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respostas claras
e concretas
às suas perguntas
Búzios: o oráculo
dos orixás I
O jogo de Búzios é um dos métodos adiuinhatórios mais populares do Brasil.
cerdotes do candomblé e da umbanda, racóis, espécies de conchas marinhas
S uas raízes podem ser encontradas no
continente africano, onde hoje se
encontra a República de Benin. O jogo
religiões afro-brasileiras.
Originalmente, os búzios eram jogados
trazidas da África e das costas da Bahia.
Alguns sacerdotes usam moedas e se-
passou por muitas modificações a par- exclusivamente pelos homens, e so- mentes em lugar de búzios.
tir do período colonial, quando muitos mente algumas mulheres, chamadas Joga-se sobre um tabuleiro, chamado
africanos foram trazidos para o Brasil "filhas" do deus Oxum, podiam exer- panifá, forrado com uma toalha branca.
como escravos. cer o papel de pitonisas, embora com O sacerdote lança sobre ele os dezes-
Este método adivinhatório, de caráter certas restrições. seis búzios que representam os orixás,
sagrado, só pode ser realizado pelas Os instrumentos de adivinhação utili- isto é, os deuses do panteão africano e
"mães de santo" e "pais de santo", os sa- zados neste oráculo são os búzios ou ca- que personificam as forças da natureza.
O pai ou mãe de santo deve invocar os
orixás através de orações e dos próprios
búzios.
O jogo é uma espécie de diálogo entre
as divindades africanas e os sacerdotes
do candomblé c umbanda: segundo as
posições das conchas, as mensagens dos
deuses sobre o tema consultado são
"captadas". Segundo os sacerdotes, os
augúrios são detectados, além da dis-
posição geométrica dos búzios, por
meio de certas vibrações que alguns
comparam a intuições. Estas vibrações
revelam cinco "caminhos" principais
para a vida, denominados "oduns", que
dizem respeito à personalidade e aos po-
deres espirituais da pessoa que consulta,
e também as respostas para seus pro-
blemas. Existem oduns positivos e ne-
gativos, e os búzios podem proporcio-
nar a busca de soluções ou oduns
positivos.
Os sacerdotes, que devem ser investi-
dos segundo os preceitos sagrados de
sua religião, buscam também, através
dos búzios, determinar qual é o "anjo
da guarda" ou odun de cada pessoa
consultada.
Segundo o candomblé e a umbanda,
desde que nascemos somos regidos por
XANGÔ
É um dos orixás mais conhecidos, é o
senhor do reino de Ioio (África), senhor
da vida e do candomblé. É o deus das
tempestades e dos raios. Seus filhos são
pessoas alegres, líderes e cheias de oti-
mismo. São sábios, buscam a paz, a jus-
tiça e a prosperidade. Mas podem ser
muito lascivas e libidinosas. Suas cores
são o marrom e o branco. Está sincre-
tizado com São Jerônimo. Seu dia é a
quarta-feira e seu número de sorte é o
12. Seu símbolo é um meteorito ou
uma machadinha de pedra.
LQGUN-EDÊ
Xangô, senhor da vida, é o deus das Oxum, a rainha do candomblé, filha
E o orixá príncipe. Com característi-
tempestades. de Iemanjá.
cas de criança, seus protegidos são vai-
dosos e adoram fazer demonstrações de
OXUMARÉ conhecimento. Geralmente são pessoas é o amarelo ouro, seu número de sorte
Oxumaré é o senhor do arco-íris e está sadias e desportistas. Estão sempre pen- é o 5, seu dia é o sábado e está sincre¬
relacionado com a serpente sagrada, um dentes de seu futuro e de seus sucessos. tizada por Nossa Senhora da Aparecida.
dos símbolos sagrados mais antigos do O fracasso é uma palavra que tentam Seu símbolo é um seixo polido pelas
mundo. Seus apadri- apagar de suas vidas. São representados águas dos rios, pequenos espelhos ou
nhados costumam por São Miguel Arcângel ou São Ex- um abano decorado com o desenho de
ser pessoas muito pedito. Seu dia é a quinta-feira e suas uma sereia.
calculistas, descon- cores, o verde e o amarelo.
fiadas e frias que IANSÃ
sempre atuam OXUM É a senhora do vento, da tempestade e
de forma im- É a rainha do candomblé e filha de Ie¬ do raio. É uma das esposas de Xangô.
prevista. manjá. Os filhos de Oxum são cari- É a protetora das prostitutas, das me-
nhosos, conselheiros e pessoas de con- ninas e adolescentes. Seus filhos cos-
fiança. Oxum é um dos orixás de maior tumam ser pessoas rancorosas, mas tam-
força no Brasil e contradiz as tradições bém são brincalhonas, expansivas e
Oxumaré africanas que exaltam mais os poderes extravagantes em seus costumes. Têm
está rela- dos orixás masculinos. Preside as águas grande inclinação pela dança. Suas cores
cionado com dos rios, riachos e cachoeiras. Seus fi- são o marrom e o vermelho, seu dia é
a serpente lhos são atrativos e têm facilidade para a quarta-feira e está representada por
sagrada. formar famílias muito unidas. Sua cor Santa Bárbara.
IEMANJÁ social ortodoxo. Suas cores são o ama-
É a rainha do mar e mãe de quase relo e o vermelho, seu número é o 13
todos os outros orixás. Seus protegidos e seu dia, o sábado.
são vaidosos, freqüentemente mulheres
de rostos longos, muito emotivas e de- QXALÁ
dicadas à família — Iemanjá protege os É uma das maiores divindades afro-bra-
viajantes — e estão sob a égide do amor. sileiras. Simboliza as energias produti-
As pessoas de Iemanjá vas da natureza, a riqueza e a fecundi-
costumam ser muito ciu- dade.
mentas e vingativas. Seus filhos são bondosos e religiosos,
Apresentam proble- mas também muito teimosos e, prin-
mas gastrointestinais cipalmente, muito independentes. Pre-
e tensão baixa. Está ferem lugares altos para viver. Muitos
sincretizada com pais de santo são filhos deste orixá. Está
Nossa Senhora das representado por conchas ou por um
Candeias. Seu nú- pombo. Seu dia da semana é a sexta-
mero é o 4 e o dia da feira. Tem por amuleto sete búzios. Sua QSANHÊ
semana, o sábado. cor é o branco, seus números são o 18 É o senhor das folhas das árvores (prin-
Tem por amuleto as e o 10. Está sincretizado com Jesus cipalmente de plantas medicinais) c de
conchas do mar. Cristo crucificado. todos os dias da semana. Seus protegi-
dos são pessoas ambíguas e muito ten-
EUA OBATALÁ dentes a se enamorarem. Não podem
É um orixá muito pouco conhecido e E o deus do firmamento, do céu e o tomar medicamentos muito fortes,
adorado. É a guardiã da beleza e da visão. criador do homem e da mulher. É pro- como alguns antibióticos, aos quais são
Encarrega-se de vigiar a paz em nosso tetor dos fetos humanos até seu nasci- normalmente alérgicos. Precisam ser
mundo. Seus filhos são pessoas dife- mento. É um deus andrógino. Seus fi- tratados com plantas medicinais. Suas
rentes, muito particulares, fora do marco lhos são carinhosos e geralmente têm cores são o verde e o branco. Seu sím-
muitos filhos aos quais dedica grande bolo é uma flecha de sete pontas; na do
atenção. Seu dia é a sexta-feira e sua cor, centro aparece um pássaro pousado.
o branco.
ANAMBURUCU O NANÃ
EXU E o mais velho dos orixás das águas.
É o mensageiro dos orixás. Serve de in- Seus filhos são tranqüilos, às vezes me-
termediário entre o pai ou mãe de santo lancólicos e depressivos. Também são
e os deuses afro-brasileiros. É conside- muito tradicionais e não podem ser nem
rado como uma entidade diabólica pai nem mãe de santo. Foi sincretizado
mas em sua essência origi- com Santa Ana. É o deus das chu-
nal pode fazer tanto o vas. Seu dia de culto é a terça-feira.
bem como o mal. E muito Suas cores são o lilás e o roxo.
exigente, sempre pedindo
sacrifícios de animais. IFÁ
E o guardião das por- É o orixá que tem poderes adi¬
tas e das ruas. A in- vinhatórios, o senhor dos bú-
fluência cristã o sin¬ zios. Está sincretizado com o
cretizou com o espírito santo e seu símbolo é
diabo. Está repre- um rosário de sementes. É o
sentado por um deus das coisas ocultas. Por isso
ídolo de barro seus filhos costumam ser
onde se desta- bruxos ou pessoas dedicadas
cam dois toscos a estudar temas ocultistas. Al-
olhos e uma boca. Seu guns deles têm grande sensibilidade
dia é a segunda-feira. para adivinhar o futuro.
Tarô indígena: seres fantásticos do Brasil
Mapinguari, Curupira
e Boiúna
O Tarô indígena trata-se de um jogo de cartas do Tarô especial
desenvolvido a partir dos deuses da mitologia dos indios tupis-guaranis
e também de alguns seresfantásticos.
Pé de garrafa,
Jurupari e Iara
PÉ-DE-GARRAFA buídas supostamente a esta entidade,
O equilíbrio espiritual está em um só encontradas no estado de Piauí, mos-
ponto e não em vários. Esta é a lição tram que o Pé-de-Garrafa deve ser mui-
que nos dá o Pé-de-Garrafa. Além to pesado, deixando marcas profundas
disso, mostra que todos nós temos uma na terra dura.
faceta "saltadora", de eternos peregri-
nos pela vida. JURUPARI
O Pé-de-Garrafa é um ente misterioso Eis uma representação do poder ma-
que vive nas matas do centro e meio- chista as vezes justo e outras vezes ex-
norte do país. Raramente é visto, mas tremado. O sentimento de ódio e pai-
sempre se ouvem seus gritos estriden- xão às mulheres é o que domina no
tes, ora amedrontadores ora familiares, Jurupari. Inclusive muitas mulheres
capazes de confundir os caçadores, que possuem, sem o saber, a força do Ju-
acreditam ouvir os gritos de um com- rupari, a sua faceta masculina que se ex-
panheiro em apuros. Em algumas oca- pressa com maior ou menor intensi-
siões o pobre caçador enlouquece com dade.
os gritos arrepiantes. Mais que uma entidade lendária, o Ju-
O Pé-de-Garrafa, segundo algumas rupari é um mito profundamente arrai-
descrições, é uma criatura semelhante gado entre várias tribos indígenas do
a um ser humano de pele alva porém norte do país. Em tempos remotos, apa-
dotado de uma só perna. Outros acres- receu um dia o Jurupari em meio da
centam longos cabelos revestindo o seu selva, a quem Tupã, o deus do trovão,
corpo. Deixa um rastro que se assemelha confiou uma difícil tarefa.
ao fundo de um garrafa, perfeitamente Jurupari era um homem que nasceu
redondo. Algumas pegadas atri- de Ceuci, uma mãe virgem, que al-
alguns comparam à Vir-
gem Maria. Já criança, Ju-
rupari assombrava a todos
pela sua força física e grande
inteligência. Desde cedo reve-
lou-se um profeta, ditando leis, ensi-
nando o povo os segredos da agricul-
tura, determinando as regras de conduta
e servindo de juiz nas causas difíceis
entre os povos indígenas da Amazônia.
A maior missão de Jurupari foi a de lutar
contra as mulheres Amazonas que es-
cravizavam os homens. O enviado de
Tupã criou uma sociedade secreta para
acabar com o poder das mulheres de
uma forma sutil.
Jurupari instituía reuniões só para ho-
mens e ensinou-os a ser discretos, só-
brios, impassíveis à dor e fiéis aos com- As Iaras são sereias muito atrativas que com sua capacidade de sedução
promissos assumidos. Aconselhou-os a conseguem conquistar os homens.
se casarem cedo e serem fiéis à esposa
escolhida. Os casamentos somente po- O enviado do raio também estabeleceu U m dia, navegando por um rio, o índio
deriam ser entre pessoas de tribos di- uma rigorosa distribuição do trabalho: viu formar-se sobre as águas uma Chou-
ferentes. os homens deveriam ir à guerra, à caça pana e, por detrás da janela, apareceu a
O profeta dominador obrigou as meni- e pesca e às derrubadas da mata. As mul- mulher do sonho que lhe sorria. En-
nas a manterem a virgindade até a pri- heres deviam dedicar-se à cerâmica, te- louquecido pela paixão, o rapaz foi até
meira menstruação; condenou o ho¬ celagem, transporte de carga, trato dos a Choupana que flutuava sobre as águas.
mossexualismo, o incesto e o adultério filhos e agricultura O pai do índio pode ver que o corpo da
que eram punidos com a morte. Até hoje se mantém na Amazônia o cul- mulher tinha uma cauda e que, aga-
to ao Jurupari. Geralmente se comemo- rrando ao filho, se jogou na água, mer-
ra a sua vinda à terra e regresso ao céu gulhando para não mais voltar.
em uma espécie de templo onde se está Alguns indígenas e caboclos afirmam ter
vedada a entrada de mulheres. visto a Iara — como passou a ser cha-
mada — em muitos rios e igarapés.
A IARA Porém, alertados pela lenda, procuram
A Iara projeta sobre nós o poder da se- não ir ao seu encontro. Em algumas oca-
dução e da conquista e ao mesmo tempo siões, a Iara ou Mãe-da-Água (como é
da traição. Quem nunca traiu na vida? conhecida em outras regiões do Brasil),
O pecado aparece neste caso sob forma se mostra com as pernas para logo trans-
de mulher, como na Bíblia. formar-se em sereia: é nesse tempo que
A Iara é a "sereia brasileira", com atri- atrai suas vítimas.
butos físicos muitos atrativos e repul- Versões mais antigas, dos primeiros tem-
sivos: metade do corpo é mulher e a pos da colonização portuguesa, falam de
outra, da cintura para baixo é peixe. mulheres com corpo de serpente, ou
Conta a lenda amazônica que uma noi- ainda de um boto (parente dos golfinhos,
te um índio sonhou com uma belíssima porém de água doce) que se transforma
mulher de cabelos loiros e pele muito em uma mulher de cabeleira solta,
clara. Tal fada estava à entrada de um atraindo os rapazes para afoga-los.
imenso palácio de cristal recoberto de Para livra-se do poder de sedução da
ouro e de safiras e de onde saía uma mú- Iara, os indígenas aconselham a comer
sica celestial. O rapaz, apaixonado, ouviu alho ou esfrega-lo pelo corpo e fragelar-
que a mulher queria casar-se com ele. se com uma corda.
Tarô indígena: seres fantásticos do Brasil
O Boto, Ipupiara
e o Cabeça-de-Cuia
O BOTO
A transformação do ser humano ao
longo da sua vida, suas várias faces, é
o que mostra o Boto, esta entidade tão
arraigada na cultura amazônica. O Boto
é também um símbolo de sedução e de
energia vital. dos rios, onde mora.
O Boto é o golfinho dos rios amazô- Algumas testemunhas
nicos, porém com poderes de trans- afirmam que o Boto
formar-se em homem jovem c sedutor. sempre usa um chapéu que
Por isso, as mães advertem às filhas que é para ocultar um orifício para res-
tomem cuidado com os flertes que re- piração que originalmente o animal rio onde se transformou em um Boto
cebam de rapazes em bailes ou festas: possui no alto da cabeça. sangrento.
por detrás deles pode ocultar-se o Boto, Conta-se que, em certa ocasião, as pes- Nas noites de luar do Amazonas, conta-
um conquistador de mulheres, que as soas de uma vila desconfiaram de um se que muitas vezes os lagos se ilumi-
engravida e as abandona. rapaz de pele clara c de boa aparência: nam e que se ouvem cantigas de fes-
Por isso, todos os filhos de procedên- seria o Boto? Outros rapazes, invejosos tas e danças onde o Boto, ou também
cia desconhecida são atribuídos, na do poder de conquista do forasteiro chamado Uauiará, participa.
Amazônia, ao Boto. O Boto também sobre as mulheres da vila, o arpoaram, O Boto é hoje um animal em extinção
pode surgir à beira dos rios onde se ba- porém a vítima conseguiu correr até o pelos seus poderes mágicos. Muitos
nham as indígenas ou caboclas, geral- pescadores os capturam para cortar-lhes
mente pela noite. o pênis com a fmalidade de fazer um
Seduzidas, as mulheres mantém amuleto de "conquista varonil" ou
encontros furtivos com a enti- para combater a impotência. Ou-
dade, que logo volta ao fundo tros empregam suas nadadeiras
para fazer diversos re- zes, pontas dos dedos dos pés e das De sete em sete anos devora uma mu-
médios. mãos e genitálias. lher de nome Maria, ou então uma vir-
f Os olhos secos do Boto N o estado da Bahia e Goiás pervive a gem ou ainda meninos que nadam nos
v são empregados como amu- crença no "negro d'agua", homens de rios, por isso as mães proíbem que os
leto para atrair as mulheres. Os cor negra que respiram debaixo da água filhos se banhem. Há pessoas que dei-
pajés costumam realizar rimais para pre- e vem à tona em determinadas noites xam de se lavar no rio Parnaíba, sobre-
parar os olhos do animal e ser entregues para assustar e afogar os humanos. Di- tudo nas enchentes, com medo de
e usados pelos necessitados. zem que sua morada é uma cidade su- serem puxados pela criatura.
baquática, onde existem muitas rique- Qual é a origem do Cabeça-de-Cuia?.
O IPUPIARA zas, especialmente ouro e diamantes. Rezam as lendas que se tratava de um
Em lugar de mãos e pés, os negrosd'água menino que, não obedecendo
possuema sua
membranas
mãe, seme
aos pés de pato. N o Xingu existe a cren- a quem sempre maltratava, fugiu de
ça no homem-sapo, que costuma as- casa. O mau menino foi amaldiçoado
sustar — raramente matar — os indí- pela mãe que o condenou a viver du-
genas. Seu corpo está recoberto de rante 49 anos nas águas do Parnaíba.
escamas que o protegem das flechas, Depois de devorar sete Marias, voltará
mas o rosto é o de um sapo. Sua boca ao estado natural, desencantando-se.
é enorme e babenta, e flutua nos re- Conta-se que a mãe existirá enquanto
mansos como se fosse um jacaré. ele viver nas águas do rio.
Quando não tem alimento, o homem- Muitos pescadores afirmam ter visto
sapo devora os próprios filhos. Anda aos apenas a cabeça calva e grande desta en-
saltos como uma rã, dando pulos de até tidade sobrenatural que, geralmente, se
cinco metros, na água ou na terra. É agarra às pequenas embarcações e tenta
quando se agarra firmemente às costas virá-las junto com seus ocupantes. Nem
dos pescadores, engolindo preferen- sempre essas tentativas são bem-suce-
cialmente a cabeça da vítima. didas. U m aspecto que impressiona mui-
O homem-sapo teme profundamente to às testemunhas das aparições da cria-
uma coisa: as tempestades e os ven- tura são seus enormes olhos vermelhos,
davais, quando então vai para os rios. os mesmos que espreitam de uma forma
Lá fica mergulhado até o tempo me- apavorante suas vítimas.
Os sentimentos que procedem do es- lhorar.
paço mais profundo e recôndito de nos-
sas mentes são manifestações metafóri-
cas de tudo o que expressa o Ipupiara. O CABEÇA-DE-CUIA
Inclusive as piores e mais ruins. As criaturas aquáticas são uma cons-
O Ipupiara é o homem-marinho, ho- tante na rica e pouco conhecida mito-
mem-peixe ou também homem-sapo, logia indígena brasileira. O Cabeça-de-
inimigo dos pescadores e lavanderias. Cuia é outro dos seres que povoam o
O cronista português Pero de Gan¬ inconsciente coletivo popular, onde a
dâvo narrava que, no ano de 1564, um identificação se dá pelo seu aspecto per-
monstro marinho, que os índios cha- turbador e desconhecido, as mesmas
mavam de Ipupiara ("demônio d'ᬠinquietações que nos fazem refletir so-
gua"), tinha sido morto nas costa de bre uma determinada realidade ou pen-
São Vicente, no litoral do atual estado samento.
de São Paulo. O Cabeça-de-Cuia é uma entidade que
O u t r o cronista colonial, o jesuíta vive dentro do rio Parnaíba, entre o
Fernão Cardim, dizia que tais criatu- Piauí e o Maranhão. Alguns o descre-
ras tinham boa estatura e eram muito vem como um homem baixo e calvo,
repulsivas. Matavam as pessoas abra¬ com uma enorme cabeça que lembra
çando-se a elas, beijando-as e apertan¬ uma cuia. Outros falam de um homem
do-as até o sufocamento. Tais monstros alto e magro, de cabelo comprido que
devoram os olhos dos humanos, nari- lhe cai pela testa. O Cabeça-de-Cuia.
Tarô indígena: seres fantásticos do Brasil
O Paituna e Paitunaré,
Homens com cauda e Cipó
O PAITUNA E PAITUNARÉ Mas isso não era o que preocupava a
A luta entre as duas faces de nós mes- Paitunaré, mas sim seu próprio pai, o
mos, a eterna dualidade do bem e do velho Paituna, o único homem que
mal contidas no mesmo elemento, é tinha o privilegio de copular com as in-
o que mostra esta interessante lenda dígenas. Temendo a inveja e ciúmes do
que tem nos seus dois protagonistas pai, Paitunaré refugiou-se no fundo de
uma verdadeira luta de amor e ódio. um lago e transformou-se em peixe.
Quando ainda existia o império das Não demorou muito para que as mu-
mulheres guerreiras, as Amazonas, lheres descobrissem o novo esconde-
estas subjugavam os homens apenas rijo do jovem índio.
para sua satisfação sexual, quando e Certo dia, Paituna foi até a beira do
como desejassem. Conta-se que um lago, desconfiando da freqüência com
dia, na serra do Ererê, no meio de uma que suas comcubinas visitavam o lugar.
tribo de Amazonas, nasceu um me- Foi quando viu Paitunaré junto com
nino. Porém, segundo as leis das guer- uma bela índia. Possesso de ciúmes, o
reiras, as crianças do sexo masculino velho índio arrancou os cabelos de
recém-nascidas deveriam ser sacrifica- todas as mulheres que iam ao lago e fez
das. U m a das índias, penalizada, es- uma grande rede para capturar o pró-
condeu o filho, a quem chamou Pai- prio filho.
tunaré, em uma caverna onde o visitava N o dia seguinte pescou Paitunaré e
constantemente para levar-lhe alimen- matou o filho a golpes de borduna.
tos e um tônico denominado xixuá, Logo pendurou seus órgãos sexuais na
para dar-lhe boa saúde e força física. entrada de uma caverna. As mulheres
Já crescido, o rapaz foi descoberto transgressoras e Paituna pagaram com
pelas outras índias que passaram as próprias vidas os encontros fur-
a assediá-lo sexualmente. tivos e o assassinato do rapaz,
respectivamente: a chefe Contam os caboclos que tais seres são Para ilustrar essa vingança, recorremos
das Amazonas ordenou a ridicularizados pois o tal rabo os impede à lenda de Apuí, um dos mais valentes
morte dos implicados. de sentarem-se, além do que não são guerreiros da tribo dos Manuas, que ha-
considerados gente. Os macacos, por sua bitavam a região onde hoje se localiza
HOMENS COM CAUDA vez, não os consideram símios. Até hoje a capital homônima do estado do Ama-
no rio Tocantins, as moças somente zonas. Apuí desejava tornar-se chefe da
cumprimentam e conversam com os fo- sua tribo, porém foi preterido por outro
rasteiros que chegam e que estão devi- jovem, eleito por um conselho de an-
damente sentados no banco da canoa: ciães. A solução não agradou Apuí e,
querem ter certeza de que não são ho- empunhando um tacape, matou aos jui-
mens-de-rabo. zes e ao novo chefe tribal. Tornou-se
Essa anomalia torna tais criaturas agres- chefe e, um dia, tendo ido caçar na flo-
sivas pela discriminação à que estão su- resta, foi encontrado morto, entre raí-
jeitas. Alguns exploradores das selvas zes e folhas, mas ninguém o enterrou
Amazônicas dizem ter avistado grupos pois era detestado.
de "pitocos" totalmente albinos, cha- Abandonado à sua sorte, o corpo co-
mados "coatás tapuias brancos", geral- meçou rapidamente a deitar raízes
mente perigosos. Estes seres têm pre- como se fossem tentáculos e se trans-
dileção por jovens, tanto homens como formou em uma espécie de cipó que
mulheres, que seqüestram na primeira absorve a seiva de outros vegetais, as¬
oportunidade. Depois de manterem re- fixiando-os até a morte.
lações sexuais com seus reféns, estes são O corpo de Apuí desapareceu para sem-
brutalmente assassinados. pre e se converteu em tal cipó parasita,
que leva o nome do indígena e que se
CIPÓ E PLANTAS ASSASSINAS encontra na selva Amazônica. Para os
O mundo vegetal oculta mistérios, onde indígenas, o cipó nada mais c do que a
A presença de caudas em seres huma- estão presentes as forças vitais da sei- alma assassina de Apuí, que foi punido
nos simboliza, de forma geral, o aspecto vas que, por analogia, se referem ao san- por Tupã, também chamado o "pai do
animal e selvagem, o aspecto mais ins- gue humano, ao poder da vida latente. trovão", pelas numerosas mortes que
tintivo, exento do racional que todos nós N o entanto, as forças da natureza tam- havia cometido.
possuímos. bém podem rebelar-sc contra os hu- Existem outras plantas na selva que tam-
A existência de homens-de-rabo ou ho- manos,vingando-sedas suas agressões às bém são espíritos de seres humanos que
mens com cauda é outro grande enigma. matas, isto é, sua destruição seja pelas se fixaram em vegetais, porém, neste
N o vale do Juruá, no Amazonas, acre- queimadas como pelo corte da madeira. caso, inofensivos.
dita-se que habite um povo dotado de
uma cauda. Suas habilidades são se-
melhantes às dos macacos: trepam em
árvores, são muito ágeis e espertos. Sua
origem é nebulosa. Fala-se que são re-
sultado do cruzamento entre macacos
coatás (o maior macaco da Amazônia,
com cerca de um metro de altura) e
seres humanos.
Tais criaturas vivem em bandos. Alguns
caboclos dizem que possuem uma pe-
quena cauda, outros, mais longa, capaz
de enroscar-se nos galhos das árvores.
Os primeiros são chamados de "pitocos"
ou "coatás tapuias", e vivem às margens
do rio Amazonas. A cara de tais homens
é rosada, e seu rabo não ultrapassa os dez
centímetros de comprimento.
Tarô indígena: seres fantásticos do Brasil
Cobra Norato,
Homem-Pássaro e Caipora
A COBRA NORATQ
A cobra ou serpente é um símbolo uni-
versal que desperta uma série de sen-
timentos antagônicos: de paixão e ódio,
de vida e morte, etc. É um símbolo de
dualidade, como o Yin e Yang do I
Ching: o bem está contido no mal e
vice-e-versa, pois são inseparáveis.
A Cobra Norato é uma das mais po-
pulares tradições paraenses da região
do Rio Tocantins e hoje espalhada por
quase toda a Amazônia.
A lenda conta que um bela índia,
quando tomava banho no rio Trombe-
tas, foi engravidada pelo Boto. Deste
encontro nasceram dois gêmeos: um
menino que se chamava Honorato e
uma menina chamada Caninana. O
rapaz possuía todas as qualidades posi-
tivas para com a mãe, e a menina, ao
contrário, detestava a progenitora.
A Cobra Norato, uma das lendas mais populares da região da Amazônia.
Porém, tais crianças não eram normais,
eram diferentes, pois seus corpos esta-
vam recobertos de escamas, a cabeça
era triangular, os olhos Dar asas abertas à imaginação as vezes é um cachimbo. Aparece também mon-
oblíquos e a língua afi- uma atitude sã, desligando-nos mo- tado em porcos-do-mato de grandes di-
lada, com a aparência de mentaneamente da pesada carga do co- mensões. Em outras ocasiões, é repre-
uma serpente. tidiano ou das eventuais agruras da exis- sentado como um índio de pele escura,
A mãe, tendo consultado um tência. Por isso o Homem-Pássaro da nu, ágil, fumando cachimbo e que adora
pajé, decidiu abandonar as crianças Amazônia encarna um sentido de liber- o fumo e a cachaça, dominando com
junto ao rio Tocantins, onde sobrevi- dade, dado pelas suas própria asas, ca- seus assobios os animais da mata.
veram. Caninana era terrível, pois pro- pazes de levá-lo a infinidade de lugares. Outra versão mostra um Curupira com
vocava a morte de muitos pescadores U m dia, o chefe de uma tribo amazô- um olho no meio da testa. O Caipora
e banhistas por afogamento. Honorato, nica remava sua canoa em sentido con- ou Caapora também aparece sob a for-
ou Nonato, não suportando a crueldade trário à corrente de um rio. Mesmo ma de uma "menina", na realidade uma
da irmã, resolveu matá-la. assim, foi arrastado para uma cachoeira criatura de baixa estatura cujos longos
Já adulto, Nonato transformou-se em e, já apavorado, implorou a um pássaro cabelos cobrem todo o corpo até os pés.
uma grande serpente. Pela noite passea- que lhe "emprestara" as asas para poder Antigamente os indígenas defendiam-
va pela floresta. De vez em quando vi- escapar do destino atroz. Nesse mo- se do caipora com tochas, pois acredi-
sitava a mãe e ia às festas despojando- mento um pássaro que sobrevoava a tavam que a criatura fugia à luz. Se os
se de sua pele e aparência de cobra. canoa mergulhou no rio e as águas co- caçadores não lhe trazem fumo e be-
Quando o dia despertava, novamente meçaram a desaparecer. Salvo pelo mi- bidasalcoólicas,o Caipora surra impie-
se recobria com a pele serpentina e de- lagre do pássaro, o índio regressou à sua dosamente os homens.
saparecia nas águas do rio. tribo e encontrou sua noiva junto com Uma forma de afastar ou afugentar o
Havia uma esperança para que Nonato um índio jovem e forte mas seu corpo Caipora é mastigando alho. U m caça-
recuperasse permanentemente sua for- estava revestido de penas de vários pás- dor foi caçar no mato numa sexta-feira.
ma humana. Tratava-se de pingar algu- saros. Na sua cabeça apareciam duas asas Então ouviu uma voz que lhe disse:
mas gotas de leite de mulher na sua bo- que lembravam as do pássaro que havia "Você não pode caçar nas sextas-feiras".
ca e logo ferir a cabeça do monstro com salvado o chefe da tribo. Não obedecendo a voz, o homem ten-
uma faca sem usar. Parece que até hoje Enciumado, o cacique resolveu desafiar tou matar um jacu e o pássaro o atacou
ninguém se atraveu a cometer este ri- o forasteiro porém este não aceitou o violentamente com suas garras. O ho-
tual, com medo a uma reação violenta repto e foi-se embora. Todos os mem- mem, espavorido, abandonou a arma e
da criatura. bros da tribo o consideraram covarde. nunca mais voltou a caçar nas sextas-fei-
O índio com penas e asas foi em direção ras. A voz que tinha ouvido era a voz do
0 HOMEM-PÁSSARO ao rio e jogou-se. Os índios, julgando Caipora.
que quisesse fugir, seguiram-no nas suas
canoas. Nesse momento soou o es-
trondo de uma cachoeira e um pássaro
surgiu no ar. O céu fechou-se e os ín-
dios que perseguiam aquele estranho fo-
rasteiro acabaram morrendo arrastados
pelas correntezas do rio.
0 CAIPORA
O respeito à natureza é novamente a tô-
nica dos seres fantásticos brasileiros . O
Caipora é muito semelhante ao Curu-
pira, mas com os pés normais. Estes "ha-
bitantes do mato", vivem nos troncos
das árvores velhas e por isso são os pro-
tetores dos vegetais. Também defende
os animais dos caçadores abusivos com
unhas e dentes. Geralmente é repre-
sentando como um homem normal ou
de pequena estatura recoberto de pêlos,
e com os cabelos compridos, fumando
Tarô indígena: seres fantásticos do Brasil
Matintaperera, Anhangá
Índia Mani e Vitória-Régia
0 MATINTAPERERA Fala-se que a tal criatura chegou a matar
Há pessoas para quem a noite se revela vários seres humanos.
o palco ideal para pôr em prática seus Alguns velhos e velhas caboclos ou in-
pensamentos. A noite é trocada pelo dígenas acabam sendo acusados de ser
dia, com todo o fascínio e terror que o próprio Matintaperera e, por isso
pode provocar. Nesse cenário noturno, mesmo, castigados.
aparece o Matintaperera, uma espécie Uma das formas de espantar a entidade
de coruja que pode transformar-se em é a de tirar o capuz ou barrete encan-
gente e fazer mil e uma traquinagens. tado do Matintaperera.
Tal como os gnomos e duendes, rouba
objetos das casas ou os muda de po- O ANHANGÁ
sição, bate nas crianças e costuma rap- Errantes por natureza são aqueles que
tar as que são travessas. Tal como o Cu- se identificam com o Anhangá. Cria-
rupira e o Caipora, aceita o fumo e a tura ambígua, como quase todos os
cachaça para aplacar suas desfeitas com seres da mitologia indígena, o Anhangá
os humanos. é demônio e protetor ecológico.
Existe uma maldição lançada por um Muitas vezes aparece sob a forma de um
pajé da tribo dos Waimiri Atroari. De- grande veado branco, com os olhos de
pois que sua tribo ter sido dizimada fogo, perseguindo e assombrando os
pelos brancos, ainda moribundo, o pajé caçadores que se atrevem a violar os
anunciou que todos os que haviam par- seus domínios. Vive em lugares da mata
ticipado do massacre do seu povo es- mal assombrados. Foi um dos primei-
tariam fadados a deambular eternamente ros seres sobrenaturais dos quais os
pela floresta sob a forma de uma velha conquistadores portugueses tiveram
ou de um pássaro que todas as noi- notícias entre os indígenas.
tes gritava: Matintaperera, Ma- O Anhangá junta-se com outros
tintaperera! defensores da natureza, como
o Curupira, Caipora e o A ÍNDIA MANI Com as raízes de Mani os indígenas fi-
Matintaperera. Defende zeram uma espécie de vinho delicioso.
as fêmeas grávidas ou com Até hoje se cultiva esta planta embria¬
filhotes e os animais fracos gadora.
ou feridos. Ao contrário dos
seus outros colegas fantásticos, o An¬ A VITÓRIA-RÉGIA
hangá não mata nem devora os seres hu- A metamorfose pode ser espiritual ou
manos. física. Constantemente nos transfor-
Existem várias lendas sobre veados en- mamos, nos renovamos. Isso é o que
cantados. Uma é original do Uaupés. mostra a lenda da Vitória-Régia.
Certo dia alguns veados devastavam A Vitória-Régia é uma planta aquática
uma plantação e os caboclos mataram redonda e flutuante. A lenda fala de que
os animais a tiros. Logo levaram os cor- cada estrela do céu é uma índia que
pos para salgar. Na manhã seguinte en- casou com a Lua, na verdade um guer-
contram, em vez de carne de veado, reiro belo e forte. Nas noites de luar tal
carne humana que imediatamente j o - guerreiro desce do céu para buscar uma
garam ao rio. Algum tempo depois apa- jovem.
receram duas pessoas de uma aldeia pró- Uma das pretendidas da Lua, era um
xima dizendo que haviam desaparecido bela índia chamada Naiá que se apai-
um idoso e uma mulher que logo foram xonou pelo guerreiro celestial. Naiá de-
associados aos veados mortos na roça. clinou das ofertas de casamento que lhe
Outra lenda fala de um índio que re- foram feitas por outros jovens da sua
solveu caçar veados. Capturou um filho- tribo. Todas as noites de Lua a moça
te para atrair a mãe. Ouvindo os gritos A pureza está presente nesta imagem olhava para sua luz prateada e esticava
da cria, a mãe aproximou-se e foi alve- lendária dos indígenas Amazônicos. Há os braços na tentativa de tocá-la. Uma
jada mortalmente pelo indígena. Porém, muitos anos a filha de um cacique deu noite, vendo a Lua refletida na super-
para espanto do humano, o corpo do a luz a uma menina de pele muito clara. fície de um lago, se jogou na água e
veado fêmea transformou-se no da mãe O cacique, desconfiado de que a menina morreu afogada. Em vez da Lua trans-
do índio: o Anhangá havia provocado estava amaldiçoada decidiu matá-la. En- formá-la em uma estrela do céu, de-
uma miragem para castigar o caçador. tretanto, em um sonho, o homem viu cidiu torná-la uma "estrela das águas",
Existem Anhangás que encarnam ou- um homem branco que o impediu de em uma planta que dava belíssimas flo-
tros animais, como o Tatu-Anhangá (um cometer o assassinato, alegando que a res cujas pétalas somente se abrem nas
tatu encantado), ou mesmo disfarçando- criança era absolutamente inofensiva e noites de Lua Cheia com um perfume
se de gente, como o Mira-Anhangá. exenta de maldições. Esperto, o bebe ra- inconfundível: a Vitória-Régia.
pidamente começou a falar e chama-
ram-no de Mani. De inteligência aguda,
Mani passou a ser querida por todos os
da sua tribo. Contudo, a criança não
viveu muito tempo, e morreu logo ao
primeiro ano de vida. O chefe da tribo
mandou enterrá-la ao lado da sua ma-
loca. Diariamente os índios regavam a
sepultura e sobre ela nasceu em pouco
tempo uma planta desconhecida. Quan-
do a tal planta deu frutos, os pássaros
que se alimentaram deles ficavam ator-
doados.
Os índios colheram a raiz da planta e,
limpando-a, viram que era muito
branca, como o corpo da menina. Acre-
ditando que Mani havia encarnado na
planta, deram-lhe o nome da criança.
Tarô indígena: seres fantásticos do Brasil
Os Homens-Morcego,
Tupá e o Gigante de Pedra
OS HOMENS-MORCEGO
Quem nunca ouviu falar de vampiros
de sangue e de vampiros psíquicos?
Quem nunca encontrou alguém que
parecia "sugar" nossa energia vital?.
Sempre há de se estar atento a estes in-
divíduos indesejáveis...
Perto do rio Araguaia existe uma mon-
tanha chamada Morcego. Nela há uma
grande caverna onde antigamente mo-
ravam os Kupe-dyeb, seres de forma
humana mas com asas de morcego e
com os cabelos de cor vermelha. Ge-
ralmente matavam qualquer forasteiro
com fortes golpes de tacape na cabeça,
atacando-os em pleno vôo. Depois lhes
sugavam o sangue.
De certa vez dois caçadores acamparam
junto com um menino perto da caverna lenha e atearam fogo. Contudo, os ho¬ Dentro da caverna encontraram uma
e foram mortos pelos homens-morce¬ mens-morcegos escaparam por outra grande quantidade de machados ou ta-
go. Somente o menino escapou, tendo- boca da caverna, no alto da montanha. capes de pedra de formato semi lunar
se escondido na mata. Voltando à sua e um menino-morcego de seis anos de
aldeia, contou o que tinha acontecido idade que levaram para criar. O menino
aos caçadores e todos os guerreiros dormia pendurado cabeça para baixo
se juntaram para exterminar os dos galhos das árvores e tinha há-
Kupe-dyeb. Os guerreiros en- bitos noturnos. Os olhos lhe
cheram a entrada da caverna de doíam com a luz do Sol. Porém
viveu pouco tempo, pois Os índios respeitavam Tupã, que fazia obra de seres humanos em um tempo
parecia alimentar-se de tremer o céu e a terra mostrando sua remoto.
sangue fresco, que nem grandeza e poder. Há quem acredite que N o século passado encontrou-se nas
r
sempre os índios tinham à foi Tupã quem deu enxadas aos indí- paredes da montanha uma série de ris-
disposição. Além disso, conta a genas para poderem arar a terra. cos que alguns estudiosos interpreta-
lenda que os Kupe-dyeb que escaparam Uma outra versão fala que Tupã, ao criar ram como uma antiga inscrição. Os
vivem em algum lugar ao sul da mon- o mundo, tirou sua pele para fazer a mais ousados atribuíram-na aos fení-
tanha do Morcego. Terra. Depois do Dilúvio, veio junto cios — povos navegantes do Mediter-
Em Minas Gerais também há uma lenda com Piá, um deus tão poderoso quanto râneo — que acidentalmente chegaram
de homens-vampiros que moram em ele que fez a primeira mulher de barro às costas do Brasil antes que Pedro Al-
cavernas. Os bandeirantes foram víti- mas esta quebrou. Foi então que Tupã vares Cabral.
mas de tais criaturas que, além de matar resolveu fazer outra mulher, mas de ma- Uma lenda indígena diz que o gigante
os seres humanos e chupar-lhes o san- deira e dela descendem todos os índios. da Pedra da Guanabara foi, em priscas
gue, devoravam-nos. Entre os índios Ianomamis havia uma eras, um índio que assassinou uma
lenda que falava de um pajé chamado jovem índia. Como castigo, Tupã o
TUPÃ Poré que habitava o cume de uma mon- transformou em pedra e o obrigou a vi-
tanha escarpada, praticamente inacessí- giar a Baía da Guanabara. Alguns pes-
vel. Todos aqueles que tentaram escalar cadores dizem que, às vezes, levanta-se
a serra morreram tragicamente. O fei- e vai passear. Para isso, chama as nuvens
ticeiro produzia com seu sopro grandes e cobre os morros para ninguém notar
nuvens brancas que encobriam a serra. sua ausência. Outras lendas falam que
Além disso era capaz de lançar raios que no seu interior está a tumba de um
atingiam e derrubavam árvores, assim grande soberano indígena, cercado de
como matava homens e animais. Quan- seus ricos pertences. O cacique teria
do estava de bom humor, Poré projetava sido enterrado junto com os seus súdi-
um arco-íris de dois tipos: um mais tos mais próximos, sacrificados ritual-
grosso, o macho e outro mais fino, mente. Nas suas cercanias ou no topo
fêmea. Quando surgia o primeiro, as da Pedra da Gávea muitas pessoas já su-
mulheres indígenas deviam esconder- miram de forma misteriosa. Dizem que
se em suas malocas, pois caso contrá- todos aqueles que tentam desvendar
rio o arco-íris as fecundaria. seus mistérios são vítimas de alguma
Os índios recomendam que não se deve maldição: a esfinge esconde muito bem
apontar o dedo ao arco-íris, seja macho os seus segredos.
ou fêmea, pois, quem o fizer, ficará cego
e com uma verruga no dedo.
O GIGANTE DE PEDRA
A fúria controlada, o ódio canalizado A esfinge sempre esconde um segredo
pelas vias do inconsciente, transfor- que devemos decifrar com nossa inte-
mam-se em razão para todos aqueles ligência e astúcia. Há pessoas que são
que seguem a mesma linha espiritual de verdadeiras esfinges, ocultam em si
Tupã, talvez a entidade celestial indígena mesmas segredos que cativam os de-
mais conhecida do Brasil. mais. Qual é a chave para decifrá-los?
Tupã, o "Pai do Raio", lembra Thor, o Está lançado o desafio das charadas...
deus do Trovão da mitologia germânica Pois a esfinge brasileira é a Pedra da
ou Júpiter ou Zeus da mitologia greco- Gávea, no Rio de Janeiro, Baía da Gua-
romana e encarna a força do raio arre¬ nabara. N o alto daquela montanha de
metido sobre a terra e seus habitantes. pedra granítica está a imagem de um ser,
Considerado por alguns como a máxima cujo corpo de felino ostenta uma co-
deidade dos indígenas brasileiros, como lossal cabeça humana com longas bar-
um deus Criador, outros o consideram bas. Alguns acreditam que seja uma
apenas um deus da natureza. formação natural, outros acham que é
Tarô indígena: seres fantásticos do Brasil
Potira, o Lagarto
Encantado, o Sete estrelo,
Macunaíma e Chibuí
POTIRA Inconsolável, Potira passou o resto da
O sofrimento às vezes é recompensado vida à beira do rio, chorando sem ces-
por outros fatores que tornam nossa sar. Seu sofrimento impressionou o
vida mais alegre ou compreensível. Isso deus Tupã que, para render homenagem
é o que mostra a índia Potira com o seu ao sofrimento da jovem e ao guerreiro
calvário. falecido, transformou as lágrimas de Potira
Há muito tempo vivia à beira de um rio
no estado de Minas Gerais uma tribo
de índios onde morava um casal muito Q LAGARTO ENCANTADO
feliz: Itagibá e Potira. Itagibá significa Pecado e virtude andam lado a lado: há
"braço forte", era um guerreiro astuto, uma margem muito tênue entre um e
forte e corajoso. Potira, cujo nome sig- outro.
nifica "flor" era uma índia jovem e be- A lenda do Lagarto Encantado remete
líssima. ao dia em que o jovem sacristão da Igreja
U m dia Itagibá deixou a aldeia para de São Tomé, no estado do Rio Grande
guerrear com uma tribo vizinha. Potira, do Sul, observou que as águas de uma
com saudades, diariamente se dirigia até lagoa vizinha borbulhavam de uma
as margens do rio na espera da canoa do forma estranha. Quando o religioso se
marido. Porém sempre mantinha a es- aproximou, cessou o ruído e, de repente,
perança do retorno e não se deixava viu sair das águas um teiú-iaguá, uma
abater. espécie de lagarto escuro, com ris-
U m dia Potira foi avisada que Ita- cas amarelas. Porém, ao contrá-
gibá havia falecido em combate. rio dos demais da sua espécie
possuía uma pedra bri- 0 SETE ESTRELO MACUNAÍMA
lhante encravada no alto O absurdo é uma forma de inteligên- Criação e destruição, duas faces da mes-
da cabeça, conhecida co- cia que se expressa através de uma ati- ma moeda.
mo carbúnculo. O padre re- tude inconsciente, presente nos artistas. Macunaíma é a entidade divina de vá-
colheu o lagarto e o levou para Há muito tempo, no rio Uanauá dois rias tribos. Sua história está ligada ao Di-
casa, onde o tratou com carinho. O ani- recém-casados esfregaram nos seus cor- lúvio indígena. Depois que Macunaíma
mal, que era encantado, retribuiu a gen- pos a erva jacamim e se transformaram criou a Terra e as plantas, desceu dos
tileza oferecendo riquezas, entre elas em ela. Ambos podiam voltar à forma céus e subiu uma árvore. Cortou pe-
ouro, diamantes e fazendas. Porém, o humana quando quisessem. U m dia ti- daços da casca da árvore e os jogou a um
bom homem recusou-as. Depois disso veram um casal de filhos e a mãe os aler- rio. Os pedaços se converteram em ani-
o teiú se transformou em uma bela tou que em nenhum momento deve- mais. Depois, com outros pedaços criou
moça. Porém, o religioso não resistiu riam destruir um pé de jacamim. os seres humanos. Macunaíma resolveu
aos encantos da moça e casou-se secre- Uma noite a mãe aproximou-se da filha destruir grande parte da sua Criação
tamente. Quando descobriu-se que ha- e viu que na testa havia sete estrelas e que quando surgiu o espírito do mal sobre
via casado com um lagarto encantado, o no menino havia uma cobra feita de es- a Terra. Então provocou um Dilúvio.
homem foi condenado à forca. N o mo- trelas. A mãe chamou o marido e este Outras versões explicam que Macuna-
mento prévio à execução, surgiu o teiú disse que quando engendraram os filhos íma criou o homem a partir da cera.
da lagoa, abrindo uma fenda no chão estavam olhando para as estrelas, por isso
que até hoje existe. O lagarto foi em au- ficaram refletidas nos corpos dos filhos. CHIBUÍ
xílio do padre fazendo ferver as águas Em outra ocasião, o garoto saiu para a Pausa para a meditação. A estranheza é
do rio e do lago e a terra tremer. O con- floresta e matou todos os jacamins que a chave de um novo conhecimento.
denado foi arrancado da forca por mãos encontrou. Ao voltar à sua aldeia en- Na Zona do Salgado vive o Chibuí. Sua
invisíveis e posto no dorso do lagarto controu o pai morto. Em pouco tempo, aparência é a de um homem normal, de
que então atravessou o rio Uruguai. A o menino tornou-se o chefe da família cor branca c com duas antenas na ca-
lenda ainda diz que ambos, o lagarto e e passou a exercer uma força desmedida. beça. Outros o descrevem como um ho-
o padre, têm vida eterna, cercados de ri- Além disso, possuía poderes curadores. mem com dentes salientes, antenas e li-
quezas. O lagarto nunca mais se trans- Quando morreu foi para o céu, trans- gado pelos pés à casca de um caramujo.
formou em mulher e revela ao infeliz formando-se no Sete Estrelo, na ver- O Chibuí tem o hábito de engravidar as
padre onde estão as minas de ouro e dia- dade o aglomerado estelar das Plêiades moças virgens. Pouco mais se sabe deste
mantes, que de nada lhe servem. que, a olho nu, mostram sete estrelas. enigmático homem-caramujo.
JAGUATIRICA
Trata-se de um mamífero carnívoro (Fe-
lis pardalis brasiliensis) que atinge cerca
de 85 cm de comprimento e 40 cm de
altura. Felino de hábitos noturnos, é
muito semelhante à onça, mas de tama-
nho menor. Jaguatirica.
Seus olhos brilham como duas estre- a morte prematura de algum parente ou
las na densa selva e alimentam as mais e os indígenas. Ver uma jaguatirica à amigo.
fantásticas interpretações entre os ca- noite é como ver o próprio demônio: Também indica o fim de um ciclo de
boclos (mestiços da região amazônica) não é bom augúrio e costuma anunciar boa caça e a necessidade de buscar novas
áreas para caçar.
LOBO-GUARÁ
Trata-se de um mamífero carnívoro da
família dos canídeos (Chrrysocyon bra¬
chyurus). É o maior e mais belo dos ca-
nídeos sul-americanos, com quase um
metro de altura.
Destaca-se por seu pêlo avermelhado e
lustroso e que, ao contrário do lobo eu-
ropeu, não vive em manadas, mas sim
de forma solitária. E um animal extre-
mamente arisco que tem hábitos no-
turnos.
As poucas pessoas que já viram um lo¬
bo-guará em seu meio ambiente ga-
rantem que, depois do acontecimento,
PIRARUCU
É o gigante de escamas dos rios ama-
zônicos, da família dos osteoglossídeos
(Arapaima gigas). Este peixe de água doce
alcança mais de 2 metros de compri-
mento e chega a ter mais de 200 kg de
peso. É conhecido como "bacalhau do
Amazonas" por sua rica carne. Há quem
garanta que tocar nas escamas de um pi-
rarucu, ainda vivo, permite saber se a
mulher vai ter um filho ou uma filha:
se ao passar a mão uma vez sangra, será
mulher, e se não, será homem.
Quati.
ticamente de qualquer lugar e despistar
passaram a ter abundância em suas vi- rapidamente seus perseguidores. Geral-
das: ganharam prêmios na loteria, rece- mente vive em grupos muito ruidosos
beram uma herança, apareceu um novo e brincalhões.
trabalho melhor remunerado, etc. Os indígenas os consideram espíritos
Tímido, o lobo-guará não costuma ata- de crianças travessas que vivem na
car o ser humano salvo se se vê muito selva. Sonhar com os quatis significa
ameaçado. ter êxito com o sexo oposto, novo na-
morado ou namorada ou relações
QUATI sexuais iminentes.
Trata-se de um mamífero carnívoro, ar¬ Talvez se baseiem no emprego afrodi-
borícola da família dos procionídeos síaco que se faz do membro do quati.
(Nasua nasua). É de tamanho médio, é Contra a impotência sexual, elabora-se
tão travesso e ágil quanto os macacos. uma infusão com este membro, depois
Sua cauda permite-lhe pendurar-se pra- de tê-lo tostado.
Tatu-bola.
TATU-BOLA
O tatu-bola é um pequeno mamífero
pertencente à família dos dasipodídeos
(Tolypeutes tricinctus) que está coberto
com uma carapaça articulada e móvel
que lhe permite enrolar-se em forma de
bola e que consiste na principal defesa
deste animal. O tatu-bola possui tam-
bém uma grande capacidade de esca-
var túneis para se esconder. As lendas
tradicionais dos índios tupis-guaranis o
mencionam com muita freqüência. Ver
um tatu-bola escavando uma toca à
noite é um aviso para que se economize
e não se esbanje dinheiro. Vê-lo tentan-
do subir em uma árvore (algo muito ra-
ro) significa que a pessoa vai ficar viúvo
ou viúva.
Animais de bom
e de mau agouro (II)
carne é muito apreciada e sua gordura
tem propriedades medicinais. Se um
pescador fere a um manati com seu ar-
pão e este consegue escapar, augura-se
um destino fatal para o homem em um
prazo relativamente curto. O mesmo
acontece se, ao matá-lo, não se conse-
gue resgatar seu corpo por causa do ata-
que de outros animais.
Manati do Amazonas.
pécie amazônica), assemelha-se às focas.
Sua cor é cinza e um exemplar adulto
OS MANATI alcança até 4 metros de comprimento e
DO AMAZONAS mais de 600 kg de peso. É inofensivo ao
Este mamífero pisciforme da família ser humano e presa fácil de pescadores
dos sirenídeos (Trichechus ínunguis, es- dos rios amazônicos, onde habita. Sua
Teiú.
TEIÚ
Espécie de lagarto brasileiro da famí-
lia dos teídeos (Tupinambis tequixin) que
pode alcançar até 2 metros de compri-
mento. Sua carne é muito apreciada pe-
los camponeses da região nordeste, que
a consideram um verdadeiro manjar.
Piranha. Luta com as serpentes com muita ener-
energia. Conta a tradição popular que se ele
sai ferido destas lutas com as cobras, cos-
tuma comer um determinado vegetal
que lhe faz recobrar as energias e volta
à luta para, então, exterminar seu adver-
sário.
Por este motivo, dizem que sonhar com
um teiú significa simbolicamente ven-
cer uma "luta" ou "batalha" que se es-
tá travando contra alguma situação ou
uma pessoa adversa.
PIRANHA
Trata-se de um peixe carnívoro (Pygocen¬
trus Piraya), o mais temido dos peixes
amazônicos. Em grupos, são animais ca-
pazes de devorar a seres humanos c a ou-
tros animais de tamanho considerável.
Sua incrível voracidade e capacidade de
surpresa só podem ser comparadas com
a dos tubarões, obviamente muito maio-
res que estes peixes, que não alcançam
mais que uns poucos centímetros de
comprimento.
Ser mordido por uma piranha e sobre-
viver significa ter escasso poder para lutar
Onça.
contra as doenças pelo resto da vida. So- pagaios, com sua belíssima plumagem,
nhar com piranhas augura um futuro são responsáveis por muitas lendas en-
pouco lisonjeiro para as mulheres: si- ARARA tre os povos indígenas.
gnifica que em pouco tempo trabalhará Ave do gênero Anodorhynchus, Ara e Cya¬ Considerados como mensageiros dos
como prostituta. nopsitta. Estes parentes gigantes dos pa- céus c do Sol, são aves de bom agouro.
Tê-las nas malocas (casas de palha dos
índios) é, além disso, uma diversão para
as crianças e adultos, uma forma de ter
bons sonhos e evitar pesadelos.
ONÇA
Chamada "tigre das Américas" é o maior
dos felinos americanos (Felix onça). Seu
aspecto imponente e belo destaca-a entre
os demais animais da selva. Em situações
muito extremas pode matar a um ho-
mem e devorá-lo. Sua valentia e força
bruta são sempre compensadas pela sa-
gacidade de outros animais das lendas
indígenas, como o macaco e o sapo.
Encontrar-se com uma onça na selva po-
de supor perdas econômicas e, inclusive,
levar à morte pela fome.
Costuma-se dizer que ser "amigo da
onça" é ser um falso amigo, inconve-
Arará. niente e inoportuno.
Jurema: os espíritos
ajudam a ver o futuro
A cerimônia do ajucá é um sistema de adivinhação baseado na ingestão de uma infusão
de um vegetal sagrado, a jurema, que serve para conhecer o futuro.
Foi sincretizado pelas comunidades negras da costa do noroeste do Brasil.