Resumo Teérico 2 —- Fundamentos do Controle de Processos.
1, Introdugio.
Um processo quimico é constituido por um conjunto de operagées fisicas ¢
quimicas realizadas em equipamentos especiais (reatores, filtros,
condensadores, etc.), interligados de modo a produzir um produto (saida) a
partir de matérias-primas (entrada). Para essa conversio geralmente é
necessério a adi¢ao ou remogao de energia. O diagrama abaixo representa um
proceso quimico
enorgia
matéria-prima ———s| processo quimico | 5 _ produto
entrada saida
A eficiéncia do processo ¢ 0 parametro que mede 0 quao satisfatéria foi a
conversio de matérias-primas em produtos por um dado processo quimico. A
eficiéncia do processo pode ser descrita em fungao de dois fatores: (1) a
qualidade do produto e (2) a taxa de produgao. Para que se tenha uma
eficiéncia de processo satisfatdria é necessario se controlar os valores de
algumas varidveis do proceso. As varidveis do processo sao parametros que
indicam 0 estado do processo em um dado instante, tais como: vaz‘io de
alimentagao e descarga, temperatura, presso, composigao, etc.
Durante a operagiio de um processo as variéveis do proceso esto sujeitas a
pertubagées. Estas pertubagées sao alteragées nas varidveis do processo que
fazem o processo sair de um estado desejavel de operagao para um outro
estado indesejavel.
0 objetivo do controle de processos é manter as variaveis de proceso dentro
dos limites especificados em projeto de modo a se obter uma eficiéncia
satisfatoria do processo2. Malhas de controle.
A agao de controle é implementada instalando-se nos equipamentos que
realizam 0 processo as malhas de controle. As malhas de controle sao
constituidas de dispositivos eletrénicos e eletro-mecAnicos que fornecem
meios externos para controlar 0 comportamento das variaveis de processo €
compensar os efeitos das pertubagdes. Com isso 0 processo pode permanecer
por um perfodo de tempo mais longo quanto possivel em um estado desejavel
com os valores das varidveis de processo dentro dos limites especificados em
projeto. O diagrama abaixo representa uma malha de controle:
(———> ¥ariével mmnipulads
|
cictema coatcolader provesso fe ——pestubaio
op set-point —o
variavel aontralada,
sistema de medida
varinvel medida
O funcionamento de uma malha de controle pode ser descrito como se segue:
(1) inicialmente, a variavel de processo é mensurada por meio de um sensor
acoplado a um sistema de medidas;
(2) em seguida, o valor medido é comparado com um valor desejavel,
especificado em projeto (set-point);
(3)como resultado dessa comparagio é gerado um erro que sera usado pelo
sistema controlador que envia um sinal para um dispositivo fisico quemanipula a variavel de processo, reajustando seu valor para 0 valor
desejado.
3, Simulagio digital de processos quimicos.
O projeto de uma malha de controle envolve a escolha dos componentes da
malha (tipo e caracteristicas) ¢ a escolha da estratégia de controle. Para 0
projeto de uma malha de controle é necessario se ter a previsdio do
comportamento dindmico das varidveis do processo. Isso pode ser levado a
efeito através da simulacao digital do processo. A simulago descreve
através de equagdes matematicas 0 comportamento dindmico do proceso, isto
é, como as variaveis de processo variam com o tempo. Esse procedimento leva
ao problema de se resolver sistemas de equages diferenciais algébricas que
descrevem o processo. Isso ¢ realizado através de métodos numéricos que
implementam essas equagdes em computadores digitais. Podemos dividir as
etapas da simulagio em
(1) modelagem matematica — onde 0 proceso é descrito por equagées
contendo termos que representam o balango de massa e/ou energia do
sistema;
(2) solugiio numérica das equages;
(3) comparagaio dos resultados com respostas experimentais do processo;
(4) modificagao do modelo por incluso de novas equagSes ou termos nas
equages de forma a se obter uma melhor aproximagao com os resultados
experimentais.
4. Tipos de pertubagio no proceso.
Pode-se descrever as variagdes nas variaveis de entrada no processo através de
equag6es analiticas simples e conhecidas. Os principais tipos de pertubagio
sao:
(1)Variagao degrau : variagdo instantdnea da variavel de um valor a outro em
um dado instante de tempo. Podemos cjtar como exemplo um liquido
escoando por uma tubulagio através de uma vilvula V. A vaziio do liquido é
fungao da diferenga de pressao P2 — P; e da abeyfura da valvula determinada
por uma constante CV, . Supondo que em um instante inicial o valor de CV; é
x, para uma vazdo inicial igual a Fo. Em um determinado instante (t = tq),aumentamos a abertura da valvula para CV) = y, y>x. A vazio do liquido
passard, entdo, a ter uma vazdo maior igual a F.
FA
va
D
Pt Pa
F
FA
(2)Variagao rampa: variagio gradual
e linear da variavel. E realizada por
exemplo pela abertura gradual da
valvula V}. O grafico ao lado repre-
senta a variag&o rampa. Fo
1
tq e
8)Variagao senoidal: oscilagao continua da variavel entre os valores
maximo ¢ minimo a uma dada frequéncia. O grifico abaixo representa a
Variagao senoidal.(2) Variagao pulso: variagdo realizada durante um intervalo de tempo
determinado apés 0 qual a variével retorna ao seu valor original.
tq: tqz t
()Variagao aleatoria : ocorre de forma aleatéria em torno de um certo valor
médio,
FH5. Respostas do sistema de controle.
A malha de controle opera de modo que quando ocorre uma pertubagao nas
condig6es de operagao ela atua no sentido de estabilizar 0 processo fazendo-o
retornar ao estado de equilibrio. No entanto, existe sempre a possibilidade de
que a ago de controle aplicada nao faga a variavel controlada voltar
instantaneamente ao valor desejado. Uma agao corretiva em excesso ou a
presenga de atrasos na transmissao de sinais entre os elementos da malha
podem provocar oscilagées indesejiveis. Os critérios basicos para se avaliar a
eficiéncia de um sistema automatico de controle sao estabilidade, precisao e
tempo de resposta. Os requisitos de precisdo e estabilidade so opostos:
quanto maior a precisao requerida, menor é 0 erro que pode ser tolerado e,
para uma resposta rapida, deve-se aumentar a ago corretiva, 0 que por sua
vez, leva a oscilagées indesejaveis. Por outro lado, pouca ago corretiva tende
a provocar uma resposta lenta para a estabilizagao da varidvel controlada.
Dependendo da agao de controle
aplicada podem ser observados 5 tipos
de respostas do sistema: jr
(1) Estével e superamortecida.
(2) Estavel e criticamente
amortecida.(3) Estavel e subamortecida.
(4) Oscilagao continua.
5) Instavel. >—_s,SX%NXS >Uma malha de controle instével (5) provoca aumento gradual e constante no
desvio da variavel controlada, levando a situagao se completo descontrole. A
malha criticamente estavel (4) tem eficiéncia limitada, mas pode ser tolerada
em alguns processos. Os outros 3 casos apresentam uma progressio partindo
de pouca agao de controle (1) até uma ago excessiva de controle (3). Todos
0s 3 casos so aceitdveis, dependendo do processo particular a ser controlado
A resposta superamortecida (1) ni oscila mas requer um tempo muito longo
Para ser aleangado 0 novo equilibrio. A ressposta subamortecida (3) aleanga o
equilibrio em um tempo muito menor mas inicialmente ultrapassa o valor final
com oscilagdes decrescentes até parar. A resposta criticamente amortecida (2)
representa a melhor resposta possivel em termos de tempo para alcangar o
valor final sem ultrapassagem nem oscilagées,
6. Ages de controle.
A ago de controle realizada pelo mecanismo controlador, pode ser
classificada em:
(1) Proporcional.
A agao de controle ¢ proporcional ao valor do erro (e) gerado pela
comparagao entre a varidvel medida (VM) ¢ o valor de referéncia (set-point,
SP). A saida do controlador (P,) e a entrada (Po) esto relacionados pela
expressiio:
P.=Po+K.*e onde e=(SP—VM).
O pardmetro K, € uma constante de prporconalidade ajustavel
representa o ganho do controlador.
(2) Integral.
Aagao de controle ¢ fungao nao s6 da magnitude do erro mas também da
dura¢ao do tempo em que esse erro atua. Ou seja a agaio de controle é
proporcional a integral do erro ao longo do tempo. A saida e entrada do
controlador estiio relacionadas pela expresso:
P=P+F f e(t)dt onde F é uma constante denominada taxa integral.(3) Proporcional-Integral (PD).
No controlador PI usam-se as duas ages (proporcional ¢ jntegral)
simultaneamente. A saida e entrada do controlador estéo relacionadas pela
expressiio:
P.=P4K, ter Feat
(A) Derivative.
No controlador derivativo a agdio de controle é proporcional a taxa de
variagao do erro ao longo do tempo. A entrada e a saida do controlador esto
relacionadas pela expressio:
P.=P+K, ee onde Ky é uma contante ajustavel.
(5) Proporcional-derivativo (PD).
No controlador PD usam-se as agdes proporcional e derivativa de forma
simultdnea. A saida e a entrada do controlador esto relacionadas pela
expressao:
PantKte+k SO
(6) Proporcional-integral-derivativo (PID).
No controlador PID usam-se as 3 agdes de controle combinadas. A saida e
a entrada do controlador estao relacionados pela expressao:
P,=P,+K, ser rt fetpar sk, 27. Estratégias de controle.
Duas principais estratégias séo usadas no projeto de malhas de controle:
(1) Controle de alimentagio preditiva ( Feed-forward).
O controle de alimentagao preditiva utiliza a pertubagao na entrada para
produzir um ajuste nas condigdes do processo. O dispositivo de corregao age
recebendo as medigées das varidveis, fazendo a previsao da corregao
necessaria e alimentando sinais para uma variavel manipulada entrando no
processo. Nao é feita nenhuma comparagao entre o resultado desejado ¢ 0
resultado realmente obtido. Esse fato implica no conhecimento prévio de todas
as caracteristicas do processo ¢ mais especificamente um conhecimento dos
efeitos da pertubago na operagao do processo.
(2) Controle de realimentagao negativa (Feed-back).
O controle de realimentagao negativa usa informagées na saida do
processo para gerar uma agdo corretiva. A agao corretiva ¢ obtida por
comparagao do valor medido da varidvel controlada com um valor de
referéncia (set-point). O controlador gera ento, um sinal que é fungao do erro
obtido desta comparagaio para corrigir a pertubagdo na entrada do processo.
‘A figura abaixo mostra a comparagiio entre as duas estratégias de controle:
alimentacao preditiva
Feedforward
entiad saida
vaveesse
realimentacae negative
— Feed haake
eet-poiat
oontiolade: sP