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Que sao os Vedas? Madhya, um dos principais preceptores de filosofia veédica, comentando a respeito do Veddnta-siitra (2.1.6), ; cita o Bhavisya Purana como segue: rg-yajuh samartharvas ca bharatam paficaratrakam miila-ramayanam caiva veda ity eva Sabditah e puradndni ca yaniha vaisnavani vido viduh “O Rg Veda, Yajur Veda, Sama Veda, Atharva Veda, Mahabharata [no qual esta inclufdo o Bhagavad-gitd), 0 Paiicaraira e 0 Ramayana original sdo todos conside- rados literatura védica... Os suplementos vaisnavas, os Puranas, também sao literatura védica.” Podemos, tam- bém, incluir textos correlatos como os Savrhitas, assim como os comentarios dos grandes preceptores que tém orientado 0 curso do pensamento védico durante séculos. Alguns eruditos afirmam que apenas os quatro Vedas originais — Rg, Atharva, Yajur e Sama — sao textos védicos genuinos.' Os Vedas, porém, nao apdiam esta visdo, tampouco a apdiam os destacados mestres védicos, incluindo Sankara, Ramanuja e Madhva. O Chdndogya Upanisad (7.1.4) menciona os Purdinas e os Itihdsas, que, em geral, so conhecidos como histérias, como 0 quinto IL 12 Filosofia Védica Veda: itihasa-puranah patcamah vedandr vedah. E o Bhagavata Purana (1.4.20) confirma: “Os fatos histé- ticos e as histérias auténticas meneionados nos Purdnas sao chamadas © quinto Veda.” sell nares Assim, o budismo, o jainismo, 0 sikismo, embora sejam definitivamente ramificacdes da literatura védica, nao sio considerados védicos. Mesmo © conceito de hindufsmo é alheio 4 conclusio védica, como veremos mais tarde. As escrituras védicas sio de amplo escopo. $6 0 Rg Veda contém 1.017 hinos, 0 Mahabharata consiste em 110.000 disticos e os dezoito Puranas principais con- tém centenas e milhares de versos. Poderiamos pergun- tar: “Por que existem estas escrituras? De onde vieram elas? Quem as escreveu?” O presente livro busca nos pr6- prios Sastras védicos as respostas ds nossas perguntas. ~ O Que Siio os Vedas i 0 propésito da literatura védica 4 Com efeito, o pensamento indiano luta nao para informagdo, mas para transformagdo.* O Bhagavad-gita descreve 0 conhecimento como “aceitar aimportancia da auto-realizacao, e buscar filosoficamente a Verdade Absoluta”.° No entanto, se as pessoas acham que esto progredindo no caminho da felicidade materi- al, nao procurarfo se transformar. Dai, outra percepgado importante — janma-mrtyu-jara-vyadhi-duhkha- dosanudarsanam: “compreender os maleficios do nasci- mento, da morte, da velhice e da doenga.” (Bhagavad- a de- ‘ometer, a lit ri ) . Segundo o Bhagavad-gité (8.16): “Do planeta mais elevado no mundo material, indo até 0 mais baixo, to- dos sao lugares de miséria onde ocorrem repetidos nas- cimentos e mortes.” Além das repetidas misérias de’ nascimento, velhice, doenga e morte, os textos védicos descrevem outros trés grupos de misérias: aquelas cau- sadas pelo préprio corpo, por outras entidades vivas e pelos distirbios naturais (como um forte resfriado, oO calor, inundagao, terremoto ou seca). Os preceptores Brews wok : £ ue ae © romance ak, where 14 Filosefia Védica “yédicos argumentam que, mesmo nao existindo estas Ultimas misérias, ninguém poderia encontrar a felicida- de no mundo material — as forgas do tempo e a morte obrigam todos a abandonar sua posig¢ao. Na verdade, a descrigio sAnscrita da Terra é Mrtyuloka, o lugar da morte. Ela é também duhkhalayam (lugar de ausenias) e asdsvatam (temporaria) (Bg. 8.15). Ao ouvir esta devastadora andlise da vida no mundo material, Albert Schweiter chamou a filosofia védica “uma negagdo do mundo e da vida”. Outros afirmam que os Vedas ensinam pessimismo e resignagao fatalista. > Mas, quando analisamos os Vedas com maior profundi- _ dade, podemos observar que eles ensinam exatamente ° eles defendem que a final O primeiro verso do Vedanta-siitra (athato brahma- JijiasG) € tanto uma declaracio quanto um convite a todos: “Agora, portanto, indaguemos sobre a Verdade Absoluta.”8 Os Vedas instam que as pessoas procutem a trilha da liberagdo. Ha uma cangao devocional bengali que diz o seguinte: “O Senhor Gauraiga est4 chamando: Acordai almas adormecidas! Durante quanto tempo dormfreis no colo da bruxa Mavd [ilusdo material]?”? Os Vedas descrevem a liberacdio como uma prerroga- tiva especial concedida aos seres humanos e niio as espé- cies inferiores. Por esta razfio 0 corpo humano é comparado O Que Séo os Vedas a um barco no qual pode-se atravessar 0 oceano da transmigragdo. Um bom instrutor védico, que tenha aprendido os Vedas, é como um capit&o competente, € os hinos védicos siio como brisas favordveis. Se uma pessoa no atravessa 0 oceano para conseguir liberagao eterna nfo é considerada inteligente, pois a filosofia védica nega a importéncia de qualquer conhecimento que nao conduza ao término do sofrimento. O Garga Upanisad adverte: “E um homem miseravel aquele que, embora em um corpo humano, nao soluciona os proble- mas da vida e deixa o mundo assim como o deixa um cio ou um gato, nao compreendendo a ciéncia da auto- realizagio.”"" a origem dos Vedas me O Brhad-aranyaka Upanisad (2.4.10) informa-nos: ~*O Rg Veda, 0 Yajur Veda, 0 Sama Veda, o Atharva- Veda e os Itihdsas [histérias como o Mahabharata e os Purdnas| s40 expiragdes da Verdade Absoluta. Assim como respiramos facilmente, tudo isto surge do Supre- mo Brahman sem eae esforgo aes a isco Krsna apresenta diretamente este mesmo principio no Bhagavad-gita (3.15): brahmaksara- -samudbhavam. “Os Vedas sio manifestagdes diretas da Suprema Personali- dade de Deus infalfvel.” O comentarista Sridhara Svami (Bhavartha-dipika 6.1.40) indica que os Vedas sao supremamente autorizados, pois originam-se do préprio Narayana. Jiva Gosvami assinala que a escritura védica ‘Madhyandina- §ruti correlaciona todos os Vedas (Sama, Atharva, Rg e Yajur), bem como os Puranas ¢ os Itihdsas, com a respiragao do Ser Supremo. Por fim, 0 Atharva 16 Filosofia Védica Veda declara que Krsna, que no inicio instruiu Brahma, disseminara 0 conhecimento védico no passado. remos 0 papel de Srila Vyasadeva ¢ a histéria da compi- lagio dos Vedas. Também consideraremos como os estudiosos tentam compreender as origens ¢ a histéria da literatura védica através do método empirico. O processo védico de aprendizado O Que Sio os Vedas Bs Do primeiro processo, pratiyaksa (percepgao sensori- al empirica), depende de se corrigir as fontes externas. Por exemplo, aos nossos olhos talvez o Sol nao parega maior do que uma moeda, mas através dos calculos ci- entificos ficamos sabendo que nossos sentidos nos enga- nam — o Sol é muitas vezes maior que a Terra. © O segundo processo de obtengao de conhecimento, anuméina (teorias baseadas na evidéncia), nao pode dar conhecimento do que se encontra além do limite da com- provagao. As teorias de Charles Darwin e muito da ar- queologia e da antropologia dependem dessa conjectura indutiva (“pode ter sido assim ou, talvez, dessa outra maneira”). De acordo com os Vedas, anumana nao pode independentemente levar ao conhecimento perfeito. Os Vedas declaram que os objetos além da natureza materi- al nao podem ser conhecidos experimentalmente. Por- tanto, tais objetos sao chamados de acintya. Acintya nao pode ser conhecido por especulacdo ou por argumento, mas apenas por Sabda, o processo de ouvir a literatura védica. ©) Na verdade, sabda, o terceiro processo de aquisigao de conhecimento, ¢ considerado 0 mais importante € 0 mais confidvel. Pois,; como os seres hamanos so limita- dos e imperfeitos, sua percep¢ao, teorias e especulagdes nao podem ser perieitas. Tirando sabda, os Vedas esti- mam que todo conhecimento tem quatro importantes li- mitagoes. Primeiro, independentemente de quo brilhante ou notavel alguém seja, os Vedas afirmam que ele nao pode escapar dos erros — “errar é humano”. Segundo, o ser humano est sujeito a ilusdo. Por exemplo, os Sasiras mencionam que todo ser materialmente condicionado esta sob a ilusao de que 0 corpo é 0 préprio eu. Qualquer que seja sua posi¢do no mundo, uma pessoa esté sob 0 contro- le da ilusio se ela julga a si mesma em termos de nacio- nalidade, religiao, raga ou familia. (Segundo os Vedas, A BRIN AAA > = Ba AO at ‘ { lp nr bond punctin YO tat RAN 18 ia Védica Filosofia Vedic © primeiro passo no conhecimento transcendental 6 com- Preendermos que nossa identidade esté além do corpo material temporério.) Terceiro, toda pessoa tem senti- dos limitados e imperfeitos. Por exemplo, em uma sala escura, a pessoa ndo enxerga sua mio colocada em frente a Seu rosto. Por fim, asseguram os Vedas, todo mundo tema tendéncia de enganar. Por exemplo, um homem que pre- sume instruir outros, embora ele mesmo seja defeituo- So, estd realmente enganando, pois seu conhecimento é imperfeito. D . O estudioso indiano Mysore Hiriyanna escreve: “O Vedanta nunca prescinde da razao, e os préprios Upanisads sio cheios de argu- mento. A tinica coisa que se questiona 6 a validade final da azo em matérias que nao fazem parte do seu campo de atividades.”? Para citar um exemplo tradicional, se uma Crianga quiser saber quem € © seu pai, ela deve perguntar & mde dela. Ela poderia fazer uma pesquisa da Populagio masculina, mas 6 muito mais simples per- guntar & sua mae, a Asico. Por exemplo, 6 o pr6- prio Shakespeare que naturalmente é a autoridade por exceléncia nas obras de William Shakespeare. O Que Sfio os Vedas 19 Ao passo que o conhecimento material refere-se a coisas dentro do universo material, o conhecimento transcen- dental diz respeito a coisas situadas além deste universo. Os Vedas chamam a atencio para uma suprema verdade original, que nao pode ser conhecida nem pela percep- €40 direta (pratyaksa) nem pelo método indutivo (@numdna). Quando, mediante a recepgio auditiva, al- guém recebe da autoridade a informagao transcendental. ele fica inteiramente satisfeito e feliz, transcendendo as dualidades do mundo material. Por outro lado, quando ele segue a tradigdo empirica, considera que qualquer coisa fora da percep¢ao ou da indugio sensorial é fé, dogma, intuigdo ou crenca. Assim como A. B. Keith, ele conclui: “Todo conhecimento que nao é empirico € des- provide de significado e nao deve ser descrito como conhecimento.”!* Os filésofos védicos declaram que Sabda (ouvir uma autoridade) descortina um campo de conhecimento que est4 além da metodologia cientifica. Eles sustentam que Sabda é tnico processo pelo qual podemos conhecer aquilo que, em nosso atual estado condicionado, é-nos incognoscfvel. Para saber quem € seu pai, a crianca nao tem nenhum outro recurso a nao ser perguntar 4 sua mie. Isto nao é uma questiio de fé, dogma ou sen- ; timento, mas de simplesmente ouvir alguém que sabe. i Quem puder aprender com alguém que tenha recebido o conhecimento perfeito, habilitar-se-4 a livrar-se de fodas as misérias. “Simplesmente procura aprender a verdade aproximando-te de um mestre espiritual.” O Gita (4.34) prescreve: “Faze-lhe perguntas submissas e presta-the servico. A alma auto-realizada pode te dar conhecimento porque ela viu a verdade.” Na tradigao védica, apenas a pessoa que tenha visto a verdade pode ser o mestre ideal, o guru. Além disso, 0 Mundaka Upanisad (1.2.12) ordena que o estudante sincero 20 Filosofia Védica aproxime-se do guru ideal para receber conhecimento e iluminagao transcendentais. O guru e O parampara @e Assim, ° Banca: gita mostra qual a relagao ideal entre o professor e 0 estudante. Colocado na posi¢io de guerrear contra seus amigos e parentes, Arjuna arrefece. Um destacado psicélogo comentou que Arjuna experi- menta “ansiedade ontolégica” e que ele perde de vista a sua identidade e o seu dever. Portanto, ele aproxima-se de seu guru, Krsna (que é aceito em todos os Vedas como a Pessoa Suprema, o conhecedor e¢ compilador dos Ve- das). “Perdi toda a compostura”, diz Arjuna. “Por fa- vor, instrui-me” (Bg. 2.7). Mais tarde, o Senhor Krsna diz a Arjuna que todo mundo deve aceitar um mestre espiritual genufno. No Mundaka Upanisad (1.2.12) encontramos que: samit- stat Srotriyam brahma-nistham 0 Que Sio os Vedas 21 Afim de aprender a ciéncia transcendental, devemos apro- ximar-nos submissamente de um mestre espiritual genu- ino, proveniente da sucessiio discipular e fixo na Verdade Absoluta.* Hiriyanna escreve que no é muito diffcil de apreci- ar a visdo védica. “Pois o esforgo pessoal, por mais va- lioso que seja, nado é um meio adequado de se depreender uma verdade tio profunda... A voz viva de um profes- sor que acredita firmemente no que ensina decerto que tem uma oportunidade bem maior de convencer do que a palavra escrita.”'* No Bhagavad. gita (4.2) Krsna diz a , Arjuna que evatrit parampara praptam: “Esta ciéncia suprema |bhakii-yoga, conhecimento mediante servigo devocional]| foi desta forma neeebida através da corrente des sucessio Se Por exemplo, na Brahma-sampraddya, o conhecimento yédico origina-se de Brahma, e, na Kumdra-sampradaya origina-se dos Kumdras Rsis (sdbios). Na concepgao védica, essas sampraddyas iniciaram na criagdo do Uni- verso e o préprio guru do estudante é quem continua a representd-las. Gragas a consisté 22 Filosofia Védica | mteriores: estdo prescntes nos ensi- sii seiesiailamaraniscscaeay) estudante re- cebe a mensagem védica pura da mesma forma como ele poderia receber uma manga que teria primeiro de passar por um grande nimero de homens sentados nos galhos de uma mangueira. O homem no topo da arvore pega a fruta e, com todo cuidado, entrega-a ao homem que esta logo abaixo. Assim, ela desce de homem até homem ¢ chega ao homem que est4 no chiio, sem danos e sem alteragées, colocar na posi- Seuembtaenionacene ean ‘sucessao de tre ores — 86 pode se posicionar Se Rem OpRenNI TENE ireza Primar pela qualificagaio da- Shilciactipeceniicemmnctetas: as qualificagdes do guru Como deve transmitir com perfeigto.as verdades do conheciment : desempenha um papel nner recentes, muitos mestres endian e ocidentais, diver- gindo da versao védica, tém corrofdo a credibilidade do guru. Agora, temos gurus profissionais que cobram ta- " Xas para mantras secretos e que permitem que seus estu- dantes deixem de lado as austeridades reguladoras védicas, que ensinam que a yoga 6 uma gindstica e apre- goam que a yoga 86 visa ao bem-estar material, e que (0 Que Séo os Vedas 23 desafiam os Vedas, pois tais gurus declaram que tanto ‘eles quanto todo mundo sao Deus, e assim por diante. Nao é de espantar que, ao ouvirmos a palavra guru, fi- guemos céticos. Nao obstante, de acordo com a versao védiea, a rela- €20 entre guru e Sisya € uma verdade eterna cuja percep- Cho sé € acessivel Aquele que se aproxima sinceramente deum guru genuino. E, portanto, necessério que pri- meiro compreendamos quais os sintomas de um guru auténtico — isto é, de um mestre espiritual que, tendo secebido o conhecimento puro, est4 apto a distribuf-lo. Ripa Gosvami, um fildsofo védico do século dezesseis: ediscfpulo de Krsna Caitanya, faz, em seu Upadesdmrta,| uma lista dos seis sintomas de um guru: “Qualquer pes- soa s6bria que pode tolerar o impulso para falar, as exi- < géncias da mente, as reages da ira e os impulsos da Iingua, do estémago e dos érgdos genitais esté qualifi- — cada para fazer discfpulos em toda parte do mundo.” Je O mestre espiritual é também um dearya, alguém que ensina pelo seu préprio exemplo. Embora tenha brilho ‘intelectual, o homem sem retidao de carater pessoal, preso ao desfrute egofsta e ao auto-interesse, nao pode ser mestre espiritual. $17 Krsna Caitanya declarou que dpani Gcari *bhakti karila pracara: “Primeiro, torna-te perfeito; s6 entiéo é que poderds cnsinar?”’'7 Em outras palavras, 0 guru deve ser um syami, ou senhor dos sentidos, e nao um escravo de seus ditames. Ninguém deve caprichosa- mente assumir 0 titulo de guru, svami ou sanirydsi (mon- ge renunciado). O candidato deve realmente demonstrar as qualidades de guru, svami e sannyasi. Por definigao, o guru dé instrugdes compativeis com os ensinamentos da literatura védica. Ele nao se vale da especulagdo mental para assim desviar-se dos ensina- mentos védicos, nem ele é um ateu, um politico munda- no ou um humanitdrio. Ele sustenta que o conhecimento Nw 5 24 Filosofia Védica espiritual € o bem-estar fundamental da humanidade; poms é E e demonst dod teri: -" en outras malaria ele deve ter uma uniao bem-aventurada com o Supre- mo. A literatura védica admite que tal pessoa 6 sudur- labha, mui raramente eeeeny (Be. 7.19). s (me raesseesinineciomamreinagy re stro lao i or sen, O Svetasvatara Upanisad (6. 23) Gene: yasya deve para bhaktir / yathé deve tatha gurau tasyaite kathita hy arthah / prakasante mahatmanah “Apenas aquelas grandes almas que tém fé inabal4vel no Supremo e no mestre espiritual é que todos os significa- dos do conhecimento vedico so automaticamente reve- lados.”!9 A fé no guru € o tema de uma narrativa a respeito de Sa Krsna, narrativa esta do Bhagavata Purana (10.80). 0 Que Sito os Vedas 25 ‘Ao recordar-Se de Seus passatempos infantis, Krsna rememora que, quando certa vez foi buscar lenha para 0 guru dEle, Ele ¢ Seu amigo perderam-se na floresta te uma grande tempestade e passaram a noite toda andando sem rumo. De manha, quando 0 guru e outros discfpulos afinal encontraram Krsna, 0 guru, muito sa- fisfeito, abengoou Krsna: E muito maravilhoso que tenhas sofrido tantas di- ficuldades por mim. Todo mundo gosta de pensar em seu corpo como sendo a primeira coisa a que _ se deve dar atencfio, mas és tio bom e fiel para com Teu guru que, nao Te preocupando com os _ confortos ffsicos, passaste todas essas dificuldades s6 para tentares satisfazer o mestre espiritual. E dever do discfpulo dedicar sua vida a servigo do mesitr espiritual. O melhor entre os duas vezes nascidos, estou muito contente com Tua agdo, e dou-Te esta béngao: que todos os Teus desejos ¢ ambigGes sejam satisfeitos. Que o entendimento dos Vedas que aprendeste de mim sempre perma- nega fresco em Tua meméria de modo que em todos os momentos possas lembrar-Te dos ensinamentos dos Vedas e citar suas instrugdes prontamente. Assim, nunca Te sentirds desaponta- do nesta vida nem na préxima.”° Krsna pT Se ab) enctdent desta maneira: Sem feliz. Pela miseicGidlia al mestre sepia © pe- Jas suas béngdos, podemos conseguir paz e pros- peridade e capacitar-nos a cumprir a missio da vida humana.”! Filosofia Védica A 5 e sua vida. Portanto, nado é nenhum exagero dizer que “escolher 0 guru 6 mais significativo que escolher a esposa”’.”? Os Vedas enfatizam a necessidade de tal compromis- So completo. Afinal de contas, 0 guru age como salva- dor do disefpulo. S6 ele pode transmitir 0 conhecimento védico e, destarte, a liberacao. tanto, 0 discipulo tem uma divi 1 se que pe tirou-o d uma divida com set ees casta, que nao se afastam da idéia de que sé pode se elevar ao status bramfnico quem nasce numa familia de bréhmanas. Esta concepeao de b I ascimento, decisivamente n € védica. Um estudioso escreve: “No Srimad-Bha gavad-gita-parvadhyayah do Mahabharata, Vasudeva-Krsna diz em termos bem claros que a classi- ficagdo das pessoas em quatro varias (castas) é baseada no guna-karma, isto 6, na qualidade e conduta espi- rituais.”% Existe uma hist6ria popular no Chandogya Upanisad acerca de um menino chamado Satyakama que se apro- ximou de um guru para receber iluminagao. “B fitho de brahmana?” perguntou o guru. O menino disse que nao sa- bia quem era seu pai. O guru, entio disse-Ihe que perguntas- ‘Que Séo os Vedas & sua mie, mas a me do menino disse-Ihe com toda a queza que, como havia conhecido muitos homens, tinha certeza de quem era 0 pai. O menino, entio, de volta até onde 0 guru estava e disse: “Minha mae ao sabe”. Satisfeito com a honestidade do menino, o mestre ritual concluiu: “Es um brahmana” Segundo 0 padraa védico, qualquer pessoa pode-se svar mediante o treinamento. O Hari-bhakti-vilasa de Atana Gosvami declara que, quem 6 adequadamente Jniciado decerto que se torna brdhmana, assim como 0 ze pode-se transformar em ouro quando misturado com merctrio. No Sétimo Canto do Bhagavata Purana 11.35), Narada diz. ao rei Yudhisthira que, se alguém possui as qualidades de brahmana, deve ser aceito como brahmana. Portanto, o nascimento em uma familia, raga _@u religiao especfficas nao é uma qualificagao essencial um sisya. Muito importante entre as qualidades do discipulo $40 a fé, o servico e a indagag4o submissa. Entretanto, o- _ Giscfpulo nao deve seguir seu guru as cegas. No Bhagavad- ema Arjuna faz uma série de perguntas profundas, as quais Sit Krsna responde com raciocinio filosdfico e com citagdes do sasira e de sadhu. Na tradigao védica a importancia da relacfo entre guru € Sisya sempre € enfatizada. Na verdade, 0 Padma Purana deixa ver que é impossivel ganhar conhecimen- fo espiritual sem um guru: “Quem nao é iniciado por um mestre espiritual auténtico na sucessao discipular, o mantra que recebeu nao tem nenhum efeito.” Seguida- mente, os S@stras acentuam 0 valor inestimavel da asso- ciagao com uma pessoa santa. E dito que um momento de associacao é mais valioso do que milhares de vidas sem esta associacao. O interesse do sisya em ouvir o guru jé € em si uma grande qualificagao. Se, apés ouvir, 28 Filosofia Védica ec fear ane no chan Rita (2.41): “Os que se- guem esta trilha sdo resolutos e sua meta é nica... Aqueles que sao irresolutos tém: a inteligéncia muito diversificada.” resumo Descrevemos a finalidade, a origem e 0 processo do conhecimento védico segundo as declaragdes dos pré- prios Vedas. O seguidor védico aceita 0 s4stra como sendo a palavra da pessoa suprema (Isvara, Narayana), e, em vista disso, como verdades axiomaticas. Em outras pa- lavras, nao ha necessidade de se comprovar essas ver- dades ja apresentadas nos Vedas. Além do mais, ao seguidor compete entender a causa de todas as causas nao pelo conhecimento material nem pela conjectura mental independente, mas ouvindo com fé um mestre espiritual autorizado. Os segredos sublimes da vida es- piritual, transmitidos de guru a Sisya, so acess{veis a Que Sao os Vedas , independentemente de casta social ou de nasci- . Para habilitar-se ao conhecimento espiritual, o idor deve observar os regulamentos para purifica- o conforme apresentados pelo guru. Estes sfio os pre- os bdsicos dos Vedas relativos a aquisigdo do ‘imento transcendental. ? 4oro4104

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