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MATEMATICA UNIVERSITARIA 226/27 - junho/dezembro 1999 - pp. 147-151 Resenhas de Livros! Matematica Concreta. Fundamentos para a Ciéncia da Compu- tagio, Ronald L. Graham, Donald. E. Knuth, Oren Patashnik, traduzido da segunda edicdo americana por Valéria de Magalhies Tério, LTC Editora, Rio de Janeiro, 1995 Paulo Henrique Viana Este livro é afiliado ao primeiro volume da colegao [1], que foi pu- blicado pela primeira vez no ano revoluciondrio de 1968. A coleg&o {1} tem tido uma inluéncia considerével no aspecto académico da chamada revolugdo da informatica, antes de mais nada por fixar um padrio de escrita de alto nivel na drea de Ciéncia de Com- putagéo. Argumentos que negavam o status de ciéncia basica ao material recolhido para os cursos de informatica perdiam 0 efeito di- ante de uma obra como [1], como também se revelavam destitufdas de fundamento discussées que opunham Ciéncia de Computagio a Matematica Pura: sem qualquer sombra de dtivida, o contetido de [1] é Matematica. As idéias dominantes destes livros devem ser eutendidas no con- texto daqueles anos inflamados. Ao longo da década de sessenta ja se sentia no mundo matemético uma reagio a pratica superabstra- ta, bourbakista. que tanto sucesso havia tido na fundamentagao de disciplinas como a Topologia e a Geometria Algébrica e que, em virtude mesmo deste sucesso, ameacava entao monopolizar a ativi- dade matematica. Esta reagdo no sentido de uma pratica. concreta, 2Secao coordenada por Sérgio Volchan a. 148 construtiva, da Matematica operava na calma intra muros das tor res de marfim académicas quando foi inundada pelo tsunami da revolugao trazida pelos computadores em todas as dreas. A moder- nidade foi imposta, as tradigdes decretadas extintas, e nos cursos universitarios a Matematica que interessava nao era mais 0 Calculo Infinitesimal, que importava & Fisica, mas a Matematica Discreta, que fundamentava a Computagao. O bom senso desativou guilhotinas por causa de iniciativas como a colegao (1): com um nivel de rigor e erudig&o que em nada ficava a dever a nenhuma tradicdo de escrita matematica, e também com um humor adicional desconhecido nestas tradigées, os fandamentos matematicos da Computagao tomavam corpo e substancia. Inci- dentalmente, o Calculo Infinitesimal reaparecia vingado: talvez as vozes discordantes da modernidade da ocasi&o nao fizessem mais do que repetir as disputas ji seculares em torno da invengaio do Calculo, Newton o inventando para estudar sua nova Mecanica, Leibniz o desenvolvendo para formular uma Linguagem Mecdnica Universal. O Calculo que aparece em [1] é algo diferente do en- contrado no curriculos habituais: ha mais integrag&éo do que deri- vacgao, técnicas como a férmula assintética de Euler, inexistentes nos cursos comuns, séo mencionadas (outro exemplo: é mostrado que a probabilidade de dois inteiros tomados aleatoriamente serem primos entre si é 4). Por outro lado, o capitulo introdutério de Matematica em [1] é também muito diferente do contetido que se : propunha para os cursos de Matematica Discreta. | O livro em questo nasceu deste capitulo introdutdrio, sendo anunciado como uma expans4o destas 106 paginas do primeiro vo- lume de [1, terceira edigao, 1997]. A edig&o americana tem mais de 600 paginas, sugerindo um fator de expansio substancial, mas na verdade o projeto foi modificado ao longo do caminho; hd muito material presente em [1] que ndo foi aproveitado. A exposigao é mais elementar, o cuidado e o rigor foram mantidos, a graga da escrita aumentou: ao texto acrescentou-se inscricées, “grafites”, em quase todas as paginas. Algumas delas sio comentarios deliciosos, outras sao citagées do original da primeira mengao de um resultado memoravel. Para a traducdo, em geral competente, isto trouxe 149 um problema maior: como a poesia, o humor nao se exporta, e uma grande quantidade de inscrigdes perdeu o sentido em portugués (exemplo: a inscrigéo, comum na Inglaterra e nos Estados Unidos, “Kilroy was here”, originou 0 trocadilho “Kilroy wasn’t Haar”, que traduzido “Kilroy nao era Haar” nada significa; nao seria melhor t@la abandonado? Para fazer justica deve ser mencionado que exis- tem grandes “achados” na tradug&o; exemplo: “Farey’nough” é traduzido por “Farey isso”, perfeito dentro do contexto). Por uma felicidade, o melhor trocadilho do livro pode ser per- feitamente traduzido: o titulo “Matematica Concreta”, que o prefa- cio alega ter sido cunhado como conjungao de continua com discreta. Apesar da alegagao, o sentido de praxis matemética sélida é usado, sem radicalismos partiddrios: o prefacio proclama: “Matematica abstrata 6 um assunto maravilhoso e nao hd nada de errado com ela: é bonita, geral e titil”. Para um texto projetado como base matematica para a Com- putagao o livro esta surpreendentemente afastado do computador: nao ha material diretamente descrito em termos de uma imple- mentac&o computacional especifica, e sé h4 uma tnica aplicacio 4 informatica, mas esta é interessante e diferente: técnicas de ar- mazenamento e recuperagao na memoria baseadas em tabelas de dispersao (Segéo 8.5). Esta situagao é inusitada numa época em que mesmo os novos livros de Calculo sentem necessidade de se justificar descendo ao nivel mais abjeto de detalhes da linguagem do momento. Por outro lado, certas idéias cruciais em computagao sao vistas com um nivel incomum de profundidade: recorréncia, por exemplo, permeia o texto todo e é tratada de diversas formas. Ou- tro assunto presente no livro todo é andlise assintética, preparando o caminho para célculos de complexidade computacional. A idéia de recorréncia 6 objeto espectfico do primeiro capitulo, que a in- troduz com trés magistrais exemplos. Daf o livro segue com a notagio de somatério, alguma ‘Teoria de Nrimeros, alguma Com- binatéria que inclui um excelente capitulo sobre fungdes geradoras preparando caminho para [2]. , Probabilidade e Assintética. Em nenhum destes assuntos ha falta de motivagio, de exemplos cativantes: mesmo 0 leitor cansado de exposigdes sempre iguais vai 150 encontrar no livro novidades sobre velhos assuntos; como exemplos, no tratamento de primalidade relativa (Segio 4.5), 6 menciona- da a arvore de Stern-Brocot como um sistema de representagao numérico que depois ainda iré se manifestar de diversas maneiras, e no tratamento de ntimeros de Fibonacci (Seg&o 6.6) é menciona- do um paradoxo curiosissimo de Lewis Carrol. Aliés a segdo sobre numeros de Fibonacci pode surpreender alguém que jé tenha visto um bom nitmero de outros tratamentos deste nivel: onde pode ser encontrada a conexdo da sequéncia de Fibonacci com o resultado de Matijasevich resolvendo negativamente o décimo problema de Hilbert? Além disso, aparecem tépicos diffceis de ser encontrados em livros elementares (como este livro orgulhosamente se apresen- ta): fungdes hipergeométricas e suas transformagées, convolugées, séries de Dirichlet (inclusive mencionando a fung&o zeta de Rie- mann) ¢ o Teorema de Numeros primos. Outra jdia é segao sobre a funcéo ip de Euler e sobre a fungado . de Mébius, que nao deixa de mencionar resultados mais avangados. A segunda edig&éo ameri- cana (que foi traduzida) é atualizada, trazendo a noticia da solugao de Wiles para o problema de Fermat, e com uma segio nova (5.8) contendo resultados recém descobertos (1991) de Zilberger. Fundamental no texto sao os exercicios, cuidadosamente apre- sentados em uma escala de dificuldade crescente, todos completos com respostas e atribuigdes. H& mais de 500 deles. Para cada assunto tratado é dificil encontrar uma exposigdo comparavel. Houve, no entanto, algum sacrificio de escolha. Como uma base matemdatica para Computagao, ha omissdes importantes, ainda que inevitdveis: matrizes nunca aparecem (embora sejam uti- lizadas amplamente em [1] e embora coubessem em um tratamento geral de relagdes de recorréncia), e naéo hd sequer o tratamento basico de grafos. Isto pode ser explicado: nao caberia ao autor de [1] um tratamento cursério, breve, destes assuntos, como o que se encontra em geral nos livros de Matemitica Discreta. A idéia parece ser que o que no pode ser tornado interessante dentro dos limites de espaco foi omitido; o que ficou é fascinante. A influéncia mais marcante dos autores é a de Euler, a quem a obra é dedicada, e pode ser dito que o livro esta a altura do tributo que pretende. 151 Referéncias [1] Donald. E. Knuth, The Art of Computer Programming, vol. I Fundamental Algorithms, Addison Wesley, 1968, vol. I Seminumerical Algorithms, Addison Wesley, 1969, vol. II Sorting and Searching, Addison Wesley, 1973. 2] H. S. Wilf, Generatingfunctionology, Academic Press, 1990. Departamento de Matematica PUC - Pontificia Universidade Catélica Rua Marqués de Sio Vicente, 225 - Gavea 22543-900 - Rio de Janeiro

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