Sei sulla pagina 1di 76
~Sequro-Caxo: Protocolo coma Contra - Quadra Cewrsinia Aen paraanterpretato ae hen ladifebade da Deis de Facto pla Relageo in JOAO CALVAO DA SILVA DIREITO BANCARIO Relatério apresentado para a presta- (0 de provas de Agregagdo (Ciéncias Iuridicas), na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra aoe N yo Ww wy ALMEDINA ee Promo ues Aluaediiee TITULO 1 DIREITO INSTITUCIONAL 55, Razio de Ordem 55.1. A sensibilidade e 0 particularismo do sector da Banca Tevou a que, na sequéncia dos acérdios Reyners e Van Binsbergen Gupra, n°6 ¢ 49) © com vista a facilitar a realizacio pritica das liberdades de estabelecimento ¢ de prestacio de servicos (supra, 47 e 50), fosse adoptado nimero significative de Directivas de coordenagio ou harmonizagao minir quer das condigdes de acesso @ act crédito e sociedades financeiras, quer das condigdes de exercicio da actividade, dos principios ¢ instrumentos técnicos de controlo ou superviséo prudencial, quer das garantias dos clientes ou proteceao dos “consumido- res” de servicos bancdrios, depositantes e credores, e de servicos de investiment ‘Assim minimamente ou suficientemente harmonizadas as re- gras materiais julgadas essenciais ¢ indispensdveis & fiabilidade, credibilidade, solidez e estabilidade do sistema financeiro, ficava vencida a desconfianga e/ou ganha a confianga dos Estados-mem- ‘bros para a aceitagao do reconhecimento miituo de autorizagdes concedidas ¢ de controlos exercidos pelo pats de origem (home country control - supra, 0°43), fundamentos de um mercado tinico da Banca, em que a autorizagdo concedida a instituigdo de crédito ‘ou sociedade financeira possa ser tinica e servir de passaporte ou livre transito (de estabelecimento ou prestagao de servicos)em todo 0 territério da Comunidade. idade das instituigGes de m Divelio Bancdrio 55.2. E deste Direito Especial — deste direito especifico do sistema financeiro em sentido subjectivo (supra, n°27)— que, numa Subtitulo II — Protecedo de Depositantes ¢ Investidores néo institucionais (“consumidores” de servigos financeiros). SUBTITULO I ACTIVIDADE DA BANCA: CONDIGOES DE ACESSO DE. EXERCICIO 56.A Directiva n°2000/12/CE: codificagio de sete Directivas principais 56.1. A realizagiio do mercado bancério comum, mercado in- inico, foi facilitada pela adopedo de sete Direc- ‘uma Directiva de supressio de discriminagdes em idade seguida de Directivas de coordenago das legislagdes nacionais: IDirectiva 73/183/CEE do Conselho, de 28 de Junbo de 1973™, relativa & supressio das restrigées a liberdade de estabele- cimento ¢ a livre prestagio de servico: lamentares e administrativas respeitantes estabelecimentos de crédito e ao seu exercicio. Ea 1° Directiva de coordenagao bancdria, que dé a nogao de instituicso de erédito, impSe autorizagdo para ela aceder & actividade e exercé-la, e deixa 1 criagao de sucursal por instituigSo de crédito autorizada no Estado de origem ainda ficar dependente de (outra) autorizagio do Estado- -membro de acolhimento (art.4"); m4 Dirito Bancério 3)Directiva 89/299/CEE do Conselho, de 17 de Abril de exere(cio e que altera gular da realizagdo do mercado tinico no sector, porque € na medida em que consagra a trilogia em que o mesmo se funda (harmoniza- (G0 minima — home country control — reconhecimento miituo), com a introdugio da autorizagiio dnica vdlida em toda a Comuni- "passaporte europen” que permite a abertura de sucursal de i¢ao de crédito autorizada no Estado-membro de origem sem. que o Estado-membro de acolhimento possa ainda exigir nova autorizagdo e capital de dotago; com a sua entrada em vigor, em 1 de Janeiro de1993, o essencial do mercado bancétio tinico € uma realidade, ficando concretizado © programa estabelecido em 1985 no Livro Branco sobre o acabamento do mercado interno. S)Directiva 89/647/CEE do Conselho, de 18 de Dezembro de relativa a um récio de solvabilidade das instituigdes de 6)Directiva 92/30/CEE do Conselho, de 6 de Abril de 1992'*, relativa & supervisto das instituigGes de crédito numa base conso- lidada; 56.2. Considerando que as mencionadas Directivas de base foram por diversas vezes alteradas de modo substancial © que as | | ' | ‘ Titulo 1 ~ Direito Instiucional us normas relativas 2 actividade muito disseminadas", a Cor apresentou em 15 de Dezembro de 1997 uma Proposta rectiva do Parlamento Europeu ¢ de ‘Conselho destinada a codificar as Directivas em questio', tuigdes de crédito estavam, mais possibilidade ¢ cognoscibilidade dos dircitos especificos de que este possa prevalecer-se. Iamento Europeu ¢ do Consetho, de tiva ao acesso a actividade das ie da codificagao oficial (constitutiva) das referidas motivada por razdes de [dgica e raci- 3s cidadios, proporcionar seguranca jurédica acrescida quan- to a0 direito aplicdvel em dado momento a certo problema. Codi- ficacao pura e simples, sem alteragdes de substincia das Directi- vas, aqui e além, contudo, com uma ou outra adaptagéo formal requerida pela verséo codificada, Nos termos do art.67°, n°1, da Directiva 2000/12/CE so revo- gadas as Directivas codificadas, tais como alte'adas pelas Directi- ‘yas Gonstantes da Parte A do Anexo V, sem prejuizo das obrigagdes “© Hotas e outras Directivas bancéias, suas propostas e alteragdes, bem (Droit Bancaire européen), voL.II, em bolandésfitalianc/espanhol Bankrecht - Dirito Bancario Europeo - Derecho Bancario Europe 16 int Banerio dos Estados-membros relativamente aos prazos de transposicao © aplicagdo das referidas Directivas que constam da Parte B do mesmo ‘Anexo V. do que segue, ater-nos-emos & sde 15 de Junho de 2000 — vigési no JOCE (ert.68") —, tendo presente que as referéncias as Directivas revogadas devem entender-se como feitas, A novel Directiva e ser lidas de acordo com 0 quadro de correspon- déncia constante do Anexo VI (art.67, n°2). A Directiva 2000/12/CE foi alterada pela Directiva 2000/28/ ICE do Patlamento Europeu ¢ do Conselho, de 18 de Setembro de 2000”, a fim de incluir nas instituigdes de crédito as Instituigdes de Moeda Blectrénica criadas pela Directiva 2000/46/CE™ dia 57.0 Regime Geral das Instituigies de Crédito (Decreto-tei 1°298/92, de 31 de Dezembro): codifie: Precursor em Portugal de objectivos 2000/12/CE é 0 Decreto-lei n°298/92, le Dezembro, que aprova 0 Regime Geral das Instituicaes de Crédito e Sociedades Financeiras, alterado pelo Decreto-lei n°246/95, de 14 de Setembro relativa aos sistemas de garantia de 32/96, de 5 de Dezembro (transpoe a aos servigos de investimes Directiva 95/26/CE, relativa ao reforgo da supervistio pruden a Directiva 96/13/CE, que deixou de excluir a Caixa Econ Moniepio Geral das Directivas aplicveis as instituicdes de crédi- i n°222/99, de 22 de Junho (cria e regula 0 ‘ual de diveto bancdria, cit, §9, p95 © segs; AUGUSTO DE ATAYDE ¢ OUTROS, Curso de dircito bancdrio, cit, p217 e segs Tio 1 Direito Isttucional m Decreto-Lei n°250/2000, de 13 de Outubro (transp6e a Directiva 98/33/CE, que altera as Directivas 77/780/CEE, 89/647/CEE, 93/6/ ICEE) ¢ pelo Decreto-Lei n°285/2001, de 3 de Novembro. - grande vulto — precedido do Livro iro: 1992/ As instituigdes de Crédito, procede a reforma da regulamentacfo geral do sistema bancétio, transpondo para‘a ordem juridica interna as jé referidas Directivas de base e revogando todo um vasto conjunto de legislago dispersa iplinadas, designadamente os Decte- 20 cidadio comum maior cer- vel a dada questo em certo acrescida da ognng. a teza © seguranga quanto indo para legislagdo’ complementar tio- zime especial de cada uma das instituigdes de crédito existentes. Num Relatério debrucamo-nos, naturalmente, sobre 0 Regime Geral — doravante designado por Lei banedria —, sem antes deixarmos de fazer uma referéncia corrida as diferentes categorias de instituigies de crédito ¢ sociedades financeiras. 58, Instituigées de Crédito e Sociedades Financeiras No processo de construggo do mercado bancério tinico, a I" Directiva de coordenagao — Directiva 77/780/CEE — adoptava a terminologia de estabelecimento de crédito, assim definido: “uma empresa cuja actividade consiste em receber do priblico depésitos ou outros fundos reembolséveis ¢ em conceder créditos Por sua prépria conta”, A nova nomenclatur © a mesma definigéo mé tuigdo de crédito” foi introduzida pela 2* Directiva de Coordenagdo 18. Ditto Bancério Bancétia — Directiva 89/646/CEE — cujo n°6 do art.1° da ainda a seguinte nogo de instituicdo financeira: “uma empresa que néo seja uma instituigdo de crédito, cuja actividade principal consista em tomar participacdes ou em exercer uma ou mais das actividades referidas nos pontos 2 a 12 da lista que consta do anexo.” Estas novas nomenclaturas ¢ correspectivas nogdes mantém-se na Directiva 2000/12/CE (art.1°, n®1 e 5) e foram transpostas para as ordens juridicas intemas, em nome de uma certa unificagdo ou harmonizagio minima do estatuto bancétio europe. entre insttuigdes de ero, instituigdes parabancérias e auxiliares de crédito, Pelos Decreto-lei n°41403, de 27 de Novembro de 1957, € Decreto-lei n°42641, de 12 de Novembro de 1959, as instituigdes de crédito eram os institutos de crédito do Estado (em que sobres- saia a Caixa Geral de Depésitos), os bancos emissores, os bancos comerciais ¢ os estabelecimentos especiais de ci estes os bancos de investimen tivas de crédito e a Comp: (aut. do DL n°42641), As ait.5? do DL 2°41403, surge de 27 de Abril de 1965. referidas no art.3° do DL 42641: € cambios e as casas de cimbio. Com a Lei bancdria desaparece a di’ abrangendo — Os bancos comerciais tinham por objecto exclusivo o exer- cicio com fins lucrativos da actividade bancdria e das fun- ¢6es de crédito, nomeadamente a recepgdo, sob a forma de depésitos ou outros andlogos, de disponibilidades monetd- rias que empreguem, por sua conta e risco, em operacées Instinuigbes de Crédito 19 activas de crédito a curto prazo ou outras autorizadas por lei, e a prestagdo de servigos de transferéncia de fundos, de guarda de valores e de intermedirios nos pagamentos ¢ na citado DL n%42641); — Os bancos de investimento tinham por objecto (art.45° do DL 1°41403) a concessiio de crédito a médio prazo (Ia 5 anos) € a longo prazo (mais de 5 anos), tendo sido criado 0 Banco de Fomento Nacional pelo Decreto-lei n°41957, de 13 de Novembro de 1958; mais tarde, pela lei n°1/75, de 2 de Janeiro (alterada pelos Decretos-leis n°544/77, de 31 de Dezembro, e 282/90, de 14 de Agosto), o objecto dos ban- cos de investimento 6 alargado © passam a poder receber depésitos & ordem, Hoje, subjacente & Lei bancéria esté 0 conceito de banca uni- versal — a banca de competéncia genérica ou geral, a poder rea- lizar todas as operagdes admitidas por lei (art.4°) —, na esteira da 2 Directiva de Coordenacao Bancéria, sem prejutzo, naturalmente, {da especializagao praticada pelos grupos no seu préprio seio, no uso legitimo da autonomia privada. 59. Instituigées de Crédito 59.1. Nogiio de instituigao de crédito £ uma nogio in genere, englobante de diversas espécies ou categorias de instituigdes exercentes da profissio (art.3° da Lei bancéiria), a dada pela Directiva (art. wuin prolongamento visivel da antiga definicdo de ‘Sto dois os elementos em que se-decompte a nogdo de instituigdo de crédito: empresa e actividaie financeira exercida. 130 Diteito Bancério Quanto ao primeiro, precisa-se a recondugio de empresa & forma juridica de sociedade anénima (art.14°, n°1, a:b) — com salvaguarda das Caixas Econémicas e das Caixas de Crédito Agrf- cola Miituo (arts.29° ¢ 41°), Logo, instituigdes de crédito so empre~ sas, leia-se, sociedades andnimas — empresa em sentido subjec~ tivo, portanto, No tocante ao segundo elemento da nogio, a actividade exer- cida (pela sociedade anénima) consiste em receber do piiblico depésitos ou outros fundos reembolsdveis e conceder créditos por sua prépria conta. Actividade curnulativa, portanto: recepeao do piiblico (mimero indeterminado ¢ indetermindvel de pessoas) de dinheiro ou equivalente (independentemente do mecanismo jurf- ico), com a obrigaciio de o restituir ou ree em operagdes legais por sua conta e risco intermediacao da instituicdo de crédito estd na prética habitual coordenada de actos de recepgao de disponibilidades monetdrias do piblico e na concessao por conta propria de crédito e financia- catia) — no modelo de banca universal, so muitas mais as activi- dades permitidas aos bancos, mas nao em monopélio (art.4” da Lei bancéria) —, continuado no exclusive de certas formas e denomi- De avordo com a alteragio da Directiva 2000/12/CE introduzida pela Directiva 2000/28/CE, sio também instituigées de crédito es novas lnsttuigdes {de Moeda Blectrnica que, nos termos da Directiva 20XWVS6VCE, tém por objecto ‘4 emissio de meios de pagamento sob a forma de moeda electrénica. Desta sorte, a Lei bancésia teré de receber no seu art-2° a nova al. 6) do n°1 do ar.1* da Directiva de Coditicagio 2000/12/CE, até 27 de Abril de 2002, piblico em erro ( Por isso, compreende-se 0 disposto no art.9* da Lei bancéria: —pelo n°, ndo sto considerados fundos reembolsdveis rece- para prosseguir a sua actividade, endo recebe piiblico a fim de o aplicar por conta prdpria mediante a ‘concessiio de crédito — logo, nfo cabe na actividade de intermediago de dinheiro reservada a instituigdes de crédito; — pelo n°2, ndo sao considerados concessdo de crédito: a) 0s tos entre uma sociedade ¢ respectivos s6cios; b) a conces- so de crédito por empresas aos seus trabalhadores, por raz6es de ordem social; c) as dilagdes ou antecipagdes de pagamentos acordadas entre as partes em contratos de aqui- quando legalmente permitidas, entre sociedades que se encontrem numa relagdo de dominio ou de grupo (financi- amento intra-grupo); e) a emissio de senhas ou cartes para pagamento dos bens ou servigos fornecidos pela em- presa emitente (v.g. senhas de gasolina ou cartées de um shopping center): aqui nito ha concessao de crédito ao pii- blico, mas a niimero restrito predeterminado de pessoas — logo, também nao cai no perimetro da actividade de interme- diagdo de dinheiro reservada a instituigdes de crédito. 0 referido monopstio ou principio de exclusividade comporta a excepgio da recepgio do piblico de fundos reembolséveis (art.8°, n°3, da Lei bancéria): pelo Estad piiblicos dotados de personalidade tiva © financeira; pelas Regides.auténomas ¢ Autarquias locais; pelo Banco Europeu de Investimento e outros organismos interna- cionais de que Portugal faga parte e cujo regime juridico preveja a faculdade de receberem do piblico, em territério nacional, fundos reembolséveis; pelas seguradoras, no respeitante a operacaes de capitatizacao, Ainda no tocante ao monopétio ou principio de exclusividade — 56 as instituigdes de crédito podem exercer a actividade de re~ cepeio, do piblico, de depésitos ou outros fundos reembolséveis, para utilizagio por conta propria (art.8°, n°l) —, dir-se-d ndo ser exacto que todas as instituigdes de crédito (tipificadas no art.3°) recebam do ptiblico depésitos: nao os podem receber as sociedades de investimento (art.4° do Decreto-lei n°260/94, de 22 de Outubro), as sociedades de locagao financeira (art.5° do Decreto-lei n°72/95, de 15 de Abril), as sociedades de factoring (art 5° do Decreto-lei 2°171/95, de 18 de Julho), as soci¢dades financeiras para aquisigdes a crédito (art.5° do Decreto-lei n°206/95, de 14 de Agosto), as visam-se os Bancos, a Caixa Geral de Depésitos, as Caixas Econé- micas, a Caixa Central de Crédito Agricola Miftuo e as Caixas Crédito Agricola Mituo (art.3°, als.a) a €)), tendo o legislador ti ficado como instituigdes de crédito anteriores ‘cérias, por forma a inclui-las no Regime Geral a ordem juridica interna das Directivas Comunitarias — e assim estender-ihes o beneficio do passaporte europeu. Por fim, sublinhe-se que a violaco do monopélio bancario é sancionado criminalmente, nos termos do art.200° da Lei bancétia: “Aquele que exercer actividade que consista em receber do iiblico, por conta propria ou alheia, depésitos ow outros fundos reembolséveis, sem que para tal exista a necessdria autorizacéo, & no se verificando nenhuma das situagGes previstas no n°3 do art.8°, serd punido com prisdo até trés anos”. Insiuigses de Crédit 183 59.2. Espécies de instituigdes de crédito 59.2.1. Bancos ‘A primeira das instituigies de crédito elencada no art.3° da Lei baneéria so os Bancos, & volta dos quais gravita, de resto e em grande medida, o regime geral © modelo 6 0 do banco universal de compeiéacia reconhecida Neste figurino de competéncia universal, desaparece ainda a referencia a Bancos prediais ou hipotecdrios", centrados no cré- dito fundiério e garantido por hipoteca, de que temos exemplo a Companhia Geral do Crédito Predial Portugués, criada por De- creto de 25 de Outubro de 1864, continuada pelo Crédito Predial Portugués, mas agora diluido no regime geral. 59.2.2. Caixa Geral de Depésitos ‘A segunda instituigao de crédito elencada no art.3° é a Caixa Geral de Depésitos , Crédito ¢ Previdéncia, hoje Caixa Geral de Depésitos, SA (art.1° do Dec.-lei n°287/93, de 20 de Agosto) — trata-se de um Banco que s6 razbes hist6ricas explicam manter-s¢ ainda (até quando?) individualizado no etenco das espécies de ins- tituigdes de crédito. elo n°2 do art.4° da Lei bancéria, a CGD “pode efectuar todas as operagées permitidas aos bancos, sem prejuizo de outras atribui- ‘ges conferidas pela legislagao que lhe € prépria”, Esta equiparacio da CGD a bancos aparece, naturaliter, na legislagao de revistio do seu estatuto especial, o Decreto-lei n°287/93 — veja-se, por exem- plo, 0 art.3°, n°1: “a CGD tem por objecto 0 exercicio da actividade 1 Para a sua histéeia, cfr, MENEZES CORDEIRO, Manual de direito bancéria, cit, p227 ¢ segs; FISHER/KLANTEN, Bankrecht. Grundiagen der Rechtspraxis, 3* ef, 2000, p.17 € segs. 184 Direito Bancérto bancéria nos termos definidos nos seus estatutos...” —, concre- tizando os estatutos, anexos a esse diploma, no seu art “A sociedade tem por objecto o exercici nos mais amplos termos permitidos por lei”. Criada pela Carta de lei de 10 de Abril de 1876, a CGD nasceu com uma vocagao exclusivamente centrada no ambito do Estado, tendo como fungéo principal a recolha e administragao dos depésitos efectuados por imposigio da lei ou dos tribunais; cresceu como um banco de poupanga e investimento ligado a politica econémica, continuando a recolher os depésitos piiblicos ou determinados pelo Estado, bem como a poupanga privada, © chegou até 20s nossos dias j como um banco universal. Marcantes foram: As reformas de 1929 — Decretos n™16665 a —, em que é adoptada a designagdo Caixa Geral de Depé- rédito e Previdéncia, e expandida a sua lade agricola trial (mediante a Caixa Nacional de Crédito) ¢ de seguranca através da Caixa Nacional de Previdé ‘A reforma de 1969 — Decreto-lei n°48953, de 5 de Abril, cujo preambulo dé uma visio ampla da hist6ria da CGD —, que a trans- forma em empresa pablica ¢ nela integra a Caixa Nacional de Crédito, ‘embora conserve ainda privilégios varios, como a imposigao de depé- sitos de todo 0 sector piiblico, a garantia da restituigao dos depésitos pelo Estado e a isengZo de impostos, taxas ou licengas. 59.2.3. Caixas Econémicas A terceira espécie de instituigoes de crédito previstas no art.3° sto as Caixas Econdmicas, que, como todas as restantes institui- ges de crédito, 36 podem efectuar as operagdes permitidas pel normas legais e regulamentares que regem a sua actividade (art.4°, n°3, da Lei bancdria)!". Para a origem, evolugio e natureza das Caixas Eoonsmicas, eft: JANUA- RIO GOMES, Natureza jurddica das Catxas Econémicas, “BMI” 1°312 (1982), entre n6s pelo Decreto de 17 de Agosto de 18% em Lisboa uma Caixa de Economia, & qual de Empréstimos, chamada Monte de Piedad Economia recebia dep6sitos (art.2"), 4 ul 1°). A Caixa de pelo Monte de ). Confirmado pela ivo era claro: captacdo de pequeno aforro e realizagdo de operagoes de crédito de caricter essencialmente pessoal, num espirito de beneficéncia © combate aos males da indigéncia ¢ & agiotagem que entio proliferava. A legislagio subsequente — em especial 0 Decreto de 28 de Fevereiro de 1891, 0 Decreto n°19281, de 29 de Janeiro de 1931, eo Decreto n°20944, de 27 de Fevereiro de 1932 — foi claramente 1a visdo mutualista, que ligava as Caixas Econémicas de socorros miituos, alargando, todavia, aos em- préstimos hipotecarios 0 quadro de operagées activas facultadas Aquelas instituigdes. Instituigdes sem fim lucrativo ¢ de actividade bancéria restrita, a sua evolugdo levou & constituigao de Caixas Econémicas sob a forma de sociedades anénimas, com capacidade para a generalidade das operagtes bancérias. Destaque-se a Caixa Econémica de Lis- boa (de 24 de Marco de 1844), anexa ao Montepio Geral — tepio Geral que apresenta dupla vertente: Montepio Geral-Asso- ciagdo Mutualista (antes designada Montepio dos Empregados Pab Caixa Econémica-Montepio Geral (antes denominada Caixa Econémica de Lisboa). Nos termos da regulamentagdo actual (Decreto-lei n°136/79, de 18 de Maio, alterado vezes varias), “as Caixas Econdmicas séo instituigGes especiais de crédito que tém por objecto uma actividade bancéria restrita, nomeada- 23 0 segs; A. MENEZES CORDEIRO, Manual de dieto banéri, et, sm 6 Dineito Bancdrio mente recebendo, sob a forma de depésitos — nos termos defini- dos para os bancos (art-13%, n°1) — A ordem, com pré-aviso ou a prazo, disponibilidades monetarias que aplicam em empréstimos © outras operagdes sobre titulos que thes sejam permitidas e prestando, ainda, os servicos bancdrios compattveis com a sua natureza e que a lei expressamente thes nao proiba”(att.1°). Segundo o disposto no art.2*, pode ser autorizada com carécter excepcional pelo Mi- nistro das Finangas a constituigdo de Caixas Econémicas anexas ou pertencentes a associagdes de socorros miituos, Misericérdic ou outras instituigdes de beneficéncia (n°1), mas ni Caixas Econdmicas sob a forma de sociedade comerciai (n*2). Pelo art.5*, as Caixas Econdmicas limitam as suas operagdes de crédito activas a empréstimos sobre penhores ¢ hipotecdrios (e°l, e art.11°), sujeitas aos limites e condigées vélidos para os bancos comerciais (art.6°), sem prejutzo de outras operagdes actuais, realizveis pela Caixa com sede nas Regides Auténomas, como 0 desconto comercial, a concessio de crédito a médio e longo prazos 20 investimento produtivo, a abertura de crédito em conta corrente desde que caucionada por titulos de divida piiblica, a concessio de crédito 4 habitagdio com taxas bonificadas (n°2) e sua participacio em acordos de saneamento financeiro de empresas, economicamente vidveis, suas devedoras, nos mesmos termos em que os bancos © podem fazer (n°3). As Caixas Econdmicas que reunam condigdes tes, designacamente quan- to a fundos proprios, solvabilidade, liquidez, organizagio interna e capacidade técnica e humana, podem ser autorizadas pelo Banco de Portugal a realizar outros tipos de operagées de entre as que em geral so permitidas aos bancos (art-12°A, aditado pelo Decreto- -lein°319/97, de 25 de Novembro). De salientar a natureza de ‘muituos de escopo tevestida pelos empréstimos das Caixas Econé- micas: os capitais emprestados ndo podem ter destino diferente daquele para que foram concedidos, sob pena de resolugdo ime- diata do contrato (art.10°, n°1), podendo as Caixas, para 0 efeito, fiscalizar ou exigir prova da aplicaco dos fundos mutuados (art.10°, n°2). A nfvel de prestagdo de servigos, as Caixas Econémicas podem executar servigos de cobranga, transferéncias de numerério, Insti de Créito 187 aluguer de cofres, administragio de bens méveis, pagamentos periddicos © outros andlogos de conta dos clientes (art.15°). Deste modo, a aproximagao aos Bancos das Caixas Econémi- crescentemente, com esbatimento da ori- a sua natureza jurtdica empresarial, excepcionalmente, no passado, sob a forma de sociedade anénima, € no presente em regra sob a forma fundacional ou associativa, impoe-Ihes a realizagao de actos comerciais, em concorréncia com outras entidades, de forma a que na andlise custos-beneficios apre- sentem resultados positivos que lhes permitam prosseguir os fins de beneficéncia que as caracterizam, 59.2.4. Caixa Central de Crédito Agricola Miituo e Caixas de Crédito Agricola Miituo Na enumeragio das instituigdes de crédito pelo art.3° da Lei bancéria seguem-se a Caixa Central de Crédito Agricola Mituo & as Caixas de Crédito Agricola Miituo (als.d) ¢ e)), que, sabemo-lo jd (art4’, n°3, da Lei bancéria), s6 podem efectuar as operacées permitidas pelas normas legais ¢ regulamentares que regem a sua actividade (Decreto-lei n°24/91, de 11 de Janeiro, com as alteragses introduzidas pelo Dec.-lei n°230/95, de 12 de Setembro, pelo Dec. lei n°320/97, de 25 de Novembro, ¢ pelo Dec.-lei n°102/99, de 31 de Margo)! A especificidade do regime do crédito agricola miituo aconse- Ihou a adopco de um modelo organizativo assente na particular ponderagiio do conjunto formado pela Caixa Central e Caixas agricolas associadas, denominado “sistema integrado do crédito agricola miituo” (Cap.IV, arts.62° a 82°), representado ¢ coordena- do pela Caixa Central (art.65°), em que se reconhece a liberdade ™ Cfe. MENEZES CORDEIRO, Manual de direito bancério, cit, §23 (p.25T e segs.); AUGUSTO ATAYDE, Curso, cit, p31 Cassa rurale ed artigiana, in “Novissimo digesto @ 1070; A. SCANDURA, Cassa rurale ed artigiana, in “Novissimo Digesto ita- iano”, 1, 1958, p.1049 e segs. 138 Direito Bancirio de associagio das Caixas de crédito agricola mituo a Caixa Cen- ual e se cria um regime de co-tesponsabilidade entre a Caixa a responsabilidade solidéria cujo objecto € 0 exercicio de funcdes de crédito agricola em favor dos seus associados, bem como a pritica dos demais actos ineren- tes @ actividade bancéria nos termos do diploma que as re; EE porque revestem a forma cooperativa, aplica-se-Ihes, mente, depois da Lei bancéri legislaco aplicavel as cooperativas em geral (art.2°). Sem descaracterizar a na lade destas coopera- jes regionais ¢ numa federaco nacional (art.49°) —, que a jd longa vocagao hist6rica de servigo & agricultura ¢ a0 imento do mundo rural, tem-se assistido 20 alargamento do objecto das Caixas agricolas, designadamente as actividades nsporte, trnsformagdo ¢ conservagio fabricagdo e comercializagao a emissio € gest de meios de pagamento (cartdes de cheques de viagem ¢ cartas de crédito), & participagio em emiss lativos, & actuagdo nos mercados interbancérios, & consultoria, guar- da, administracéo © gestio de carteiras de valores mobiliérios, Portugal a autorizar as Caixas agricolas a tealizacio de operagdes de crédito com ndo associados (art.28°), Salientem-se, ainda, as cago de resultados, que podem retomnar 20s associados sob a for- ma de remuneragéo dos titulos de capital ou outras formas de dis- tribuigéo, nos termos do Cédigo Cooperativo (art 43°). ____tsteuigdes de Créivo z 189 A crescente “bancarizagdo” das Caixas agricolas € ainda mais acentuada na Caixa Central, na medida em que 0 seu objecto abrange a concessdo de orédito (ar.58") e a prética dos demais actos inerentes Q actividade bancdria (axt.50?, n°2), podendé ber depésitos ou outros fundos reembolsdveis (art.57°, al. além da contrac de empréstimos, emissao de obrigag dio e a longo prazo, emissio de ol a d)) —, subscrever valores mobilidrios, por conta prépria ou de terceiros, e tomar firme e garantir a colocagio de valores mobilié- rigs, nos mesmos termos que os bancos prestam garantias de cum- primento das obrigagSes contrafdas pelas suas associadas (art.58°, financeiras nos mesmos termos dos bancos (art.60°) ¢ ainda realizar ‘outros tipos de operacées de entre as que em geral so permitidas aos bancos, se autotizadas pelo Banco de Portugal (art.60-A). Tudo isto desnuda a Caixa Central de Crédito Agricola Miituo como banco universal... disseminada no t as Caixas de Crédito Agricola Mituo. torio através de “balcdes”, 59.2.5. Sociedades de Investimento Seguem-se, na enumeragao das instituigdes de crédito, as so- ciedades de investimento (art.3°, al.f), da Lei bancéria), a poderem cefectuar apenas (art.4°, n°3, da Lei bancéria) as operagGes permiti- das pelas normas legais ¢ regulamentares que regem a sua activida- de, ow seja, 0 Decreto-lei 260/94, de 22 de Outubro, que adapta 0 ‘oga a legislacio anterior — 0 De- ‘que havia reforgado a actuago das 190 Dineito Bancdrio ‘Surgidas como instituigdes parabancérias (Decreto-lei n°41402, de 27 de Novembro de 1957, Decreto-lei n°46302, de 27 de Abril de 1965), as sociedades de investimento foram evoluit tido de pequenos bancos de investimento (cfr. Decret de 18 de Maio, abjecto de ratificagao pela lei n°64/79, de 4 Outubro, 0 Decteto-lei n°342/80, de 2 de Setembro, e 0 Decreto-lei le 2 de Maio) ¢ incluidas na categoria de instituigies de pela Lei bancéria para beneficiarem de passaporte comu- nitério. Uma actividade bancéria restrita as operagdes financeiras e prestagaio de servicos conexos elencadas no art.3° do citado Decreto- -lei n°260/94 constitui o objecto desta nova espécie de instituigdes de crédito: —Operagées de crédito a médio € a longo prazo — no destinadas a consumo, ow seja, a negdcios alheios & acti- vidade profissional dos mutuérios (n°3) —, incluindo pres- tagio de garantias; — Oferta de fundos no mercado interbancério; —Tomadas de participagao no capital de sociedades sem a restrigdo prevista no art.101° da Lei bancéria; — Subscrig&o e aquisigdo de valores mobiliérios, participagio —Consultoria, guarda, administragio e gestio de carteira de valores mobilidrios, bem como gesto ¢ consultoria em i nos mesmos termos das sociedades gestoras de patri tragdo de fundos de investimento fechado; 8 de depositério de fundos de investimento; ——Consultoria de empresas outras operagdes previstas em Ieis especiais; —Transacgées por conta dos clientes sobre investimentos do mercado monetiério e cambial, instrumentos financeiros a prazo e opcies € operagGes sobre divisas ou sobre taxas de Juro ¢ valores mobiliérios para cobertura de riscos de taxa Insiigaes de Crédia 191 de juro e cambial associados as operagées referidas em primeiro lugar; — Outras operacdes cambiais necessérias ao exereicio da sua actividade. Nos recursos para financiarem a sua actividade previstos no art4®, salta aos olhos a falta de depésitos: as sociedades de inves- timento nio podem receber do piiblico depésitos ou outros fundos reembolsdveis. 59.2.6. Sociedades de locacSo financeira (leasing) As sociedades de locagao financeira como instituigées de cré- dito sio referidas na al.g) do art.3° da Lei bancéria e s6 podem efectuar (art.4°, n°3) as operagdes permitidas pelas normas legais regulamentares que as regem, o Decreto-lei n°72/95, de 15 de Abril to-Lei n°285/2001, de 3 de Novembro), que n°103/86, de 19 de Maio. 1n°72/95, o regime especifico das sociedades icado, tendo acabado a seg- mentagio entre sociedades de locagio financeira mobilidria e soci- edades de locagdo financeira imobilidria que vinha desde a sua ctiagio entre nés pelo Decreto-lei 135/79, de 18 de Maio (cfr art.1*, n°3, © art"), e valendo, no mais, o regime geral da Lei bancéria (art.2°). Embora mantenham, como objecto exclusivo, 0 exercicio pro- fissional da actividade de locago financeira, celebrando os corres- pondentes contratos — actividade profissional essa que, todavia, indo € seu exclusivo ou monopélio, pois também os bancos a podem realizar (art4* do Decreto-lei n°72/95; art4°, n°1, ab), da Lei bancéria —, as sociedades de locagao financeira podem efectuar certas operagées acessorias ou complementares, dispondo dos bens que Ihes hajam sido restitufdos, quer por forga da resolugao de contratos de leasing, quer em virtude do nao exerefcio pelo locaté- rio do direito de adquirir pelo prego residual a propriedade do objecto (axt.1°, n°2). B-thes, todavia, vedada a prestagio dos servigos com- 12 Dinvito Bancdri Be plementares da actividade da locagio operacional — leia-se loca- ‘go simples —, nomeadamente a manutengio e a assisténcia té&- i Tocados, podendo, no entanto, contratar a prestacdo icos por terceira entidade (art.1°-A do Decreto-Lei n°72/ 198, introduzido pelo Decreto-Lei n°285/2001 Para finaneiar a sua 7 podem contar com os fundos préprios e os recursos provenientes dda emissto de obrigagses ¢ de papel comercial, do inanciamento ae ae ie lade © os respectivos sécios, das 10 societirio a que pertengam legal de as sociedades de cios para a realizagio das suas operagdes (art.7" 59.2.7. Soctedades de cess financeira (factoring) Previstas na al.h) do art.3° da Lei bancéria como instituigdes de crédito, as sociedades de factoring s6 podem efectuar (art.4°, n°3) as operacGes permitic ‘las normas legais e regulamentares 1/95, de 18 de junho, que revogou de instituigdes de crédito o regime lificado, valendo no mais o regime geral da Lei bancéria (art. O objecto exclusivo das sociedades de cessao financeira — terminologia proposta por Menezes Cordeiro" e adoptada pelo legislador, lado a lado com sociedades de factoring — é o exercicio Profissional da actividade de factoring, que os bancos também MENEZES CORDEIRO, Da cessdofnanceia factoring, Lisboa, 1994, ‘em que o autor expée também as origens e evolugso da figura. nto da actividade pelas socieda- no art.5° © séo exactamente os mesmos das sociedades de leasing, podendo, igualmente, realizar as operacdes cambiais necessérias (art.6°) — ressaltando, também, a falta de poder para recother do publica depédsitos ou outros fundos reembolséveis. 59.2.8, Sociedades Financeiras para Aquisig6es a Crédito Previstas na ali) do art.3° da Lei bancéri crédito, as Sociedades Financei ‘Ges a Crédito (SFAC) (art4?, n°3) as operagdes permitidas pelas nor- jentares que as regem, 0 Decreto-lei n°206/95, 1, que revogou o Decteto-lei n°49/89, de 22 de Fevereiro™. Em conformidade, o regime espectfico das SAC surge sim- plificado, valendo no mais o regime geral da Lei bancéria (art.6°), As SFAC tém por objecto o financiamento da aquisigéo a crédito de bens € servicos (art.I°) — bens méveis, mas ndo ja idrios (axt.3°) —, podendo efectuar as seguintes ope- — financiar a aquisigao ou o fornecimento de bens ou servigos determinados, através da concessio de crédito directo ao adquirente ou ao fornecedor tespectivos ou através da pres- tagao de garantias; —descontar titulos de crédito ow negocié-los sob qualquer forma, ino dmbito das mesmas operagses; 194 Dirsito Banciria — antecipar fundos sobre créditos de que sejam cessiondrios, relativos & aquisigao de bens ou servigos que elas proprias possam financiar directamente; los & aquisicio, por elas ‘igos directamente relacionados com as mesmas operagies; —rtealizar as operagies cambiais necessérias a0 exercicio da sua actividade, A semelhanea de outras instituigdes de crédito de competéncia ivas das SFAC, por- quanto também os bancos as podem efectuar (art.4°). Para o financiamento do seu objecto, as SEAC gozam do mesmo tipo de recursos que as sociedades de leasing e de fact pi6prios; emissdo de obrigagGes e de “papel com imenfos concedidos por outs insitigbes de cxé delimitados e dinamizar éreas extensas de bens e servigos, as. SFAC, regulamentadas entre nés pela primeira vez em 1989 (Decreto inserem-se nua tela mais de fundo, ° ‘das vendas em grupo: nas primeiras, existe uma relagdo de crédito entre 0 vendedor e 0 comprador; nas segundas, hé um intermediatio entre compradores e vendedores, que se cinge a gerir os fundos recebidos dos participantes no grupo. E neste pano de fundo e antecedente que se localizam as SFAC: intermedirias financeiras, que financiam a aquisigdo ou o forneci- mento de bens ou servicos através da concessio de crédito directo 0 adguirente ou ao vendedor/fornecedor. 59.2.9. Sociedades de garantia miitua Empresas qualificadas pela lei como instituigdes de crédito (alj) do art.3° da Lei bancétia) so as Sociedades de Garantia Insingées de Crédit 195 ‘Mitua (SGM), ctiadas pelo Decreto-lei n°211/98, de 16 de Julho, alterado pelo Decreto-lei n°19/2001, de 30 de Janeiro. Originari- amente concebidas como sociedades financeiras (art.1°, versio primitiva), constitufdas sob a forma de sociedade anénima ¢ com © capital realizado s6 através de entradas em dinheiro (art.6°), as SGM sio hoje instituigées de crédito fa redac¢do) que tém por objecto uma actividade bancdria restrita & realizagio das operages financeiras e & prestagio dos servicos conexos previstos no art.2": concessdio de garantias destinadas a assegurar o cumpri- mento de obrigacées contratdas por accionistas beneficidrios, de- signadamente garantias acessérias de contratos de muituo; promo- io, em favor dos accionistas beneficidrios, da obten¢do de recursos _financeiros junto das instituigSes financeiras, nacionais ou estran- geiras; participagdo na colocagdo (mas ndo tomada firme) de acgdes, obrigagdes ou de quaisquer outros valores mobiliri emitidos pelos accionistas beneficidrios ou que confiram subscrigdo de acgdes, sejam convertiveis ou permutveis, representativas do capital social de accionistas beneficia O objective & bem claro: favorecer e facilitar 0 acesso aos financiamentos necessérios e adequados & prossecugio das dades pelas pequenas © médias empresas & pelas microempresas, tanto junto do sistema financeiro como do mercado de capi fim de a dimensio da empresa poder ser menos relevante ¢ as melhorar a sua estatutos ( podendo tas promotores (att.2°, 0°4, € art.3*, n°4) — accionistas promotores que, individual ou conjun- tamente, directa ou indirectamente, nos trés primeiros anos conta: 196 Direito Bancdrio dos da constituigéo da SGM Bere deter até 75% do seu capital ‘glo de adquitir acces proprias a accionista beneficidrio que o solicite (art 15°) A garantia prestada pela SGM a accionista beneficiario — accionista beneficiério que tenha realizado integrate apt tem a faculdade de executar 0 penhor constituido, com po: de de as acgées penhoradas serem adjudicadas aquela ou ve extrajudicialmente por valor no temente de convengao nese sentido (art.12°), que do regime comum da execugao do penhor previsto no art.675° do Codigo Civil Por outro lado, as SGM devem proceder a contragarantia das suas operagées através do Fundo de Contragarantia de assegurarem a solvér de Contragarantia Maitu 22 de Junho, pessoa colectiva piblica dotada de autonomia admi- nistrativa e financeira (art. 1°), e € gerido pela SPGM — Sociedade de Investimento, SA, a quem cabe promover e incentivar a criago de SOM (art4’). 59.2.10. Instituicbes de Moeda Electrénica ‘Uma outta instituigio de crédito que terd de integrar a lista do art.3° da Lei bancéria € a Instituigdo de Moeda Electrénica, criada pela Directiva 2000/46/CE ¢ qualificada como instituigao de crédito InatituigSes de Crédto 191 pela Directiva 2000/28/CE que, para o efeito, altera a Directive de actividade das instituigoes de bem como & sua supervisio 1cdo necesséria e suficiente » a fim de Ihes estender 0 to métuo da necesséria autorizacdo tnica (passaporte ‘europeu) € do conirolo pelo Estado-membro de origem. Porém, devido 20 cardcter mais limitado das actividades de emissio de ‘imoeda electronica, certas disposigées das Ihes setdo aplicéveis ou terio um alcance da Directiva 2000/46/CE) ‘No mais, impGe-se: as —— Um capital inicial mfnimo de um milhzo de euros, com os fundos préprios a nao deverem em principio ser inferiores esse montante (art.4°, n°I, da Directiva 2000/46/CE): — Os fundos préprios de gestiio devem ser iguais ou superio- res a 2% do montante da moeda electrnica em circulagto (art4®, n°2, da Directiva 2000/46/CE; eff. ainda o n°3 do mesmo artigo); — Restrigbes aos investimentos dos fundos: aplicagao apenas em activos com grau de liquidez. suficiente, com um coe- ficiente de ponderagdo de risco de crédito igual a zero (art 5° da Directiva 2000/46/CE); — Uma gestio sf e prudente, com procedimentos adminisra- isticos fidveis, bem como mecanismos de auto-controlo adequados (art.7° da Directiva 2000/46/CE); — Supervisao das autoridades nacionais competentes (art.6° da Directiva 2000/46/CE), em termos mais leves do que para os Bancos. ituigdes de Moeda Electrénica: Sublinhe-se, por fim, a admissibilidade de derrogagbes a cer- tas disposigdes da Directiva, quando a Instituigao de Moeda Electré- 8 fi, supra, u*22. 198 Direito Bancério nica em causa seja pequena: total de responsabilidades financeiras resultantes da moeda electronica em circulagdo nao exceda, nor- malmente, 5 milhdes de euros e, nunca, 6 milhdes de euros e os suportes electrOnicos individuais nao armazenem mais de 150 euros (art.8°, n°L, da Directiva 2000/46/CE) — neste caso, a Instituigao de Moeda Electronica que beneficie de derrogacdo nfo goza de reconhecimento mituo (art.8°, n°2, da Directiva 2000/46/CE). 60, Sociedades financeiras 60.1. Nocio de sociedade financeira Na bipartigao de empresas financeiras operada pela Lei bancé~ ria (RGICSF), as sociedades financeiras séo empresas, como tal qualificadas pela lei (art.6°) e que no sejam instituigbes de crédito, que tem por objecto 0 exercicio profissional (art.8°, n°2) de uma ou mais das actividades referidas nas altneas b) a i) do n°l do art°, sing e factoring (art.5°), € outras permitidas pelas nor- € regulamentares que as regem (att.T"). ‘Uma sociedade financeira é uma empresa em sentido subjec- tivo — sociedade; + qualificada por lei como sociedade financeira; Iha do piblico depésitos ou outros fundos reembolséveis ¢ 8 afecte por conta prépria & concessio de crédito e finan- ciamento a0 piiblico; que tem por objecto principal alguma ou algumas das acti- Vidades referidas no art.5°, tendo ficado de fora, injustifica- damente, a da alj) do n°l do art.4®, de resto abarcada pela Directiva; ue tem por objecto exclusive 0 exercicio profissional das operagies permitidas pela lei especial que a regule, entre as quais nalguns casos esté a “tomada de participacaes” nio Soctedadee Financeiras 199 elencada no art.5° (por exemplo, nas sociedades de capital de risco © nas sociedades de desenvolvimento regional). O regime das sociedades financeiras merece & Lei bancéria 0 Titulo X (art.174° ¢ segs.), completado pelas respectivas leis espe- ciais (art.199°), Sendo 0 regime geral muito andlogo ao das insti- tuigées de crédito, para o qual em regra se remete, faremos de imediato apenas uma rdpida alusiio a0 regime especial de cada um dos tipos de sociedades financeiras. 60.2. Espécies de Sociedades Financeiras 60.2.1. Sociedades financeiras de corretagem (dealers) e sociedades corretoras (brokers). Nas espécies de sociedades financeiras enumeradas no n°l do art.6° da Lei bancéria surgem em primeiro lugar as sociedades finan- ceiras de corretagem (al.a)) ¢ em segundo as sociedades corretoras (al.b)), ambas disciplinadas pelo Decreto-Lei n°262/2001, de 28 de Setembro — diploma que revoga o Decreto-lei n°229-1/88, de 4 de Julho, com as alteragoes introduzidas pelo art.3° do Decreto-lei 8°417/91, de 26 de Outubro —, e pelas disposigdes aplicdveis da Lei Bancéria ¢ do Cédigo dos Valores Mobilirios (art. 1°). As sociedades corretoras ou “brokers” (art.4?, 13) € as soci dades financeiras de corretagem ou “dealers” (att.°, n°4), cor titufdas sob a forma de sociedade anGnima (art.4°, n°1) — resy tando-se, contudo, as ja constitufdas sob forma diferente (art. n°2) —, opera no mercado de valores mobilidrios: as primeir. or conta de terceiros; as segundas, por conta de terceiros ou por conta propria. 0 objecto das sociedades corretoras esté fixado no art.2”: “L. As sociedades corretoras tém por objecto o exercfcio das actividades referidas nas alineas a) a ¢) do n°I do art.290° do Cé- digo dos Valores Mobilirios, e também na alinea d) do mesmo previsto no art,338° do citado diploma. 200 Direto Banedrio 2. © objecto das sociedades corretoras compreende ainda as actividades indicadas nas alineas a) e c) do art.291° do Cédigo dos Valores Mobilidrios, bem como quaisquer outras cujo exerci cio Thes seja permitido por portaria do Ministro das Finangas, ouvidos o Banco de Portugal a Comissio do Mercado de Valores Mobilisrios”. Por seu timo, 0 objecto das sociedades financeiras de corre- tagem vem fixado no art.3°. “1. As sociedades financeiras de corretagem tém por objecto © exercicio das actividades referidas nas alineas a) ad) do n°1 e no n°2 do art.290° do Cédigo dos Valores Mobilidrios. corretagem as actividades indi ‘Valores Mobilidtios, bem como quaisquer outras o thes soja permitido por portaria do Ministro das 0 objecto das sociedades de corretagem e sociedades financei ras de corretagem € ainda delimitado pela negativa, com o art.5° a proibir-thes algumas operagées: prestar garantias pessoais ou reais a favor de terceiros, adquirir bens iméveis, salvo os necessérios & instalagdo das suas prOprias actividades — e os iméveis que rece- berem como dagao de pagamento devem aliend-los no prazo de um ano, protrogavel (art.7°) —, conced adquirir por conta prépria valores mol com excepcao dos titulos da divida p por Estados-membros da OCDE. lica emitidos ou garantidos Segundo 0 disposto no art.4° do Decreto-lei n°229°-1/88, era “obrigat6ria a intervengdo das sociedades comretoras ou das socie~ dades financeiras de corretagem em todas as operagbes que se efec- tuarem em bolsa, sendo nulas as operagdes em que falte essa inter- vengio”. Esta norma deve (devia) considerar-se revogada em face do novo Cédigo dos Valores Mobilirios, na esteira da Directiva de Sociedades Financeiras_ 201 Servigos de Investimento — Directiva 93/22/CE, de 10 de Maio. Na verdade, nos termos do art.203° do novo Cédigo dos Valores Mobiliétios, “a negociagdo em mercado de valores mobilidrios efectua-se através dos seus membros” (n°1), ou seja, “intermedid- rios financeiros que estejam autorizados a realizar operagies sobre valores mobiliérios e participemt no sistema de liquidagao das ope- ragdes realizadas nesse mereado ou que, para esse efeito, tenham celebrado contrato com um participante naquele sistema” (n°2), eragbes por conta propria (art.217, n°2), € los. 5 financeiros em valores mobilidrios sio, entre outros, as instituiges de crédito € as empresas de investi- ‘mento que estejam autorizadas a exercer actividades de intermedia ira (art.293°, n°, al.a)), nas tiltimas das quais estio is sociedades corretoras € as sociedades financeiras de corretagem (art.293°, n°2, als.a) ¢ b)). E a admissdo como membro dos mercados de bolsa ¢ a ma- nutengdo dessa qualidade dependem dos requisitos definides no citado art.203° e da observancia das condigdes fixadas pela enti- dade gestora da bolsa, quanto & sua organizago, aos meios mate~ tiais e & idoneidade e aptidao profissional das pessoas que actuem em seu nome (art.216°) Consequentemente, as oper: vés dos seus membros (art.20: intermediérias financeiros que bi em bolsa efectuam-se atra- — quer dizer, através de pena de nulidade das operagdes por falta de cay quem as realize (arts. 160° e 294° do Cédigo Ci execucdo das ordens de bolsa por si ac sistema de negociagao gerido pela bolsa, segundo a modalidade mais adequada € no tempo mais oportuno (axt.221°, palavra: toda a institui¢So autorizada a intervir em Bol diério financeiro, mas nem todos os intermediérios financeiros tém de ser instituigdes autorizadas a intervir em bolsa. Dai a nao apa- rigdéo do art.4° do Decreto-Lei n°229-1/88 no novo diploma, 0 BLigpeca ¥ ‘Decreto-Lei n°262/2001. Tratou-se to-somente de niio ressuscitar © morto, As sociedades corretoras ¢ as sociedades financeiras de corre- tagem podem financiar-se com recursos alheios nos termos ¢ con- ddigées a definir pelo Banco de Portugal, ouvida a C.M.V.M. (att.6°), € estio sujeitas a dupla supervisao, do Banco de Portugal ¢ da CMYM no ambito das respectivas competéncias (art.8°). 60.2.2. Sociedades mediadoras dos mercados monetério ou de céimbios Seguem-se, na al.c) do art.6° da Lei bancétia, as sociedades ‘mediadoras dos mercados monetério ou de cambios, que sé podem cefectuar as operagdes pert pelas notmas legais e regulamen- tares que regem a respectiva actividade (art.7"), 0 Decreto-lei n°110/ 794, de 28 de Abril, que revogou 0 Decreto-lei n°164/86, de 26 de Junho. monetirio ¢ do mercado de cambios tém por objecto exclusivo a realizacdo de operagdes de intermediagao no mercado monetdrio € no mercado de cdmbios e a prestagao de servicas conexos (axt.1°, sendo-lhes, como é normal, expressamente vedado 0 de qualquer actividade nao compreendida no objecto soci tal de outras sociedades mediadoras (art.4”), Na prossecugao do seu objecto social, as sociedades mediado- ras dos mercados monetirio e de cAmbios s6 podem agir por conta de outrem — sendo-Ihes vedado efectuar transacgSes por conta propria (art.1°, n°3) —, com a obrigacao de exigirem do mandante, antes da execugdo da ordem recebida, a entrega dos tttulos a ven- der (a do documento que legalmente os represente) ou da impor- tancia provdvel destinada ao pagamento da compra ordenada (art3°, °2, ala)), Sociedades Financeiras 203 (© mesmo Decreto-lei n°110/94, que fixa o regime especial destas sociedades mediadoras em apenas cinco artigos, remete tudo o mais para a Lei bancéria. 60.2.3. Sociedades Gestoras de Fundos de Investimento A alfnea d) do art.6° da Lei bancéria indica as sociedades gestoras de fundos de investimento, que s6 podem efectuat as ope~ rages permitidas pelas normas legais € regulamentares que as regem (art.7°). Inserem-se nas Instituicdes de Investimento Colectivo, que térn por fim exclusivo 0 investimento de capitais recebidos do paiblico em carteiras diversificadas de valores mobi equiparados (Fundos de Investimento Mobilidrio) e de valores fun~ damentalmente imobilirios (Fundos de Investimento Imobilidrio), segundo um principio de divisto do risco. organismos de investimento colectivo, pela I61L/CEE, de 20 de Dezembro", alterada pela Direc- tiva 88/220, de 22 de Marco", e pela Directiva 95/26/CE, de 29 de Junho", os Fundos de Investimento Imobilidrio sito regulados entre nés pelo Decreto-lei n°294/95, de 17 de Novembro, alterado pelo Decreto-lei n°323/97, de 26 de Novembro, e os Fundos de Inves- timento Mobilidrio pelo Decreto-lei n°276/94, de 2 de Novembro, alterado pelo Decreto-lei n°308/95, de 20 de Novembro, pelo De- cereto-lei n°323/97, de 26 de Novembro, e pelo Decreto-lei n°323/ 199, de 13 de Agosto, que republica 0 texto em anexo — anterior ‘mente ambos 0s fundos eram regulados pelo Decreto-lei n°229°.C/ 188, de 4 de Julho (alterado pelo Decreto-lei 1°417/91, de 26 de Outubro), que revogara os Decretos-leis n™.134/85, de 2 de Maio, © 246/85, de 12 de Julho. Patrimnios auténomos, pertencentes, num regime especial de comunhdo, a uma pluralidade de pessoas singulares ou colectivas "™ JOCE L375, de 31/12/1985, p31 1988, pI. ™ JOCE L168, de 18/7/1995, p7. 208 Direito Bancdrio — 08 participantes, titulares de unidades de participagao (art.3° do Decreto-lei n°276/94; art.2° do Decreto-lei n°294/95) —, os Fundos de Investimento so administrados por sociedades representacdo dos participantes (art.5° do Decret Para a realizagio deste objecto exclusivo e especializado, com- ete em geral as sociedades gestoras a pritica de todos os actos @ operacdes necessdrios ou convenientes & boa administragao do fundo, de acordo com critérios de elevada diligéncia e compettncia profissional, € em especial: adquicir ¢ alienar quaisquer val exercer 0s direitos relacionados com os bens do fundo; emitir as unidades de participaeo ¢ autorizar 0 seu reembolso; determinar o valor das unidades de participagao; seleccionar os valores que devem 0 fundo; manter em ordem ‘ou regulamentaes (ar. 8° (ei n°294/95), No exer cfcio das respectivas fungdes, além dos fundos proprios (art.9° do Decreto-lei n°276/94; art.10° do Decreto-lei n°294/95) des gestoras poderdo ter acesso ao mercado interbank 1n°294/95) —, cujas funges se encontram definidas no art. Decreto-lei n°276/94 e no art. 14° do Decreto-lei n°294/95. As enti- Socledades Financeiras 208 dades gestoras ¢ 08 depositdrios respondem solidariamente perante 60.2.4. Sociedades gestoras de fundos de titularizagaio de créditos e sociedades de titularizagao de créditos; a SAGESECUR-Sociedade de Titularizagiio de Cré- ditos, S.A. Nos termos da alinea 1) do n°l do art.6° da Lei bancaria, so sociedades financeiras “outras empresas que sejam como tal qualifi- ‘© que acontece com as sociedades gestoras de larizacéo e as sociedades de titularizagao de créditos criadas pelo Decteto-lei n°453/99, de 5 de Novembro, que assim 86 podem efectuar as operagdes permitidas pelas normas legais e regu- lamentares que regem a respectiva actividade (art:7° da Lei bancétia). Este novel diploma introduziu em Portugal um novo instru- mento financeiro, com origem nos EUA no inicio da década de 80 ‘énica, por securitisation, trata-se de cessies de créditos ara efeitos de titularizacao: 0 Estado ¢ demais pessoas colectivas iiblicas, as instituigdes de crédito, as sociedades financeiras, as empresas de seguros, os fundos de pensdes, as sociedades gestoras 8 © Outras pessoas colectivas cujas contas dos 8 tenham sido objecto de certificacao legal por auditores registados na CMYM (art.2°) podem ceder créditos vin- cendos, de natureza pecunidria e transmisstveis (art4°), com vista ios de valores mobilidrios, ularizacdo, destinados ao de titularizacdo de créé arts.39° e segs., respecti regulados nos arts.” ¢ segs., € nos nite, 206, Ditelto Barcario 60.2.4.1. Sociedades gestoras de fundos de titularizagio de créditos de titularizagao de crédito (art.9°), valores mobilié- 31°) que podem ser admitidos & negociagao em — implica a respectiva sociedade gestora. gestoras de fundos de financeiras (art) gt ai ‘conta € no interesse dos detentores das unidades de », de unt ou mais fundos (art.15*), competindo-lhes em Praticar todos os actos e operagées necessérios ou conve 8 boa administragdo do fundo, de acordo com critérios de clevada diligéncia © competéncia profissional, em especial, apli- car 0s activos do fundo na aquisigdo de créditos (att.18"). No exer para o dotar das necessdrias reservas de liquidez (att.13°), recor- rer por conta do fundo a técnicas ¢ instrumentos de cobertura de designadamente contratos de swap de taxas de juro ¢ de (art.14°) — jd ndo podem contrair empréstimos por conta propria ou em regra onerar ou alienar os créditos que integram os fundos, adquirir por conta prépria valores mobilidrios, conceder ‘xéditos ou prestar garantias por conta prépria ou do fundo (art.21°). Os valores dos fundos devem ser depositados num tinico deposita- crédito das previstas nas alineas a) a f) do ‘aria (art-23°) —, respondendo a sociedade ges- idariamente perante os detentores das uni- regulamentares da informagio contida no regulamento de gestio (ar.25") Sociedades Financeiras 207 ‘As sociedades gestoras de fundos de titulariz devem possuir um capital social de montante ndo inferior a 750.000 euros (Portaria n°284/2000, de 23 de Maio). 60.2.4.2. Sociedades de titularizacao de créditos Mas 0 cessionsrio pode ser uma sociedade de ritularigagao de créditos, sociedade financeira constituida sob a forma de sociedade anGnima (att.39°), que tem por objecto exclusivo (art.40*) a reali- zago de operagées de titularizacao de eréditos, mediante a sua aquisigao, gestio ¢ transmissdo a fundos de titularizagao e outras sociedades de titularizagao de créditos (art.41°). O financiamento da sua actividade de obrigagies de (at.43, n°, a ‘ou seja, obrigag a constituir um pati titulares a gozarem de pri do sujeito a registo, sobre os créditos (garantes) afectos & respec tiva emissdo, com precedéncia sobre quaisquer outros credores (a.49"). As sociedades de titularizagao de créditos podem ainda realizar as qperacdes cambiais nevessétias ao exercicio da sua actividade e celebrar contratos sobre deri cobertura de risco, bem como adquiri, mobilidrios cotados em mercado regulamer pliblica e privada, de curto prazo (art.43°, n°2). As sociedades de titularizagio de créditos devem possoir um capital social de montante no inferior a 2.500.000 euros (Portaria 1n°284/2000, de 23 de Maio). titulos de divida, 60.2.4.3, A SAGESECUR-Sociedade de Titularizagio de Créditos, S.A. n°209/2000, de 2 de Setembro, alterado pelo }, de 2 de Dezembro, a PARTEST-Participa- ‘ges do Estado (SGPS), S.A., sociedade de capitais exclusivamente 208 Direlto Banedrlo plblicos, foi reestruturada, passando a denominar-se PARPUBLICA- ‘es Paiblicas (SGPS), S.A., a ter por finalidade a ges- ‘Go integrada, sob a forma empresarial, da carteira de participa- ‘goes puiblicas e, através das empresas participadas de objecto especializado, a gestio de pattiménio imobilidrio (art.1°, n°1). Para o efeito, 0 mesmo Decreto-lei criou a SAGESTAMO- Sociedade Gestora de Participacées Imobilidrias, S.A. — detida integralmente pela PARPUBLICA —, =; Cujo objecto social € a gestio propriedade de patriménio imobilirio piblico e assegurem 0 arrenda- ‘mento de iméveis a0 Estado e outros entes pliblicos interessados na respectiva utilizagio, a alienagao do patriménio imobilisrio exceden- tério ¢ 0 financiamento da actividade (art.10°). A SAGESTAMO detém integralmente a FUNDIESTAMO-Sociedade Gestora de Fundos de Investimento Imobilidrio Publicos; S.A., que tem por objecto a administraco, em representa¢o dos participantes, de um ‘ou mais fundos de investimento imobilidtio, abertos ou fechados, cujos investimentos serio destinados & aquisigfo de bens iméveis para cedéncia exclusiva ao Estado e a outros entes piiblicos, atra- vés de arrendamento (art.13°). Pode ainda, a SAGESTAMO, iso- Iadamente ou com entidades piiblicas, criar novas sociedades ou ir sociedades j4 constitufdas de gestio ¢ investimento imo- ie, de compra e venda de iméveis, gestoras de fundos de investimento imobiliério pablicos e outras cujo objecto social se enquadre no seu campo especffico de actuagao (art.16°). Pelo mesmo Decreto-lei n°209/2000 foi ainda criada a socie- dade anénima de capitais exclusivamente puiblicos SAGESECUR- “Sociedade de Titwlarizacao de Créditos, S.A., detida integralmente pela PARPUBLICA (art.17°, n°1). © objecto social da SAGESECUR consiste na realicagéo de operagées de titularizagao de créditos, mediante a sua aquisicdo, gestdio e transmissdo, bem como a emissdo de qualquer tipo de obrigacdes, incluindo obrigacées titularizadas, para pagamento dos créditos adquiridos, ¢ ainda as demais operagées permitidas por lei a este tipo de sociedades (art.17°, n°2; arts.4° € 7° dos Estatutos, Sociedades Financtiras 209 publicados no Anexo VI), Para esse efeito, as Sociedades de Ges- to e Investimento Imobilirio ¢ as Sociedades de compra e venda de iméveis controladas pela SAGESTAMO e, bem assim, os Fun- dos de Investimento Imobilidrio geridos por sociedades controla- das pela SAGESTAMO ficam autorizadas a ceder, para efeitos de créditos (relativos aos seus activos) a quaisquer jularizagdo de créditas, designadamente SAGESECUR (art.16°, n°3), terminologia que reflecte de forma inequivoca a influéncia de securitization. 60.2.5. Sociedades emitentes ou gestoras de cartes de crédito A ale) do n°l do art.6° da Lei bancéria indica entre as socie~ dades financeiras as sociedades emitentes ou gestoras de cartdes de crédito, que s6 podem efectuar as operagdes permitidas pelas nor- mas legais e regulamentares que regem a respectiva actividade (art.7), vale dizer, o Decreto-lei n°166/95, de 15 de Julho, que revogon a Portaria n°360/73, de 23 de Maio, a qual, por sua vez, jé havia revogado a Portaria n°644/70, de 16 de Dezembro, primeira regulamentagao'da matéria em desenvolvimento do art.9° do De- creto-lei n°47912, de 7 de Setembro de 1967. Nos termos do art.1°, estas sociedades financeiras tém por objecto exclusiva a emissao ou gestio de cartdes de crédito, mas Ges financeiras para o e! ras emitentes podem desen De salientar a obrigagdo de elaboragao de condigdes gerais de utilizagdo dos cartées de crédito, rectius, cariées de pagamento, de acordo com o regime geral das cléusulas contratuais gerais (Decreto-lei n°483/85) — de que constem os dircitos ¢ as obriga- ‘ses das entidades emitentes © dos titulares de cartOes (art.3°) —, € a definigao pelo art.4° dos poderes do Banco de Portugal (cfr. aviso n°11/2001, de 20 de Novembro), entre os quais o de suspen- so de cartéo cujas condigdes de utilizagdo acarretem desequilf- brio das prestagdes atentatério da boa fé. 210 Direlto Banedrio 60.2.6. Sociedades gestoras de patriménios Na enumeragao das sociedades financeiras temos as socieda- des gestoras de patriménios (al.f) do n°1 do art.6° da Lei bancéria), que s6 podem efectuar as operagdes permitidas pelas normas legais regulamentares que as regem (art.7° da Lei bancéti Decreto-lei n°163/94, de 4 de Junho (alterado pelo Decret ‘/97, de 21 de Janeiro, ¢ pelo Decret n°99/98, de 21 que revogou o Decreto-lei n°229-F/88, de 4 de Julho. Constitufdas sob 0 tipo de sociedade andnima, as sociedades actividade de administragao de conjunto de bens, desi carteiras, pertencentes a terceiros, podendo ainda prestar servigos de consultoria em matéria de investimento (art.1°). Este objecto exclusiva ndo é exclusivo das sociedades gestoras de patriménios: 8 bancos também podem efectuar tais operagées (art.4°, n°1, al i), da Lei bancéria), A gestio de carteiras € exercida com base em mandato escrito, celebrado entre as sociedades gestoras ¢ os clien- tes, detentores de “fortunas”, com os contratos tipo a serem subme- los previamente & CMVM, do qual constem as condigdes, os limites ¢ o grau de discricionariedade dos actos compreendidos na gestdo (att.1°, n°3 © 4°). Todos os fundos demais valores mobilia~ ios pertencentes aos clientes devem ser depositados em conta bancdria, aberta em nome deles ou em nome da sociedade gestora ‘mas por conta deles se autorizado no contrato (art.5®, n°l, 2 © 3): a sociedade s6 pode movimentar a débito as referidas contas quan- do se trate de liquidagao de operagies de aquisigdo de valores, do pagamento de remuneragées devidas pelos clientes ou de transfe- réncias para outras contas abertas em nome destes (art.5°, n°5). No exercicio da sua actividade, ¢ com vista a disperstio do risco, as sociedades gestoras podem subscrever, adquirit ou alienar lores mobilidrios, unidades de participagdo em fundos de inves- jento, certificados de depdsitos, bilhetes do Tesouro e titulos de divida de curto prazo, celebrar contratos de opcdes, futuros e de outros instrumentos financeiros derivados, utilizar instrumentos do Sociedades Fnanceiras aun mercado mobiliério ¢ cambial, adquirir, onerar ou alienar direitos reais sobre bens iméveis, metais preciosos e meteadorias transaccio- nadas em bolsas de valores (art.6°) — sendo-lhes vedad alia, conceder crédito, prestar garantias, aceitar depésitos, contrair ‘empréstimos (art.7"). 60.2.7. Sociedades de Desenvolvimento Regional As sociedades de desenvolvimento regional (SDR) esto pre~ na al.g) do art.6° da Lei bancéria, de competéncia especia- . portanto (art.7° da Lei bancéria), nos termos do Decreto-lei 5/91, de 11 de Janeiro (com a redacgao dada pelo Decreto-lei 1°247/94, de 7 de Outubro), que revogou 0 Decreto-lei n°499/80, de 20 de Outubro, na redacedo dada pelo Decreto-lei n°300/85, de 29 de Julho. “Aparecidas como veiculo de desenvolvimento das regides mais pobres ¢ de captagao de aforro de emigrantes, primeiro como “ins- tituigdes especiais de crédito” (art.1° do Dec.-lei n°499/80), depois como “sociedades parabancérias” (art.1° do Dec.-lei 1°25/91), as SDR sao, desde a Lei bancétia e a alteragao le sociedades financeiras, constituidas sob o tipo de nima (art.2"), que tém por abjecto a promocdo do investimento produtivo na drea da respectiva regido ¢ por finalidade 0 apoio ao desenvolvimento econdmico ¢ social da mesma (att.1°). Para 0 efeito, através da realizagao de operagoes financeiras ¢ da prestagao de servicos complementares (att.8°), as SDR promo- vem 2 dinamizagdo do investimento e das relagdes empresariais, em conformidade com os objectivos da politica de desenvolvimento regional, a participagdo no langamento de parques industriais ¢ de pélos de desenvolvimento regional e no fomento da cooperagdo intermunicipal (art.6°), podendo, inter alia, participar no capital de sociedades constituidas ou a constituir, conceder crédito, prestar garantias, gerir fundos de capital de risco (art.7"). No exercicio das suas fungdes, as SDR podem realizar as ‘operagées cambiais necessérias (art.13°), emitir obtigagdes ou titu- 212 Direito Rancdrio los de divida de curto prazo, contrair empréstimos junto de insti- tuigdes de crédito ou sociedades financeiras, ou abrir crédito em conta corrente (art.9°). No mais, remete-se para o regime geral da Lei bancéria (art.18°). 60.2.8. Sociedades de capital de risco; fundos de capital de risco 60.2.8.1. A al) do n°1 do art.6° da Lei bancéria inclu as sociedades de capital de risco nas sociedades financeiras, de com- peténcia limitada e especializada (art.7° da Lei bancéria) nos termos do Decreio-lei n°433/91, de 7 de Novembro (alterado pelo Decreto- 4 5/94, de 27 de Junho, € pelo Decreto-lei n°230/98, de 22 ue revogou os Decretos-leis n”17/86, de 5 de Fevereiro, to empresarial, entidades de caracterésticas préximas das socieda- des de capital de risco, especialmente vocacionadas para 0 apoio a joven emesis, Considerando a proximidade de disciplinas, 0 io de empresas ou de partes sociais de empresas por jovens empresérios (art.18° © segs.). ‘As S.CR., constituldas sob o tipo de sociedade anénima (art.3°), apoio e @ promogao do investimento e tempordria no respectivo capital social (art.1°), e, acessoriament a prestagto de assisténcia na gestéo financeira, técnica, administra- tiva e comercial das sociedades em cujo capital social participem, Sociedades Financelras 213 a realizagio de estudos téenico-econémicos de viabilidade de em- presas ou de novos projectos (art: No desenvolvimento da sua alia, adquirir participagdes no capital ver, em beneficio das empresas por si apoiadas, a obtengio de recursos financeiros junto de instituigdes de crédito ou de outras instituig6es financeiras, participar na reestruturagao financeira de empresas, gerir fundos de investimento mobiliério de capital de risco ou de reestruturago e internacionalizagéo empresarial (art.6"). Como recursos alheios, as SCR podem obter financiamento junto de instituigdes de crédito e de outros estabelecimentos financeiros, ago (art.21° e segs. do Decreto- emitir obrigagdes (art.11°). capital de risco estio pre' Margo, que revogou os Decretos-leis n™187/91, de 17 de Maio, € 214/92, de 13 de Outubro, Fundos de reestruturacdo ¢ internacionalizagdo empresarial (FRIE), como categoria especial. Sao instrumentos de investimento, de capital el de ser aumentado no perfodo de duragio do jo patriménio se destina a ser aplicado na activi- de risco, nomeadamente na aquisigao de participa- ‘Bes no capital de sociedades com elevado potencial de crescimen- to € valorizagao (art.2°). A administragao destes Jind pode ser exercida por sociedadles actua por conta © no interesse exclusivo dos participantes, com- petindo-Ihe praticar todos 0s actos e operagdes necessarios ou ‘convenientes boa administragio do fundo, de acordo com c1 rios de elevada ‘ia e competéncia profissional (art.5°). 24 Direito Banchrio 60.2.9. Sociedades administradoras de compras em grupo (SACEG) pentiltima sociedade financeira indicada na ali) do art.6° da Lei baneéria sfo as sociedades administradoras de compras em grupo (SACEG), de competénc it lo Janeiro), que revogou 0 Decreto-lei n°393/87, de 31 de Dezembro. Trata-se de um sistema de aquisigao de bens ou servigos pelo qual um conjunto determinado de pessoas, designadas “participan- tes”, constitu um fundo comum , mediante a entrega periédica de brestagées pecuniérias, com vista & aqusi¢éo, por cada participante, daqueles bens tages e normalmente por prego inferior ao que pagaria se compras- se directamente ao comerciante, dados os descontos de quantidade de que gozard a intermedidria SACEG. Os contratos de adesdo a um grupo celebrados entre a SA- CEG e cada um dos participantes ou proponentes deverdo ser re- das suas fungdes, as SACEG nfio podem contrair eder crédito ou onerar os fundos do grupo (art.9°), po tenha direito.(art.2°, al.b Subsidiariamente, em tudo 0 que no esteja previsto no De- creto-lei em aprego e no regulamento de funcionamento dos gru- pos, regem a Lei bancéria, relativamente as SACEG, e 0 disposto Sociedades Financeiras 215 Civil sobre © mandato sem representagdo (art.1180° ¢ lativamente as relagdes entre as SACEG e os participan- tes (at229), 60.2.10. Agéncias de Cambios ficadas como sociedades fi- ancéria, de competéncia is ¢ regulamentos que as As agéncias de cambios so qui nanceiras na al. j) do n° do art.6° da limitada e especializada nos termos das regem (art.7° da mesma Lei bancéria), vale dizer, o Decreto-lei n°3/ 194, de 11 de Janeiro, com a redacgdo dada pelo Decreto-lei n°298/ 195, de 18 de Novembro, ¢ pelo Decreto-Lei n°53/2001, de 15 de Fevereiro. Esta espécie de sociedades financeiras tem por objecto princi- pal a realizagao de operagdes de compra e venda de notas e moedas ‘strangeiras ou de cheques de viagem (art.1°, n°l), e, acessoriamen- rizadas pelo Banco de Portugal a prestar servicos de transferéncias de dinheiro de ¢ para 0 exterior (art.1°, n% creto-Lei n°53/2001), se observarem os requisitos estabelecidos no Aviso do Banco de Portugal n°3/2001, de 7 de Margo (D.R. I-Série B, de 20 de Margo), entre os quais: capital social nao inferior a 500.000 euros; seguro de responsabi vil de montante nio inferior a 250.000 euros. Para esse efeito, as agéncias de cimbio devem pedir autorizagio ao Banco de Portugal. Constitufdas sob o tipo de sociedade anénima, as agéncias de cambio s6 podem efectuar aquelas operagées contra escudos, sejam elas reatizadas com residentes ou com nao residentes (art.3°). E crescentemente reduzida a expresso dos ‘‘cambistas” progressiva substituicdo do cheque de viagem pelos c dito € débito, o desaparecimento das moedas naci aderentes ao euro e a competéncia de outras i ras, principalmente das instituigdes de crédit 216 ___Dirsito Banedrio 0.2.11. Finangeste, SA £ também sociedade financeira a Finangeste — Empresa Financeira de Gestdo e Desenvolvimento, SA (ast.6°, 1°2, da Lei bbancétia). Criada pelo Decreto-lei n°10/78, de 19 de Janeiro, a Finangeste, EP, uma instituigio parabancéria que tinha como objectivo domi- ante a gestiio e a cobranga de créditos, provindos de instituigdes ico e emergentes de operagées anémalas . foi transformada em sociedade anénima piblico credoras da Finangeste ( Objecto da Finangeste: 0 exercicio de actividades de natureza parabancétia respeitantes & aquisigo € cobranga de eréditos e, aces- soriamente, a gestio, com financeiras € de patriménios c tude daquele seu objecto principal (art.2". ide Ihe advenha por vir- CAPITULO I CONDIGOES DE ACESSO 61, Necessidade de autorizagao ¢ registo Nos termos do art.4° da Directiva 2000/12/CE (ex.-art.3°, n°1, zacdo do Banco de Portugal a cons dito (axt.16°) ¢ de sociedades financeiras caso a caso, segundo em Fungdo das nece rectiva; ex.-art.3, 0°3, 175°) — a conceder, 8 de natureza técnico-prudencial e néo s econdmicas do mercado (art.9° da Di- .2), da Directiva 77/780/CEE)' —, que 5 A supressio da referéncia ao crtério da necessidade econémica ndo foi ‘ransposta expressamente para a Lei Bancéria portuguesa, contendo até ‘quicio no art.27°. Mas vale, obviamente, a liberdade de comércio com sujeicio a condigdes téenicas, em que o Banco de Portugal nfo pode fazer um ju rizagio ow habilitasio para o acesso ¢ exercicio da act Em geral, para 3s condigdes de acesso a act ‘YoLI, Division B (301) a (538); AUGUSTO ATAYDE, Curso, cit, p73 © segs: SOARES DA VEIGA, Direito bancario, cit, p. 70 ¢ segs; FERNANDA MACAS, ue Divito Bancario do podem iniciar a sua actividade sem registo prévio no Banco de " 1°7, da Directiva 77/780). waco , pois, 0 acto emanado da autoridade compe- ‘que scja a sua forma, que confere o direito de exer- cer a actividade de instituigzo de crédito, de sociedade financeira ituico financeira (art.13°, n°10, da Lei bancéria; art.1°, ‘A necessidade de autorizagio administrativa, excepcional num sistema de livre iniciativa econémica privada elit de profissio, prende-se com o particularismo da — € obvio o interesse piblico da estabilidade do sistema (ordem ica de direc¢0), dada a fungo monetéria dos bancos ¢ sua \éncia na actividade econémica, ¢ 0 interesse da seguranga da em consonancia com 0 jé visto monopélio reconhecido por lei. 62. Requisitos da autorizagao: harmonizagio minima ‘A Directiva impée aos Estados-membros 0 dever de fixarcm, as condigdes de concesstio da autorizacao pelas autoridades compe- tentes — as autoridades nacionais habilitadas, nos termos de uma lei ou regulamento, a controlar as instituigdes de crédito (art.1°, n°4), entre nés 0 Banco de Portugal — e de as notificarem a Co- misso ¢ ao Comité Consultivo Bancétio (art.4°; ex.-art.3°, n°, da Directiva 77/780). Simultaneamente, porém, a Directiva, para sal- Regime jurtdico da autorisagto das insiiwigdes de crédito com sede em Portugal, in ‘Estudos em Homenagem ao Banco de Portugal - 150° Aniversiio (1846-1996), Lisboa 1998, p. 183 e segs, em que aprecia a natureza e Ambito dos poderes de intecvencao do Banco de Portugal e o problema do carécter vinculado ou discricio- gio do acto antorizativo ou autorizagio permissiva; sobre a autorizacao permissiva, fk. ROGERIO SOARES, Direito Administativo (LigSes), Coimbra, 1978, p. 118. vaguarda da harmonizacdo minima, impoe um conjunto de condi- ges julgadas essenciais ¢ imprescindi go de crédito: “Os Estados-membros fixardo as condigées, sem rejutzo do disposto nos artigos 5° a 9°.."(art."). A Lei bancéria portuguesa prescreve as condig6es ou requisitos gerais da autorizagao de instituigdes de crédito com sede em Portugal nos arts.14° e 15°, regulando 0 respectivo processo de autorizacdo nos arts. 16% segs. a autorizacio de instiui- 62.1. Forma Juridica Em primeiro lugar, s6 pode ser autorizada instituigdo de crédito que corresponda a um dos tipos previstos na lei portuguesa, que adopte a forma de sociedade andnima — salvo quanto as caixas ccondmicas es caixas de erédito agricola miiuo (art.29°) tenha por objecto exclusive art4° a banca universal (art.14°, Note-se, portanto, a impossit ser autorizada a aceder & actividade das seu exercicio — exclusio que a Directiva 77/780/CEE impoe. 62.2. Capital inicial Sezunie condicao da autorizagdo (art.14°, n°l, al.d), ¢ n°2, ¢ n°2, da Lei banc: ial, inteiramente subs. », no inferior ao ménimo legal, representado obrigatoriamente por acgbes nominativas ou ao portador registadas, para facilitar © controlo dos acci Em regra, © montante do cay termos do art.95°, n° ‘contos 0 capital imo para os Bancos (Portaria n°95/94, de 9 de Janeiro), mesmo em caso de fusdo ou cisdo de sociedades (art-95°, n°2, da Lei bancéria), 220 Diveito Bancdrio Todavia, a exigéncia dos cinco milhGes de euros pode ser derrogada para certas categorias especiais de instituig6es de crédito. Nesta hipotese, 0 capital inicial nao pode ser inferior a 1 milhio de ‘euros ¢ 0 Estado-membro que lance mao dessa faculdade deve notificar as razdes 4 Comissao, sendo o nome da instituigao publi- cado no JOCE com a indicagao de que no atinge o capital social minimo de 5 mithées de euros (art.5°, n°2, da Directiva) — facul- dade usada pelo legislador portugués (art.29° da Lei bancéria ¢ Portaria n°95/94, que prevé capitais iniciais diferenciados segundo © tipo de estabelecimento), A ratio essendi desta condigao € obvia: garantir que desde a sua constituigao as instituigdes de crédito tenham liquidez (pela subscrigao e realizagao do capital depositado num banco — art.17°, nl, ale) ¢ solidez financeira para, com viabilidade, iniciarem © desenvolverem a actividade e assegurarem a clientela seguranga satisfat6ria, constituindo a sua infraccao ilfcito de mera ordenagao social puntvel com coima (art.210?, al.b), da Lei bancéria). 62.3. Administragio, estrutura accionista e estrutura de grupo ‘A terceira condigdo da autorizagio est na qualidade de diri- gentes e principais accionistas da instituigao de crédito, 62.3.1. Administragaio A orientacdo efectiva da actividade da instituigto tem de ser assegurada por administraao constitufda por um mfnimo de trés membros — seis olhos véem mais que dois —, com a propria gestio corrente a ser confiada a dois deles pelo menos (art.15%a Lei bancétia; art.6%, n°l, da Directiva), devendo essas pessoas pos- suit a honorabilidade necessdria ou a experiéncia adequada para 0 exercicio das funcOes (art.6%da Directiva; arts.31° © 182° da Lei bancétia), a idoneidade que dé garantias de gestio sd ¢ prudente, tendo em vista, de modo particular, a seguranga dos fundos confia- dos & instituigao de crédito (arts.30°, n°1, e 182%da Lei bancétia). Ee Na apreciago da honorabilidade ¢ idoneidade dos dirigentes deve ser tida em conta a sua experiéncia profissional, em especial ‘05 aspectos que revelem incapacidade para decidir de forma pon- derada e criteriosa, para néo cumprir pontualmente as suas obriga- ‘es ou para ter comportamentos incompativeis com a preservaca0 da confianga do mercado (art.30°, n°2, da Lei bancétia), com a lei (art.30°, n°3, da Lei bancéria) a oferecer uma lista exemplificativa de factos indiciadores de falta de idoneidade, como condenagées por certos crimes e faléncias. ___ Ainda no tocante & administragdo, a sua sede principal e efec~ tiva deve situar-se em Portugal (art.14°, n°1, al.e), d Aexigéncia de que a a crédito se swe no Estado 12, da Directiva) foi introduzida na legisl ues Decreto-lei n°232/96, de 5 de Dezembr Em docoreacie da Di tiva 95/26/CE, forma de (tentat) prevenir uma espécie de “shopping”: Tequerimento da autorizago em Estado-membro cujas condigdes ‘sejam menos rigorosas ¢ mais favordveis ao acesso a profissio, ¢ nao no Estado-membro em cujo territério a actividade sera real- mente exercida. respectiva sede estatutdria (att.6°, lo 62.3.2. Estrutura aecionista ___ Accredibilidade de uma instituigao de crédito repousa ainda na idoneidade dos grandes accionistas, detentores de participacao importante ou participagdo qualificada (art.1°, n°10, da Directiva; art. 13°, n°7, da Lei bancéria): detengao, directa ou indirecta, de pelo ‘menos 10% do capital ou dos direitos de voto ou que possibilite exercer influéncia significativa na gestio, assimilando-se ou equi- parando-se aos direitos de voto directamente detidos por uma pes- soa 0s detidos por outras (patticipago indirecta) enumeradas no art.13°, n°7, da Lei bancéria, correspondente ao estatufdo no art.7° da Directiva 88/627/CEE do Conselho'®, para que remete expres samente 0 n°1 do art.7° da Directiva de codificagao. "© JOCE L348 de 17/12/1988, p.62. a2 Dinwito Bancdrio ‘ientes da importancia destes accionistas de referéncia, 1s autoridades competentes ndo concederao a autorizagéio antes de terem obtido a comunicasao da sua identidade e do montante de suas participagdes qualificadas (art.7°, n°l da Directiva; art-17", n°L, als.c) e d), e n°2 da Lei bancéria), para poderem apreciar a sua qualidade. E se, atendendo a necessidade de garantir uma gestdo sd e prudente da instituigéo de crédito constituenda, nao estiverem convencidas da idoneidade dos referidos accionistas, as autorida- des competentes recusario a autorizacao requerida (art.7", 0°2, da Directiva; art.20°, n°L, ald), e art.103° da Lei bancéria). 62.3.3. Estrutura do grupo 0 caso BCCI pés a nu a necessidade de apreciagéo pelas autoridades competentes da estrutura do grupo a que pertence a instituigao de crédito constituenda, a fim de apurarem se podem cexercer efectivamente as suas fungdes de controlo e supervisdo. Isto mesmo foi objecto da Directiva pés BCCI (Directiva 95/ 726ICE), que, para o efeito, modificou o art.3° da I* Directiva Ban- caria — a Directiva 77/780/CEE. Assim, preceitua 0 n°3 do art.7° da Directiva de codificaso: “<..Sempre que existam relagdes estreitas entre a instituigo de crédito © outras pessoas singulares ou colectivas, as autoridades competentes 56 concederdo a autorizagdo se essas relagoes nao entravarem 0 bom exercicio das suas fungdes de supervistio. jentes recusardo igualmente a autoriza- do se as disposigies legislativas, regulamentares ou administrati- vas de um pais terceiro a que estejam sujeitas uma ou mais pessoas singulares ou colectivas com as quais a institui¢ao de crédito tenba relagdes estreitas, ou dificuldades inerentes & sua aplicagao, entra- vem 0 bom exercicio das suas fungées de supervisio. As antoridades competentes exigiréo que as instituigdes de crédito thes prestem as informagées que solicitarem para se certi- ficarem do cumprimento permanente das condigdes previstas no presente ntimero”. Capitulo 1 ~ Condigéer de Acesso 23 Isto mesmo foi transposto para a ordem juridica interna, pelo Decreto-lei n°232/96, com o Banco de Portugal a recusar a autori- zagdo sempre que adequada superviséo da instituigiio de crédito a constituir izada por uma relacdo de proximidade entre a institui- gio e outras pessoas” (al.f) do n°l do art.20° da Lei bancéria) ow “pelas disposigdes legais ou regulamentares de um pais terceiro a que esteja sujeita alguma das pessoas com as quais a instituigao tenha uma relagdo de proximidade ou por aplicagdo de tais disposicdes” (art.20°, n°l, al.g), da Lei bancaria). A relagdo estreita de que fala a Directiva e que define no art.1°, 0°26, ¢ a relagdo de proximidade de que fala a Lei bancéria Portuguesa ¢ que define no art.13*, n°12, so a mesma realidade: relagdo entre duas ou mais pessoas, singulares ou colectivas, liga- das entre si por uma participagdo (detengao, directa ou indirecta, de percentagem nio inferior a 20% do capital ou dos direitos de voto de uma empresa), por uma relacdo de controlo (att.1°, n°8, da Directiva) ou doménio (art.13°, n°2, da Lei bancéria), ou ligadas a terceira pessoa através de uma relagdo de controle ou dominio. 62.4, Programa de actividades pedido de antorizagao deve ser instrufdo com um programa de act ides em que sejam indicadas, nomeadamente, a natureza das operagdes consideradas e a estrutura da organizaco da institui- gio (art.8° da Directiva), especificando a al.b) do n°I do art.17° da Lei bancéria a implantagio geogréfica, a estrutura organica e meios hhumanos, técnicos ¢ materiais, que serdo utilizados, bem como contas provisionais para cada um dos primeiros trés anos de actividade. ‘Na sua decisao, 0 Banco de Portugal toma em conta o progra~ ma de actividades e recusa a autorizagao sempre que a instituigio a constituir nao disponha de meios técnicos e recursos financeiros suficientes para 0 tipo € volume das operagdes que pretenda realizar (art.20°, n°1, al.e) da Lei bancéria). Mas 0 Banco de Portugal néo ode examinar o pedido de autorizagao em funcdo das necessida- des econémicas do mercado (art? da Directiva) — dai que a falta 28 Direito Bancdrio destas ndo surja nos fundamentos de recusa da autorizagio elen- cados no art.20° da Lei bancéria. 62.5. Consulta prévia em caso de Filiais A antorizagdo para constituir em Portugal uma instituigao de crédito que seja, quer filial de instituigao de crédito autorizada noutro Estado- -membro ou da empresa-mie desta, quer controlada ou dominada pelas mesmas pessoas singulares ou colectivas que controlem ou dominem uma instituigao de crédito auiorizada noutro Estado-membro, deve ser objecto de consulta prévia as autoridades competen- tes de supervisdo do Estado-membro em causa (art.12°da Directiva; art.18° da 1°, n°13, da Directiva e no art.13°, jeito de Por se tratar de entidade jurtdica distinta da empresa-mde, a {filial que quer sediar-se em Portugal deve obter autorizago do Banco de Portugal como toda e qualquer (nova) instituigao de cré- dito que queira constituir-se no nosso pals. Logo, 0 direito comu- nitério sujeita a autorizagio do Estado de origem as filiais de ins- tituigdo de crédito, seja filial de empresa-mae com sede principal e efectiva em pats terceiro (art.23° da Directiva, arts.24° a 27° e art. 180" da Lei bancaria), seja filial de empresa-mie autorizada em Estado- -membro, no que pode ser visto um limite ao principio do reconhe- cimento métuo das autorizagdes comunitirias. A consulta autoridade de supervisio do Estado em causa visa prevenir 0 “shopping” do pafs-membro em que as con- digoes da autorizagdo de uma instituigdo de crédito — e a filial constitui uma nova ¢ distinta instituiglo de crédito — sio menos rigorosas ou mais favoréveis no acesso ao mercado nico. Capitulo I ~ Condigtes de Acesso 225 63. Autorizagio tinica (passaporte comunitério): reconhecimento miituo € controlo pelo pais de origem Nos termos do art.18° da Dircetiva, “os Estados-membros legis- lardo no sentido de que as actividades referidas na lista constante do Anexo I possam ser exercidas nos respectivos territ6rios, nos termos dos n™1 a 6 do art.20°, dos n*1 e 2 do art.21° e do artigo 22°, através do estabelecimento de uma sucursal ou por meio de prestagéo de servicos, por qualquer instituigao de crédito autori- zada e supervisionada pelas autoridades competentes de outro Estado-membro, sob reserva de essas actividades se encontrarem abrangidas pela autorizacao E 0 att.19 da Directiva estende 0 mesmo regime a qualquer instituigdo financeira de outro Estado-membro, filial de uma insti- tuigio de crédito ou filial comum de varias instituigées de crédito, ‘uma instituigao de crédito, e cuja actividade principal consista em tomar participagdes ou em exercer uma ou mais das actividades referidas nos pontos 2) a 12) da lista constante do Anexo I da Directiva. Ea enunciacao do sistema da autorizagdo tinica ou passapor- te comunitério, assente no reconhecimento miituo, introduzido pela crédito (incluindo uma Filial) ou instituicdo financeira autorizada num Estado-membro nao precisa de pedir (nova) autorizagao as autoridades competentes dos outros Estados-membros ém que quéi- ra exercer a sua actividade — a actividade abrangida pela autori- zagio ¢ prevista no Anexo I da Directiva (art.18° da Directiva, arts.39° e 52° da Lei bancéria) — em regime de liberdade de esta- belecimento (sucursal ou agéncia) ou de livre prestagdo de servigos. Corolario ou prolongamenio do reconhecimento miituo das autorizagées é 0 principio do “home country control”: controlo das instituigdes de crédito pelas autoridades do Estado-membro do 26 Direito Bancdrio lugar da sua sede social. Como tal, 0 controlo das sucursais prestacdes de servicos pela autoridade competente do Estado-mem- bro de origem compreende-se, por se tratar da actividade (transna- cional) da mesma e tinica instituicao, com a sede principal e efec- tiva da administragio situada no Estado (de origem) em que foi autorizada a sua criagéo. Ainda assim, as autoridades competentes do Estado-membro de acolhimento — 0 Estado no qual a instituigdo de crédito tenha uma sucursal ou preste servigos (art.I°, n°9, da Lei bancéria) — rém poder de liar sobre a observancia de regras de territério, de acordo com 0 minucioso procedimento previsto, no art.22° da Directiva © no art.53° da Lei bancétia, 0 que potencia a confianca recfproca dos Estados. Mais do que isso: as autoridades competentes do Estado-membro de acolhimento podem exigir 0 respeito de normas ou medidas ditadas por razdes de interesse geral (art.20", n°4, da Dinectiva; art.50°, n°, e art.53°, n°%6, da Lei bancéria), desde que necessdrias, proporcionais ¢ néio-discrimina- t6rias (cfr. supra, n°52). 63.1-Exereicio da liberdade de estabelecimento de sucursal Qualquer instituigao de crédito que pretenda estabelecer uma sucursal no territério de outro Estado-membro deve notificar desse facto as autoridades competentes do Estado-membro de origem (art.20°, n°l, da Directiva). Logo, a instituicao de crédito sediada em Portugal que pretenda estabelecer sucursal em Estado-membro da CE deve notificar previamente desse facto 0 Banco de Portugal. Essa notificagéo deve ser instrufda ou acompanhada dos seguintes elementos informativos: Estado em que tenciona estabe- lecer a sueursal; programa de actividades, no qual sejam indicados, nomeadamente, 0 tipo de operagdes a realizar ¢ a estrutura organi- zativa da sucursal; endereco da sucursal no Estado de acolhimer identificagao dos dirigentes responséveis pela sucursal (art.20°, n' da Directiva; arts.36°, n°1, 49° € 186° da Lei bancéria), devendo a sua gestio ser confiada pelo menos a duas pessoas idéneas (art.36°, n°2, € art.49", n®2, da Lei baneéria). Captndo I~ Condipses de Aceeso 7 27 ‘A autoridade competente tem tt€s meses pata apreciar © pro- Jecto notificado. Em principio, porque se trata de direito “constitu I" — 0 dircito de estabelecimento reconhecido pelo Tratado, salvo razées de interesse geral (supra, n°45, 46 € 52) —, 0 Banco de Portugal comunicard & autoridade de supervisio do Estado de acolhimento as informag6es recebidas, 0 montante dos fundos pré- prios, 0 récio de solvabilidade da instituigao de crédito, bem como cettificard que as operacGes projectadas esto compreendidas na autorizacio, disso informando a instituigdo interessada (art.20°, n°3, da Directiva; arts.37° e 184° da Lei bancéria). Excepcionalmente, porém, se tiver razdes para duvidar da adequacao das estruturas administrativas ou da situagao financeira da instiuicao de crédito, ‘© Banco de Portugal recusaré, fundamentando, a comunicacio, & notificaré a decisio de recusa a instituigfo interessada, que dela (ou da falta de resposta) poder recorrer judicialmente (art.20°, n°3, da Directiva; art.38°, 184° e 12° da Lei bancéria). exequatur ou visto de saida dado pela autoridade do Estado- -membro de origem — autoridade que, recorde-se, exerceré 0 controlo sobre a sucursal — ndo despoja de toda a prerrogativa a autoridade competente do Estado-membro de acolhimento. Esta dispde de dois meses, a contar da recepgao da comunicagao refe- rida, para organizar a supervisao da sucursal relativamente as maté- rias da sua competéncia (art.22° da Directiva; art.53° da Lei ban- catia) e, se for caso disso, as condigdes em que, por raztes de interesse geral, a sucursal habilitada deve exercer a sua actividade no territério do Estado de acolhimento (art.20°, n°%, da Directiva; 1, © 186° da Lei bancétia). O que a autoridade compe- tente do Estado-membro de acolhimento no pode & sujeitar a su- cursal a nova autorizacao nem exigir capital de dotago, como acontecia na I* Directiva de coordenagao bancéria e foi suprimido pela 2* Directiva de coordenagéo bancéria. Recebida a comunica- $40 da autoridade competente do Estado-membro de acolhimento ou, em caso de siléncio desta, decorrido o referido prazo de dois meses, a sucursal pode estabelecer-se e iniciar a sua actividade (art.20°, n°5, da Directiva; arts.50°, n°2, 186° ¢ arts.68° © 194° da Lei bancéria), cumpridos 0 registo ¢ eventuais condigGes quanto & 228 Dineito Bancério denominagao ou firma a utilizar para evitar confusio na clientela © induzir 0 ptblico em erro (art.15° da Directiva; arts.46° e 188/189° da Lei bancéria). Na competéncia da autoridade do Estado-mem- bro de acolhimento ainda o poder de exigir, para e estatisticos, que a instituigdo de crédito the apresente um relatério periédico acerca das operagdes efectuadas no seu territério pela sucursal (art.22", n°l, da Directiva) — poder inexistente na livre prestagio de servigos. Em caso de pretender a modi vale dizer, a alteragéo dos elementos informativos que instruiram 0 processo de seu estab t0, a instituigaio de orédito comunica- 14, por escrito, a modificagdo em causa as autoridades competentes do Estado-membro de origem e do Estado-membro de acolhimento, pelo menos um més antes de proceder a essa alteraco, para que ambas possam pronunciar-se em prazos idénticos ao do processo de estabelecimento segundo a Ditectiva (art.20°, n°), reduzidos pela Lei bancéria portuguesa para um més (arts.40° e 51°, 184° 186°), o da situago da sucursal, 63.2. Exercfcio da liberdade de prestago de servicos As instituigdes de crédito que desejem exercer, pela vez (sao salvaguardados os direitos adqui operavam mediante prestacio de servigos antes de 1 de Janci 1993 — art.21°, n°3, da Directiva), as suas actividades — activi- dades que s6 podem ser as referidas na lista constante do Anexo L da Directiva ¢ abrangidas pela autorizagao da sua criagao.(art.18° da Directiva; arts.43° © 60° da Lei bancatia) — no territério de outro Estado-membro no dmbito da livre prestacdo de servicos devem notificar desse facto a autoridade competente do Estado- membro de origem, especificando as actividades que se propdem realizar nesse Estado (ait.21°, n°1, da Directiva; arts.43° e 60° da Lei bancéria), Nada impede que na notificagao indique todas as actividades abrangidas pela autorizagao e todos os Estados-mem- bros em que deseja prestar servigos, potencialmente, a qualquer ‘momento oportuno. Captuto 1 — Condigies de Acesso 229 Por sua vez, a autoridade competente do Estado-membro de otigem transmitird ou comunicard % autoridade competente do Estado-membro de acolhimento aquela notificagdo por si recebida, no prazo de um més (a partir da recepcdo da notificagao), certifi- cando ainda que as operagdes projectadas esto compreendidas na autorizagdo (art.20°, n°2, da Directiva; arts.43°, n°2, ¢ 61°, n°l, da Lei bancéria). ‘Em primeiro lugar, pode deduzir-se, a liberdade de prestacao a LP.S. activa, em que a instituigdo de (fax, e-mail, internet — com verdadeiras propostas contratuais ou Cconvites a oferecer, portanto, € no meros antincios ou acgdes de propaganda e publicidade para apenas dar notoriedade aos servigos prestados no Estado-membro de origem — ou deslocanda-se mes- ‘mo temporariamente para o Estado de acothimento. De fora do regime da Directiva fica, pois, a LP.S. passiva, em que a institui- ¢do de crédito, prestador de servicos, € passiva nas suas relagées com um cliente: este € que se destoca 2s instalagdes daquela, sediada noutro Estado — o Estado-membro de origem —, ou que a partir do seu proprio Estado de residéncia toma a iniciativa de entrada em negociagao a disténcia com ela, pelo telefone, fax, correo, e-mail, intemet, etc. Naturalmente, esta L.P.S. passiva exerce-se no quadro das disposigées gerais e comuns do Tratado — logo, tal como para uma consulta médica, uma consulta jurfdica, uma viagem turistica, © cidadao “a eressado mum servigo bancério, nfo precisa de cumprir @ formalidade da notificagao prevista pela Directiva para © exercicio da livre prestagio de servigos, beneficiando antes do direito de deslocagdo em todo o espaco comunitdrio e de acesso a todos os servicos sem discriminagéo (sobretudo em razio da nacio- nalidade ou da conquanto sob a algada da regra do “tratamento nacional” em vigor no Estado da presiacao do servico. Em segundo lugar, 0 processo previsto para 0 exerctcio da livre prestagao de servicos é ainda mais simples do que 0 do exer- 230 __Direito Bancirio cfcio do direito de estabelecimento: por um lado, é precisa e basta 4 notificagao (por simples carta) do propésito & autoridade compe- tente do Estado-membro de origem, que no tem de emitir 0 “nihil obsiat” ou visto de saida; por outro, nfo esté prevista na Directiva (art.22°, n°2) qualquer condigao para o infcio da actividade em livre Prestagdo de servigos no quadro do reconhecimento miituo, nem sequer um simples aviso de recepgao daquela notificagdo pela au- toridade competente do Estado-membro de acolhimento, sem pre- juizo, naturalmente, dos demais poderes de vigilancia ou controlo liares sobre a obscrvancia de regras de conduta ou medidas de interesse geral vigentes no seu territ6rio (art.22° da Directiva; art.61°, 2 € 3, ¢ art 53° da Lei bancéria). Sendo assim as coisas, se a Directiva no impde prazo nem ide em livre prestacdo de ser- ificacdo & autoridade competente do Estado-mem- bro de origem, pode por-se em dtivida a conformidade com a mesma do n°l do art.61° da Lei bancéria: “ E condigdo do inicio da prestagao de servigos no Pats que © Banco de Portugal receba, da autoridade de supervisio do pais de origem, uma comunicacdo da qual constem as operagdes que a instituigao se propée realizar em Portugal, bem como a certificago de que tais operagées estio compreendidas na autorizagdo do pafs 10s de sublinhar, todavia, a razoabilidade da solu- go vertida na lei portuguesa (tal como no art.71°, n°2, da lei fran- cesa de 1984), om nome da seguranca e certeza da hal instituigéo de crédito para a livre prestacdo de servicos, melhor, dos servigos que quer prestar em Portugal, sem cingir a autoridade competente de supervisio a reac¢o a posteriori. go de crédito pode iniciar a livre prestagao de servigos desde a notificagdo a autoridade competente do seu Estado de origem ou apenas um més depois, se antes no tiver sido avisada da recepcao pela autoridade competente do Estado-membro de acolhimento da notificagao que Ihe foi transmitida por aquela autoridade. Capito 1 ~ Condigaes de Acess0 a 63.3. Coneurso de liberdades Uma instituigo de crédito autorizada no seu estado de origem pode exercer a sua actividade nos outros Estados-membros da CE, pela via do estabelecimento de uma sucursal (desprovida de perso- nalidade jurfdica) ou da livre prestagdo de servigos. Trata-se de uma questio de escotha: por exemplo, um Banco portugués pode abrir uma sucursal em Franga, na Alemanha ou em Italia, ¢ prestar servigos (LPS) em Espanha, Inglaterra ou Luxemburgo. Também nao descortinamos razdes ponderosas e definitivas ‘que impegam a abertura de uma sucursal e a livre prestagéo de servigos no mesmo Estado-membro de acolhimento — no profbe este resultado —, desde que se possam del servigos nele prestados em regime de direito do estabelecimento pela sucursal e os nele fornecidos em L.P-S. Mas é precisa essa delimitagiio, em nome do respeito devido a existéncia de dois regimes e para evitar 0 risco de confusio entre eles, nomeadamente , 0 direito de o Estado-membro de acolhimento para efeitos estatisticos, um relatério periddico da institui- ‘gio de crédito acerca das operagdes efectuadas pela sucursal no seu territério — direito facilmente vanificado se 0 cimulo das duas, vias no permitisse tecnicamente distinguir os servigos prestados (no Estado de acolhimento) através de uma e outra, a via da sucur- sal e a via da LPS" 64, Autorizagdo e relagdes com Paises terceiros: 0 prinefpio da reciprocidade comunitéria O regime das relagdes com Paises terceiros ocupa (pouco) 0 direito comunitério, estando previsto um proceso de informagao da Comissio Europeia pelas autoridades competentes dos Estados- -memibros (arts.23° a 25° da Di com vista a um certo equi- Mbrio na reciprocidade de tratam« (Cle. supra, nota 147, 22 Bancdrio ‘Assim, a autoriades competentes dos Bstados-merabros infor ‘mam a Comissdo de qualquer autorizagdo de recta, duma empresa-mae (sujeita & ordem numa instituigdo de crédito da Comunidade que a torne sua ‘om especificagiia da estrutura do grupo, bem como das uldades com que as suas instituigdes se deparem para se scerem ou exerverem as suas actividades num pais terceiro ws 23°, n™1 @ 2). A Comissio elabora peviodicament uum relatorio erem tomadas medidas enérgicas itago ou suspensio das decisies pedidos de autorizacao (art.23°, a3 a 7), Naturalmente, a Comunidade pode firmar acordos com paises terceiros cujo objecto seja justamente a reciprocidade de fratamento para as instituigdes (art.24°, n°3 da Directiva). 64.1. Filiais A situagido-de filial de instituigdo de crédito de um pals ter- ceiro é a mesma de filial de instituicdo de crédito de um Estado- -membro: pessoa juridica distinta da sociedade-mie, a filial deve obter uma autorizacio no Estado em que pretende exercer a activi- dade, dependente de consulta prévia & autoridade de supervisto do pafs em causa ( da Lei Bancéria). Obtida a autorizagdo — eft. 0 regi sdvel, pensamos, dos arts.24° assinalem-se 0s requisitos espec mente © concurso da criagio da Jo para o aumento da efi- ciéncia do sistema bancério nacional ou da intemnacionalizagao da economia portuguesa, em conformidade com os objectivos da poli- fica econémica, financeira, monetétia e cambial do pals —, esta serd valida em todos os paises da Comunidade, na base do reconhe- -nto mituo: pot exemplo, se um banco americano cria uma em Lisboa (art.14° e segs. da Lei bancéria), esta filial, cons- fil Captiulo 1 ~ Condigses de Acesso 233 titufda segundo 0 direito de um Estado-membro, é uma sociedade ‘Comunitéria (art.48° do Tratado) ¢ passa a poder exercer a sua actividade nos demais Estados-membros. Ora esta vantagem decor- rente da autorizagao tinica pode nao encontrar reciprocidade no pals terceiro, reciprocidade simétrica ou tio-somente de nio-discrimina- ‘go em razo da nacionalidade — dai a previsio de negociagio ou de medidas de represélia jé referidas. 64.2. Sucursais 7o j 6 bem diversa da de sucursal de instituigao de cré comunitério: diferentemente desta, aquela deve obte da autoridade competente do Estado-membro de a ‘como qualquer instituigao de crédito que nele se queira constitui. B essa autorizacdo deve ser notificada & Comissio Europeia e ao Comité Consultivo Bancdrio (art.24°, n°2, da Directiva), nao podendo ssa sucursal (de instituigdo de crédito com sede fora da comunidade) beneficiar de tratamento mais favordvel que a sucursal de instituigo de crédito com sede comunitéria (art.24°, n°, da Directiva). eestabelecimento em Portugal de sucursais de instituigdes de crédito com sede social fora da comunidade esta previsto nos arts.57° a 59° da Lei bancétia, aplicdveis as sociedades financeiras (art.189"), De especial, assinalam- ‘Competéncia do Ministro das Finangas para a autorizagio, a poder ser delegada no Banco de Portugal (art.58°, n°I); Maior nfimero de clementos de instrugio do pedido de auto- rizagéo a entregar no Banco de Portugal (art.58°, n°2), nomeada- mente, a demonstragio da possibilidade de a sucursal garantir a seguranga dos fundos que Ihe forem confiados, bem como da sufi- ciéncia de meios téenicos e recursos financeiros relativamente a0 Afectacao de capital adequado a garantia das operagdes a realizar pela tuguesa para em Portugal s de crédito de tipo equivalente com sede e depositado numa instituigdo de crédito 24 Direto Bancdrio antes do registo da sucursal no Banco de Portugal (art.59°, n°2), com o dever de aplicagio em Portugal desse capital, das reservas constituidas e dos depdsitos € outros recursos aqui obtidos (at.59°, 1°3); Responsabilidad: realizadas pela sua stituigo de crédito pelas operagdes (art.59°, n°4), stituigo de crédito com sede em Portu- gal que pretende estabelecer sucursal em pafs terceiro tem de obser- var o disposto nos arts.36° ¢ 42° da Lei bancéria. Assim, essa insti- ‘om trés meses ¢ valendo o Naturalmente, o visto de rante o visto de entrada no p: legislagdo, tal como na cor controlo de banco existente. icio como recusa (art.42") do Banco de Portugal no ga- iro: este aplicard a sua propria igo de uma filial ou na tomada de 64.3. Eserit6rios de representagio A Lei bancéria prevé ainda a instalacdo e o funcionamento em, Portugal de escritérios de representacdo de instituigdes de crédito ides financeiras (art.192°) com sede no estrangeiro (pais io ou extracomunitério). Trata-se de estruturas permanentes, destinadas a fazer a pro- ‘mogdo e marcar a presenga em Portugal das instituicdes de crédito estrangeiras que representa ¢ na estreita dependéncia das quais funcionams (art.63°, 1°). Conguanto participem nas actividades das instituigées de cré- dito que representam, a0 zelar pelos seus interesses em Portugal ¢ informar sobre a realizagao de operagdes em que elas se proponham articipar (art.63°, n°l), os escrit6rios de representagdo ndo podem realizar directamente as operacdes que se integram no ambito de actividade das suas representadas, nem adquirir acg6es ou partes de capital de quaisquer sociedades nacionais, nem adquirir iméveis que no sejam os indispenséveis & sua instalago e funcionamento {(art.63%, n°2). Logo, na medida em que ndo concluem operacdes de Copitulo 1 = Condighes de Acesso 235 actividade — apenas as promovem —, os escritdrios de represen- taco néo sdo sucursais. De actividade limitada, processo 4 ‘mento dos escritérios de representagao € simples: a mais das regras do registo comercial, dependem de registo prévio no Banco de Portugal, mediante apresentagao de certificado emitido pelas auto- ridades de supervisio do pafs de origem, e que especifique o regime da instituigao por referéncia & lei que Ihe é aplicdvel (ar.62°, n°L). Obtido o registd, 0 escrit6rio de representacao tem trés meses para iniciar a actividade, podendo o Banco de Portugal, se houver mo- tivo fundado, protrogar 0 prazo por igual periodo (art.62", n°2). Os gerentes dos escritérios de representacao devem dispor de poderes bastantes para tratar e resolver definitivamente, no Pafs, 0s assuntos que respeitem & sua actividade (art.64°), lagdo e funciona- CAPITULO IL CONDICGES DE EXERCICIO SECGAO I CONTINUACAO DAS CONDICGES DE ACESSO 65, Cumprimento permanente das condigies de acesso A l6gica 6 esta: as condigdes exigidas para facultar 0 acesso pridas no seu exercicio (cfr.art.120°, © mesmo 6 dizer que as condigdes de acesso sao também condigées de exercfcio: de que valeria ou que sentido teria 0 cui- iniciada a actividade autorizada, a mesma nao devesse obedi constante 8s condigdes de acesso? Seria um non-sense...as condigdes de acesso constituirem letra morta no exer- Por isso, entre as condigdes de exercicio conta-se a manuten- a0 da autorizagdo concedida pela autoridade competente. 66, Manutencao da autorizagéio: sua néio caducidade Em primeiro lugar, condigdo de exercicio da actividade é ¢ néto caducidade da autorizagao. Ora, a autorizagdo caduca se os requerentes a ela expressa mente renunciarem, se a instituigao nao for constituida no prazo de 28 Direto Bancario Ses, nfo iniciar a actividade no prazo de 12 meses ou for (art.14°, n°L, al.a), da Directiva; arts.21° € 177° da Lei bancéria). 67. Manutenglo da autorizagio: sua nio revogacio Em segundo lugar, condigdo de exercicio da actividade ban- cdria é a nao revogagdo da autorizagéo concedi Ora, a autorizagdo pode ser revogada, “ condigées as quais a autorizagao estiver li a Directiva) ou, nia redacco da al.b) do n°1 do bancaria, “se deixar de se verificar algum dos re cidos no art.14° — preceito que prescreve os requisitos ou condi- des gerais da autorizagio. Na mesma linha, a autorizagio pode ser revogada se a institui- 20 deixar de possuir fandos préprios ou nao puder honrar os seus compromissos, passando a néo oferecer a garantia de poder satis- ir para nivel insignificante por perfodo superior a 12 meses (art.229, n°1, ald), da Lei banca). A Directiva, além dos casos que ‘gag da autorizacdo quando a institu ica, faculta ainda a revo- le crédito “se encontrar pela regulamentagio n°l, da Lei bancéria portu- im iregularidades graves na administragao, orga- nizacao contabilista ou fiscalizacao interna da in instituigao no cumprit as obrigag6es decorrentes Capitulo Hl — Condigoer de Exerciio 239 no Fundo de Garantia de Depésitos ou no Sistema de Indemnizagao 20s Investidores (al.g)); se a institicdo violar as leis ¢ os regulamen- tos que disciplinam a sua actividade ou nfo observar as determina- ‘ges do Banco de Portugal, por modo a pér em risco os interesses dos depositantos ¢ demais credores ou as condigdes normais de fun- cionamento do mercado monetério, financeiro ou cambial (al.h)). A revogagao da autorizagéo é da competéncia das autoridades de supervisio,,no nosso caso do Banco de Portugal, devendo set fundamentada, notificada a instituigao de crédito e as autoridades de superviséo dos membros (previamente consultadas- art.22°, n°2, da Lei bancéria) onde tenha sucursais ou preste servi- 0s e & Comissio Europeia (art.14°, n°2, da Directiva; art.22, n°2, € art.23° da Lei bancéria). Banco de Portugal dard & decisto de revogagio — que impl lugo e liquidagao da instituigso de crédito (art.22°, n®3, da Lei bancétia) — a pr € tomard as providéncias necessérias para o de todos os estabelecimentos da instituicao, o qual se manteré até a0 inicio de fungdes dos liquidatétios (art.23°, n°3, da Lei bancétia). As consequéncias graves da revogacdo da autorizagio — dis- solugao ¢ liquidacio da igo de crédito — explicam que a Directiva fale de poder de revogagdo e ndo de dever de revogacao, numa redacedo pouco canénica a 08 casos de possivel revogagio membros grande latitude na pre do se encontrar nos outros casos de revogagao previstos pel regulamentagao nacional (al.e)). Eis uma hipdtese em que a confianca rectproca dos Estados- membros nao repousa na harmonicagdo minima das condigées de revogacdo da autorizagio: confiam todos em que, no particula- rismo do caso conereto, as autoridades de superviséo saibam tomar a melhor opcao no proprio interesse dos depositantes, revogando @ autorizagiio ou adoptando antes outras medidas e sangdes mais adequadas ao interesse piblico e do pit Por isso e para isso, sem prejuézo dos processos de revogagdio da autorizagdo e das disposigdes de direito penal, a Directiva deixou 240 Direito Bancdrio aos Estados-membros 0 poder de disporem que as autoridades competentes apliquem sangdes as instituigdes de crédito ou aos respectivos dirigentes responsdveis que infrinjam disposicdes le- gislativas, regulamentares ou administrativas em matéria de con- trolo no exerctcio da acividade, o tomer, em rlagto 2 eles, iedidas termo as infracgées verificadas ou as suas causas az" een Assim, a titulo ilustrativo, 0 Banco de Por- tugal pode emitir recomendacdes para que sejam sanadas as irregu- laridades detectadas, tomar providéncias extraordindrias de sanea- mento, sancionar as infraccdes (att.116°), notificar uma instituigio de crédito, que nao respeite as regras de uma gestéo si e prudente, para tomar, no prazo que the fixar, as providéncias necessérias 20 estabelecimento ou reforco do equilbrio financeiro, ou corrigir os métodos de gestéo (att.118°). SBCCAO ML REGULACAO E SUPERVISAO PRUDENCIAIS SUBSECGAO I REGULAGAO PRUDENCIAL 68. Normas prudenciais: harmonizagéio minima O cumprimento permanente das condigdes de acesso & profis- sio bancéria € necessério mas nfo suficiente para garantir éxito continuo a respectiva actividade. Exige, uma boa e s gestio de instituigo de erédito ou sociedade financeira, a observincia de regras, obrigages e constrangimentos, que Ihe permitam mensurar a todo 0 momento os riscos assumidos e assumiveis, bem como a rendibilidade da sua lade, a fim de assegurar em permanéncia nfveis adequados de liquidez e solvabilidade. Na base desta preocupagao estd a seguranga do piiblico e do sistema financeiro: os depositantes devem poder confiar no reem- bolso dos seus fundos — 0 que passa pela estabilidade e solidez dos bancos, para que o pi fema bancério ¢ financeiro em geral. B em nome dos referidos objectivos que existem regulacao (ou regulamentagdo) e supervisito (vigilaeia, fiscalizagao ou con- trolo) prudenciais: normas de comportamento ou regras de conduta Predeterminadas, que as instituigdes de credito devem respeitar continuadamente e controladamente no exercicio da sua actividade, destinadas a evitar a assungao de riscos excessivos, ameagadores 22 Diveito Bancério permanente da situagdo da empresa e indispensdveis aos controlos — controlo interno ou auto-controlo controlo externa, -controlo ou superviso — exercidos em on (delas, regras de uma gestio si e prudente) respeito ¢ assim preve- nir dificuldades e crises que atinjam os depositantes , reflexamente, a estabilidade e fiabilidade do sistema financeiro com prejufzo para a economia nacional pessoas em geral. Ore, a semethanga do que vimos no acesso & actividade ban- céria, também 0 seu exercicio uma harmonizagao minima das normas e controlos prudenciais, que imponham e garantam um denominador comum na linha de conduta das instituigbes de crédito @ sociedades financeiras, necessdria e suficiente & confianca rect proca dos Estados-membros na construcdo do mercado bancdrio linico e subsequente aceitagdo dos principios do reconhecimento mituo e “home country control” da gestiéo prudencial praticada, em qualquer dos patses com essa harmonizagdo minima trata essencialmente a Directiva de codificagao no Titulo V, sob a epigrafe “Principios ¢ instrumentos téenicos da supervisdo prudencal”, nos ans.26" a 6°, tanspost, "88 Cf, MENEZES CORDEIRO, Manual de diveito bancirio, cit, p158 © segs; AUGUSTO ATAYDE, Curso, cit, p527 e segs; FISCHER/KLANTEN, Bankrecs, it, p39 © segs. U-Banken und Finaatienstisngsaifich)s KUM. peso und Bankenausich); ANTONELLA ANTONUCCI, Dirtio delle ban ‘que, ct, p.243 © segs; SOUS-ROUBI Droit bancaire, cit, p1SB © segs. Regulasto Pradencia 23 69. Organizacio administrativa e contabilistica (contas anuais e contas consolidadas) e controlo interno Nos termos do art.17° da Directiva (ex.-art.13°, n°2, da 2* Directiva bancéria), “a autotidade competente do Estado-membro de origem exigiré que cad i boa organizagao admini. tos de controlo interno adequado © contetido do preceito foi Lei bancéria, que dispoe como segue: “1. Compete ao Banco de Portugal, Ges da Comissao de Normalizagao Cont Cédigo dos Mercados de Valores Me de contabilidade aplicaveis is is ido em parte no art.115° da prejuizo das atribui- sua supervisio, bem como definir os elementos que as mesmas instituigdes Ihe devem remeter e os que devem publicar. 2. As instituigdes de crédito organizarao contas consolidadas nos termos previstos na legislacio prépria”. E obvia a exigéncia formulada, pressuposto da prépria super- visdo prudencial. Na verdade, organizagdo, audltorias e procedi- ‘mentos de consrolo interno devem ser o espelho que @ momento e a corpo inteiro a feedback das decisces de contol © de mercado; que permita medir os riscos ¢ a ren actividades. Espelho que assim serviré de armadura e guarda avangada da propria Administrago, porquanto the permitird verificar em pri- ‘meira mio: por um lado, se as normas de gestio e controlo pruden- ciais ditadas por lei ou re to, bem como as regras de orga- nizagéo e de procedimentos internos por ela fixadas ¢ ‘g0es por ela dadas 248 Ditto Bancirio cas competentes, € a eficécia dos sistemas de informagio ¢ de rmonizagéo minima ei ;, suporte do edleulo de“ ‘indispensdvel: de que valeria fixar rcios os, se as regras relativas as contas diferis- jo? Seria comparar alos com bugalhos ypeia das regras uniformes ou harmoni sem de Estado para Daf a Directiva n°86/635/CEE do Consetho, de 8 de Dezem- bro de 1986, relativa as contas anuais e ds contas consolidadas dos bancos ¢ outras instituigdes financeiras™, que prevé as particula- ridades julgadas necessérias, em derrogagio as correspondentes Directivas sobre sociedades em geral — a Directiva 78/660/CEE (A’Directiva) do Conselho de 25/7/78, a8 contas anuais de certas formas de sociedades, entre n6s a sociedade anénima, a so- ciedade em comandita por acgdes ¢ a sociedade Directiva 83/349/CEE (7* Directiva) do Conselho as contas consolidadas" —, na estrutura, not conteiido dos balancos e na estrutura e delimitagao das rubricas das contas de ganhos e perdas, a fim de as regras harmonizadas poderem assegurar a comparabilidade das contas anuais e das contas consolidadas. Garantida a confiabilidade © a comparabilidade das contas, feitas e apresentadas segundo certas regras comuns aos Estados- -membros — entre vejam-se 0 Plano de Contas para a Sector 36/92, de 28 de Margo, que transpés a a Instrugdo n°71/96, de 17 de Junho, do Banco de Portugal —, verificada esté a infra-estratura nece: indispensdvel & harmo de riseos, € do estanuto de gestor criterioso e ordenado, tanto do Ponto de vista técnico como ético: -pelo primeiro, 0 ponto de vista técnico, as instituigbes de crédito devem assegurar aos clientes elevados niveis de competén- la técnica, uma organizagdo empresarial eficiente e de qualidade (art.73° da Lei bancéria), devendo administradores e ceder nas suas fungdes com a diligéncia de um gestor ordenado, de acordo com o princtpio da reparti¢do de riscos e da seguranca das aplicacées, e tendo em conta 0 interesse dos depo- pelo segundo, o ponto de vista ético, administradores empre- gados de instituigdes de exédito, nas suas relagdes com os clientes, devem proceder com lealdade, correceao, vdlido em geral e com especial acuidade perante os consu- , também os ditos consumidores de servigos financeiros. 70. Fundos préprios As normas prudenciais, referentes ao célculo de récios de cobertura e divisio de risco (cfrarts.98°,99°,100°,109°,113° da Lei bancéiria), assentam na nogdo de fundos préprios, harmonizada pela Directiva 89/299/CEE, de 17 de Abril de 1989", hoje incorporada na Directiva de Codificagio, arts.34° a 39°, Trata-se de apurat sc 0s fundos préprios de uma instituigao de crédito chegam para cobrir os ' JOCE L124, de 5/5/1989, p16. 246 Dinito Boncério 8 que ela corre, sejam os riscos de crédito mal parado — to ndo reembolsado pelos seus mutuérios, também ditos ris- cos de contraente — ou os riscos de mercado, especialmente ligados a flutuagdes de cémbios e de taxas de juro, bem como de cotagées bolsistas, a fim de garantir a sua solvabilidade apesar das perdas softidas!. Nos termos do n°I do art.34° da Directiva de Codificagio, os Estados-membros, para efeitos de supervisdo prudencial, devem providenciar uma nogo de fundos préprios coincidente com a dada nos n®.2, 3.6 4 desse mesmo artigo nos arts.35° a 38°. O que foi Repablica, I Série-B, de 19/4/2001) considerando a alteracéo da Directiva 93/6/CEE pela Directiva 98/33/CE e o disposto nos arts.9° a 11° do Decreto-Lei n*250/2000, de 13 de Outubro), ao abrigo do n°T do art.96° da Lei bancéria, que transpuseram a Directiva relativa, ‘aos fundos préprios das instituigdes de crédito para a ordem jurf- dica interna. Eo n°2 desse art.34” da Directiva (ex.-att.2°,n°1, da Directiva 89/229) diz quais sdo os elementos constitutivos dos fundos préprios ndo consolidados das instituigdes de crédito (cfr. também 0 n°3 do © capital realizado, acrescido das prémios de emis- legais ¢ estatutérias) ¢ 0s resultados positivos tran- sitados por afectagao do resultado final; os fundos para riscos ban- catios gerais; as reservas de reavaliagio; as correcgdes de valor; outros elementos previstos no art.35*(reservas latentes, titulos de ftulos de participa- 40; empréstimos subordinados referidos no n°3 do art.36"; acgies FISCHER/KLANTEN, Bankrecht, cit, p.73 e sees; KUMPEL, Bank- lalmarkirech, cit, p-2169, 2180; SOUS-ROUBI, Droit bancaire cit, p.166 e segs. Regulasio Prudencial er preferenciais cumulativas remfveis em data certa. Os primeiros trés sto os chamados findos préprios de base; 0s demais constituem, 08 ditos fundos préprios complementares. No célculo do montante dos fundos préprios, os fundos préprios complementares sofrem limites (art.38° da Directiva), ¢ & soma (dos fundos préprios de base com os fundos préprios complementares) serio deduzidos varios elementos indicados no art.34°, n®.9 a 13, da Directiva e no n°4 do Aviso 12/92. Reconduzidos & sua esséncia, os fundos préprios sao recursos estdveis a disposicéo da instituigao de crédito, que esta poderd utilizar imediatamente ¢ sem restricéio para cobrir riscos ou perdas (art.34°,n°4, da Directiva), quer dizer, para absorver prejuizos nio ccobertos por volume suficiente de lucros, e assim proteger o aforro \dos préprios ndo podem tomar-se inferiores Social mfnimo exigido para a autorizagao da instituigdo de crédito (art.5°n°3, da Directiva; art.96°, n°2 da Lei verificar-se, 0 Banco de Portugal pode, se as circunstncias o justificarem, conceder & instituigSo um prazo limitado para a regulatizacdo da situacio (art.96°,n°3, da Lei bancéria). No tocante & constituigio de reservas — Iucros retidos ou fundos préprios da empresa 10% dos tucros lquides do social, deve ir para reserva legal las em geral, Veja-se a menor exi- fcio, até ao limite do c — nas sociedades an¢ ‘0 devem ainda constituir reservas especiais destinadas a reforgar a situagéo Ifquida ou a cobrir prejufzos que a conta de lucros ¢ perdas nao possa suportar (n°.2 ¢ 3). ‘A mais destas reservas obrigatérias podem ser constituidas reservas facultativas, por livre vontade da sociedade e seus accio- nistas. 248 Direito Bancdrio Por fin, as reservas obrigatérias dist de caixa: aquelas revestem natureza prud mento de politica monetéria, com vista a diminuigao da capacidade de ctiagio de moeda bancéria ou moeda escritural. 71. Racio de solvabilidade do Parlamento Europeu ; Directiva 98/33/CE do par- Tamento Europeu ¢ do Conselho, de 22 de Junho de 1998 —, © contida agora nos arts.40° a 47° da Directiva de Codificagéo, resultado de um longo trabalho em que sobressai 0 Comité de ia que, presidido por Peter Cooke, Vice-Governador do Banco io de solvabilidade para os O rdcio Cooke ou récio de Basileia dé forte impulso aos tra- balhos do Comité Consultivo Bancério da Comissio Europeia, de que Cooke ¢ igualmente membro, logrando resultado similar e depois vertido na citadal™. Na transposigao da Directiva para a ordem juridica interna, 0 legislador deixou na competéncia do Banco de Portugal a definigdo, or aviso, das relagées (rdcios) a observar entre rubricas patrimoniais € 0 estabelecimento de limites pradenciais & realizagao de opera- * JOCE 1386, de 30/12/1989, p.14 Ch, KUMPEL, Bankerd Kapitalmartreht, it, p2169 e seg, 2178; SOUSL-ROUBI, Droit bancaie, ci 164 € segs. Regulapto Prudencial 249 ‘gOes que as instituigGes de crédito estejam autorizadas a praticar, ‘em ambos os casos quer em termos individuais quer em termos consolidados, normalmente a “relagao entre 6 i extrapatrimoniais, ponderados ou no 99*,al.a), da Lei bancéria), No uso da al.a) do art.99° da Lei bancéria, Aviso n°10/2001, publicado no DI Porém, a transposigiio das novas Dit de Outubro, que 1°263/2000, de 18 ICE, € autotizam 0 solvabilidade nos arts.11° © 9°, respectivamente. A relacdo ou proporgéo existente entre os fundos préprios e 05 elementos do activo e extrapatrimoniais ponderados em funciio do risco dé-se 0 nome de rdcio de solvabilidade (artA0x°L da funciio do risco de crédito constitui 0 denominador (att, Directiva; n° da Parte I constante do anexo a0 Avi do denominador do récio). ivo so atribuidas graus de risco de ci s percentuais de ponderagao — co tes de ponderagio de 0%, de 20%, de 50% e de 100% (art. 250 Dieito Bancério da Directiva; n°2 da Parte [ anexa ao Aviso n°1/93) —, sendo o valor de balango de cada activo multiplicado pelo coeficiente de ponderacio apropriado, de modo a obter-se um valor ponderado (art.42°,n°1, in fine, da Directiva). O valor ponderado das opera- ges extrapatrimoniais — com excepgao das relacionadas com os riscos de mercado ou contratos (swaps, futuros, opgGes) sobre taxas de juro e taxas de cambio (art.43°,n°3, e Anexo III da Directiva; 3.2. da Parte I ¢ Parte IIT anexas a0 Aviso n°1/93; art.9° e Anexo 20 reto-lei n°250/2000), para as quais em regra fica ao critério da tuigio a escolha entre dois métados de avaliagao: 0 do preco de mercado (3.2.1.1. da Parte I do Aviso n°1/93) ¢ 0 do risco inicial (3.2.2. da Parte I do Aviso 1/93) — ¢ apurado através de um cat- culo em duas etapas, descrito no n°2 do art.43° da Directiva ¢ no onto 3.1, da Parte I anexa ao Aviso n°1/93: Na I* etapa, procede-se ao agrupamento ou classificagio dos elementos em fungdo dos graus de risco constantes do Anexo I da Directiva e Parte I do Aviso — risco elevado (v.g., garantias com a natureza de substitutos de crédito; accites; endossos de letras € livrangas; stand-by letters of credit irrevogdveis; compra de activos a prazo fixo); risco médio (v.g. créditos documentirios, garantias & indemnizagGes; venda de activos com acordo de recompra; facilida- des de emissao de letras e livrangas-Note issurance faci les renovaveis com tomada firme-Revolvins ’s (RUF) ; risco médio/baixo e risco baixo to no utilizadas com um prazo de vencimento ual a um ano ou que possatn ser incondicionalmente anuladas jwalquer momento e sem pré-aviso) —, em que os elementos de tisco elevado sero considerados pelo seu valor total, os de risco médio por 50% do seu valor, os de tisco médio/baixo por 20% do seu valor e 05 de risco baixo por 0% do seu valor; Na 2* etapa, 08 valores assim obtidos so multiplicados pelos coeficientes de ponderagao atribuidos as contrapartes respectivas, nos termos j4 vistos (n°1 do art.43° da Directiva; n°2 da Parte anexa 20 Aviso 1/93; ats.6° e 7° do Decreto-lei n°250/2000; Decreto- -Tei n°263/2000, em rela¢o aos créditos hipotecsrios), excepto na Regulagdo Prudenciat 2st venda de activos com acordo de recompra e na compra de actives 1 prazo fixo, em que os coeficientes de ponderacio so os do activo em causa € no os da contraparte na transacgio. Assim, através da ponderacdo dos diferentes riscos — o risco de a instituigao de crédito nfo ser reembolsada, por incumprimento da contraparte (tisco da contrapartida), varia em fungao do devedor, seu pafs e natureza da operagao realizada —, evita-se 0 simplismo no confidvel da adicao dos elementos do activo dos elementos ‘extrapatrimoniais, como se a concessio de créditos, a prestacao de garantias e subscri¢ao de outros compromissos apresentassem todos id€ntico risco. Conkecido 0 porqué e 0 como da ponderacio dos riscos das operacdes, as instituigdes de crédito devem manter permanente- ‘mente a ratio de solvabilidade assim definida a um nivel de, pelo 8%, podendo as autoridades competentes estabelecer rdcio superior (art.47* da Directiva) — poder que o Banco de Portugal reserva pelo n°2 do Aviso n°1/93, introduzido pelo citado Aviso n°7/99, com fundamento na constatago de que, em certos casos, 0 mfnimo de 8% pode nio se revelar adequado as finalidades da ratio em causa. No caso de 0 rdcio descer dos 8%, as autori- dades competentes — no nosso caso o Banco de Portugal — asse- Deste modo, a solvabilidade (capacidade de absorver perdas ou prejutzos) de uma instituigdo de crédito serd tanto mais elevada quanto maior for o seu rdcio de solvabitidade, com os fundos prb- prios a deverem ser 8% ou mais do total dos seus activos e elemen- 08 extrapatrimoniais ponderados em fungéo do risco de crédito. Noutros termos: 0s fundos proprios devem ser suficientes para a cobertura minima de 8% dos riscos ponderados da instituigo € figurados no denominador da relago em aprego, pelo que quanto maior for este mais elevados deverio ser os fundos préprios para ‘que @ instituigo de crédito possa honrar os compromissos perante 22 Dinelto Bancdrio 05 seus depositantes apesar do incumprimento de mutuérios & devedores © das variagies desfavordveis de taxas de cambio & taxas de juro™ 72. Grandes riscos: cliente ou grupo de clientes ligados entre si 72.1. Nao colocar todos os ovos debaivo da mesma galinka constitui sabedoria popular vinda do fundo dos tempos. Aplicada & actividade financeira, esta regra de ouro impediré a concentrago excessiva de riscos por cliente ou grupo d ligados entre si, susceptivel de por em causa a autono pendéncia da (boa ¢ sa) gestio da instituigao de crédito ¢ a sua solvabilidade e estabilidade em caso de incumprimento desse grande devedor: varios ovos (leia-se, créditos) repartidos por diferentes galinhas (leia-se, clientes) valem mais do que um grande crédito concedido a uma pessoa ou a pessoas ligadas por Lagos juridicos, financeiros ou cconémicos téo estreitos que formem um s6 ¢ 0 mesmo grupo € cujos créditos, portanto, devem ser tratados como risco tinico. Neste quadro e nesta perspectiva de gestiio prudente, destinada & harmonizago minima e suficiente das regras fundamentais de repartigao ou divisdo dos riscos de uma instituigao bancédria, preve- nindo um desequilfbrio na concesséo do crédito com a concentra- ‘do excessiva de créditos sobre a mesma pessoa ou o mesmo grupo ea concentragio excessiva de devedores, se compreende a Directiva 1°92/121/CEE do Conselho, de 21 de Dezembro de 1992, relativa gio © ao controlo dos grandes riscos das instituigdes de ” — precedida da Recomendagdo 87/62/CEE da Comis- + agora vertida na Directiva de Codificagio, nos arts.48° a age JOCE 129, de 5/12/1993, p. '% JOCE 133, de 4/2/1987, Repulacto Prudenciat 253 50°, ¢ recebida no Aviso n°10/94 do Banco de Portugal (Disrio da Reptblica-Il Série, de 18 de Novembro de 1994), alterado pelo Aviso n°10/2001 (DR. I-Série-B, de 20/11/2001). objective consiste em limitar 0 risco méximo de perdas de instituigao de crédito com um cliente ow grupo de clientes ligados entre si, co como regra geral, 0s riscos pelo seu valor nominal, ser oeficientes de ponderaco ou graus de risco (art.1°,n°24, da Directiva)"™. 72.2. Considera-se “grande risco” 0 assumido por instituiggo de crédito em relacdo a cliente ou grupo de clientes ligadas entre si cujo valor nominal atinja ou exceda 10% dos seus fundos pré- prios (att.48°, n°l, da Directiva; ponto I, al.4), do Aviso n°10/94), com dois limites fundamentais, um limite individual e um limite global: Cada grande risco, ctéditos ainda nao reembolsados sobre 0 ‘mesmo cliente ou grupo de clientes ligados entre si, ndo pode ultra- passar 25% dos fundos préprios da instituigao de crédito (art49°.0°1, — limite reduzido para 20% quando o cliente ou tes ligados for a empresa-inde ou a filial da institui- {$80 de crédito e/ou uma ou mais filiais dessa empresa-mae, com os Estados-membros a poderem isentar deste limite de 20% 0s riscos assumidos sobre estes clientes desde que prevejam um controio especial dos riscos em causa através de outras medidas ou proces- 808 (art.4°,n°2, da Directiva); 0 montante cumulado ou agregado de todos os grandes ermitidos ndio pode exceder 800% dos fundos préprios da ins so de crédito (art.49°,n°3, da Directiva), vale dizer, a soma total do conjunto dos grandes riscos (entre 10% e 25% permitidos perante uum cliente ou grupo de clientes ligados entre si) no pode ultrapas- sar oito vezes 0 montante dos fuundos préprios (Aviso 0°10/94).. ' KUMPEL, Bank-wnd Kapitalmarktrecht, cit, p2192 ¢ segs; FISCHER! IKLANTEN, Bankrecht, cit, p.85 e segs; SOUSI-ROUBI, Droit bancaire, cit, ATS © segs 254 Directo Bancario, 72.3. Da nogéo de “grande risco” segue-se, em primeiro lugar, le. Logo. grande risco = grande crédito, quantitativa- , susceptivel de fazer perigar a regra da riscos do credor, no colocando 0s ovos todos na mesma ‘mesmo que parega ser galinha dos ovos de outo. Precisamente por isso, porque se trata de limitar 0 risco mé- ximo de perdas de uma instituigao de crédito com o mesmo deve- igo bancéria devem ser tratados como risco tinico. Daf de “grupo de clientes ligados entre si” (art.1°, n°25, da Directiva; ponto 1, al.5), do Aviso n°10/94): —duas ow mais pessoas singulares ou colectivas que cons- tituam uma tinica entidade do ponto de vista do risco, porque uma delas detém 0 poder de controlo ou de domi nio directo ou indirecto sobre a outra ou as outras, admi- tindo, todavia, prova em contrério; — duas ov mais pessoas singulares ou colectivas, sem relagio de control ou dominio, mas que devam ser consideradas como uma tinica entidade do ponto de vista do risco assumi- do por estarem de tal forma ligadas (economicamente) que, na eventualidade de uma delas se deparar com problemas financeiros, a outra ou as outras terdo provavelmente dificul- dades de reembolso ou cumprimento das suas obrigacdes. O Aviso n°10/94 vé na existéncia de accionistas ou associados comuns, administradores comuns, garantias eruzadas e interdepen- Repulagdo Prudencial 255 déncia comercial directa que néo possa ser substituida a curto prazo — exemplos dados pela citada Recomendago 87/62/CEE — cir- ccunstancias que podem indiciar um grupo de clientes ligados entre sumbe notificar a os art, da Directiva), identificarem as interdependéncias e ligagd de apurarem a existéncia de um grupo d Naturalmente, a notificago em aprego pre administrativos e contabilfsticos correctos ¢ fidveis mecanismos de controlo e auditoria internos adequados para a identificagéo ¢ a contabilizacto de todos os grandes riscos e suas alteragdes, bem como da correspondente supervisio prudencial Por fim, sublinhe-se que a instituigéio bancéria, concedente de adequada sobre a sua situacio econémica e financeira (art.98° da Lei bancéria). ser aplicados pelos Estados-membros, se a empresa-mie ou a filial estao inclufdas na supervistio numa base consolidada a que esté ‘A mais desta possibilidade em caso de consolidagao, a Directiva (art.49°,n°7) autoriza os Estados-membros a isentarem total ou par- célculo do tisco televante na ratio de solvabilidade —, bem como Ihes reconhece a liberdade de aplicarem certas ponderagies, fixando as respectivas percentagens, nos riscos sobre as administragdes regionais ¢ locais (art.49°,n°8, da Directiva) e nos riscos interbancé- rios (art.49°,n®.9 e 10, da Directiva). 236 Diveto Bancdrio 73. Participagdes qualificadas no dominio financeiro 73.1. Crédito limitado a participantes qualificados e crédito proibido a membros dos érgios sociais. Na mesma ldgica € ratio essendi do regime dos chamados grandes riscos encontram-se o ainda mais rigorosos de concentracio de riscos impostos no art.109° da Lei bancéia & con- cessio de financiamentos por instituigao de crédito — ou sociedade ‘art.196° da Lei bancéria) — aos seus accionistas de nes de participagdes qualificadas**: Por si e/on em consequéncia de relapses especinis existentet com outros de voto, possa exercer influéncia significativa na gestio da sociedade ipada, presumindo-se em termos absolntos essa inluéncia na participagto de 10% ou mais. Neste sentido, e para este efeito, como que se levanta 0 va da Persondlidade juridica dos outros participantes © se considera a verdadeira rali- tanento da personaidade colectiva no dirto cil e comercial, Coimbra, 2000; INOCENCIO GALVAO TELLES, Venda a descendentese o problema da supe- ragao da persoatidade jurtdica das socedades, in "RUA", 1979, p. 513 © segs, special p. 537 e 555; COUTINHO DE ABREU, Da empresariliade (As empre- sas no Dirctoh, Cire, 1996, p. 205 e segs Regulegio Prudencial 257 -13%,n°2, da Lei bancéria) ow que com ela estejam numa relagao de grupo (art.13°, 2°3, da Lei ban- citia) ndo poderd exceder, em cada momento e no seit con- junto, 10% dos fundos préprios da institwigéo de crédito; —Pelo n°2 do mesmo art.109°, 0 montante global dos crédi- tos concedidos a todos 0s detentores de participagdes qua- lificadas ¢ a sociedades com eles em relacao de dominio ou de grupo ndo poderd exceder, em cada momento, 30% dos fundos proprios da instituigao de crédito. ‘Ademais, essas operagdes de crédito dependem da aprovagao pox mairia qualificada de pelo menos 2/3 dos membros do érgi0 Sérgio de fiscalizagao lagao dos limites referidos Nas referidas operagdes de a detentores de participa- g0es financeiras qualificadas, por um lado, presume-se o cardcter indirecto da concessio de crédito quando 0 beneficidrio seja cGnjuge, parente ou afim em 1°grau de algum mem- bbro dos érgios de administragio ou fiscalizagdo ou uma sociedade directa ou indirectamente domninada por alguma ou algumas daquelas pessoas (art. 85°.0°2, ex vi do art.108°, n°4), e, por outro Tado, equipara-se & concessio de crédito a aquisiggo de partes de capital em sociedades ou outros entes colectivos directa ou indirec- tamente dominados por aquelas pessoas (art.85°,n°3, ex vi do art. 109.0%). Para efeitos do computo bal de 30%, os montantes de participagdes qualificadas so agregados aos concedidos a membros do conselho geral (ar.447" do Cédigo das igo de crédito ¢ por eles dominados a sua violagdo a .d) do art.210° ou da (art.109°,n°6, que remete para 0 art.85°,n°5) ser punida conforme os casos, nos termos d: ah) do art 211° da Lei bancétia. 258 Dirito Bancério s limites da concentragio de riscos so aqui mais rigorosos nos grandes riscos, por receio, temor reverencial ou “depen- da Administragio relativamente a clientes que controlam a Mio © cujo peso de mando poderia levar A concesstio de fora dos canones de gestio sa ¢ prudente. Por outro lado, as instituigdes de crédito — e sociedades fi- nanceiras (art.195° da Lei bancéria) — no podem conceder cré- dito, sob qualquer forma ou modalidade, incluindo a prestagao de garantias, © quer directa ou indirectamente, aos membros dos seus Srgaos, de administragdo ou fiscalizagdo, nem a sociedades ou outros entes colectivos por eles directa ou indirectamente dominados (art.85°,n°l da Lei bancéria), em ordem & prevengao de conflitos de interesses. Dos limites referidos esto excluidas as operagées de conces- sto de créditos de que sejam beneficidrias instituigées de crédito, sociedades financeiras ou sociedades gestoras de participagdes so- que se encontrem inclufdas na supervisio em base consoli- dada a que esteja sujeita a instituicao de crédito em causa (art.109°.n°5; art 85°n°6). 73.2. Comunieacio de participacdes qualificadas fimos a estrutura accionista e a idoneidade dos gran- , detentores de patticipagao importante ou qualifi- cada, como requisitos da autorizagio de uma instituigio de crédito (supra, n°62.3.2.). Logica é a continuago do dever de informagao acerca dos mesmos elementos, a fim de as autoridades competentes poderem em petmanéncia acompanhar e controlar a evolucio dos accionistas de referéncia e apreciar a sua qualidade, a luz de uma Eestio si e prudente da instituicdo de crédito, Deste modo, tal como na constituigio da instituigao de crédito, a apreciagao da idoncidade dos detentores de participagdes qualificadas poder ser feita no exercicio da actividade a qualquer momento, gragas & comu- nicaedo de todas as alteragdes substanciais ocorridas nos elementos que instrufram 0 pedido de autorizagao prévia e influiram na sua concessio. Regulagio Pradencial 259 A essencialidade do controlo permanente da alteragéo dos detentores de participagdes qualificadas, dado o inerente poder de influéncia na instituigao de crédito, estd bem patente na triplice informacdo das autoridades competentes — comunicagao prévia pela pessoa interessada (arts.102° ¢ 107° da Lei bancéria), comu- nicagao subsequente pela pessoa interessada (art.104° da Lei ban- céria) ¢ comunicagao pela instituicao de crédito (art.108° da Lei banciiria) — ¢ na inibicdo do exercicio de direitos de voto pelo prevaricador, além de outras sangées (axt.105° da Lei bancéria). 73.2.2. Assim, nos termos do art.16°,n°1, da Directiva ¢ do art.102° da Lei bancétia, quando uma pessoa pretenda deter em instituigao de crédito ou sociedade financeira (ex vi do art.196°) participagdo qualificada — 10% ou mais do capital social ou dos direitos de voto (art.13°,n°7, da Lei bancéri tiva) —, aumentar a sua participacao qu ou 50% ou mais ou de tal forma que a in (art.13%,0°1, da Lei bancéria; art.1°,0°13, da Directiva), deve comu- nicar previamente ao Banco de Portugal o seu projecto e tante da participagdo, ainda que 0 resultado da iniciativa ou it tivas nao esteja de antemao assegurado, observando 0 disposto no Aviso n°3/94 (DRT Série, de 22 de Junho), aprovado na base do n°6 do art. 103° da Lei bancéria O Banco de Portugal dispée de trés meses, a partir dessa comunicagdo, para apreciar a aquisicdo e poder opor-se ao projec to, se entender ndo estar verificada a idoneidade da pessoa em causa, por qualquer das circunstancias enumeradas no n°2 do art. 103°, para assegurar uma gestdo sie prudente (axt.103°.n°1 da Lei bancéria; art.16%n°1, 2° parte, da Directiva) — quando ndo deduza oposigao, o Banco de Portugal podera fixar prazo razodvel para a realizagao da operacdo projectada (art.103°,n°4, da Lei ban- céria; art.16%0°L, in fine, da Directiva). Nessa apreciagio da aqui- ‘comunicada, 0 Banco de Portugal deverd solicitar 0 parecer prévio da autoridade de supervisao do Estado-membro de origem, se 0 interessado for instituigdo de crédito autorizada noutro Estado- -membro da Comunidade Europeia ou a empresa-mae de uma insti- tuigdo se torne sua filial 260 Direito Bancerio tuigio de crédito autorizada noutro Estado-membro, ou pessoa tuigdo de filiais de instituigdes de crédito autorizadas em pafs comu- nitério (art.18° da Lei bancéria; art.12° da Directiva). Do mesmo modo, antes de decidir e para decidir, 0 Banco de Portugal deverd solicitar informacdes & CMVM, que responder no prazo de um més, sobte a idoneidade dos detentores de participa- ‘goes qualificadas, sempre que a instituigio de crédito cm causa liver por objecto alguma actividade de intermediacao de valores mobilidrios (art.103°,n°7, da Lei bancéria). O dever de informagdo prévia ao Banco de Portugal existe ainda se a pessoa singular ou colectiva pretender deixar de deter participacdo qualificada (-10%) numa instituigao de crédito ou diminut-la para baixo de 20%, 33% ou 50% ou de tal forma que « instituigdo cesse de ser sua filial, caso em que deverd igualmente comunicar © novo montante da sua participagdo (art.107° da Lei bancéria; art.16°,n°3, da Directiva). Trata-se de um direito a cujo exercicio 0 Banco de Portugal no poderé opor-se — mas o Banco de Portugal jé poder opor-se & comespectiva aquisigao, nos termos previstos no art.103° da Lei bancéria, Os assinalados deveres de informacao prévia sio complemen- tados pela obrigagao de comunicagdo subsequente dos mesmos factos ao Banco de Portugal pelo interessado, no prazo de 15 dias a contar da data em que eles se verificaram (arts. 104? ¢ 107°,n°2, da Lei bancéria). Esta complementaridade da comunicagio subsequente decorte do disposto na I" parte do citado art. 104°: “sem prejutzo da comunicacdo prevista nos artigos anteriores ..”. Mas a comunica- a0 subsequente poderd ser a tinica, no caso de a tomada de parti- cipacdo qualificada (10% ou mais) ou © aumento de participagao qualificada para cima de 20%, 33% ou 50% ser involuntéria, por exemplo, iure hereditario: no prazo de 15 dias deve 0 facto ser comunicado ao Banco de Portugal, sob pena de sancao prevista na Regulacdo Pradencial 261 al.h) do art.210°.Naturalmente, a inobservancia da informagio pré- via, imposta pelo art.102°, nao impediré 0 interessado de proceder posteriormente & comunicagdo em falta, a partir da qual comegario a correr 0s trs meses para o Banco de Portugal apreciar a aquisi¢ao © poder deduzir oposicao (art.103°), sem prejuizo da puni vista na al.h) do art.210° ¢ da voto regulada no art.105° — inibigo que, todavia, cessard se 0 Banco de Portugal nio deduzir oposigio (art.106%). Para tentar prevenir a falta de informagao do Banco de Portu- gal acerca das participagées qualificadas e sua evolugdo, ¢ garan-~ tir o seu acompanhamento ¢ controlo em permanéncia, a lei impde as instimigées de crédito 0 dever de comunicagéo aquela autori- dade das alteragdes teferidas nos arts.102° e 107°, logo que delas tenham conhecimento, para além do dever geral de Ihe comunica- rem em Abril de cada ano a identidade dos seus accionistas deten- tores de participagées qualificadas ¢ 0 montanie das respectivas participagées (art.108° da Lei bancéria; art.16".n°4, da Directiva), ‘sob pena de incorrerem na contra-ordenagio previsia na al.k) do art.210° da Lei bancéria. 73.3. Inibigéio dos direitos de voto A constituigZo ou 0 aumento de participagao qualificada sem a referida comunicagao prévia (art.102° bancéria) ou a que © Banco de Portugal se tenha oposto (arts.103° e 211°, al bancéria) determina io do exercicio do di parte em que exceda ‘mais baixo que tiver sido ultrapassa- do (art.105%,0°1, da Lei bancéria), ou seja do de uma participagdo de 10% ou mais, inibigao acima dos 9,99%; Aumento da participacdo de 10% para 20% ou mais, acima dos 19,99%; ‘Aumento da participacdo de 20% para 33% ou mais, acima dos 32,99%; Aumento da participagéo de 33% para 50% ou mais, inibigio acima dos 49,99%. 262 _____Dineito Bareirio Logo que tenha conhecimento de alguns desses factos, 0 Banco de Portugal dard conhecimento‘dele ¢ da consequent inibigio a0 6rgio de Administragao da sempre que 0 objecto da de intermediago em val bilities —, que deverd apresentar a Assembleia Geral essa informagao recebida ou dele conhecida por sem sido exercidos — é a chamada prova de resi ragiio (art.105%,n°5). De hatmonia com o disposto no n°6 do mesmo art.105°, a anulabilidade em causa pode ser arguida nos termos gerais (art.58° © segs. do Cédigo das Sociedades Comerciais) ou ainda pelo Banco de Portugal. Quer isto significar: subtraccdo dos votos i anulabilidade; Que nem o Presidente da Mesa nem a Assembleia Geral podem impedir 0 accionista de exercer os direitos de voto inibidos —a lei nao thes confere esse poder; Que, mesmo quando no seio da Assembleia Geral seja mani- festada divergéncia quanto ao resultado da votagdo proclamado pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral, a deliberagdo tomada —a proclamada pelo Presidente — ndo pode ser objecto de acgao de simples apreciacdo que, pot nao se encontrar sujeita a prazo de propositura, acarretaria graves incertezas — inconvenientes graves estes, 0 de confiar ao tribunal julgar qual a deliberagao efectiva- mente tomada na Assembleia Geral, que o legislador no quer, 18 expressos, tendo preferido a sua ___Regulogo Prudenciat + 263 definindo claramente a acco possfvel como de anulagdo, a intentar no prazo curto de 30 dias (art.59° do CSC)”. Se 0 exercicio dos direitos de voto inibidos tiver sido deter- minante para a eleigSo dos 6rgios de administracio ou fiscalizagdo, deve 0 Banco de Portugal, na pendéncia da accZo de anulagio da respectiva deliberacdo, recusar os respectivos registos (art.105°,n°7). 74, Participacies qualificadas fora do dominio financeiro Analisados 08 limites pradenciais as ligagdes a montante das instituigdes de crédito com os seus accionistas de referéncia, veja- mos agora as suas ligagdes a jusante, traduzidas em participagdes noutras sociedades. ito no capital de empresas néo fi- nanceiras, especialmente sociedades comercias ou industriais: — Limite individual: wma instituigao de crédito nto pode de- ter, directa ou indirectamente, participago qualificada cujo % Cit. JOA CALVAO DA SILVA, Confto de interesses ¢ abuso do direito nas sociedades, in “Estudos Jurdicos", Coimbra, 2001, 9.107 ¢ segs. especialmente p.133 © 134; em sentida diferente, VASCO LORO XAVIER, Anulagto de deliberagdo social e deliberagees conexas, 1976, p32), nota 72, sobretudo no deseuvolvimento feito jé na p326, em que csccve: “Simplesmente, quando em relageo a esta declaagtes ou seus fundamen- tos, se teaham manifestadoe subsistio, no proprio seio do colépio, évidas que, pela sua consistéaca, sejam suscepeveis de provocar incetsza sobre 0 referido resuliado, 6 entio possivel, em nosso entender, recorer-se a una acto de apre- iapdo, a fim d= o tibunal fixer qual a deliberagao que efectivamente se tomou NNestas circunstancias, ¢ dadas justamente as dGvides logo manifesadas na ssembleia, jo sentido que o julgador vena a atribir 20 acto no pode coastnie Salvo 0 devido respeito — respeito devido que € muito —, o saudaso Pro- fessor Vaseo Xavier nao valocizou significatvamente um pequeno grande porme- nor: a nilo fixacio de prazo para a propositura da acelo de simples apreciagio, 264 Direlto Bancério ‘montante ultrapasse 15% dos seus fundos préprios, consi- derando-se participagio indirecta a detengao de acgées ou outras partes do capital pelas pessoas e nas condigdes refe- ridas nas als.a), b) e c) do n°7 do art.13° da Lei bancéria; — Limite global: 0 conjunto das participagSes qualificadas no financeiras nfo pode ultrapassar 60% dos seus fiundos Préprios. No célculo do dupto limite de 15% (para uma participago) de 60% (para o total das participagdes) — note-se a irrelevancia, para esse efeito, de participagdes nao qualificad 10% do capital da empresa no financeira participada — no sfio tomadas em conta as acgdes detidas temporariamente em virtude de tomada firme da respectiva emisséo, durante normal art,100°, n°4, da Lei bancéria), nem as acgdes detidas temporaria- mente por forga de uma operagao de assisténcia financeira desti- nada ao saneamento ou a recuperagdo de uma empresa (art.51°.n°4, da Directiva, nesta parte néo transposta para a lei portuguesa). referéncia (art.100°,1 em relagao a ambos os a cobrir pelos fundos préprios serd o mais elevado desses exceden- tes (art.100°, n°6, da Lei bancéria; art.51°, n°6, in fine, da Directiva). Que o ref dos n®1 e 2 do art.51° da Directiva, Regulogho Prudencial 265 74.2, Um terceiro limite prudencial as participagées ditas ndo-financeiras é imposto pelo art.101° da Lei bancdria: uma instituigdo de crédito ndo pode deter, directa ov indirectamente, ‘numa sociedade, por prazo, seguido ou interpolado, superior a trés, anos, participagdo que the confira mais de 25% dos di voto correspondentes a0 capital da sociedade participada — con- siderando-se participacio indirecta a detencdo de aces ou outras ppartes de capital por pessoas ou em condigGes que determinem equiparagio de direitos de voto para efeitos de participagio qua- lificada (art.101%s0°2, que assim reenvia para o 17 do ar.13°). cipagdes sociais que apenas detenham partes de ci dades referidas. Este limite de 25% — relagao (rat ages com 0 capital das sociedades participadas tra previsto pela Directiva, Mas como esta € uma Directiva minima, 743. Os tres prudenciais referidas (arts.100° ¢ 101°) — enjo incumprimento é punido nos termos da al.d) do art.210° ou da alh) do mesmo artigo se dele resultar grave prejutzo para 0 de crédito em socie~ itar 0 dominio excessivo 266 Direito Bancario da actividade industrial ou comercial pela banca e a repercussio acentuada nesta das dificuldades das empresas do grupo, colocando cial de outras iuigdes finan- ceiras inclufdas numa supervisio consolidada, 0 legislador visa favorecer a criacdo de grupos ou mesmo conglomerados financei- vos para aumentar a sua capacidade de concorréncia no mercado tinico e no mercado globsl. 75. Provisdes Nas relages e limites prudenciais contempladas no art.99° da Lei bancéria contam-se “os limites minimos para as provisdes des- tinadas & cobertura de riscos de crédito ou de quaisquer outros riscos ou encargos” (al.e)), na base da qual o Banco de Portugal reguia a matéria pelo Aviso n°3/95 (DRI Série, de 30 de Junho), alterado pelo Aviso n°7/2000 (DRI Série-B, de 6 de Novembro). Eis, de acordo com 0 Aviso, as provisdes para os tipos de riscos que, a ocorrerem, se podem traduzir em desvalorizacio de activos: — Provisdes para riscos gerais de crédi total do crédito (concedido pela vencido, ido 0 valor de accit prestados 19 mfnimo 1% do igdo ©) ainda no garantias € avales — Provisdes para riscos espectficos de crédito, definidos em fungio do tempo de véncimento de créditos no pagos ¢ da natureza das cotrespectivas garantias (n°3), com © Aviso n°7/2000 a encurtar de trés anos para 18 meses, sobre a data do respectivo vencimento ou da data em que tenha formalmente apresentada a0 devedor a exigéncia de iso da divida, © provisionamento a 100% dos crédi- tos vencidos que disponham apenas de garantia pessoal (SA aditado a0 n°3 do Aviso 3/95); Reputagto Prudencial 267 — Provisdes para encargos com pensdes de reforma ou sobre- vivéncia, a incidir sobre a parte nao coberta por fundos de pensées ou contratos de seguro de efeito equivalente (°9); — Provisdes para menos-valias de tttulos € imobilizacées financeiras, quando 0 prego de mercado de um activo for inferior a0 seu valor contabilistico (a°10); — Provisdes para menos-valias em outras aplicagGes, cores- pondlentes ao total das diferengas entre o custo das aplica- ‘gées efectuadas por recuperacio de créditos e 0 respectivo valor de mercado, quando este for inferior aquele (n°11); — Provisées para risco-pafs, constitufdas sobre todos 0s acti- vos financeiros e extrapatrimoniais sobre residentes de paf- ses considerados de risco (1°12). Desde que as circunstancias 0 justifiquem, 0 Banco de Portu- gal pode determinar a constitui¢ao de provisdes em casos no pre- viistos no Aviso em aprego. 76. Tomada firme ou garantia da colocagao de emissées de valo- res mobilidrios Nos termos da al} do nl do art.4° da Lei bancéria, os bancos podem participar em emissdes e colocagbes de valores mobilidrios € prestar os cortelativos servigos. Pelo contrato de tomada firme, o intermediério financeiro adquire 0s valores mobilirios, objecto de oferta piblica de distri- buigdo, ¢ obriga-se a colocé-los (em re-venda) por sua conta e risco nos termos © nos prazos acordados com 0 emitente (art.339° do Cédigo dos Valores Mobilistios). Pelo contraio de garantia de colocagdo, 0 imermediécio finan- ceiro vincula-se @ desenvolver os melhores esforgas — obrigagzo de meios — em ordem & distribuigo dos valores mobilidrios, ob- jecto de oferta piblica, com a obrigacio de adquitir, no todo ou em pafte, para si ou para outrem, os valores mobilidrios que nao tenbamn 268 2 ito Bane sido subscritos ou adquiridos pelos destinatérios da oferta (arts.338° © 340° do Cédigo dos Valores Mobiliarios). ‘Com fundamento na al.b) do da Lei bancéria, 0 Banco de Portugal define os limites prudenciais & realizacdo destes contra- tos de intermediagdo financeira pelo Aviso n°11/90 (DR-II Série, de 7 de Setembro) e pelo Aviso n° 1/92 (DR-II Série, de 8 de Setem- bro), alterado pelo Aviso n°2/95 (DR-II Série, de 20 de Maio), de que destacamos: — A tomada firme de obrigagées fica subordinada aos limites estabelecidos para a concentragio de riscos de crédito, sal- vo a tomada firme de titulos do Estado; —Na garantia de bom fim da colocago, consideram-se nao colocadas as aceSes que, 60 dias a contar da sua oferta, nao forem adquiridas ou subscritas pelos accionistas da emiten- te ou por terceiros; —O montante maximo que a sociedade emitente nio- ceira — e que nao seja pessoa colectiva de dircito — pode obter através da emissio de valores mi equivaleré 20 iriplo dos capitais proprios ou do seu patri- ménio liquide. 77. Outras regras prudenciais No quacro da regulagdo prudencial cumpre ainda destacar: — As instituigées de crédito nao podem adquirir iméveis que hao sejam indispensdveis & sua instalago e funcionamento ‘00 & prossecugio do seu objecto social (caso das socieda- des de leasing), salvo se autorizadas pelo Banco de Portu- gal (art.112° da Lei bancéria) ou se se tratar de aq em reembolso de crédito proprio a regularizar, todavi prazo de dois anos, protrogadvel pelo Banco de Portugal se houver motivo fundado, v.g. recessio no mercado imobi- lifrio (art.114° da Lei bancéria); Requiagio Pradenciat 269 —0 valor liquido do activo imobilizado (isto 6, deduzido de provisdes e amortizacdes) de uma instituigao de crédito nao pode ultrapassar © montante dos respectivos fundos pré- prios (art.113°,1, da Lei bancéria) — nio se considerando os elementos que sdo deduzidos para efeitos do célculo dos fundos préprios das instituigdes de crédito (art.113°,n°3, da Lei bancéria); ; — 0 valor total das acgées ou outras partes de capital de quaisquer sociedades deti ituigdo de cré- dito ¢ no abrangidas pelo n°I do art.113° citado no pode ultrapassar 40% dos fundos préprios da mesma instituigdo (art.113°n°2, da Lei bancéria), salvo se em resultado de s em reembolso de crédito préprio, a regularizar em dois anos (art.114” da Lei bancétia). SUBSECCAO IL ‘SUPERVISAO PRUDENCIAL 78. Nogio Nao basta a existéncia de normas prudenciais. HA que assegu- tar a sua aplicagio concreta, para que a gestio de uma instituigao de crédito seja boa e sa. Eeste, a par do controlo interno ou auto-controlo, 0 escopo da. chamada supervisdo prudencial: poder de vigilancia, fiscalicagao © cumprimento das 196" da Lei banedtia) ¢ de estabilidade ou credibilidade do sistema financeiro em geral™. 79.1) principio da competéncia do Estado-membro de ori- gem e do reconhecimento miituo Nos termos do nL. do art.26" da Directiva de Codificago, “a supervisdo prudencial das instituigSes de crédito, incluindo a das > Cf. MENEZES CORDEIRO, Manual de dreto bancéri, cit, p.158 ¢ segs KUMPEL, Bank-und Kapitalmarkaeckt, cit, p.2163 & 2165, p.2202 ¢ segs. GBankenaufsichty; FISCHER/KLANTEN, Bankrecht, cit, p-39 © segs.s ANTONELLA ANTONUCCI, Dirito delle banche, cit, :243 e segs. m Dirsito Bancdrio actividades por elas exercidas através do estabelecimento de uma ou por meio da livre prestagéo de servigos, incumbe as idades competentes do Estado-membro de origem, sem pre~ jutzo das disposicGes da presente directiva que prevejam a compe- téncia das autoridades do Estado-membro de acolhimento”. O principio da supervisto prudencial pelo Pats de origem (home country control) constitui prolongamento natural da autori- ‘0, igualmente introduzido pela . 0 Estado-membro de acolhimento (host country) auto- rizava e controlava ou supervisionava as sucursais instaladas no seu territério. Depois da entrada em vigor, em 1 de Janeiro de 1993, da 2* Directiva, a actividade exercida mediante sucursal ou pela livre prestagao de servigos noutros paises membros esté sob controlo ¢ vigillincia das autoridades competentes do Estado- -membro em que foi autorizada a instituigaio de crédito, valendo © prinefpio do reconhecimento miituo também dos controlos da competéncia de cada Estado, exercidos com vista ao respeito das normas prudenciais minimamente harmonizadas e (con)fidveis € de outras exigéncias nao harmonizadas. 80. Competéncia do Governo: superintendéncia do Ministro das Finangas © poder de policia da actividade financeira ¢ repartido pela superintendéncia do Ministro das Finangas™ e pela supervisio do Banco de Portugal, da Comisséo do Mercado dos Valores Mobilid- do Instituto de Seguros de Portugal, coordenadas pelo 10 Nacional de Supervisores Financeiros ™ Cie. GOMES CANOTILHO E VITAL MOREIRA, Constiuicdo, cit, p.781 e segs; MENEZES CORDEIRO, Manual de direito bancério, cit, p.161 segs; AUGUSTO ATAYDE, Cinco, cit, p.406 e segs. Supervisto Pradencial 23 Estatui o art.91° da Lei bancdria: “L. A superintendéncia do mercado monetério, financeiro cambial, e designadamente a coordenagio da acti tes do mercado com a politica econémica ¢ social do Governo, compete ao Ministro das Financas. 2. Quando nos mercados monetirio, financeiro e cambial se verifique perturbacao que ponha em grave perigo a economia nacio- nal, poderé o Governo, por Portaria conjunta do Primeiro-Ministro e do Ministro das Finangas, ouvido o Banco de Portugal, ordenar as medidas apropriadas, nomeadamente a suspensao temporéria de mereados determinados ou de certas categorias de operagdes, ou ainda 0 encerramento tempordrio de instituigdes de crédito”. Quer dizer: ao Governo, érgao de condugio da politica geral do pafs © érgio superior da administraggo piblica (art.182° da Constituicao), compete: Definir a politica econémica — no Ambito da Comunidade Europeia (arts gs. TCE), em que os Estado-membros con- sideram as suas so sobre as otientagdes gerais ¢ verificaré ou supervisionaré a compatibilidade daquelas com estas (art.99° TCE); ‘Acompanhar os mercados monetirio, financeiro € coordenar a actividade dos seus agentes com a politica nida, nos termos do Tratado CE, da Constituigo e da le como a suspenso temporaria de determinado mercado ou de certa categoria de operacdes € 0 encer- Tamento temporério de instituigdes de crédito, quando se verifique pperturbago que ponha em grave perigo 2 economia nacional. Compreende-se esta superintendéncia, no quadro da vigilfncia ‘ou supervisdo geral da ecor nacional, em nome da ordem piiblica de direccdo, com particular destaque para a ordem pi ‘monetdria, dada a ctiagio de moeda pelos bancos — moeda escritural ‘ou moeda bancéria, instrumento negocial que desempenha as fun- Ges de modalidade de cumprimento e de meio de pagamento de bial € defi- 24 Direito Bancdrio obrigagdes — 0 seu papel de longa manus no exercicio da politica econdmica-financeira € social tragada pelo Governo, es da politica de crédito (crédito 20 consumo, crédito ao investimento, questées do sobreendividamento) ¢ controlo da inflagdo, tendo em conta 0 monop6lio da actividade bancétia reconhecido pot lei. A referida supervisdo ou vigilincia geral da actividade finan- ceira pelo Governo, nos termos que a lei defina, desenvolve a com- peténcia constitucional — ainda que partilhada na CE — deste Stgio de soberania: Enquanto érgio de condusao d petencia de definir a politica econs il — cfr, no entanto, a reserva relativa de competéncia legislativa da Assem! Repiiblica sobre sistema monetétio no art.165°,n°1,al.o Enquanto Srgio superior da administragio pt Xéncia de “dirigir os servigos e a actividade da admi do Estado”, desprovida de personalidade juridica e na dependéncia hierérquica do Governo, © de “superintender na administragao indirecta do Estado ¢ exercer tutela sobre ela”, dotada de persona lidade jurfdica e autonomia (art.199°,al.4)). eral do pafs, a com- 81. Competéncia do Banco de Portugal: A) Orientagio e fis lizagio dos mercados monetério ¢ cambial 81.1, Tendo em atengio a politica econémica ¢ social do Governo e sem prejuizo, naturaliter, dos poderes de superintendén- cia ou supervisdo geral atribufdos por lei a esse Grgio de soberania, 4 otientagao e fiscalizagao dos mercados monetério e cambial com- pete ao Banco de Portugal, no dmbito da sua participagdo no SEBC- ‘Sistema Europeu de Bancos Centrais (art.15° da Lei Orgdnica, aprovada pela Lei n°5/98, de 31 de Janeiro, com as alteragdes introduzidas peto Decreto-Lei n°118/2001, de 17 de Abril) — dife- rentemente do art.92° da Lei bancétia, 0 preceito citado da L.O. nio fala (¢ bem) de mercado financeiro, da competéncia juridico-pablica da CMVM (Comissdo do Mercado dos Valores Mobilidrios) Supervisdo Prudencial 2s £ que, constituido pelo BCE e pelos Bancos Centrais Nacio- nais (art.107° TCE), ao SEBC compete a ‘monetdria da Comunidade” ¢ a " (art.105°,n°2,TCE), bem como contribuir para. a boa condugdo das politicas desenvolvidas pelas autoridades competen- tes rio que se refere & supervisdo prudencial das instituigées de crédito ed estabilidade do sistema financeiro (att.105°,n°5,TCE). Neste ambito da supervisio prudencial, lembre-se o art.25° — artigo “nico relative & matéria — dos Estatutos do SEBC: “1. O BCE pode dar parecer e ser consultado pelo Conselho, pela Comissao € pelas autoridades competentes dos Estados-mem- bros sobre o ambito e a aplicagdo da legislagéo comunixéria rela- tiva & supervisio prudencial das in © A estabi- lidade do sistema financeiro. 2. De acordo com uma deciséo do Conselhio tomada nos ter- mos do n°6 do art.105° do presente Tratado, 0 BCE pode exercer fungoes espectficas no ervisio prudencial das instituicdes de crédito e de outras institui- (ges financeiras, com excep¢ao das empresas de seguros”. No exercicio dos poderes e no cumprimento das atribuigdes € deveres conferidos pelo Tratado e pelos Estatutos do SEBC, 0 Banco de Portugal, como todos os Bancos Centrais Ni 1 receber instrugdes das I i, constitucionalizada no art.102% “O vanco central nacional e exerce as suas das normas internacionais a que 0 81.2, Para orientar e fiscalizar os mercados monetirio e cam- bial, cabe a0 Banco de Portugal, de acordo com as normas aprova- das pelo BCE — Banco Central Buropeu (art.16°,n°1, da L.O.): 26 Dineito Bancério a) Adoptar as providéncias genéricas ou intervir, sempre que necessério, para garantir os objectivos da politica monetd- ria e cambial, em particular no que se refere a0 comporta- mento das taxas de juro e de cambio; b) Receber as reservas de caixa das instituigdes a elas sujeitas € colaborar na execugdo de outros métodos operacionais de controlo monetdrio a que 0 BCE decida recorrer; ¢) Estabelecer 0s condicionalismos a que deve estar sujeitas as disponibilidades e as responsabilidades sobre o exterior ‘que podem ser detidas ou assumidas pelas instituigdes auto- rizadas a exercer 0 comércio de cambios. Para prevengiio ou cessagio de actuagdes contrérias a0 deter- minado no uso dessa competéncia e correceo dos correspondentes efeitos, 0 Banco de Portugal, sem prejuizo das sangdes legalmente previstas, pode adoptar as medidas que se mostrem necessérias, {(art.16°xn°2, da L.O.) 82. Competéncia do Banco de Portugal: B) Supervisio das ins- tituigdes de crédito e sociedades financeiras 82.1. Supervisiio em sentido amplo e supervisio prudencial Constitui atribuigio do Banco de Portugal exercer a si so das instimuigdes de crédito, sociedades financeiras e entidades que Ihe estejam legalmente sujeitas — caso das Socieda- des Gestoras de Participacdes Sociais (SGPS) cujas participacées em instituigdes de crédito e/ou sociedades financeiras representem de crédito ow sociedades financeiras (art.117° da Lei banc nomeadamente estabelecendo directivas (por Avisos, TnstrugSes) para para @ sua actuacao e para assegurar os servicos de centralizagdo de riscos de crédito, nos termos da legislagiio que rege a supervisdio Supervisdo Prudencial 2 financeira (att.17° da L.O.), ou seja, a Lei bancéria e a legisl sto ‘specifica das instituigdes de crédito ¢ das sociedades finan« Diversamente, a L.O. anterior, aprovada pelo Decreto-Lei 3°33710, de 30 de Outubro, enunciava desenvolvidamente os poderes de supervisiio do Banco de Portugal (atts.23° ¢ 24°), Ora, a Lei bancéria (arts.93° € 197°) atribui ao Banco de Por- tugal a supervisdo das instituigdes de crédito e sociedades financei- ras, € em especial a sua supervisdo pruden: actividade que exergam no estrangeiro mediante sucursais ou em livre prestagio de servigos, de acordo com 0 regime nela previsto ea Lei Organica. B, de acordo com o regime previsto na Lei bancéria, compete ‘em especial ao Banco de Portugal, no desempenho das suas fungdes, de supervisio (art.116°): a) Acompanhar a actividade das instituigdes de crédito; b)Vigiar pela observancia das normas que disciplinam a actividade das instituigées de crédito; ¢) Emitir Fécomendagbes para que sejam sanadas as irregula- Tidades detectadas; d) Tomar providéncias extraordinérias de saneamento; ¢) Sancionar as infracgGes. Trata-se de procedimentos de supervisiio em sentido amplo, pelos quais 0 Banco de Portugal acompanha a actividade das ins- tituigbes de crédito ¢ sociedades financeiras (art.197° da Lei bancé- ria), vigiando, fiscalizando ou controlando 0 respeito ou cumpri- mento das obrigagdes e constrangimentos que thes sio impostos por disposigdes legislativas, regulamentares ou administrativas, entre as quais as regras de conduta ou normas prudenciais. Deste modo, a supervisdo prudencial — vigiléncia, fiscaliza- ‘do ou controlo das regras de gestio sie prudente, de modo a assegurar 0 equilibrio financeiro (arts.118° e 197° da Lei bancéria) com niveis adequados de liquidez ¢ solvabilidade (arts.94° ¢ 196°” da Lei bancéria) — ndo esgota a supervistto do Banco de Portugal, assim se compreendendo, quer as epigrafes do Titulo VIE (“Normas 28 Direito Banedrio prudenciais e supervis@io”, e néo “Normas e supervisdo prudenciais”) —e dos correspectivos Ca (“Superviso”, ¢ nfo “Super- ‘Supervisio em geral”), quer a Numa palavra: @ supervisdo prude € uma parte — a parte mais importante e aquela que aqui nos interessa, depois de ‘analisadas as normas prudenciais — da supervisio em sentido i atribui ao Banco de Portugal sobre as instituigaes sociedades financeiras™, 82.2. Poderes de supervisio A supervisdo das instituigdes de crédito ¢ sociedades financei- nnferida ao Banco de Portugal coenvolve miltiplos poderes ou ircitos: O poder de realizar inspecgdes, examinar a escrita ou outros elementos relevantes, e de extrair cépias ¢ translados documentagao pertinente (art 120°,n"2 e 3, da Lei bancéti sive sobre as sucursais (de instituigdes de erédito autoriz: outros paises comunit em territério portugués (art.123°,n°2, da Lei bancéia; art.29°,n°3, da Directiva) e sobre os escritérios de representagaio de igBes de crédito com sede no estrangeiro (art.125° da Lei bancéria); ied-las para tomarem as providéncias neces- sdrias ao restabelecimento ou reforgo do equillbrio financeiro ou corrigirem os métodos de gestdo (atts.118° ¢ 197° da Lei bancéria); © poder de recomiendar aos accionistas (ji nio de os obrigat) que thes prestem os apoios financeiros adequados (v.g. aumentos de capital, suprimentos), quando a situagao o justifique (arts.119° ¢ 197° da Lei bancéria, na esteira do art.52* da Lei bancéria francesa); * Cft. MENEZES CORDEIRO, Manual de direlto bancdrio, cit, p.164 ¢ segs; AUGUSTO ATAYDE, Curso, cit, p12 © segs. Supervisdo Prudenctal 219 © poder de inspeccionar entidades sobre que haja suspcitas fundadas de nio habilitacao para 0 exercicio de actividade reser- vada a instituigées de crédito sociedades financeiras, podendo aprender documentos ¢ valores (art.128° da Lei bancéria), e com legitimidade para requerer a sua dissolugdo liquidagdo (arts.126° © 197° da Lei bancéria); O direito de receber das in art.120° da Lei bancéria, as i A verificagao: do seu grau de liquidez.e solvabilidade; dos tiscos em que incorrem; do cumprimento das normas, legais ¢ regulamenta- permanente das condigdes de autorizacao pr € 20°°L,al.); poder de verificar, durante 0 prazo de cinco anos, os dados pertinentes sobre as transacgGes das instituigdes de crédito relativas, a servigos de investimento prestados em outros Estados-membros da Comunidade Europeia sobre instrumentos negociados em mercado regulamentado, ainda que tais transacgdes nao tenham sido realizadas em mercado regulamentado y O direito de receber informagées dos revisores oficiais de contas © auditores externos, encarregados do controlo legal das contas de ‘uma instituigio de crédito ou sociedade financeira (art.197° da Lei bancaria), acerca de factos respeitantes a essa instituigdo, de que tenham tido conhe contexto de fungoe: ‘mantenha com aquel desempenham tais fung6es) uma rela- o estreita ou de proximidade decorrente de uma relagio de con- trolo ou dominio susceptiveis de: constituir infracco grave as nor- ‘mas que estabelecem as condiedes de autorizagao ou que regulam de modo espectfico as condigdes de exercicio da actividade das tui ; afectar a continuidade da exploragio da instituigo de crédito; acarretar a recusa da certificagio das contas ou a emissdo de reservas (art.121°n1 © 2, da Lei bancéria; 250 : Dinsito Bancdrio art.31°n°1 da Directiva) — 0 cumprimento deste dever de infor- magdo pelas pessoas encarregadas do controlo legal das contas de ‘uma instituigo de crédito nao constitui violaggo de qualquer restri¢&o a divulgagao de informagdes imposta por lei ou cont no acarretando, de para elas (art.121°,n°3, da Lei bancéria; art.31°,n°2, da Directiva); poder de, no ambito das suas atribuigdes de supervisio, soli- citar a colaboragao de autoridades policiais (art. 127° da Lei bancétia). 82.3. Recurso jurisdicional As decisbes tomadas pelo Banco de Portugal a respeito de wma instituigdo de crédito ou sociedade financeira podem ser objecto de recurso jurisdicional, na esteira do art.33° da Directiva de Codificagao (ex-art.13° da I*Directiva bancéria). E esses recursos interpostos das decisdes do Banco de Portugal, tomadas no ambito da Lei bancésia, seguem, em tudo 0 que nela no seja especialmente regulado, 05 termos da respectiva Lei Orgfinica (art.12° da Lei bancéria), Quer dizer: no ambito da Lei bancéria, os recursos dos actos administrativos do Banco de Portugal so regidos em prt ela propria dispde e depois pela Lei Org: i Organica do Banco de Portugal remetia, versio inicial, para os termos gerais de direito, 0 recurso contencioso dos correspondentes actos administrativos. Ora, nos termos gerais ‘05 recursos contenciosos sao de mera legalidade ¢ tem por objecto a declaragio da invalidade ou a anulacdo dos actos recorridos (art.6° do Estatuto dos Tribunais Administrativos ¢ Fis~ cais, aprovado pelo Decreto-lei n°129/84, de 27 de Abril), sendo competente para os conhecer ¢ julgar os tribunais administrativos, concretamente 9 Tribunal Administrative de Cérculo (att.51°,als.b), ©), €), 0, g), D, © arts.52°,54° ¢ 55°.n%2 € 3, do BTA). Em conformidade, pelo Decreto-Lei n°118/2001, de 17 de Abril, © art.39° da Lei Orgénica passou a ter a seguinte redaccao: “Dos actos praticados pelo Governador, Vice-Governador, Conselho de administragao ¢ demais érg8os do Banco, ou por dele- Supervisdo Prudenciat 2a gagdo sua, no exercicio de fungdes piiblicas de autoridade, cabem 05 meios de recurso ou aceao prevsios na legislagdo propria do $a obter a decla- ‘Mas sublinhe-se que, sem prejufzo do recurso contencioso, compete aos tribunais judiciais 0 julgamento de todos os litigios ‘em que 0 Banco.de Portugal seja parte, incluindo as acgées para efectivacao da responsabilidade civil por actos dos seus drgaos, bem como a apreciagio da responsabilidade civil dos titulares desses 6rgdos para com o Banco (art.62° da L.O.) Na Lei bancéria salta & vista uma regta especial: nos recursos interpostos da decisdo de revogacéo da autorizagao (axt.23°n°4), das decisoes tomadas em caso de irregularidades cometidas por sucursais de instituigdes de crédito comunitdrias (att.53°,0°7), das decisdes tomadas no exercicio de poderes de superviséio (att.129°) € das decisées no dmbito de pravidéncias de saneamento (att.148°) Presume-se, até prova em contrdrio, que a suspensdo da eficdcia determina grave lesdo do interesse pr Corresponde isto & presungao de ide do exercicio do poder de autoridade nas decisées administrativas tomadas pelo Banco de Portugal no Ambito da sua competncia de autorizagio, supervisdo © saneamento de instituigdes de crédito, em nome do interesse pablico da estabilidade ¢ fiabilidade do sistema bancério e da seguranga de depésitos © aforradores em geral. Por isso, ¢ em coeréncia, no conhecido meio processual aces- sério da suspensao da eficdcia do acto recorrida — suspensao concedida pelo tribunal, quando se verifiquem os seguintes requi- sitos: a) a execugdo do acto cause provavelmente prejuizo de dificil reparagao para o requerente ou para os interesses que este defenda ou venha a defender no recurso; b) a suspensdo ndo determine grave lesiio do interesse piblico; c) do processo nao tesultem fortes indfcios da ilegalidade da interposic&o do recurso (art.76°.n°l, da Lei de Processo nos Tribunais Administrativos, aprovada pelo De- creto-lei n°267/85,de 16 de Julho) — presume-se, até prova em contrério feita pelo recorrente, que a suspensdo requerida deter- mina grave lesdo do interesse puiblico. 262 iH Direlto Bancério Peto que, se, em geral, recebido 0 duplicado do requerimento de suspensiio, a autoridade administrativa 56 pode iniciar ow prosseguir a execucdo do acto, antes do transito em julgado da decisio do pedido, quando, em resolucdo fundamentada, reconhe- a grave urgéncia para o interesse piiblico na imediata execucdo (art. 80°, n°l, da L.PT.A.), no caso presente ¢ para 0 efeito o Banco de Por-tugal goza mesmo da presuncao legal de que a suspensdo determina grave lesdo do interesse piblico, podendo, até prova ow decisto transitada em contrério, iniciar ou prosseguir a execugao do acto recorrido. actos praticados pelo BP no exer ia das i itra-ordenacio- impugnagao 19 prazo de 15 a partir do conhecimento da deciso pelo arguido (art.228°), suspende em regra a exequibilidade da decisdo (att.227°,n°1), com as excepgdes referidas nos n®.2 ¢ 3 do mesmo art.227", sendo competente para conhecer dela, da revisdo e execucao das decisdes do BP em processo de ilfeito de mera ordenacao social, nos termos do art.229°, 0 Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa. 83. ID) A excepefo da competéncia do Estado-membro de aco- Thimento Vimos que 0 n° do art.26° da Directiva de Codificagio con- sagra o princfpio da competéncia do Estado-membro de origem, “sem prejutco das disposicdes da presente Directiva que prevejam a competéncia das autoridades do Estado-membro de acolhimento”. Logo de seguida, 0 art.27° da mesma Directiva dispoe assim: “Aié posterior coordenagito, o Estado-membro de acolhimento continua cacarregado, em colaboragio com a autoridade competente do Estado-membro de origem, da supervisiio da liquidez das sucur- sais das instituigdes de crédito. Sem prejutzo das medidas necessé- rias a0 reforgo do sistema monetério europeu, o Estado-membro de Stpervisdo Prudenciol 283 acolhimento conservard a inteira responsabilidade pelas medidas resultantes da execugio da sua politica monetdria, Estas medidas nao podem prever um tratamento discrimi ou restritivo pelo facto de a instituicao de crédito ter sido autorizada noutro Estado- -memibro”. Esta competéncia de excepgdo foi transposta para o art.122° da Lei bancétia, Em primeiro lugar, no n°l do art.122* reconhece-se a compe- _ téncia-regra do Estado-membro de origem para a supervisao pruden- cial das sucursais estabelecidas em Portugal por instituigdes de crédito autorizadas naquele — do mesmo modo que, reciprocamente, © Banco de Portugal vé reconhecida a sua competéncia de supervi- sto prudencial sobre sucursais estabelecidas noutros Estados-mem- bros por instituigdes de crédito portuguesas (art.93° da Lei bancé- ria) —, aspecto assinaldvel pela coenvolta cedéncia de: soberania nacional ou territorial perante a desejada eficécia da supervisio prudencial. Para 0 efeito, reconhece-se mutuamente 0 poder de verificagdo in loco das sucursais estabelecidas num outro Estado- membro: a autoridade competente do Estado-membro de origem pode inspeccioné-las, directamente ou por mandatério — apés ter informado previamente do facto a autoridade competente do Esta- do-membro de acolhimento (art.29°,n°1, da Di da Lei bancéria) —, ou, se preferir, exercer o direit Ja propria efectue a verificagdo ou inspecco lencial da sucursal (art.124°,n°2, da Lei lo art.29°,n°2, da Directiva). Com vista a facilitar a tarefa, a instituigao de crédito manterd centralizada na primeira sucursal que haja estabelecido em Portugal toda a conta- bilidade especifica das operagdes aqui realizadas, sendo obrigatério ‘uso da lingua portuguesa na escrituracao dos livros (art.55° da Lei bancéria), Em segundo lugar, a competéncia de excepgito de o Estado- -membro de acolhimento supervisionar a liquidez das sucursais nao é exclusiva — vem, essa corapeténcia, partilhada com a auto- Fidade competente do Estado-membro de origem (art.122°,n°2, da bancéria; art 56°,n°7, 284 Dinsito Bancério Lei bancéria) — tem 0 sabor da provisoriedade (“até posterior coordenagao”, refere 0 art.27° da Directiva). Até Id, até & harmoni- zagéo minima das regras relativas & liquidez, cada Estado-membro utiliza a stta soberania: as exigencias ou constrangimentos de liquide, vvigentes no Estado-membro de origem aplicar-se-do, naturalmente, as sucursais estabelecidas noutros Estados-membros; as exigéncias ou constrangimentos de liquide. vigentes no Estado-membro de acolhimento aplicar-se-do a essas sucursais tal como &s suas préprias instituigdes de crédito, sem discriminagio alguma, mas em cola- boragio com a autoridade do pats de origem. Em terceiro lugar, a competéncia de excepcao do Estado-mem- bro de acolhimento em matéria de politica monetdria e cambial é exclusiva (art.122°.n°4, da Lei baneéria; art.27° da Directiva), com, io poderem ser discriminadas — competéncia de , dada a atribuigdo dessas polticas ao SEBC. tado-membro de acothimento os elementos de informagio que esta considere necessarios (art.123°,0°1, da Lei bancét 22°01, da Directiva); esta iiltima autoridade tem ainda o direito de proceder a verificagdo in loco das sucursais estabelecidas no seu territério “n°3, da Directiva). las sucursais das referidas normas do Estado-membro de acolhimento relativas & supervisdo da liquide, & execugio da politica monetéria ou a0 dever de informago, as respectivas autoridades de supervisdo gozam do poder de exigir que ponham termo a situago irregular (art.22° da Directiva; art.53° da Lei bancéria). 84. Colaboracdo entre autoridades de supervisio A cooperago estreita ¢ regular entre as autoridades de contro- lo ou superviséo dos diferentes Estados-membros — dos Estados- -memibros de origem e dos Estados-membros de acolhimento — Swpervisdo Prudencial 285 constitui complemento indispensvel ao funcionamento harmonioso ceficaz do metcado bancério tinico, dada a crescente transnaciona- izagio dos grupos financeiros ¢ a necessidade de prevenir casos como os do Banco Ambrosian, do BCCI ou do Barings. 84.1. Colaboragso multilateral: Comité Consultive Bancério Sentida muito cedo, a necessidade de colaboragio multilateral esteve na origem informal, logo em 1972, do Comité de Contacto das Autoridades de Controlo Bancario dos Estados-membros, con- sagrado pela Directiva n°73/183/CEE do Conselho, de 28 de Junho de 1973, no sew att.7°: “A Comissao ¢ os representantes das autoridades encarregadas nos Estados-membros do controlo dos bancos e outras financeiras reunir-se-fo regularmente de maneira matéria de controlo (..) e assegurardo entre elas toda a cooperagiio Util nos limites da sua competéncia”. irectiva Bancdria (Directiva n°77/780), na perspectiva de coordenago mais avancada e de maior cooperacdo entre as autoridades competentes dos Estados-membros ¢ a Comis- sfo, cria 0 Comité Consultivo Bancéria (art.11°) — que nao exclui formas de colaboragdo, nomeadamente a instituida no quadro do Comité de Contacto (cf. siltimo considerando), assim (como que) transformado em comité técnico daquele —, confirmado pela 2° Directiva (89/646) como instncia apropriada para a informacao recfproca O Comité Consultivo Bancdrio esté agora previsto nos atts.57° a 59° da Directiva de Codificagao. Constituido por trés representan- tes, no maximo, de cada Estado-membro e da Comissio (art.57°.n"4, da Directiva), o Comité Consultivo Bancdrio tem por missdo assis- tir @ Comissdo nas suas fungdes de elaboragdo de propostas a apresentar a0 Conselho no domfnio das instituigdes de crédito ¢ de % JOCE L194, de 16/7/1973, p.l. 236 Dieta Bancdrio assegurar uma boa aplicagéo das Directivas (art 57n°2, da Directiva), no se encarregando do estudo de problemas concretos institwigdes de crédito individualmente consideradas da Directiva). Este Comité Consultivo criow, em 1992, um grupo técnico de interpretacdo das Directivas Bancérias, 84.2. Colaboracao bilateral em matéria de supervisio A cooperagéo bilateral estreita entre a autoridade competente do Estado-membro de origem — Estado onde a instituigao de oré- dito foi autorizada e tem sede social — e a avtoridade comy do Estado-membro de acolhimento — Estado onde aquela do estabelece uma ou mais sucursais — subjaz, naturalmente, a uma boa e eficaz supervisio. Necessidade de coopera¢ao adminis trativa entre as autoridades de supervisio que encontra eco na 1* iva Bancéria (art.7°) e sai reforgada na 2* Directiva (art.14°) com a consagragio do “home country control” ¢ do reconhecimento muituo des controlos prudenciais. Neste sentido, estatui como segue o art.28" da Directiva de Codificagao: “As autoridades competentes dos Estados-membros em cause tituigdes de crédito que actuam, nomeadamente por neles terem criado sucursais, num ou em varios Estados-membros que nfo se~ jam o da sua sede social. Essas auoridades comunicardo entre si todas as todas as informagées suscepitveis de facilitar a supervisao dessas instituigdes, especialmente em matéria de liquidez, de solvabilidade, de garantia dos depésitos, de limitagdo dos grandes riscos, de organizagdo administrativa e contabilistica e de controlo interno”. Nada impede — mas também nada impde — a conclusdo ou formalizagio de acordos bilaterais de colaboracao, miodus operandi do contetido da norma transcrita. Supervisdo Prudencial 287 84.3, Troca de informagées e segredo profissional Necesséria em nome da fiabilidade e eficécia da supervisio, ‘a cooperagio entre as autoridades competentes implica troca de informagGes muitas vezes de natureza confidencial. Por isso, nos Estados-membros em que vigore 0 segredo bancério, compreende- -se 0 receio de fornecer informagées confidenciais aqueles que 0 ngo tenham ou 0 consagrem apenas timidamente. Receio justfi- cado ao tempo da I* Directiva Bancéria, porquanto 0 n°l do art.12° permitia a divulgacio de informagdes confidenciais, recebidas a titulo profissional, a qualquer pessoa ou autoridade por forga de , Com 0 seu art.16° a modificar aquele art.12° da I* Directiva, no sentido de garantir a confidencialidade impres- cindivel & cooperago entre as autoridades competentes © assim vencer as reticéncias dos pafses com sigilo bancério. A matéria esté agora regulada no extenso art.30° da Directiva de Codificagao, transposta para os arts.80° a 82° da Lei bancéria. O principio do segredo profissional é inequtvoco: todas as pessoas que exergam.ou tenham exercido uma actividade nas © para as autoridades competentes ficam sujcitas a dever de segredo profissional sobre factos cujo conhecimento Ihes advenha exclusi- vamente do exercicio dessas fungdes ou da prestagdo desses servi- gos, nd podendo utilizar nem divulgar as informagées obtidas, excepto em forma suméria ou agregada, designadamente para efei- tos estatisticos, que néo permita identificaedo individualizada de pessoas ou instituigdes (art.30°,n°l, da Directiva; art.80°,0"1 ¢ 4, da Lei bancétia) Por isso, porque as autoridades competentes dos Estados-mem- bros estéo obrigadas a segredo profissional, é possivel a troca de informagées entre elas, seja entre autoridades desse mesmo Estado, por exemplo, entre 0 Banco de Portugal, a Comisso do Mercado de Valores Mobiliérios € 0 Instituto de seguros de Portugal, seja entre autoridades de Estados-membros diferentes (cfr. art.30°,n".2, 5 a 8, da Directiva; art.81°,n°l, da Lei bancéria, na redaccao do Decreto-lei n°250/2000, de 13 de Outubro, que transpoe para a 258 Direito Bancdrio ordem juridica imterna a Directiva 98/33/CE e alarga 0 niimero de entidades que prosseguem fins de cooperago em matéria de super- visio ¢ entre as quais poderd circular informagao confidencial). E na cooperagdo com patses terceiros, 86 podem ser celebrados acordos que prevejam trocas de informagoes tes, se as informagdes a prestar beneficiarem de garantias de segre- profissional no minimo lentes as da Directiva ¢ correspondentes normas de trans 86 para o desempenho de fungdes de supervi da Directiva; art.8 ale), ¢ n°2, ¢ art.82° da Lei bancéria, na redacgdo do Decreto-lei n°250/2000). As autoridades, organismos € pessoas que participem nas tro- cas de informagdes referidas, por um lado, ficam sujeitas a dever de segredo (“segredo par- das suas idade das igdes de crédito ¢ das sociedades financeiras; para facilitar a supervisio ou controlo, em base individual ou consolidada, das prudencial: vabilidade, grandes riscos e adequagio de fundos proprios, organizagio administrativa e contabilistica e con- trolo intemo; para a imposicao de sangGes; para efeitos de politica monetria ¢ de funcionamento da superviséo dos sistemas de paga- ‘mento; no ambito de recursos administrativos interpostos de deci- ses da autoridade ompetente acyoes judiciais respectvas (art30%sn2 © 4 da redacgéo do Decret por fim, as i apenas poderao ser comunicadas com o conser das autoridades competentes que as tenham tra 80, exclusivamente pata o mesmo fim (art.30", n™3 e 7; n°5, da Lei bancétia, na redaceao do Decreto-lei n°250/ 72000), assim se indo a0 encontro das reticéncias dos Estados- -membros mais apegados a0 sigilo bancétio. Sigervisdo Prudencial 289 Ainda as instituigtes de crédito portuguesas poderdo organi- zat, sob regime de segredo, um sistema de informagées reciprocas com o fim de garantir a seguranea e diminuir 0 risco das suas operagdes (art.83° da Lei Bancéria). E isto independentemente do Servigo de Centralizagao de Riscos de Crédito assegurado pelo Banco de Portugal (Decreto-lei n°29/96, de 11 de Abril): aos ele- mentos de informacao, respeitantes aos riscos de crédito concedido por entidades sujeitas & supervisdo do Banco de Portugal, enviados para o Servigo de Centralizagio e dele recebidos aplicam-se as normas do segredo profissional contidas na Lei bancaria (art.1"), ‘iio podendo, em caso algum, a respectiva difusio ser feita em termos susceptiveis de violar o segredo bancério que deve proteger as operagées de crédito em causa (art.3°,n°2) — ja era assim no Decreto-Lei n°47909, de 7 de Setembro de 1967. 84.4, Excepgdes a0 dever de segredo profissional (“sigilo bancério”) 84.4.1. Autorizagdo do interessado informagoes confidenciais, sofre algumas excep ‘A primeira excepgao é a da autorizagdo do imteressado: 0s factos ¢ elementos cobertos pelo dever de segredo podem ser DIOGO LEITE DE CAMPOS ¢ OUTROS, 0 Sigilo Bancério, in “Co- ea sua tutela, Segredo bancdrio, “Parcces w°28/86, de 1 1997; ALBERTO LUIS, Diveizo bancdrio, Coimbra, 1995; UGO RUFFOLO, ‘Segreto bancario, in “Enciclopedia del dirito”, vol. XLI; RAYNAUD rcret bancaire et le conirOle de I'Btat sur les opérations de chang. leurs effets, «Revue Internationale de Droit Comparé>, 1994, p487 © segs; SIEGFRIED SICHTERMANN ¢ OUTROS, Bankgeheimnis und Bankauskunft, 3" ed,, Frankfurt, 1984, 290 Direto Boncério tevelados mediante autotizagio do interessado, transmitida a0 Banco de Portugal (art.80°,n°2, da Lei bancéria). ‘Compreende-se: destinado a resguardar da indisctigdo, inge- réncia, devassa ou voyeurismo 0 cliente, protegendo a reserva da sua vida privada (att.26°.n°1, da Constitnigao; art.80° do Cédigo Civil) — “na sociedade modema uma conta corrente pode constituir a biografia pessoal em nGmeros”, na formulagio impressiva do acérdio 1°278/95, de 31 de Maio, do Tribunal Constitucional, publi- cado no DRI Série, de 28 de Julho de 1995 —, confianca subjacente a (uma corrente) relagao de sito de negécios com a instituicao de crédito, seu espelha muito da sua vida pessoal ou familiar e profissional (pense -se na informagao solicitada para a concesstio de crédito), a ponto de a sua violagdo cair na algada do direito penal (art.84° da Lei ban- cétia), o mesmo cliente pode, justificadamente, dispensar a protec- io de aspectos conctetos patrimoniais e pessoais, dispontveis (art 81° do Cédigo Civil), da sua esfera privada, autorizando a revelacio de dados ou informacdes sujeitas a segredo profissional, na modali- dade de sigilo bancério. Do mesmo passo, a prdpria instituicao pode autorizar a revelacdo de factos ou elementos respeitantes & sua vida interna, enquanto titular activo do segredo. A tefetida excepgao ao dever de sigilo bancério esté igualmente revista para todas as instituigGes de crédito, sociedades financei- ras e empresas de investimento, sobre as quais impende também ‘0 dever de segredo, nos termos do art.78° da Lei bancéria (aplicével ex vi do art.195° as sociedades financeiras e ex vi do art.199°-B as empresas de investimento), que reza assim: “1.08 membros dos drgios de administragao ou de fiscaliza- ‘40 das instimigbes de crédito, os seus empregados, manda comitidos outras pessoas que Ihes prestem servigos a ti manente” — veja-se 0 caso de revisores oficiais de contas ¢ audito- res extemos no art.121°,n°3, da mesma Lei bancéria — “ou ocasional ndo podem revelar ow utilizar informacées sobre factos ou elementos respeitantes & vida da institaigao ou ais relacdes desta com os seus clientes cujo conhecimento Ihes advenha exclusivamente do exercicio das suas fungdes ou da prestagio dos seus servigos. Superviséo Prudencial 291 2. Esto, designadamente, sujeitos a segredo os nomes dos clientes, as contas de depésito ¢ seus movimentos ¢ outras ope- ragdes bancdrias. 3. “O dever de segredo no cessa com o termo das fungSes ou servigos” A protecedo do sigilo profissional encontra guarida ainda na Lei de Protecedo de Dados Pessoais, a Lei n°67/98, de 28 de Ou- tubro, concretamente no art.17°, que transpde para a ordem jurfdica interna a Directiva 1°95/46/CE do Parlamento Europeu ¢ do Con- selho, de 24 de Outubro de 1995; veja-se, ainda, a Lei n°10/91, de 29 de Abril, alterada pela Lei n°28/94, de 29 de Agosto, que protege também 0 segredo bancério, ao atribuir & “Comisséo Nacional de Protecgto de Dados Pessoais Informatizados” competéncia para a das condigdes em que as instituigdes financeiras pode~ 0. ois bem. Os factos ou elementos das relagdes do a instituigao podem ser revelados mediante autorizacai da A instituigao (art.79°,0°L, da Lei bancéria), do cliente ow seu ‘mandatdrio (ver, por exemplo, art.1678°, n°2, als. f)€ g), do Cédigo do seu representante legal ou dos seus herdeiros, bem como for ou liquidatério judicial de empresa (att.80°,n°3, da Lei *4, al.a), 135%,n°2, 141° e 145° do Cédigo dos Processos Especiais de Recuperacdo da Empresa e de Faléncia) Do mesmo modo, o dever de segredo profissional fixado no art.78° transcrito no obsta a revelacao ou comunicagio dos factos ou elementos por ele cobertos ao Banco de Portugal, a MVM, a0 Fundo de Garantia de Depésitos ¢ ao Sistema de Indemnizagao 20s Investidores, no Ambito das respectivas atribuigdes (art.79°,n°2, als. a) ac), da Lei bancéria). 84.4.2. Lei Penal e de Processo Penal A segunda excepgio ao dever de segredo profissional das au- toridades de supervisio e instituigées de erédito em geral é a da aa Diveito Rancirio Jei penal e de processo penal: os factos ¢ elementos cobertos pelo dever de segredo podem ser revelados nos termos previstos na lei penal e de proceso penal (art-30°,0°L, in fine da 1* paste, da Directiva; art.80%,n°2, in fine, ¢ art.79°.n°2, ald), da Lei bancéiria). Quanto a0 Cédigo Penal, estatui 0 art.195°: “Quem, sem consentimento, revelar segredo alheio de que te- nha tomado conhecimento em razio do seu estado, offcio, empre- 20, profissao ou arte, & punido com pena de prisio até um ano ou com pena de multa até 240 dias”. Sem prejuizo, naturalmente, das causas gerais de exclusio da ilicitude (art.36° do Cédigo Penal), corrobora-se aqui o grande prin- ctpio de o sigilo bancério ser derrogado apenas pelo consentimento do cliente interessado. Dat 0 direito ao siléncio, rectius, o poder-dever de os membros de instituigdes de crédito se escusarem a depor em processo penal sobre factos abrangidos pelo segredo profissional do segredo imposto pela autoridade ji tente, nos termos dos nimeros seguintes do mesmo pre toridade judiciéria perante a qual o incidente se tiver procede as averiguagées necessarias e, se concluir pel ‘onde 0 incidente se tiver suscitado ou, no caso de este ter ocorrido perante o Supremo Tribunal de Justiga, o plendtio das secgdes cri- , oficiosamente ou a requerimento, pode impor a quebra lo bancério, «sempre que esta se mostre justificada face as normas ¢ prinofpios aplicéveis da lei penal, nomeadamente face 20 principio da prevaléncia do interesse preponderante (art.135°,n°3, do Codigo de Processo Penal). O mesmo se diga quanto 3 apresen- taco de objectos susceptiveis de apreensio (art.182° do Cédigo de Processo Penal): se 05 membros das instituigées de crédito se recusarem, com base no segredo profissional, a apresentar & auto- 2 a) ridade judicidria, quando esta 0 ordenar, os documentos ou quais- ‘quer objectos que tiverem na sua posse devam ser apreendidos, aplica-se o disposto nos nos.2 ¢ 3 do art.135°. Excepeao a0 sigilo bancério esté ainda no art.181° do mesmo Cédigo: faculdade de o juiz. examinar a documentagao bancéria. © apelo do legislador a0 principio da prevaléncia do interesse preponderante, introduzido em 1995, leva fnsita a ponderagao de interesses, designadamente na colisao de direitos ou deveres, como (0 dever de segredo profissional e 0 dever de colaboragdo com a Justiga, com 0 correspondente afastamento de teses extremas, quer a da prevaléncia absoluta do sigilo bancério sobre o dever de colabo- ragdo com a Justica — a conhecida “teoria do paralelismo”: onde hé dever de segredo nao existe dever de cooperacio, que fez escola na vigéncia do Decreto-lei 1°2/78, de 9 de Janeiro (fr, vg. ac. do S.J, de 20 de Outubro de 1988, in “BMJ” n°380, p.492) —, quer a da justificagao suficiente da violagao do segredo na prestaco de testemunho perante o tribunal, endentemente dos interesses a prosseguir ou da gravidade do crime em causa (cft., v.g., ac. da Relagao do Porto, de 14 de Maio de 1997, in “Colectinea Juris- prudéncia”, 1997; TAI, p.229). Afinal, nos termos do art.135° do Cédigo de Processo Penal, a quebra do sigilo hé-de ser justificada pela prevaléncia de um interesse legitimo ¢ preponderante ow superior, com a intervengfio do tribunal a definir esse primado. 84.4.3. Processo Civil e providéncias extraordindrias de saneamento ou processos de liquidagio Mais excepedes ao dever de segredo banedrio surgem quando exista outra disposicéo legal que expressamente o limite (art.19", 8°2, ale), da Lei bancé te as disposicées legais autorizantes ou impositivas da quebra do sigilo bancério temos 0 art.519° do Cédigo de Processo Civil. Em causa, igualmente, 0 dever de cooperagéo com a Justica, agora com a Justiga civel, para a descoberta da verdade, Pelo n°l do art.519°, todas as pessoas, sejam ou nao partes na causa, tém 0 dever de prestar a sua colaboragdo para a descoberta Sere Dire Banstrio da verdade, respondendo ao que thes for perguntado, submetendo-se as inspecgtes necessérias, facultando 0 que foi requisitado e prati- cando os actos que forem determinados, sob pena de condenagiio em multa e aplicagdo dos meios coercitivos possiveis, designadamente de sangio pecuniéria compulséria (art.519°.n°2) — para a sangio Pecunidria compulséria, veja-se 0 art.829-A do Cédigo Ci Porém, a recusa é legitima se a obediéncia importar “viola- 40 do sigilo profissional ...” (art.519°,n°3, al.c), oft., também, art.618°.n°3), Neste caso, deduzida escusa, é aplicdvel, mutatis mutandis, 0 disposto no processo penal acerca da verificagio da legitimidade da escusa ¢ da dispensa do dever de (art519°,n"4, do Cédigo de Proceso Civil), ou s Cédigo de Proceso Penal, ja analisado (supra, n°8: no conflito entre o dever de sigilo bancdrio e o dever rago com a Justica civel, hd que proceder também & ponderacdo de interesses no caso concreto, tendo em conta a teleologia do art.335° do Cédigo Civil para a colisdo de direitos ou deveres € até a teleologia do art.339° do Cédigo Civil para o estado de necessidade, por forma a que a quebra do sigilo bancério sé seja decretada quando se mostre justificada em face do princtpio da prevaléncia do interesse preponderante (att.135°,n°3, do Cédigo de Processo Penal, aplicavel por remissio do n%4 do art.519° do Cédigo de Proceso Ci Ainda no Cédigo de Processo Civil salienta-se 0 art.861*-A, na redacggo dada pelo Decreto-lei n?375°-A/99, de 20 de Setembro, para a penhora de depésitos bancdrios: com vista 3 efectivagio do direito de crédito em proceso executivo, impoem-se deveres de informacao que traduzem 0 sacrificio do dever de segredo em relaciio @ penhora, na esteira de jurisprudéncia anterior (v.g. ac. do S.TJ., de 16/4/98, in CI-S.TJ, 1998, TI, p.37), no respeito pelo principio da adequacéo e proporcionalidade: 0 Juiz de nard, oficiosamente, a imediata redugdo da penhora de depésitos bancérios, quando esta se mostre excessiva para pagamento do crédito do exequente ¢ das custas (art.861°-A, n°7, aditado pelo Decreto-lei n°375-A/99).. Supervisdo Prudencial _ 295 Por fim, também no dmbito de providéncias extraordindrias de saneamento ou de processos de liquidacdo de instituigées de vas a essas instituicdes e que ndo digam respeito a terceiros i cados no plano da sua recuperago ou saneamento financeiro (art.30°,n°1, 2* parte, da Directiva; art.80°n°3, da Lei bancéria). 84.4.4. Lei Geral Tributéria 5 competentes poder, nos termos das as diligéncias necessérias ao apuramento da situago tributéria dos contribuintes, nomeadamente aceder li- vremente aos mais diversos locais e sistema informatico, com vista A tributagdo do luero real (art.63°,0°1, da Lei Geral Tributari vada pelo Decreto-lei n°398/98, de 17 de Dezembro). Toda acesso @ informacao protegida pelo sigilo profissional, bancério ou qualquer outro dever de sigilo legalmente regulado depende de ‘autorizagéo judicial, nos termos da legislacdo aplicavel (att.63°,n°2, da L.G.T, primitiva redacgo), — jé antes, art.34°,n°3, do Decret lei n°363/78, de 28 de Novembro, que expressamentt tava a derrogasao do sigilo bancério por simples acto da admis tragio fiscal; nesta linha de pensamento, tenha-se presente a decla- ragio da inconstitucionalidade orginica do Decreto-lei n°513-Z/79, de 27 de Dezembro, que atribufa poderes unilaterais 4 Inspecca0 Geral de Finangas para afastar ou suspender a obrigagdo de sigilo profissional, pelo acérdio do Tribunal Constitucional n°278/95, de 31 de Maio. A prudente regra da necessidade de autorizagdo judicial para 4 quebra do sigilo bancdrio pela administracao tributdria veio ‘eniretanto 0 Decreto-lei n°30-G/2000, de 29 de Dezembro de 2000, introduzir excepedes, alterando ¢ aditando, para o efeito, diversos artigos da Lei Geral Tributétia (L.G.T.), do Estatuto dos ‘Tribunais, Administrativos e Fiscais e do Cédigo de Procedimento e de Pro- cesso Tributério. Assim, ao transcrito n°2 do art.63° da L.G.T. foi aditada a seguinte passagem: “excepto nos casos em que a lei admit 206 Diveto Bancario a derrogagao do dever de sigilo bancdrio pela administragao tributéria sem dependéncia daquela autorizagio”. Os casos de derrogagao do dever de sigilo bancdrio por simples acto da administragio tributdria — mediante notificagdo das instituigdes de crédito ¢ sociedades financeiras, instruida com 08 elementos referidos no novo n°%6 do art.63° da L.G.T., para petmitirem 0 acesso a elementos cobertos por aquele dever — estéo previstos no novo art.63°-B, n®.1 e 2, da L.G.T: —A administragio tributéria tem o poder de aceder directa- ‘mente 20s documentos bancérios nas situagdes de recusa da sua exibigdo ou de autorizagdo para a sua consulta, quando se trate de documentos de suporte de registos contabillsticos dos sujeitos passivos de IRS ¢ IRC que se encontrem su- jeitos a contabilidade organizada e quando 0 contribuinte usufrua de beneficios fiscais ou de regimes fiscais privile- giados, havendo necessidade de controlar os respectivos ressupostos © apenas para esse efeito (n°L); —A administracdo tributéria tem ainda o poder de aceder a todos os documentos bancérios, excepto as informagées pres- tadas para justificar 0 recurso ao crédito, nas situagies de recusa de exibi¢ao daqueles documentos ou de autorizagao para a sua consulta, quando se verifiquem a impossibilidade de determinagdo directa e exacta da matéria colectavel, nos termos do art.88° da LGT. e, em geral, os pressupostos para o recurso @ avaliacio indirecta, nomeadamente nos casos de manifestagao de fortuna, nos termos do novo art89”- A da LG; quando existam indicios da prética de crime doloso em matéria tributéria, designadamente nos casos de utilizagio de facturas falsas, e, em getal, nas situagdes em. que existam factos concretamente identificados gravemente indiciadores da falta de veracidade do declarado; quando seja necessario, para fins fiscais, comprovar a aplicago de sub- sidios pablicos de qualquer natureza (12). Documento bancério é qualquer documento ou registo, inde- pendentemente do respectivo suporte, em que sc titulem, compro- _Superiséo Prudencial 201 ‘vem ou registem operagdes praticadas por instituigdes de crédi no dimbito da respectiva actividade, as realizadas mediante zagio de cartées de crédito (n°.10 do art.63°-B). ‘Sujeitos as assinaladas derrogagGes do dever de sigilo banca- rio pela administracdo tributéria esto também as entidades que se encontrem numa relacdo de dominio com 0 contribuinte (n°6 do art.63°-B) — jé 0 acesso da administracdo tributéria a informacio bancéria relevante relativa a familiares ou terceiros que se encon- trem numa relagio especial com o contribuinte depende de autori- zagdo judicial expressa, apés audigao do visado (n°7 do art.63°-B). As referidas decisdes de derrogagao do sigilo bancério, da competéncia do Director-Geral dos Impostos ou do Director-Geral das Alffindegas ¢ dos Impostos Especiais sobre 0 Consumo, ou seus substitutes legais, sem possibilidade de delegagio, devem ser fun- damentadas, com expressa mengdo dos motives concretos que a justificam, apés audigito prévia do contribuinte, e sao susceptivels de recurso judi rages previstas no n°l (n°4 do art.63°-B). Correspondentemente foi previsto no Cédigo de Procedimento ede Processo Tributitio, aprovado pelo Decreto-lei n°433/99, de 26 de Outubro, 0 Processo especial de derrogagio do dever de sigilo bancdrio (arts.146"-A a 146°-D, aditadas pela Lei n°30-G/2000). ‘Assim, 0 contribuinte que pretende recorrer da decisio derrogativa do dever de sigilo bancairio para efeitos fiscais deve, no prazo de 10 dias a contar da notificagdo, apresentar, no tribunal tributério de 1* instincia da area do seu domicilio fiscal, peti¢do em que justifica sumariamente as razdes da sua discordincia, acompanhada dos respectivos elementos de prova, de natureza exclusivamente do- cumental. O Director-Geral dos Impostos ou o Director-Geral das Alfndegas e dos Impostos Especiais sobre 0 Consumo sfo notifi- cados para, querendo, deduzirem oposigéo no prazo de 10 dias, a qual deve ser acompanhada dos respectivos elementos de prova. ‘A mesma tramitago aplica-se, mutatis mutandis, a0 recurso da decisdo de avaliagio da matéria colectavel pelo método indirecto constante do art.89°-A da LGT (art.146°-B do CPP-T).

Potrebbero piacerti anche