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Fernao Pessoa Ramos Sou caboquinho comurn com sangue no olho ‘Com édio na vei, soldado de morro Feio esperto com uma cara de mal A seciedade me criow mais um marginal Eu tenho uma ‘nove e uma ‘hk? Com dio na veis pronto paca atirar MV Bil, 1 jue chamamos pov, espago do oairo que ‘o mesma de classe. A imagem do pen & um trago recorrente no docu- ‘mentirio brasileiro contemporineo. Nos ‘marcos seria Ria, 40 gras, de Nelson Pere ),parcela significa- tiva da produgto brasileira sila em torno da tematica da representagio do do adquire, com o passar dos anos, uma coloragéo exasperada: um misto de eterno retorno nietzschiano com seu correlato distante, mas faz do diretor sua equipe, seu a alteridade popular, sempre enquanto alteridade, aparece em doc rineos. Nosso horizonte € a representagio do popular nos nos, dentro de uma mostra considerada representati- em extremos de rendimen- fa, Uma sociedade que traz ‘em sua estrutura o peso da clivagem radical do passado escravocrata, ex- presso por mecanismos distintos de diferenciagio de classe. Cor da pele, ‘expressio fisiondmica, capacidade de articulago e linguagem, dominio da lingua escrita,além de indicadores sociais de rendimento, educagio, mora- dia, acesso a saneamento, etc. definem tragos particulares que, com certa har hone Re Fo campo de uma alteridade social, minamos pws. A aleridade tem por recimento da vor direta da periferia”. Como 0 sacifencien ni base aos objetivo do programa, é de supor que a medio da Chie ‘ial d cultura popula lo devaseretendida como intinci gue nunca mas ago prximo da tranparécia aso, ou dia do > curso. A midia Globo/programa Central da Perifria seria diger pelo discurso diets da comunidade no controle da veiculagao/enunciagio ograma, permitindo a expansio da espontaneidade da Titdta em si, 20 mesmo tempo que flexiona o discurso na a Na realidade, ea epi de manifesto com om de asixo-ainado ave cerca. langamento do programa, exemplifca a ncesidade que sen cmissra de uma chancel diferencia pra ralgar sue posture em pro de um poplar no meditrado, Pormalando em tom ric, poder mos dizer que a representagio do popular, na mica eb porta mieg “horror Flo” ea “dlcia Case, Em ambos ent embutide a deologia da epresso deta de um em poplas como se sus cxprenio ie ara além da marcagio do diseurso que o elabora e da midia q : va representacio, Fan: menines do trifce e Central da Perf ar venta o choque © solugio, com um recibo de desculpas, pelo fate de Oren ane Rees poo ogarenra iia conergntee A ‘opular criminalizado, carregada de horror e culpa. Seria este ensaio o relato de uma tendéncia forte do cinema izar no passado? a Na representagio da alteridade que estamos chamando de popular, cost ima-se tomar liberdades que no tomamos a0 representarmos o mesmo de classe. Apesar do desejo de cumplicidade com o ottre popula, transparece ‘em nosso cinema uma forma de estar sem-ceriménia. terfstica de uma classe que domina hi dda figura do outro. Na terminadas iberdades entes pri a8 condiges de enunciagio lidade, nos sentimos a vontade para tomar de- gens do popular que, se fosem imagens de ‘como de mau gosto. E no espago da liberdade fem relagio a imagem (¢ a palavra) de otrem que se constitu a distancia nna qual cresce a imagem cruel, imagem do horror, ou, no seu pressenti- ‘mento, a tentativa de fugir dela. A imagem-cimera intensa é uma imagem dificil de ser trabalhada que deve ser artculada em narrativa com cuidado, através de procedimentosestilsticos que interajam dinamicamente com sta intensidade. A questi ética estd muito préxima, envolvendo a posigéo e a fruigdo do espectador. Susan Sontag, André Bazin, Serge Daney, Roland Barthes, Bll Nichols, Vivian Sobchack sio riticos sensiveis intensidade ‘lizando, em contextos distintos, otermo porngrifio Para caracteri2é-la* O que é a imagem pormgrdficalobscena para esses aui- tores? Umra imagem na qual o estilo, a arte, €impossivel. O peso excessive do gro de realidade na imagem-cimera intensa tem o dom de deixé-la com pés de chuenbo. Seria a imagem do popular criminalizado uma ima gem pornogrfica? Seria a distancia da alteridade para com o eure popular (Gistncia entre nis cineastas/espectadorese outrem) responsive pela falta de pudor de alguns documentirios recentes ao representar aspectos sr didos da vida popular? © mesmo miserabilismo, a mesma pornografia da intensidade, seria possivel em um documentério sobre 0s aspectos sérdidos dda vida cotidiana do mesmo de classe média? Os cadiveres seriam fotogra fados da mesma maneira, com a mesma desenvoltura e descompostura, professores, relagio a image é raro encontrarmos, mocimera carregada de ntesidade po ro dos termos que 0 a sia nilogo no documentirio nacional recen ando, Trata-se sempre da representagio de um na estampa das imagens de Filed no Fantistco, seja na veiculagio, no Jornal Nacional, da imagem-cmera de um preso popular, ow um carcereiro su ygado a pois gps eas Sty ‘mural, Chsordo wm corp de cco sia See cece west ag lados norte-americanos no I sta Tim Lopes no Brasil), os cuidados na representacio e a indigna- ‘fo sto de outra natureza, 'Nosso ponto€ quea clivagem social brasileira abre eam igus a age lnc bee, NERO 0 corpo dilacerado, ou o ser humano em €.0 corpo do onto, do onto popular. Trat-se Sncia e, mais do que na distancia, na de imagem que se configura na distancia e, ; aleiade “Onde eat os corps, CNN™,bradvam algumas chaps reprodusidas em campas universitrios brasileios, durante os eventos de de setembro de idor de se para a sem= (Os corpos talvez aio possam ser figurados por sr a intensidade do horror, pudor que € configurado cexatamente na proximidade daquilo que provoca a pudicicia, Pudor que 0 ‘mesmo jornalismo global nio possui ao figurar os corpos do oui palestino is 0 auirn palestino & nosso outro populas, © a © horror pode ser realizada livremente no espago da disténcia social. O outraprpudar,paraa classe médla brasileira, & to oure quanto @ é paraa classe méia norte-americana, social brasileira Kibera se inflig, na forma de culpa, 2 quem se destins a imagem: snasina de clase. A imagem do popular eriminalizado, através da depu rato do horror da piedade, esté destinada a provocar angistiae culpa no espectador, le seus marcos, a partir de tragos foleléricos, encontra-se em obras de Humberto Mauro na série Brasiliana, produzida pelo Ince (Insti. to Nacional do Cinema Educativo) nos anos 1940/1950, Paricularmente em Cantos de iraatho, 1955, podemes ver a ode a0 corpo e &atvidade do trabalhador de origem humilde, dando com a enxada, o pili, a penera, fo martel os anos 1960, a representacio do popular explode no cinema nacional, com Enfise nos documentirios produzidos por Thomaz Farkas (ja nos médias-metragens, dentro da esilistca do cinema verdade, reu- nidos no longa Brasil werdade, seja nos curtas, com veio mais folelérico, eA condgdo brasera). Aina na primeira metade da década, a imagem < popular aparece também com forga nos documentiicsinicais da ge- Imes como Maioria absoluta (em que ouvimios, Pela primeira vez, a fala popular no cinema brasileiro), Inegraglo racial ‘Qualquer anilse global da deve ser realizada com medi dacultura popular que to recortada para mos- precérias de vida da racdo (tanto na ficgio — respiramos esse ar em Cinco veces favely 1962, por exemplo ~ como no dacumentirio), mas produz fortes conseqiéncias, numa espécie de mé consiéncia do cineasta de classe médlia que perdura durante décadas. O percurso de Geraldo Sarno, entre visto do candom- ca inicio em wm terreira Gage-Nas, 1976, ivo do abandono da visio da cultura popular como alienada, do mesmo modo que figura a trajetéria reflesiva do critco Jean-Claude Bernardet, entre os dilemas normativos de Brasi a necesséria para um cinema popular) 1 incorpora o ponto de fuga da posicio subjetiva moderna, recuando para abrir o espago refleneo. Ponto dle fuga que logo acha seu ponto étimo no alvo desconstrutivo, conforme o 80, no entanto, lace nos tltimos dea anos, a exaltagio da cultura popu- lar passa a conviver com uma nova sensbilidade do ore popular, marcada pela representacio do mierabiloma e expres pelo que vero chamando de ao se trata, como ji foi dito anteriormente, de x pobres excluidas da pox polagio, na realidade, sio vistas a partir de um prisma herdico, em fungio de sua capacidade de sobreviver ne

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