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Ee iTUL© SARACINRITAG AG OD MTN Os sistemas ambientais representam entidades organizadas na superticie terrestre, de modo que a espacialidade se toma uma das suas caracteristicas inerentes. A organizagdo desses sistemas vincula-se com a estruturacao e funcionamento de (e entre) seus elementos, assim como resulta da dinamica evolutiva. Em virtude da variedade de elementos componentes ¢ dos fluxos de interacda, constituem exemplos de sistemas complexos espaciais. Para que a modelagem possa ser implementada como instrumento de andlise no estudo dos sistemas ambientais, no contexta das diversas escalas de grandeza espacial e temporal que podem ser focalizadas, toma-se necessdrio eslabelecer as caractetisticas desses sistemas, discemnindo os elementos componentes, definindo as varidveis relevantes ¢ considerando os fluxos de matéria e enérgia nos ecossistemas'e geossistemas. Os ecostistemas e os geossistemas so entidades representativas de sistemas ambientais. Os ecossistemas correspondem aos sistemas ambientais bioldgicos, isto constitufdos em funco dos seres vives e Sob a perspectiva ecoldgica, enquanto os geossistemas correspondem aos sistemas ambientais para as socledades humanas, sendo constituides mormente pelos, ‘eREMEMUOS Wzicos € biologics da natureza e a iva geagratica. No campo conceitual e analilice para o estudo das caracteristicas e complexidade dos sistemas ambientais, duas perspectivas surgem como norteadoras: a ecoldgica e a gengrdfica. Partindo de referenciais distintos ambas focalizam categorias de fenémenos especificos, chamando atengao sobre aspectos estrutucais, funcionais ¢ dindmicos para a compreensio dos ecossistemas e geossistemas. A primeira focaliza as caracteristicas das comunidades bioidgicas e seu habitat, enquanto a segunda refere-se & organizacao dos elementos fisicos e biogeograficos no contexto espacial. Absorvendo os direcionamentos da abordagem sistémica, a5 duas perspectivas produzem resultados que se combinam para a comipreensao da complexidade dos sistemas, na anélise das potencialidades dos recursos e na avaliago das transformacdes ocorridas na superitcie terrestre, tendo como metas as préticas de manejo em face da sustentabilidade ambiental para a sociedade. Na primeira etapa procura-se fazer a catacterizagao da Ecologia e dos ecossistemas. A segunda fase versa sobre 0 conceito de meio ambiente e expie roteiro pelo emaranhado das proposicées a respeito das paisagens. Posteriormente, em {ungao da modelagem aplicada aos fenémenos inerentes as Geociéncias, precisar-se-d as caracteristicas dos sistemas ambientais (isicos (ou geossistemas). De mado complementar, focalizam-se a aplicacao de abordagens holfsticas e a temtica dos impactos nas caracteristicas ambientais. 1 — ECOLOGIA E ECOSSISTEMAS © termo ecologia {oi criado em 1866, por Haeckel, procurando definir o estuda das relagdes entre os seres vivos-e-o-seu meio.-De maneira -mais-adequada; na~- atvalidade a Ecologia corresponde a0 “estuda das relagies . entre_os organismos-vivos.e entre-as organismos-e-seu meio ambiente, especialmente as comunidades de plantas, e animais, seus fluxos de energia e suas interagdes com bodsica resultante da interagao entre todos os seres vivos que habitam uma determinada rea ou regido, com as condicdes fisicas ou ambientais que as caracterizam: Nessa proposicio estabelecia-se que’ “o coriceito funda mental de um sistema natural completo inclut, nao unicamente ¢ complexe organico, mas também os fatores fisicos que conformatn o que denominamas o habitat ou meio ambiente. Ndo se pode sepatar as comunidades eee” 9s artedores circunjacentes” (PORTEOUS, 1992}. Todavia, 86 posteriormente foi estabelecido o tetmo para designar @ objeto de estudo da Ecologia, tornando-se conhecida como a disciplina que estuda os ecossistemas. conceita de ecossistema foi proposte por TANSLEY (1935) ¢ teve como objetivo principal definir a unidade CHRISTOFOLETTI, A. Modelagem de Sist —— Bhicher; 1999, 236p vivas do seu meto ambiente especial em que habitam’ (TANSLEY, 1933). O ecossistema é definido como sendo area relalivamente homogénea de organismos interaginda com seu ambiente, A comunidade dos seres vives constitui o componente principal, que se ioterliga com os elementos, nas Ambientas, Sto Paulo, Edgard - abidticos do habitat. Sem a presenga dos seres vivos nao hd a existéncia de ecossistemas. A definigdo delineada por Howard ODUM (1971) émuito precisa, salientando que © ecossistema ¢ constituido por “qualquer unidade que inclui a totalidade ‘dos organismos em uma “determinada érea interagindo com 0 meio ambiente fisico, de modo que um fluxo de energia promove a permuta de materiais entre os componentes vivos ¢ | abidticos”. Nessa’ cadeia de interagdo com a relevancia biolégica, pode-se analisar o fluxo de energia, o fluxo de nutrientes, a produtividade, a dinamica da populacao, a sucessio, a biodiversidade, a estabilidade e 0 grau de modificagdes-E o’campo de a¢ao da Ecologia, que pode set trabalhada, por exemplo, como ecologia das plantas, ecologia dos animais e ecologia humana. A abordagem ecossistémica apresenta sintonizacao holistica, pois salienta como relevancia maior a interac3o entre 0s componentes em vez do tratamento direcionado pata cada aspecto caracteristico individualizado, Outra caracteristica essencial corresponde ao fato de que s40 entidades que devem corresponder a unidades espaciais discerniveis na superficie terrestre, que devem ser identificadas e circunscritas pelas suas fronteiras. A definicgo de ROWE (1961) sobre ecossistemas explicita essa caracteristica, consiterando-0s Como topografica, um volume de terra e ar mais 0 conteddo onganico estendido arealmente sobre uma parte particu- lar da superficie terrestre durante um certo tempo”. Aparentemente o conceito pode ser aplicade a diversas escalas de grandeza espacial, desde que se mantenha a homogeneidade da comunidade biolégica e realizando a andlise dos fluxos em sua intera¢ao vertical. Entretanto, 2 aplicabilidade do termo refere-se principalmente aos sistemas ecoldgicos na escala local, referindo-se aos ecossistemas fluviais, lacustres, riparianos, corredores, manchas, etc. Os ecossistemas fluviais e os lacustres estao relacionados com os cursos d'agua e lagos. Os riparianos sio representados pelo ecossistema ao longo das margens dos rios, também chamados de metas ciliares ou matas galerias. Os corredores constituem faixas de determinada categoria ecoldgica, que diferem das dreas adjacentes em ambos os lados. As manchas sao areas esparsas, ndo- lineares, relativamente homogéneas e diferenciadas da circunvizinhanga. Um conjunto espacial padrio formado por ecossistemas (fluviais, lacustres, riparianos, etc), manchas e corredores representa o mosai¢o. Na contexto ecolégico, quando o mosaico ganha grandeza espacial maior, com agrupamento de ecossistemas locais repetidos de modo similar sobre areas de grandeza quilomeéirica, ha a composicao da paisagem. As categorias de ecossistemas locais constituem as elementos da paisagem. Em escala de grandeza maior, a regido seria uma drea composta de paisagens com 0 mesmo mactoclima e integrada conjuntamente pelas atividades humanas (FORMAN, 1995). Percebe-se que, no contexto ecolégico, somente nessa grandeza de escala a entidade idade Ree absorve as implicagbes das, atividades humanas, aumentando sua complexidade. Nos Ecossistemas, os fluxos.dominantes séo os da interagao vertical, pais abrangem as cadeias alimentares pelas quais fluem a energia, conjuntamente com os ciclos biolégicos necessérios para a reciclagem dos nutrientes essenciais. Nessa abordagem, og ecossistemas caracterizam-se pela produgia e fluxos de energia matéria necessérias para que a vida se mantenha e prossiga, visando a manutencao e permanéncia dos seres vivos do referido sistema ecolégico. Por essa 1a730, a anélise da biodiversidade, da estrutura e fluxos, a avaliagao dos recursos ¢ da estabilidade e as propostas de manejo geralmente sao referenciadas para a escala local Por outro lado, procura-se ampliat © uso do termo de ecossistema, visando aplicé-lo para designar conjuntos espaciais de elevada grandeza espacial, como no caso da floresta amazénica, pantanal mato-grossense, cerrados, mata atlantica. A justificativa faz-se em virtude da semelhanca paisagistica imperante nesses dominios biogeogréficos. Todavia, sia unidades de outro nivel hhierdrquico, compostas pela conjugacao de inimeros ecossistemas locais, Observa-se que a Ecologia é definida como o estudo das interacdes entre organismos e seus ambientes. Dessa maneira, corresponde ao estudo das estruturas e relacoes entre organismos vivos e entre os organismos e seus ambientes, especialmente comunidades de plantas ¢ animais, seus fluxos de energia e suas interagies com a citcunvizinhanca. A unidade representativa de andlise corresponde ao ecossistema, expresso mais adequadamente na grandeza da escala local, Entretanto, considerando que as paisagens sio descritas como mosaicos de ampla grandeza espacial, com recorréncia dos ecossistemas locais, também surgiram propostas para sua ampliagao aplicativa disciplinar, evidenciadas pelas designacées de Ecologia das patsagens e de Ecologia das regides, pata a anilise das unidades nessas grandezas escalares (FORMAN, 1995) IL — OS CONCEITOS DE AMBIENTE E DE PAISAGENS Duas consideragdes devem ser focalizadas para a devida insergao dos sistemas ambientais na evolucao da conhecimento, procurando esclarecer a adequa¢30 do conceito de meio ambiente € a abrangéncia das perspectivas.conceituais envolvidas com o estudo das paisagens. A —0 CONCEITO DE AMBIENTE substantive ambiente o adjetivo ambiental vém sendo empregados de forma generalizada e ampla, nas lides cientificas e jornalisticas, expressando variedade de facetas em seus significados. Muitas vezes ha incoeréncias e erros grosseiros em sua aplicacio. 0 termo ambiente possibilita ser aplicado a questdes que oscilam desde a escala de grandeza mundial até a microescala pontual. Pode-se falar do ambiente terrestre, dos ambientes continentais, dos ambientes oceanicos, dos ambientes lacusires, dos ambientes das plantas, dos animais e dos homens, do ambiente'de trabalho, do ambiente social, do cultural, etc. A palavra € a mesma, ‘mas diferentes sao os significados e a expressividade do fendmeno mencionado. Comumente também se fala do ambiente familiar e do ambiente de oportunidades. Para 0 contexto da problemética ambiental hé necessidade de utilizar conceitos definidos de modo mais preciso, com enunciados que permitam a operacionalizacao através do uso de procedimentos analiticos e critérios de avaliacao, Para essa finalidade, duas perspectivas podem ser lembradas. A primeira tem significdncia biolégica e social, focalizando o contexto e as circunstancias que envolvem o ser vivo, sendo 0 ambiente definido como “as condigdes, circunstancias influéncias sob as quais existe uma organiza¢ao ou um sistema. Pode ser afetado ou descrito pelos aspectos fisicos, quimicos € biolégicos, tanto naturais como construfdos pelo homem, O ambiente ¢ comumente usado para referir-se as circunstancias nas quais vive 0 homem” (BRACKLEY, 1988). Nessa perspectiva os seres, vivos so 0s elementos essenciais, inseridos em ambiente que 0s circunda, representando as condigies de vida, desenvolvimento e crescimento, incluindo os outros seres, vivos, o clima, solos, Aguas, etc. Por essa razio, 0s ecossistemas sao definidos como representando a comunidade de organismos interagindo com sew ambiente. Tambémn reflete-se no ambiente de vivencia na escala do ser humana. ‘A segunda perspectiva considera a funcionalidade Iinterativa da geosfera-biosfera, focalizando a existéncia de unidades de organizagao englobando os elementos fisicos (abisticos) e bidticos que compéem o meio ambiente no globo lerrestre. Sao as unidades que compdem as diversas paisagens da superticie terrestre Dessa maneira, o termo meio ambiente é usado como representando 0 conjunto dos componentes da geosfera- biosfera, condizente com o sistema ambiental fisico. Nessa perspectiva também prevalece a relevancia antropogenética, porque tais organizacies espaciais constituem sempre o meio ambiente para a sobrevivéncia, desenvolvimento e crescimento-das sociedades humanas. Nao referem-se, portanto, a escala individual do ser homano. - Sob essa perspectiva analitica, as sociedades humanas € seus inerentes sistemas de atividades sociais econémicas surgem coma sendo o foco de relevancia No universo sistémico, o meio ambiente & constituido pelos sistemas que interferem e condicionam as atividades sociais e econémicas, isto é, pelas organizagées espaciais dos elementos fisicos © biogeogrdficos (da natureza). Os sistemas ambientais so os responsaveis mepee 37 pelo fornecimento de materiais e energia aos sistemas sécio-econdmicos e deles recebem os seus produtes “ (edificacdes, insumos, emissdes, dejetos, etc). Quando se deseja analisar os sistemas ambientais, avaliar as questbes envolvidas na qualidade dos seus fluxos e componentes e as mudangas nas escalas espaciais do globo, regional e local, incluindo as dimensGes da presenga e atividades humanas, a segunda concep¢ao surge como a mais adequada. Por exempio, os temas e as propostas relacionadas com a Conferéncia Internacional sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, tealizada no Rio de Janeiro, a ECO-92, enquadram-se nessa perspectiva, © uso do adjetivo ambiental deve ser direcionado para categorizar os componentes ¢ as caractertsticas funcionais e dinamicas dos sistemas que suportam a existéncia dos seres vivos. Para 0 contexto s6cio-econdmico das comunidades humanas, os componentes biogeograficos passam a integrat 0 sistema ambiental fisico, refletindo a significancia de ser elemento de condicionamento ambiental para as atividades das sociedades. A modelagem de sistemas ambientais e os geralmente denominados estudos de impactos ambientais envolvem- se-com. essa.conotaggo conceitual,-Emt decorréncia, as mudangas ambientais implicam em alterages nas caracierfsticas € na qualidade dos componentes do sistema ambiental biofisico, que tenham relevancia & incidéncias para a vivencia das comunidades humanas, tais como a poluicao hidrica, poluicéo atmosférica, aquecimento global, perda da biodiversidade, etc. Além dos.ecossistemas, os geossistemas também representam entidades de organizacao do meio ambiente. ‘Anteriormente ié foi apresentada a nog de ecossistema. De modo preliminar pode-se mencionar que os geossistemas, também designados como sistemas ambientals fisicos, representam a organizagao espacial resultante da inseracaa das elementos fisicos e biologicos da natureza (clima, topografia, geologia, aguas. vegetapao, animais, solos). Eo campo de agao da Geografia Fisica. Os sistemas ambientais fisicos possuem uma expresséo espacial na superficie terrestre, funcionando através da interagao areal dos fluxos de matéria e energia entre os seus componentes. Assim, 08 ecossistemas locais sio integrados nessa organizacao mais abrangente e de maior complexidade hierdrquica. Dessa maneira, a natureza organiza-se e alcanga um equilfbrio ao nivel dos ecossistemas e geossistemas, que se expressam na composi¢ao fisiondmica da superficie terrestre: Por meio da ocupagaa e estabelecimento das suas atividades, os seres humanos wao usufruindo desse polencial e modificando os aspectos do meio ambiente, inserindo-se como agente que influencia nas caracieristicas visuais e nos fluxos de matéria e energia, modificando 0 “equilibrio natural” dos ecossistemas e geossistemas. Para avaliar aintensidade da agao humana ‘na modificagdo da meto ambiente, ao longo dos séculos, penetra-se no estudo dos impactos antropogénicos, que eS CGlacierizocso'do'sistema’dmbiental tem origem @ sdo causados pelas atividades sécio- econdmicas. No verbete elaborado por Susan PARKER (1988) para The Encyclopaedic Dictionary of Physical Geography, 0 impacto ambiental € definido como sendo “mudanga sensivel, positiva ou negativa, nas condigSes de saride ¢ bemrestar daé pessoas e na estabilidade do ecossistema do qual depende a sobrevivéncia humana. Essas mudancas podem resultar de acdes acidentais ou Planejadas, provocanda alteracées direta ou indiretamente”. Dessa maneira, sio considerados os efeitos © as transformagbes provocadas pelas acdes humanas nos aspectos do meio ambiente fisico e que se fefletem, por interac3o, nas condigdes ambientais que envolvem a Vida e as atividades humanas, © uso de adjetivo explicita um atributo ou fungao de um elemento. No contexto dos estudos de impactos e na modelagem deve-se, para clareza, distinguir os impactos bu efeitos da ago humana nas condigdes do meio ambiente natural (ecossistemas e geossistemas) ¢ os. impactos ou efeitos provocados pelas mudangas do meio ambiente nas circunstincias que envolvem a vida dos seres humanos. O uso do termo impacto ambientat deveria ser aplicado e utilizado, de mot ara essa segunda categoria de ocorréncias. A primeira telere-se aos impactos—antropogénicos (CHRISTOFOLETTI, 1993a). B — ROTEIRO PELAS PROPOSICOES SOBRE PAISAGENS 0 uso da termo paisagem esté relacionado com a palavra italiana paesaggio, introduzida a propésito de Pinturas elaboradas 4 partir da natureza, durante a Renascenga, significando “o que se vé no espaco”; “aquilo que o olhar abrange ...em um tnico golpe de vist campo da visdo". A paisagem é, portanto, uma aparéncia € uma representagao; um arranjo de abjetos vistveis pelo sujetto por meio de seus préprios filtros, humores e fins (BRUNET, FERRAS e THERY, 1992), Entretanto, parece que o vocabulo germanico Landschaft Seja 0 primeiro lermo a surgir, existindo jd na Idade Média, designando “uma regiio de dimensio média, 0 territério onde se desenvolve a vida de pequenas comunidades humanas” {ROUGERIE e BEROUTCHACHYVILI, 1991). Em virtude da sua conotacao estética, ocorren: desenvolvimento inicial relacionado com o paisagismo__ © com arte dos jardins. Em decorréncia do significado Aue expressa as caracteristicas panoramicas de um lugar, Somente no sécula XIX comiegow a Ser consideradz como objeto a ser estudado, encapsiiada nos trabalhos de Haturalistas € de gedgrafos, A terminologia expande-se Nos paises eurapeus, mas nem sempre os termos utilizados podem ser considerados como perieitamente sinénimos. ROUGERIE e BEROUTCHACHVILI (1991) salientam que a paysage francesa, em seu uso habitual, Caracteriza-se motmente Por um aspecto visual, Para nais adequado, _¢ * melhor expressar essa caracteristica, o vocabulétio anglo- saxdo prefere a palavra scenary em vez de landscape, © 6 holandés actescenta-lhe um Adjetivo vsueel lanudschap. O Landschajt germanico recobre tanto a tiogao de territério, préximo dos termos landscape e landschap, come 0 aspecto visual. No tocante 2 terminologia soviética, cujos seus préprios termos mesnost @ ourotchitche possuem um valor territorial, os gedgrafos julgaram necessério acrescentar o termo Landschajt, bbsorvido da literatura getmanica mas atribuindo-ihe uma conotagio cientifica, Sob a perspective cientitica dos naturalistas, a contribuiggo de Alexandre von Humboldt surge como pioneira © exemplar. Em sua obra Viagem as regides equinocias, em vez das classificacées taxondmicas ent3o reinantes, prefere “ressaltar a fisionomia do pays, 0 aspecto da vegetagio, ... e abranger tanto o clima e sua influéncia sobre os seres organizados, como o aspecto da paisagem, variada conforme a natureza do solo e de sua cobertura vegetal”, Em sua obra, é sob a perspectiva do interesse a respeito da paisagem que Humboldt estuda a vegetacdo, que ele considera como 0 dado mais significativo para caracterizar um aspecto espacial, Mas a0 se trata de “uma descrigso documentaria sobre as isagens: as diferenciacdes paisagisticas da vegetacao devem permitir discernir as leis que regem a fisionomia do conjunto da Natureza, pela aplicagao de um método por vezes explicativo e comparativo” (ROUGERIE e BEROUTCHACHVILI, 1991) No final do século XIX praticamente encontram-se estabelecidas as bases da Landschaftskunde, da ciéncia da paisagem, considerada principalmente sob uma perspectiva territorial, como expressées espaciais das estruturas realizadas na natureza e pelo jogo de leis lentificamente analiséveis. No inicio do século XX, 0 trabalho de S. PASSARGE, intitulado fondemens de la Landschaftskunde e publicado em 1904, representa a elapa inicial. Nessa mesma época, na Russia, em 1912 DOKOUTCHAEV expressou uma outra maneira de abordar 0s fatos ligados com a estrutura da natureza, definindo © complexo natural territorial. Na Franca. embora ndo se utilizanda explicitamente do termo paisagem, as caracteristicas expressivas dos pays e regides, nos componentes da natureza e nos oriundos das atividades humanas, toram-se elementos bésicos ha organizagao e desenvolvimento dos éstudas - ge0gtdficos, tendo como referencial a obra de LA BLACHE (1904) e as imimeras andlises regionais. Todavia, ha _. tendéncia maior para as descricées a respeilo dos aspectos dos elementos do quadro fisico (destacando as formas topogréficas) que sobre os aspectos das atividades sécio-econdmicas (com destaque para as paisagens turais), Em decorréncia das raizes naturalistas tornava-se compreensivel a valotizagao maior para a focalizar as “paisagens” morfoldgicas e da cobertura vegetal, surgindo a adjetivacao para estabelecer distingdes entre as paisagens naturais eas paisagens culturais, A tim de evitar maiores rupturas e contrabalangar esse context, surgiram proposigdes para que a Geografia “considerasse @ estudasse o fendmeno global da paisagem como um todo” (SCHMITHUSEN, 1942), e dentre elas destaca-se a-elaborada por Carl SAUER (1925), no trabalho The ‘Morphology of Landseape. Nessa contribuigao, o temo ‘paisagem é utilizado para estabelecer 0 conceito unitério da Geografia, porque a finalidade do trabalho ere de encontrar para essa disciplina um lugar preciso no campo do conhecimento. SAUER (1925) define a paisagem como ‘um organismo complexo, feito pela associarao especifica de fornias e apteendida pela anélise morfolégica. 0 contetido da paisagem é constituido pela “combinagao de elementos materiais e de recursos naturals, disponiveis em um lugar, com as obras humanas cozespondendo 30 uso que deles fizeram os grupos culturais que viveram nesse jugar”. SAUER (1923) salienta que se trata de uma interdependéncia entre esses diversos constituintes, @ no de ume simples adigio, ¢ que se toma convenient considerar 0 papel do tempo, explicitande que “afirmamos ... que a Srea (da paisagem) tem uma form: uma estrutura, um funcionamento e uma posi¢do no sistema, © que ela esté sujeita a0 desenvolviment “aiidaacas, apertercoamiento’. ~ Dessa maneira, SAUER (1925) considerava 2 Geografia como sendo uma “fenomenologia das paisagen: Com o evoluir do conhe- cimento geografico e ecoldgico e em face de perspectivas mais abrangentes sobre as caracte- risticas da natureza, indmeras propostas foram sendo apresen- tadas pera definir e delinear as unidades componentes da perficie terrestre, Uma proposigao inicial encon- ta-se relacionada com a Ecologia da Paisagem. A designagio Ecologia da Paisagem foi intro- duzida pelo gedgrafo alemao Carl Troll, em 1938, e que poste- riormente também usou o.termo Gevecologia. Troll considerava 0 nascimento..da Ecologia. da Paisagem como sendo o resultado do casamento enire a Geografia (Paisagem) e a Biologia (eco logia). A perspectiva do geégrafo salientava que a preocuparao nia devia se restringir apenas as paisagens naturais, mas também focalizar as paisagens incluindo 0 homem. Essa ‘oLmaA FORMAS E RELEVOS pl ne ere Oa ane ns de ambiente ede potsagens "39 tos de ambier culturais @ os aspectos sdcio-econdmicos também deveriam ser considerados. Em conseqiiéncia, TROLL (1938) visualizava a aplicagao da Ecologia das palsagens 0s propésitos humanos, tais como ao desenvolvimento das terras, planejamento regional e planejamento urbano. VINK (1983) considera a Ecologia da paisagem como sendo a disciplina “que tem a paisagem ou geosfera como © fundamento chave do meio ambiente para as comunidades de plantas, animais e homem’”. Dessa maneira, a paisegem, “incluindo todos os seus fenémenos ® processos, pode tembém ser considerada como suportando ecossistemas”. Em seus objelivos, a Ecologia da paisagem direciona-se para o estudo das *relagées entre individuos ou grupos de organismos em uma determinada area da superficie da terra”, investigando porianto as relagGes entre a biosfera e a antroposfera e as relacdo entre ambas com os componentes abisticos. Salienta-se a relevancia bio-ecoldgica para com os seres vivos, pois 0s elementos abiéticos surgem apenas como fatores condicionantes e nao como passivel de compor sistema individualizado. A figura 3.1 representa o modelo elaborado por ZONNEVELD (1972), indicando a posi¢ao da paisagem no contexio ecolégico, enquanto 0 quadra 05 tipos de dados necessérios para predizer swore: VEGETACAO, ~~ ROCHAS perspectiva Figt7a 3.1 ~ Modelo de paisagem no contexto ecoldgico. As linhas assinatadas em 1 indicam isagens 7lasées de dependéncia em graus diversos, enquanto a linha em 2 indica as duas principais implicava que as palsagens, alimencagdes (adapiado de Zotineveld, 1979) Escala depo “pos da ima Toon aie ger a8 : es reacte Tana pee P Comunidad os Tesora ss des pos 2 ecossisa Sie ECOSSISTEMA Cina Tonia Compost jaw | [easeeamrncsze : yes scominssa oitnge | (ts ecto as pales risoelma Micctepograta 36 decompo Disco espace! || Aapacd mora dara rene ||" css plas pare aa sponionéade de || seas de tengo destnesetenuras || sore ago ® Sgianasentes || anal cvesos aos do5 se ners : POPULAGAO E PLANTAS Cina Toposrata Carctristicasfsias sine er res | | eee & ba eee ‘consumidores earpono x ni ima (folhas} riceeira || Mrtpogatia i ae ee eae Genética vegetal Simbiota eee | | neaeaerual ‘5 processos ecossistémicos ocorrentes em diferentes escalas de andlise. A perspectiva da andlise integrada do sistema natural tornou-se lema marcante na obra de Jean Tricart, surgindo de modo explicito 20 considerar a Terra como planeta vivo e a ordenagia do meio natural (TRICART, 1972; 1973), Essa proposigdo torna-se mais sistematizada com o delineamento da Ecodinamica (TRICART, 1976; 1977] ea focalizagao da andlise sist@mica do meia natural (TRICART, 1979). Em seu desenvolvimento conceitual e analitico, propde de maneira especitica 0 campo da Eco- geografia € as suas aplicacdes para a ordenarao do meio natural (TRICART e KILLIAN, 1979; TRICART e KIEWIETGeJONGE, 1992) Ill — GEOGRAFIA E GEOSSISTEMAS A complexidade do sistema ambiental iisico,-como entidade individualizada, toma-se compreensivel quando focalizada_sob a perspectiva da anélise geografica. A |) Geografia ¢ a disciplina que estuda as organizagdes ") espaciais, Para delinear 0 contexto integrador dessa <4 abordagem, deve-se inicialmente focalizar aspectos relacionados com objeto e tematica dessa disciplina Quando se procura definir a categoria de fendmenos que constitui o objeto de uma determinada disciplina, deve-se atentar pata o fato de que essa categoria tem que expressar a linhagem que marca a sua continuidade Quadro 3.1 — Os tipos de dados necessdtrios para predizer os processos ecossistémicos acorrentes em diferentes escalas de andlise e caracteristica éssencial, como disciplina individualizada, a0 longo da evolucao histérica, embora sempre incorporando as inovaces ¢ as novas abordagens clentificas. Tais incorporagSes so realizadas pela e para a teferida disciplina, a fim de esctarecer e precisar seus conceitos ¢ ampliar seu arsenal técnico. Mas 2 sua problemdtica analitica quanto ao objeto permanece a mesma. Ao focaiizar a questdo da definicao e objeto da Geografia, em diversas oportunidades, CHRISTOFOLETT! (1983; 1986-1987; 1990b; 1993b) vem tecendo consideragdes salientando que a proposta trabalhada em torno do conceito de organizagao espacial, como sistema funcional e estruturado espacialmente, é potencialmente a mais adequada, incorporando o conteddo inserido em todos os demais enunciados e a abordagem holistica do cenério cientifico atual, para desenvolver a compreensio da categoria de fendmenos que a individualiza e a diferencia das demais disciplinas, Em 1983 a proposta j4 ndo-era original nem nova. Fermentava quando BERRY (1964) assinalava que “o ponto de vista geografico é espacial e que os conceitos e processos integrantes do gedgrafo relacionam-se com as disposicdes & distribuigdes, com a integracao espacial, com as interagies & organizacdes espaciais e com os processos espaciais”, e ganhava maior concatenagao com as obras, de ABLER, ADAMS e.GOULD (1971) e de MORRILL (1974). ORGANIZACAO. <5 FEM | séco-econtmico eee Geossistema > ESPACIAL Figura 3.2 — Estrutara conceituat da organizagao espacial ¢ envotvimento com disciplinas subsididrias SISTEMA, GEOSSISTEUA ‘S0CI0-ECONOMICO Clima} sob Agricultura }— indistria ‘Aguas Popilagao | |— vegetagao] _urbano_}—= Mineral Figura 3.3 — Estruturacdo do geossistemea e do sistema sdcio- econdrnico Deve-se inicialmente lembrar que 0 termo organizagao expressa a existéncia de ordem e entrosamento entre as partes ou elementos componentes de um conjunto. O funcionamento e a interagao entre tais elementos s8o resultantes da acdo dos processos, que mantém a dindmica e as relacdes entre eles. Essa integracao resulta num sistema organizado, cujo arranjo e forma so expressos pela estrutura, Se hd possibilidade para se distinguir diversos tipos de organizacio, as de interesse geografico sao as possuidoras da caracteristica espacial Para a Geografia, a nogao de espaco envolve a presenga de extensio ou Area, usualmente expressos em termos da superficie terresire. A caracteristica espacial, que se toma a mais relevante para a Geograiia, indica que 0 objeto dessa disciplina deve ter expresso areal, territo- rial, materializar-se visualmente em panoramas paisagisticos perceptiveis na superficie terrestre. Constitui a°sua fisionomla, a sua paisagem, a sua aparéncia Todavia, deve-se evitar cometer enganos: a Geografia nao, €0 estudo do espaco nem simplesmente dos lugares, mas sim da organizacao espacial. A dimensio espacial € atributo e qualitative pare caracterizar inicialmente 0 objeto de significancia geogréfica, mas no constitu o objeto-da Geografia. Por-outro lado, o lugar pode ser considerado como a menor entidade na qual se renem € se materializam aspectos dos elementos e das variaveis geograficas, compondo uma escala de grandeza da organizagao espacial. Neste sentido, representa a menor entidade espacial relevante 8 anélise geografica, mas nao constitui a tnica categoria de grandeza espacial passivel de representar o objeto da Geografia. Ha necessidade de se compreender que as unidades funcionais dos lugares HRT enero een enhieay “ Geografia € geossisremas encontram-se em conexao funcional com outros lugares. ‘Aunidade estruturada e funcional entre os lugares forma a regido, que constitui outra grandeza escalar de organizagao espacial. Em outras palayras, constitui a~ organizagao (espacial) regional. Esse aninhamento escalar possui varias outras grandezas, até atingit a grandeza do globo terrestre, correspondendo a organizacao espacial global. ‘Ao se estabelecer a organizagao espacial como objeto da Geogralia, surge as bases para se compreender a sua unicidade e precisar 0 vocabuldrio das suas subdisciplinas. Todas as escalas de organizagies espaciais s80 representativas do conjunto que compée a categoria do objeto da Geografia. Cada organizacao espacial engloba em si mesma os componentes e as varidveis dos seus elementos, Entretanto, elas devem ser compreendidas adequadamente em seu aninhamento hierdrquico na escala espacial. Na escala do globo terrestre, hé apenas uma organizagao espacial. Em hierarquia menor, a grandeza da escala espacial diminui e distinguem-se udrias unidades de organizacao espacial. A medida que se prossegue no escalonamento da grandeza espacial, até chegar ao nivel do lugar, a quantidade de_unidades_existentes em cada nivel hierdrquico vai aumentando progressivamente. ‘A Geografia 6 a disciplina que estuda as organizagées espaciais. Com base em seu objeto de andlise, pode-se esquematizar as relagdes com os fendmenos analisados em diferentes disciplinas (figura 3.2). Englobando a estruturacdo, funcionamento e dinamica dos elementos fisicos, biogeograficos, sociais e econdmicos constituem os sistemas espaciais da mais alta complexidade. Sob a perspectiva sistémica, dois componentes basicos entram em sua estruturacdo e funcionamento, representados pelas caracteristicas do sistema ambiental fisico e pelas do sistema sécio-econdmico. O primeiro constitu 0 campo de acao da Geografia Fisica enquanto 0 segundo corresponde ao da Geografia Humana, (Figura 3.3} ‘A Geogratia Fisica, como subcanjunto da disciplina Geogratia, preocupa-se com o estudo da organizagao espacial dos sistemas ambientais fisicos, também denominados de geossistemas. Como a expressao concreta na superficie terrestre constitui a relevancia espacial para a dnélise geogrifica, torna-se necessario que os componentes do geossistema surjam ocupando territérios, que sejam visualizados em documentos tais ‘como fotos aéreas, imagens de radar e de satélites e outros documentos, sendo sensiveis observagao visual. Deve se também distinguir as fontes fornecedoras de energia ¢ matéria, responsaveis pela dindmica do sistema, @ a3 redes de circulagao envolvidas nos processos de interago, servindo de canais aos fluxes. No geassistema, a topogratia, a vegetagio, os solos € as aguas preenchem tais requisitos, mas o clima nao é componente materializavel e visivel na superficie terrestre, embora seja perceptivel e contribua significantemente para se sentir e perceber a8 paisagens, | Todavia, o clima é fator fundamental para o geossistema pois constitui o fornecedor de energia, cuja incidéncia repercute na quantidade disponivel de calor e agua. O clima surge como o controlador dos processos ¢ da dindmica do geossistema, mas nao como elemento intrinseco e integrante na visualizagio da organizacdo espacial. Essa nogao pade ser operacionalizada sob diversas grandezas na escala espacial. ie De modo semelhante, o componente representado pela geodinamica e estrutura geoldgica também surge como condicionante na organizacao do geassistema, em virtude de potencializar as caracteristicas topogréficas e dos so- los. © componente geodinamico atua pelas forgas responsdveis pelo surgimento de aspectos ¢ lineamentos na superticie, desde a grandeza das morfoestruturas continentais até a escala das fraturas e didclases, assim como pela ecorréncia de fendmenos sempre ativos, 13is como abalos sismicos e vulcanismo, Todavia, sob a perspective da andlise geografica, como se deve conhecer adequadamente a estrutura e 0s mecanismos da circulagdo atmos{érica para se compreender as caracteristicas climaticas, também se deve conhecer a estrutura a dindmica da crosta terrestre para se compreender as caracteristicas topogrdficas © a ~>disponibilitade dos recursos minerats ‘ Os sistemas ambientais fisicos representam a “) arganizagao espacial resultante da interagdo dos | elementos componentes fisicos da natureza (clima, topogratia, rochas, aguas, vegetacdo, animais, solos) possuindo expressdo espacial na superticie terrestre © representando uma organizagao (sistema) composta por (elementos, funcionando através dos fluxos de energia e matéria, dominante numa interagio areal. As combinagdes de massa e energia, no amplo controle energético ambiental, podem criar heterogeneidade interna no geossistema, expressando-se em mosaico paisagistico. Ao lado dos fluxos verticais de matéria e energia, em funcao dos diversos horizontes estruturais dos ecossistemas, ha os fluxos na dimensio horizontal conectando as diversas combinacdes paisagisticas internas do geossistema, A proposta ligada ao uso do termo geossistema possui uma historia, SOTCHAVA (1962) introduziu 0 termo geossistema na literatura soviética com a preocupacdo de estabelecer uma tipologia aplicdvel aos fenémenos geograficos, enfocando aspectos integrados dos lementos naturais numa entidade_espacial_em substituigao aos aspectos da dindmica bioldgica dos ©! _ecossistemas (figura 3.4) Sotchava, a principal ~ Concep¢o do geossistema exo da natureza com a sociedade, pois embora os geossistemas sejam fendmenos naturais, (odos os fatores econdmicos e sociais influenciando sua estrutura e particularidades especiais sao levadas em consideragio durante sua andlise {SOTCHAVA, 1977). Satchava salienta que os *) _geossistemas sio sistemas dindmicos, flexiveis, abertos Ate hierarquicamente organizados, com estégios de evolucdo temporal, numa mobilidade cada vez maior sob a influéncia do homem, 0 elemento bésico para a classificagao € 0 espace e tudo 0 que nele est contido em integragdo funcional, e do ponto de vista geografica em trés escalas: topologia, regional e planetéria. Em escala decrescente de categorias distingue geossistema, gedcoros, gedmeros e gedtopos. Esta perspectiva conceitual engloba a abordagem tradicional inserida na literatura soviética, dedicada aos estuiios dos complexos geogralicos naturals, cuja abordagem taxo-corolégicas sobre as categorias de complexo naturais encontra-se exemplificada no quadro 3.2. BERTRAND (1972) define geossistema como “situado numa deierminada porcéo do espaco, sendo o resultado da combinacao dinimica, portanto instavel, de elementos sicos, bioldgicos e antrdpicos, que fazem da paisagem um conjunto'tihico e indissociavel, em perpétua evolucao”, Partindo dessa conceituagao, Bertrand propoe um sistema taxondmico de hierarquizacao da paisagem constituido por seis nivets témporo-espaciais decrescentes. Nas chamadas unidades superiores encontramos 3 zona, 0 dominio e a regiio correspondentes as grandezas de | a IV de TRICART (2965), onde os elementos climdticos ¢ estruturais s0 Mais relevantes. Ag grandezas de V a VIll da classilicagao de Tricart correspondem 8s “unidades inferiores", onde estdo 0 geossistema, 0 geafacies ¢ 0 gedtopo, caracterizados pelos elementos biogeograficos & ante6picos. © geossistema resultaria da combinacao de um potencial ecoldgico (geomorfologia, clima, hidrologia), uma exploragao bioldgica (vegetacao, solo, fauna) e uma agdo antrépica, nao apresemanda, necessariamente, homogencidade fisionémica, e sim um complexo essencialmente dinémico. Essa unidade abrange escala de alguns quilémetros quadrados a centenas de km’, podendo ser decomposia em unidades menores fisionomicamenté homogéneas, representados pelos geofacles e gedtopos, O geoficies, correspondendo a um setor fisionomicamente homogéneo que se sucede no Geossistema Figura 3.4 — Esquemas estruturais de geosststema e ecossistema, conforme 5. Preobrajenski (adapeado de Haase, 1976) C ~ Clima; A = Agua; R = Relevo: B= Biosfera; S = Sociedade: PL = Pedasfera e Litasfera GEOMEROS ‘Série de tipos de meios ambientes, ‘naturals (séries de palsagens) “GEGCoROS Areas tisico-geogrticas Grupos de ragioes 5 Planeta “Tpos de melas ambienies 5 : Disb08conthentals can as — = A pon de paltgena ibe ico googratena { paistoers) D Zonais ou alfitudinais asses de geomas 2 a Grupo de. provingias Subclasses de geomas A un natal a a a Regional Grupa de Geomas Provinls ou subzena ul de geomas: Cartogratia “\ Provincias: Suan ase 4/1.000.000 Trisates Geomas(andseraty Escaas Nacrogaccoros (aedos nos tpe0 de leos) cenogrtcas| (grupo de SSS a Hay a 5 i inferiores 1100.00 Glassae de ies (meanest pases associagao ligadas a um relavo: Topogedcoros en ae saloagen 195.009) ' ipo de is (Outten alsagem « leo sesogiagto gad a una oma (grupo sites agan ia = nou *90.000 ar orogedcoras —{combinagao tipalégica primatia).. a “ Microgedcaros itz tepetgcas ‘1.000 Facies elementar, facies, individual, Romogéneo se for biogeacenase Isachenko, 1972) Fempo € no espaco no interior de um geossistema, possui também potencial ecoldgico, exploracao bioldgica e argo antrépica, estando sujeita 3 biostasia e resistasia, Os Bedtopos correspondem ao diltimo nivel da eccala kemporo-espacial de Bertrand, apresentando, geralmente, condigGes diferentes do geossisiema e do geofacies em que se encontram. Constituem a menar unidade homogénea diretamente visualizada no terreno, epresentando o tefiigio de biocenoses otiginais, por vezes relictuais ou endémicas, MONTEIRO (1978) considera que o geossistema Gonstitui um “sistema singular, complexo, onde interagem os elementos humans, fisicos, quimicos e biolégices, ¢ onde os elementos sécio-econdmicos no constitusm um Sistema antagénico e oponente, mas sim esto incluidos no funcionamento do sistema”. Nesta proposta surge Possibilidade de se confundi-la com a abrangéncis da organizacao espacial, No geossistemas, os predutos do sistema sécio-econamico entram como inputs ¢ inlerferem nos pracessos e fluxos de matéria e energ Repercutindo inclusive nas respostas da estruturaeao espacial geossistémica Percebe-se, nessas proposigdes, que SOTCHAVA (1962; 1977) e BERTRAND (1972) procuram estabelecer ums determinada escala de grandeza especifica para 0 Beossistema, ¢ propondo subdivisies baseadas nos Espago elemeniar {heteroaéneo se far cada de Diogeocenoses) aspectos biogeogratico das paisagens. A questéo do aninhamento hierérquico espacial é crucial, pois hi Recessidade de se estabelecer a seqiiéncia interativa desde a escala do lugar até a escala do globo terrestre, pois obviamente repercutem no discernimento dos sistemas ambientais Se levarmos em conta a grandeza da escala mundial, © planeta Terra pode ser visualizado como um Seossistema. As caracteristicas de cada elemento sao Peculiares € os fluxos de energia e matéria podern ser €stabelecidos e mensurados. H§ estruturacao, funcionamento ¢ organizac3o, possibilitando que Sistema global alcance um estado de equilibrio, cuia estabilidade apresenta determinada amplitude na sua tesiliéncia. As mudancas ocorrentes no fornecimento 2 fos fluxos de energia e matéria podem ultrapassar 6 especito da resiliéncia, desestabilizandova geossistema £ Promovendo readaptagdes para outro estado de equilfbrio. Toda a problematica das mudancas ambientais slobais, como o do aquecimenta da atmosfera, encaina, Se nesse contexto conceitual e analitica. 0 diagrama expresso pela figura 3.5, elaborado na perspeciiva da Programa Intemational da Biosfera-Geosfera, assinala as relagdes entre os sistemas climatico, bioquimico e social © as aces das forcas externas, Dinamica @fislea da atmostera Mudanga clirndtica’ a7 ty Atividades iE a ay 4 3 a Umidade global fe solo Gases estuta| Ba\ yy" ay 44) = ee ce ‘abe | ny Quimica tropostériea 4 Poluentes, gases estuta susnnenees ] SISTEMAS BIOGECQUIMICOS "Figura 3.5 — Relagies estruturais enre os sistemas climdtico, biogeoquimico e social ea acdo das forgas externas (diagrama de As mudangas ambientais incluem ampla gama de transformagGes que ocorrem na superficie terrestre Envolvem mudangas globais e setoriais nos elementos ar, gua, terra e seres vivos, consubstanciadas nos estudos sobre as caracteristicas quantitativas e qualitativas delineadas nas pesquisas em Climatologia, Hidrologia, Oceanografia, Geomorfologia, Pedologia, Geologia, Biologia e Ecologia, por exemplo, e na anélise das suas { implicagdes e mudancas nas organizagies espaciais (Geogratia). Obviamente, nos estudos das mudangas ambientais sao essenciais os parametros espacial (envolvendo a expressividade areal do territério © a variabilidade espacial dos fendmenos) ¢ temporal (envolvendo a tendéncia, a variabilidade temporal e a no¢ao dinamica da evolugio), assim como a anslise do estado e do funcionamento do sistema no momento atual. Envolvem também os estudas focalizando os sistemas em sua complexidade, através de abordagens holisticas, considerando a estrutura, o funcionamento interativo ¢ dinamica evolutiva dos sistemas ambientais. A mesma Preocupa¢ao pode ser reaplicada para as escalas subjacentes da hierarquizacao espacial dos geossistemas. Independentemente da aco presenga humana, 3 hatureza fisico-biolégica do sistema terrestre organiza- se ao nivel dos ecossistemas e geossistemas, Todavia, essas abordagens passei a integrar © considerar as interferéncias das atividades humanas, que sio fatores influindo nas caracterfsticas e nos fluxos de matéria e energia, modificando 0 equilibrio “natural” dos ecossistemas © geossistemas. A intensidade da ago - Bretherton, no contexto do Programa Internacional Biosfera — Ceosfera) humana vai modificando a superficie terrestre, ao longo dos séculos, ¢ a prépria dimensao do Holoceno pode ser analisada como sendo uma “hist6ria ambiental”, marcada pela modificacao crescente na fisionomia da superficie terrestre (GOUDIE, 1986; ROBERTS, 1989; TURNER et al,, 1990; SIMMONS, 1993; 1996). Ao lada dos eventos Que ocorrem no comportamento dos elementos ambientais fisicos (analiticamente focalizados pela Meleorologia, Climatologia, Hidrologia, Biogeogralia, Geomarfotogia, Tectonica, Geodinamica, etc} enquadram- se lambém o8 efeitos ocasionados pelas atividedes humanas (urbaniza¢io, industrializacdo, exploracio mineral, usos agricolas do solo, construcao de vies de transporte, etc), Portanto, na perspectiva holistica de anilise dos sistemas ambientais fisicos no se pode excluir 0 canhecimento provindo dos estudos sobre os sistemas sdcto-econémicos, considerando os seus componentes € processos, sem omitir 0 estudo sobre 0 comportamento e a tomada-de-decisées potiticas. Coma os geossistemas possuem grandeza territorial, 2 caracterizagao espacial torna-se aspecto inerente. Por #85 razdo,-$ preciso que se faa o estuda analitico da moriatogia ¢ do funcionamento dessas unidades. Por outro lado, como sistemas abertos, possuem Telacionamentos com outros sistemas, senda também Recessdria conhecer as relacdes internas entre os componentes e as interacdes entre sistemas dilerenciados. Todavia, ndo se pode esquecer que o padrao espacial observavel e os aspecta do sistema atual representam Tespostas a um continuum evolutivo, & seqiéncia de eventos que se sucedem 20 longo do tempo. O estudo da dinamica ¢ essencialmente realizado em determinads “Brandeza da escala temporal, pois reflete as ajustagens wsinternas & magnitude dos eventos, mantendo a sua integridade funcional ou se reajustando em busca de mudancas adaptativas as novas condigdes de fluxos, Nesse contexto, ganham importancia os conceitos de estabilidade, funcionamento, resiliéncia e evolugio. As fases das andlises morfologica, funcional e dinditica sao inerenterente ligadas, mas podem ser processadas de modo independente e constituem giabalmente a erspectiva relacionada com a compreensio dos sistemag ambientais fisicos. Com base nessa compreensao da unidade complexa desenvolvem-se, em decorréncia, os Procedimentos avaliativos da potencialidade e¢ das atividades de uso, o manejo eo planejamento. E também 9 uso de valores relacionados com a degradacao, Tecuperagao e sustentabilidade ambientais A Geografia Humana, como subconjunto da Geografia, analisa a organizagao espacial dos sistemas socio. ®condmicos. Em sua composicao encontram-se os elementos ligados com as cidades, uso do solo ruta, indtistrias e redes de circulac3o. Tais elementos tomar, —S8.08 componentes materializéveis e expres: Panoramas paisagisticos da estruturacdo espacial. Nos sistemas sdcio-econdmicos, a funcao essencial de controladora dos processos e da dinamica dos sistemas € exercida pelo grupo humano ou sociedade. As Potencialidades do grupamento humano ou da sociedede condicionam os processos e a dinmica atuantes nos clementos urbano, rural e industrial, sendo os agentes basicos para esse conjutito de processos responsaveis Pela estrutura espacial do sistema. Por exemplo, nas Cidades a concentracio humana gera aumento de energia S6cio-econdmica para as atividades de produgao ¢ consumo. A potenciatidade financeira do grupo huano Bera capitais que estimulam e ativam processos de mecanizacdo agricola e de uso da solo e produtividade industrial, A capacitagdo educacional Potencialidades para o desenvolvimento cientifico ¢ tecnolégico. O desenvolvimento da informética propicia © uso € 0 manejo da informagao, com repercussées pata as tomadas-de-decisio gerenciais e potticas. Obviamente, a8 conseqiiéncias repercutem no fluxo de capitals, no Comércio, no transporte e estrutura interna do sistema, Os aspectos € os processos dos sistemas socio. Scondmicos sio.controlades. pelos. atributos. cultural, fociais, econdmicos e tecnolégicos do grupamenio -humano, da sociedade em seu conjunto.oui de suse classes sociais, pois nio ¢ apenas a quantidade ou a lade de pessoas que se torna significativa, mas 2 Qualidade potencial desses seres, As conceitualizardes para a anélise e modelagem sto similares em todas as escalas de grandeza e hlerarquizagSo dos sistemas ambientalsfisicos, De modo semelhante, essas perspectivas devem ser aplicadas no estedos sobre a reconstituigéo de organizagoes do eis nos assado e nos procedimentos simulatérios a respeito de cenérios futuros. A expressividade das escalas espacia resulta em intmeras organizacdes individualizadas, 20 longo da historia ou na distribuiigdo espacial na superticie. terrestre. Por essa razio, nao se deve estranhar Categorizacbes ¢ enunciados ligados com as estruturas ¢ comportamentos caéticos, assinalando que “os sistemas Beolisicos e os geograficos sao caracterizados pola ex. (rema variabilidade espacial e temporal, estruturas fractais abarcando ampla espectro de escalas e dinamice nao-linear” (LAVALLEE et al, 1993), IV — A APLICACAO DE ABORDAGENS HOLISTICAS, A TEMATICA DOS IMPACTOS NAS CARACTERISTICAS AMBIENTAIS E 0. PROBLEMA. DO ESCALANTE ESPACIAL Tres consideracdes tornam-se oportunas, como fematicas inerentes a modelagem. A primeira versa sobre © desenvolvimento no uso da aplicagio de abordagens holisticas para a compreensao dos fendmenos inseridos fg campo dos sistemas ambientais, enquanto a segunda ~Tefere-se-3-focalizacio dos estuddos sobre os impactos antropogénicos nas caracteristicas ambientais, A terceira enconta-se ligada com a questao do escalante espacial 4 ~ 0 DESENVOLVIMENTO DAS ABORDAGENS HOLISTICAS ‘8s contribuigées explicitanco propostas de abordagens holisticas na anélise de sistemas ambientais sao Rumerosas. Constituem referencial basico a nortear a conceitualizacao, estruturac3o, andlise e avaliagio dos Sistemas em funcao das atividades de ensino, de pesquisa & de aplicabilidade, n3o importanda em qual eseala de Brandeza espacial se deseja focalizar. As proposi¢des também nio se restringem apenas ao estudo dos componentes do sistema ambiental, mas procuram também tratar das interacgdes entre os sistemas ambientais os sistemas sociais e econdmicos, em busea da compreenséo do sistema de organiza¢ao espacial bases para as proposias de planejamento ¢ desenvolvimento sustentavel Todavia, deve-se registrar que a concepeio de se utilizar unidades espaciais complexas, como um todo de natureza integrada representando unidades interativas de lugares e regides, nao € nova no conhecimenta Seogralico. A antiga civilizacdo grega jé apresentava conceitos para explicar a sua visao de mundo considerando as relacdes consistentes ¢ explicativas en. ire clita e sociedade, ou entre climas e compottamento humano, A palavra clima tem sua origem na iz grega ara inclina¢do. Como os gregos eram sensiveis ans cfeitos da latitude sobre 0 clima, © considerando « inclinagao aparente do sol, dividiram habitualmente 0 hemisfério em cinco climas de 18 graus de latitude cade um; nessa divisao, o clima tornava-se sindnimo de zona, De modo semelhante encontram-se referenciados os tipos de humores distinguidos por Hipécrates, conisiderando a influéncia. dos climas. A proposigao conceitual sobre aS regides, desenvolvida entre os gedgrafos franceses, exemplifica uma afinidade quase organica das comunidades com o meio. ambiente fisico. A funicionalidade integrativa das regides na face da Terra transparece explicitamente desde as obras de Carl Ritter. A concepeao holistica também constitui a base para a obra de Alexandre von Humboldt. A nogao de ecossistema, como sendo sistema interativo e dinamico elacionando conjuntamente plantas, animais e materiais inorganicos em determinada drea, jé se tornou de dominio comum. A nogao de totalidade, em termos do materialismo histérico, também representa uma concepeao holistica. Mais recentemente ganhou destaque a proposicao sobre Gaia, elaborada por James LOVELOCK, cuja apresentagao encontra-se melhor delineada na obra As eras de Gaia (LOVELOCK, 1991), A concepgdo de geossistema, advinda dos pesquisadores soviéticos (SOTCHAVA, 1976), introduzida na Franga por Georges Bertrand no final da década de sessenta (BERTRAND, 1968), e a estruturacdo da “Ecologia da Paisagem” ( He LIEBERMAN, 1984; _ 1994; LESER, 1991) enquadram-se no contexto das abordagens holisticas para o estudo dos sistemas ambientais. A perspectiva holistica encontra-se explicita nas proposigGes relacionadas com a ecodinamica e Eco- geografia TRICART (1976; 1977; 1979; TRICART e KILLIAN, 1979; TRICART e KIEWIETdeJONGE, 1992). Uma minuciosa revisao histérica elaborada por ROUGERIE e BEROUTCHVILI (1991) recompée o envolvimento das conotagées Jigadas com o estudo das paisagem, considerando as perspectivas desenvolvidas na Unio Soviética, Alemanha, Poldnia, Franca e outros. paises, cujas nuangas designativas sao expressas pelos termos de Geografia das Paisagens, Ecologia das Paisagens, Ciéncia da Paisagem, Sintese das Paisagens, Geofisica das Paisagens, Geoquimica das Paisagens, Etologia das Paisagens, Geosinergética, Geoecologia, Geossistema, Ecogeografia, etc. Todavia, desde 1938 quando Carl Troll criou o termo de Landschaftsakologie, tanto na antiga Alemanha Oriental como em outros paises © contexto inerente as diversas denominagdes engloba uma visdo renovada e moderna da Geografia Fisica, no tocante ao estudo de objeto expressando unidade complexa ¢ interativa, Em todas essas nuangas verifica- se a proposicao de abordagem holistica, tendo coma subjacente os fundamentas ligados com a teoria dos ~ sistemas. 7 7 ROUGERIE e BEROUTCHVILI (1991) evidenciam, também, mudanca na posicao de relevancia entre os componentes do quadra iisico, cuja valorizag3o maior passou do elemento geamorfoligico para 0 biogeografico, na estruturagio dos panoramas visuais da superficie terrestre. Por outra lado, o contexto analitico envalve-se com.a estruturagao. (padrao espacial), dinaimica do funcionamento (fluxos e interagdes) e evolugao (transformacao na escala temporal). Nao s6 se enriquece com o diagnéstico e andlise, mas ganha amplitude com aavaliagao do estado (condigdes do funcionamento, em estabilidade ou nao) e da sua potencialidade como recurso disponivel para o estabelecimento das atividades humanas. Obviamente, as relacdes bidirecionais entre 0 sistema ambiental fisico e 0 sistema sécio-econdmico ganham relevancia, redundando em escala hierarquica mais complexa representada pelas unidades de organizagao espacial. Entretanto, a perspectiva holistica mais desenvolvida e abrangente no cenério das atividades geograticas encontra-se relacionada com a andlise de sistemas, oriundas das contribuigges de BERTALLANFY {19335 1950; 1951; 1973), com base na Biologia tearética, e de PRIGOGINE (1947; 1980; 1996) e de PRIGOGINE e STENGERS (1984a; 1984b; 1992}, com base nos sistemas dinamicos da Fisica e Quimica. CHORLEY e KENNEDY (1971) salientaram a o aspecto conectivo do conjunto, formando uma unidade, escrevendo que “um sistema é ‘um conjunto estruturado de objetos €/0u atributos. Esses objetos e atributos consistem de componentes ou varidveis (isto é, fendmenos que sio passiveis de assumir magnitudes Varidveis) que exibem relagoes discerniveis, um com 08 outros € operam conjuntamente come um. todo complexo, de acordo com determinado-padrao”. Mais recentemente, ao fazer breve reviséo sobre a teoria, de sistemas, HAIGH (1985) assinalou que “um sistema € uma totalidade que ¢ criada pela integrago de um, conjunto estruturado de partes componentes, cujas interrelacdes estruturais e funcionais criam uma inteireza que nao se encontra implicada por aquelas partes Componentes quando desagregadas". O concelio de “sislemas’ foi introduzido na Geomorfologia por CHORLEY (1962), e varios aspectos dessa abordagem foram consideradas por CHRISTOFOLETTI (1979), STRAHLER (1980), HUGGETT (1985) e SCHEIDEGGER (2991). ‘Ao mostrar a aplicabilidade da abordagem dos sistemas dinamicos nos estudos sobre os deslizamentos, HAIGH (2988) assinalou que, no tocante a entropia, um sistema pode existir em um dos trés seguintes estados: a) um sistema poderd criar entropia durante suas atividades, de modo que poderd passas por desarranjos conforme a segunda lei da termodinamica. A primeira lei-da-termodinamica é a da conservacao da energia assinalando que a quantidade total do universo é constant, Isso significa que é impossivel criar ou destruir energia, mas que ela é transformada de uma forma para outra, O enunciado da segunda let da termodinamica assinala que a entropia total estd continuadamente aumentando. A entropia éa medida da quantidade de energia capaz de ser convertida em trabalho. Se a entropia aumenta, entdo hd decréscimo na energia disponfvel para realizar trabalho; re Neg 2 FUSER Ep ee T a MAU ap tates SUREMENT Preity, oka aa PTR’ Replicacao de abordagens hollsricas, 0 Temdrica dos impactos eo problema do escalanre espacial b)o sistema poderd promover a criagdo da entropia extraindo energia de seu ambiente e utilizando-a_para - compensat-0 decaimento-termodinamico: Sob tais condigdes o sistema dissipa entropia-aumentando 0. seu retorno para o ambiente c, dessa maneira, pode permanecer. estavel, sem mudanga (citando PRIGOGINE e STENGERS, 1984b); cjo sistema pode também absorver tao grande quantidade de energia de seu ambiente que se torna capaz de dissipar mais entropia do que é produzida por ele. A negentropia acumulada pode ser expressa como crescimento, reprodugao ou evolucao de novas estruturas internas (citanda JANTSCH, 1980) HAIGH (1987) lembra-nos que, eventualmente, 0 processo de perda ou acumulacao de entropia pode fazer com que um sistema se torne instavel com respeito aos atratores do sistema atual. O sistema atinge os limites da influéncia dos atratores e, eventualmente, move-se, ou é empurrado, para além desse limiar. De modo caracteristico, tais eventos sao desencadeados por flutuacdes stibitas no fluxo de energia. O sistema libertado rapidamente transforma- se até que atinja a zona de uma nova estabilidade, a influéncia de um_novo_atralar_do_sistema. Entretanto, algumas vezes, 2 trajetdria da transicao e até o altancar da nova “estabilidade” pode envolver miltiplos atratores, Ent3o,.0 camportamento do sistema pode se tornar muito complexo Em face desses propdstas conceituais e analiticas sobre a estrutura, funcionamento e dinamica dos geossistemas, ou dos seus subsistemas, que respostas explicativas podemos oferecer ? Simplesmente a de consideré-los como sendo caixas pretas. HA um desalio amplo para o conhecimento geografico, cuja aplicabilidade é significativa para 0 cendrio do territério brasileiro. Coma desafio complementat, a terceira proposta do esiada do sistema no tocante 3 enttopia nao poderia ser desenvolvida pela Geogratia Humana para a organizacao sécio-econdmica ? Como podemos delinear sua aplicabilidade para 0 estudo das organizagbes espaciais? ‘Tais expectativas propiciam ampliar o conhecimento sobre os dominios morfocliméticos brasileiros (AB’SABER, 1967; 1973; 1977) e explicitar as Peculiaridades dos ecossistemas © geassistemas delineados no Estado de S80 Paulo (TROPPMAIR, 1983}-E perceber que'a proposta de LOVELOCK (1987) sobre a Geofisiologia, servinda como exemplo a Amazénia (DICKINSON, 1987},-simplesmente- enquadra-se no contexto de uma Geografia Fisica sistémicamente estruturada. ‘Todavia, surge ainda a questo relacionada com 0 conhecimento morfoldgico (estrutura) sobre a geometria e composicao dos sistemas ambientais. Interconectada com as concepcbes dos sistemas dindmicos e teoria do caos encontra-se a geometria dos fractais e multifractais. a7 B— A QUESTAO AMBIENTAL E 0 ESTUDO DE IMPACTOS, ‘A questao ambiental é tematica que envolve a participacao e desperta o interesse de grande variedade de disciplinas, Nao ha razdo, no momento, para desenvolver mais longamente esse tema. Apenas para exemplificar chamamos atengao para o setor tradicionalmente chamado de estudos de impactos ambientais e registra-se um depoimento sobre os projetos de construcao de barragens, na Africa. Torna-se significativo salientar que os problemas ambientais, em fungaa da expressividade espacial subjacente, lornam-se quest6es inerentes a andlise geografica. Além da fase diagndstica e analitica, os estudos de impactos consistem no processa de predizer e avaliar os impactos de uma atividade humana sobre as condigdes do meio ambiente e delinear os procedimentos aserem utilizados preventivamente para mitigar ou evitar os efeitos julgados negativos. Na elaboragao das vantagens e desvantagens relacionadas com 0 projeto em vista, tais estudos fornecem indicadores para as tomadas-de-decisio, pois tém 0 objetivo de prevenir a dilapidac3o ou eliminagao das potencialidades do meio ambiente fisico fornecendo informagbes adequadas sobre as possiveis conseqliéncias nefastas que poderao se desenvolver com a implementagao das aces propostas. THERIVEL ¢ colaboradores (1992) assinalam que, de modo geral, os estudos de impacto compreendem as seguintes etapas: a) diagnéstico do estado atual do meio ambiente e das caracteristicas das acdes propostas, considerando inclusive possiveis agdes alternativas; b) Previsdo sobre o estado futuro do meio ambiente, considerando 6 evoluir do sistema sem a implementacao das atividades eo evoluir com a implementagao das acd: propostas, A diferenca entre ambos os estados serd a resultante do impacto; c) considerar os procedimentos para reduzir ow eliminar as possiveis consequiéncias hnegativas do impacto antropogenético; d) elaborar um relatrio que analise todos esses pontos, ee) proceder a monitoria dos acontecimentos, caso hala autorizacao para que © projeto seja implantado. A realizagdo dos estudos de andlise ambiental considerando as transformagies possiveis em fungao dos projetos de uso do solo, nas suas diversas categorias, & exigéncia que se encaixa coma medida preliminar em face da politica de desenvolvimento sustentvel. Observe- se, todavia, as atividades soticitadas em cada etapa. Na fase da diagnéstico renem-se as informagées pertinentes aos “mais diversos componentes fisicos, sociais econdmicos. Nessa fase analitica, costuma-se inclusive falar e wiilizar de equipes multidisciplinares. Na segunda fase, a perspectiva é totalmente diferente ¢ ha necessidade de se adotar uma abordagem holistica para se compreender a unidade do cenédrio, considerando a modelagem dos dois estados futuros explicitamente mencionatos. Nao se trata de considerar integradamente as caracteristicas, os processos e as condigdes resultantes ua: : onvolvidas nos sistema ? Nao se trata de fazer modelagem oe © geossistema, sobre o sistema espacial sécio- > Joecondmico”é, em decorréncia, da propria organizagio re Si cpacial? Nao é essaa demanda da sociedade e 0 desafio 1 ser enfrentado pelos gedgrafos, ecologos, geocientistas 200 por todas aqueles que desejam se tomar analistas ‘“Vambientais ? A demanda especificada na terceira etapa “(ado representa apelo a aplicabilidade do conhecimento Ee Naeografico na modelagem do sistema ambiental ? HS Mas a aplicabilidade no pode restringir-se apenas 20 Hiagndstico, andlise e avaliagdo. Os estudos sabre éavaliagao de impactos necessitam ter uma finalidade, etas em funcdo das quais se estruturam. Por essa raz40, {SMITH (1993) explicita que a avaliacdo de impactos ‘yconstitui “processo para o manejo de recursos e vf) scosustentabilidade”, Sob essa expectativa, torna-se 348) Ninstrumento operacional inerente aos programas ¢ “* politicas de desenvolvimento sustentavel. Nessa mesma jyiendéncia encontram-se as coletaneas de ensaios Spzlaboradas em fungao de cursos sobre Ciéncia e “Engenharia Ambiental, promovido pelo European Cen- ‘sre for Pollution Research, publicadas sob a organizagao de NATH, HENS e DEVUYST (1993; 1996), focalizando |S amallse-setorial, 2 abordagen ecossistemiica © 0 ip qmstrumentos visando a implementagio do { seedpplesenvolvimento sustentavel, eG mo, ‘Uma faceta tematica nos é fornecida pela contribuigao “ig 4ide ADAMS (1992) que, em virtude das suas experiéncias nygie assessoria em varios projetos sobre a construcao de s | ybarragens, elaborou quadro avaliativo sobre as ALG; implicagdes dos-projetos implantados no continente Eatricano, geralmente organizados e desenvolvidos por TA ectatsas europeus e representando uma forma de (Css peoncepcao externa sobre como intervir para moditicar ‘bs ambientes e economias rurais alricanas. A construgao sauce barragens surge como proposta costumeira para se })5 wealizar 0 manejo dos recursos hidricos, delineanda o controle das éguas em beneficio das populacdes & ‘desenvolvimento regional. Cerca de 20% dos recursos SHU hidricos fluvials da Africa encontram-se sob o controle Ea aise barragens. Todos os projetos implantados foram a Ms resultados de uma visio a respeito de uma Africa 7 Sallidesenvolvida, com mudangas positivas decorrentes da ‘tecnologia, de uma economia de mercado modernizada, ede comunidades compostas tanto por pequenos como “splandes_fazendeiros-negociantes. Obviamente, as /-pattansformagGes ocasionadas pelas bartagens sa sens{veis “iva estruturs econdmica e ambiental ia, m i} tracassos acorreram e os resultados observadas so muito eAidiferentes dos entio previstos e planejados. ADAMS jNi30.992) observa que apesar dos insucessos verificados imimos resultados esperados quando dos planos para a onstrugao de barragens e esquemas de irtigagdo, os gconstrufdos sem que ocorram reavaliagdes sobre as antagens e desvantagens. Entre as causas do insucesso Podem-se incluir a deficiéncia de diagndstico adequado sobre a organizacao espacial regional © a inadequada modelagem dos estados futuros, consentaneos com os condicicnamentos ambientais regionais, na magnitude das mudangas visualizadas e resiliéncia do sistema sécio- econémico em face da pretensa organiza¢o almejada Em suma, auséncia de conhecimento geogratico adequado para o diagndstico e para a modelagem visando a8 metas do desenvolvimento sustentavel A modelagem de cenérios sobre as organizacées espaciais visando a andlise dos impactos antropogénicos © ambientais a avaliagio dos resultados obtidos na construgao das barragens em territério brasileiro, numa perspectiva integradora, so desafios que instigam os pesquisadores. Os estudos de impactos ligados com a construcdo de barragens constitui apenas uma categoria de exemplos. Mas hé outras categorias de projetos nas, quais se tornam necessérias 0 uso adequado e a aplicabilidade do conhecimento geogréfico, no amplo contexto da questo ambiental. C — ESCALANTES ESPACIAIS ‘Uma das primeiras exigéncias conceituais consiste em -—se-conhecer-a.complexidade das organizagdes-espaciais— ligadas com os sistemas ambientais, Os gedgrafos sempre sublinharam o cardier complexo das paisagens, regides e/ou organizagoes espaciais, mas nao dispunham de arsenal conceitual e técnico para analisar essa complexidade. Com a emergente ciéncia da complexidade, que vem se desenvolvendo a partir da segunda metade da.década, de 80, estdo surgindo conceitos que merecem ser absorvidos e avaliados pelos pesquisadores e aplicados ha andlise dos sistemas ambientais. Como as organizagdes espaciais surgem como exemplos de sistemas dinamicos nao-lineares, torna-se oportuno considerar os conceitos de auto-organizacio, criticalidade auto-organizada,. comporiamentocaético, multifractalidade e ouiros. A noo abordada neste item. tefere-se ao escalante espacial. A abordagem analitica da complexidade n3o deve ser restsita apenas para o nivel da organizagao espacial Obrigatoriamente deve ser aplicada para o nivel dos geossistemas € dos sistemas sécio-econémicos, & subseqtientemente também para os niveis dos sistemas geomariolégicos, climticos, hidrolégicos, ecossistemas, -€tc. Todos eles, em seus respectivos degraus hierSrquicos, sto sistemas espaciais complexos. A viabilidade aplicativa ——nos varios degraus.da hierarquia decorre justamente da complexidade e da unicidade da organizacao espacial. Uma sintese relacionada com a andlise da complexidade © auto-organizacao em sistemas geomorfolégicos foi elaborada por CHRISTOFOLETTI (1997a; 1998). A andlise da complexidade encontra-se direcionada ara a hierarquia estrutural e funcional na composigo intetna da organizacdo espacial, e obviamente do geossistema, em principio independentemente da escala, eevee a ayy i __s.. _.. de grandeza. Todavia, outra exigéncia fundamental para +a pesquisa consiste em se procurar estabelecer os modelos ¢ as caracterlsticas-padrées dos sistemas em sua inserc30 hierarquica, considerando as. grandezas espaciais dos sistemas ambfentais, desde o nivel do lugar até a grandeza do globo terrestre. O que é um sistema ambiental local ? 0 que é um geossistema regional ? 0 que é um geossistema multiregional ? O que é um geossistema global ? Em Virtude desse escalonamento, surge a necessidade de se especificar quais so os componentes, 08 processos e fungdes e as variveis relevantes em cada escala. Por outro lado, levando-se em conta a quantidade de unidades existentes em cada nivel hierdrquico e as mensutagdes sobre as variveis morfoldgicas e dos processos, quais os indicadores da dimensao fractal ? Existe invariancia escalar entre as grandezas dos geossistemas ? Ou, a0 contrério, quais s4o as faixas de valores limiares que assinalam a passagem de uma grandeza geogréfica para outra, isto é, passagem de geossistemas diferencialmente organizados como sistemas geogréficos ? Por outro lado, nao se pode esquecer do proceso de __cascata, em_que_as_potencialidades existentes vio se filtrando e permeando pelos escaloes, fluindo diferentemente, promovendo com que haja dilerenciacio, multiregional, regional e especificacdes locais. O processo de cascata tem relevancia fundamental, repercutindo na anélise do fluxo e gerenciamento da alocacio de recursos minerais, do calor e da umidade na face terrestre, assim. como das decisdes e potencialidades culturais e sécio- econémicas das sociedades, Os geossistema e ecossistemas expressam-se na horizontalidade rugosa da superficie terresire, assim como se insere na.verticalizag3o dos processos € dinamicas das hierarquias espaciais. Sob a perspectiva da anélise geografica, 0 proceso de globalizacao age sobre os sistemas ambientais de grandezas menores, repercutindo diferencialmente até na escala dos lugares, Hd um escalante fractal nesse processo, que nao visa a homogeneizacao dos lugares © regides, mas acaba dinamizando e promovendo a evolucao de todas as areas, Todavia, as andlises especificas € as exemplificagoes substantivas sobre a complexidade, nao-linearidade e fractalidade dos sistemas ambientais ainda sio emergentes e se constituem em desafios a pesquisa No setor dos processos hidrolégicos, 0s fluxos ocorrem desde os fluxos nao saturados na camada de solos até os da grandeza-das-bacias hidrogréficas superiores a0 milhao de quil6metros quadratios; dos escoamentos relampagos com alguns minutos de duragdo até o escoamento nos agiifferos com duracao superior a centena de anos. KLEMES (1983) assinala que os processos hidroldgicos escalonam-se em oito ordens de grandeza nas magni- tudes espacial e temporal. As caracteristicas da heterogeneidade nas escalas espacial e temporal surgem analisadas por BLOSCHL e SIVAPALAN (1995), e BAND Soh eRe tele rey eee “complexidade do sistema e 0 dominio dos disciplinas ombientais. 49 e MOORE (1995) e BEVEN (1995) exemplificam 0 uso dos sistemas de informacao geografica no escalante espacial, mostrando como os modelos de processos em pequena escala podem ser diretamente parametrizados € validados para os sistemas de grandezas espaciais maiores. V — A COMPLEXIDADE DO SISTEMA EO DOMINIO DAS DISCIPLINAS AMBIENTAIS Uma questao relevante encontra-se relacionada com a nomenclatura e dominio das disciplinas, assim como a adjetivagao assinalando subdominios. Em geral, a designacao das disciplinas encontra-se estabelecida em termos propostes ao longo da histéria do conhecimento, € as proposigbes para se estabelecer setores componentes surgiram em decorréncia de tematicas que, paulatinamente, vao se consotidando, A indagagao costumeira consiste em perguntar: como se divide a Goografia ? Como se divide a Geologia ? Como se divide a Ecologia ? Quais as disciplinas que compoem as Geociéncias ? Quais sio as disciplinas que compdem as ciéncias ambientais ? & as respostas, considerando a tradigao e a diversidade das tematicas propostas, arrolam denominagdes vatiadas. No contexto cientifico atual a problematica pode ser deslocada, Esse tipo de indagacao nao € mais relevante Por exemplo, a Geografia, em si, é disciplina simples e N40 possui condigdes internas de expressividade para alicercar subdivisdes. Consideracao semelhante pode ser feito para o caso da Biologia, Ecologia, Geologia, etc. O referencial pode ser deslocado da denominacdo para a contextura do objeto de estudo da disciplina. As denominag&es para 0 quadro da composicao devem expressar vinculagdes relevantes para com os elementos, processos © dinémica da categoria de fendmenos sob anilise. Quanto mais complexo, mais rica se torna a tecedura integrada para os diferentes niveis hierérquicos. As disciplinas entrosam-se em sua funcionalidade expressando justamente a integracda do sistema analisado. Em virtude da abordagem sobre a complexidade, torna-se necessario a formacao do especialista para cada determinado nivel de sistema complexo. Nao se trata mais da simples horizontalidade integrativa das disciplinas, nas denominadas abordagens monodisciplinares, multidisciplinares, interdisciplinares € transdisciplinares. Trata-se de analisar a estrutura, 0 funcionamento e a dinamica da entidade sistémica, compreendida em seu posicionamento hierdrquico integrativo nas entidades organizacionais sistémicas mais abrangentes. Em decotréncia, percebe-se claramente como essa perspectiva possui implicacées nos critérios para a elaboragio de curticulos de graduagao. No projeto de organizagao curricular de determinado curso devem ser levadas em considerago categorias diversas de disciplinas, denominadas de centrais ou nucleares, complementares, de formacao metodolégica, de farmagio técnica e subsididrias (CHRISTOFOLETTI, 1997b) * Tais perspectivas e critérios podem ser aplicados para a avaliacdo das disciplinas componentes das ciéncias ambientais. Verifica-se 0. uso expansivo do adjetiva ambiental, qualificando por vezes o fornecimento de informagoes ow indicadores, mas nao a caracterizagao de uma disciplina cientifica envolvida na andlise das caracteristicas e processos inerentes ao sistema ambiental. © caso da Geografia pode servir de exemplo.-A Geogratia situa-se entre 5 disciplinas que tém raizes histéricas antigas e sempre se preocupou cam os estudos das caracteristicas dos elementos fisicos ¢ atividades humanas, e dos contextos regionais, atualmente valorizadas e incluidas no bojo da “questio ambiental” © mesmo ocorre, mais recentemente, com 0 desenvolvimento da Ecologia, A conotacio analitica pare « 0 estudo dos sistemas ambientais, para os ecossistemas © geossistemas, jd se encontra recoberta por ambas as disciplinas. Elas incluem-se com amplos méritos entre as “ciéncias ambientais”. Por essa razao, a contribuigdo das comunidades de gedgralos e ecdlogos sdo essenciais para diagnosticar, analisar, avaliar e monitorar os problemas ambientais. Paradoxalmente, em contraste com outras disciplinas que passaram a empregar 0 adjetivo ambiental para consolidar um novo setor ou interesse para algo em torno da “andlise ambiental” (Geologia ambiental, Geoquimica ambiental, Engenharia ambiental, Economia ecolégica, Antropologia ecolégica, etc), a Geografia em si ou nas disciplinas focalizando aspectos de seus subconjuntos e subunidades, e a Ecologia ndo podem dar-se a esse luxo, pois se torna pleonasmo. Nao se pode falar de Geografia Fisica Ambiental ou de Ecologia Ambiental. Inadequado também se torna estabelecer uma tematica em torno de “Geografia e Meio Ambiente’. Embora os ecossistemas e os geossistemas constituam © fulero como sistemas ambientais, as suas facetas requerem inputs nuancados ligados com a intetconexic disciplinar. A compreensao das questoes ambientais exige um bom conhecimento de seus aspectos fisicos, quimicos © bioldgicos, tanto para as pequenas como para as grandes escalas de grandeza espacial, Para a solucao de problemas ambientais, como o da poluico, ha necessidade de se contar com a pratica da engenharia. A modelagem ambiental simulat6ria requer bom conhecimento em matemética e técnicas numéricas eo conhecimento do estado-da-arte nas disponibilidades da computacao. As conseqliéncias nefastas de acidentes ambientais provocam prejuizos a saiide humana, as Condigdes ecolégicas, aos animais e plantas e a estética aisagistica, como ccorre nd degradago no Impacto vi- sual e na deteorizagao dos trabathos de arte. 0 planejamento ambiental requer cuidadosa-anslise dos Custos @ beneficios e avaliacdes econométricas. As Guestées ambientais geralmente requerem também um. conhecimento da legislacdo vigente, pois as leis afetam 9 desenvolvimento industrial e urbano, influenciam os negécios ambientais edrientam para a solucio das questOes ambientais litigiosas. Como as questdes ambientais implicam, por vezes, na mudanca de atitudes, comportamentais ¢ na visio e escala de valores para com 2 natureza, também hé tinplicagdes com a bioética e a filosofia Percebe-se que muitas disciplinas podem estar envolvidas com as questes ambientais. Ao lado da anélise de ecossistemas e geossisiemas, 0 elemento comum adicionado pelo termo ambienca! para 0 conjunto das demais disciplinas é a relevancia em inserir informagées que possibilitem o conhecimento ¢ a avaliagao dos impactos antropogénicos. Por exemplo, a andlise das correntes marinhas é tema especitico da Oceanografiz. Todavia, se acrescentar a nuanga de como. elas condicionam o movimento das manchas de petrdleo despejadas pelos petroleitos na superficie marinha e suas conseqiiéncias para com as condicdes ecoldgicas para a vida marinha, entao 0 estudo se reveste de uma Petspectiva ambiental, Em face dessas conotacaes, ZANNETTI (1994) define as ‘ciéncias ambientais como sendo 0 conjunto das disciplinas que recobrem, como sendo seus temas principais, a poluicdo antropogénica: sua origem, seu transporte e destino nos diferentes meios ambientais (ar, dgua, solos, dguas subterrtineas e biota) e seus efeitos adversos” Em face dessas consideragdes, percebe-se que nao hd sintonia pare a criagio de se distinguir um campo especifico para o estabelecimento de uma Ciéncia Ambiental, como disciplina individualizada, Em vista de complexidade envolvida nos sistemas ambientais, muitos elementos camponentes e processos acorrem, AS andlises de cada elemento ou dos processos podem ser efetuadas por disciplinas especificas, tais como Geomorfologia, Climatologia, Geologia, Metcorologia, Fisica, Quimica, etc, Todas aquelas disciplinas que contribuem para 0 conhecimento analitico ¢ avaliative desses elementos e processos dos sistemas ambientais © das implicagdes para os seres vivos podem ser designadas como sendo disciplinas ambientais, Mas no se torna adequado estabelecer uma Ciéncia Ambiental.

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