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MANUAL DE ÉTICA EMPRESARIAL

Outubro de 2007
I. INTRODUÇÃO............................................................................................................3
II. BASES PARA UM GUIA DE ÉTICA EMPRESARIAL.............................................4
III. CONTEÚDO DO GUIA DE ÉTICA EMPRESARIAL...........................................10
a. VALORES TRANSVERSAIS.................................................................................11
1. O respeito pela dignidade humana.......................................................................11
2. Conceito de nós mesmos.....................................................................................11
3. Pro-actividade......................................................................................................11
4. Afinco para alcançar metas.................................................................................12
5. Responsabilidade.................................................................................................12
6. Coerência de vida................................................................................................12
7. Lealdade...............................................................................................................13
8. Veracidade............................................................................................................13
B. ESTRUTURA DO GUIA DE ÉTICA EMPRESARIAL........................................13
1. Relação com os empregados................................................................................13
2. Relação com Clientes e Fornecedores.................................................................14
3. Concorrência........................................................................................................15
4. Relação com a Comunidade................................................................................15
5. Comunicação e informação ao público (publicidade).........................................16
6. Conflitos de Interesse..........................................................................................16
7. Temas Ambientais................................................................................................17
8. Práticas financeiras..............................................................................................17
9. Estado..................................................................................................................17
10. Confidencialidade e Lealdade ..........................................................................18
11. Direcção da Empresa........................................................................................18
IV. DILEMAS ÉTICOS...................................................................................................19

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I. INTRODUÇÃO
No contexto do processo de globalização, torna-se cada vez mais
importante o fomento e desenvolvimento de uma cultura ética nos
negócios, a nível empresarial e institucional.

Do nível do avanço da ética empresarial dependerá em grande


medida o efectivo acesso aos mercados e parcerias internacionais e
a capital de investimento, assim como uma garantia maior de
qualidade dos bens transaccionados no mercado doméstico, desde os
bens de consumo ao sector financeiro

Nada do exposto neste manual de Ética Empresarial, poderá ser uma


realidade sem homens de bem e recursos mobilizados para
incrementar os comportamentos éticos nas empresas.

Este manual pretende colaborar na construção participativa de uma


cultura ética, já que assim se contribui para o desenvolvimento
económico com justiça social, garantindo a prestação de bens e
serviços de melhor qualidade e garantindo que os compradores
possam exercer os seus direitos, em especial de livre escolha,
cumprindo as condições de idoneidade.

Um manual de Ética Empresarial encaminha-nos a apropriarmo-nos


de paradigmas morais e éticos mais de acordo com os padrões
internacionais de justiça e transparência.

Além disso, as organizações internacionais, tão influentes na opinião,


cada vez exigem mais afinco nos códigos de ética empresariais.

É importante ter em conta que as questões éticas são mais uma


questão de convencimento do que de coerção.

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II. BASES PARA UM GUIA DE ÉTICA EMPRESARIAL

As organizações internacionais e a opinião pública exigem cada vez mais


Códigos de Ética Corporativos. Neste sentido, podemos dizer que a adopção
de um Guia de Ética Empresarial é um passo para colocar a empresa adiante
na sua imagem junto dos públicos alvo.
Definições:
• A ÉTICA envolve uma disciplina que examina boas e más práticas no
contexto do dever moral.
• Conduta moral é um comportamento que está certo.
• A ética empresarial envolve práticas e comportamentos que são bons.
Dois tipos de ética:
• A ética descritiva envolve descrever e caracterizar e estudar a moral
de aquilo que é.
• A ética normativa envolve a justificação de sistemas morais acerca do
que deve ser.

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A empresa está sujeita a pressões, tais como:

 Movimentos e reivindicações sindicais;


 Globalização;
 Directrizes económicas;
 Agendas Internacionais (Declaração de Direitos Humanos; do Milénio-
World Bank 2000);
 Políticas de governo; directrizes filosóficas (Sociedade justa) e
religiosas (agenda social).

Estas Incluem a responsabilidade social, regulamentação/desregulamentação


governamental, gastos com programas sociais e questões éticas.
Estas pressões sociais e de mercado estão mudando os valores e horizontes
da actividade empresarial.
No domínio da Responsabilidade Social, as interfaces entre as empresas e a
sociedade abrangem questões ambientais, de saúde e segurança, bem como
de educação.

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Diversas questões de responsabilidade social derivam de normas
governamentais relativas a saúde, segurança, controle ambiental e políticas de
oportunidades iguais.

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III. CONTEÚDO DO GUIA DE ÉTICA EMPRESARIAL

No mundo da globalização pode perceber-se o aumento do papel da empresa


privada e a crescente interdependência deste mundo, como por exemplo entre
a empresa e os seus colaboradores, a empresa e o município e entre a
empresa e o meio ambiente.
Este papel cada vez mais preponderante da empresa privada, levou os
governos, agências internacionais, instituições multilaterais a analisar a
envolvente ética do sector privado, o que levou a um aumento dos critérios
éticos nas empresas privadas.
A necessidade das empresas agradarem à sua base de clientes jogou aqui
também um papel.
Recomenda-se que para a elaboração de um código de ética se considerem
valores que sejam operativos a nível sectorial e se adaptem ao tipo de
negócio, já que há variações entre as empresas que tornam impossível ter um
documento que se adapte a todas.

Qual o Seu Nível de Desenvolvimento Ético?

Nível 3 Princípios - “Qual a coisa certa a


fazer?”

Nível 2 Convencional - “O que é exigido


legalmente que faça?”
Nível 1
Pré-convencional - “O que
posso fazer?”

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a. VALORES TRANSVERSAIS
Desenhámos estas recomendações, as quais quando operacionalizadas,
permitem trabalhar numa perspectiva ética e transparente.
Os valores humanos são essenciais para criar um ambiente ético e estes
devem prevalecer nas nossas atitudes, como seja o enfatizar a honestidade, o
valor da palavra e o exemplo dos empresários para beneficiar a população.
.

1. O respeito pela dignidade humana

O respeito pela dignidade da Pessoa é um valor primário e universal com


muitas consequências.
Colocá-lo em primeiro é não só uma necessidade lógica como uma declaração
de finalidade a respeito da concepção da empresa.
Contudo, como atingir esse respeito na empresa ?
Haverá que pôr em prática normas em cada uma das nossas áreas de acção.

2. Conceito de nós mesmos

É esforçarmo-nos por ser melhores pessoas e pessoas livres, responsáveis,


com unidade e coerência de vida e com aspirações.
Conhecer e utilizar ao máximo a nossa capacidade operativa para satisfazer
qualquer necessidade própria, de outros membros da organização e dos
nossos clientes.

3. Pro-actividade

É a capacidade de agir e não apenas reagir.


É a decisão firme de tomar iniciativas, correr riscos razoáveis, planificar e lutar
para alcançar as nossas metas e ideais.

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A atitude de serviço estimula-nos a melhorar os procedimentos, atitudes e
características do serviço que oferecemos.
Convém recordar que devemos desenvolver a nossa iniciativa com sugestões
às chefias, como uma demonstração do empenho que temops em melhorar
profissionalmente.

4. Afinco para alcançar metas


A nossa pró-actividade é particularmente importante para alcançar metas que
nos propomos e para apoiar os outros no esforço para alcançar objectivos.
Dar um adequado esforço às metas pessoais leva ao benefício de todos,
porque todos obtêm melhores resultados.

5. Responsabilidade
Entendemos este valor como a vontade de assumir as consequências das
nossas acções e responder pelos resultados e não só pelos esforços.
O nosso negócio deve ser de confiança e de prudente apreciação do risco.
A confiança gera-se quando as nossas acções são previsíveis, porque são
sempre éticas.
Por isso há que observar todas as normativas em rigor e manter a atitude de
proceder sempre com justiça.

6. Coerência de vida
Para gerar e tranrsmitir essa confiança apoiamo-nos na vida pessoal.
O nosso mundo privado e pessoal e familiar é um valioso incentivo para o
nosso trabalho diário.
Temos em conta que para actuar de maneira imediata e espontânea na
direcção correcta, comportamo-nos como somos em todos os aspectos da
nossa vida.
Por isso procuramos ser coerentes com o nosso estilo de vida profissional, já
por si exigente e exemplar.

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7. Lealdade
Devemos procurar alternativas a tudo o que não seja ético nas nossas
negociações diárias.

8. Veracidade
A veracidade é o reflexo da realidade sem alterações.
É importante ter boas fontes quando estamos a transmitir dados e a dar a
nossa opinião sobre factos, pessoas ou situações.
A veracidade tem benefícios do ponto de vista económico porque as pessoas
preferem fazer negócios com quem é verdadeiro ou não diz só meias verdades.

B. ESTRUTURA DO GUIA DE ÉTICA EMPRESARIAL

Quando tomamos decisões no nosso trabalho diário, tenhamos em conta que


o direito primário a proteger é o da Empresa e dos nossos clientes porque
somos administradores de bens de terceiros.
As transacções dentro e fora de uma empresa identificam-se em onze
elementos, que se devem analisar e incluir no Guia de Ética Empresarial, os
quais listamos de seguida:

1. Relação com os empregados


• Promover o trabalho decente fundamentado nos direitos promovidos
pela OIT (Organização Internacional de Trabalho)
• Respeitar a dignidade humana e os direitos fundamentais dos
trabalhadores e colaboradores, conforme a legislação nacional.
• Promover um vocabulário de respeito, amizade e companheirismo
dentro da mesma empresa.
• Promover nos empregados e colaboradores o respeito para com a
empresa, os clientes, fornecedores e demais agentes com que se
relaciona.

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• Promover politicas de remuneração com base no mérito laboral,
produtividade e desempenho.
• Promover o desenvolvimento integral, formação e bem estar. Criar
políticas que favoreçam o desenvolvimento do pessoal.
• Desenvolver planos de beneficios sociais.
• Criar condições dignas de segurança laboral. Promover acções e
condições em que os empregados se sintam partes do desenvolvimento
da empresa.
• Divulgar os valores de uma cultura ética na empresa.
• Estes princípios não se limitam ao mero cumprimento das leis do país.

2. Relação com Clientes e Fornecedores


Clientes
• Declarar o cliente como centro da nossa actividade e razão de ser da
empresa.
• Tratar os clientes com transparência e ética, promovendo o controlo de
qualidade daquilo que a empresa oferece aos clientes, garantindo as
expectativas desejadas, desenvolvendo ambientes de credibilidade e
confiança.
• As empresas devem desenvolver uma cultura de serviço ao cliente em
toda a estrutura organizativa da empresa, de forma a garantir a
excelência.
• Cumprir as disposições legais e regulamentárias sobre pesos, medidas
e metrologia .
• Promover padrões de qualidade.

Fornecedores

• Definir políticas e normas claras dentro das relações da empresa,


credores e fornecedores.
• Manter lealdade e ética face aos fornecedores desenvolvendo controlos
administrativos dentro da empreasa para evitar actos anti-éticos.

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• Fazer com que fornecedores e credores participem do crescimento da
empresa.
• Desenvolver mecanismos de informação e controlo que evitem actos
ilícitos entre empregados das linhas intermédias tanto do lado dos
fornecedores como credores.
• Fomentar relações de intercâmbio comercial com empresas que
funcionem dentro de padrões de ética.
• Cumprir cabalmente com as obrigações legais e contratuais.
• Criar mecanismos hábeis de mediação e arbitragem entre fornecedores
e empresas para solucionar controvérsias e evitar o custo dos
mecanismos legais.

3. Concorrência
• Aplicar as leis de concorrência que regem o país.
• Cumprir as disposições que regulam a propriedade intelectual e velar
pela sua observância.
• Cumprir as disposições sobre promoção da concorrência e práticas
comerciais restritivas nos mercados nacionais.
• Desenvolver soluções alternativas de conflito entre cliente e fornecedor.
• Concertar mecanismos de vigilancia e seguimento para garantir a
transparencia dos processos de contratação pública e privada.
• Apoiar a formação de uma comunidade empresarial com valores éticos,
consciente da sua responsabilidade em busca da justiça social.
• Amiguismo e nepotismo são dois factores que afectam a
competitividade.

4. Relação com a Comunidade


• Reconhecer que as empresas têm a sua relação com a comunidade
• com honestidade e verdade, promovendo que não haja cartéis que
afectem a comunidade.

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• Reduzir burocracia e ter em conta os riscos, controlando
comportamentos que levem a reacções indesejáveis.
• Resistir ao crime de corrupção.
• Fortalecer os procedimentos organizativos de cada empresa para que
• permitam a aplicação de um código de ética.
• Abster-se de actos ilegais que prejudiquem terceiros.

5. Comunicação e informação ao público (publicidade)


• A informação aplicada ao público em geral deve ser clara, precisa e
honesta, e a publicidade deve ser congruente com os serviços e
produtos que se oferecem.
• Não utilizar a publicidade para concorrência desleal e para desclassificar
os outros em bases verdadeiras.
• Respeitar o direito do consumidor a ser informado sobre produtos ou
conteúdos.
• A publicidade deve ser verificável nos produtos ou serviços.
• Um produto alimentar deve incluir informação sobre os ingredientes
básicos básicos, a qualidade nutricional, data de validade, benefícios e
danos que pode causar à saúde.

6. Conflitos de Interesse
• Não conjugar interesses económicos de empregados com fornecedores.
• Não se deve permitir que um trabalhador da secção de compras
beneficie empresas relacionadas com ele ou familiares.
• Não utilizar um cargo em empresas com fins de lucro pessoal ou de
terceiros, ou tráfico de influência.
• Regalias, comissões e honorários custeados pela empresa usados para
benefício próprio.
• Nepotismo pode afectar accionistas de uma empresa.

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7. Temas Ambientais
• Utilizar dentro das possibilidades técnicas e de mercado, tecnologías
limpas que garantam a conservação do ecosistema, e abster-se de usar
indevidamente processos e tecnologias que de maneira comprovada
lesem o ambiente.
• Considerar na elaboração do código da empresa a defesa do meio
ambiente.
• Promover uma atmosfera de responsabilidade dentro do mesmo código.
• Publicar boas práticas e mostrar os seus benefícios.

8. Práticas financeiras
• Promover a transparencia nas transacções, designadamente em
tesouraria.
• Fixar normas aplicáveis na empresa, designadamente para controlo.
• Fazer auditorias externas de forma regular e manter sempre em dia os
documentos financeiros da empresa.
• Informar com verdade a situação económica e financeira da empresa.

9. Estado
• Colaborar com o cumprimento dos fins do Estado através da estrita
observância das obrigações em materia laboral, tributária,
administrativa, comercial e contratual.
• Inserir todas as actividades no âmbito formal.
• Exigir oportunamente do Estado a observância da ética pública
• Em caso de contratação com as entidades estatais, respeitar os
princípios de transparência, responsabilidade e economia e cumprir
plenamente os requerimentos.
• Observar uma atitude ética face aos servidores públicos.
• Abster-se de regalias que possam influenciar ou comprometer o
funcionário público.

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• Abster-se de situações que impliquem reais ou potenciais conflitos de
interesse quando exista a possibilidade de representar o estado umas
vezes e o sector privado noutras.
• Não utilizar informação confidencial que pertence ao estado e suas
instituições em benefício pessoal e da empresa.
• Não aceitar dar ou receber suborno ou extorsão.

10. Confidencialidade e Lealdade

• Determinar os níveis de confidencialidade para diversos assuntos.


• Evitar acções como espionagem industrial e comercial, subornos,
acesso ilícito a lugares, roubo e intervenção em linhas telefónicas, bem
como contratar empregados da concorrência a fim de obter informação
confidencial entre os empregados e clientes da concorrência.
• Proteger a informação pessoal dos nossos empregados.
• Promover planos de incentivos da lealdade dos empregados para com a
empresa.
• Promover a lealdade nas transacções diárias na empresa.

11. Direcção da Empresa

• Devem evitar-se conflitos de interesses entre os membros do Conselho


de Administração que tenham ligações com outros grupos ou empresas.
• A Direcção deve preocupar-se em promover um comportamento ético na
empresa.
• A gestão de topo deve cumprir as leis e promover a promulgação de
normas anti-corrupção que se apliquem sem excepções e incluam
sansões apropriadas.
• A missão e visão da empresa devem ter em conta considerações éticas.

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IV. DILEMAS ÉTICOS

FALSA IDENTIDADE
No Angola morrem muitas pessoas por ano no trânsito.
Grande parte dessas mortes ocorre em acidentes causados por erros
de motoristas que não dominam os carros.
Um acidente grave comove a cidade: um jovem motorista perdeu o
controle do veículo, avançou no cruzamento , atropelou e matou duas
crianças. No inquérito descobre-se que ele tirara a carta há um mês.
Os jornais fazem muitas reportagens sobre a deficiência da formação
nas escolas de condução e do exame e levantam estatísticas de que
rapazes com carta há pouco tempo são os que mais se envolvem em
acidentes.

O seu jornal tem a informação de que uma escola de condução


consegue a carteira de motorista para alguns clientes que, mesmo não
estando adequadamente habilitados para dirigir carros, paguem uma
taxa extra.

A informação é de que parte dessa taxa extra será dada ao examinador


da repartição de trânsito.

Um repórter que é designado para investigar o caso. Ele matricula-se na


escola de condução com o nome verdadeiro, mas dá outra actividade.
Nas primeiras aulas, começa a dizer que não consegue fazer as

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manobras e não vai passar no exame sem ajuda. Depois, sonda o
instrutor sobre a possibilidade de subornar alguém para obter a carta de
condução. No dia seguinte, antes da aula, um funcionário chama o aluno
(repórter) em particular e diz que ele não está indo bem nas aulas e
pode precisar de reforço ou de uma mãozinha.

- Você sabe, o exame é muito difícil, mas sempre se dá um jeito.

- Mas será que não dá para dar um jeitinho? - sugere o repórter.

- Não sei - responde o funcionário - Antigamente era fácil, mas agora


está difícil. Os exames são fiscalizados. Mas eu vou o que dá para fazer.

Até o último dia de aula o funcionário não toca o assunto, mas o aluno-
repórter o procura para saber se tem novidades.

- Bem, a gente pode molhar a mão do examinador por 20.000 kuanzas.

O repórter concorda. Ao fazer o exame, comporta-se com negligência,


comete erros propositados e mesmo assim é aprovado. O exame é
fotografado de longe pelo jornal. O repórter recebe sua carta e escreve
uma reportagem contando a sua experiência como denúncia da
corrupção na escola. A escola é fechada e aberto um inquérito para
apurar o caso.

O aspecto ético e questões para discussão

Todos sabem que, de posse da denúncia de corrupção, se o repórter for


à escola como jornalista só ouvirá negativas. Será difícil encontrar
alguém que admita ter comprado a carta de condução, porque se
denunciaria como cúmplice ou co-autor de um crime. Recorrer à falsa
identidade é portanto um método eficiente de comprovar uma grave
irregularidade, denunciá-la e evitar que pessoas não habilitadas possam
pôr em risco a vida dos pedestres e de outros motoristas. A doutrina da
falsa identidade no jornalismo justifica o "pequeno delito" em nome da
denúncia do "grande delito". Repórteres e meios de comunicação que

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agem assim não têm a intenção de cometer crimes, mas mostrar os
erros do sistema e contribuir para que sejam corrigidos.

Questões para o debate

1. Que peso deve ser dado à verdade como valor ético fundamental ?

2. Deveriam ser esgotadas as possibilidades de fazer a reportagem


sobre o péssimo exame de motoristas antes de recorrer ao suborno?
Por exemplo:

a) o repórter fazer o exame, cometer erros propositados e esperar para


ver se seria aprovado. Ou essa tentativa deveria ser descartada ante a
possibilidade de o repórter ser reprovado e queimar a matéria?

b) o repórter insistir até convencer uma pessoa que "comprou a carta" a


identificar-se num depoimento e, não conseguindo, fazer a reportagem
usando apenas as iniciais dela. Ou essa possibilidade deveria ser
descartada por ser demorada e só produzir eventuais resultados depois
de envelhecido o noticiário sobre os acidentes de trânsito?

3. Que peso deve ser dado, numa discussão ética, ao detalhe de que a
proposta de suborno partiu do repórter, e não da escola, e ele foi o
inspirador e co-autor de delito que só atribui a outros?

4. Um repórter que mente, engana as fontes e suborna autoridades tem


credibilidade para denunciar subornos?

5. É de se levar em conta a remota possibilidade de que, ao contrário da


informação inicial, a escola não ter essa prática, e de tê-la adoptado em
função da proposta do repórter?

6. É de se levar em conta o argumento de que, embora não tenha uma


motivação criminosa comum, o repórter e o meio de comunicação

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beneficiaram-se do delito, ganhando com ele uma reportagem que
vendem aos leitores e lhes confere prestígio?

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