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Meu nwo Mei irl A Cous trues do soste So Rul: Ade lo C078 rs pom Aunac EGG wick. A mos A Trindade Tropical A trindade colonial da corte joanina tornou-se o sustenticulo da es- piritualidade e do divertimento social, da moral e dos costumes corte- sios, das necessidades ¢ das possibilidades do gosto no Brasil. Um era diferente do outro, mas viveram como num sistema de trocas culturais, como numa simbiose necessiria em culturas mestigas e pouco defini- das. Em termos de gosto e de comportamento, cada um representara © que de mais forte existia na Corte tropical. Marcos Antonio Portugal foi o representante do est 10, embora tivesse nascido portugues; Sigismund Neukomm foi o dlassicismo vienense, embora do muito tempo na Franga; José Mauricio foi a tinica possibilidade eo ossivel resultado tropical, embora nunca tivesse saido do Rio de Janei- ro, Em termos gerais, foram os trés compositores de maior popularida- de da sociedade carioca, foram os que mais prestigio tiveram junto ao principe e a Familia Real. Atenderam as fung6es cortesis ¢ rel compuseram modinhas, missas, peras, obras sinfonicas e cameristicas, estiveram nos saraus, nas serenatas € nas ocasiGes mais solenes. A ins- talasao da corte no Brasil criou, para estes trés compositores, situagSes sociais ao mesmo tempo favoraveis no nivel do status e desagradaveis, no sentido das hierarquias e da atividade profissional. A vinda de Sigismund Neukomm ¢ a presenga de Marcos Portugel ‘transformaram 0 cendrio musical do Rio de Janeiro em todos os sentidos. les trouxeram o drama italiano, asimetria classica e reforgaram ocompor 235 . Mesmo insistindo nos dominios de Apolo, conviveram com © mundo dionisiaco da coléni Mauricio nunca saiu daqui, ‘mas absorveu o drama italiano ¢ 0 eq) cléssico, pode ainda obser- var as priticas musicais de Marcos Portugal e de Sigismund Neukomm na corte, ¢ as de seus conterrineos nas ruas, O carioca José Mauricio Nu- nes Garcia nasceu em 1767 ¢ morreu no Rio de Janeiro em 1830, Mulato, Pobre ¢ miisico, viveu numa sociedade preconceituosa em tudo. Foi as. sim que escreveu o filho de José Mauricio, 0 doutor José Mauricio Nunes Garcia Jnior. Numa nota autobiogrética de sew filho, o Dr. José Mauricio Nunes Garcia hiinior, uma das evidéncias de preconceito racial da socie- dade colonial ¢ exposta: “Meus avés maternos eram o mestre de campo Apolinario Jost Nunes, nascido na cidade de Campos dos Goitacazes, e de sua esposa [Victoria Maria da Cruz], natural de Vila Rica, hoje cidade de Ouro Preto, da Provincia de Minas Gerais, ambos mulatos claros e de abelos finos e soltos como muita gente que se diz branca, e que s6 por {sso julgou poder esmagar-me”'. Muito embora a queixa do filho de José Mauricio contra o preconesito racial faca referéncias aos pais do padre- mestre, nao é dificil pensar que 0 misico da corte também tenha softido com os problemas da cor e da raga. Mas José Mauricio adquiriu dois in- gredientes bisicos para atenuar o preconceito racial: ser padre e mmisico, ‘Um dos filhos seguiu a carreira da medicina, o que também dava certo Prestigio ¢ um status na sociedade colonial. Entretanto, pode-se dizer de um prestigio moderado, pois ambos continuaram com a cor escura € foram um mulato miisico da corte e um médico também mulato na sociedade fluminense. iho de um mestre-de-campo, José Mauricio foi matriculado em au- las de primeiras letras. A sua formagio musical, assim como a da maioria dos miisicos do Brasil colonial, é desconhecida, muito embora Moreira de Azevedo tenha sugerido que a sua mie o tenha matriculado numa aula de intisica de tal Salvador José. O Salvador José citado por Moreirade Azevedo €mencionado por Alfredo d'Escragnole Taunay como “um dos continua- dores das boas tradigbes" deixadas pelos jesultas. Francisco Curt Lange menciona também 0 nome de Salvador José como regente contratado pela 7» Ot Francisco Curt Lange & José Mauricio Nunes Garcia Jinor, “Apoatamentos Biogrios em Estudos Mauricanos, Rio de Janezo, Penarte, 398, p15 (gifo nosso), 236. A consraucho De gosto irmandade de Sao José do Rio de Janeiro entre 1785 e 1784", Esse mesmo Moreira de Azevedo, nem tio préximo dos tempos de José Mauricio como © fora Porto-Alegre, fez um apaixonado relato biogrifico quarenta e um. anos depois da morte do compositor: Nas solenesfestvidades religiosa dos tempos de El-rei,via-se no coro da igreja catedral, um homem de fronteerguids, cheio de inspirasio egénio dirigindo mmeroca ‘onguestra; era um artista insprado que escrevia poemas de harmon, eentusiastnava 4s turbas que ouviam-no; e este homem predestinado na fente de uma orquestra, em ‘uma festa rea, enchendo de emortes a0 re, 208 cortesfos, 20 cere 30 povo que absor- tos ouviam-no e admiravam a harmonia, os sons meladiosos de sua misica dvina, ¢ ¢sse artista cujs hinos impressionavam a um anditério numeroso e davam is festas da igreja 0 maior atrativo e encanto, aprendera consigo mesmo s6 a arte que professava, ‘ou antes, Deus tha revelara; ¢ esse misico que a multidgo ouvia com pasmo, sfogando 10 frenesi do aplanso os mais candentes sons de seus hinos era 0 padte José Mattricio ‘anes Gare Entretanto, aparecem outras referéncias sobre o ensino de misica € os Provaveis mestres de José Mauricio: Manoel da Silva Rosa, José Joaquim Emiético Lobo de Mesquita ¢, nas palavras de Luis Heitor Correia de Aze- vedo, ¢ possivel ainda que o gosto desenvolvido para a misica possa ter surgido de suas atividades em coro de criangas‘. Manuel de Aratjo Por- to-Alegre, contemporaneo e admirador, destaca que José Mauricio mani- festou, “desde a mais tenra infancia, uma “inteira vocagio pela misica”: “Tinha uma belissima voz, cantava admiravelmente, improvisava melodias ¢ tocava viola e cravo sem jamais ter aprendido, Muitas veres assombrou 0s homens profissionais, no s6 com os seus improvisos e reflexdes, como 2 Manuel Duarte Moreira de Azevedo, 0 Rio de laniro ¢ sua Hite, Rio de fanciro,Garmien, 3871p. 33; Alfredo dEscragnolle Tanay, Uma Grande Gliria Braileve: Jest Matriio Nu. ‘ies Gari, a0 Paulo, Melhoramentos, 1930; Francisco Cart Lange, "A Atvidade Musical na Igreja de Sto José do Rio de Janein’ Latin American Muste Review, Asti, (2): 01-232, Fall Win, 198, 5+ Manuel Duarte Moreira de Azevedh,“Biografia dos Brasileiros lustres por Armas, Letrss, Virtudes, et: Padre José Mauricio Nunes Garcia Revises do Instituto Hisrica e Geogico ‘ase, Rio de Janeiro, BL. Garnier, 28(% part}: 293,871. ls Hetor Correia de Azevedo, iso Anos de Miisica no Bras, Rio de Jncev, José Okmpio, 1956, p32 0 conta com Lobo de Mesquita foi uma reagfo provivel,considerando que ©

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