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@ Piro -covcacho mean won 7 nex A MUSICA NAS PRATICAS CRIATIVAS DA EDUCACAO INFANTIL Proporcionar diferentes formas de participagdo das criancas favorece 0 engajamento na atividade musical, ja que elas podem vivenciar a musica cantando, tocando um instrumento, dangando, batendo palmas ou simplesmente ouvindo miisica esta tao presente nas nossas vidas, que muitas vezes nao para mos para pensar sobre a diversidade de significados que ela apresenta. Merguthando em suas tembrangas, quais sao as expe: rigncias musicats que vocé consi- dera mais significativas? Na escola, como foram as suas experiéncias musicais? E, na educacao infantil, que tipo de contato com a misica estamos proporcionando as crian- (cas? Vocé ja observou como elas se relacionam com a musica? Com olhos e ouvidos atentos, podemos observar as criancas produzindo uma variedade de sons, experimentando algum ins trumento musical (convencional ‘ou nao), participando de jogos cantados, balancando 0 corpo enquanto ouvem miisica, compondo ou improvisando uma cancao ‘enquanto brincam. As criancas produzem sentidos ‘expressando-se sonoramente, em praticas singulares, que refletem e transformam as culturas da infancia. Os jogos brinquedos cantados representam praticas legitimadas na educacao infantil, sendo reconhecida a importéncia dessas atividades para 0 desenvolvimento das criangas. Entretanto, muitas VIVIANE BEINEKE vezes a brincadeira é colocada a servico do desen- volvimento cognitivo, motor ou ritmico e, com a “pedagogizacao da brincadeira”, perde seu carater de experiéncia significativa, sendo reduzida a ativi- dades dirigidas (Leite, 2002). Brincando em sala de aula, nds, professores, assumimos um papel e uma funcao diferentes da crianca que brinca. E necessario que nos apropriemos do gesto de brincar, percebendo como ele é importante para a crianga a fim de que possamos dar significado e diregao & nossa pratica (Pereira, 2005). Abrincadeira é uma forma de expressao, e 0 significado pre- cisa estar presente nas atividades rmusicais escolares. Se o brincar se estabelece na sala de aula apenas como uma ferramenta para 0 en- sino, ele perde seu potencial criador, imaginativo, de possibilidade de expresso, reinvencao e ressig- nificagao das suas acdes. ‘Observando como as criancas brincam, percebe- mos que elas olham as criangas mais velhas produzin- domisica e, a seu modo, encontram uma maneira de participar e entrar na brincadeira. Essa é uma ideia que poderia orientar nossas praticas em sala de aula, pois, observando como as criancas apropriam-se das brincadeiras, podemos criar com elas novas formas de jogar e fazer musica em conjunto. Proporcionar diferentes formas de participacao das criancas tam- bém favorece o engajamento na atividade musical, j4 que elas podem vivenciar a musica cantando, tocando um instrumento, dangando, batendo palmas livremente ou simplesmente ouvindo. Assim, nao podemos confundir habilidades com capacidade de fruicdo, gozo e prazer (Pescetti, 2005). No campo de estudos sobre a musica infantil, afirmamos a necessidade de que miisicos e educa- dores construam uma atitude de escuta aos jogos ¢ brincadeiras das criancas, respeitando e valorizando a cultura infantil. Nessa perspectiva, as misicas fa- zem sentido quando compreendidas e vividas mais amplamente, 0 que inclui todo 0 contexto do brincar. Na escola, {sso muitas vezes nao acontece, como, por exemplo, quando can- bes “do folclore” sao trabathadas sem que se estabelecam relacoes entre 0 contexto cultural e so: cial da misica: qual é a origem da miisica, como ela ¢ cantada, tocada ou brincada, quem sao as pessoas que participam dessa pratica musical? De modo des. contextualizado, cantar cancdes tradicionais significa cantar temas melédicos, desconsiderando a misica e o brincar como producdes culturais. Levar muisicas que fazem parte do proprio universo das criangas para a sala de aula é uma maneira de valorizar o saber infantil, ampliar os valores estéticos € 0 imaginario, tornando o aprendizado mais signif cativo para a crianca. Também é importante lembrar que as missicas das criancas ndo sao apenas as cancoes chamadas “infantis”, tradicionais ou nao. As crian- as estdo sempre interagindo com as mais variadas manifestacdes musicais, interpretando e produzindo significados que colocam em movimento as suas ideias de misica, Os adultos também produzem muitas mu sicas para as criancas, porém a riqueza do proceso de construcao da cultura lidica, bem como sua com- plexidade, consiste no fato de que a crianca interage e produz seus préprios significados em relacdes as producdes culturais dos adultos para as criancas (Brougere, 2002) Na escolha de repertério para a ‘educacao infantil, é comum pensar ‘que as miisicas produzidas para as criancas sao as mais adequadas. Contudo, é preciso lembrar que tais missicas so elaboradas pelos adultos ‘partir de suas concepcées de crian- ‘a, trazendo, em muitos casos, idetas infantilizadas ou estereotipadas © vn0-eovachowaIME www cove e sobre 0 universo infantil. E preciso refletir criticamente sobre o conted- cdo musical e expressive do repertério ‘que apresentamos em sala de aula. As criancas, em principio, podem ouvir musicas de todos 0s tipos, dos mais diversos estlos, culturas € Periods. Elas compreendem as mi- sicas a partir de suas experiéncias, as quais hes permite, a seu modo, atribuir significados ao que ouvem, ampliando suas concepcoes e cons- truindo novas referéncias musicats. Para as criancas, a miisica é comunicacao, pratica social, algo para ser vivido coletivamente. Por isso, quando fazem miisica jun- tas, seu fazer musical emerge da propria intencao de fazer mésica em conjunto mafs do que da intencao de fazer uma “peca de miisica” (Young, 2008). Tal premissa, com frequéncia, vai de encontro a concep- ées mais tradicionais, que priorizam a aquisicao de habitidades formais em atividades individualizadas. ‘As criancas nao separam o produto do contexto de producdo, pois consideram a natureza interativa do fazer musical mais importante do que habilidades ou técnicas especificas. Vocé ja reparou como as criangas pequenas fazem musica expressivamente, mesmo sem ter pleno controle, por exemplo, do ritmo ou da voz? Muito além das concepcGes dos adultos sobre “mi- sica infantil”, as criancas revelam modos préprios de compreender, imaginar e, inclusive, criar as préprias rmiisicas, Por isso, vémn sendo envidados esforcos para compreender as concepcdes de musica das criancas, entendendo-as como agentes de sua aprendizagem. Pesquisas na area da educacio musical vem sendo realizadas com a intengao de compreender as pers ectivas e 0s significados da miisica segundo as pré: prias criangas, demonstrando que suas experiéncias musicais precisam ser vistas sob os seus parmetros, que podem nao corresponder aos critérios dos adultos. Esses parémetros decorrem do mundo social e cultural vivido e internalizado pela crianca, compreendida como um sujeito que pensa e constroi. ‘As criangas sao capazes de falar sobre misica, emitir opiniées, tocar, cantar, imitar, inventar € imaginar, Precisamos favorecer espacos para que elas exercam sua musicalidade. Elas também compoem as préprias miisicas quando tém oportunidade para manipular materiais musicais, 0 que desenvolve o ensamento e a compreensao musical. Vale explicar que estou chamando de composicao as pequenas ideias musicais elaboradas e organizadas expressi- vamente pelas criancas, sem necessidade de algum tipo de registro ou notacao musical. Criando/compondo misica, as criancas podem manifestar as suas ideias espontaneamente, expres- sando e reinventando 0 que co- nhecem. Além disso, apropriam-se do que conhecem e imprimem as préprias intengdes musicais em suas producées. Quando compdem misica na escola, elas também tém a oportunidade de conectar a producao escolar com suas vi- véncias cotidianas fora da escola. E nos, professores, a0 ouvirmos atentamente as composicées das criangas, poderemos compreen- der melhor como elas pensam musical mente, como articulam ‘deias musicais e como atribuem significados a miisica em suas vidas. Tendéncias recentes no ensino de miisica vem apontando a importancia de potencializar as ati- vidades criativas através da avaliacao coletiva das praticas musicais em sala de aula. Como as criangas percebem a producao musical umas das ‘outras? Devemos criar em sala de aula um ambiente no qual, mediadas pelos educadores, as criancas assumam uma posi¢ao de plateia critica que com- preende, contribui, colabora e aprende com as composicoes musicais da turma. Desse modo, a aprendizagem criativa é desencadeada em expe- riéncias musicais diretas que nao visam apenas & criagao de algo novo ou a aplicacao de conhecimen- tos musicais, visto que a criatividade ¢ entendida no contexto de amplas dimensdes éticas, encorajando (8 alunos a analisar e refletir criticamente sobre as consequéncias de suas ideias. Cabe ao professor ouvir as criancas, compreen- der suas concepcées de musica para construir um ambiente de respeito miituo, no qual elas se sintam valorizadas e seguras para expor pensamentos, negociar opinides e trabalhar com os colegas. Nas atividades em pequenos grupos, fundamentals nesse processo, o professor precisa estar atento a qualidade das interagGes entre as criancas, construindo com elas um espaco de participagao e colaboracao. Assim, © foco sao as aprendizagens colaborativas, de seres humanos que se relacionam fazendo musica, que se escutam e aprendem uns com os outros. Participando das aulas como compositoras, intérpretes ¢ au: diéncia critica, as criancas tem a oportunidade de construir sua identidade no grupo, tornando-se agentes da propria aprendizagem, ‘elaborando intersubjetivamente o conhecimento que sustenta suas concepgées de misica, constan- temente revistas, atualizadas e ‘ampliadas por suas experiéncias musicais e reflexivas (Beineke, 2009). € nosso papel criar condi- ‘goes para que se estabelega um ‘ambiente de comprometimento com os processos de aprendizagem musical do grupo, de colaboracao mu- tua, de engajamento de interesses e de valorizacao das contribuicdes das criancas. O que desejamos, enfim, é construir uma educacdo musical na infancia que contribua com a formacao de pessoas mais sen- siveis, criticas, transformadoras e solidarias, tendo fem vista um mundo melhor. Vamos ouvir as misicas das nossas criancas? REFERENCIAS BEINEKE, Viviane. Processos intersubjeti- vos na composicéo musical de criancas lum estudo sobre a aprendizagem criativa. 2009. 289. ese (Doutorado em Misica) — Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009. Disponivel em: http:// hal.hanale.net/10483/17775. BROUGERE, G. Acrianca ea cultura tdica In: KISHIMOTO, TAM. (org.}. O brincar e suas teorias. Sia Paulo: Poneira Thomson Learning, 2002. p. 19-32. LEITE, M.LEP. Brincadeiras de menina na escola e na rua: reflexses da pesquisa no ‘campo. Caderno Cedes, ¥. 22, 1. 56, Ps 63-80, 2002. Disponivel em: ‘Acesso em: 10:dez. 2007 PEREIRA, E:T. Brincar e crianca. In: CARVALHO, A. et al. (orgs.). ‘Brincar(es). Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005. p. 17-27 PESCETTI, LM. Canciones de siete leguas. In: BRUM, J. (or3.). Panorama del movimiento dela cancién infantil fatinoamers- ana y caribera:estudlos, reflexionesy propuestas acerca de {as canciones para la infancla. Montevideo, 7° Encuentro de la CCancién infantil Latinoamericana y Caribeha, 2005, p. 33-41 YOUNG, S. Collaboration between 3-and-4year-lds inSelt-initia: ‘ed play on instruments. International Journal of Educational Research, v.47, . 310, 2008. © Viviane Beineke é doutora em Miisica/Educacao ‘Musical e professora do curso de licenciatura em ‘Miisica e do Programa de Pés-Graduacéo em Misica dda Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) vivibkegmail.com BROCK, A.; DODDS, S.; JARVIS, P; OLUSOGA,, Y. Brincar: aprendlzagem para a vida. Porto Alegre: Penso, 2011. Livro no formato e-book. © Péri0- eDucacio NFANTIL. OM N37 OUT/0EZ 20,

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