Sei sulla pagina 1di 42
|AREOBALDO ESPINOLA DE OLVERA LNA FILHO | JOS Ls Ouvena Luna IQuELNE FURRIER | CALA HUNGRIA| RODRIGO DALEACRUA OLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALUACQUA & FURRIER EXCELENTISSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. PACIENTE PRESO Os advogados JOSE LUIS OLIVEIRA LIMA, JAQUELINE FURRIER, RODRIGO DALL’ACQUA e¢ CAMILA TORRES CESAR, inscritos na OAB/SP respectivamente sob os némeros 107.106, 107.626, 174.378 e 247.401, com escritério na Av. Sao Luis, n° 50, ¢j. 322, Consolagéo, na cidade de Sao Paulo, vém perante Vossa Exceléncia, com fundamento no art. 5°, inciso LXVIII, da Constituigdo Federal e arts. 647 ¢ seguintes do Cédigo de Processo Penal, impetrar ordem de HABEAS CORPUS com pedido de liminar em favor de ERTON MEDEIROS FONSECA, brasileiro, engenheiro civil, RG n° 8791225-9 e CPF n° 065.579.318-64, atualmente preso no Complexo Médico Penal em Curitiba (PR), que sofre constrangimento ilegal imposto pelo Exmo. Ministro Teori Zavascki ao homologar termo de colaborago premiada ilegal em favor de Alberto Youssef (peti¢do n° 5244) em desconformidade com o principio do devido processo legal, gerando a produgao de prova ilicita, conforme seré exposto a seguir. @ Av. SAO LUIS, 0-32" ANDAR. CON, $22-FDIFICIO ITALIA] SAO FAULO SP} CEP 0104696 | TEL) 398.6272 | FAX 31386270 | CLIMAHUNGRIABOLIMAKUNGRIAABVR AMEORALDO ESPNOLA DE OLENA LAA Fa | JOSE LOI OLVERA LA MUSLIN FURWIR | Cama HUNCRIA | RODE DALCACOUA 2 ‘Casuta TORRES Cesk | FAIAKASOETERSABTI | ANA CAROLINA MIRANDA COLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALUACQUA & FURRIER ‘VIRORICA CARVALHO Rabi. | Do Ke, 1. DA NECESSIDADE DE LIVRE DISTRIBUICAO. O presente habeas corpus se insurge contra ato do Exmo. Ministro Teori Zavascki, na qualidade de responsavel pela homologagio do termo de colaboraco premiada de Alberto Youssef (peticao n° 5244, doc. 1). O termo de colaboragao premiada, na falta de classificagiio especifica, foi catalogado nessa Colenda Corte como “petic&io”. Um habeas corpus contra ato do Ministro responsavel por ato em “petigtio”, por analogia, deve ser distribuido conforme indica 0 art. 77-D, § 3°, do Regimento Interno deste Egrégio Supremo Tribunal Federal: “O Habeas corpus contra ato praticado em inguérito ou acdo penal em tramite no Tribunal serd distribuido com exclusdo do respectivo Relator”. Ressalte-se que a presente alegacZo possui o tinico Propésito de se evitar possivel redistribuigao do feito, incidente que traria inegavel prejuizo ao Paciente, que esté preso e possui urgéncia na prestagtio jurisdicional, 2. O CABIMENTO DO PRESENTE HABEAS CORPUS. E sabido que esse Egrégio Supremo Tribunal Federal, de forma nfo unanime, entende que nao cabe habeas corpus contra ato de Ministro da propria Corte Porém, ao que tudo indica, o Plendrio desse Supremo Tribunal Federal nunca debateu o tema tendo como pano de fundo os autos de uma homologaco de termo de colaboracio premiada, nos termos da Lei n° 12.850/2013, 0 Ay, SAO WIS. 50°32" ANDAR. CONT, 322+ EDIF(CIO TAU | AO FAULO 8? CEP 01046926 | TEL) 31384272 | FAK 11) 31386070 | OLIMAHUNGRIAGOLIMAHUNGRIAADY.RR |AsEORALDO ESPNOLADE OLVERA LIMA FLO | JOSE LIS UVEIRA Ma PAQURLINE FURIE | CAMILA HUSCRUA| RODRIGO BALZAC 3 {rO¥ARNA Gi20un | ANACAROLINA DE OUVEIRA POWERS {CLA TORRES CESAR | ARN SHTFER SAEATINI | ANA CAROLINA RAR OLIVEIRA LIMA. HUNGRIA, DALUACQUA 6 FURRIER "VERONICA CARVALHO RAAL | DANS Ket Referida Lei prevé que os depoimentos do Colaborador somente serao prestados depois de homologado acordo pelo Poder Judiciério (art. 4°, § 9°). O ato judicial de homologagao do acordo é 0 marco inicial da colaboragdo, devendo o Magistrado, ao analisar o termo, “verificar_sua regularidade, legalidade e voluntariedade” podendo “recusar_homologacio @ proposta que nao atender aos requisitos legais, ou adequd-la ao caso concreto” (art. 4°, § 7° ¢ 8°, Lei n® 12.850/2013, grifos nossos). Evidentemente, a decisao judicial que homologar um termo de colaboragao premiada irregular ¢ ilegal estard violando a Lei n° 12.850/2013 e, prova ilicita, posto que a “delacdo_premiada constitui, pois, elemento de prova”! e “a obtengéo de provas sem a observancia das consequentemente, produzir garantias previstas na ordem constitucional ou em contrariedade ao disposto em normas de procedimento configurard afronta ao principio do processo legal”. A decisdo judicial que homologa o termo de acordo de colaborago premiada possui decisive impacto na liberdade do cidadio, pois, possibilita a produgao de prova no émbito penal. A situagdo € especial porque, por meio de uma decisao monocritica, o Exmo. Ministro responsavel pela homologagao do acordo poderd, como no caso que se pretende submeter a essa Corte, ensejar a produg&o de provas ilicitas. O Paciente, embora atingido pelos efeitos do acordo de delagao ilegal, nfo é parte no termo de colaboragao e, portanto, nao pode manejar recurso, como, por exemplo, 0 agravo regimental. Ainda que isso fosse possivel, a possibilidade teérica de interpor agravo contra a decisao objeto deste writ em nada prejudica 0 cabimento do remédio heroico, posto que o habeas corpus é uma “acdo de importancia maior, revista na Carta da Repiblica”, conforme bem observou o Exmo. Ministro Marco Aurélio: ' STE, HC 90.688-5, Relator Min. RICARDO LEWANDOWSKI, grifamos. ? Curso de Direito Constitucional. Mendes, Gilmar Ferreira e Branco, Paulo Gustavo Gonet. 6* ed. Sao Paulo: Saraiva, 2011, p. 594, grifamas. Av. SKO WS, 50-32" ANDAR CONT, $22- EDIFICIO ITALIA SAO FAULO SP] CEP 01046926 TEL: (3386272 | FAK (51884270 OLIMAHUNGRIAEOLIMAKUNGRIAADVRR G ARSOEALDO FseINOLA DF OLVERA LMA FLO | Jose JAQUEUINE FURRIEE | CasLLA HUNGRA | RODRIGO DALLACOU 4 ‘Canta TORRES CEA | Fan St OLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DAL'ACQUA & FURRIER, YeRONIEA CABLHO RAVAL| DARE KGL “Cuida-se de atividade desenvolvida pelo relator que, segundo 0 impetrante, consubstancia prdtica & margem da ordem juridica. Esse ato, a rigor, poderia até mesmo ser atacado mediante agravo ~ presente 0 cerceio a liberdade de ir ¢ vir na forma direta ou indireta, porquanto ndo se exige que o paciente esteja reso, bastando que 0 contexto possa repercutir na liberdade de ir e vir -, com maior razio, manuseou-se essa acdo, para mim, nobre, de envergadura maior, que é 0 habeas corpus, Dizer-se, simplesmente, que ndo se abrird esse embrulho para Se perceber 0 que tem dentro porquanto 0 ato & intangivel, porque praticado no dmbito do Supremo por relator, seja ele qual for, mostra-se passo demasiadamente largo, Presidente — e Ja disse, neste Plendrio, que os diversos patamares do Judiciério observam todo e qualquer suspiro do Supremo. Assim, esvazia-se, fere-se de morte, a partir da origem do ato, desde que se trate de ato de relator, essa agdo que é constitucional, que é uma agio de importincia maior, prevista na Carta da Reptiblica- 0 habeas corpus.” O Exmo. Ministro Marco Aurélio, dissertando sobre o cabimento do habeas corpus contra ato de Relator, nos alerta que “inegavelmente, hd, acima de cada qual dos integrantes do Tribunal, 0 Colegiado, 0 préprio Plendrio do Supremo’ “Senhor Presidente, a acdo € de envergadura maior, voltada a reservar 0 direito de ir e vir. A tinica exigéncia feita para que ela se mostre cabivel é que se articule ~ simples articulacéo, nada tem a ver com a procedéncia ou nao — causa de pedir que, uma vez confirmada, conduza & coneluséo sobre a ilicitude do ato praticado e que exista érgdo capaz de julgar a impetragao. Um érgdo que, em se tratando de Tribunal, como um grande todo, _se_coloque acima daquele que _praticou 0 ato. * STF, HC 91207, Relator Min, MARCO AURELIO, julgado em 22/10/2009, publicado em DJe-040 DIVULG 04/03/2010 PUBLIC 05/03/2010, grifamos. Av, SKO WS, 0-32" ANDAR CON, 322-EDIFICIO ITALIA | AO FAULO SP CEP 0146-26 | TE (01 31886272 £8 31384070 | OLIMAKUNGRIAEOLINANUNGRIAADYAR, AREORALDO ESFINOLA DE OLIEIRA La FO | JE Luts OLVERA LMA QUEUE FURRIR | CAMILA HUNGAIA| RODRIGO DALEACLN 5 OLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALUACQUA & FURRIER Inegavelmente, hd, acima de cada qual dos integrantes do Tribunal, 0 Colegiado, 0 préprio Plenério do Supremo.” * Em outro julgado, 0 Exmo. Ministro Marco Aurélio prossegue com sua brilhante articulagdo, afirmando que cabe habeas corpus contra ato do Relator nos casos em que os atos decisérios dos Ministros sao “submetidos ao crivo do Colegiado” “O que reclama a legislagéo, a ordem juridica, para ter-se como adequada a impetracdo? Reclama a articulagéo — procedéncia ou ndo diré respeito & concessdo ou ao indeferimento da ordem ~ da prtica de um ato a margem da lei, ou seja, articulagdo de um ato que possa ser enquadrado como ilegal, a alcangar, na via direta ou indireta 0 direito de locomocéo, e a existéncia de érgio capaz de atuar. Indago: 0 relator no inguérito, 0 relator na acéo penal atua com soberania ou ele o faz como porta-voz_do Colegiado, estando os atos respectivos submetidos ao crivo do Colegiado? Aqui_ndo se trata de julgamento, por exemplo, de_uma impetracdio, de um habeas corpus, pela Turma e um segundo habeas corpus a ser examinado pelo Plendrio.” * Ou seja, 0 habeas corpus contra ato de Ministro responsavel pela homologacao do acordo de colaboragdo premiada nfo fere a organicidade dessa Corte, muito pelo contririo, restabelece 0 rumo natural em um érgao colegiado: as decisées isoladas do Relator devem passar necessariamente pelo crivo do Plendrio. Conforme bem expde 0 Exmo. Ministro Marco Aurélio, 0 habeas corpus somente nao seria cabivel se houvesse “impetracdo contra acérdao de drgdo fracionado da Corte, que, em iiltima andlise, é 0 proprio Tribunal, ou seja, Turma do Supremo’®, Por outro lado, a suspensfo de ato de um integrante do Tribunal ¢ perfeitamente possivel mediante anélise do Colegiado. * STF, HC 86548, Relator Min, CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 16/10/2008, DJe-241 DIVULG 18-12-2008 PUBLIC 19-12-2008 EMENT VOL-02346-03 PP-00729 ‘STF, HC 91207, Relator Min. MARCO AURELIO, julgado em 22/10/2009, publicado em Dle-040 DIVULG 04/03/2010 PUBLIC 05/03/2010, grifamos). ® STF, HC 91207, Relator Min, MARCO AURELIO, julgado em 22/10/2009, publicado em DJe-040 DIVULG 04/03/2010 PUBLIC 05/03/2010, erifamos, Av, SAO LUIS. 50-32" ANDAR CON, 322 EDIFICIO TALIA SO PAULO - P| CEP 0104695 TEL 3198072 | FAK 31384270 | OLIMAHUNGRIABOLIMAHUNGRIAADV.8R |AREOBALDO ESPINOLA DE OLVRA LMA FO | JOSE ots OUR LN JAQUeUNE FURELER | CALLA HUNGRLA | RODRIGO DALEACOLA 6 (Cia TORRES CISA | FLAG SCHEFER Sasi | ANA CAROLINA MIRANDA COLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALUACQUA & FURRIER Venonsca CuvALHO RWAL| Danie, KIONEL Como argumento derradeiro e definitivo, o Exmo. Ministro Dias Toffoli observa que a Constituicio Federal prevé o cabimento de habeas corpus contra ato de Ministro do Supremo Tribunal Federal: “Eu, monocraticamente, tenho adotado a posigdéo do Plendrio. ‘Mas, trazendo o Ministro Marco Aurélio 0 tema ao Plenério, eu gostaria de fazer uma ponderaciio com os Colegas: dispée a alinea d do inciso I do 102 que compete ao Supremo Tribunal Federal julgar habeas corpus em que o paciente seja uma daquelas figuras que tém a prerrogativa de foro. Diz a alinea d: "Art. 102 - Compete ao Supremo Tribunal Federal, Brecipuamente, a guarda da Constituicao, cabendo-the: L-processar e julgar, originariamente: (. @) 0 habeas corpus. sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alineas anteriores (..)" Eu nao desconhego a jurisprudéncia firmada num precedente anterior da Corte, mas, em raztio da competéneia estabelecida na alinea d do inciso I do art. 102, e estando agora no Colegiado para deliberar, eu acompanho o Relator quanto ao conhecimento e, no mérito, quanto ao indeferimento.”? Em acréscimo, vale res: tar que o Paciente no exerce cargo publico que justifique a competéncia desse Colendo Supremo Tribunal Federal. Todavia, por opcZo do Ministério Péblico, 0 termo de colaboragio premiada de Alberto Youssef, utilizado para acusar_ pessoas ou sem prerrogativa de foro, foi submetido & homologacao dessa Corte Suprema. Nessas circunstncias, impedir que o Paciente possua 0 direito a0 habeas corpus € atentar diretamente contra 0 art. 102, I, “d”, da Constituigdo Federal e, mais amplamente, significa tolhé-lo de manejar 0 habeas corpus em seu favor para questionar a decisiio que homologou a produgao da prova por meio da colaborag&o premiada. a 7 STF, HC 107325, Relator Min. MARCO AURELIO, julgado em 01/03/2012, publicado em PROCESSO ELETRONICO DJe-105 DIVULG 29/05/2012 PUBLIC 35/05/2012, grifamos. AV, SAO LUI, 50-32" ANDAR CON, 322- EDIFICIO ITALIA SAO FAULO SP | CEP 0104-926 TEL) 3R66272 | FX) 31982270 | OLIMAHUNGRIABOLIMAKLNGRIAADVR Fsrinovs D¢ OLVERA Ln FLO | Jost Ls Ouvena tae QyeLne FURIE | CAMULA HUNGRIA | RODRIOO DALIACOUA 7 [SIOvARINA GABOLA | ANA CAROLINA DE OUNERA MOVER COLIVEIRA LIMA. HUNGRIA, DALU'ACQUA & FURRIER VERONICA CARVALHO RAL | DANIEL KEGEL Diante do exposto, considerando que a Stimula 606 do Colendo Supremo Tribunal Federal (“nao cabe ‘habeas corpus’ origindrio para 0 tribunal pleno de deciséo de turma, ou do plensirio, proferida em ‘habeas corpus’ ou no respectivo recurso”) nao deve ser aplicada no caso presente, requer-se seja conhecido o presente writ por essa Egrégia Corte Suprema. 3. UM BREVE HISTORICO DO CASO. Serio expostas breves consideragdes sobre 0 caso, apenas no intuito de demonstrar a relagdo entre o Paciente, que responde preso a um dos processos decorrentes da “Operactio Lava Jato”, e 0 ilegal acordo de colaboragiio premiada celebrado pelo Estado com Alberto Youssef. © Paciente Erton Medeiros Fonseca esté_preso preventivamente desde 14.11.1 Sua suposta participagao nos fatos criminosos est atrelada 4 palavra de delatores, dentre os quais Alberto Youssef que em suas declaragées, tentou vinculi-lo aos delitos em tese praticados em detrimento da Petrobras (doc. 2). O Ministério Pablico Federal ofereceu dentincia em face de Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa, Waldomiro de Oliveira, 0 Paciente e outros integrantes da empresa Galvao Engenharia S/A, alegando a pritica dos delitos de organizacao criminosa, corrupeao ativa, corrupgaio passiva, lavagem de dinheiro € uso de documento falso (doc. 3). A dentincia faz uso de declaragdes de Alberto Youssef para afirmar a participagao da empresa Galvao Engenharia $/A no suposto esquema criminoso ¢ novamente para vincular 0 Paciente as agdes do chamado “Clube das Empreiteiras”. O Parquet afirma, por exemplo, que Erton Medeiros Fonseca “c) reunia-se diretamente com ALBERTO YOUSSEF, quando oferecia e prometia, por seu intermédio, vantagens indevidas a PAULO ROBERTO COSTA, assim como acordava os meios adequados para a operacionalizacito dos respectivos pagamentos e para ocultar e dissimular os valores provenientes das praticas | OUMAHUNGRIASOUIMAHUNGRIAADY.ER criminosas”, tomando por referéncia alegagdes do corréu delator (doc. 3). ‘AY, SKO LUI, 0-32" ANDAR CONY, 322+ EDIFICIO ITALIA SAO FAULO P| CEP 0146-96 | TEL) 3384272 FAX: 33 |AREOEALDO ESPINOLA DE OLVERA LMA FO | JOSE Les OUVERA LN Tange FURLEE | CANLLA HUNGRLA | RODRIGO Date NCAA 8 ‘Cesta Tonnes CHS | FRAGA SCHEFER SATIN | ANA CAROLINA MIRANDA ‘OLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALLUACQUA & FURRIER VERONICA CASAL RAFAL | DANIEL KCL Na ago penal em que o Paciente figura como acusado, 0 delator Alberto Youssef serd interrogado no dia 29.4.15 (doc. 4). Assim, sem necessidade de qualquer exame aprofundado da prova, resta evidente que o Paciente encontra-se legitimado para questionar a legalidade da decisdo que homologou o acordo de delagao premiada, uma vez que a colaboragao prestada por Alberto Youssef jé € usada em seu desfavor desde a decretacdo de sua prisdo preventiva (doc. 2). 4. A NULIDADE DO TERMO DE COLABORACAO PREMIADA E A CONFIANCA COMO ELEMENTO ONTOLOGICO DO ACORDO. “A colaboracdo premiada se dirige ao proceso penal ~ Provavelmente a mais séria restrigdo que uma pessoa pode sofrer, pois afeta sua liberdade de ir e vir — a burla, a fraude, 0 engodo, 0 descumprimento ou no cumprimento em qualquer tempo das cléusulas do acordo de colaboragdo premiada afetam a credibilidade das informagbes, com risco manifesto de vantagem indevida do colaborador, gritante ofensa terceiros prejudicados e violagio direta dos principios constitucionais da ampla defesa, do contraditério ¢ do devide processo legal.” Gilson Dipp Jé de inicio, € indispensavel trazer a Vossas Exceléncias a importincia € 0 ineditismo do assunto, cuja aferigao sera o marco definidor de tio relevante institut. Essa constatagao € realizada pelo Excelentissimo jurista ¢ ex-Ministro do Superior Tribunal de Justiga Dr. Gilson Dipp em parecer formulado para o tema, cujo estudo seré determinante para a exata compreensio de todos os seus contornos: “O tema da consulta face aos termos da nova lei é inédito. E uma questéo que esté sendo apresentada pioneiramente ao 6 Jjudicidrio, que sobre o assunto especifico ainda ndo se Av, Sho WS, 50 32" ANDAR- CON, $22- EDIFICIO ITALIA | AO FAUILO - P| CEP OL046-926 | TEL (A 3984072 | FR 31384270 | OLIMAHUNGRIAEOLIMAHUNGRIAABY.AR ARgOA.00 SFINLA DE OUVEIRA Lin Fo | Js ts OLVERA Ln Image RBC | CAMA HUNGRIA | RODRIGO DALZACIUK 9 ‘GIOVANNAGAZ0UA | AKA CAROLINA DE OLIVEIRA OVESANA {CALA TORRES CEsak | HL SCFER SATIN | ANA CAROLINA MIRANDA. OLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALUACQUA & FURRIER \RONICR CASALHO RAL} DARE KIGNEL manifestou. Nao hé decisdes judi nenhuma jurisprudéneia sobre tema, e na doutrina ainda se constitu wma zona cinzenta. A elucidagdo desses temas seré feita necessariamente pelo judiciério, pelo Ministério Piiblico, pela defesa ¢ pelos doutrinadores. Todos estado ‘navegando em mares nunca dantes navegados’” (doc. 5, fl. 10). Ainda nas palavras do Excelentissimo Dr. Gilson Dipp, sera necessdrio ndo apenas compreender o escopo legislative, mas adentrar no iter processual para se extrair o ceme da matéria posta na presente impetragdio. In verbs “A colaboragdo premiada esté inserida no ambito da Lei n° 12.850 de 2013, que ‘define organizagdo criminosa e dispoe sobre a investigacdo criminal, os meios de obtencdo da prova, infragBes penais correlatas ¢ o procedimento criminal’. O termo do acordo deveré ser elaborado por escrito e conter, conforme previsiio do artigo 6° da referida lei Art, 6° O termo de acordo da colaboragéto premiada deverd ser feito por escrito e conter: 1-0 relato da colaboragao e seus possiveis resultados; I - as condigdes da proposta do Ministério Piiblico ou do delegado de policia; MII - a declaragao de aceitagdo do colaborador e de seu defensor; IV - as assinaturas do representante do Ministério Piblico ou do delegado de policia, do colaborador e de seu defensor; V- a especificagiio das medidas de protegiio ao colaborador e & sua familia, quando necessério, Além disso, 0 artigo 7° determina que 0 pedido de homologagao do acordo deve contar informagbes ‘pormenorizadas da colaboragao’. Art, 78 O pedido de homologacao do acordo seré sigilosamente distribuido, contendo apenas informacées que néo possam é identificar 0 colaborador e o seu objeto. 4¥.SKO WIS. 50-3 ANDAR CON) 32-EDIFICIO TALIA SKO PAULO“ SP CEP O}AE-6 TEL: 1287 | FAK 31586270 | OLMMAHUNGRIN2OLIMAMUNCRIAADY-9R -AREOBALDOESHNOLA DE OLVERA LA FLO | JOS us uve LNA mayne RBH | ALLA HUNGRA | RODRICO DALLACAUA 10 [low GIZOLA | ANA CAROLINA DE OLENA POvESAA ‘CanLA TORRES CHSA | ELINA SCHGFER SABATIN | AN CAROLINA MIRANDA ‘OUIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALL'ACQUA & FURRIER VERONICA CARALHO ROHL | DAREEL KEEL § 1° As informagdes pormenorizadas da colaboraciio serao dirigidas diretamente ao juiz a que recair a distribuigdo, que decidiré no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. relato da colaboragdo prestada pelo acusado observard os requisitos da voluntariedade e efetividade. N@o ha uma forma predeterminada para este relato, Todavia, deve ser detathado e preciso, contendo todas as circunstancias ¢ condigies em que se deu a colaboragio, bem como demonstrar que as condigées da lei foram atendidas. Nao hd previstio. na lei de um padréo de avaliagéio da voluntariedade e efetividade, tais requisitos devem ser construidos a partir dos resultados obtidos nos fatos concretos do caso. A efetividade pode ser apurada pelo relato da colaboragdéo e seus resultados, que ficaré a critério do Ministério Piblico e da Autoridade Policial fazerem o juizo de valor. OQ relato da colaboracdo niio pode, em nenhuma hipstese, omitir informacdes ou reservar para outro momento a revelactio de dados existentes, pois 0 cumprimento da proposta e os beneficios acordados ao colaborador tém como pressuposto o acordo homologado, da qual obviamente o relato é parte integrante. relato dos fatos e a proposta do acordo constituem o primeiro momento do acorde e 0 termo & sua consolidagéo da homologacdo judicial, Portando, pela légica da lei, a proposta constitui 0 primeiro ‘momento do acordo, no podendo mais haver qualquer omissito de informacao a respeito dos fatos envolvidos. Além desses requisitos formais, 0 caput do artigo 4° da Lei n® 12.830/13 estabelece outros requisitos para a legitimidade do acordo de colaboragito: Ant, 4° O juiz poderd, a requerimento das partes, conceder 0 perdiio judicial, reduzir em até 2/3 (dois tergos) a pena privativa de liberdade ou substitui-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigagdo e O Av, SAO LUI. 50-32" ANDAR CON, 322+ EDIFICIO ITALIA SAO FADLO SP CEP 0104696 TEL ( SISG22 | FAK (1D 31386270 | OLIMAHUNGRIABOLIMAHUNGRIAADV.BR ARLORALDO FSPINOUA DE OLVERA LIMA FLD | os LIS Ouran Jayeune FuRsuee | Cees HUNG | RODRICO DALLACAUS n CGIOVRANA GAZDUA | ANA CAROLINA DE OuveRA POWESANA ‘Conta TORRES CEs | PABUINASCHEFERSAAKTINE | ANA CAROLINA MIRANDA COLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DAL'ACQUA & FURRIER VERONICA CARALNO RASA | DARL KGREL com o proceso criminal, desde que dessa colaboragdo advenha uum ou mais dos seguintes resultados: I - a identificagdo dos demais coautores e participes da organizagdo criminosa e das infragdes penais por eles praticadas; Ua revelagao da estrutura hierdrquica e da divisdo de tarefas da organizagdo criminosa; IIL - a prevengao de infracdes penais decorrentes das atividades da organizacéo criminosa; IV - a recuperagio total ou parcial do produto ou do proveito das infragées penais praticadas pela organizagdo criminosa; V- a localizagéo de eventual vitima com a sua integridade fisica preservada § 1% Em qualquer caso, a concessto do beneficio levaré em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as circunstancias, a gravidade e a repercussdo social do fato criminoso e a eficdcia da colaboragéo. O § I° do referido artigo estabelece os elementos que devem ser levados em consideragao para a concessdo do beneficio: (1) a personalidade do colaborador; (2) a natureza; (3) as circunstancias; (4) a gravidade e a repercussiio social do fato criminoso; e (5) a eficdcia da colaboragao. Para bem responder os termos gerais da consulta & preciso adentrar nos termos do acordo, e no que ocasionou a quebra. E imprescindivel analisar as origens da quebra e os efeitos desta a terceiros interessados. Para tanto, necessério se faz que se adentre no iter processuall O acordo de delagdo feito na denominada Operagdo Lavajato decorre de fatos relatados em acordo anterior no denominado caso Banestado firmado pelas mesmas partes em 16/12/2003 ¢ posteriormente decretada a sua quebra por decisdo judicial”. (doc. 5, fls. 11/15). @ NY SAO LUIS. $0- 32° ANDAR- CON 322 EDIFICIO ITALIA SO PAULO SP | CEP 01046926] TEL 3198627 | FAK: 31386270 |OLIMAHUNGRLAROLIMAHUNGRIAADV.AR ARIOMALDO ESPNOLA OF OUVEIRA LSA Fst | JOSE LU OUR LA JAQUELINE FURR | Calta HUNGRIA| RODRIGO DaLEACAUA 2 (GIOWNKA GAAOLA | ANA CAROLINA DE OLVERA POWESANA ‘Canta TORRES CESAR | FABUANA SCFER SAAT | ANA CAROLINA MIRANDA OLIVEIRA LIMA. HUNGRIA, DALUACQUA & FURIIER, Yonex CasaLKo RAHAL | DANIEL KGREL Pois bem. No ano de 2003, Alberto Youssef e 0 Ministério Piiblico Federal firmaram acordo de delacdo premiada no caso “Banestad Ocorre que, a pedido do proprio Parquet Federal, 0 Juizo Federal do Parand decretou a quebra do acordo de delagdo premiada, face ao rompimento do _pacto por parte de Alberto Youssef, que terminou, em consequéncia, condenado no processo criminal n° $035707-53.2014.4.04.7000. Na sentenga condenatéria, datada de 17.9.14, o Juiz Federal prolator do decisum consignou, dentre outros “predicados”, que Alberto Youssef “é um criminoso profissional” e, mais adiante, concluiu que ele possui “personalidade voltada para o crime” (doc. 6, fl. 33). Sobre o acordo anterior, a sentenga registrou que 0 “acordo foi considerado quebrado pelo surgimento de provas, em cognicdo suméria, de que Alberto Youssef teria, em violacao ao acordo, voltado a delinguir” (doe. 6, fl. 2) Vale acrescentar que, em uma dentincia oferecida em 22.4.14, 0 Ministério Publico Federal afirmou que Alberto Youssef “frabalha, no minimo, hd vinte anos no mercado de cémbio paralelo, como doleiro, e ja foi considerado um dos maiores doleiros do Brasil”. Em que pesem tais circunstncias pessoais do ora delator ¢ a quebra de acordo anterior, afirmadas taxativamente pelo Juizo Federal em 17.9.14, apenas 7 dias apés a prolacdo da referida sentenca (em 24.9.14), 0 Ministétio Pablico Federal firmou novo acordo de delagio premiada com aquele agente, cuja confianga havia sido quebrada. Importante frisar que tais condigdes, invidveis para outro acordo, nao foram sequer questionadas pelo representante do Parquet Federal — que havia, alids, requerido a condenagao de Alberto Youssef (doc. 7). A pattir do referido acordo de delagio premiada, firmado sete dias apés a prolacio da sentenga que condenou Alberto Youssef, frise-se. e * Disponivel em hrtp:/\www Javajato.mpf.mp br/images/ ARQUIVO%20%206%20-%420denuncia.pdf, fl 10. |v, SRO LUI, 0-32" ANDAR~ CON, 522-EDIFICIO ITALIA SAO PAULO -$P| CEP 01046926 TEL: 3384272 | FA) 31984770 | OLIMAHUNGRIAGOLIMANUNGRIAADY AR AREORALDO ESPNOLA BE CUVEIRA LIMA FIL | S# Ls OLVERA Lan mayen FURAIER | CULL HUNGRA| RODRIGO PAALACRA, 3 iowa GAZOUR | ANA CAROUNA BE OUVERA OVE [Cala TORRES CESAR | FABLINASCHEEER SEAT | ANA CAROLINA MIRANDA OLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALL'ACQUA & FURRIER VERONICA CARVALHO RAHAL | DANIEL KONE homologado pelo Exmo. Ministro Teori Zavascki, 0 processamento que deu ensejo a presente impetracdo foi originado, sendo, posteriormente, judicialmente homologado (doe. 8). ilustre parecerista Gilson Dipp escrutina a matéria em seu estudo e demonstra o quiio é marcante a auséneia de pressuposto necessério para 0 Estado firmar novo acordo com o delator ora em questo: “No relatério constante da sentenca condenatoria, Pronuncia-se 0 juizo quanto & quebra do acordo da seguinte maneira: ‘() 5. Posteriormente. 0 acordo foi considerado quebrado ela surgimento de provas. em cognicdo sumavia, de que Alberto Youssef teria, em violaedo ao acordo, voltado a delinguir. Apés a quebra do acordo de delagdo premiada, este Juizo decretou, a pedido do MPF, a prisdo preventiva de Alberto Youssef em decisiio de 23/05/2014 no processo 2009,7000019131-5 (decisto de 23/05/2014 naqueles autos, eépia no evento 1, auto2). oD) 53. De todo modo, em vista das alegacdes, este julgador, nos autos préprios, da delagdo premiada, proferiu 0 seguinte despacho: ‘Trata-se de processo com 0 acordo de delagdo premiada do MPF com Alberto Youssef. Na esteira dos indicios da retomada das atividades criminais de Alberto Youssef na assim denominada Operacdo Lavajato. os autos foram desarquivados pelo despacho de fl._1.556_Abri vistas ao MPF por 10 dias para se_manifestar, O MPF peticionou no sentido de que o acordo deveria ser considerado quebrado. A Defesa de Alberto Youssef foi entdo intimada do despacho por fexc e por telefone para se manifestar (fl. 1.602). Detxou transcorrer o prazo in albis. © A380 WIS 50-52" ANDAR" CON). 322-EDIFICIO ITALIA| SAO FAULO- SP | CEP 1046-26 | TEL) 3158.72 FAX: (3386270 | OLIMAMUNGRIABOLIMAHUNGRIAADWAR. "AREOEALDO ESHINOLA DE OLVERA LMA FLO | Jos es OuveRa La Acura FURLER| CILLA HUNGRIA | RODRIGO PALE NCAUA 4 [Giovanna GAZDLA | ANA CALOLNA DE OLVERA POvESASA (Canta Tomas CHA | PALA SCHEFER SAAT | ANA CAROUNA MIRANDA, COLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALUACQUA & FURRIER, YERONICA CABALHO RAL | DAE KCL Assim, declarei 0 acordo quebrado nos termos da decistio de fis. 1.604-1.606. (...)’ (Grifo nosso) A_sentenca condenatéria proferida na acdo anterior esté datada de dezessete de setembro de dois mil e quatorze. Observa-se que a celebracdo do novo acordo de colaboracéo, agora efetivado no inquérito da Operaciio Lavajato, foi firmada em vinte e quatro de setembro de dois mil e quatorze. Frise-se, sete dias apés a prolaeiio da sentenca onde consta a quebra do acordo anterior. Os fatos estdo intimamente ligados e muito préximos no tempo. Segundo a sentenca proferida nos autos do processo n° 5035707-53.2014.404.7000, 0 acordo de entéto foi quebrado pelo “surgimento de provas, em cognigdo sumdria, de que Alberto Youssef teria, em violagdo ao acordo, voltado a delinquir”. Esta decisdo foi proferida atendendo requerimento expresso do Ministério Piiblico Federal, Observa-se do que se extrai da decisdo condenatéria: Go) 27. Condigito necessdria da manutengiio do acordo consistia no afastamento de Alberto Youssef da priitica de novos crimes, inclusive do mercado de cdmbio negro. 28. Entretanto, em decorréncia dos fatos revelados pela assim denominada Operaciio LavaJato, 0 acordo foi, a pedido do MPF, declarado quebrado por este Jutzo (decisdto de 06/05/2014 no proceso 2004.7000002414-0, evento 29, out9), voltando este feito a tramitar. 29. Sobre os fatos verificados na Operagdo Lavajato, o relato constante na decisdo judicial de 24/02/2014 deste Juizo no proceso 5001446-62.2014.404.7000 (cépia no evento 29, out5) € suficiemte neste feito. Em sintese, na assim denominada Operagao Lavajato, foram colhidas provas, em cognigao sumér' 1» de que 0 ora acusado dedicar-se-ia habitual e profissionalmente a lavagem de dinheiro e igualmente é corrupedo de agentes piiblicos, entre eles parlamentares ‘federais, estes com processos jd desmembrados no Supremo Tribunal Federal. (.)" @ [AV SMO UUIS, 50-32" ANDAR CON).522- EDIFICIO FTALA SAO PAULO™ S® | CEP oF046526] TEL: (13138627 | FAK) 31386270] OUMAHUNGRIAGOUNAHUNGRIAADYAR -AREOBALDO ESPINOLA DS OLVERA LA RLHO | Jos Lats OuveRA LM QUEL URIUE | CASILLA HUNGRIA | RODRIGO DALEACUK 15 ‘Giovanna GAZ0U8 | AA CAROLINA OF OLVERA POMESANA ‘CAMILA TORRES CUSA | FBLA SCHETER SABA | AA CAROLINA MIRANDA, COLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DAL'ACQUA & FURRIER ‘VERONICA CARVALHO RAIL | Dan Kio. Ressalta-se do teor da sentenga (itens 28 e 29), que a quebra do acordo se deu por meio de fatos revelados na Operacito Lavajato, que 0 colaborador voltou a praticar crimes se dedicando ‘habitual e profissionalmente d lavagem de dinkeiro e igualmente & corrupgdo de agentes puiblicos’. A quebra do acordo é referida por diversas vezes ao longo da sentenca (itens 5 e 28, 33, 35, 51, 52, 82, 83, 96, 101, 199 e 212) Quando da aplicagao da pena, assim se pronunciou o jutzo. “(..) 199. Alberto Youssef, conforme_histérico relatado nos itens 15-29, retro, que inelui confissoes de diversos crimes na colaboracdo firmada e ainda condenacdo criminal transitada em iulgado (aedo penal 2004.7000006806-4), & um criminoso profissional. Teve sua grande chance de abandonar 0 mundo do crime_com_o acordo de colaboragdo premiada, mas a desperdicou como indicam os fatos que levaram @ resciséo do acordo. Valor negativamente, portanto, os antecedentes ¢ a personalidade do condenado, Nao se trata aqui de etiqueta-lo, mas de reconhecer seu profundo envolvimento na atividade criminal, O crime de corrupgiio trowxe prejuizo considerével ao Banco Banestado. O empréstimo & Jabur Toyopar de USD 1.500.000,00 néo foi pago, remanescendo inadimplente 0 valor de USD 1.300.000,00 desde 29/03/1999, cf. item 125, retro. O crime de corrupgao, além de figurar como causa do empréstimo, gerou distorgdes no proceso democritico eleitoral, jé que a vantagem indevida, de cerca de USD 130.000,00, foi desviada como recurso ndo-contabilizado para a campanha eleitoral, 0 que eleva a gravidade do crime, Reputo esta consequéncia extremamente grave pois a afetagio do processo democratic eleitoral viola 0 direito da comunidade a um sistema politico livre da influéncia do crime. Os valores pagos como vantagem indevida, de cerca de USD 130,000,00, sao também significativos, distanciando 0 crime de um caso de pequena corrupedo. Também circunstancialmente relevante o pagamento de propina com dinheiro sujo. As demais vetoriais siio neutras. Presentes pelo menos quatro vetoriais _negativas, dos (Y ASO LUIS. 50-32° ANDAR- CON). 12 EDIFICIO TALIA| SAO PAULO SP | CEP 0104-926 | TEL=I1) 3384072 | FRX 31945270 | OLIMAHUNGRIABOLIMANUNGRIAADV AR, ARGORAIDO ESPNOLA DE OLVERA LMA Fuso | JOSE LOS OUVERA LIMA JMUTLNE FURRIER | CAMILA HUNGRIE | Rottico DALACRUA 16 {Glowsna Gaz01A | ANA CAROLINA DF OLVERA POVESANA (Cat TORRES CESAR | FBLA SCIFERSAATIN | ANA CAROLINA MIRANDA OLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALUACQUA & FURRIER, VeRONICR CARVALHO RALAL| DANIEL KLGNEL qutecedentes (com pelo menos uma _condenagéo criminal transitada_em julgado), personalidade voltada para o crime, consequéncias (valor do empréstimo inadimplido com grave prejutzo a instituiedo priiblica e afetagéo da lisura do processo eleitoral) e circunstancias dos crimes (valor elevado da propina e utilizagéo de dinheiro sujo para o pagamento), reputo necessdrio pena elevada considerando especialmente & condicdo do condenado de criminoso profissional e que, tendo tido todas as condigdes de deixar a atividade criminal, preferiu quebrar o acordo de delacdo premiada, reputo necesséria pena bem acima da minima, Para 0 rime de corrupgdo, entre um minimo de um ano e méximo de oito anos, ef. redagdo vigente ao tempo do fato e anterior & Lei n.° 10.763/2003, reputo adequada pena bem acima do minimo, de trés anos e seis meses de reclusdo. Go) 202. Nao reconheco os beneficios da colaboracao premiada, Como apontado nos item 28 e afirmado pelo MPF, o condenado quebrou 0 acordo da forma mais bésica, omitindo informagdes relevantes na época do acordo, especialmente a continuidade da pritica de crimes como ex-Deputado Federal José Janene ¢ retornando & prética delitiva, Além disso, os beneficios jé foram concedidos, sem possibilidade de retorno & situagao anterior, na aco penal 2004.7000006806-4, tendo na ocasidio recebido e cumprido pena bem inferior ao que recomendaria a sua culpabilidade.(..)’ (Grifo nosso) Algumas consideragdes devem ser feitas no tocante ao teor dos trechos acima transcritos. A sentenga, ao apreciar as condigdes pessoais do colaborador, foi rigorosa, basta observar © seguinte trecho nela constante a respeito do colaborador: “Teve sua grande chance de abandonar 0 mundo do crime com 0 acordo de colaboragdo premiada, mas a desperdicou, como indicam os fatos que levaram & rescisdo do acordo’. (doc. 5, fis 15/20). A premissa inicial & a de que a colaboragao premiada € > instituto de direito material, justamente por adentrar ao mérito da causa ¢ acarretar “U7 AvSKO LUIS. 50-32 ANDAR- CON). 322~ EDIFICIOITALIA| SAO PAULO SP | CEP 146-926 | TEL) 31584272 FAX 3986070 | OLIMARUNGRIABOLIMAHUNGRIAADVR JAQUELINE FURR | Cua HUNGRIA| RODRIGO DALEACAUA 7 [CAMILA TORRES CESAk | FABIANA SCHEFER SATII | ANA CAROLINA MIRANDA, COLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALU'ACQUA & FURRIER ‘Vexenaca CAALHO RAHAL | DANIEL KIEL beneficios na sentenga ou na decisio judicial que concede 0 prémio resultante do acordo, Dessa forma, por gerar efeito na pena aplicada, nao pode ser vista como um instituto meramente processual-penal. A sua aplicagao, portanto, esta condicionada a um prévio juizo condenatério, conforme ligaio de Heloisa Estellita: “Sendo causa de diminuigdo da pena ou de perdao judicial, sua aplicagdo esté condicionada Iégica e cronologicamente a uum prévio ji condenatério. Isto &, 0 magistrado deve se convencer da pratica do crime pelo acusado-delator e s6 entdo, constatado 0 preenchimento dos requisitos legais, aplicar 0 perdao judicial ou a causa de diminuigiio da pena, na segunda etapa da dosimetria. Assim, por sua prépria natureza juridica, a delagiio premiada impede que se celebre qualquer “pacto” antecipando a aplicagao dos beneficios. Caso 0 objeto da delasito seja a ‘identificagdo dos demais co- ’, esse julgamento antecipado do mérito da acdo penal efetuado na celebracdo do ‘acordo’ priva delator e delatado de garantias bésicas decorrentes do devido proceso legal: de_um lado, priva_o acusado delator_de qualquer possibilidade de um julgamento justo. porque o seu julgador ja se ‘comprometeu’ a condend-lo: e. de outro, tira dos delatados a ‘mesma possibilidade, pois jd se proferiu um jutzo antecipado de certeza_sobre_a_“identificacdo_dos_demais_co-autores_ou participes” ? autores ou participe Portanto, a partir do momento em que o Estado-acusador barganha a aplicagao da lei penal, tornando-a disponivel, ele confere A colaboragao premiada espirito proprio e os critérios a ela inerentes devem, pois, ser respeitados com a mesma carga de rigor das garantias individuais vilipendiadas. Ao se homologar um acordo de colaborag4o premiada, a autoridade judicial nao deve aferir apenas os seus elementos objetivos e subjetivos, p y ° ESTELLITA, Heloisa. A delagiio premiada para a identificagdo dos demais coautores ou participes: algumas reflexdes & luz do devido pracesso legal. Boletim do Instituto Brasileiro de Ciéncias Criminais ~ IBCCrim — n°, 202 ~ Setembro/2009. Av, Sko LUI, 80-32" ANDAR CON), 322-EDIFICIO ITALIA AO FAULO $P)-CEP 01046926 | TEL 39872 | FX 31984270 | OLMAHUNGRIAZOLIMAKUNGRIAADV.ER ‘AREOEALDOESPINOLA DE OLVERA LMA FLO | Jos ets Cuvee JACUELNE FURKIER | CAMILLA HUNGRA | RODRIGO DNLEACOUA 18 [Glowasa GALA | ANA CAROUNA DE OLVERA PIOVESASA [CAAaLa TORRES CESAR | FAAS SCHEFER SAAT | ANA CAROLINA MIRANDA OLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALUACQUA & FURRIER ‘VERONICA CARALHO RAFAL | DANEL KIEL mas as suas caracteristicas préprias, ou seja, aquelas ontolégicas, intrinsecas sua propria natureza, E dentre os critérios ontolégicos da delagio esta, justamente, a confianea. A origem etimolégica’’ da palavra “confianga” remonta 4 palavra latina confidentia, derivada dos verbetes con fides, isto é: com fé. também do latim fides, que adveio a palavra italiana fidivcia, No direito italiano, tem-se que a fidiicia, ou seja, a confianga é a condigdo fundamental, a caracteristica essencial do pentito, o equivalente ao “delator” do direito patrio''. Ou seja, a condigdo fundamental para um delator é a confianga, de tal sorte que, no apenas ele deve confiar no agente estatal, mas ele préprio deverd se fazer confiar, ser digno de confianea. Essa é a condigao basica, elemento a priori, de qualquer formalizagtio de contrato de delagéo ¢, mais além, de todas as estruturas democraticas, conforme entendimento de Jacinto Nelson de Miranda Coutinho: “O primeiro ponto, entao, a se refletir — como matéria impostergdvel — diz respeito a fenda que se produziu na estrutura montada & Modernidade. Isto parece algo inarredével. Ora, é preciso ter presente que antes mesmo do contrato social — nao esquecer que, na teoria, os individuos cedem para criar uma sociedade civil e, depois, um Estado, a fim de ser por ele protegidos jé que no Estado de Natureza homo hominis lupus — ‘hd um pacto (de confianga). Pensando-se por Rousseau, por exemplo, a estrutura contratual — que é a regra basica fundamental ndo sé da estruturagao do Estado mas também daquilo que estabelece o padrao pelo qual todos se igualam, ou seja, a legalidade — foi movida pelo medo (que, em Hobbes, 6 da morte violenta). Assim, & vital perceber que mesmo antes ——— A ° Disponivel em , dltimo acesso: 27.3.15 as 14h30. “ Nio & demais lembrar, alids, que a maior influéncia ao legislador brasileiro na incorporagéo da delagso premiada como mecanismo de colheita de meios de prova foi, justamente, o Direito italiano, no qual o Pentitismo surgiu como modo de atuago de combate as organizagées mafiosas Av, SKO LUIS, 50-32" ANDAR CON, 522-EDIFICIO TAU | SO PAULO SP CEP 01046926 | TEL: 3384272 | FA (31384270 | OLIMAHUNGRIAZOLIMAHUNGRIAADY-AR CQLIVEIRA LIMA. HUNGRIA, DALUACQUA & FURRIER Veronica Cxatno Rast | Das ARIORALBO ESPINOLA OLVERA LA FAO Jos Ls Outer tinea JAQUELINEFURRIK | CAMILA HUNG | RODRIGO DALEAGINA 19 [lower GAZOLA | ANACABOLINA DE Ota OVE dessa estrutura mitica (contratual), em Hobbes hé um pacto, que se dé porque hé uma crenca nos principios, que sao cardeais para as estruturas democraticas. Dentre eles, é estrutural_o principio da_confianca, que funda a base do principio democritico e, por consequéncia, do principio republicano. Eo principio da confianca, como se sabe, que faz os cidaddéos irem desarmados as ruas; as mulheres se produzirem e sairem sds sem sentirem medo de serem violentadas; os motoristas passarem com aparente seguranca no sinal verde, e assim por diante. Veja-se, entdo, como a vida é gerida pela confianga, que esté na estrutura das relagdes, inclusive aquelas onde o vinculo é fundado no amor. Todos, assim, sito exemplos que remetem & crenca. Sociedades democréticas, deste modo, estruturam-se apenas porque hé confianga, na qual se investe.”™ Tem-se, desse modo, que a base de qualquer relagao no Estado Democratico de Direito é a confianga. Tanto assim, que qualquer relagdo Juridica deve ser pautada na boa-fé, espécie do género confianga. todo 0 ordenamento juridict Miguel Reale aponta a boa fé como pressuposto geral em “Como se vé, a boa-fé nito constitu um imperativo ético abstrato, mas sim uma norma que condiciona e legitima toda a experiéncia juridica, desde a interpretacio dos mandamentos legais _e das cléusulas contratuais_até_as suas tiltimas consequéncias. Dai a necessidade de ser ela analisada como conditio sine qua non da realizacéo da justica ao longo da aplicacéo dos dispositivos_emanados das fontes do direito, _legislativa, consuetudindria, jurisdicional e negocial.”'> COUTINEO, Jacinto Nelson de Miranda. Fundamentos a inconstitucionalidade da delagio premiada, Boletim do Instituto Brasileiro de Ciéncias Criminais ~ IBCCrim ~ n°. 159 - Fevereiro/2006. ‘SO LUIS, 50-32" ANDAR- CON. 327 EDIFICIO TALIA SAO FAULO SP CEP O1046:26 TEL SREALE, Miguel. A boa f= no —eédigo civil. . Acesso em 26.315, 8s 18h00. Disponivel em: Gg 1 31386272 FAX 1 318 6270 | OLIMAHUNGRIAEOLIMAHUNGRIAADY SR, ARIOEALDO FSFINOLA DE OUEIRA LIMA FO | J Las OuvERa LNA )AQUSLINE FURKIER | CAMILLA HUNGREA | RODRIGO DAL ACOUA 20 [GOVAN GAZOLA | ANA CAROLINA DE CLNEIA LOVES ‘Con. ToRRsS CESAR | FRAN SCHERER SABATIN | ANA CAROLINA MIRANDA (OUVEIRA LIMA. HUNGRIA, DALUACQUA & FURRIER Vnontca Casati RAGA | DARIEL KGL Nesse sentido, uma vez que a boa-fé deve pautar todas as relagdes juridicas instituidas, também deverd, portanto, guiar o contrato de delagiio premiada, Isso porque, se 0 Estado-acusador toma disponivel a aplicagdo da lei penal, o minimo que se espera € que seja aferida a existéncia de boa- fé, imanente ao critério de confianga que o delator deverd trazer ao processamento, E também fundamental que as relagdes estatais sejam pautadas pela boa-fé, em decorréncia do princfpio da moralidade, previsto no art. 37, da Constituigao Federal. Celso Antonio Bandeira de Mello leciona que, em raziio do referido principio, a Administrag’o Publica deve agir de modo a respeitar a confianga nela depositada pelos administrados: “Que a Administracdo deve agir com respeito & confianca que é depositada pelos administrados na Administragdo Piiblica. Assim sendo, a Administracto age de boa-fé de forma a néo trair a confianca do administrado surpreendendo-the a todo instante com comportamentos maliciosos.”'* Maria Sylvia Zanella Di Pietro destaca que a boa-fé, enquanto elemento da moralidade administrativa, devera ser observada tanto pela administragao piblica, quanto pelo administrado que com ela se relaciona: Em resumo, sempre que em matéria administrativa se verificar que 0 comportamento da Administracéo ou do administrado que com ela se relaciona juridicamente, embora em consondncia com a lei, ofende a moral, os bons costumes, as regras de boa administracdo, os principios de justiga e de equidade, a ideia comum de honestidade, estard havendo ofensa ao principio da moralidade administrativa.”'* MELLO, Celso Ant6nio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 15. ed. So Paulo: Malheiros, 2003, destaque nosso. 'S DI PIETRO, Matia Sylvia Zanella. Direito Administrative. 15. ed. $0 Paulo: Atlas, 2003. Ay, SKO LUI, 0-32" ANDAR CON, 522» EDIFICIO ITALIA SAO PAULO -$P| CEP 0104626 TEL: 3384272 | FA (31984270 | OLIMAHUNGRIAEOLIGAMUNGRIAADY.BR AAs0WA00 FSF DE OLVERA Lina FLO | JOSE Luis ORAL AUN FURRER | CAMLLA HUNEREA | RODRIGO DALLACCLA 21 [IOVANNA GHZOUA | ANA CAROUNA BE OUVEIRA OVE COLIVEIRA LIMA. HUNGRIA, DAL'ACQUA & FURRIER \Vinesaca Cano Rasa | DARIFL KGS Logo, do mesmo modo que no ambito do direito administrativo 0 Estado deve se relacionar com agentes dotados de boa-fé, na seara penal, ¢ principalmente aqui, cujos direitos e garantias so indisponiveis, deve se esperar 0 mesmo quanto a relagdo entre o Estado-acusador e o colaborador, Esse Egrégio Supremo Tribunal Federal ja decidiu, alias, que o principio da moralidade, previsto no art. 37 da Constituigdio Federal, deve ser observado pelo Estado em acordos de delagao premiada’®, Sabe-se que até mesmo os atos discricionarios da administragto piblica esto juridicamente vinculados e, consequentemente, baseados na boa-fé. Celso Antnio Bandeira de Mello definiu os atos discricionérios como aqueles “que a Administragdo pratica com certa margem de liberdade de avaliagdo ou decisdo segundo critérios de conveniéncia e oportunidade formulados por ela mesma, ainda que adstrita a lei reguladora da expedigdo deles”"’. Portanto, se é defeso ao agente estatal, no ambito de sua discricionariedade juridicamente vinculada, transigir com alguém indigno de confianga, por ébvio, nao seria admissivel que o Estado-acusador transigisse de tal forma na seara do direito penal! Tal circunstincia se toma ainda mais patente ao se ter em vista que a discricionariedade do ato firmado no acordo de delagao afasta direitos e garantias individuais constitucionalmente previstos, de forma que nem mesmo o livre convencimento motivado judicial poderia justificar a auséncia de fiddcia no delator. Exceléncias, no caso que se tra ‘ao vosso conhecimento, 0 préprio Estado-acusador havia reconhecido (repise-se, apenas 7 dias antes do novo acordo) que 0 delator seria um criminoso profissional hé no minimo 20 anos, que jé 7 1 STF, HC 99736, Relator Min. AYRES BRITTO, Primeira Turma, julgado em 27.04.10, DJe-091 DIVULG. 20-03-2010 PUBLIC 21-05-2010 EMENT VOL-02402-04 PP-00849 " MELLO, Celso AntOnio Bandeira de. Curso de Direito Administrative. 15. ed. Sao Paulo: Malheiros, 2003, p. 266. Ay, SKO LUIS 50-32" ANDAR- CON} 522-EDIFICIO ITALIA SRO PAULO $0 CEP 01046926 TEL: 338.272 | FAK 31984270 | OLIMAHUNGRIAGOLIMAHUNGRIAADY.BR ARONA ESFINOLA De OUVEIR LNA FH | JOE Ls Cuvesa Ln QUSNE FURKER | CALLA HUNEALA | RODRIGO DaLLACOLA 2 [ova GAZOIA| ANACAROUINA DE OLNEIRA LOWES ‘Cia ToRRss CESAR | FAAS SCHEFER SABATIN | AN CAROLINA MIRA OUIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALLACQUA & FURRIER Venonica Caza Rava | DANIEL KCSEL desrespeitou um acordo anterior. Portanto, de que forma seria ele digno de confianga estatal e, portanto, dotado de pressuposto inerente 4 condigao de delator? Nao se trata, apenas, de auséncia de requisito subjetivo para a delagio, conforme sera explorado mais adiante, mas de completa auséncia de pressuposto ontoldgico axiolégico da condigdo de delator! Frederico Valdez Pereira aponta que, para se dar crédito & delagio, devem ser verificadas a personalidade do colaborador ¢ as eventuais relagGes precedentes que teve com os imputados: “Assim, no exemplo de se concluir que a personalidade do colaborador, ou eventuais relacdes precedentes que teve com os imputados, reduzem ‘ab initio’ a confiabilidade das suas informagées, tal constatagdo deverd ter influéncia sobre a quantidade dos dados externos que devem concorrer para se dar crédito & denunciagdo.” No caso que dou ensejo a esta impetragdo, a situagio apresentada se mostra ainda mais grave, pois a personalidade do colaborador fora descrita como voltada para a pritica criminosa, apenas alguns dias antes da formalizagao do acordo de delagio. Relembrando, em uma denincia oferecida em 22.4.14, 0 Ministério Pablico Federal afirma que Alberto Youssef “trabalha, no minimo, ha vinte anos no mercado de cambio paralelo, como doleiro”, tendo ja desobedecido aos termos de um primeiro acordo de delagio premiada. A discricionariedade vinculada de qualquer agente estatal esti adstrita aos termos da Lei e aos principios norteadores da moralidade e boa-fé. A confiabilidade das informagées aventadas se mostrou inexistente no em decorréncia de relagdes anteriores com os imputados — como mencionado pelo autor Frederico Valdez Pereira -, mas com o préprio Estado-Juiz. Afinal, 0 Poder Judicidrio reconhecera que o delator havia traido a sua confianga ® PEREIRA, Frederico Valdez. x Processo em geral II/ Guilherme de Souza Nucci, Maria Thereza Rocha de ‘Assis Moura, organizadores. ~ Sto Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012. - (Colesé0 Doutrinas Essenciais: Processo Penal; v. 3), p. 596. ‘SHO WIS 50-32" ANDAR- CON). 22~ EDIFICIO TALI SAO PAULO - SP | CEP 01046926 | TEL) 31886272 FAX: 3138270 | OLIMAHUNGRIASOLIMAHUNGRIAADY8 |AREOBALDO FSEINOLA DF OLVERA LMA BLO | Jos as OLVERA LN QUEL FURNIER | CAMILLA HGRA | RODRIGO DALEACQUA 23 COLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALUACQUA & FURRIER "VeRaNGCA CARA RANAL| DAL KIGSEL pouco antes do novo acordo. Essa confianga nao é apenas do Juizo, do Estado, mas da sociedade. E a investidura no cargo, qualquer que seja ele, nfo autoriza essa liberalidade. Conclui-se, portanto, que o problema da fiabilidade antecede os préprios requisitos objetivos subjetivos da delagao e, dessa forma, toma-se contaminada toda a prova trazida aos autos a partir da colaborago premiada de individuo cuja indignidade de confianga j4 fora reconhecida pelo Estado-acusador. Mais. Ainda que assim nao fosse, ha de se ter em vista que no art. 4°, Lei n° 12.850/2013, no qual se regulamentou a delagao premiada, se estabeleceu que a personalidade do colaborador deve ser verificada no momento da concessao do beneficio. Desse modo, tendo em vista que as cléusulas que estabelecem 0 prémio decorrente da delac&o foram estipuladas no momento da assinatura do acordo, notoriamente, a personalidade do colaborador deveria ter sido aferida nesse momento inicial, como condigdo essencial de sua validade. Entretanto, estranhamente, houve completa omissio do Ministério Paiblico Federal quanto a quebra de pacto formalizado anteriormente, que culminara na condenagao de Alberto Youssef apenas 7 dias antes da assinatura desse_novo ajuste e justamente por ter rompido 0 acordo outrora celebrado como _os_mesmos_atores_acusatérios e julgador. Nao cabe aqui falar em desconhecimento. E descabido que um fato tao relevante e inerente aquilo que se estava negociando nfo tenha sido levado luz do dia, permanecendo no subterraneo da omisstio, vedada em todo o ordenamento juridico quando se esté a tratar de ato de agente estatal, portanto, vinculado. Relagdes oficiais devem seguir © estritos pressupostos de validade. AY, SKO LUIS. 50-32" ANDAR CON) 322 EDIFICIO ITALIA SAO PAULO 5P (CEP 010466 TEL SIBRA2T| FAK (1D 31384270 | OLIMAHUNGRIABOLIMAHUNGRIAADV.BR -ARSO8A1DO FSFINOLA DE OLVERA LMA Fo | JE Ls OLVERA LM JAQUELNEFURRIER | CAMILA HUNGRIA | ROBO DALACRUA 4 (CLA TORRES CESM | FABLINASCHHEFER SAAT | ANA CAROLINA MIRANDA OLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALLIACQUA & FURRIER Venonica CARVALHO RAHA | DASE KGL B de se verificar que 0 proprio Ministério Pablico Federal acordante requerera a decretagiio da quebra do acordo de delagao no procedimento precedente. A referida omissio de tal grave circunstincia ao verificar a personalidade do colaborador também & elemento a corroborar a invalidade do referido acordo de delagao premiada. E nesse sentido parecer do eminente Dr. Gilson Dipp que se apresenta a Vossas Exceléncias como parte integrante desse mandamus (cf. doc. 5). O referido estudo demonstra ao cabo a macula havida no acordo ora atacado justamente por no se possibilitar um acordo sem a fidicia, contrato com alguém cuja personalidade seja reconhecidamente voltada ao crime. No r. parecer juridico, conelui-se que na hipétese de quebra de acordo de delagaio premiada anterior é impossivel a formalizacao de novo acordo: “O novo acordo agora firmado pelo MPF com o colaborador, decorre das investigagdes da Operagao LavaJato, trazendo dentre outras, as seguintes cldusulas: (.J€ldusula 5% Considerando 0s _antecedentes_e a personalidade do COLABORADOR, bem como a gravidade dos fatos_por_ele praticados e a repercussdo social do fato criminoso, uma vés cumpridas integralmente_as_condigées impostas neste acordo para o recebimento dos beneficios e desde que_efetivamente_sejam_obtidos os resultados previstos_nos incisos I I Ill e IV. do atr. 4°, da Lei Federal n° 12.850/2013, 0 Ministério Piiblicos Federal (MPF) propde ao acusado, nos feitos acima especificados ¢ naqueles que serdo instaurados em decorréncia dos fatos revelados por intermédio da presente colaboracto, os seguintes beneficios legats, cumulativament: Gd § 1° Transcorrido 0 prazo de 10 (dez) anos sem a priitica de Jfato pelo COLABORADOR que justifique a rescisdo deste acordo, voltarto a fluir os prazos prescricionais de todos os procedimentos suspensos nos termos do inciso HI, até a extingdo 19 da punibilidade. L & AV, SAO WIS, 0-2 ANDAR CONY.$22- EDIFICIO ITALIA SAO FAULO SP CEP 01046426 | TEL) 3384072 | FX 31384270 | OLIMAHUNGRIAEOLIMAHUNGRIAADV. -ARECEALDO ESINOLA DE OLVERA Ln Fa | Jos Ls Ouvena tk gene unwie | CAMILLA HUNGALA| RODRIGO DALEACQUA 25 [lovin GHa0UA | ANA CAROLINA DE OLVERA OVER ‘lta TORRES CESAR ASL SCHEFER SAEATIN | AN CAROLINA MIRANDA COLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALL'ACQUA & FURRIER VERONICA CARVALHO RANAL| DANIEL LONE § 2% Ocorrendo quebra ou rescisiio do acordo imputével ao COLABORADOR. voltarao_a_fluir_todas as acdes_penais, inquéritos e procedimentos investigatérios suspensos. Cléusula 10. Nos termos da cléusula 6° retro, e também como pardmetro para a avaliago dos resultados deste acordo, nos termos da cléusula 5°, § 6% 0 colaborador se obriga, sem malicia ou reserva mentais, a: bo) i) afastar-se de suas atividades criminosas. especificamente no vindo a contribuir, de qualquer forma, com as atividades da organizacdo criminosa investigada, O) Cléusula 20. Em caso de rescis do do acordo por responsabilidade do colaborador, este perderd automaticamente direito aos beneficios que the forem concedidos em virtude da cooperagao com 0 Ministério Piiblico Federal. (..) (Grifo nosso) A cldusula 5% que se destina a aplicagdo dos beneficios, é omissa em relagdo & quebra do acordo origindrio. Nao obstante, a verificagdo dos requisitos necessdrios para a celebragéo do acordo, em especial aos beneficios decorrentes (antecedentes, ersonalidade do colaborador, gravidade dos fatos por ele praticados e repercussiio social do fato criminoso), deveria ocorrer no primeiro momento, antes da assinatura do acordo com 0 colaborador. como condicito essencial de sua validade Dessa forma, no caso em exame, houve omissdo do Ministério Piiblico Federal em relagdo a resciso de acordo de delacdo premiada formalizada nos autos do processo n° 0002414- 32.2004.404.7000. Nao hi, sequer, uma mencito a quebra do acordo pela prética de crime posterior, ou seja ao descumprimento da condigéo necesséria para a formulagtio do acordo ¢ consequente obtengao de beneficios. Como jé exposto, um dos requisitos previsto no artigo 4° da Lei n° 12.850/13 6 a personalidade do colaborador. No caso ora em exame, resta evidenciado que o colaborador nio preenche esse requisito, deducido da prépria sentenca que o condena, que (9 ASO LUIS. 50-32" ANDAR. CON. 32~ EDIFICIO TALIA | SAO PAULO SP | CEP 01086926 TEL) 3386272 | FRX: 313870 | OLIMAHUNGRIAGOLIMANUNGRIAADVR AREORALDO ESPNOLA DE OLVERA LMA LN | JOSE LU CUVEIRA LNA TnQQLUNE FURRIER | CAMILA HUNGRIA| RODRIGO DALEACALA 26 [GlOVANNAGAZOLA | ANA CAROLINA OF OLVERA POVESANA [CAAULA TORRES CUS | FMA SCHEER SAATIN | ANA CAROUNA MIRANDA, OLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALUACQUA & FURRIER ‘VezOniCA CARVALHO RARAL| DANIEL KONE aferiu negativamente sua personalidade e antecedentes criminais. Consta do relatério da sentenca condenatéria antes aludida, que 0 Ministério Piiblico Federal em sede de alegagaes finais pleiteou a condenagéo do colaborador e, inclusive, requereu que ‘as vetoriais do art, 59 do CP devem ser consideradas desfavordveis ao acusado, considerando sua _elevada reprovabilidade’ (item 10). O proprio acordante, Ministério Piiblico Federal, requereu a decretagéo da quebra do acordo de delagéo no proceso anterior. Apesar disso, firma novo acordo com o colaborador inconfidvel sete dias depois da data em que foi proferida a sentenca condenatéria, Os fatos que versam sobre 0 novo acordo esti ligados aos anteriores. No acordo ora em exame néo hd referéncia & quebra do acordo de delacdo, dele ndo fazendo menciio 0 Ministério Piiblico Federal. Apenas e to somente na cldusula 3° é feita ‘menedo ao acordo anterior. Cléusula 3%. O COLABORADOR esta sendo processado nos autos 5025687-03.2014.404.4000, 5025699-17.2014.404.7000, 5026212-82.2014.404.7000, 5047229-77,.2014.404.7000, 5049898-06.2014.404.7000, 5035110-84.2014.404,7000e 5035707-53.2014.404.7000, bem como investigado em diversos procedimentos, todos em tramite perante a 13° Vara Federal Criminal da Subsegdo Judicidria de Curitiba, pela pritica de crimes contra o sistema financeiro, crimes de corrupedo, crimes de peculato, crimes de lavagem de dinheiro e de organizagao criminosa, dentre outros, de modo gue 0 objeto do presente acordo abrange tais efeitos e aqueles contemplados no acordo anterior. © acordo de colaboragdo tem disciplina peculiar, ndo necessariamente relacionada com a instrugdo no inguérito ou a aacdo penal subsequente. Até porque, independe da atuagdo Judicial, que de resto se red & homologagéo do termo e apenas no que diz respeito @ liberdade, espontaneidade, das £ 2, SAO LUIS. 50-32" ANDAR- CON} 322 EIF{CIO TALIA SAO PAULO SP | CEP 01046926 TEL 3184272 | FA (A 3138.4270 | OLIMANUNGRIAGOLIMAHUNGRIAADY.8R |ARLOBALOO ESPINOLA DE OLVERA Lia uo | fost Lats Ouvema Li Jaye RGU | Casta HUNGRIA | RODRIGO DALEACORA 2 iowa Graces | ANACAROLINA DE OUVEIRA MOVES, {Cua TORRES CESAR | FULINASCHEFERSABATI | ANA CAROLINA ARANDA OUIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALUACQUA 6 FURRIER ‘VERONICA CARVALHO RANAL | DANIELKICNEL declaragbes, mas vocacionada a uma finalidade piiblica de interesse da sociedade e do Estado de esclarecimento da criminalidade organizada, Resulta disso, apesar das possiveis facilidades ou vantagens que o investigado possa desfrutar em troca das informagoes que oferecer, induvidosa a agéo do colaborador de entregar todas as informagaes relacionadas com os limites da delacdo premiada adredemente estabelecidas entre as partes, no que o juiz niio interfere Também é certo que aceitas as condigdes entre as partes, so elas irreversiveis ou 0 acordo estard, ou seré logicamente rompido, quebrado, revogado ou rescindido, formalmente ou automaticamente. A lei deu como pressuposto légico a sinceridade da intencdo das partes de comprometerem-se com os limites da colaboragdo sem reservas. Principalmente porque, a instituigdo desse ‘mecanismo processual tem enorme repercussdo sobre os diferentes momentos do proceso ou do inguérito, e particularmente sobre o regime de execuedo penal e terceiros interessados e/ou atingidos pelo acordo. Ora, essa revolugao no regime ¢ prova de dimensies imprevistas no processo tradicional deve ser absorvida com caurela_e racionalidade para que ndo se destrua o devido processo legal assim como preserve a capacidade estatal de reacdo ao delito.” (doc. 5, fis. 20/25). ‘Tendo em vista que a colaboragdo cria hipdtese excepcional de mitigagio da sangdo penal ¢ afasta garantias individuais, a confianga na personalidade do delator, enquanto pressuposto ontoldgico ¢ axiolégico da delagao, deve ser absoluta. O Excelentissimo Dr. Gilson Dipp, por fim, faz toda uma contextualizagio legislativa para demonstrar a necessidade inarredavel da confianga como pressuposto de acordos dessa natureza, para, ao fim © a0 cabo, verificar a § {SAO LUIS. 0-32" ANDAR- CON 522 - EDIFICIO ITALIA | SHO PAULO SP | CEP 01046525] TEL: 31385272 | FAX: (LD 31386270 |OLLMAHUNGRIAGOLIMAHUNGRIAADY.SR |AREOBALDO SPINCLA DE OLVERA LMA FILHO | JOSE LUIS OLVERA LIMA WcQHLNE FURRIER | CAMILA HUNGRIA| RODRIGO DALEACOUA 28 ‘Grovannn G20 | AA COUN DE OUVEIRAPOVESAN {CiulLA TORRES CESAR | ASUANA SCEFER SAEATINN | ANA CAROUNA ARANDA COUIVEIRA LIMA. HUNGRIA. DALUACQUA & FURRIER VERONICA CARVALHO RAHAL | DANIEL KIGNEL ilegalidade do acordo de delagao firmado com o referido colaborador na denominada “Operagao Lava Jato”: “Esse principio da confianca processual decorre da natureza, limites e consequéncias (para o proceso, principalmente) do acordo. Portanto, exclui necessariamente qualquer hipstese de abuso de direito, desvio de motivacdio, supressdo ou omissdo de informacoes, sendo intolerdvel_qualguer conduta, medida ou providéncia que de qualquer sorte implique em violacdo da credibilidade de seus termos. Esse rigor. se justifica naturalmente pela circunstancia ébvia de_que a_negociaedo pelo Ministério Piiblico _envolve diretamente 0 interesse da sociedade ~e se estabelece em seu nome ~ de tal forma que o interesse ptiblico, sendo inegocidvel. ndo admite a mais minima corrupedio de seus direitos. Assim, é possivel_afirmar que a_colaboracdo_premiada constitui_direito da parte nas condiedes avancadas, mas é também_um direito subjetivo piiblico da sociedade recusé-lo quando _se_revela__incompativel. __desproporcional ow inconveniente ao interesse da sociedade A existéncia de acordo anterior por qualquer forma nao cumprido ou descumprido constitui impeditivo ético e légico para novo acordo, salvo se a retratagdo integral com afirmasao ¢ total cumprimento dos compromissos anteriores se realizar ou integralizar comprovadamente antes da nova proposta. E assim deve ser mesmo quando ndo hé relacdo entre os fatos apurados nas duas situagées. Com mais razdo, se entre eles existir algum tipo ou modo de relagdo de autoria, de prova ou de finalidade delituosa, como ocorre no caso ora em exame. Segundo teor constante na sentenca que condenou o colaborador, a rescisto do acordo se deu em decorréncia de provas de que voltara a cometer crimes, colhidas na denominada Operagdo Lavajato, operagdo esta que resultou no novo acordo de delagdio premiada. @ A justificacdio mostra-se imperiosa. Av, SKO WI, 0-32" ANDAR- CON, 322- EDIFICIO ALLA SO FAULO -$?| CEP 01046996 | TEL 58R62T | FAK (31384270 | CLINAHUNGRIASOLIMAHUNGRIAADY.BR |AREORALDO EsPINOLA DE OLVIRA Lt FLO | JOSE WS CUVERA LMM |MQUELINT FURRIR | Cama HUNGRIA| Rooruco DAREACIUA 29 {Grovana GAZDLA | ANA CAROUNA DE OLVERA Plowesn {Ceuta TORRES CEs | FLA SCHEFFR SAAT | AKA CAROURA MURANO, OLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALL'ACQUA 6 FURRIER VERONICA CARH RAHA | ASL KIEL Av. SkO WIS, 50-32" ANDAR CON, 32 EDIFICIO ITALIA] SAO PAULO ~3P CEP onoso2 Primeiro porque a delagdo premiada & exeeedo especial ao proceso penal devendo assim ser interpretada sempre restritivamente, evitando que a excegdo se transforme em regra; segundo, porque é inconcebivel_que se_estabeleca com um investigado faltoso nova colaboracdo se da anterior restaram diividas _ou_insinceridade capazes_de_revelar_auséncia de confianca nos resultados ¢, sobretudo, se indicios ou evidencias de burla ou fraude em prejuizo da justica piiblica, ou em suma do_interesse da sociedade, podendo_na_nova_colaboragdo arrisca-se o interesse piiblico a nova falta. De qualquer sorte, a fundamentagdo da proposta ministerial e os demais requisitos legais da nova oferta ao colaborador com deficit de confianca, mentiroso ou omisso de acordo anterior, devem ser particularmente_detathados com a_mimicia das possiveis_ressalvas_em relacéio as vantagens e bénus ao investigado, além de instituicdo de cléusula expressa e precisa quanto_ao_atendimento_dos_compromissos_da_colaboracito anterior no cumprida ou descumprida antes de qualquer nova vantagem E certo quer a lei das organizagées criminosas ndo estabelece i no trabalho de essa vedagdo. Nesse sentido, jé me pronuncie ‘minha autoria: ‘a lei ndo cogita da rescisdo do acordo, em tese possivel enquanto ato bilateral de convergéncia de vontades. Cabe, entretanto, alguma reflexdo. E inegdvel que a homologacdo pressupde, documentos, depoimentos, apuragdes (anexos) que a lei exige para reconhecer como vlida e legitimada a delagdo premiada, fora do que ndo haverd espago para a homologagdo e ‘menos ainda para os efeitos da delacdo regularmente completada, Para a homologacao, pois, é necessério ter reunida a robusta demonstragdo dos resultados que a lei elenca e, entiio, 0 ato judicial de homologacdo — sem cogitar de juizo sobre o contetido — dird que 0 acordo observou os termos formais da lei para os efeitos processuais designados.’ Surge, porém, do sistema um conjunto de preceitos que leva a\ 6] essa conclusdo. Na Lei Anticorrupedo (Lei n° 12.846/2011), por et: (193198627 | FAG 31384270 | OUMAHUNGRIAGOLINAHUNGRIAADV.ER ‘AREORALDO ESPINOLA DE OLVERA LIMA FLO | Jos ts OUVEIRA LM ‘ACUTLINE FURUER | CAMILLA HUNGRUA | RODRIGO DALLA 30 {Gtovinua G01 | ANA CAROLINA DE OLVERA loves {CAAULA TORRES CISA | FBI SCHIFFER SAAT | ANA CAROURA MIRANDA, OLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALUACQUA & FURRIER ‘VERONICA CARVALHO RAHAL | DAML KIGNEL exemplo, estd prevista uma moratéria (artigo 16, § 8°), durante 1rés anos para novo acordo se 0 acordo de leniéncia nao foi cumprido, 0 que importa em vedagdo total, embora limitada. Salienta-se, por oportuno, que essa lei embora inserida no Ambito civil e administrativo tem clara conotagao dos conceitos, tipificagio de fatos ilicito e sangbes inerentes ao direito penal. Na Lei do CADE (Lei n° 12.529/2011) igualmente se prevé uma sangdo temporaria para o caso de descumprimento do acordo com base no artigo 86, § 12. Essas duas leis se referem expressamente a possibilidade de descumprimento de acordo com graves consequéncias, embora ali denominados acordo de leniéncia. Na tiltima lei, esta possibilidade ¢ consequente restri¢éo, aplica-se também a pessoa fisica, além da juridica, Esses breves precedentes legais que, todavia, integram um bloco de repressio aos crimes ou faltas administrativas relacionadas com improbidade, corrupedio e fraudes de toda a ordem, apesar de sumdrios, tém entre si um parentesco muito préximo indicando que a inspiragdo legislativa sempre foi de impor sangées ao acordante que niio honra as propostas e os compromissos, podendo ser mais ou menos rigorosas. Note-se que a Lei Anticorrupedo (Lei n° 12.846) € de 1° de agosto de 2013, um dia antes da edigdo da Lei da Organizago Criminosa (Lei n® 12.850), de 2 de agosto de 2013, A denominada lei do CADE (Lei n° 12.529) é de 30 de novembro de 2011. Portanto, a contemporaneidade das leis é evidente. E, assim, _inspiracdo legislativa nééo_poderia ser diferente quanto & implementacio da sanedo ao acordante infiel. Tanto a Lei do CADE quanto a Lei Anticorrupedo sito leis que versam sobre pessoas juridicas, em especial de direito privado (empresas). O sistema legal brasileiro preserva, sempre que possivel, a sobrevivéncia econémica da empresa, cabendo ressaltar os institutos — civis/empresariais — da faléncia e da recuperagao judicial, @ Av, SKO LUIS, 0-32 ANDAR CON), 522- EDIFICIO ITALIA SAO PAULO P| CEP 01066926 TEL) SBRA2T2| FAK 51386270 | OLIMAUNGRIAZOLIMAHUNGRIAABV.ER AREOBALDO FsPiNOLA DS OLVERA LIMA FLO | JOSE LUIS OUVERA Li Jncuetine Romain | Canta HUSGRIA | RODRIGO DAAC 31 CGlovanna Ga204s | ANA CAROLINA BE OLVERA OVEN [CttA TORRES CESAR | FABUINASCHEFR SAAT | ANA CAROLINA RADA COLIVEIRA LIMA. HUNGRIA, DALU'ACQUA & FURRIER \Venoca CAWALKO RAGA | DARIEL KCN A Lei n° 12850 & lei penal, tipifica crimes, penas e procedimentos enderecados a pessoa fisica, ndo cogitando de novo acordo de colaboragao premiada, caso o anterior tenha sido quebrado, ndo por omissdo, mas por impossibilidade légica de fazé-lo. E a dedugdo légica da intenedo do sistema normativo Exnem poderia ser de outra forma, posto que a disposigao de negociar vantagens em troca de informagoes nao equivale a contrato ow negécio juridico civil. Pelo contrdrio, como favor legal_excepcional onde em quaisquer circunstancias deverd prevalecer 0 interesse piiblico ou o da sociedade (a justica piiblica). Uma vez quebrada a confianca ndo_hé_mecanismo juridico ou processual capaz de restabelecé-lo, A colaboragdo premiada se dirige ao processo penal ~ provavelmente a mais seria restrig¢do que uma pessoa pode sofrer, pois afeta sua liberdade de ir e vir — a burla, a fraude, 0 engodo, 0 descumprimento ou néo cumprimento em qualquer tempo das cldusulas do acordo de colaboragao premiada afetam a credibilidade das informagdes, com risco manifesto de vantagem indevida do colaborador, gritante ofensa terceiros prejudicados ¢ violagao direta dos principios constitucionais da ampla defesa, do contraditério e do devido processo legal. Em suma, o pressuposto natural e légico da colaboracio que The confere a juridicidade compativel ¢ justifica a excepcionalidade processual & que a confianga sinceridade sejam absolutas Alidés, a prépria ocorréncia de outro delito de mesma ou diferente espécie do anteriormente objeto de colaboragéo, ‘mesmo inteiramente satisfeita, deixa entrever um déficit de acordabilidade, uma vez que & insito a qualquer acordo de colabora licita manifestacdo de ndo reincidénc a Embora a colaboragdo premiada ndo constitua uma declaragao ou compromisso moral de néo delinguir, ou de arrependimento, é evidente que 0 acordante ao propor-se facilitar o descobrimento e apuragao dos crimes que assim vem 0 [AV SKO LUIS, S0-32°ANDAR- CON}. 522 EDIFICIO TTALA SAO PAULO SP | CEP 61046926] TEL: 3354272 | FRE (31384270 | OUMAMUNGRIASOLIMAHUNGRIAADV.SR ‘OLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALUACQUA & FURRIER ARIORALDOFSHINOLA DE OUVEIRA LNA FL | fs tes Cuvee Ls JQyeune FURZUER | CH HUNG | RODRIGO BALLACK 32 [GlOvRANA GAZOUA | ANA CABOUNA DE OLVERA POVESANA (Conta TomRss Ces |FELINASCHEEER SATIN | ANA CAROLINA MIRANDA VERONICA CARVALHO RUAL| DAKE KEL a reconhecer, confessando-os, naturalmente repassa ao proceso esta ideia. Quem reconhece a falta e volta a praticd-la, se ndo estiver doente ou incapacitado, nto pode esperar do ordenamento juridico e principalmente do proceso penal qualquer transigéncia ow tolerdncia de modo que a colaboragdo néo poderd ser admitida e ao juiz nesse caso cabe nado homologé-la. Nessa linha, revela-se essencial que a disposi¢do das partes na delacdo premiada seja absolutamente sincera e eticamente responsével, donde inevitavelmente surtird para 0 processo e para a investigaciio de modo geral a certeza da confiabilidade das apuracies, ou na sua falta a imprestabilidade do processo serd manifesta, Portanto a nova colaboragdo mostra-se imprestivel por auséncia de requisito subjetivo - a credibilidade do colaborador = e requisito formal - omissdo de informagées importantes no termo do acordo -, consequentemente, todos os atos ¢ provas dela advindas também serdo imprestéveis. Diante disso, a colaboracao nao teve o requisito de validade verificado e sua eficdcia resta prejudicada, Por todo o explanado, respondendo a primeira indagacéo da consulta, tendo havido decistio de quebra de acordo em colaboracio anterior pelo mesmo colaborador, niio poderd ser feito novo acordo, diante da auséncia de sua credibilidade, requisito essencial para o instituto da colaboragdo premiada. Pelas mesmas razées, no tocante a segunda indagagdo, ndo é villido e eficaz 0 novo acordo, como também quaisquer atos dele decorrente. Eo parecer.” (doc. 5, fls. 23/29). Portanto, a nova colaboragao mostra-se imprestivel no aspecto subjetivo, pela reconhecida quebra de confianga em relagdes anteriores do delator Alberto Youssef com o proprio Estado-Juiz e ainda, no aspecto formal, em decorréncia da completa omissao pelo Ministério Publico Federal de fato relevante © para celebragiio de nova delac&o, uma vez que, apenas sete dias antes da assinatura AV, SAO LUI. 0-32" ANDAR- CON, 322-EDIFICIO TALIA SiO PALL P| CEP 01046926 | TEL) S884272| FA 131384270 | OLIMAHUNGRIAZOLIMAHUNGRIAADV.BR DF OUVHEA Ula Fi | JOSE Ls OLVERA Lad Jaquet FR | Casas HUSGRIA | RODRIGO DALEACOB, 33 Gro¥ARNA GHZOU | ANA CAROLINA DE OLVERA OVE, {hata TORRES CESAR | FARINA SCHEFER SEAN [ANA CAROLINA ARANDA OLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALUACQUA & FURRIER ‘VERONICA CARAHO RAL | Ease Ke, do novo ajuste, o delator havia sido condenado, justamente por ter rompido acordo firmado com os mesmos atores acusatérios e julgador, circunsténcia impeditiva da concessao de beneficio, Pelo exposto, requer seja declarada a ilegalidade da decistio que homologou 0 acordo de colaboragao premiada firmado entre Alberto Youssef e © Ministério Piblico Federal, proferida pelo Exmo. Ministro Teori Zavascki, anulando-se, consequentemente, todos os elementos de prova decorrentes, com fundamento no principio constitucional do devido processo legal ¢ no art. 157 do Cédigo de Processo Penal. 5. A ILEGALIDADE DO ACORDO DE COLABORACAO PREMIADA DE ALBERTO YOUSSEF EM RAZAO DE CLAUSULAS PATRIMONIAIS ILicITAS. Sem prejuizo do reconhecimento da ilegalidade ja explanada, faz-se necessario também apontar outra grave ilicitude, consistente na descabida “liberagdo” de bens adquiridos com proveitos de crimes contra a “Petrobras” em favor do Colaborador, conforme sera exposto a seguir. O Ministério Pablico Federal afirma, na cldusula 4° do acordo, que Alberto Youssef (Colaborador) atuou na “movimentagdo de valores Provenientes de diversos crimes contra a administracéo publica, sobretudo fraudes em contratacées ¢ desvio de recursos em diversos ambitos e formas, totalizando centenas de milhdes de reais” (grifamos). Segundo alega 0 Ministério Piblico Federal no site criado para divulgar a investigagdio, a “Operagdo Lava Jato” investiga “corrupedo e lavagem de dinheiro” e 0 “volume de recursos desviados dos cofres da Petrobras, 7& maior estatal do pais, esteja na casa de bilhdes de reais” !?. ° httpséwww.lavajato.mpfimp.br Av, SAO LUIS. 0-32" ANDAR CON, 322+ EDIFICIO ITALIA SO PAULO ~$P CEP 01046926 TEL 31384072 | FA (31386270 | OLIMAHUNGRIAROLIMAHUNGRIAABV.BR AngOwAL00 ESPINOLA DE OLVERA UMA FL | Js# Les OUIVEIRA LN JAQUELINE Fungi | Cala HUNERIA| RODNGO DALEACAHA 34 (Conta TORRES CESAR | FAL SCHHPER SABATIN | ANA CAROLINA MIRANDA COLIVEIRA LIMA. HUNGRIA, DALL'ACQUA & FURRIER VERONICA CAWALHO RALAL| DANIEL KIEL Nao obstante 0 Ministério Pablico Federal denunciar Alberto Youssef pela pratica de crimes em prejuizo da sociedade andnima de capital aberto Petrobras, 0 termo de acordo de colaboragdo premiada estabeleceu diversas previsdes que garantem a liberacdo de bens adquiridos com o proveito do crime em favor das filhas e da ex-mulher do Colaborador. Inicialmente, destacamos um imével que foi “liberado” no termo de colaboragao premiada em favor da ex-mulher do Colaborador: “§5°. Serd liberado em favor de (XXXXXXX), ex-mulher do COLABORADOR, o imével situado na Rua Afonso Bras, 747, 41° Andar, Ap. 101-A no Bairro Vila Nova, Sao Paulo/SP, desde que ela renuncie mediante instrumento separado, em 30 (trinta) dias, a qualquer medida impugnativa em relagdo ao perdimento ou alienagiio dos bens indicados neste acordo ou qualquer outro bem que venha a ser apreendido como de propriedade do COLOBORADOR.” (doc. 7, fl. 8). Esse imével ¢ avaliado em quase 4 (quatro) milhdes de reais, segundo afirma o Ministério Piiblico Federal, que assume que tal bem foi “adquirido com 0 produto de delitos previamente perpetrados por YOUSSEF” ¢ teve sua propriedade ocultada por meio de lavagem de dinheiro. Essas afirmagdes sobre o imével esto em dentincia® oferecida pelo Ministério Piblico Federal contra Alberto Youssef, Paulo Roberto da Costa (ex-Diretor de Abastecimento da Petrobras) ¢ outros, acusados de diversos crimes, inclusive ilicitos praticados contra a Petrobras. A seguir citamos trecho da dentincia, em que 0 Ministério Pal 0 _Federal_admite que o imével iberado_em favor _da_ex-mulher de Alberto Youssef foi comprado com dinheiro e ocultado por meio de Javagem de dinheiro: ® Autos n° 5053744-31.2014.404.7000, Disponivel em htp:/hwww.Javajato.mpf.mp.brimages/ ARQUIVO%2021%21 {DAR CON). 322-EDIFICIO TALIA|SKO PAULO - SP |CEP 0104-926 TEL: 3 20denuncia.pdf,fls. 135/136, grifamos. 272 | Fe (1) 3158.6270 | OLUMABUNGRIABOUMAHUNGRIAADY.AR 0 OuvelRA Li (A. HUNGRIA, DALLACQUA & FURRIER, ‘ARJORADO ESFINOLA DE OLVERA LMA FLO | JE us OLVERA Ln JQUHLINE FURIE | CADILLA HONGRA| RODRIGO DALLACOU 35 [owas GAZOLA | ANA CAROLINA DE OLVERA OVEN (Cama TORRES CESAL FRAN SCHEFER SEAT | ANA CAROLINA MIRANDA VERONICA CARVALHO RAG | DANE KS “6.4.2. Apartamento 111-A do Condominio Edificio Walk Vila Nova. Em momento néo determinado, pelo menos entre 01.02.2012 € 30.06.2014, JOAO PROCOPIO, de modo consciente ¢ voluntério, agiu em concurso unidade de designios com os previamente denunciados ALBERTO YOUSSEF e CARLOS ALBERTO, a fim de dissimular a origem e ocultar a propriedade do apartamento 111-A do Condominio Edificio Walk Vila Nova, localizado & Rua Afonso Braz, n° 747, Vila Nova Conceicio, Sao Paulo/SP, adquirido com o produto de delitos previamente perpetrados por YOUSSEF, notadamente ‘aqueles contra o sistema financeiro nacional acima indicados, Referido apartamento foi comprado por ALBERTO YOUSSEF, em dezembro de 2009, através da GED INVESTIMENTOS LTDA, tendo CARLOS ALBERTO atuado no mesmo sentido, na condiedo de sécio da GFD. Ata de reunido de sécios/celebragdo de compromisso, datada de 07.12.2009, demonstra a aprovaciio da aquisigdo do bem em nome da empresa, tendo CARLOS ALBERTO assinado em nome de todos os sécios. Hoje o bem é avatiado em RS 3.727.733,56, Diversos elementos _comprovam que a propriedade_do Apartamento pertence, de fato, a ALBERTO YOUSSEF, néo obstante a matricula encontre-se ainda em nome dos antigos proprietarios.”*" Mas nfo € s6. O acordo de colaboragao premiada prevé também a liberagiio de um imével em favor das filhas do Colaborador como uma espécie de recompensa pela efetividade de Alberto Youssef na recuperagiio de ativos: “§4°.O imével formado pelos prédios de sobrado n° 29, 31,56 ¢ 62, ¢ pelo terreno em que se situava 0 prédio de n° 58. no Campo de Sito Cristévdo, no municipio do Rio de Janeiro/ RJ, Autos n® 5053744-31.2014.404.7000, Disponivel em hitp:/www lavajato.mpfmp.br/images! ARQUIVO%2021%20-9420denuncia.pdf, fis. 135/136, grifamos Av, Sho LUIS, 0-32" ANDAR CON, 522- EDIFICIO ITALIA SHO FALLO $P | CEP C1046 TEL b 16272 FAX Ca 3386270 | CLMARUNGRIASOLIMARUNGRIAADY AR AREOWMLDO ESFINOLA DE LIER La FL | JsE Lis OLVERA La JPRQUELINE FURNER | CAMILA HUNGRIA| RODRIGO DAALACCUA 36 (CamtaTonves Cisak | RANA SCHER OUIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALLUACQUA & FURRIER VERONICA CataUHO Rada | DANIEL KCL é destinado, de forma irretrativel e pelas infra jes penais por ele praticadas, nos seguintes termos: @) no periodo em que 0 COLABORADOR estiver preso em regime fechado, nos termos da cldusula 5*, inicio Il, do presente acordo, tal imével permaneceré apreendido, sob a administragao do Juizo competente, perante o qual serdo depositados todos os alugueres dele decorrentes; b) findo o periodo a que se refere alinea anterior serd efetuada avaliagdo judicial do bem imével mencionado, bem como se procederé ao eélculo de todos os bens e valores de origem ilicita que puderam ser recuperados tinica e exclusivamente em decorréncia das informagdes prestadas pelo exclusivamente em decorréncia das informagdes prestadas pelo COLABORADOR ‘no Gmbito do presente acordo, e desde que tais informades jé doo estejam em poder dos érgdos de persecugdo penal: ©) do valor do bem, serd deduzido 1/50 (um cinquenta avos) do valor consolidado de todos os bens e valores ilicitos recuperados, no Brasil ou no exterior, nos termos da alinea “b"; 4) se 0 montante consolidado de 1/30 (um cinquenta avos) dos valores recuperados a que se refere a alinea anterior for igual ou superior ao valor do imével, seré dispensada a multa compensatoria a que se refere o pardgrafo 4° desta cldéusula e 0 COLABORADOR poderd destinar 0 imével referido no §4° as suas filha. @) se 0 montante consolidado de 1/50 (wm cinquenta avos) dos valores recuperados referido na alineas anteriores for inferior ao valor do imével, este serd alienado judicialmente, sendo que do valor obtido seré deducido da multa compensatéria em favor do COLABORADOR 0 montante proporcional a recuperacéo referido;” (doc. 7, fl. 7/8). Ocorre que referido imével, avaliado em no minimo 3 (trés) milhées de reais, também foi adquirido com o produto de crimes cometidos por Alberto Youssef e teve sua propriedade dissimulada por meio de lavagem de o Av. SHO WS, 80~ 50° ANDAR- CONT. 322-EDIFICIO TALIA SAO PAULO S| CEP 01086926 TEL) 3386272 FAX 31946270 | OLIMAHUNGRIAROLIMANUNGRIAADVR dinh |AREOBA.DO ESPINOLA DE OLVERA Ln AHO | JOS LUIS OuVERA Lek QUELINE URWUER | CAMILA HUNGRLA | RODRIGO DALLACLA 37 {CALA TOMRES CESAR | FBLA SCHEER SAAT | ANA CAROLINA MIRANDA, OLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALL'ACQUA & FURRIER YVekONicA CABALHO RAFAL | PAUL KIEL Aqui, novamente, os préprios Procuradores Federais que atuam na “Operagio Lava Jato” afirmam que o bem foi adquirido com os Proventos de crime. Transcrevemos abaixo 0 trecho da dentincia em que 0 MPF menciona © imével ao acusar Youssef, Paulo Roberto da Costa e outros de praticarem crimes em prejuizo da Petrobras: “Entre 14.11.2011 até a presente data, 0 denunciado ALBERTO YOUSSEF, agindo em concurso e unidade de designios com os denunciados CARLOS ALBERTO, ENIVALDO QUADRADO e JOAO PROCOPIO, de forma consciente, voluntéria ¢ habitual, dissimulou a origem e ocultou, por cinco vezes, a propriedade dos prédios de sobrado n° 29, 31, 56.¢ 62.¢ do terreno em que situava o prédio de n° 58, no Campo de Sao Cristévido, no municipio do Rio de Saneiro/RJ, adquiridos com produto dos crimes jd mencionados.” * Por fim, no acordo de colaboragio premiada, um terceiro imével foi “Jiberado” em favor das filhas de Alberto Youssef: “$6°. Seré_liberado em favor de fithas do COLABORADOR, o imével situado na Rua Elias César, 155, Ap. 601, em Londrina ~ PR;” (doc. 7, i1. 8) Portanto, 0 acordo de colaboragio premiada estipulou a liberagto de bens que, segundo assume o proprio Ministério Pablico Federal, foram adquiridos com valores provenientes de crimes cometidos por Alberto Youssef em detrimento da Petrobras e, ainda, foram objeto de operagées que caracterizam lavagem de dinheiro. O acordo de colaboragiio premiada no pode ser elaborado de forma discricionéria, pelo contrrio, deve seguir os termos dispostos na legislaciio patria, que nao prevé, em nenhuma hipétese, a concessio de beneficios patrimoniais. Av. SAO WIS, 50-2" ANDAR CON}, 322- EDIFICIO ITALIA | SHO PAULO $P CEP 01046926 TEL: (0) 3986072 | FR 31384270 | OUMAHUNGRIAZOLIMAHUNGRIAADV BR, Ropaico BALLACK 38 Wn TORRES CISA | FABIANA SCAIFER SATIN | ANA CAROUINA MIRANDA. OLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALUACQUA & FURRIER VERONICA CARVALHO RAKAL| DANIEL KIGNEE © art. 4° da Lei n° 12.850/13 estabelece 0 alcance dos beneficios, preceituando que o Juiz poder “conceder o perddo judicial, reduzir em até 2/3 (dois tercos) a pena privativa de liberdade ou substitui-la por restritiva de direitos”. Logo, nio ha previsio de isengao ou mitigacao da responsabilidade civil de reparar os danos. Obviamente, os prejuizos causados a terceiros pela infragao penal sempre poderdo ser cobrados na esfera civel pela parte ofendida, mesmo em caso de perdio judicial. AS outras leis citadas como “base juridica” do acordo de colaboragao (Leis n°s 9.807/99 e 9613/98) também nao preveem nenhuma espécie de beneficio patrimonial ao Colaborador. Além de nao existir dispositive legal para legitimar as doages feitas no acordo de colaboragao, ha, em nosso ordenamento juridico, norma que profbe expressamente qualquer espécie de flexibilizacio das regras internas de confisco de bens adquiridos por meio de crimes de lavagem de capitais e corrupeaio. Trata-se da Convenciio de Mérida (Decreto n° 5.687/2006), que disciplina o tratamento aos crimes de lavagem de capitais e cormupgao. Ao abordar o embargo preventivo, apreensio e confisco de bens, seu art. 31 estabelece que “cada Estado Parte adotard, no maior grau permitido em seu ordenamento juridico interno, as medidas que sejam necessdrias para autorizar 0 confisco (...) do produto de delito qualificado de acordo com a presente Convengdo ou de bens cujo valor corresponda ao de tal produto”. Assim, incorporada ao direito positivo brasileiro pelo Decreto n° 5.687/2006, a Convengaio de Mérida impée que o Brasil adote medidas de confisco de bens adquiridos com proveitos de crimes de corrupedo e lavagem de capitais “no maior grau permitido em seu ordenamento juridico interno”. Ou seja, nenhuma lei permite a liberago de bens em favor do Colaborador, e, como se nao bastasse, ha também um mandamento legal expresso para que as medidas jurid de confisco existentes sejam adotadas no maior grau permitido. 6 absolutamente @ Disponivel em http://www lavajato.mpf-mp.br/images/ARQUIVO%2021%420-9%20denuncia.pdf, fs. ‘SRO LUI. 30-32" ANDAR CON 522- EDIFICIO (TAL AO FAULO SP | CEP 0104692 TEL (3384272 | FAK) 31384270 | OLIMAHUNGRIAEOLIMAKUNGRIAADV.BR ‘AREORALDO FSFINOLA DE OUVEIR Li F&O | Js Las Ove Ln Magen PRUE | CALA HUSGRIA | RODRIGO DALEACUA 39 {AML TORRES CESAR | FARINA SCFR AMATO | ANA CAROLNA MIRANDA OLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALU'ACQUA & FURRIER ‘VERONICA CASIUHO RAVAL | DGGE KIEL ilegal, portanto, que 0 acordo de colaboracao premiada resolva relativizar 0 tema doar bens ao Colaborador. Vale ainda observar que 0 acordo de colaboragdo premiada esta ilegalmente dispondo de bens que dizem respeito a reparacio do dano sofrido pela suposta vitima, no caso, a Petrobras. Conforme constou na deciséo do Exmo. Ministro Teori Zavascki que homologou 0 acordo, Alberto Youssef esté sendo acusado de operagoes ilicitas “utilizadas inclusive para lavar dinheiro oriundo de crimes antecedentes praticados em detrimento da Petrobras”. O sistema penal brasileiro possui diversas cléusulas que impfem a tutela do direito do ofendido a reparago do dano causado pela infragilo A sentenga condenatéria, por exemplo, deve estipular um “valor minimo para reparagdo dos danos causados pela infracdo, considerando os prejuizos sofridos pelo ofendido” (art. 387, CPP). Antes mesmo da sentenga, a vitima pode se valer de medidas assecuratorias para garantir 0 ressarcimento do dano, pleiteando 0 “sequestro dos bens iméveis, adquiridos pelo indiciado com os proventos da infragdo” (art. 125, CPP) ou a hipoteca legal para garantir uma futura indenizacdo. conforme o valor da responsabilidade civil (art.135, CPP). A reparacao do dano ao ofendido possui preferéncia sobre as despesas processuais e as penas pecuniarias (art. 140, CPP). Ademais, a Lei n° 9.615/98, que dispde sobre o crime de lavagem de dinheiro, igualmente prevé a imposig&o de “medidas assecuratérias sobre bens, direitos ou valores para reparacéo do dano decorrente da infracto penal antecedente” (art. 4°§ 4°, grifamos). Referida legislagio também estabelece preferéncia ao ressarcimento do lesado, estipulando a perda “de todos os bens, direitos e valores relacionados, direta ou indiretamente, a pritica dos crimes previstos nesta Lei, inclusive aqueles utilizados para prestar a fianga, ressalvado 0 do lesado ou de terceiro de boa-fé” (art. 7°, I, grifamos), (8 direi 135/136, grifamos. -NV SAO LUIS, $0- 32° ANDAR- CON}.322- EDIFICIO ITALIA KO PAULO SP | CEP 01046526 | TEL: 31984972 | FAK 1 3138.4270 | OLIMAHUNGRIABOLIMAHUNGRIAADV.8R Jpaytuine FuRsiER | Cas HONGRLA | RODRIGO DALLACQUA 40 [CAMILA TORRES CESAR | FARA SCHEFER Sata | ANA CAROLINA MIRANDA OLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALUACQUA & FURRIER VERONICA CARLO RASA | DANIEL KGL A Convengiio de Mérida (Decreto n° 5.687/2006) igualmente determina 0 confisco de bens adquiridos com valores ilicitos e sua “restituicdo a seus legitimos proprietérios anteriores*>. A Convencio de Palermo Decreto n° 5.015/2004) estabelece a adogao de uma série de medidas para permitir © confisco do produto das inftagdes, ressalvando que “ndo_deverdo, em circunstincia alguma, ser interpretadas de modo a afetar os afetar os direitos de terceiros de boa fé""'. No caso conereto, 0 acordo de colaboracao “liberou”, em favor de pessoas préximas ao Colaborador os bens adquiridos com os resultados dos crimes praticados contra a Petrobras, afrontando os direitos _preferenciais_de reparagdio_do_dano ao lesado, impostos pelo Cédigo de Processo Penal, Lei de Lavagem de Dinheiro, Convengao de Mérida e Convengao de Palermo. Diante do exposto, 0 acordo de colaborac premiada, ao liberar, em favor de pessoas ligadas a0 Colaborador, bens adquiridos com os valores provenientes das infragdes, estabeleceu beneficio nao previsto em lei e ofendeu o art. 31 do Decreto n° 5.687/2006 (Convengao de Mérida), que impoe a aplicagao das medidas de confisco no maior grau permitido, proibindo qualquer flexibilizagao das normas vigentes. Da mesma forma, ao liberar bens que, em tese, poderiam ser objeto de reparactio do dano civil por parte da Petrobras, 0 acordo violou a ® “artigo $7. Restitulcdo e disposicio de ativos 1. Cada Estado Parte dispord dos bens que tenham sido confiseados conforme o disposto nos Artigos 3] ou 55 da presente convengio, incluida a restituicao a seus legitimos proprietérios anteriores, de acordo com 0 pardgrafo 3 do presente Artigo, em conformidade com as disposigdes da presente Convengao e com sua legislacdo interna," (grifamos). % Artigo 12 Confisco ¢ apreensdo 1. Os Estados Partes adotardo, na medida em que o seu ordenamento juridico interno o permita, as medidas necessirias para permitir 0 confiseo: 4) Do produto das infragbes previstas na presente Convencao ou de bens cujo valor corresponda ao desse produto; 5) Das bens, equipamentos e outros instrumentos utlizados ou destinadas a ser wtilicados na prética das infragdes previstas na presente Convengao. € (») 8 As disposicdes do presente Artigo ndo deverdo, em circunstancia alguma, ser interpretadas de modo {_/ « afetar os direitos de terceiros de boa fé.”(eritamos). ANDAR CON) 322 EDIFICIO TALIA | SiO PAULO SP | CEP 01046926 TEL (1) 2386272 | Ft 31584270 | OUMAHUNGRIAGOLIMAHUNGRIAADV.BR av. sko Wis, 50 4 SO WIS 50-32" ANDAR CON. 32 EDIFICIO ITALIA SAO PAULO SP] CEP 01046-426 TEL) 1384272 FRE aD B82 |AREOBALDO BSPINOLADE OLVERA UMA Fo | Jos ls Ouvena Link Jacquin FURRIR | CaMLA HUNGRIA| RODRIGO BALEACQUA 4 OLIVEIRA LIMA, HUNGRIA, DALUACQUA & FURRIER ‘VeRONICA CADALHO REAL | DANIEL KGL preferéncia legal do ofendido na recuperagao de ativos, prevista no art. 125 do Cédigo de Processo Penal; art. 7°, inciso I, da Lei n° 9.615/98; art. 57 do Decreto n? 5.687/2006 (Convengio de Mérida) e art. 12 do Decreto n° 5.015/2004 (Convengao de Palermo). Em conclusdo, as ilegais cléusulas patrimoniais inseridas no acordo de colaboragtio premiada, homologadas por decisio judicial, ofendem intmeras normas juridicas e desrespeitam 0 principio constitucional do devido processo legal. 6. O PEDIDO LIMINAR. © Paciente encontra-se preso desde 14.11.14 em decorréncia de priséo preventiva decretada na acdo penal n° 5083360- 51.2014.404.7000, em tramite na 13* Vara Criminal Federal de Curitiba (PR), instaurada no ambito da “Operagao Lava Jato”. No dia 29.4.15, nos autos da referida aco penal, sera realizada a oitiva judicial do Colaborador Alberto Youssef. Referida inquirigio agravaré ainda mais as consequéncias ilicitas do descabido acordo de colaboraclo, que, conforme exposto, ofende o prinefpio do processo legal e implica na produ de prova ilicita, Assim, presentes 0 fiunus boni iuris ¢ o periculum in mora, requer-se a suspensio da agao penal n° 5083360-51.2014.404.7000, em tramite na 13* Vara Criminal Federal de Curitiba (PR), até 0 julgamento final deste writ, determinando-se a consequente revogagao da prisao preventiva do Paciente. 7. O PEDIDO FINAL. Conforme exposto, 0 acordo de colaboragio premiada foi 6 celebrado com Colaborador que, conforme afirmado pelo proprio Estado, exerce ~ 70 | OLIMAHUNGRIASOLIMAHUNGRIAADV BR OUIVEIRA LIMA, Hut -AREOBALDO ESPINOKA DE OLVERA LA FLHO | JOSE Ls OUVERA La JAQQELR FUARIER | CAMILA HUNGRIA | RODKGO BALEACER 2 GIOwRNA GHZDUA | ANA CAROLINA DE OLVERA MOWENKA Asta TORRES CLS | ASIN SCHEFER SAHATINI | ANA CAROUMA SIRANDA RIA. DALUACQUA & FURRIER, [VERONICA CARVALHO RAIL | Dass Kee, atividades criminosas hé no minimo vinte anos, tem personalidade voltada para 0 crime e ja desrespeitou acordo de delacao anterior. E imprescindivel que os limites éticos e legais da delagao premiada sejam observados, sob pena de o Estado se associar infinitas vezes ao criminoso contumaz, prendendo e soltando, hoje ¢ amanhé, sempre sob o pretexto de obter uma nova colaboragaio. Como se nao bastasse, o Estado firmou este segundo acordo de delagao presenteando 0 Colaborador com iméveis miliondrios, adquiridos com 0 prot \duto dos ilicitos perpetrados contra a Petrobras. Mal comparando, tal situagao equivale a um delator, acusado de assaltar um banco, receber parte do dinheiro roubado como beneficio do acordo. Nao era licito ao Estado celebrar, pela segunda vez, um acordo de colaborago com Alberto Youssef, assim como igualmente nao poderia liberar, em seu beneficio, bens adquiridos com os proveitos da infracdo. Evidentemente, a homologagao do acordo ofendeu ao principio constitucional do devido proceso legal e produziu prova ilicita. Diante do exposto, requer-se 0 reconhecimento da illegalidade do despacho que homologou 0 acordo de colaboragdo premiada, determinando-se a nulidade de toda prova a partir dele produzida. ‘Termos em que, pede deferimento. De Sao Paulo para Brasilia, em 6 de abril de 2015. Feu ny 4, KU ‘ros Lis OLIVEIRA LIMA. JAQUELINE FURRIER OAB/SP 107.106 OAB/SP 107.106 Lusi Per Mandar AKL yt noms DALL’ACQUA CAMILA TORRES CESAR OAB/SP174.378 OAB/SP 247.401 Av sho Ws, 50-2" aN NJ. 322 EDIFICIO ITALIA |SKO PAULO SP | CHP 01046526] TEL: (1 318.627 | FAK) 31386270 | OLIMAHUNGRIABOUMAHUNGRIAADY.BR

Potrebbero piacerti anche