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do presente: questes
de dramaturgia
Jos Da Costa *
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nuclear da teatralidade. Mas o prprio efei to desterritorializante da forma e da representa o dramt ica, pe lo exc esso e pel a
pardia, bem como pelo jogo com o fal so, necessita, para se
efetivar, de manter em perspectiva a forma e os pro cedimentos
tradicionais da escrita dramtica.
Meu intuito aqui foi o de esboar brevemente a dinmica
tensa que caracteriza, a meu ver, o texto teatral contemporneo,
que conjuga ce rtos elos de continuidade em relao s tradies
da forma dramtica e determinados modos de ruptura mais ou
menos radicais com essas mesmas tradies, Gostaria, concluindo essas observaes, de men cionar outro exemplo, o texto O
animal do tempo, do dramaturgo fran cs Valere !,!ovarina. Na
encenao carioca (2007) do texto, traduzido por Angela Leit e
Lopes e dirigido por An tonio Guedes, o que vamos era uma
ni ca aI riz, Ana Kfouri, pronunciando um solilquio, em um
espao fi ccional muito pou co determinado, fosse pelas falas da
intrpre te, fosse pela ce nografia, e que evitava qualquer caracteriza o factual ou an edtica do lugar. Mas se podia perceber, por
meio de referncias verbais esparsas, que se tratava do devaneio
solitrio de uma personagem que vagueava entre os tmulos
de um ce mitrio, enquanto lia as inscries dos epitfios. Aparentemente, O animal do tempo no tem qualq uer trao que o
caracterize como um texto prop riamente te atral, considerando
a referncia dramtica ortodoxa. No h dilogos, no h contraposio de vontades ou vises de mundo, no h um episdio
dramtico definido e dot ad o de dinamismo in terno autnomo.
Porm, essa percep o, por um lado acertada, pode levar a eITO,
se assumida de forma monoltica. Ao examinar o texto publicado
no Brasil , o le itor se depara com a seguinte frase in icial: "um
homem caminh a por entre os tmulos" . A orao tem valor
presc ritivo. Funci ona corno rubrica ou didasclia e define a
radi cal conce ntrao situacional, recortando o espao e o tempo
e estabe lecendo um episdio nico, dado pela perambulao
no cemitrio, episdio dotado de ce rto dinamismo motor, ainda
que no da dinmica dramtica tradicional. Lembre-se que ~
concentrao e a sntese so tpicos fundamentais do drama. E
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