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UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE - ensino a distância®

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A informática como r ç a
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instrumento para auxiliar o cíp
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Vasco Furtado Fis
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Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC)


Sistemas de Informação e Banco de Dados
A internet e a web
Caminhos para buscar informação governamental
Portais da Transparência
Papel da Web 2.0

Universidade Aberta do Nordeste e Ensino a Distância são marcas registradas da Fundação Demócrito Rocha.
É proibida a duplicação ou reprodução deste fascículo. Cópia não autorizada é Crime.
Objetivos

• Introduzir ao leitor os conceitos básicos de TIC, em particular da sua aplicação no


serviço público.
• Fornecer informações de como o cidadão pode realizar controle social através da
internet
• Apresentar exemplos de sites que permitem acesso às contas governamentais

Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC)


Para que o cidadão seja um atento e participante ator no processo
de controle social não é necessário que seja um especialista em TIC.
No entanto, é interessante que conheça os conceitos básicos do tema
para que suas ações de monitoramento e controle sejam potenciali-
zadas. Partindo dessa premissa, serão apresentadas algumas defini-
ções sobre conceitos introdutórios de TIC. Uma ênfase à forma como
a aplicação desses conceitos se dá nas organizações governamentais
será dada. O leitor já familiarizado com o tema pode se dirigir direta-
mente às seções seguintes.
Define-se por Tecnologia da Informação (TI) como todo recurso
tecnológico e computacional destinado à coleta, manipulação, arma-
zenamento e processamento de dados e/ou informações dentro de
uma organização. Alternativamente, pode-se dizer que a tecnologia
da informação é o uso de recursos computacionais para desenvolvi-
mento de sistemas de informação. Seus componentes essenciais são
hardware, software e comunicação.
O hardware consiste de dispositivos físicos eletrônicos digitais usa-
dos para receber, armazenar e processar dados. Os computadores são
exemplos de hardware e são compostos em essência por uma Unidade
Central de Processamento (UCP) ou processador, uma memória princi-
pal ou memória RAM (Random Access Memory) e uma memória virtual
ou secundária. A capacidade de processar os dados é a atividade básica
realizada pelo processador. O número de instruções que são executa-
das por segundo define a “velocidade” do computador. A memória
RAM é uma área volátil de armazenamento. Isto é, ao se desligar o
computador, o que nela estava armazenado se perde. Por isso, exis-
tem áreas de armazenamento alternativas e não voláteis chamadas de
memória virtual. Elas se prestam ao armazenamento, por um período
indefinido, de grandes volumes de dados. Fitas e discos rígidos (Hard
Disk – HD) são exemplos deste tipo de memória.
Uma rede de computadores é o nome que se dá quando vários com-
putadores e/ou periféricos estão interconectados. As redes permitem o

154 Curso Controle Social das Contas Públicas


compartilhamento de informações entre vários equipamentos (REZEN-
DE E ABREU, 2000) e podem ser locais (Local Area Network – LAN) ou re- Devido à longa distância
motas (Wide Area Network- WAN). Basicamente, a diferença entre elas se entre os pontos de uma
WAN, essa rede faz uso de
dá em função de sua abrangência. As WANs consistem de computado-
recursos de telecomunicação
res geograficamente espalhados em longa distância enquanto as LANs como linhas telefônicas
estão restritas a pequenas distâncias como dentro de um prédio. ou satélites para prover a
O software, ou programa de computador, dirige, organiza e controla o transferência dos dados. As
hardware, fornecendo instruções e comandos de funcionamento (NOR- telecomunicações referem-se
TON, 1996). O sistema operacional é o principal software básico, pois é à transmissão eletrônica de
sinais para comunicações,
o impulsionador do funcionamento elementar do computador. Os siste-
inclusive meios como
mas operacionais podem ser divididos em proprietários (desenvolvido telefone, rádio e televisão.
pela empresa que os comercializa com hardware específico) ou genéricos
ou portáveis. Os proprietários mais populares são o Windows® (XP, Vis-
ta), da Microsoft, e o Linux.
Os programas ditos aplicativos possuem um conjunto de comandos,
instruções ou ordens elaborados pelo programador com o intuito de que
sejam cumpridas pelo computador, visando resolver problemas e de-
senvolver atividades ou tarefas específicas (REZENDE E ABREU, 2000).
Esses aplicativos geralmente são relativos ao negócio da organização e
servem para desenvolver o que se chama de sistema de informação.

Sistemas de Informação e Banco de Dados


Segundo Stair (1998), um sistema de informação é um tipo especiali-
zado de sistema que possui uma série de elementos inter-relacionados
com o propósito de coletar, manipular, armazenar e disseminar dados
e informação. Um sistema de informação computadorizado é compos-
to por um conjunto de programas aplicativos que em síntese realizam
as atividades de entrada, processamento e saída de informações.
A entrada é a atividade de captar dados e informações. Esta entra-
da pode ser obtida em diversos formatos como os cartões de ponto
de um funcionário em um sistema de controle de pessoal ou uma
proposta de preço de uma empresa em um sistema de licitação. O
processamento refere-se às atividades de tratamento através de con-
versões e/ou transformações das entradas em saídas úteis. Normal-
mente, este processamento é feito por cálculos, comparações, decisões
e armazenamento de dados para futura recuperação. Por fim, a saída
refere-se a toda informação útil produzida pelo sistema. Diversas for-
mas de saída podem existir, sendo que telas para consulta mostradas
no monitor do computador e relatórios são as mais comuns.
Sistemas de Informação visam auxiliar o processo de tomada de
decisões. O uso eficiente deles tem um grande impacto no sucesso da
organização beneficiando-a, por exemplo, com a melhoria da quali-
dade dos serviços prestados, redução de erros, maior eficiência das

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operações e, consequentemente, redução de custos. Sistemas de in-
formações computadorizados são desenvolvidos sob um software es-
pecial que realiza o gerenciamento dos dados usados pelos mesmos.
São os Sistemas Gerenciadores de Banco de Dados (SGBD), responsá-
veis pela manipulação de diferentes arquivos de dados e o relaciona-
mento entre os mesmos de forma segura e fidedigna.
No âmbito governamental, os mais importantes sistemas de infor-
mação se destinam essencialmente às atividades de controle dos dados
relativos às receitas e despesas efetuadas. Uma divisão mais detalhada
com o objetivo de facilitar a compreensão de quais informações estão
disponíveis nos sistemas de informação governamentais é a seguinte:
1. Administração financeira: registro, acompanhamento e controle
da execução orçamentária e da regularidade contábil dos órgãos
governamentais. É onde o cidadão pode buscar informações so-
bre os valores orçados para as áreas de atuação do governo e
acompanhar se os valores previstos estão sendo aplicados. Outra
informação útil nesses sistemas é a de convênios estabelecidos
com outras esferas de poder (federal, estadual e municipal), bem
como com entidades filantrópicas e ONGs.
2. Recursos Humanos: é aqui que os bancos de dados de controle
de pessoal e de controle e processamento do pagamento dos ser-
vidores são alimentados. São informações essenciais para acom-
panhamento da lisura do processo de contratação dos governos,
no que se refere ao ingresso dos servidores através de concursos,
casos de nepotismos, etc.
3. Controle de Patrimônio: oferece apoio à administração do pa-
trimônio imobiliário dos governos através do controle dos seus
imóveis – quais são, em que local estão e quais suas característi-
cas. Pode-se ainda identificar os usuários dos imóveis, quais são
os regimes de utilização e período de ocupação dos imóveis. In-
formações desse tipo são importantes, pois permitem identificar
situações de mau uso do dinheiro público através de privilégios
aos usuários dos imóveis públicos.
4. Compras Governamentais: um dos sistemas mais importantes
para ser acompanhado pelo cidadão, pois nele estão as informa-
ções sobre contratos, licitações e fornecedores. Pode-se acompa-
nhar licitações e contratos, emissão de empenho, publicação no
Diário Oficial e depois o acompanhamento das notas fiscais e
ateste das faturas.
5. Planejamento: visa a ajudar as Secretarias de Planejamento na
execução das atividades de análise do planejamento qualitativo e
quantitativo dos órgãos; definição dos limites de despesa; exame
da execução física e financeira; e gestão do fluxo de recursos dos
programas prioritários do governo.

156 Curso Controle Social das Contas Públicas


Governo Eletrônico (e-Gov)
O desenvolvimento das TICs, em particular das redes de compu-
tadores, trouxe novas formas de distribuição e coleta das informações
governamentais. A noção de governo eletrônico (ou simplesmente e-
gov, forma reduzida a partir do inglês electronic government) refere-se ao
uso da TIC para fornecer e melhorar serviços governamentais, princi-
palmente através de um canal aberto e constante para interação com os
cidadãos, empresários e mesmo com outras áreas governamentais.
De modo geral, aceita-se a noção de governo eletrônico como ligada
à prestação de serviços públicos através da internet, o que os fazem dis-
ponível em qualquer ponto de acesso da rede, vinte quatro horas por dia,
nos sete dias da semana. Dessa forma pode-se democratizar o acesso à
informação, ampliar discussões e dinamizar a prestação de serviços pú-
blicos, com foco na eficiência e efetividade das funções governamentais.
Tradicionalmente, o conceito de e-gov pode ser visto como uma
tentativa de colocar o cidadão como cliente bem atendido do serviço
público, fornecendo meios para declaração do imposto de renda, pa-
gamento de impostos, acompanhamento de processos, marcação de
consultas, etc. O passo além nessa extensão de governo à residência
do cidadão através da internet é quando ela incorpora a promoção
da participação e do controle social de forma que estejam no mesmo
patamar tanto a prestação de serviços como a indiscutível noção de
direitos dos indivíduos e da sociedade.
Aqui, é primordial compreender que, dentre os avanços tecnoló-
gicos recentes, a criação da internet é indubitavelmente determinante
para a implementação de políticas de e-gov promotoras da participa-
ção e controle social.

A internet e a web Essa grande revolução da


Uma revolução dentro da revolução da sociedade da informação internet só se concretizou
é como podemos considerar o que vem ocorrendo nos últimos dez com o surgimento de um
programa chamado www
anos com a disseminação e popularização da internet. Trata-se de
(ou simplesmente web, do
uma rede de computadores que provê infra-estrutura para transfe- inglês World Wide Web - teia
rência de dados entre computadores distribuídos em escala global. de escala mundial) que se
Como dito anteriormente, a TIC permite agilidade e eficiência aos baseia em dois conceitos
procedimentos de negócios de uma sociedade e impactou (e ainda im- elementares. O primeiro é
pacta) na produtividade nos negócios. No entanto, o advento da web o de hipertexto, cunhado
inicialmente por Nelson, em
trouxe, além das melhorias de produtividade empresarial, impacto nas
1960 e usado pioneiramente
formas de organização da sociedade, formas de relacionamento entre na web por Berners-Lee
as pessoas, formas de empreendedorismo e formas de diversão. (1999). Refere-se a um texto
O comércio eletrônico (feito pela web) e o modelo de negócio em associado a um endereço de
que a remuneração dos empreendedores passou a ser feita através de outra página (ou site) na web.
publicidades são exemplos da transformação que a internet trouxe aos

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negócios. Os jogos eletrônicos e as mais diversas formas de veiculação
de vídeos e fotos na web criaram uma nova forma de entretenimento.
Por fim, a comunicação entre as pessoas também se modificou com a
web. Mensagens por correio eletrônico, sites para bate-papo e reuni-
ões virtuais são exemplos de novas formas de interação trazidas com
o advento da rede mundial e da web.

Caminhos para buscar informação


governamental
Nessa seção descreveremos alguns dos sistemas de informações
que, através de sites na internet, oferecem ferramentas para consulta
de informações cruciais para o controle social.

Cartilha do FUNDEB
Uma maneira elementar de uso da internet é a recuperação
de orientações sobre como deve agir um cidadão interessado em
monitorar as ações de governo. Um dos instrumentos mais úteis
disponíveis na internet aos cidadãos é a cartilha produzida pelo
Ministério da Educação instruindo sobre o Fundo de Desenvolvi-
A cartilha foi feita em mento da Educação (FUNDEB). O dinheiro do FUNDEB é para a
parceria com o Ministério educação de crianças, desde a creche, e de jovens e adultos, até o
Público Federal e oferece final do ensino médio.
um roteiro para que o
Nessa cartilha, há um capítulo especial para discutir as ilegali-
cidadão possa acompanhar
como o dinheiro público dades mais frequentes como a ausência ou a composição irregular
está sendo aplicado por do conselho e acompanhamento social do fundo; a falta do plano de
prefeitos e governadores. carreira dos profissionais de educação básica; atraso no pagamento
Está disponível na dos professores; não cumprimento do percentual mínimo de 60% dos
página eletrônica do recursos do fundo para remuneração do magistério. Para cada uma
Fundo Nacional de
das situações, a cartilha informa os documentos necessários para a
Desenvolvimento da
Educação (FNDE). Acesse-a abertura de investigação e a legislação que ampara cada iniciativa, o
no seguinte endereço ftp:// que é especialmente útil a todos que querem fazer controle social.
ftp.fnde.gov.br/web/ O documento pode ser consultado por todos os cidadãos, sendo
fundeb/cartilha_subsidio_ de especial interesse aos membros dos conselhos de acompanhamen-
mp_fundeb.pdf to e controle social do FUNDEB, que são os pais, professores, dire-
tores de escolas, servidores, estudantes e a secretaria municipal ou
estadual de educação.

Diário Oficial
Os diários oficiais dos Estados são instrumentos obrigatórios de
consulta a todos que desejam acompanhar ações de governos. Ne-
les são publicadas todas as ações tomadas pelos governadores como
contratação de pessoal, assinatura de contratos, convênios, autoriza-

158 Curso Controle Social das Contas Públicas


ção de viagens, etc. Muitos governos estão tomando a iniciativa de
digitalizá-los (copiar os documentos para formato digital) o que faci- www.casacivil.ce.gov.br/
lita sobremaneira uma consulta rápida e eficiente. diario-oficial/diario-oficial
O Governo do Estado do Ceará fornece, através de seu portal,
acesso a um sistema de informação que permite a consulta e visuali-
zação de diários publicados desde 1999.
A figura 1 exemplifica como uma consulta avançada no sistema
de informações do diário
oficial é realizada. Pode-se,
por exemplo, consultar to-
dos os diários oficiais de
uma determinada época que
contenham um conjunto de
palavras chaves desejadas
pelo usuário. Na figura em
questão, foram consultados
os diários entre 01/01/2009
e 10/02/2009 que contives-
sem as palavras “contratação
suprimentos informática”.
Um resultado foi encontra-
do no Diário de número 23,
caderno 3, página 41 de 4 de
fevereiro de 2009. O acesso à
página em questão é imedia-
to. Bastar clicar no link dispo-
nível no próprio resultado da
consulta. A figura 2 mostra a Figura 1. Tela do site do Diário Oficial do Governo do Estado do Ceará
parte do Diário Oficial onde
as palavras foram encontradas.

Extrato de contrato de
compra de suprimentos
de informática.
Nele pode-se ver o
beneficiário, o valor do
contrato e uma breve
descrição do objeto que
foi contratado

Figura 2. Diário Oficial resultado


da consulta feita na Figura 1
em que o critério de seleção
usado foi baseado nas palavras
“contratação suprimento
informática”

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Compras Governamentais
http://www.portalcompras.
ce.gov.br/portal/categoria3/ Informações sobre a compra de materiais e equipamentos para o Go-
consulta-de-licitacoes-1 ou verno do Estado do Ceará podem ser consultadas por qualquer cidadão.
pelo site http://sisaf.pge. O portal das compras governamentais permite acessar as licitações em
ce.gov.br/ConsultaLicitacoes/ aberto, aquelas em andamento e qual o volume de aquisição das com-
mdlLicitacao/ pras do Estado. A figura 3 mostra como são apresentadas as informações
pgConLicitacaoConsulta.aspx
sobre licitações. É possível consultar as licitações por modalidade (toma-
da de preço, concorrência pública, leilão, concurso, convite ou pregão),
por órgão ou por área de interesse. Algumas dessas áreas também po-
dem ser vistas na figura 3.

Figura 3. Exemplo de tela


do portal de compras do
Governo do Estado do
Ceará onde licitações
podem ser consultadas por
área de interesse

Convênios e Transferências Governamentais


Site do Fundo de Muitos dos convênios realizados pelas prefeituras são operacio-
Participação dos nalizados pelo Banco do Brasil. Por esta razão, em seu site, o Banco
Municípios www13.bb.com. do Brasil relaciona os municípios que receberam recursos por inter-
br/appbb/portal/gov/ep/ médio de convênios em que é o intermediário inclusive o quanto foi
srv/daf/index.jsp. www. repassado pelo Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
fazenda.gov.br
Tal como o BB, a Secretaria do Tesouro Nacional fornece em seu
site os dados relativos às transferências do Governo Federal para os
municípios como no caso do FPM. Desta forma o cidadão interes-
www.sefaz.ce.gov.br/ sado pode acompanhar quando os recursos do governo federal são
content/aplicacao/internet/ repassados ao município ou ao estado onde ele mora. Ao acompa-
financas_publicas/gerados/ nhar esses repasses o cidadão pode inclusive perceber que os valores
repasse_municipios_2008.
relativos à Saúde e Educação já são discriminados em cada repasse.
asp.
http://www.fazenda.gov.br Vale ressaltar que a lei exige que pelo menos 15% da arrecadação go-
vernamental sejam aplicadas na saúde e 25% na educação.
Além dos sites mencionados, registre-se que os valores e datas dos
repasses feitos pelo Governo do Estado aos municípios podem ser
encontrados no site da Secretaria da Fazenda.

160 Curso Controle Social das Contas Públicas


Portais da Transparência
Governo Federal
O Portal da Transparência do Governo Federal foi lançado em 2004
por iniciativa da Controladoria Geral da União (CGU) com o objetivo www.portaltransparencia.
de ser um canal pelo qual o cidadão pode acompanhar a execução fi- gov.br
nanceira dos programas de governo, em âmbito federal. O portal é ca-
paz de disponibilizar aos cidadãos, via internet, as informações sobre o
uso dos recursos públicos, seja diretamente pelo Governo Federal, seja
por meio de convênios e repasses aos estados, prefeituras, organiza-
ções não-governamentais e fundações.
Além dessas informações, é possível saber, inclusive, os repasses
feitos pela União diretamente para o cidadão. Estão ainda à disposi-
ção dados sobre os gastos realizados pelo próprio Governo Federal
em compras ou contratação de obras e serviços, por exemplo. Trata-se
de uma iniciativa coordenada pela Controladoria Geral da União. Ele
possui um nível de detalhamento tal que permite inclusive saber que
pagamentos foram feitos para um determinado favorecido.
Vale salientar que a idéia do portal federal envolve uma rede de
mais de 60 ouvidorias que monitoram as denúncias efetuadas no
portal e que encaminham soluções conjuntas com a Polícia Federal
e o Tribunal de Contas da União. Nela, sob a aba intitulada “acesso
rápido” pode-se ver as três formas básicas de consulta que podem
ser realizadas: transferência de recursos, gastos diretos do governo e
convênios.

Governo Estadual
O Governo do Estado também tem seu portal da transparência e está
dividido em quatro módulos: contratos e convênios, receita, despesa e www.portaldatransparencia.
indicadores fiscais. No entanto, as informações fornecidas são em nível ce.gov.br
agregado. Pode-se, por exemplo, saber quanto o Governo gasta com um
programa específico como o Ronda do Quarteirão, mas não é possível
saber o quanto foi gasto e muito menos quem recebeu os valores.

ONGs
Dois exemplos de iniciativas da sociedade organizada no sentido
de usar a internet como instrumento de monitoramento e controle
social são as Ongs Transparência Brasil e Contas Abertas.
O portal da Transparência Brasil tem um enfoque diferente dos
descritos anteriormente. Ao invés de proporcionar acesso exclusivo
às informações oficiais, o site fornece informações de fontes diversas
como jornais, pesquisas acadêmicas e de opinião, além de análises

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baseadas em informações oficiais. São exemplos de produtos forne-
cidos pelo site:
• Históricos da vida pública de todos os parlamentares federais e
estaduais.
• Noticiário sobre corrupção que os envolve, processos a que res-
pondem na Justiça, multas recebidas por Tribunais de Contas, de-
clarações de bens, padrões de financiamento eleitoral, frequência
ao trabalho.
• Banco de dados com informações e análises sobre o financiamen-
to eleitoral.
• Banco de dados com noticiário sobre corrupção e controle publi-
cado em 63 jornais e revistas de todo o país, atualizado diaria-
mente.
• Um software que permite comparar um edital de licitação com
aquilo que é exigido nas leis, de forma a identificar desvios.

Um produto importante e que merece ser consultado é o manu-


al de aplicação da metodologia de levantamento do mapa de riscos
de corrupção em instituições públicas, preparado pela Transparência
Esse manual pode ser
acessado no seguinte
Brasil no âmbito de parceria com a Controladoria Geral da União. A
endereço www. metodologia foi concebida para permitir a auto-aplicação pelos servi-
transparencia.org.br/index. dores dos órgãos públicos.
html. A ONG Contas Abertas também tem por missão dar transparência e
http://contasabertas.uol. contribuir para o aprimoramento do dispêndio público. Dentre alguns
com.br/asp/
serviços que presta, em seu site há um link para um projeto importante
www.investimentocrianca.
org.br
do UNICEF chamado de Sistema de Monitoramento do Investimento
Criança. Esse sistema visa facilitar o acompanhamento e a análise dos
gastos da administração federal com os programas e ações destinados
às crianças e aos adolescentes. O intuito é dar mais transparência, facili-
tar e fortalecer a participação e o controle social do orçamento público,
a fim de torná-lo mais efetivo na promoção e garantia dos direitos de
cada criança e de cada adolescente brasileiros.

Tribunal de Contas do Município


Até então, a maioria dos exemplos de sites previamente descritos
fornecem, em sua grande maioria, informações sobre as administra-
ções públicas estaduais e federais. Muito embora algumas informa-
ções relativas à esfera municipal, como os convênios com Estados e
Governo Federal, possam ser obtidas, raramente pode-se encontrar
portais de transparência dos próprios municípios. A maioria das pre-
feituras ainda está em uma fase inicial de modernização de seus siste-
mas de informação e, por essa razão, quase não possuem portais que
permitem acesso transparente à informação pelo cidadão.

162 Curso Controle Social das Contas Públicas


Outro obstáculo para o acompanhamento das ações de prefeituras
é o fato das mesmas, normalmente, não possuírem diários oficiais
(muito menos em formato digital). Não há nenhuma legislação que
exija a publicidade dos dados oficiais em diários oficiais. As licitações
e os extratos de contratos firmados, por exemplo, devem obrigatoria-
mente ser tornados públicos. No entanto, a forma como isso é realiza-
do muitas vezes consiste de uma mera veiculação de documentos em
murais e repartições públicas. Isso diminui sensivelmente a abran-
gência ao acesso às informações, bem diferente do que ocorre quando
essa publicidade usa a internet como instrumento.
A saída para o cidadão interessado em conhecer mais sobre onde e
como o dinheiro dos impostos que ele paga está sendo usado no seu
município é recorrer ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).
Ele tem prerrogativas legais para ter o completo acesso a todas as in-
formações das prefeituras municipais. Dentre as competências cons-
titucionais do TCM está a de julgar as contas dos administradores,
inclusive as das mesas das Câmaras Municipais e demais responsá-
veis por dinheiro, bens e valores públicos das Unidades do Poder Pú-
blico Municipal e das Entidades da administração indireta, incluídas
as Fundações e Sociedades instituídas, mantidas ou subvencionadas
pelos Municípios.
Cabe ainda ao TCM investigar a responsabilidade do gestor quan-
to à aplicação dos recursos que lhe são destinados pela sociedade,
avaliando seus aspectos de economicidade, eficiência e eficácia. Para
isso, o TCM recebe mensalmente as informações concernentes a to-
dos os atos administrativos das Prefeituras. O envio de informações
é feito por meio digital para alimentar um sistema de informação pri-
mordial para as atividades de transparência e controle social: o Siste-
ma de Informações Municipais (SIM).

O sistema SIM
O SIM é um componente essencial para a perfeita realização das
atividades do TCM e pode igualmente se tornar em um potente ins-
trumento de controle social pelo cidadão. O SIM possui um conjunto
completo de informações sobre as prefeituras. Essas informações são
armazenadas em bancos de dados, que servirão para subsidiar todas
as atividades de análise de controle externo, tanto da auditoria inter-
na do Tribunal quanto da sociedade.
As informações contidas no SIM podem ser divididas nos seguin-
tes módulos:
a) Estrutura Administrativa e Orçamentária onde estão armazena-
das informações sobre os Órgãos, seus gestores e ordenadores
de despesas, informações bancárias e contas extra-orçamentárias
e orçamento de receitas e despesas.

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b) Receitas com informações sobre talões de receitas, estornos e ba-
lancetes.
c) Despesas com informações sobre licitações, licitantes, contratos,
contratados, documentos comprobatórios de despesas, notas de
empenho, cotas fiscais e mesmo cheques de pagamento.
d) Acompanhamento Orçamentário com informações sobre rema-
nejamentos, transposições e transferências de dotações.
e) Controle Interno para acompanhamento de convênios, diárias,
obras e serviços de Engenharia.
f) Recursos Humanos onde estão armazenadas informações sobre
ingressos e desligamentos de agentes públicos, políticas salariais
através dos Itens Remuneratórios praticados no município e fo-
lhas de pagamentos com os valores pagos a cada funcionário pú-
blico e terceirizado.
g) Patrimônio com informações do registro de cada bem incorpora-
do ao patrimônio do município com seu respectivo valor e local
de guarda (Órgão-Unidade Orçamentária responsável).
Esses dados devem obrigatoriamente ser enviados ao TCM men-
salmente e o acompanhamento do mesmo pode ser feito pelo site. Ali-
ás, essa é uma das tarefas básicas que um cidadão pode fazer em sua
missão de controle social. Municípios que não enviam regularmente
suas prestações de contas ao TCM estão, no mínimo, com deficiências
administrativas que precisam ser sanadas.

SIM na internet
O acesso ao SIM pode ser feito através do portal da transparência
do TCM por qualquer cidadão. O portal tem três grandes módulos
de consulta conforme pode ser verificado na figura 4. É possível pes-
quisar por informações sobre os municípios, sobre o próprio TCM ou
sobre os fornecedores destes.

Figura 4. Tela Principal do Portal da Transparência do TCM

164 Curso Controle Social das Contas Públicas


O módulo de consulta a dados por município, ilustrado na figura
abaixo, permite visualizar os gastos de uma determinada prefeitura, Esta pesquisa avançada e que
sua estrutura administrativa, de quem ela compra e a folha de pa- demanda um conhecimento
mais técnico pode ser feita
gamento da mesma. O portal permite ainda a consulta de gastos, de
através do site no endereço
fornecedores e de folha de pagamento das Câmaras de Vereadores. http://www.tcm.ce.gov.
Caso as consultas realizadas pelo cidadão não tragam o nível de de- br/2007/consultas/cons_
talhe que ele deseja, é possível ainda consultar um sistema com informa- avanc.php
ções mais avançado e que demanda um conhecimento mais técnico.

Endereços eletrônicos do
TCM
www.tcm.ce.gov.br
www.tcm.ce.gov.br/
transparencia/
www.tcm.ce.gov.br/2007/
consultas/cons_avanc.php

Figura 5. Tela do Portal da Transparência descrevendo o que pode ser consultado


sobre uma Prefeitura específica (no caso, a Prefeitura de Fortaleza)

Papel da Web 2.0


Desde seu surgimento, a internet foi usada como instrumento de
divulgação e fácil acesso de informação (funcionando como uma espé-
cie de mídia eletrônica). Com o advento de novas aplicações que dão
ênfase à colaboração e à produção de conteúdo descentralizada (cha-
mada de web 2.0) abriram-se novas possibilidades no seu uso. A web 2.0
provoca mudanças mais sensíveis na forma de viver das pessoas. Ba-
sicamente, ela está dando aos indivíduos um poder de fazer acontecer
(sozinho ou em grupo) que não era imaginável antes.
Em pequenas cidades, onde a própria imprensa tem dificuldade de
realizar coberturas jornalísticas, em particular, investigativas, os blogs www.icoenoticia.com,
vêm ocupando espaço importante para identificação e veiculação de camocimonline.blogspot.com
e www.jornaldocariri.com.br
notícias de interesse da sociedade local. Trata-se assim de potente ins-
trumento de crítica e acompanhamento dos governos. Alguns exem-
plos são: Ico é Notícia, Camocim Online e Jornal do Cariri.
Além desses tipos de sites colaborativos, outro fenômeno marcante
e próprio da cultura digital é o surgimento dos sites de relacionamento.
Neles, formam-se redes sociais virtuais onde pessoas trocam opiniões,
compartilham experiências e se divertem.
Esse fenômeno de sociedade em rede já havia sido caracterizado
por (CASTELLS, 1999, 499p.):

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“Redes são estruturas abertas capazes de expandir de forma ilimita-
da, integrando novos nós desde que consigam comunicar-se dentro
da rede, ou seja, desde que compartilhem os mesmos códigos de co-
municação (por exemplo, valores ou objetivos de desempenho). Uma
estrutura social com base em redes é um sistema aberto altamente di-
nâmico suscetível de inovação sem ameaças ao seu equilíbrio.”

O uso da internet pelos movimentos sociais é um exemplo de


como as redes podem se formar para objetivos políticos. Exemplos
disso têm sido vistos no mundo todo e a tendência é de que se for-
Para exemplo desta taleçam. Segundo Castells, a abundância dessas redes é sintomática
tendência veja http:// da ineficiência das estruturas tradicionais da sociedade como os par-
vfurtado.blogspot. tidos políticos, associações e organizações governamentais. A inter-
com/2007/02/sem-tetos- net favorece ainda os movimentos que se desenvolvam a partir de
e-internet-les-enfants-de-d.
padrões culturais que privilegiam a comunicação e a capacidade de
html
arregimentar mais adeptos.
A criação de comunidades em sites de relacionamento, por exem-
plo, podem ser vistos como a materialização desse conceito. No
Orkut, site de relacionamento, particularmente popular no Brasil, já
existem comunidades que debatem os problemas das administrações
www.orkut.com.br/
municipais e servem de espaço para denúncias do mau uso do di-
Main#Community.
aspx?cmm=17055605 nheiro público e da corrupção. As redes sociais podem ser criadas
acessoseguro.tcu.gov. com finalidades as mais diversas.
br/portal/page/portal/ Os maiores exemplos vêm do setor de computação onde pro-
ticontrole/ gramadores se reúnem “virtualmente” para desenvolver softwares e
projetos de forma compartilhada. Um exemplo dessa natureza e re-
lacionado com o contexto de controle social é a rede dos técnicos em
computação do Tribunal de Contas da União e dos estados. Trata-se
de uma comunidade de TIC aplicada ao controle social.
De uma forma mais ampla, pode-se dizer que as redes sociais per-
mitem a articulação de projetos locais adaptados à cultura e interesses
regionais, mas que são baseados em conceitos globais. Tem-se assim
o que Castells denomina de conexão global-local.
Além disso, as redes sociais criam um ambiente propício à crítica
e a um debate aberto entre cidadãos e governantes. Esse debate, que
favorece a exposição de falhas e a descoberta de soluções alternativas
para os problemas, cria um sentimento de comprometimento da po-
pulação e facilita a implementação das decisões tomadas.

Conclusão
Creio que a situação mais comum onde um cidadão pode agir
como auditor é quando ele, ao presenciar uma obra ou serviço pú-
blico na sua cidade ou comunidade, tenta saber mais sobre os va-
lores pagos, quem e como os recebeu, quais prazos não cumpridos
e estimativas de conclusão. Por exemplo, qualquer obra ou reforma

166 Curso Controle Social das Contas Públicas


pública deve ter uma placa informativa dos valores envolvidos, dos
beneficiários e do prazo estimado para término.
Isso seria a base para que ao perceber uma reforma em uma praça,
o cidadão pudesse consultar os bancos de dados governamentais e
aprofundar seus conhecimentos sobre a completa natureza dos ser-
viços. Descobrir o quanto já foi pago para uma obra que se eterniza
poderia ser de interesse dos cidadãos.
Infelizmente, isso ainda não é tão simples. Por fim, vale ressaltar
que o controle das contas públicas deve evoluir para um controle
mais voltado aos resultados com foco nos objetivos definidos e apre-
sentados nos programas de governo dos governantes, desde quando
são somente promessas de campanha.
Sob esse prisma, a perspectiva financeira não é a única, pois deve
ser complementada por uma perspectiva voltada às informações di-
versas que o Estado detém bem como dos resultados atingidos pelas
ações da administração pública.
Um exemplo marcante de como a tecnologia pode servir para au-
mentar a transparência no trato de informações governamentais outras
que as relativas ao dinheiro público é o site do projeto WikiCrimes.
Nele a participação popular é requerida para denunciar a ocorrência
www.wikicrimes.org
de crimes ou regiões perigosas em uma área urbana. Essa participação
leva a formação de um mapa da criminalidade que serve de orientação
ao próprio cidadão (e evidentemente ao poder público).
Trata-se de um caso emblemático de uma informação que, embora
tradicionalmente monopolizada pelo Estado, passa a ser transparen-
te a todos por uma rede ad hoc de cidadãos participativos que de-
nunciam, se beneficiam do compartilhamento das informações e, em
última instância, podem acompanhar o quanto as políticas públicas
implementadas geram resultados.

Agradecimentos
Meus agradecimentos aos funcionários do Tribunal de Con-
tas do Município do Estado do Ceará que gentilmente me for-
neceram informações e dicas que auxiliaram a feitura deste
texto: Afrânio Martins Soares, Clóvis José de Sousa Celes, Ju-
raci Muniz Junior, Marcus Vinicius R. de Queiroz, Telma Maria
Escóssio Melo, Zivaldo Rodrigues Loureiro Junior e Ricardo
Batista Rebouças.

167
Síntese
• Relacionamos algumas estratégias que podem sendo usado pelos governos. A razão é sim-
ser usadas pelo cidadão interessado em reali- ples. Por mais que as informações estejam
zar acompanhamento das contas públicas e disponíveis na Web e nos sistemas de infor-
das ações governamentais. mações governamentais, elas são difíceis de
• Infelizmente, somente a garantia constitucio- serem encontradas e, principalmente, inter-
nal de acesso à informação não é suficiente pretadas. Ainda exige um esforço de decodi-
para que os governos venham a ser transpa- ficação de documentos técnicos como empe-
rentes. Além da primordial vontade política, nhos, contratos, licitações e processos para
há desafios tecnológicos que precisam ser que alguém possa interpretar o real estado de
vencidos. Mas ainda não é tão fácil para um uma determinada obra ou serviço realizado
cidadão comum saber como seu dinheiro está na sua comunidade.

Avaliação

1. Quais as dificuldades de realizar acompanha- 3. Quais obstáculos ainda precisam ser vencidos
mento de contas públicas que a internet busca para que a internet se popularize como instru-
minimizar? mento de controle social?
2. Quais os principais sistemas de informações
públicos que devem ser acompanhados pelo
cidadão na tarefa de controle social?

Referências
(Castells, 1999) Castells, M.: A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, (Lyotard,1979) Lyotard, J.: A condição pós-moderna, Lisboa: Gradiva, 1979.
1999. (Rezende e Abreu, 2000) Rezende, D. A., Abreu, A. F. : Tecnologia da
(Berners-Lee, 1999) Berners-Lee, T.: Weaving the web – The original design Informação Aplicada a Sistemas de Informação Empreseriais. Atlas, 2000.
and ultimate destiny of the World Wide Web by its inventor, Orion Business (Stair,1998) Stair, R.: Principios de Sistemas de Informação : uma
Press, 1999 abordagem gerencial. LTC, 1998.
(Nelson, 2000) Nelson, T.: Xanalogical structure, needed now more than (Toffler, 1990) Toffler, A.: Powershift. Rio de Janeiro: Record, 1990
ever: parallel documents, deep links to content, deep versioning, and deep
(Abramo, 2004) Abramo, C. W.: Revista gov.sp no 2, 2004.
re-use. ACM computing surveys, 37, 2000
(Norton, 1996) Norton, P. Introdução à Informática. Makkron Books, 1996.

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