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Myrtes Mathias
Oh! Pai!
era um pacote enorme!
o presente seria lindo!
Pena ter vindo em papel espesso
e um lao difcil de ser desfeito.
Levei 365 dias para conhec-lo todo.
Foi como uma dessas belas caixas de promessas
que se l apenas uma por dia.
365 dias de expectativa,
surpresas,
alegrias,
tristezas,
mais daquelas que destas, quando perto de Ti.
Gastei-o sem lembrar-me de que se acabaria to rpido.
Resta to pouco do meu presente,
quase nem d para agradecer.
Bom que todos o tenham recebido
do mesmo tamanho do meu.
Cada um o gastou como soube,
como quis
ou como pde.
Para alguns foi apenas uma flor que se desfolha:
bem-me-quer, mal-me-quer; bem-me-quer, mal-me-quer.
Outros o levaram to a srio
que perderam muito de sua beleza.
Ainda outros o atiraram longe,
como mulher caprichosa,
demonstrando um desprezo que deveras no sente.
Houve tambm as crianas que o receberam
com olhos brilhantes de encantamento
e nem obrigado souberam dizer.
E muitos, Senhor, usaram-no pela metade,
pedao mesmo, e se foram para o pas
onde nada sofre interrupo.
Para muitos foi beno,
alegria,
xito,
vontade de continuar.
Para outros foi dor,
angstia,
maldio,
vontade de ir embora.
Que fiz do meu, Pai do Cu?
H em minha lembrana uma longa galeria,
um pouco deformada pela imaginao.
Mas a hora de confisso e sinceridade,
hora de reconhecer:
fui magoada, porque magoei,
fui humilhada, porque humilhei.
Neste instante reconheo-me criana
recebendo na cabea as pedras que atirou para cima.
Bom que seja assim.
Eu sempre repeti:
meu Pai justo.
pgs. 44 - 46)