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Il. Conceito de Literatura 1. APALAVRA “LITERATURA” © vocdbuto “tteratra™ prov do latin ttrstur(m), sua wer dev de ter, ee sipuifenoensino ds prelate Came tempo, a pala pou sentido de ore der bls le, os rte Utrr Nese scope, e mbsituindo cr voctbuos belles kre, "postca”¢ “pond”, 6 temo “itenfura” defaines en spunds meade’ do slo XVI, conemporneanente a Revolupo Indus, conta sie rap, A tbertagso das Ares, com a ql w denen, por melo do cata ds imapaapo! Na conlia ipsntepasou a ser unlvtzenteempregdo Como se bane, desde as ongens «Literate svbordlacves fits exit e depots impress. Tol obiragzo nos arenes de meat 0 po Sema de chamads Litera or ne erdade,somonte prod ila en Lturature quando pestmordocaments eso ou ipso. Ao con Ho do qu pou pace, nip ese umn stiade ert ol parla ‘qando nip oposts A aUvidade que be exerce por esto. Ago, talaas © ronomtsdo, de comico cra do texto lek exito ou tnpreso depot ue ee surge, € ue ve process a ma tnalestagfo en Vor al ‘Anes dh exintnca do documento sxrto ou imprest, toda bra no pe finds nto const are Medi, xno scr embriondria ou rtuiment © ertoce mls 40 Folore, 4 Antropolog, tes queso stds Mei Fotanto, nfo trem 9 texto dante ds nd estos inpcbtadon de real noo filo de leltores ou Ge ertion rodutdo text, épomiel submetéio ao ttamento que meres, Do mesmo modo, st omunieyeo onl se alizaeporsslaborgeo Go texto, apn poenot 1 Alvin B.Kermen, “The Ide of Lette" New Literary History Unie sty of Vga vl V9, xtone 1973, 90. 20 ‘examiné do prima do lnéeprete, fo do texto em Pr otras paras SUoeRbae “ora dea wm mecaninno de comuniesfo, nfo naires focyeta lterko™: ete, agume. asus ldondade quando se produ: nim. ‘Sco sito ou impos, Neste cao, temo “eso” ou “impresro” nfo ‘Stus'e mecaaueo de conunicagSo masa prépiacondgEo da entidade amads "exo" “A importa dese fato no pat despercebida aoe extadonss €0 asst igus doy ais chegam & propor que «nogfo de Hemenéutce ‘dw or de novo equacionaa,sinpesnonte porque se tata de intepe- tind de textoe (setts, impresos) © nfo de Lnguagem fla: “at ue Tree Gots Considerar a noyso de texto como bom pardigma pars © Bei chamao objeto das Cenc Sovak” ¢ “até que ponto poseros cepa metal ty ping etl Cae pani + isterpetogo em gral mo capo das Cena Scis?™> Rus as compreende que ov esioepré-documentals uma iter to podem sr levadosem conta, com, por exemplo,a fie anterior a 1158 UEP Ropr data em qu Palo Sores de Tavera compos sua catia de amor Sua Maca Pis Ride, favorita de D. Senco I, cant essa que tem ido Petuderde 0 pimelto dotmento, Ga stoma da Literatura Porte. Nou podem merece considerate poemas dtr mas nfo redusios ate ‘Mio Eno come sconce 2 amo Pesianhs,E nem podem sr conde re. aro tndo erature as comunidades desufdas de ceca ou qe er register seu servo lento ¢ mic como, por exemplo, ot {Rligens tasers: Pois nfo tems outo filo de conhecer uma obra ite- ‘Giw'cm que ena tanct no papel, com vistas & situa. Na vrdade, Endo tallmor er ore Iterdniapensrios num objeto concreto, sis, ‘Thtvnuma sone de masta sonore Pormal pnerosa que jp ada 1 “rnin dura iteatra or, popular, est nao pasa de falco due “anus erio quendo exo, pelos propos sutoet ou pelos interesados Jee ep teen een eee norhigeTaaaa caar ae t tee nc eect rn Ca cn Hema ot Sree Sc G reise toe a Sorta aw Scars Se ae normale oe = a 1a matéla; em sums, quando oferecda & Jitu Eta 6, inqestonavel- ‘mente, a prime condiego para que uma obra possa crite Iterfco*. Por certo, éposivel dizer quo um “desafo” de cantadoresnordetino, ‘00 uma composido de qualquer poets repentista ou improvsador, ences Contido liter, mas somentecabe levilo em considerafo (riticamente {alando) quando trangposto para 0 papel. Supondo, porém, que o erfico Interessado no astunto e limitasse a ouvir um sem-amero de vere #c8n- ‘igs do bardo popular, até imprimila na meméra, ainda esim permaneceia © situapto original Vale dizer: 20 procuraro entendimento e © julgumento {a pega oral, o critic tera fatalmente de transoevél em ma totalidade ot info, deste modo redvzindo a lous as palavras conhecidat por meio da 4 ston See oe Dn, etna Tinta cue gi Sle Soe eee iin nach a ee aa eee 1 iimeaen suena ges eller aera oom SOUT See apenas memes hed Bir fairest pt sh ne ee bane ect ana an Brita MAGS Se pl baw sae Soto es ae e heees i Sa Se a ieee eee SS Sea Sea Sipe Meee son one ame ee, {Bent acs pe wn tt Relea paiet Mlanes eae ieorhaces hoch Steere emmcasen Tare so Si an lee Re Yee GT Seo aie pearson eon ace Selina eerie matinee eae SSS te see Setar aa omerera Sopmeeeaa inindade na crnga¢projtin Seinen n-capio# a an Pra Pomp, OB, 2 sudigfo, Nese momento, ¢ apenas nesse momento, a obra pasaria a integrar 2 literatura, sem embargo de continua interessndo a0 foelorisa, 20 etn6- fogo, ete. Em sifimo lugar, impéeae nfo perder do isto sepunte fato: ‘quando s fla em Literatura Breeia, Portuguesa, Ingles, Francesa, ete, Gstese pensando num canjunto de obras produzidas por escritores brai- Teitos, portuguese, ingeses, fanceses ete, £0 longo dos sévlos: um _ fur € constituide pla soma de lives, optsculos,revists,enfim, texts im resis, © fo pelae manifesta (iterixas) que deixaram de ser conver. {day em lea, de fomna ov nfo. Nor ais "ge cer, # noo de texto” ampinae um owe raga os recurso plistices © eleunicos postos ao aleance io. ‘Assim, os poemas inscritos em cirlazs (posters) ou gravadot em disco, fm fita ou em slider, por certo que te enuadram na categoria de textos, pois peemitem e presupdem a leitua, embora um tanto divers da que of fect # pagina convencional. Neses casos, processouse to-somente a subst- tuiplo do instrumentor de sepstro, visto que peste a condigto bisice flocumentos “escitos”, visual ou oralmente transnitidos, destinados Mas fujamos de confuses: se 2 obm lteréra pressupse a lelture, ‘nem todo texto excita se claeifiea como literiio. Pls fol um equivoco haste plano de nogées Sbviss que deu orig so empregoabusivo da pala “Literature”. Como qualquer texto impresso necesariamente se destina 4 Ieitura,entrouse a considerar como literirio tudo quanto ganhava a letra de forma” Asin, falaze om “iteratra farmacéutica", “iteratura Mosofante”, “literatura polities”, “teature mutemebistcs”, tea ete. Tratese, evidentemente, da deturpagdo do sentido da palavra, Inerce de seu carter orginal, «letra esorita’, Nesss cass, subemos que 1 malentendido nfo ¢ facil de extipar, em consequencia de ver mals pro- fundo do que parece o preconceito contra a seriedade da Literatura, © mesmo a conseiéncia duma erie intema dos valores Iterdries, Bastava mpregar o voedbulo “bibliografia” e 0 problema estaria resovido de todo, 5 Batti, desde Arse que dng s fia clan, embora singe fo existe otro com que soba teria velo se chamada, Logo entrada de ts Fore, do fiat: Se alum compass em yro um atado de Mena oo Gees (1981, 8 3 ‘Se a confusso persist, & porque o hébito jédeitou fundas raizes (em decor rencia,cerlamente, do'pabprio sentido etimoldgic do temo “Literatura”, © deruncia umn problemdtcs de vast proporgses, fra e dentro dos qua. ros lteritios. Enearando mais de perto estes sltimos, verificase desde a primeira metade deste séeulo uma espicie de plnico ou desencanto em rela $40 4 Litratura, que tve iaiclo na "esse do conceito de iteratura pas fou por uma sie de transesamarcades por correspondentes formulas diag: forteadorss do mal em eau: “atitude maldita”, "homem em proces, “homem rebelado”, “rebeligo dos eseritors”,"homem acossade", "terror faa Literatura, “homem em exilo”, “Lieraura em estado slvagem", “Literatura en dlsolugfo", “wnetamorfow da Literatura”, Literatura como “Yomada de consclncis, Literatura como dissidénca, morte ds Lite- nature. Dirseia que nos proprios arias iterdrios gassa desalento © Eeticimo, quem sabe porque, além do mais, muitos perebam com lucidez festarem comprometidos numa eampanhs ingeua: « que pretende sje a Literatura considerada uma forma de conhecimento to vilida quanto st demals. Ou decore de Sentrem que a Literatura se ausentou da relidade notin contemporines, aor poicos panhando condipao de flor de-etuls os e corpo esttanho num mundo agitado por Incalculéels metamorfoses tecnolgicas? Estas © outras questOes demandariam longa anise, que, po- sém, extrapola dos Lites deste wo. O Titer cuioso de adentmr ess Dproblemsticn ce beneficiaré da Ieitura dat obras de Ravl Cistagning « Guilermo de Torre eitadas em nots de rodapé. 2. CONCEITO DE LITERATURA [Nia 6 de hoje que fil6iofos, extets, eriticas « hitariadores vém procurando conceituar Literatu dum modo convincente e conclusivo. Enuetanto, por mals esforgos de clavldéncia que tenham sido fltos, © problema continua aber, pelo simples fato. de que, nesse particulr, somente podemos falar em conceito, munca em defnigdo. Esta, pestence a6 6 Rin Cag, ud oot, Bao, i on, 981 host campo dis Céncis,e coresponde ao enunciago das caracterstlcas univer Sais eexsenlal dum objeto, material ou imaterial. Assim, quando dizemos ique “Agua € uma combinseio de duas quantidades de hidrogEnio mais uma & oxigenio (H1,0)", estamos dando uma defings0, pois os termes do fenunciado correspondem & esincia do objeto “gua” € tiosomente a ee Tl defini ¢ ainda untvesalmente aeits, pais que se tasela no raciocino, ‘ou melhor, no emprego dx Razfo, Quanto ao conceto, diz respeito ao car {er asidentl ou particular dum objeto, e decor de impresses mais ov mens subjetivas. Asim, quando dizemos que “belo € o que agrada”, ests Ios tenfando conceituar 0 Belo duma forma que procura inutlmente ‘er univers ¢estencil, Basta uma andlse superficial do enunciado para que ‘© revele incapar de atisfizer a toda a gente. Tudo que agrada & belo? (gue desajradn nfo pode ser belo? E quando um mesmo objeto agrada 8 uma pessoa desprada« outa? ‘Desde a Antiguidae Cissics, com Arstteles,€ mesmo com Fatfo, 0 problema do conesite da Litertura exteve presente. Para o Estagcia, y epopés, « wagédia, e ainda a comédia, a poesia ditirimbica e a maior parte da aultica eda itarstea, todas sfo, em geal imitagoes™”. Ow mals Enteicamente, duma forma como se vulgrizovo pensumento aistotlico {Literature imitagso (“mess”) da reaidade. De pronto, duas observa Gees sults © conceit arettdico: 18) refere-se apenas 4 poesia, uma vez {us a pros Iterdia (conto, novela, romance e expresses ibridas ainda 1x0 era cultivada; 28) nfo se pode afimar que a tiglfeagio do vocdbulo “mimese" esteja dfinkivamente asentads, Um dos estdiosos do asunto, Alfonso Reyes", admite toés sgnificados para ela, mes adverte que 0 tercelto,“apesar de inepiveisvaiagaes,éo que corresponde A doutrina ars- torslica: 18) igaflcado vulgar, em que “mmese" "se edu i reprodugso do abjeto exterior, a0 eteatme", 2) em que 0 fl6sofo “mits método da teiagfo divin, imita 0 proceso do suceder", 30) que s efere "expresso, por melo da arte, do tipo que o artista tem na alma. E a imitagto de wma presenga subjetia correspondeate &"eoerencia ou semelhanga ene 8 ea {que o aruiteto constr e que visiumbra em sua mente” Glostdo, comentado, refutado, disocede, o conceito arstoelico predominou até o séeulo XVII, © nav duas dias centirias pode-e dizer 4, Astle, Pode, dc p67 4 Aifonio Reyes, Le Cee en la Edad Arenlese, Méico, Hl Coleio de esco(1941-P- 261 2s ‘que & sua validede intrnstca permaneceu, apesar de/ou gragas os novos instruments que wém sendo empregados no exame da problemitic lite ‘Hila. Sobretudo Se amitizmes que © voedbulo "mimese" ostentaa tees a sgnfieagfo que 0 ensafrta mexicano Ihe sribul porquanto al so decls ‘am dua categoriarchave: “expresso” © “legio™. Resaiainclule a prose 4e fcgdo e considera a poesia, so contririo do que preconizam alguns in- aiisa e te6ricos modemos, nfo-opaca: entre a opacidadee a transparéncia se move 0 fenémeno potico, como tentaremos démonstarno capitulo que lhe € consigrada, mais adiante, Por outzo lado, rechaga 9 vocdbulo mai smese” sob o prctexte de que 1) “0 termo ‘imitapfo" pode permanecor relevante apenas pordondo todo o sentido preciso que poss ter;2) a poesia, lem de ser nfo represonttiva de tealidade extema, € sufciente em si propria", ~ €incidr no segundo sentidp roporto por Alfonso Reyes, m= {agZo nfo ¢ cépia, mas reenapto, d semelhana de: poeta cia, com seus reios propros (a finguagem verbal), um mondo & imagem esemethanga do ‘Ualverso; ela earacteres, afetose palxoes, como se fousem Pets, pals NSO pve ser reals, vsto que as invents ou as exprime voeabularmente (Os te6rcos interests no desinde da questo nfo rao se demoram ‘os seus aspctos seidenais ou confundem a fungfo ds Literatura com 52 natureza. Quando nfo, peeam por eeletsmo ou impreclsso terminolégica. Ente ot primeirs, sio de citar or concsitos de Charles Dy Bos ¢ Rat ‘Castagnino. Pura equale,espstualsiae eistfo, a Literatura conectase com Alma, a Luz, 2 Beleza, "é o pensamento acedendo & beleza na luz", "éencamagfo”, “que nfo se pode produsirsenfo por intermédio da came viva das palavas", de onde “subsist apenas a expresifo no final do pro- eso, expressfo pela qual cada paisa é um aio e @ 2 identdade ent a aleve 0 ato que faz aceder 20 Intemporal”'™. Por seu turn, Raul Castagnino.procura antes equaclonar a fungHo da Literatura que © seu conceit, visto encara ceticamente “a possblidade de uma réspesa nica A indagaydo que é literatura?” a seu ver, arte iterdsa caracterizase por 9 A ese propo, vr: Raul Castano, op ei, com Woe nisogn Ccuacer De ae, Quester fuel Lita, Pas, Pon (1945), gua hugo ‘aves com © tna de'O que @4 Lier, Lido Moa, 1961; Jean P50) Seve; "Go'tce que la Litratre, on Sierony, ly Pes, Galina, 1948 Jodo GuipntSumoeh, Namretae Funes Lire, Lb, Sida Cv (1948); News Licey sory nce 10 Tewetan Todor, New Literary Mato, nt 8 1 Chats Da Boss opt pp. 89, 90101 26 lum “sinfroiamo ("eoineidéneia esplrtual de estlo, de médulo vit, tntre © homem de uma época e os de todas as épocis, dos préximos ou 0 Aspersos no tempa e no expago"), por sua fongfo idles, por ser evssf0, por ser eompromiso, por traduzit asia de imortaldade"*. No caso de Do Bos, 4 interogapfo fundamental convide uma anise que, enfermando a tendéncia tligoan na qual 0 excritor franes se ainhava, deixa 0 pro- blema em abertoe parclalmenteintocado;no sundocaso,oarazoadopade- ce de pm cetelmo que, 20 inves de escorar uma postura cientfiea ante 2 fquestdo, permite considerar intl ov estél| 0 debate em tomo do ser da Titeratn, "Ao wpundo grupo pertence 0 conkecldo conceito de Fidelino de Figueiredo "Arte Meriia 6, vrdadeiramente, a fegfo, s cragfo dum supreedlidade com os dados profundor, singulares& pessoas da Intulggo do artista”. Coneeito modemo, aa Isha do pensamento crociano, 58 valider e acetagfo. soften abalo se tomarmos em conta que = palavra “inuigdo™ pou! incerto contomo, além de nfo ser exclusiva do tempers- mento artttice, © que a expresfo “suprozealidade” poderls ser substituida ‘om vantagem por “‘peratelidade”, visto que © mundo ficeional nso rtd “acims” sino “ao lado”, paruclo da realidade ambiente, com ol reilizando um permanente inteimbio e nen ve integrando inextriesve- "Admitida & Literatura como parerealidade, restaexaminar © modo ‘como a reaidade paralela se organiza, O raundo perateal em que o texto fe consital&latente: 0 texto ndo 0 contém, — evoceo; nfo o encerr, ~ Sugere; no & 0 unberso poreresl,— mas 0 sinal que © apanta ea materia (que enforma. O universo parsteal nfo est no texto, © que seria confun fisse com cle enquanto objeto, mas num espapo que 0 texto engendra com { complicidade do letor. Sem sua colaboragfo, som a paticipgto de ua fantasia, o universo paaielo nko se cit. O univers paralelo somente aq fe existencia come felapfo entre uma virtualidade geradora ~ 0 texto ~ © ‘oma entidade captadorae tranafiguradora ~ 0 leitr. De onde o texto nfo Tigo corresponder a um rolo de filme arquivado: 0 universo do cinema é Jatente até 0 momento em que a pelicula se desenrola & frente do expec dor, ao mesmo tempo paciente e agente da agfo que determina © mundo 13 Pitino de Figeeedo, itner Aventures, Rio de Santo, Empresa A Nott 4 #.11941],p.212 a sual projetado na tela. Semelhantemente, 0 universo dum tomance é virtual até Snstante em que, pela letur, a imapinayd0 do letor © toma {ealidade,simética do mundo fisieo. Foi precio que a Psicologia e « Fosofia da Linguagem ou a Semiox logis se interetsassm pelo asunto para que a discussfo ganhassepertinén- cia, Tomemos, 4 guisa de amostia 0 coaceite proposto por Thomas Clark Pollock: “Litecatura pode ser definida como 0 enunciado de uma sire +e simboloscapazes de evocar na mente do litor uma experiéncs conto- ada, ou, de modo mais expliito, consist na “expressfo deuma experiéoca do excitar através do enunciada de uina série de simboloscapaes de evocat 'na mente do leltor adequadamente qualicado uma experiénca contolada, fanslogs, embora no idéntics, 4 do escritor"™. Tal conceit, que ainda fo eicape de concede pial « uu quae dx Literature (etn ‘missfo de uma experéncs), implica a idea de conhecimento, a de que s frte Iieriia constitui um tipo de conhecimento, diferente dos demas pelo signo empregado. Para bem compreender esa proposta temos de consi. Aerara problemstcs do sgno, que se fard mais adnte [René Wellsk também procoroy escarecer + questfo, partindo do ‘uso eapecial que se fez da linguagem na Literatura", Comparando com a linguagem clenifics,denotatina por excolncia, ransparente ("sto ‘Sem chamar's stenggo sobre prGpria,remete-nos de modo inequivoco 40 ‘que design), reconhece que nguapem Iitrila 6 "sumamsnt> cono- tativa",opaca, pois "o signo se volta ara si proprio", eentrado nose sm Dollamo ‘foniea'e sem seferéncia ao mundo Tisic, E depois de cotejar + linguagem literiia com a inguagem dra, quando admite que a dstingzo centre arte © nfo arte, entre iteratura e expresso linguistiea nfoitriia€ ‘Dutwante”, conelat que “onde mais dfuns se manifesta a autureza da literatura é na esfera da representagfo. O cle central da arte literiia hd 4e buscarse, evidentemente,nosgéneros tradcionas da lire, da pea e do ‘ama, em odor of quai e emete aum mundo de fantasia, de e910", ou fejs,admite “a qualidade de “ltiio, a avengso ou aimaginapdo' como carstorstieselstintva da Iterator. Procurando conclir a8 nogOet const frida « as modemat pesquiae lings, o conceto de René Wellek nfo sconde o seu flanco valnerdvel: por que a lnguagem Iterdtia nfo de ser ‘cortian Pre 965,36. : The Mente of Litas, sew York, 15 René Welek ¢ Austin Wanen, Theovy of Lemur, Mido, Engin, Pngin Books, 1976, 9p 20 es 2% embém denotativa? trangpsrente? Como entender linguagem da prosa de fogs be m admilir a opscidade de signo literilo? Como aceitar que 3 linpiagem de Balzac, eitao pelo estudioso norteamericano, sje opacs?"* "A fim de eneaminhar eorretamente 0 enguadsamento do. problema que nos ocupa, tenor de extabelecer sgumas premisus, a primelra dat quals diz respeito 4 segunte afirmagio: a Literatura, do mesmo modo que as fdomais Ares e ae Filosofia, as Religise as Céncis, € uma forma ov tipo ‘de conkecimento, B, visto estarmos pretendendo compieender aextensf0® 0 ‘pfieado da piiava “Literatura, havemos de nos ater & paves "conhes Imento”, que & 0 segundo termo da ipialdade. Para tanto, perpuntamonos: ‘tual € 0 objeto do conhecimenta? ¢ que € conhecer? Na verdade, tudo & ‘bjeto de conhecimento, sje pertencente ao plano macroctamico (0 Uni- {eno}, soja perencente ao plano microcbanico (o Homem),sja imate, tein sensivel, aja inteligiel, Falta conceituaro ato de conhecer. Mas aqui feriamos do abrir uma disusso. pratcamente intermindvel_ que, nos femeteria & reoria do comhecimento, uma disciplina ds Filosofia". Se purtismes da verifeapé® de que 0 conhecimento implica em alguém que Eothece (ou o sufeifa) © algo que € conhecido (ou 0 objer0), podemos Simpliicar a quest aflm de scomoda aos propisltos deste lvro, Tratase pois, dumayelagéo em que w opera a Ldentlficapo entresueito © objeto, fo “uma dererminapao do sueito pelo objelo™™*. Assim "t fun;do do Sujet conse em spreender 0 objeto, 2 do objeto em ser apreensivele Spreendido pelo seta”. Mais sind: “vista do ingulo do ageito, esta pmeenefo se apresenta como uma safda do sujito fora de sua propria sion, uma invasdo na eafora do objeto e uma eaptur das propiedades ‘dest, Por ies, “no syjeto surge uma colsa que contém as propriedades 16 Patn moe informagie conatyt> do. gno teri, con “teri 38 of, Cima, Amedina, 1973, yp. 23. Ver, mae adn, cere do Fenteno pote {taleunansgemas obs fee cece do probiema do conecinento, Johannes Heer, Toone de Conocinint, trent, Buenos Aue, Etta Load 1947, dao ‘R tadngfoporagusa com o lo Se Teor do Conbecimeno, Cintra, ADEN {0 Janeuo, Ulin, ses Redenck M. Chishalm, Theory of Rnowiede, New Jc, ‘retce a, 1966. base, Rio de Jue, Zar 1974) 18 Johannes Hesen op it. 2. 2» do objeto, surge uma “imagem do objeto". Por outro lado, “visto do Jingulo do’ objeto, 0 conhesimento te apresenta como uma tansferéacia Aas propriedades do objeto 20 seta". "As Artes, ar Filtofiss, a Religie ¢ as Clénlasconstituem as quatro principals format de conhecimento, E se admitimos que a redlidade se ompbe de dois mundet, 0 do espirita, ou 0 nioyfiic, ¢ 0 da naner 00 0 fic, dicfamos que 42 Religies e as Fiosofasstuam, grosto modo, seu objeto no mundo ngo-isic, embora tenham de partir necessariamente ‘Gums visfo do mundo da natuena. B as Ciéncas tm seu principal objeto ro mundo fsico, embora fagam uso de nogGes e conceltos abstata ‘exemplo do que ocorte no ramo das matemtias. ‘© problema, exposto até 0 momento de modo sumétio, ents a complicarse quando o focalizamos doutro prima, tendo em vista 0 melo, © insirumento de que se Yalem para expr as formas de connecimento Comecemos por entender que a expressio do conhecimento, a expressfo da “imagem” mental que tesulta da corelagéo entre aijeito © objeto, & sempre im erforgo de representa: quando o sujet cognoscente spreende 0 Conteddo do objeto cogoseivel « transfereo para sua eons: ‘lena, o ato de conheser se efeivou, mis incompletamente, Para que © Conhecimenta ze tome completo, 0 syjeito precisa representslo, “projet Jo" fora de sua esfra mental, com ‘60 pemnlinda’ que utes syjitos posam verfear que © conhecimento se deu e usftur dle sem necesiat focorter dietaments ao objeto, Tals representapbes ou projagdesreeebem ‘Ornome de zor (os simbolos), sina indestivos da velags0 proseolica entre © sto ¢ 0 objeto". Ors, os sgnor podem ser, quanto 4 forms, 20 Pun comproenio ¢ sprofundamento den ica stor das Arte, Po. sofas, Clancas © Relies, € Intyasodiel que itor sed mee de bar Harsha Urban expres no sou lo Lenpale Reale te meses, Menor Buenos Altes, Fondo de Cultrs Econémice (1952), epecaiens sounds pate inn “Le Pcs dl Sint” p33 og fia en a Steno. depnarivo "Engle pot meio’ Goal pomor oa trios nen sobe 4 Gola a que ae refere, No cso Jest nos nfo poms steno sobre» Pps ‘iso, come por sxemplo no suo do tom te lngage, com deent ee ‘entdo™ Sign expresvo ov sfatbod aque gue chana 20 epi sen, {s fes 1 Independenemente do ne. Asin Caz mn go sitive 1 So rts expenia sin ila” Stem mbitiviva€ mele "gus tn gn ht matemdice™ Tal sign toma o ar fo que sopreet, Some epreene™ 20 verbais © ndo-verbais (som, volume, movimento, espazo, aimero, gafismos [ssianguos, vetores, ete). E quanto a valéncia, podem ser: univalentes ov luniocos, contém tim 86 Sendo, ume 36 denotseso, um s6 valor, e pol! velentes ou polivecos, com visios sentidos, vias’ denotages © vésios valores. Ainda podem ser divididos em sigos denorativor e sigos cono- Tativor: os pumelros englobam as palavras em estado de dicioniro, Possuidores de sentdos preisos e limitados. Assim, 0 voedbulo “ei0" fesigia um animal mame, de quatro pats, e2. Os signos conotatives Ho dotados de sentidos virios, em conseqiéncia das lmplicagses © susocingbes decorentes do contexto em que se insrem. Assim, no conke fide verso drummondiano, "No meio do eaminho tnha wma pedre", 38 palavas “camino” e "pedra” encerram maliploslguficado, ou conotagso. esse modo, quanto aos signs, ou iasrumentos de expresso, formas de conhecimento podem set clssileadas como se segue Cigncis, que empregum slgnos unlvalentes, portanto denotatives, veebals e nSoserbals, Assim, osclentstas representam uma “evidencia" do Seguinte modo: 2+ 2= 4; ou fzem uso de palsres para enunciar um postulado: “© quadiado ds hipotenusa Igual 8 soma dos quadeados dos fatetos" (teorema de Pitigors). Observese que a “tradueso™ do teorema para qualquee outa lingua nso the alteraria 0 conteddo nem Iopes voes Dular em que esti expresso (pols uma alteragao a ese nivel equlvaleria @ ‘uma mosifiasao no contesdo). Filosofia, que procuram wsar signos univalentes, de_conteidos universal, em virnude de aus base raconalieae abstratizante;e, via de regr, empregam sos verbas. signos vnivalentes, de Religides, que também procuram empreg conteddos unWenls, mas diferem das Flosofias por sua Unguagem m por fi: “Stout, tegsingo a tendéela modems, én nogSo de xinbolo com x ‘cides, ou tear, do igo const, moteramente, um dos stores mais ‘heqienndor ex estdos ngttiecs, Sob” 2 denomnapio de Semin oo Simioiopa avobimase incase biblopata, sum autiniee maremapnum de Slee outa ¢ pons deri. O extenm rol Ublopsdee que Vater Mansa ‘ie Apsara lace cm san Teor ae Liat (oe tits po T197S0) pode Sune ila da magne do cere infonnaie Uposio do Ir © a0 31 fries, 0 que por vezes atenua x univocidade dos sigros;empregam signos ‘etbas e ngoverbal, caro entendamos aliturgia como uma soma de Senos. Artes, que empregam signos polialentes, quanto 40 valor, ¢ sgnos vetbus e nioverbas, quanto 4 forma. Asim, cada ate se caraceriza por um tipo de sgno, a siber: som — Musica ‘cor ~ Pintura ‘movimento ~ Coreograa olume — Esculturs capago vazlo ~ Arquitetora aleve ~ Literatur" . 1B em razfo da poivaléncis dos signs estéticos que cada peston sente dum modo especial e intansferivel uma sonata de Beethoven, uma tela do Van Gogh, um espeéculo coreogréfico de Tamara Toumanovs, uma peyaevcultriea de Moore, um edifcio de Oscar Niemeyer, ou um conto de Machado de Assis, Mat a reefproca é verdadeira: polivaléneia dos sigios tstltcos detomnina a vals na maneira como sf captados, mas também fst gondiionada te mutapSet emocionalssofidas pelo leitor ov contem- plador. A polvalncia € a um 36 tempo intrinsea, da propria natureea {lo sigo extéuco,e extrinseca, depende Ga osilapso de sensbilidade exper tmentade pelo fruidor ou erftico, Em suma, de contomo instivel, 2 polivalncia dos signs extticor depende do cantexto em quest localiza Pde quem os interpreta, Apes de todos os esforgas em prol da cientiice ‘ede do labor critice, uma “leita” universal dos signos etdtlcos parece fora de cogiago: fio de uma relagSo entre um contexto dinémico e um ‘Mettor™ sujelto as madangas de Animo, de peespectiva ideo, ete. polimléneia eseapa a qualquer controle sigoroso. Do contriro, seria de upor, equivecamente, um juizo Unlco edefnitivo acerea das obras estéias "Visto que, no momento, apenas nos intrest a Literatur, pasemos 1 examinéla isladamente, De info, e com vistas desfuzer possives Ialentendidos, lembremos que 0 instrumento expresivo da Literature sii pala ~ nfo 6 exclusvo, pols que a6 Citnclss, as Filosfias © as fo Cinama, erected pela nase cm tmovinento-Ententeros qe st anes hw tana sri da unttagio ds outs tes qr arte uta. 2 Religies igualmente 0 empregam. O gue varia, porém, ¢ © modo de ull To. Como vimos, as demals formas de conhecimenta, ou manipula sgnos univalenies (as ‘Cigncis), ou procuram uulinslos (at Fiosofiss «a Religibes}*. Por outro lado, j8 que tls formas de conhecimento se expr ‘mem obrgstoriamente por meio de sigos (ou simbolos), ¢ natural que haja pontos de contacto ent elas ¢ a Literatur todavia, o seu exame foge dos limites destasconsideapSes, Atenhamonce tiosomente as dife renga, de resto, evidencidvls na simples aposentaySo dat caraceristcas de cada urna. Assim, quanto 3 linguagem cientiica, Wentfiense por aus nfo. ambigtidade, ou univocidade:referencal por exceléala, moves no rino exclusive dat denotagees, “aso-dramdties", “ende 2 prosctever todos os clementos innuitivos ‘da linguagem, 0 elemento, de indvidualidade no substantvo, os sentidos de. atvidade do verbo e os valores vitais do adjetio". Relizase plenamente quando “cimina os valores e 0 termos de valor”; ¢ como “forma simbolica” enconteaa no "modo logicomatemstica de representar ou smbelizar a zealidade™ a sa expresto ie Por outro Indo, embora “aja uma similitude, # nfo ‘identidade de esénca’, entre a regio ¢ a poesia”, de modo que “o simbolo eligi, ‘mesmo em suat formas mals desenvolidar, munca perde os carseteres 4 poesia, (..) porque (..)alinguager religoea deve se iia e dramatlen ou entfo nfo é nada”, ~“o simbolo religoso difere de eada um dos demais 'ipos pelo fato de que aqullo que representa sempre transcends 0 intuitive 0 perceptivel”. Em suma:“o simboloreligioso deforma w inulgfo, no, amo o esidtico, para sugerr valores mais altos” do intuiional ov feno” ‘ménico; nfo, como 0 clentitico, para operar cam relapses fenoménicat ©u para representélst, tendo pare sugesir © represntat @ infnito © © ‘oblema da ngtag simbliee empreais Plas var formas de cenesinento, ‘hem cures expe da eptSeno inna © concen Su oles dein no inl dua et poese eg, sd xa ‘ur nfo tenor oato aminho seek unos dene « avo tet 23 WLM, Urta, opt pp. 8 423. 23 «© transfenoménico, © simbolo religioso sumpre 6 sobrenatural em todos (Gs sentidos poosvei desta palvra"™- Noutzos terms, a linguagem religoss fncerre polvsléncia mataforiea vllada nf para a realidade imedista, 9 sf doe fendmenos,scessiel 2 intuigfo, mas para a realidade medals fu sobrenatoa © signa Unghistico religioso exprime wna “verdade”, Ge natureza polimérfia: uno enquanto objeto que representa, miliplo no focante a esténcia do objeto representado, Deus € uma entidade, 0 Ser, mas protic, de onde a metdfora que © representa abrigar pola lunciaremetida para o sobrenatura. ‘Quanto a0 signa Mlesficn, € Heo aceltar como premiss a Tia de W. M, Urtan sopindo a qual “nfo se pode tapar ums linha precisa entre flosofia e metafisies”. Hfbida de poesia cigncs, mas de “uma ‘ul tse sorte de poesia” e “uma cncia muito mi", alingvayem fos fica (ou metafsics) “faz afimagdes ou proposgoes acerca de ‘ntidades ‘metaempiieas que em si proprss nfo podem ser dietamente experimen Tadas, mas que sto, de algim modo, coimplicades da experiéncs™* nuneiindo afmagaes “a respeito da toulidade das totaldades, x omnitudo realiats™", pols tal € 0 sou objetivo, 2 Flosofla “representa tim universo de dicurtoeepecal, o contex1o de todos os contextos, © por iso requet uma lnguagem expecial"™, que participa, melo a contrgosto, ‘4 pollveéncia metafories da Literatura, esimullaneamente aspira 8 wnivo. tldede cients, tosomente aleangada quando as proposigdes_ ou Afinnagdes convergem para formblas matemiticas ou lopicomatemiticas (caso da Logstica). Nese estigjo,porém, a Flosfis ating olimiar em que espe a sva peculiar roupagem para se tomar Cacia, Condanada so hibridismo, a Unguagem flosiea tanto mais lgra 0 seu intento quanto mais explora exaGualidade, visto que a natrezafexivl fa metafors Ihe pemmte 0 accsso-e quesises dfesas 20 rigor matemico, 440 mesmo tempo que este Ihe corige os possves desvios no rumo dss “lucubraptes no vario ou dos falos problemas. Intuigo « raz se comple Inentam, no sem itil, pra ceptare epresentar umn univeso contextual (que concentra ce demas univertos do conhecimento,em formulas onde os 26 Id, bem, pp. 435,482,483. 28 Ido, dem, 54 ‘objetos da saz — 08 conceltos — resultam da sbstragfo dos dados da tealidade. “Fendmeno”, “véaca”, “apartncia”, “wer “existencia" es, ‘Gesignam conceltos metsemplicos, na medida em que nfo sfo passives {de expetinentagfo ou prova “posi” — a exemplo do que sucede no teneno das Cléncias ~, mes dimanam da expesiéncia, como ve pode verifear pelo exame do contexto em que se movem: “fenémeno”, por exemplo, € 0 gio de. “algo” que podemos atestar como reaizivel no plano empisio, sas em pariular, ~ experimentamot um fendmeno, jamais 0 fendmenc. ‘Aauele pertenee ao mundo da experénca, ese ao dos ents da razio. E ‘mesmo ‘quando nomeamos algo que scontece como “um fexomeno", fstamos tranferlado pare a dimensio da experénca sensvel um signo Droveniente da abstragdo de experincias andlogas. Desse modo, a0 retomar {to mundo empitice em companhis do signo que o represents, a mente ainda labora no contexto filosifico: 0 nome da experncia nfo & a experincis, ‘masa sta projeggo universaizante num contexto novo, metaempico. ‘Quanto 8 inguagem lteriria, ov pottica, no entender de W.M. Urban, carcterzae pelo emprego sistemitico da metdfors,aproxima;zo de dois fenmos para deignar um objeto lmpermedvel a cada um dlesisladamente Linguagem conotatirs por exceléacia, mas na medida em que a denotae#o ‘constitu obsigatoriamente o pamelro dos sentidos proposts pelo contexto, SPMingusgem literisladesenvolvose “como. uma constelagso de signos fnrepada duma enorme tats de subjetividade. Ente opacs © transparent, hans a etonpfo sobre a0 mesmo tempo que permite "ver" a Tealidade hue we refere: ool entte 0 eferencal ¢ 0 nforeferenil, vaciando {tm gran conforme se tate de pocsia ou de prose. Como veremos nos Capttlos subsegdentes, enquanto s ndo-eferencaldade, ou opacidade, Go fexto postice € imediats, + do texto em prosa é medial; e vice-versa, fenguatto a referencinlidade, ou a transparéncia que permite “ver” & {ealidade reprsentada nos voesbulos, do texto podtico 6 mediats, a do esto em prosa 6 imediata. Tm quaiquer hipétese, tratese de metifora portanto, de voedbulorpolvalentes: “Uinguagem intl, metaforice ‘Su deamétics, sempre diz explleltamente certas cols: acerea do homemn aa vida humana O que diz explcitamente & miltiplo e varido e com Frequdnela contraditono, mas aa medida em que € auténtco, todas as ‘Mamayoes explicitas tm um carter comm: sfo aflmmapses soar de ‘pesoat", 20 pasto que "a cence, propriamente dite, mnea fala de pessoas no fem nenhtum interetse neat como tas. Certamente 1. tem interese ‘no indviduo como tal, mas apenas como exemplificagfo de umn universal” 29 Idem, Bide, 9.408 35 Enquadradar sumariamente as difrengas entre 2 linguagem literkss ‘ea das outas formas de conheclmento,rextanos volver os olhos para utso Jado, Para tanto, eremoe eit adotar, como ponto de partlda a ditingfo enue Literatura ¢ estudes iterizios, com que René Wellek e Austin Warren Sbiem sin Teori Litera: a Literatura “6 eradora,constitul uma arte; 4 outa [a atvidade critica © histonogriica em tomo d= problemas Iiteriior], se nfo € prectamente,& ums espécie de ser ou erudigio™. Evidentemente, hi pontor de contacto entre urna e outta atviade (como s procuratéevidencat no capitulo final dest vo, destinado ao exame da ‘rita Mterrs), pois que a oriagfo literira nfo rato € acompanhada fe saber ov erudipf, ¢ oF etudos Iteriios, por sua ver, também cons ‘tue uma forma de crags, quando poveo pelo fato de empregar ums Tinguagem metafriea, emborr desejosa de adqulrr cargas universis © Impestoals, Apesar doe visos pontos de contact, ninguem confundii, por exemplo, este lio — que pertence 20 dominio das estudosbterirics, ha claae da teria Mterdcla ou fosofia da cincia Iteriria ~, com um romance de Machado de Assis. Todava, entre a lingagem dos estudos Titers e = linguagem da evapo litedea hé mals semethangas que entre 4 erica cmprogada nar demals artes os signos em que estas Se express NNovtros termat: consierdvel distncia separa uma tela ov uma pega ‘musical, ea erties a seu resplto, simplesmente porque acrftca dessa artes pele pars uma siabologa estcanhe sor signs proprot delat Por 1s, ‘eriten de ate parece superfetagfo ov exereeio da istlginca acerca dum ‘objeto iredutivel 3 outa inguagem que ado a propria. Ais, um arpumento ‘nut esclaecedor desea iredutbidade estencal reside no fatO do tals frist serem tiper s-intelectualizados e asigalieatvos do representaez0 4 realidade, Eo contrapartia, a Unguagem da erica estétiea também comporta uma espécie de saber ou erudieso, i somelhanca da linguagem fs exiles Ler igualmenteracionalstae intslectualista,procura. com proonder, analisare julgar a obra de arte dum modo to objetivo quanto Domivel. E "como froqientemente a critica te splice 8 Literatura, como amo ds Literatura 6 conidernds, Deveria antes serum ramo da Flosofa, fou uma penigao de eapiito flonofants™™ « De qualquer forma, no exime fo concsito de Literatura, os ertudos litres fcam tenminantemente de fos 31 Fieline de Figs, op. itp. 213 36 Assim, 6 podemos afiemar que 4 Literana é um tipo de conhect- mento expresio por polars de sentido polvalent. Fala explicar 0 tipo fe confecimento de que © trata ¢ sat relapGes com os sigs emprepados. ‘As alavra polivalentes — ou metdforis™ ~ representam deformadamente ‘3 realidede, Mas por que representam deformagoes da reaidads? Pela fimples raefo de que “por intennédio delas encarnamos um coateddo Seal que nfo pode expretarse de ora maneira™®. E tl conteddo referc se a pessoa, ndo 4 colts; ndo € a “vowel” do rel fsico que the lnereea, mat de tudo que pertence &exfer do humono, como diz W. M. Urban, saja como “revelao dot conteddos metafiscos ou espstuas de cada um, se como revelapfo da realidade enquanto determisada por tuna apreciagso de valor", visto que "a poesia por sua propria natureza nega como ditima uma doutrina materialisa e mecanicista da relidade"™ “Metafsica epiritualisa, no dizer de W. M. Urban, ou “metafisca distar sada" (Coleridge), ou "metafiiea figurada” (Bergson), implicando esencil- Inente of valoes™ « exprimindose por intermédio de metéfrse, « poesia sega, ipso facto, as visdes “postiva” da relidade. Nao sigaitica que = realdade concreta nfo poss ser materia de poesi, mas que apenas quadra ‘com 9 universa pottico quando abedece 3s lls ds poesa, ou Sea, quando 4 Optica permanace a do sujelto. Como as doutrinas materilistas © mec nicitas propumam uma visio centrada no objeto, ou ser feo, inferese ‘que ent elas es porta existe Um antagonism bisico © ums impor Dilidade radial de identficapo (Oz, 0 desprczo por coplato ral significa desvarse dle, deform, ‘enti, "fingit™ a realldade, ou inventar una outrarealidade,& sua imagem semelhanga, mas individualcada e "'autentic” a seu modo. A flops, ‘ntendida cond o univers interior onde extdo amazenador e tranefigurados fr produtor da percepgéo sensivel e emotiva da cealidade ambiente, faz gui sun entrada, Por tts, podemos dizer que Literatu & fiepao™.E 50 32 Ver,mals sane, ouptlo referent ao fndmeno postin, coum: tts 8 cost de Let cme mont» Lesing © Miller, W. Kayses, R. Wellek, Manired Krid, cua Jirodupo aos Estudos de Obra 7 enfendemot ot conteddot da fegf0 como comportor dss “imagens” Aeformadas e transfundidss do mundo real, & imediatoassentar que fy « imaginagfo se equitalem, e um teamo pode ser perfeltamente tomado pelo outro, Rests, agora, lembrar que “para Coleridge, a imaginagfo ¢ 2 ondipio primelm de todo conbecimento”, © que 2 doutrina de Kant ensina) que "a imaginagfo crndora ¢ a faculdade fundamental da alma humana, presente fgualmente na sensibiidadee no entendimento™”” ‘De onde a Literatura emprega palavres poivlentes como expresso, os conteddos da imapinapdo on fiqHo. Por outros termor, & urn tpo 4 conhecimento, fondado na imapinayso, expresso pela palvza escrite fou comunicada oralmente, de valor multvoco e individual. Em sum: Literenura ¢ 9 expresao dos contador da fey, ou da imaginasd0, por meio de palavas de sentido mtiplo e pessoa. Ou, mals sieintsmente, iteretura € flee. Fata apenas repeis um lembrete acerca do carter ‘tlio ou impresro da expresso literiia, par considerar quase encerado este capitulo, e pasar a outro, Assim, nfo cabe confundic qialquer texto fserlto com texto Usrsio: para tanto, deve proencher os requisitor ‘mencionados. Douto lado, talvez fost desnecessrio advertr que estamos Adotando um conceito amplo de Literatura, no qual se albergam desde as ‘quadrinhas improvisdas dum abe nordestino ate o Ullses; a questzo do ‘lor outa historia, Desde 0 soneto eapengn do publieado num jomal cadémico, ats « Diving Comédi, td & Litera Pode o soneto carecer de valor artistico, mas possi o atsbuto litersio se sitiizer Aquelat condigses implicitas ob expliita nat consiers;See “Leite (1936) “enfin vgoroumente ports a feo come caacterisice fn Terra” (Ueny Maiewien, The Lie af Literate, New Literary History, ‘LIV; 991, atone 1972, 10) 37 dm der, 9.415, node oda. 34 Bloom recordar que quagier uimeDangs ene 0 posto conto de ‘tert tors ngiscn de Lowe Hise (Polegmenor a ume Teor de “ingagem, ti dinansequst, 1943; nore smeian, 1955; leno, 1968; 2 Tiguopn, os Snamarqess, 3963; tacos 1966; Enos Lngrico, 1983) ime coinncaNowm irra deren, om eet, co sesame cca {ae dootinas de Goce + Fdnine de Figuwdo, com 0 sent retodolgeo és ‘exeorfleécoringhane de W. A. Un, 83 pansommene tmamos Conti fom as proposts do lngusts damaguts veifieanes = vanehans osu Ente © fangamento desea Tend guage nossa i acre 6 rte Merde videntemene, convceo qu ste 0 most conceit €refofads Pot st ao, uuu le doves cen 28 felts até 0 momento. Por 80, nosso modo de entender a Literature 56 limitado naquilo em que exige dum texto que sea publicado, datlogre- fide, mimeografado, manus, para se enguadrar no espa liteiro, © «gue equivales pdr do parte tudo quanto, aa fala disia, se pode consderar ffuto da imaginafo tesa. De onde ser muito discutivel a afimmayto de Carlos Bousoio, segundo 1 qual, “quando a expressvidade da linuagem difia se deve sorente 8 ‘sa sintxe ow a seu léxico, a fale € poder: flae poesia fo dos aspectos, dois gra de um mesmo fato estncial:ofatoestéico”™ Se em Ipar 6° “fato estéteo” tvésemos “fato lingNistico”,s segunda parte da asetiva seria perfeltamente sceltivel; mat acontace que 1) 0 teéri-o expanhol smantere © adjetivo “estético” nas visas edlpbes de sua obra, 0 que Dressup convicgdofirmade; 2) a primeira parte a afiomativa identifica {ila e poesia “quando a exprssvidado da lnguagem diva se deve somente {sua sintaxe ou 2 seu léxico”. Ore, conforme entendemos, a fla ea poesta partiipam do mesmo ciruito simbélico — 0 Hngistico -, mas em nives diferentes. Diamos, para ndo alongar demasiado o exame deste aspecto, (que fala pertence a0 nel naturale 2 poesia, 20 etéico. E evidente que 1) pontos de contacto entre os dois nivels, resultantes da mencionade comnidade lngtistice, e 2) por iso, a fla pode (raps ao seu contingente “estétco") tomarse possa. Na segunda hipéwese, porém, tate-se dum ‘estilo prélteriso: 2 fala deve transfommarse em abra (Poems, soneto, bulada, etc), em texto, para adquiriresttuto pottic. E 20 fazbio,adere is leis que regem o universo literéro, notoriamente diversas das que onlentam as elagées verbais em sociedade. Para deaar de se fala valvrso ponia, hé de converterse em texto, mat texto rubordinado &s monnas ntecas do fato postico: um texto que tanscrevesse com fidlidade 1 fala como tal sinéa no se situaria no reino da poesia, salvo embrionaia- ‘mente, Em sims, a exprtsvidade da fila € forults, 0 passo que a da poesia, alm de compacts, & deiberada; enquanto a da fala visa A troca fe Informardes, a da poesia serve 20 conhecimento da realidad e&sugsstfo ‘ds chamada belers; podese admitir que a fala apresente balxo teor de cexpresiidade, no asim a poesia. Per outio lado, como todos sabem, a imaginagSo, ou fipto, 6 a faculdade mental de produzir imagens, entendidas esas'como represen- 39 Caso Bossa, Tere dee Exprein Poti, 2 ok, 58 eda. Mid, (Gres, 1970, 1.61 39 tasdes de perepoessnsvels 20 nivel da consineaefou da meméra Compreendda também como a ines © 0 desenvolvimento de imagens, S"impapto pode tr de dls pos, canforme 0 csigo em que # tranflestan ws epreentagtes: 1) apna pli, ov imag epro- {Brome quando caste na reproduqao do objeto conte em uma image ‘Tanta, uma tclapo equvaonte nop ling(suea de references, Shauantoeutnea genta sera a naer do un objet dado; 2) mar ‘tuo duet una rads, gunda open adabraents Su traps th outs ne ment do cron, no sem stablecer nex Seriado cote sy obednter a uma ordem nol, numa seq, TZoreamente sem deecho, mas sempre glardandovestpios da referencia Ikadeopals emborn atenado, @ lame com # reldade peomaece, Increvetae no se permet oF snhos, os devareos, swiss, efi Svchamado tena. Tuna, As iat format de imagnoef, amu Soparadesovomente por motos Wddlcan, pans por stwics ‘ietlos, produzindo a tansigvagfo da roldade em note ssemas ass dotador de ies «normas propio Sorin ettco ou da ego ort ar era ona xpos dy cots fn imaging, segundo im duplo movimento de representa: 19) a imagens sta repeater mental de realdade sense, 7) 0 {Cail conti pent objet” nae ma Sonam repreentagdes de primeira, os vocibulos, de sgundo, mms ‘Spt etomamente complexa que nio cabeagu dicot Resiiew {pena que 1 imagem, sel + mecinsmos palgce, consti ume oorged do. reliade, enquanto a pare dtoee”& imagem. por bmettla a Ins enomatinerentr mecinca a escritDupla Sigs coneghentomente, se les no text iter donde 4 fmigiiade eda oemprega macgo da metfors,por meio da ql s procs citar 9 méaimo de dior no minie de espa. Ese por eect © vordbulo “hnagem' sist, pena do aguns tere © vo ‘tule “metiors” paar desgnar a ngiagem rsa, © ato nfo deve Sprecnder! a imagem mental presnpee © vordbulo que 8 nome, cu Sour tmapnu# ca pli O ato da esc consti, por iso, a wan Seto (Ceormaate) dm imagem menial a soperficie do papel reals (tere gue pete fer de ova extacl; antes iso, a lmagem € pena Intent Dest conlderaet podemse tar ab sapuints dates: primar o Jomalisno, + Orsi, Pedapoi, «Vista, os relatos de vag, icy por mas blhantes que sam, escapam do toreno da Literatur, 40 endo oeaional e parciamente, na proporego em que empregam signos polivalentes para expresar conteddos da imapinacfo; endo format hibvidas,osilam entre a Cinciae a Literatur; segundo, quanto ao Teate 4 questo & menos clara, mas nem por iso aba. 0 concsto de Literature ‘que vimos discutindo: o Teatro x8 interes A Literatura, xb 6 Literatura, {enquanto texto escrito, nfo enquanto obra representada. Mas todos sabem aque 0 Teatro 8 0 € quando no pace; pois no papel, ums pega ainda nso é ‘Teatro, embora ali manifeste asibutos espectfices come, por exemplo, sais reprexntebildade, Portano, endo’ a repesentagio 0 teu flo € Candipfo sie que non, 0 Teatro tomase ambiguo: somente pertence 2 Literature quando ndo é (Teatro) ou melhor, quando deixa dese, ou ainda io € Teatro © +0 exisente como possbildade, no pape; quando ¢, 20 tanharo tablado e Se realizar como tal, dea de importar 8 Literatur Na ‘erdade, pouco (que é ido...) flts pata o Teatro ser uma arte autonome, fom uma Lingaggem propia, a palais transmitidaoralmente,, por Intepretesvivos. Desseprisma, o dlema se resolve, pols, adquiindo varus de afte independente, © texto te tomaria mero sla para a encenaséo, famesmna forma que 0 vorero para o ime. Em tereero lugar, ¢ como conseqiénca das apes anteriores: em ‘tuna ands, somente& poesia, o conto, a novela e o romance pertencem 4 Literature, por sttisfazerem aquele requlsto Mico: Liternura € fico expressa por palavres polivalentes. Plo menos, «poesia e a pross de feef0 fonsttiem os dole leitos por onde core a Literatura, engrssados pelos fuentes vindos de vésios pontos, que por sus vez se contsminam dis Spas terrasse tomam hibridos. E por fim, & puisa de encerramento deste capitulo, consideremos sepuintes observes, um tanto 4 margem dos problemas que vimo eqs- fionando até 0 momento: @ palava constiul o mais adoquado ve‘culo fe expressZo do conhecimento que © homem tem dn realidade. Dai que & Literatura, fazendo’ uso de palateas multivocas, ssa uma arte dona dim privlégio que 6, afinal de contas,o predicado que dstingue 0 homem dos imaisiecionais: « palavra confere & Liteaturs uma personalidade que as demas artes desconhocem, Salto nalguns aspects, de. ordem critica, Por outros termos, a palvra, meio mals eficiente de camunicagso ent fo homens, € atibute exclusive da Literatura: dentce as Artes € 4 Gnica ‘gee & empregs como meio de expressio, © empregea polialentemente, Tal privlgio toma Literatura arte por exceléneia, porquanto a paltvra rmultivoca consegue expeimir, significa, tudo quanto 0s signos dat outa ames (0 Som, a cor, etc) 56 tansmitem de modo parcial ou impereito, 4“ Ernst Robert Curtiss, uma pégina inspirada de seu conheciéo Livro scerea da Literature Européa e Idade Média Latina, resume de modo lap 4 questto acerca desse “poder” exclusvo da Liwratua: “a Literaum, Ahstruindo de tudo mais, é portadoa de pensamentos, ea Arte nfo. Eapre ents Literatura outeas formas, que « Art nfo postu, de apf, de cresch ‘mento, de continuidade, Desirats de uma Uberdade que € recusda Aquelt Para ela todo o pasado € presente ov pode abo". "Poso valerme de Homero ¢ do Platto a qualquer instante; tenho-os 8 mo e possueos por inteiro, Polvlam em intmeros exemplars. SS exste um Partenfo € uit Basiiea de Si0 Pedro; mediante fotografia, posso contemplislos apenas parelal e obscuramente. Mas as fotografias nfo me dfo mirmore, nfo ppodemot palpé-l, nem pasear nelt, como na Odlséie ou na Dns Comedia, No livro, 2 possi esté feaimente presente. Nao “posuo! um Ticiano, nem mediante fotografia, nem na mas perflta copia, mesmo ‘que te pdese comprita por dois marcos. Com a lteratura de todos os tempor © povor mantenho lapses de vide imediatat, intima, plenas; (com a ate, nfo. Av obras de arte, devo procurss nos museus O livre ¢ ‘ulto male weal do que © quadro. Nel e apresenta uma relapo de esfncia, 4 real partspapfo. de uma eséncia eapntual. Uma Mosofis ontologies Podera aprofundar este ponto. Absteaindo de tudo © mais, um lvro € um Nexto Podemos entendélo ou no. Encerrark talver pasagens “ces. Para explioflas¢ mists uma ténica — x fllogia. Como a cincia da Lite ratura lida com textos, sem Mologia ela flea éesamparada. Nenfuma Jntigfo, nenhuma visio da eancla (Wesensschau) pode reparar sta fl Para a cigneia da Arte" & mais fl. Trabalha com imagens e fotografi. ‘Niso nada ha de incompreensfve. Cutts entender as poosias de Pindaro,0 ‘mesmo, porém, nfo se Ja com ai fasas do Partenfo. Ea mesma relagao hire Dante ae eatedrai. Pil é a ciénin das imagens, quando comparada os livros. See pousvel conheser a easncln do potico” nas entedras, no & sme preceo ley Dante. Ao contro! A HistOna da Literatura (esta ‘ergradivel Folia) tem de aprender com a Histéria da Arte! Niso Spenas se eaquoce gue, ente-o liza e a imagem resalta, como aludimos, ‘derenga esncia. Mostra 2 posibildade de teese, em qualquer tempo, Homero, Vito, Dante, Shakespeare ou Goethe ‘por imeto" que a Liters tura ten) maneite de existe diveea da Arte, Segue, slém dao, pert Crago litera por lee diferentes das normas artistes, Sgnfies 0 "presente ‘temo’, estnciaimente peollar is Letras, que a iteratura do pasado pode 40 Bint Robert Curae, Lteamre Euopda © Hinde Mee Latin, rar, Rl de ane, LN 1957, pp. 15-16 a continuar cooperando no presente, Cremos que longa clap se just fica por s propria 0 pensamento de Curtis ndo poi sr mais impido n0 ‘exame dat diferengasbasioasentie Literatur et demas Ares, centtadas na linguager significative de uma, enalinguagem adosignficava dat outs, ‘0, por outra, linguagem com pensamento e lingusgem som penssmento Desse ingulo, a arte universal nfo € a Misia, mas a Literatura, A Linguagem musieal certamente pode ser entendida por sobre as fronteras os poves e nsz6es, mas estéihe vedado um mundo de sentiments, ila, penstmentot, trapsas, angst, ete, apenas tradvzivel em linguagem Iteriria. $6 a Literatura pode expresar 0 fedemolnho profundo que cons tial a eistcia © a existncia do homem posto em face dos grandes enigmas 4o Universo, da Natureza e de roa mente, Or demals por de conhesimento tamistco apenas alcangam simbolizr paidamente a dramatca tomad de tonseineia do homem perante esses malstlos Pode-o a Literatura, gr 4 ficefo, ou imaginagfo, como melo de conhecimento, sobretudo gras 0 prodigioso poder de empregar multivecamente 2 pala. E que "3 linguagem ago € um signo como of Outros: ét4o profundaments um sgn ‘que em hipétese nenhuma deixa de o ser; ao ins de ser um signo para © Pensamento, constital 0 préprio pentamento, uma ver que & ao mesIno tempo osigaificado e o sgnifiante vidos pela pensamento"™ Por fim, se partis ds Idfia segundo a qual o homem & tanto mais sdaptado A vida quanto mais expenéncias acumular, traremos logo @ Conelusso de que, nfo podenda multiplictlas por estar encarcemndo. nos limites de uma Gniea existéneia, somente the esta apeovetarae da expe: rina hei, inclusive aquela amazenada ao longo da evolugdo hlstvlea a Humanideds. B exatamente por iso que se volts para ct depéuitos fe eultura ede civlizasdo, epresentads pelos livros, muteus, monumentos, ttc. Do contri, era preciso que ead individuo tivesee de comega tudo de ‘novo, © que seit inconcebivel. Ora, a Literatur fomeee um to singular fe expesitacia, porquanto trabalha com a imaginagso, que produc formas fe vida possve e diferente da nossa. Eta expeiéncia, colhids no contacto cam a imaginagao cradora do esertor,ensiquece nousa manera de ver a realidade, uma ver ques Literatura, caminhando antes da vida, Ihe val Insinuando os umes que pode trdhar. Desse modo, © homem se apefcigon om 3 assimalags0 de experiéncas ficconais antecipadoras ou veveladoras fe dimensoesesituaps para além de seu mundo comum. E "usim como 4 satide prcia de or conservada mediante 6 alimentoe 0 exerfsio, pareee 41 Mitt Daten, Ze Podge, ats, PLE 1963.25. a que + sadde pscoligis tem de ser conservada no decorter da propria Vide, mediante a ‘alimentapdo' em alvel de simbolos.afotivos: pela Literatura, que not condus a ovat fontes de frugSo; pela Literatur, que of faz sentir que nfo estar eozinhos ex nota mleria, pela Literatura, fue expe nossos problemas a wma nova his; pela Literatura, que suger ‘horas possblidades e nos abre novos campos de experincis; pela Literatira, que nos oferece uma grande vaiedade de ‘estatepassimbscat ‘mediante as quaisnos tomamos eptos a circunsrever a nossas situapSes"™ "Assim eoncebid, a arte irda ndo ae edu (ou nfo deve reduzise) ‘2 uma foma banal de entctenimesto, Quindo € eatctenimento, £9 Superionnente, visto que o jogo e 2 arte nunea se dissociam. Entretanto, ‘mais do que recreagio de alto nivel, a Literatura consitl uma forma d= Conheces © mundo e os homens: dotada dma srs “miss, eolabors para 0 desvendamento daguilo que o homem, conscientemente ou n80, persoque durante toda e existéacla. E, portanto, se a vida de cada um eomesponde a um esforgo perstente de conhecimento, superayto © Ubertags0, a Literatura eabe um lugar de rlevo, enquanto fega0 express. or palavas de endo multivoco ‘Sto Mo, Ponce (1963) 9. 126-Ohen de nde tara pa ir dee 48 IIL. Géneros Literdrios 1. PRELIMINARES ‘A questo dos génoroslterios, que interes tanto &hietri fl sofia como 8 teoria da Literatura, est longe dese considera egotads ©, {4a mesma forma que eutts problemas Uterrios, continua viva em pat ‘Aexpliaggo reside no fato de ser uma questio controvers: ido depend ‘de posgdD historogritice e Mlos6tiza assumida pelo estadiogo, Dat que cexstam, ou tenham existe, as mals dlversas interpetapSes, desde a doe lisicos em geral, que os supunham estratiieados ehierarquizadoe segundo ‘um concelto mais ou menos imutivel de ordem e de rgra, até 2 de Croce, rnegando peremptosiamente validade ¢ exieténca dos gtneros iterircs. Grande parte dosss controvériss se refletiv no III Congreso Intemacienal e Histria Literri, rounido em Lyon (Frangs), durante or meses de malo « Junho de 1939, para discutirexpresa¢axclusvamente o problema dee gt ero i Hfato ease que atesta com claeza rua importigcia 202 ‘quadtos da problemétia itedes, 1 René Welok © Austin. Wart, Theor of Ltermire, Midse, England, Penguin Books, 1936, pp. 226 ewe Benet Crosses come Scarce Es renee Lingutes Generale 6 ed 1928. 2s tas deve congroo foram parcanente tects em “Haleos”, Rome Imnatonsie der Problemer Gindrast de is Lintraue, Atstettan tH fa 25,1940, Um tnd separ de que o poblama dos ginror contin ste on tom ao Interest os estudiar Litentan, mw encontn no ft des pul ‘Sno, dete 1958, pela Uniwniade de Lod (ibn) desde 1966, plo Boer {aneio de Ings da. Unlvenade de Thins (Chego). ume ovat ernest ert to aun nn mpc Zetia Rede Lie © 45

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