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_ LIGOES DE ~ SOCIOLOGIA’ * dO Boeke “2a Bare * QUARTIER LATIN A QUARTIER LATIN DO BRASIL, SUMARIO s Nota cesses ee atte rtenaetteset Valor PREPECIO -coecseesntseness : ierusereareitseoseey LD Issam Sawade coria (i Aula 1 — Introdugio & sociologia do direito we 2 O trajeto do curso ~ 30 Aula 2-A pré-socio 33 A compreensio social dos gregos ... a 34 38 wo 41 Aula 3 ~ A pré-sociologia do dircito UL... Da teologia & razio.. © Absol MO a O Iluminismo..... 58 65 eee OF te Comte .. : 7 ile Durkheim ... AulA 1 INTRODUGAO A SOCIOLOGIA DO DIREITO Logo de inicio, quero dizer que um curso de sociologia do direl~ to pode ser feito por meio de dois grandes caminhos, que complementam. © primeiro deles, o mais diffcil ~ mas tempo 0 mais importante para a formacio da visio de jurista -, 0 da grande reflexto a respeito da sociedad a reflexéo profunda a respeito das idéias norteadoras ck 50 direito, a discussio sobre seus posstveis métodos ¢ visses de munda, 1 ¢ preci- ogos € scus métodos. A grande sacinloe Trata-se de uma parte mais complexe, porque cnsina aos é possivel compreender sociologicamente o direitos nes ver, entio, os grandes soci gia do direito tem que passar pela discussio dos se res, como Weber e Marx, por exemplo. Uma seg curso de sociologia do dircito € 0 de uma sociologia di cada a questBes juridicas. Neste caso, tratar-se-ia de ver a sociologia do Jircito nos problemas técnicos do diteito, seja no plano internacional, Ox curser de tociologia do direita, em geral, padecem pelo fico de que se encamiaham ditetumente a conatatugGes socioldgicas empltleaa, Ligoes DF Socioi0cta bo DIEITO F ALNssoN Leanpno Mascaso {que se tornam quase dados de jornal: quantos anos em média demo- icidrio, quantos damento de um processo em tal poder je cs faleam a Justiga Federal, coisas assim. Isto € uma pequena di- da sociologia do direito, é uma sociologia de informagdes nder judicidrio. O fato é que estudaremos aqui a metodologia iologia do direito de tal modo que, depois que os senhores s os grandes métodos e visdes de mundo sobre a socieds- rcito, saibam usar ¢ aplicar tais grandes métodos em torno ier problema sobre o qual venham a tratar. A sociologia do importante para qualquer um dos quadrantes especificos jquer problema nas instituiges judiciérias, nos ramos cu nfo tratarei neste curso de nenhum problema pon- tal da soviologia do direito, nao tratarei especificamente de direito ambiental, de consumidor, criminal. Isto é Fungo posterior do juris- sua reta de chegada, mas, para isso, € preciso fatem entender batatlatica, ¢ si da compres hetitienturica criticn da so Queto, tar-me também dos vicios dos tay quandy © @ também to de Juristas so mente em vist login do dire deve ser feitn espécie de filosofia ~ em sentido laco ~ ide e do ditcito. A sociologia ¢ uma flexiio ente um método prdprio ¢ tendo mera- fetanto, a socio~ vo. as iurigies, iw da sociolagia sobre 0 ¢ ive, Pe » subre » sociedad; deveria ser um perisamento dos qualquer de julstas © dos socidlogas a respeito de um objeto espect fendimeno jurtdlico na sociedade, a que € 0 Avia 1 = Ierxopuho ds Os senhores perceberio que esta abordagem da sociologia do i- reito serd responsével por qualificar melhor os termos desta reflexio, rompendo, assim, com aqueles pensamentos que eram costumeiros aos juuristas. Nas aulas seguintes, mostrarei como € que o jurista, tradi- jonalmente, teve em relagi to superficial, com afirmagées como a de que os homens vivem em sociedade porque fizeram um contrato s0% cam 0 bern comum, 0 que sempre foi a definigao de sociologia do direito “vulgar” durante quase dois milén sociologia uma visio muito vaga, , ou entio porque bus- , desde Roma até hoje. Enfim, essa ¢ uma reflexio gue foi se fazendo sem problematizar a {questao, sem desenvolver um nivel mais profundo de especulagio acerca do fundamento do préprio diteito ¢ da sociedade. Entio, a tomarmos esse velho prisma dos juristas, onde hé socie- direito. Este é n dos brocardos romanos, ¢ espar vulgarizada, Tal visio se imps sem que nés qu essas afirmagdes que nos so apresentadas. Bu ja diria, de antemao, que a for: c40 do fo de graduagio ¢ de pés-grad risia, hoje, ainda que em alguns casos muito boa em termos técnicos, em geral sempre fica a dever ~ salvo algumas excegées ~ no que diz respeito as consideracées do campo da filosofia do direito ¢ da sociologia do direito. No caso da sociologia, isso também porque nossa men- talidade sociolégica sobre 0 9 mais ¢ forma¢ reito mi por ou- tras disciplinas que no prépria sociologia do direito. Por exem- sciplina do direito romano, com o velho brocardo de que lc hd sociedade hé dircito, dé uma idcologia Ficil ¢ uma dimen- 10 de nosso pensamento sobre a sociedade bastante dificil kheim, Marx e Weber a do diteito pelo fato também de todos tere tradicionals dos jutistas, Ligots 08 Socioroeta po Distro / ALYSON Leaxpro Mascano 114, assim, um desconhecimento miituo entre o direiro ¢ a socio- A visio tradicional dos juristas os tora até hoje relativamente a sociologia. Mas, de outro lado, a sociologia pura tam- dedica muita atengio ao tema da sociologia do dircito. O into do cientista social quanto ao dircito é diferente, por exem- fo sociologia politica, que tem a tradicio de grandes obras, les pensadores, de grandes reflexdes. Diferente também é 0 o da sociologia da religigo, da qual o préprio Weber é um vultos, ot, entio, da sociologia da arte, também sobre a pensadotes j4 despenderam muita atengio. De modo 1 suciologia do direito nunca geanjeou muita atengao da parte ado direito também nao iecido a outros temas do conhecimento, como em do cien hier wwelologi de Parla, na USP. Mas nds nao temos, em nossa histéria, uma tradi- plo porenes nao tiv ades escolas de sociologia do direito no Brasil, Por isso a minha insiseéncia em voltar aos classicos neste eurse, Por qué? Porg 0s classicas lastreiam certas visées de mun- 10 diferentes, mas todas elas bastante deva fazer. Quer linha de Mars, agertados em termos levers aqui dos juristas. Fi isso q socloldgicas a partic de frases de ponigéies de envergadura mais custa em eomparay dle compre fo que os porque sie esses grandes nA 1 = ITRGDUAO A SOCIOLOGIA BO DIAEETO Os senhores perceherdo que a sociologia do di da sociologia politica, da ciéncia politica ¢ da filosofia juridica e pollti- ca, Talvez porque um dos grandes temas do trabalho nosso seja o Esta- do. Sabendo que a manifestagio do direico no mundo contemporaneo passa necessariamente pelo Estado, grande parte de nossa reflexio € também de sociologia politica. Resta, 2 logia do diteito bastante cxftica. Quando procurarmos fundamentos szicos a0 Estado, descobriremos a economia politica, o capitalis- ito esta préxima uma \G40 que torna a socio- s0 mo. Ao comesarmos a sociologia do direito, entio, acabaremos nos deparando com as grandes questies da prépria estrucura da sociedade. Seremos chamados a tomar partido de posigGes intelectuais, que so também, em grande medida, opsées politicas. E separar tais posigbes da filosofia é também outro grave erro. Assim sendo, de modo geral, sociologia jurfdica e as disciplinas que a tangenciam levam a v ca a respcito do mundo. Espero que os senhores nao saiam deste curso formados apenas as metodologias ou nos grandes debates da sociologia do direito. Quero que saibam utilizar a metodologia da sociologia do direito para a vida que pulsa junto do dircito ¢ nele préprio. Poucos alunos, no futuro, dedicar-se-do & epistemologia pura da sociologia do direito ou endo & grande especulasio da sociologia politica ou da filosofia do dircito. A maioria serd de juristas priticos, querendo entender o mundo ¢ as ques- tes aplicadas & realidade pritica. Mas todos, indistintamente, serio homens ¢ mulheses de seu tempo, necessitando tomar partido das mazelas do mundo e das injustigas, sejam elas ju revolucionarmos nosso tempo e nossa sociedade. E preciso pois enten- der hem o mundo ¢ tomar pa cas ou nao, para lo, para transformé-lo. itica, pelo menos razodvel, pelo das velhas reser que di 6s vlamos sobre Ligos be Socotacta 90 Disurro / Ausisox Leanona Mascano 1a lel dos crimes an que afirma we de uma necessidade tal decorreu a lei, demonstra a falta de qua- le da sociologia do dizeito dos juristas, porque as coisas nfo se ientais, Essa palavra “portanto’ » sociologicamente neste nivel. Em outzos termos, alguns falam © trabalhador merece ser preservado nas suas condigées ou mere- te ter garantias, portanto daf resultow a CLT. As questdes da soci lo diteito no sao estas, especulando a respeito do que seja preci- lo que seja necessério. Esses argumentos so uma espécie de isica da sociedade ¢ da histé: . So argumentos quase que va- x. Um argumento retdrico vazio. Os senhores, agora que esto a respeito de questdes profundas do direito, devem domi- na outra argumentagio. F possivel que ral surgi porque a industrializagao capitalista j& ndo precisa is explorar a natureza, entao ela jé pode ser preservada jari- ¢ melhor. E possivel. Até mesmo se os senhores disserem 0 ambiental surgiu apenas por conta de agao de idealistas » da politica, do Greenpeace por exemplo, havetio de come- gam: o direito ara 1 de modo melhor a linguagem da sociologia do direito, ecessirand que importa ¢ que ergo a0 menos uma visio socioldgica a respeito do diteite ambiental, Infelizmente, muitos dhtar que conhecer melhor o direito € meramente conhecer melhor ores de antemao que neste curso os senhores filo serio tecnicistas. Se os senhores quiserem refletir sociologica~ mente » de processo civil e cidadania, os senhores no vao mas comegando pela afirmagio de que a apelagio € to depois conhecer melhor os fatos ¢ suas conexdes nda persistem em acre- reito natural ou entio de que os individuos de todas us sociedades apelaram de sentengas peoferidas cor processo civil nio é i 0, © nem biolégico do homem. E preci 20s desses epios processuais na sociedade, F. se 04 senbores quiserem dizer que a apelagio em quince dias atravanca o bom andamenca process, ¢ Avia 1 ~ brTHoDuG%o A soctotosia bo piReiTo preciso dizer a razio pela qual atravanca, ou seja, ter constatagées sociais concretas a esse respeito. Essa espécie de amadurecimento académico ¢ importante, Ainda que nao tratem de sociologia do direito diretamente, em qualquer tema com o qual se deparem, tratardo indiretamente sempre da sociologia juridica. Entéo, quando se diz do diveito ambiental, do discito do tra- balho, certa mirada, uma certa visio, relativamente pro- so exige fanda e relativamente madura a respeito desses ramos do dircito e sua imbricagao com a sociedade. Muitos dividem o conhecimento especulativo do direito em fi- losofia do direito, sociologia do direito e teoria geral do se houvesse campos especificos a cada uma dessi pelo contrdrio, que ndo so ciéncias auténomas, pois se interpenctr ‘Mas, se fosse tomada isolada apenas numa divisio meramente di tica, a soctologia do direito ainda assim ¢ bastante contundente, mas talvez, entre a teoria geral do dircito e a filosofia do direito, a sociolo- gia do num grat de contundéncia intermedidtio. Ela nfo € tio técnica quanto a tcoria geral do dircito, mas também tao explosiva quando a filosofia do direito no sentido de refletit so- beranamente ¢ de tomar partido dirctamente em relagio aos dados. Os senhores perceberao que para muitos grandes socislogos, cienti- ficamente, nao importaré a prinefpio gio em relagéo aquilo que os senhores «ratam. Se os senhores sto direito do trabalho ou a favor do direito do trabalho, se os senhores so contra o trabalho de menor ou a favor do trabalho de ito este} sociologia do direito a posi- conti menor, Para alguns socidlogos, como Weber, o que importa a princt- pio & que todo o desenvolvimento do raciocinio tenha um lastro cm sas ex) is, ¢ este lastro no pode ser incoerente. oy assim proce mos em conta aquela que é a mais profunda € dade, que é a marxiamo, que néo nos permite um mero dilet » tom: ws tradigoes de compreensio da socie~ ismo Ligots oe Sociotocxa no Dinara / Attssow Leann Mascano » conhecimento socioldgico..O marxismo é certamente um passo Como jé disse, nao temos no Brasil uma grande sociologia do Nas faculdades de direito estamos numa tradigio que é até ie praticamente lusitanas talver a velha Faculdade de Direito de persista ainda em ser 0 modelo de nossos cursos juridicos. adelo nunca reservou papel importante & sociologia do direi- Ye reservou papel bastante grande ao direito natural, que era 1 citedra de filosofia do direito, como se o direito 6 tivesse a 1 especulagio tedrica, quase metafisica ¢ como se a compreen- eta dos dados sociais nao fosse tao digna ao jurista. E como. a massa ¢ observassemos a sociedade € isso uxcsse para nds tanta dignidade quanto os estudos meramen- tivos. Quigd fosse uma divisio do wabalho na qual a filo- ssasse a partir do nada e a sociologia tivesse procedido como io, eu insistitei no fato de que 0 conheci- io € isolado, compartimentalizado, e nao hd reflexdes outras. A filosofia, quando pensa a partir do nada, wafdo fecha as paginas de todos os livros e bibliotecas e pensa absera- filosofia, ela é simplesmente divagacao. Infelizmen- m que a maior parte da chamada filosofia do direi- les, para quantificar os nem 0 Jo marxismo, foi vid pelo jurist brasileity conservaclor como peri Auta T = IermoDUGAG A soctoucu 90 BIRETTO pr cipe deve ter a coragem de se valer dos meios considerados maus pela ‘aso nfo cenha {mpet ra seu tesultado ser prov para esse embate pelas vias do mal ou da violencia, nao teré estatura para o governo. A tarefa politica de governar no se mist morais; antes, se lhes ¢ indiferente. Percebam codos que esta légica de Maquiavel nada tem de teol gica. Emancipado de reflexdes que giravam em tomo do poder de Deus, Maquiavel por isso recebeu uma reputacio infamante por parte dos tedlogos, ¢ dai vem o adjetivo maguiavélica. Mas, vale dizer ironica- 10 moral mente, sendo um realist, ralvez ele Fosse mais correro no pl quie os préprios teélogos, porque Maquiavel repurava apenas ao ho- ‘mem todas as habilidades politicas ¢ as suas mazelas e injustigas corres- pondentes, ¢ nao & vontade de Deus. i, que, nos tempos pds-renascer E preciso ress outeo vigoroso pensados, Espinosa, talvez. tenha sido o Unico filésofo religioso a se emancipar de uma explicagio social teolégica. Espinosa era um judeu de uma formagio teoldgica inicial bastante rigida e auto ritéria, ¢ na sua escapatéria da teologia conservadora chegou a um cer- ro pantefsmo na explicagio do mundo. ras, um © pensar 10 de Espinosa é muito interessante sociologicamen- He Ga pi fi xo de uma dicotomia crucial entre siste esta diferenciagio? Na ce- Ligors be SocrowoGia bo Dinu J Auysson Leaoxo Musca de a partir de dados que se reputavam por divinos, por meio de um plano afastado do concreto do mundo. Trata-se, pois, de uma reflexao porque partiam de outro plano que nao o da pré- pria realidade do homem em sociedade. A teologia ea filosofia medie~ © mundo, a partir de Deus, e nao do proprio mundo. A imanéncia, pelo contrério, ¢ a andlise do mundo a rcir do pr i yrica, a sociedade seria analisada a partir dela mesma, de transcendén wssim procediam para exp em tel Enguanto a » socidlogos modernos, foi, no entanto, muito mal-vista pelos de » reolégica, Na apreciagiio dos tedlogos, o método de Espinosa, ideraria que Deus seria visto no mundo, sua obra, € io proposta por Espinosa seria mi rista, Cor pantelsta ow até mesmo por at iros séculos se dizer que, em termos sociolégicos, os prim smo estavam procedendo a uma transigo: saidos da teolo- m agora construindo uma sociologia racionalista. Mas os ws consideram ser a razio algo muito peculiar, conforme se vend O Anson MO jores pensadores sobre a sociedade, nessa época de «lernidade, é Thomas Hobbes. Sua formagio € bastante wntacio teoldgica, ¢, de certo modo, também é estranba postulado pelo Hluminismo posteriormente, 1..© Levit, a principal obra de Hobbes, é uma ional na me- apaziguar os oO Auta 3 — A mxt-sociopcta 90 pine TL poder esta mas sim como um poder absoluuto nas mos do soberano. assim, nfo é postulado como um resultado democritico, ‘0 clas Hobbes post a formulagio teri ca do Absolutismo, No encanto, inteligentemente, ao contrétio das cor- muns nos séculos XVIe XVII, que fundamen- tavam 0 poder do soberano absolutista na vontade ou no poder de Deus, Hobbes situa esse poder absoluto na idéia de um consrata social, conforme ainda veremos. Para Hobbes, os individuos, a fim de se pre- servarem, delegavam poder soberano ao Estado. A perspectiva hobbesiana se constitui numa versio muito pect rentes teéricas do Absolutismo e contratualismo, porque em geral este é usado contra aquele, como veremos logo em seguida, ¢ nao em seu favor. No infcio da Idade Moderna, nos tempos em que o Renascimento se desenvolvia, cambém se consolidava o regime politico absolutista a, 0 Absol contririo, claramente teolégico, representando, Mas, enquanto © movimento renascentista era humai pel mn termos tedricos, uma conservacio dos velhos preceitos medievais em plena Idade Moderna. tismo, i Pelo Absolutismo perpassa uma grande ambigitidade cedtica: ser- 1a, logo em seu inicio, aos interesses da burguesia, e depoi segundo momento, foi seu mais importante empecilho. Vejamos como foi possivel essa estranha ambigiiidade. O surgime! demo, com grandes rerrisrios nacionais unificados, quebrava o isola um Jo Estado mo- mento ea autonomia produtiva do velho sistema f atividade mercantil dos burgueses. Se monarca fosse soberano, abso- luto, inha poderes plenos para estabelecer essa u Ligats ne Socowocns 60 Diner J ALessow Leavono Mascaro burgu iticamente, a concentracio de poderes na n soberano the ¢ prejudicial. O tei distingue os nobres dos burgueses, dando privilégios Xqueles e nfo a estes, impedindo portanto o amplo senvolvimento mercantil burgués por falta de condigdes de igualda- formal. Contra essa desigualdade ¢ os privilégios politicos advindos Absolutismo, a burguesia levantard uma nova concepgao pol , 0 Luminismo. A partir desse momento, principalmente a partir da segunda me- + do século XVII, a grande briga a ser travada, em termos de houigo de explicagio da sociedade, seré entre a idéia teoldgica do esa e individualista do Huminismo. jutismo verses uma idéia bury O TLuminismo ‘A burguesia passa a ser, na segunda mecade da Idade Moderna, 0 agente de mudangas histéricas na sociedade européla, Su espeito da sociedade & quase que totalmente a expressio dos 's interesses politicos e econdmicos. co On de Monivismo, Tendo se iniciado no século XVI, despontard toral- XVII, chegando ao seu momento culminante na w Francesa, que se deflagrou a partir de 1789. O Iluminismo inde vertente francesa, com Voltaire, Montesquieu, nento tedrico que acompanha esse periodo leva o nome mbém inglesa, com John Locke, ¢ mesmo alema, com im de ter se esparramado por outros paises mais, Unidos da Am ica, ‘cto, que 0 movimento iluminista, 10 tempo da Revolucio, no AUA3 A entsoc século antes, O movimento de ascensio das classes burguesas ao poder politico, na Inglaterra, foi acompanhado também de uma filosofia li- beral particular, mais pragmética que a francesa. O grande inimigo cedrico do Huminismo é a teologia. O pensa- mento teolégico sustentava 0 Estado absolu luministas desejavam derrubs-lo. No Absolutismo, o monatca era s os burgueses forte, de poderes ilimitados — ao rei no cram dados limites jurfdicos — € esse cardter absoluto do poder era sustentado por uma justificativa teoldgica, ‘Iratava-se da idéia de que todo © poder nasce de Deus: omni potestas nisi a deo. Os juistas absolutistas foram chamados a explicar o Absolutismo. No dizer dos juristas modernos, o Absolutismo exprimiria ma fig juridica: seria um contrato pelo qual Deus delegava poderes ao rei Juticicamente, tratar-se-ia de um mandato, uma procuragio de D. a0 rei sem reserva de poderes. Deus daria todo 0 poder ao soberano ¢ a este faria. © que bem entendesse a partir disso figura juridica gera um problema teolégico muito peculiar, No lado catélico, era preciso que 0 Papa coroasse o soberano para confirmé-lo como legftimo, j4 que 0 Papa se poe na autoridade de representante de Deus na ‘Tetra — ma espécie de cartério que reconbecesse a firma de Deus, enfim, A teologia protestante € mais pragmdtica que a catélica, ndo necessitan- magio, porque, sendo 0 rei 0 soberano, jo € porque Deus 0 quis ~ se Deus nao 0 tei, Em ambos os casos, a tcologia legitimava a ordem social cxiscente. do de intermediario da con: sesse, aquele no seria 0 O dito de que é melhor o impétio da lei do que © império dos homens faz patte da Iégica do Tluminismo, na medida era que mina 0 poder absolute do sobe n0, prevendo que o governo do Estado seja . Osburg igarn contra o Absolutismo. Com ie este ese 1a Do Dinu f Auvison' Leambao Mascato, Licoxs ne Soatot juridico que'nao é dado & burguesia. Para acabar com o Absolutismo, a burguesia tem duas tarefas. Acabar com o préprio poder absoluto do rei acabar com a idéia teolégica que fundamenta esse mesmo poder. © Absolutismo ¢ a doutrina teoldgica, res- ios medievais em tempos modernos. Deve a burguesia destr rf O Iluminismo diré que o Absolutismo ¢ um pensamento obscuro, iracional, trevoso — daf que, 20 arrogar a si as luzes da ra mento seja denominado iluminista, Para se insutgir contra o pretenso ndato de Deus ao soberano, € preciso afastar a esfera teoldgica da ional. A burguesia toma partido desta contra aquela. A raro, portan- na FZ, € sim no proprio homem, no individuo. Aqui comega o primeiro impasse que levard o Huminismo a ses, cle também, uma espécie de metafisica. A razio apregoada pelos jstas nao é cultural, néo éadquirida por meio do conhecim mundo, do contato com as demais pessoas, da convivéncia com 1 na sociedade. Pelo conteitio, cla ¢ estatica, eterna, ¢ repousa nao iedade, mas apenas em cada individuo. que a burgucsia levanta contra a fé dos absolutistas é uma ividualista e que se julga, tal qual a fé, eterna, Os modemnos concepedo cléssica, antiga, arstordlica, a respeito da razdo. Se se tomasse a concepgio mais simples € natural, de que a razio € um prouuto do homem em sociedade, os burgueses reconheceriam que os preceitos cvoluem, mudam, se transformam conforme a histéria. Mas -veria ser ctermamente a raz80 a burgues bourgues queria isso. A razio ca muda. O projeto da burguesia, além de quebrar os uma sociedade que Juristas, era também o de sesses econdmicos e politicos do capit mo, Portan- sa Jquer brie guarda, na sua soci iar os prinefpios que no pode ‘Acta 3 — A pnt-soctotoct 80 oiaero TE Assim, a sociologia do Iluminismo ¢ bifronte, Volta-se a0 passa- do, para destruir o Absolutismo, mas se volta também contra o futuro, ao impedir qualquer caréter contrério (por exemplo, socialista) 2 socie- dade capitalista que € almejada, Entre 2 explicagto da sociedade com fundamenco em Deus, como o era no Absolutismo, ¢ a explicagao da sociedadc com fundamento na prépria sociedade, como serd 0 caso no periodo pés-iluminista, os pensadores modernos ficardo numa estra- ngente: nao tomado socialmente, mas tomado de modo isolado. aha fo que a razAo ea justiga tém pot medida o individuo, A defesa do individuo, contra a teologia ¢ contra a sociedade, ¢0 fundamento do liberalismo, do interesse politico e juridico burgués. dos princfpios do individuo em face Trata-se da defesa dos direitos do Estado ¢ da sociedade. Que individuo esta em mente nesse mo- mento? Claramente, 0 individuo burgués. B a co da propriedade privada do burgués, conta todos os demais, erga omnes. Seus interesses juridicos: vender para quem quisesse, liberdade ampla rugéo do mundo Locke, alids, ressaltava muito a de negécios, igualdade perante a importancia da defesa intransigente da propriedade privada dio explica a sociedade a partir dela mesma, ¢ uo? O capitalismo ¢ um sistema que deseja se pela classe burguesa, portanto, seu discurso quer atentar apenas para um absteato interesse Por quea burgues sim a partir do indi icergar na explo: da classe traba dos individuios, ¢ nao para o interesse da sociedade em geral. Para 0 Iluminismo, o individuo cidadao ¢ beneficidrio do sistema econdmico capitalista sera sempre o burgués. E por isso que os burgueses da [dade am a explicagio da sociedade a pa dela mesma, ‘Mas é dificil, de qualquer forma, propor um modelo de explicagéo da mente pelo € mio pela propria 08 procediam diferentemente dos 0 | Arveson Leanono Maseno 1yg02s be Socaotoaia Bo Dias cscs 5 de que o homem é um animal politico. Mas, para es buy sdernos,o perigo de se explicar a sociedade pela propria sociedade era fayet a sua critica caso Fosse injusta, desarmoniosa ou desordenada. O iminismo foge de qualquer eritica 2 sociedade burguesa. Peculiarmente, 0 pensamento burgués sobre a sociedade nao se fur- ta de set critica, B preciso desteuir 0 regime absolutista de privilégios. A cxplicagio a respeito da sociedade deve se tio critica que consiga des- (nuir o Absolutismo, mas néo tio critica que no futuro destrua 0 pré- prio interesse burgués ¢ do capitalisme. 1 fazer 0 seguinte mapa da pré-sociologia ¢ da pré i- Por isso, pod «iologia do dircito: os gregos cissieos fornecesam a primeira ey a segunda «ao pré-sociolégica do direito; os medievais criaram und asf, de cunho reol6gico ~ cujo chimo resquicio era © prop Iutismo; os modernos, iluministas e burgueses, desenvolveraio um terceiro modelo pré-sociol6gico de explicasio socials 0s fundamentos se modelo sero 0 individualismo e 0 contrato social. © CONTRATUALISMO- mo decorre obviamente das necessidades econdmi- » sistema produtivo baseado na apro- ‘duos, Seus valores so individuais, cas burguesas. O capitalismo cio do capital por alguns indi A propriedade nfo ¢ o bem colet ‘ocial, e sim do Mas como explicar que o valor maior da sociedade sejaindivieual, se Como explicar it com todos? ns vivem necessariamente em sociedace? sovieda Auta 3— Ants de de tal ou qual forma, Ora, os modemos fogem dessa explicagio ¢ fogem também da teoria clissica, aristorélica, pela qual os homens sio naturalmente sociais. Oi: lismo levaré os modernos 2 explicarem a sociedade de modo distinto daquele anteriormente produzido. Surge, portanto, a teoria do conmato social. Trata-se de uma idéia tipicamente da [dade Moderna, que foi verificdvel apenas nesse tempo, a beneficio da prd- pria burguesia. Oessencial dessa teoria do contrato social apregoa que o homem, por natureza, no é social, Pelo contcério, essa teoria apregoa que o homem, por nacureza, é individual, vive sozinho, isolado, Entio ocorre que, por vontade de cada qual e de todos os individuos, estes deliberam por v em certo momento, em sociedade. A sociedade, portanto, nao seria na- tural nem necesséria aos individuos. Se houvesse uma natureza social 0s homens, ja nasceriam todos sob tal condigio. Mas, para os le ¢ artificial, Resu de um contrato, Claro que a teoria do contrato social é um absurdo. E atentatério A realidade imaginar que os contraram ¢ yotaram viver em sociedade, E, © voto de um homem valendo 0 mesmo que o de outro, é absurdo imaginar que desse con- ou estipularem que alguns tais mandario nos demais, se apropriario da terra que era de todos e sero senhotes. Os ind is, porque nao brora individualmente, Necessariamente nascem e se desenvolvem em gr po, em familia, em coletividade. E mais, nfo se pode pensar que haj um contrato social sem que houvesse, antes, linguagem comum pata dela se extrair um acordo. Portanto 0 contrato social, se existisse, s6 al eacertada \dividuos viviam sozinhos, um dia se en- teato entre individuos re 0s no cr por natureza id te 0 Ligors 2 Soctotocia bo Drrato f Atrsson Leanono Mascano Mas, para rebater criticas, os pensadores modernos, em sua maio- tia, dito que, na verdade, o contrato social é uma ficgdo para comecar 1 explicar a sociedade. Mas, af entio, reside outro grande problema ssa pré-sociologia, o seu caréternitidamente metafisico. De duas uma: ‘ contrato social é apregoado como se Fosse uma realidade, e ento ta de uma postulagio puel itil, ¢ entio se traea de uma explicacio ignominiosa ou é apregoado como uma ficeao, men Na teoria do contrato social, 0s individuos viviam isolados, ¢ esse o estado de natureza, Por contra lembrar que, se para os modernos o estado de nacureza, a situagio I, é individual, para os clissicos ¢ social. Aos concratualistas, a Jade € artificial, porque surge depois dos individuos, apenas pela le destes, Entre individuo e sociedade, o valor maior a ser prote- di sam a viver em socicdade, iéodo duo —o burgués. tas dinio, ainda, que a sociedade, para Estado > sociedade > individuo. Ja para os modernos ifuministas, 2 seqiiénci iduo > sociedade civil > Estado. K esfera teolégica, pela qual principia a legitimacdo social dos medievais, sta, & indi nfo existe na légica ilumi No entanto, a explicagao social dos medievais e a dos modernos, diversas sejam nos propésitos ¢ nas suas teorizagGes, continu- por am padecendo do vicio de néo explicar a sociedade humana por ela s ainda por pré-soci mesma. Daf 0 fato de serem tom: ogias. A segmentagio da vida social moderna em trés esferas, a individu- al, a da sociedade civil ¢ a da sociedade politica, o Estado, € benéfica para os interesses priticos da burguesia, porque legitima o individualism e, ao mesmo tempo, confina a politica num campo J. Hum costume artaigado, em muito estrito e reduzido da agio soci muitas pessoas, de dizer: “en no sou politico”. Mas como € possivel alguém dizer que nao é politico, se vive em sociedade? Para Aristételes, isto € um absurdo. Todo homem vive na polis, entio todos sio poltt inda que ndo queiram ou nem saibam, O que € possivel é que mas cos, alguém que se declare néo-politico seja um alienado da pol ambém € uma situasio politica. Assim, todos os socidlo- ienad gos contemporineos afirmardo que o individualismo ou a recusa da ica sio também nudes pollticas. Mas, para a burguesia moderna ~ a0 dividir 0 todo da vida social da teoria do contrato social -, a vida ces estanques, por m politica é apenas aquela que se refere 30 Estado. Quem ndo pacticipa sa 99 Dissto / AION Lewwono Mascaro Licoss oF Socio.ost Locke, é2 de Rousseau, éa de Kant, Claro que, em cada qual, se a interesses distintos ¢ em explicagdes também diversas. co contratualismo éa forma :m Hobbes, de forma muito peculi stificar 0 poder absolutista. Os individuos deliberam por delegar -res ao monarea soberano, a fim de que imponha a ordem que 4 com a guerra de todos contra todos. Jé para Locke, Rousseau e o contrato social é 0 que dard fundamento para que a sociedade ‘a com o Absolutismo, na medida em que este ndo respeita nem nate os interesses mais profundos do individwo burgués. Em Locke ¢ em Kant fica explicito 0 cardter capitalista da teoria contrato social. O mais alto interesse do individuo, para Locke, éa tia da propriedade privada. © préprio Kant, em suas reorias polt- las censitérias que excluam o trabalhador € 0 ho- ica sepresentativa. ticas, propde cl: n comum da partici Certamente, de todos os contratualistas, quem apresentard a teo~ scima de uma explicagio real- contundente € pr mente social da sociedade sera Rousseau. Pode-se consideré-lo, talvez, ‘nico grande pensador burgués de modernidade que tinka remor- sos, Por isso a eterna desconfianga dos burgueses para com Rousseau. A relagio entre individuo ¢ sociedade no pensamento de Rousseau ito peculiar quando comparada com o pensamento de Locke, Kane mesmo Montesquieu, uum dos baluartes do liberalismo francés. Para se trata de dizer que haja instincias estanques, © que, livre ¢ depois perdeu tal liberdade para a Pelo contrério, 2 proposta de contrato social Roussea ma delas, o individuo vi sociedade ¢ para 0 Estac de Rousseau nao é descritiva, é propositiva. O indlividuo deve viver livre, figura do Estado, um tereeiro que Ihe deve encontrar no Estado a AULA 3 — A PRe-SocoLociA DO DIxEITO TT Trata-se, aqui, de um conceito muito peculiar de Rousseau a idéia de vontade geral, A sociedade e 0 Estado nao devem ser a expres so das vontades ¢ interesses de um apenas, de um soberano absolu- to, nem mesmo da burguesia exclusivisea nas pal seja o melhor a todos. renciona acumular ape- si, Na verdade, € preciso encontrar a plenitude daquilo que Por isso Rousseau nao é um liberal no sentido da burguesia francesa tradicional do seu tempo, Para cle, nao hd esferas estan- dade na soberania do Estado por conta meramente de regras legais que lhe confiram po- det, Rousseau, mais que liberal, é principalmente ado com a vontade geral, ¢, é = ic6es, mas, fundamentalmente, com vinculos profundos do confor ques na vida social, tampouco por- que prevé que o Estado seja identi portanto, nao apenas com procedimentos formais qu iuo com o todo social, que se verificario, por exemplo, na questéo econdmica. Dai a critica de Rousseau a0 egoismo da pro- priedade privada, ¢ também suas reflexes a respeito da desigualda- de entre os homens. Porque Rousseau postula uma concepsio distinta daquela profes- sada pela maioria dos liberais burgueses do iluminismo, alguma maneita, um certo modo de pensar a sociedade a partir de suas, ptdprias questées, 0 que serd préprio da vindoura sociologi do século XIX. Os j I ecipa, de a partir 1, attaigados no positivismo da Montesquieu ¢ de Kant, para 0s qu: as explicagées sociais seguem uum modelo bem menos critico. ‘© pensamento burgués moderno, iluminista, nao consegue, pois, dade. Para a salvagio dos fade a um soe

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