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de Alberto T. Ikeda
IKEDA, Alberto T. Música na terra paulista: da viola caipira À guitarra elétrica in Manifestações
artísticas e celebrações populares no estado de São Paulo. São Paulo: Imprensa Oficial, 2004.
( Vol 3, coleção Terra Paulista)
acesse o site do Terra Paulista clicando aqui
- Resenha - 2
Música na terra paulista: da viola caipira à guitarra elétrica
Alberto T. Ikeda
Introdução
Nesta introdução, o autor brevemente ressalta que mesmo identificando certo compositor ou
personagem com alguma destas manifestações, muitas vezes ele participa de vários cenários, e
que mesmo datando e indicando alguns fatos, as manifestações muitas vezes não têm data certa
de começo ou fim, já que são parte de uma cultura viva, onde tendências e modalidades se
misturam criando novas formas de manifestação.
A música na Paulistânia
Neste texto, porém, a busca por uma modalidade de música genuinamente paulista restringe a
pesquisa à música popular de tradição oral acompanhada da viola caipira, que tem suas origens
na formação histórica de São Paulo. Tendo se espalhado por uma vasta região denominada
Paulistânia (que compreende o estado de São Paulo e regiões de Minas Gerais, Paraná, Mato
Grosso, Mato grosso do Sul e Goiás), com o tempo esta música adquiriu o caráter singular de
cada local, configurando diferentes expressões culturais. Não há a pretensão de adentrar nas
músicas que influenciaram a caipira, mas sim relacioná-las e apontar algumas características.
A música caipira teve início com as práticas musicais trazidas pelos portugueses, e foi aos poucos
adquirindo traços da musicalidade indígena e posteriormente da música africana. Mesmo este
processo tendo levado séculos, ele não foi pacífico nem natural, tendo recebido influências de
interesses políticos e assim sendo usado como forma de impor formas de “ver o mundo”.
Exemplos desse processo, o Cururu e a Catira são manifestações que se originaram da catequese
dos jesuítas com os indígenas.
Tendo recebido influências em vários momentos e por vários povos e interesses diferentes, a
música caipira popularizou-se na década de 1920, com a chegada do rádio e as primeiras
gravações.
A expressão “caipira” neste artigo refere-se cultura de tradição paulista, e não tem nenhuma
ligação com o aspecto pejorativo preconceituoso ligado a esta.
A música caipira tem forte ligação com a utilidade dela, seja nas festas anuais, práticas religiosas,
no trabalho e na vida, como elemento do cotidiano caipira, seja ele em momentos coletivos
(muito mais encontrado) ou individuais. As festas mais encontradas em São Paulo são as do
Divino e dos Santos Reis, as de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, e as festas juninas (dos
santos de Junho).
Dentre as músicas praticadas nestas festas, podemos encontrar principalmente “folguedos
dramáticos, como a Congada, o Moçambique e o Caiapó”, “Danças como o Catira, o Cateretê, o
Fandango, o Jongo, o Batuque, alguns tipos de samba e outras”.
As músicas praticadas nas atividades de trabalho grupal têm a sua fórmula definida pela cantoria
em duplas de quadras improvisadas, desafiando as outras duplas. Após a execução do trabalho,
segue-se uma festa, onde podem ser encontradas as seguintes manifestações “o catira, a cana-
verde, a ciranda, a dança do caranguejo e outras”, às quais também podem ser encontradas em
diferentes festas profanas como as do carnaval e de cortejo de blocos. Há também os ofícios
religiosos de tradição africana, que deram origem aos Sambas, Congadas e Moçambiques.
Celebrações da memória
Com o início de sua projeção por volta de 1910 através de diversas apresentações na capital
paulista, a música caipira era apresentada juntamente com a “contação” de causos e outras
formas de retratar a vida caipira. Após esta divulgação inicial, em 1929 foram gravados os
A partir de 1940 é possível notar uma aceleração da modificação da música caipira (agora
chamada sertaneja), através de inclusão ritmos brasileiros e estrangeiros, como a Polca
Paraguaia, e ritmos mexicanos. Na década de 1960, a música caipira começou a receber
influências norte-americana, do rock e da vida urbana. E com este ambiente é que a música
caipira tomou proporções de sucesso nacional e internacional, com grandes vendagens das
“duplas jovens” (como Chitãozinho e Xororó)
Em 1980, outra onda de influência norte-americana atingiu a música caipira com a música e
trejeitos country dos rodeios.
A onda country
A onda country norte-americana, surgida por volta de 1985 foi fortemente impulsionada pelo
grande comércio que os rodeios, feiras agropecuárias e todo este universo geravam, mexendo
principalmente com música, vestuário e dança.
Na década de 1990, as “duplas sertanejas foram o mais importante segmento comercial da
música popular brasileira”, já com a música totalmente distanciada de suas origens.
Considerações finais
Ao procurar nas regiões “caipiras”, hoje em dia iremos encontrar como característica forte a
música das “duplas jovens”, já desligada da vida e forma original. Se pegarmos as primeiras
gravações de 1929 e as gravações atuais, encontraremos poucos elementos em comum.
Mesmo podendo se modificar com o tempo, a música caipira original manteve-se pouco alterada,
ainda ligada a suas práticas e manifestações culturais.
“De qualquer modo, todas as vertentes se revelam fundamentalmente como fenômeno paulista
e da região de sua influência histórica.” Tal fato pode confirmado pela procedência de seus
atores da região paulistânia.