainda mais do que os cerca de 4,5 milhões de euros de mais valia potencial
que a Fundação Joe Berardo, Instituição Particular de Solidariedade Social, -Um dia destes recebi uma chamada de um amigo, que trabalha na Av. 5 de
realizou com a aquisição, a escassos dias do desfecho da OPA, de 1 189 Outubro, alertando-me para uma mega operação da EMEL e da Policia
000 acções da Pt Multimédia. Municipal que se dedicou a multar e a rebocar o mar de veículos mal
Não sei se seria este o motivo do entusiasmo à porta da Assembleia Geral estacionados que diariamente atrapalham a circulação pedonal e
da PT, mas da minha parte merece um honesto louvor pela inteligência rodoviária nessa avenida.
demonstrada. Se a medida faz sentido, e a Vereadora Marina Ferreira bem precisa da
Tendo em conta especialmente as duvidas suscitadas pela Administração publicidade para suceder a Carmona Rodrigues, na Av. 5 de Outubro
da PT em relação ao futuro imediato, às consequências da crispação do também faz sentido a Câmara Municipal realizar acções a montante e a
discurso, por exemplo entre instituições portuguesas e espanholas e jusante do problema do estacionamento.
especialmente devido aos objectivos e até às necessidades do Grupo Ou se cobra uma taxa por veículo à entrada da capital ou se constroem mais
Sonae, eu diria que as noticias da morte desta opa são manifestamente
estacionamentos, deixar como está e fingir que se trabalha com acções de
exageradas…
propaganda é que não!
-Num dia destes, em que decorreu uma sessão de Câmara que suscitou Para quem , como eu, circula todos os dias na Av. Almirante Reis, deve ser
alguma polémica, lembrei-me de efectuar uma busca no Google, “dança irresistível desejar uma acçãozinha dessas também, ou o Código da
das cadeiras”, o resultado foi “…bispo auxiliar do porto vai para o Estrada não se aplica a quem estaciona do lado esquerdo da via entre o
Funchal…”, “dança de cadeiras no Correio da Manhã e no Diário de Martim Moniz e a Praça do Chile?
Noticias…”, “dança de cadeiras na Refer e na CP…” e “…a dança das

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Secção de Alvalade

JANTAR TERTÚLIA
Mário Lino

28
Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações

de
Março Restaurante Passarola (SNPVAC) Av. Gago Coutinho, n.º 90, Lisboa
2 0 h 0 0 Reservas: M ari a O tíl i a (TLM . 914 607 278) Antóni o M i guel (TLM . 965 072 132)
G uedes Vaz (TLM . 914 55 6 969) Paul a G ui m arães (TLM . 969 060 810)
(17.00 € ) M anuel a Cabeç adas (TLM . 967 083 357)
UMA SECÇÃO DE MILITANTES

ESCLARECIMENTO
Lisboa, 18 de Março de 2007.

Cara Camarada, Caro Camarada,

No seguimento da carta enviada pelo actual presidente da Concelhia do PS-Lisboa, Miguel Coelho, aos militantes da Secção de Alvalade, recebida no dia 15
de Março, colocou-se ao Secretariado o dilema de maçar, ou não, os camaradas com esta questão tão desapropriada e tão pouco produtiva para a afirmação
do Partido Socialista na sociedade lisboeta.

Concluímos que a carta não podia ficar sem resposta, pelas falsidades que alega e que nos cumpre por isso esclarecer:

1. A verdade é que o camarada presidente da Concelhia convocou por carta todos os militantes da Secção de Alvalade, para uma reunião
conjunta com a Secção da Almirante Reis, que decorreu no passado dia 2 de Fevereiro, pelas 21h30, tendo o secretariado da nossa Secção colaborado
com a divulgação enviando email´s e sms's a anunciar o referido encontro;

2. A verdade é que o presidente da Concelhia agendou várias reuniões conjuntas com outras secções e a nossa não foi excepção;

3. A verdade é que o camarada Miguel Coelho, não reagiu positivamente ao facto de apenas terem comparecido 3 militantes da nossa Secção,
tendo eu, sido um deles;

4. A verdade é que cada militante da Secção de Alvalade participa nas reuniões que considera relevantes e com interesse, razão pela qual as nossas
reuniões têm tido a participação de mais de 100 militantes (300 militantes nas últimas 4 sessões).

À Secção de Alvalade nunca ocorreria dizer ao secretariado da Concelhia que reuniões ou debates deve organizar, lamentamos que o contrário não seja
verdade. O secretariado da concelhia tem toda a legitimidade para marcar as reuniões que quer, onde quer e com quem quer. Não pode é querer mandar no
secretariado da Secção de Alvalade.

Estamos tranquilos. Há debates, liberdade de expressão e pluralidade ideias em Alvalade. O que estranhamos, é que a referida carta repleta de falsidades,
chegou aos militantes de Alvalade, na manhã seguinte ao debate promovido pela Secção com o “número 2” do actual secretariado da Concelhia e indicado
pelo Camarada Miguel Coelho, como o coordenador da vereação na CML, Dias Baptista.

Na nossa Secção não há facciosismo, manipulações ou omissão de informação sobre nada, muito menos no trabalho e nas reuniões que desenvolvemos ao
serviço de todos.

Na Secção de Alvalade ninguém diz aos militantes quem podem ou não criticar, cada um exprime a sua opinião livremente. É assim que funciona a Secção de
Alvalade e lamentamos se houver alguém no PS que tenha outro procedimento.

É por isso que não percebemos a lógica de condenar e tentar intimidar as opiniões críticas. O secretariado da Secção também recebe críticas e acha que é
assim que o PS o partido mais livre de Portugal, o partido que com Mário Soares instaurou a liberdade em Portugal deve funcionar.

Não percebemos também a necessidade de neste domingo, dia 18 de Março, o camarada Miguel Coelho, através do email lisboa.ps@gmail.com, ter
enviado a muitos militantes do PS Lisboa um email com a carta dirigida aos militantes de Alvalade a reboque dum convite para participar numa actividade do
Centro de História Contemporânea e Relações Internacionais e de uma Rádio de Lisboa, na qual o camarada Miguel coelho foi convidado como orador.

Se a actividade para a qual o camarada Miguel coelho foi convidado nos merece crédito e apreço, estranhamos a divulgação da carta dirigida aos militantes
de Alvalade, onde se marca uma reunião em Alvalade, para tratar de uma questão sobre actividades desenvolvidas na Secção de... Alvalade, no mesmo
suporte de divulgação.

Cremos que a divulgação desta resposta através da mesma mailing list e do mesmo email servirá para resolver este lapso.

Esperamos que este episódio seja apenas um lamentável equívoco e nada mais. Pela nossa parte estamos cá para trabalhar, com todos os Camaradas,
pelo PS e por Lisboa.

Neste sentido, vimos convidá-la (o), Camarada, para participar no Jantar/Tertúlia que terá como orador o nosso estimado amigo e Camarada Mário Lino,
Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, no dia 28 de Março, pelas 20h00, no restaurante “Passarola”, sito à Avenida Almirante Gago
Coutinho, n.º 90, conforme o convite em anexo.

Contamos consigo, com o seu apoio e participação neste espaço político de debate e crítica que é a marca maior da nossa Secção e do nosso PS.

Apresento-lhe as minhas cordiais saudações socialistas.

Um abraço amigo e fraterno do,

Miguel Teixeira
(Secretário-coordenador)

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