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TSP everson ort Reitor Jacques Marcon re Presidome Comissao ston Dirciora Comerciat Ditetor Adminisiaive Eiorassiste Flavio Acutar & Sanora Guaroint T, Vasconcetos orcs.) ANGEL RAMA LITERATURA E CULTURA NA AMERICA LATINA Trodosio Rachel ta Corte cos santos za Casparetio re 208 cel RAMA tedrale Pantaledn y la Vistadoras, das quais quatro se constituem, a esta al- tura, em uma revisio critica da sociedade peruana em quase todos os seus es- trates nd época contemporanea. Os Processos DE TRANSCULTURACKO NA ” Narrativa LaTINO“AMERICANA’ 1 Ua Reso Nase a0 Conruro Vict Reconusio ‘Tanto a narrative fantistica como a realistacritica, cujs bases foram for muladas na década de 1980 nos maiores conglomerados urbanos da América Latina, patticularmente no mais adiantado da época, Buenos Aires, determi- pavam, pelo simples fato de expandir suas novas estruturas artisticas~ para o qué dispunham dos cireuitos de difusio, todos estabelecidos nas proprias ck dades onde foram geradas essas propostas estéticas-, 0 cancelamento do mo- vimento narrativo regionalista que predominava na matoria das reas do con- tinente ¢ dentro do qual haviam se expressado, de comum acordo, tanto reas de médio e éscasso desenvolvimento educativo como as mais avancadas. ‘Em um primeiro momento, o regionalismo assumiu uma atitude de- fensiva fechada que postulava o enfrentamento radical e, portanto, o endu- recimento de posigdes. Houve uma disputa entre ‘crioulistas”e “modernise © Revista de Literatura Iberoamericana, n.5, abril 1974, Maracaibo, Veneznel, Universidade de Zulia, Escola de Letras. 20 Ace RAMA tas” (vanguardistas), que se abre com o texto de quem, por sua idade e obra, ‘era mestre indiscutivel, Horacio Quiroga, inttulado “Ante el Tribunal”, ¢ que depois & divulgado nas revistas da época’. Em seguida, pode ser obser- vado na versio satirica que ofereceu Leopoldo Marechal em Adin Bueno- -sayres (1948) ou na teorizacio a que foi submetida por Alejo Carpentier em 1964), para explicar sua rentincia ao movimento nar- at Em parte, esse era 0 mesmo efeito que provocava a terceira posigio es- tética daqueles anos, representada pela narrativa social, ao difundirse em seu perfodo beligerante, que corresponden & chamada “década rosida" do antifas cismo universal. Porque, embora traduzisseniveis menos evoluidos da moder nidade, i vinha marcada pela urbanizacio e por uma adesio priméria 2 esque- ‘mas importados, como os do realismo socialista, Paradoxalmente isso a asso- ciava nao s6 a0 realismo critico, como também ao fantistico portenho, contra © qual militou, buscando identficé4o com um pensamento conservador. Essa guerra previsfvel no ocorreu. Fot registrada, por outro lado, uma transmutagio do regionalismo que salvou seus principios dominantes, em particular 0s que serviam para elaborar os assuntos rurais e que por isso man- tinham estreito contato com elementos tradicionais e mesmo arcaicos da vida latinoamericana, Dentro do vanguardismo’, o préprio Carpentier, que de fato ficou cf ¢ la em relacdo a ambas as correntes, ha de ser sensivel 20 manejo artistico de tais supostos arcafsmos e, por sua vez, Borges, em stia resposta ao livro de Américo Castro (La Peculiaridad Lingiistica Rioplaten- 4), soube avalié-los corretamente nesse plano da lingua, ‘Mas o desafio era apresentado a0 regionalismo, Aceitando~, este sou- be resguardar um importante conjunto de valores literérios e de tradigdes XX, tais como o cubismo ¢ 0 ultrafemo, que influenciow os paises da América Latina de fala hispanica e que no Brasil corresponde a0 Modernismo (N.T.). (05 PROCESSOS DE TRANSCULIURAGKO NA NARRATIVA ATINO-ANERICANA 201, locais, para o que precisou transporté-lo as novas estraturas literarias, apa- rentadas, embora néo semelhantes, com as quais abasteciam a narrativa ur bana em suas miiltiplas tendéncias renovadoras. Um grupo de escritores viu, com lucidez, que se o regionalismo fosse congelado em sua disputa com 0 vanguardismo eo realismo-critico, entraria em agonia de morte. Esta inter- romperia um rico fluxo de formas literérias (0 que seria‘a perda menor, con- siderandose sua condi¢ao perenemente transformével), mas também aca~ retaria a extingao de um contetido cultural muito mais amplo, que s6 por intermédio da literatura alcancara sobrevivéncia, cancelando-se sua aco efi- az, integradora, sobre o meio nacional, que aparentemente nao podia ser ‘cumprida por outros canais, pelo menos em seu nivel artistico. Dentro da estrutura global da sociedad latinoamericana, 0 regionals ‘mo acentuava as particularidades culturais que haviam sido forjadas em areas ou sociedades internas, contribuinido para definir seu perfil diferencial. Por isso mastrava propensio pela conservacio daqueles elementos do passado que haviam contribuido para o proceso de singularizacio cultural, procurando transmiti-los ao futuro como modo de preservar a configuracio adquirida. O elemento sradieéo, inchufdo como um dos varios tracos de toda definigio de “cultura”, era realgado pelo regionalismo (com evidente esquecimento das mo- dificagées que em sua época ele introduzira na heranga tecebida) tanto no campo dos valores como no das expressbes literdtias?. Valores ¢ expressdes sio invalidados pelas novas correntes, fato normal, pois entre valores e comportamentos existe um estreito vinculo, mas, como também é habitual nesses processos, so as segundas que parecem ceder 20 embate, sio as estruturas literdrias que visivelmente registram uma transfor- 3, Uma enumeracio erftica das definigdes de “cultura® como tansmissio de ‘social encontra-se em A. L. Kroeber e Clyde Kluckhohn, Culture: a Review of Concepts and Definitions, Nova York, Random H American Anthropologist, LI, 1949). an nce aaa macio, procurando, no entanto, resguardar os mesmos valores, embora na verdade situando-os em outra perspectiva cognitiva. O regionalismo lanca- se incorporacao de novas articulagdes literdrias, as quais busca, as vezes, no ‘panorama universal, embora 0 faca com mais freqiéncia no contexto urba- no latinoamericano mais proximo, evitando com isso que ocorra a substitui- io dristica de suas bases. Consegue, em vez disso, que voltem a se expandir pelas fronteiras nacionais ¢ continentais ¢ continuem servindo seu obstina- do projeto de conservacio e desenvolvimento das culturas locais. Para resguardar uma mensagem que até o momento fora transmitida ‘com relativa facilidade aos conglomerados urbanos, em parte porque estes viviam sua ampliacio pela imigragio interna, que os foi constituindo ¢ levava para as cidades enormes contribuiges de culturas rurais foi preciso adequé- as novas condipdes estéticas que ali foram sendo idealizadas, Estas respon- dem tanto 20s tracos peculiares da evolugio urbana, que absorve ¢ desintegra 2s culturas rurais, quanto & maior submissio as pulses externas registradas dentro da cidade, tomando-as obedientes aos modelos estrangeiros, mais prestgiosos por virem glorificados de suposta “universalidade”. Essas operagées literérias, que acontecem dos anos de 1980 em dian- te~criadores isolados sem contato entre si, mas situados em conjunturas se ‘melhantes -, podem ser vinculadas aos miiliplos processos de aculturagio desenvolvidos no continente esituam:se dentro de suas coordenadas. Os tex- tos resultantes estardo impregnados de sua problematica e nos oferecerio um repert6rio de solugdes propostas. Novariado panorama aculturante atual, testemunho da dindmica das so- Cedacies latino americanas contempordneas, um extenso capftulo é ocupado pelos contlitos das sociedades regionais que se deparam com a modemnizacio incorporada por intermédio de cidades e portos, prockamada transmissora do progresso ¢ que as efites urbanas dominantes instramentam. Como foi poss vel comprovar em intimeros exemplos, esse proceso de aculturaco no res- pondea um mero intercimbio civilizado entre culturas, mas é atinica opeio que se impSe para poder solucionar um choque de forgas cultarais muito dis pares, uma das quaisvira a ser previsivelmente destruida no confronto, sen- (5 PROCESSOS DE TRANSCULTURAGKO NA NARRATIVA LATING-AMERICRNA 213, do simplesmente vencida em termos de um pacto. Os regionalisas respondem ‘esse conflit: tentardo evitar a raptura, que se aproxima, entre os diferentes setores intemos que compéem a cultura latino-americana, devido & desigual evoluco experimentada aos diversos ingredientes origindrios, enquanto as- sistem a uma aceleragio modemizadora. A cultura modernizada das cidades, respaldada nas fontes externas, ‘wansfere para o interior da nagio um sistema de dominacio (aprendido de sua propria dependéncia de sisternas culturais mundizs), apelando para os novos insrumentos eficazes que a tecnologia recente Ihe proporciona, ou seja, ndo ‘associa sua evolucio, mas sim intensifica sua submissio. Em termos cultar ras, permitethe, pelo menos por um tempo, o conservadorismo folclérico, que Ja éuma maneira de sufocar uma cultura ao dificutar sua criatvidade e atua lizagGo, ¢ esse € um primeiro passo no caminho da homogeneizagio cultural segundo as normas urbanas, ainda que dentro de uma sinnago de dependén- ‘cia deformadora pela restricio que opde ao poder de tomar decisdes nas re- ides internas. Para estas tiltimas, onde se assentamn sociedades de multiples configuragées culturais com predomindncia da de tipo rural, os centros das ‘apitaisapresentam um dilema que é igualmente fatal em qualquer um de seus termos: ou retroceder e morter ou morrer imediatamente’, Nem ber foi proposta, comprovamos 0 aparecimento de criadores l- terdrios que constroem as pontes indispenséveis para resgatar as culoarasre- sgionais, Manejam de um modo imprevisto ¢ original as contribuicdes artis ticas da modernidade, Mas, além disso, ¢ 0 mais importante, é que revéem, luz que ela projeta, os préprios contetidos cultaraisregionais em busca de 4. Viuorio Lantemari considera esse impacto modernizador um fator de de- Sintegracio cultural (‘Désintégration culturelle et processus d'acculeuration”, em Cahiers Incernationaux de Sociolagie, vol. XU, jul~dex. 1968): Um ter- al aparece como © pesa¢ rico é paralelo ao da moi artigo de Ralph Beas: banization and Acculturation", em American Anthropologist, LIL a4 ANGEL BAMA solusées artistcas que nao sejam contradit6rias com a heranga que devem transmitir, Essa é a novidade registrada no comportamento de alguns gru- pos regionalistas: um exame revitalizado das tradigBes locais, que foram se esclerosando, para encontrar formulagées que permitam absorver a influén- cia externa e dissolvé-a como um simples fermento dentro de estrutaras at- Usticas mais amplas nas quais se continue traduzindo a problematica ¢ os sabores peculiares que vinham custodiando, ‘Nas origens da grande renovacio das letras latino-americanas do século XX, houve coincidéncia entre todos os escritores ¢ todas as comrentes estéticas para manejar as contribuicdes de fora como meros fermentosa serem usados tia descoberta de analogiasintemnas, Nao é 6 Carpentier que, ao escutaras dis sondincias da miisica de Stravinski, descobre e valoriza os ritmos africanos que no povoado negro de Regla, perto de Havana, vinham sendo ouvidos ha sécu- Jos sem que Ihes prestassem atencio. Foi esse mesmo impulso que animou a obra do principal modernist brasileiro: Mério de Andrade. Mas serdo aqueles esctitores mais profundamente inseridos em culm rasde socicdades encravadas ¢ dominadas que, dispondo de estruturas cul- turais plenamente elaboradas com elementos autéctones ou acrioulados de longa data, terdo de encontrar equivaléncias originais ins6litas para as in- citages externas, respondendo a elas a partir de uma penetragio em suas ccultaras tradicionais. Porque impacto modemizador gera em primeiro lu- gar uma retirada defensiva, um mergulho protetor no seio da cultura regio- nal e materna, com um premente apelo a suas fontes nutritivas, mas também com 0 desejo de reexaminar de forma critica suas condigdes peculiares, as forcas de que dispée, a vibilidade dos valores aceitos sem andlise, 2 auten- ticidade de seus recursos expressivos. De tal processo de ‘reimersio” ¢ reconsideraco de uma cultura terdo de criar os tr pos, por todos conheciclos, de respostas& proposicio aculbara- dora que lhe é formulada: as peculiares 2 uma “wulnerabilidade cultural” que aceita as propostas externas e renuncia quase sem luta as propria a da “r= side cultural” que se instala drasicamente nos produtos jéakcanados por sua cultura, rejeitando toda contribuicio nova; as que caractétizam a “plasticida- (0S PROCESSOS DE TRANSCULTURAGAO NA NARRATIVE LATINO-RMERICANA 235 de cultural” com sua destreza para integrar em um produto as tradiges ¢ as novidades, Dentro deste tkimo tipo, tem especial relevancia aatitude daqueles que nio se limitam a um sincretismo por mera conjugacio de contribuigdes deuma e outra culture, mas que compreendem que, sendo cada uma delas ‘uma estrutura, a incorporagao de novos elementos de procedéncia externa deve ser obtida mediante uma rearticulagdo total da estrutura cultural propria (regional), apelando para noves focalizacSes dentro de sua heranca. Da “reimersio” nas fontes primigénias, surge uma intensificagio de cer tos valores peculiates, que as vezes parecem proceder de estratos aparente- ‘mente ainda mais primitivos, mas que ostentam uma capacidade signiicativa «que 0s toma invulneraveis 4 corrosio das contribuigées modemizadas, Para um criador lierério, tratase exclusivamente de puras operacées artisticas, ‘mas nelas esté implicita uma prévia proposicio cultural, resultado do con- flito que toda uma coletividade esta vivendo, 2A Tawccuruegovos Nes Neonos Os processos de aculturacio sio tio velhos quanto 0 contato entre as sociedades huumanas, mas 0 conceito ¢ seu manejo pela antropologia so muito recentes‘, e como surgiu dentro da problemética do colonialismo eu- nati (op. cit) que acrescer- seados na ‘plasticidade culox- 5. As tés categorias slo enunciadas por V. La Inumeravels casos de acultura ral’, 05 elementos de crise e desintegracs » a0s elementos que expressat ppologis, XXXVI, 1986) de Re- sstematizacio pode ser encon- ! The Study of Culture Contacts, a antropolégica ¢ dentro da 26 ANCEL RAMA ropeu (inglés) ¢ sofren 0 contraataque da descolonizagio, tingiuse de in- feréncias ideologicas que nao podem ser desdenhadas, sobretudo tratan- dose de artes literarias. Foi dentro da antropologia hispano-americana que se questionou o termo “aculturaco”, a partir da proposicio que, em 1940, fiera 0 cuba- no Fernando Ortiz do termo “transculturacio”, que, para ele, era “funda- mental ¢ elementarmente indispensavel para compreender a hist6ria de Cuba e, por razdes andlogas, a de toda a América em ger Femando Orti discorren sobre ele do seguinte modo: Entendemes que o vocdbulo "ransulurago” expresa melhor as diferentes fies do Proceso rans de uma cultura ota, porue este no conse spenasem ada una ‘utr, que &@ que rigor indica o voeibuloangloamericano acultaraga0" mas mien também necesaramentea pera oxo delgamentn de wna culna precedente oq poe. ‘laser cham de uma paral desaultrein ¢além dao significa a conseytente ciao ‘de nove fenémenos culturas que podeiam ser denominados neocultri) De fat, essa conceprio do processo transformador (aprovada entusias ticamente por Bronislaw Malinowski em seu prélogo ao lio") tracuz um pers- pectvismo latinoamericano, inclusive no que pode ter de interpretagéo incor ret’, ji que nela se percebe a resisténcia a se considerara parte passa ou ine 7. Rermando Ortiz, Gontrapunteo Cubano del Tabaco y ef Azdcar, Havana, Consejo Nacional de Cultura, * edicio ampliada) 8, Embora, como observa Ralph uration” (in A. L, Kro- ‘cher, Anchropology Today, Chicago, The University of Chicago Press, 1958), Malinowski nio aplicou 0 conceito do antrop6logo cubano em nenhama de suas obras posteriores, Kégica em Gonzalo Aguirre Beltran, £/ proceso de versidad Nacional Auténoma de México, 195 tando a0 nosso propésito: adculturay 5 abvcurler 4 sagem de uma cult licidade expressiva, sus sens le para o espirito da lingua, o que faz de (OS PROCESSOS DE TRANSCULTURAGAO NA RARRATWVA LATING*AMERICANA. 217, ferior do contato de culturas, a destinada as maiores perdas, Nasce de uma dupla comprovacdo: registra em sua cultura presente —jé transculturada—um Conjunto de valores idiossinerdticos que é possivel reencontrar, quando se re- ‘monta 2 datas tardias, dentro de sua hist6ria; corrobora simnltaneamente em seuscioa existincia de uma energia crisdora que atva com desenvoltura tanto sobre sua heranga particular como sobre as incidéncias provenientes do exte- Fior, e nessa capacidade para uma elaboracio,original, mesmo nas diffces si- tuacéesa que tem sido submetida istoricamente, encontra uma prova da exis- ‘éncia de uma sociedade especifica, viva, criaor, diferente, que estimtla, mais «que nas cidades estretamente associadas is pulsbes universais, nas camades re- ‘conditas das regides internas Como séo dois os processos de transcnlturagéo registrados ao mesmo tempo (um entre as metrépoles externas e as cidades latino-americanas ¢ ‘outro entre estas e suas regides internas), seria 0 segundo o que teria de roporcionar 2s maiores garantias de uma construgio com mais notas di- ferenciais, além de especificamente americanas, naqueles casos em que por causa da “plasticidade cultural” se conseguisse integra, dentro das préprias ‘estruturas rearticuladas, as incitagdes modemizadoras que as cidades teriam influenciado. Pode-se registrar, para situar 0 grupo humano que me- Thor contribuiu para essa tarefa, que nesse periodo € produzida uma flo- ragio de escritores provincianos que a absorcio da capital integra as cida- des. Nesse meio, serdo idealizadas diversas solugdes estéticas que recebem varios nomes ao longo do continente: no Sul, por exemplo, chegou 2 cha- ‘mars “nativismo césmico”, uma metéfora para encruzilhada de culturas. E possivel que a solucéo introduzida por Fernando Ortiz tivesse agra- dado ao peruano José Maria Arguedas, que ao receber o Prémio Inca Gar- seus livros, diferentemente do que ocorr logos e so povoada de anglicismos, uma experiénci plo: é um dos poucos que usam 0 termo norma da lingua, a0 invés de “deculturacio", antropélogos. -mpregado pela matoria dos ne ANCEL RAMA, cilaso de la Vega (1968), de seu pais, se ops hostilmente, em seu discurso, aser considerado um “aculturado", ia que a palavra sugeria: perda de uma cultura prépria e sua substituicao pela do colonizador, sem possibilidade de voltar a expressar sua tradigio singular. (© cerco poriae devia ser destrio: 0 manancial das dus nares podia e devia ser unido, Eo caminho ngo nla porque ser, nem era possel que fost, uicamente aquele ‘que se exigin com autoritarsmo de vencedores espoiadores, ou sea: que a nagdo vencida enuncie sa alma, mesmo que s6 aparentemente, de modo formal e tote a das vencedo- £es, ito €, se acute. Fu no sou um acultarado: sou um peruano que orgulhosimente, como um deménio feliz, fla lingua cist de ini, espanhol equichua!", Aceitando por um momento a descri¢io que Femando Ortiz faz das diversas ages que compéem uma transculturacio, tentemos ver como se mac .nifestam em uma obra lteréria de géneto narrativo, Lembremos que isso im Plicaria, em primeiro lugar, uma “parcial desaculeuracio", que pode mostrar graus muito diferentes e afetar virias éreas do exerci coinportando em todos os casos perdas obrigatérias em relacio aos funcio- ‘namentos anteriores, que so abandonados por serem obsoletos, Seu alean- cenio pode ser medido completamente, e muito menos serem apreciadas as diversas solugdes a que se chega, se nfo forem salientados os elementos que sobrevivem ¢ inclusive as que se acrescentam, todos provenientes da cule tura original, de tal modo que 2 “desaculturacio” nio é avaltével sem sua poralela “reaculturagio”, ou sej, a intensificacdo de propostas internas, iden tifcadoras de uma cultura, $6 a anélise dessas duas vativeis permite medi © esforco de “neoculturacao” por absorcao de elementos extemnos de uma cultura modernizada, Seria composta assim, uma figura em que as duas for $28 confrontadas geram trés focos de aco que se conjugam de modo dife- rente: havetia, pois, destruicées, reafirmacdes e absorgées, a que caberia acrescentar que esse processo, que no campo cultural teria uma alta porcen- fi incluido, a pedide bad EI Zorro de Arri- 10. 0 discurso, com o diulo de “Yo no soy un acal do autor, como epiogo a sua novela péstuma bay el Zorro de Abajo, Buenos Aives, Losada, 197 (5 PROCESSOS DE TRANSCULTURACAO NA NARRATIVA LATING-AMERICANA 219, tagem de determinismo, mostraria no campo literivio uma margem mais ele vada, proporcionalmente, de liberdade, que se manifesta na capacidade se- letiva que o criador continnaria mangjendo, ‘No nivel lingiistico,o escritor oscilaré entre dois casos extremos— com ‘iltiplos estados intermedirios que implica, na opeao de uma determina. «ta comanidade receptora feta de forma ticita ou explicta~ que io repre- Ssentados em duas resolucées bésicas: a acomhodacio nas kinguas ‘indigenas autctones ou 0 manejo dos dialetos regions do espanholportngués ou fran- @s, ou a adocéo de uma lingua estritamente literéria, como fora a dos “mo-

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