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VI MONTAGEM PROIBIDA’ rin blanc, O baldo vermetho, ‘Une fée pas comme les autres ‘sA.com Bim le petit dne Albert Lamorsse afrmara a original. dade de sua insptapao, Bim é talvez, junto com Crin blanc, © tinico ime verdadero para cianga que o cinema ja produsiu, & {taro que exstem outros — pouco numerosos, als — que convém fm diferentes graus a jovens espectadores. Os soviticos fineram im esforgo particular neste campo, mas me parece que filmes ‘Como Ar fon une vole se dvige antes a adolescenes. A tentaiva de produsto especialzada de J A. Rank resltou num facasso toial, econbmica eexteticamente. De fat, se quisésemos consti- thir uma cinemateca ou um catdiogo de programas que convém & tum pblico infantil, x9 poderiamos colocar nele alguns curtas imetrngens,espevaiente realizados com @ito desigual, e alguns Iilmes comercial, dene os quais os desenhos animados — cuja inpiragdoe tema sfo de uma pueiidadesuficinte: em partcul tos fimes de aventura, Nao strata de uma producto espect Flea mas simplesmente de filmes intlgiveis por um espectador ‘om idade mental inferior a 14 anos. E sabido que muita vezes| ‘os filmes americanos nao ultrapassam esse nivel virtual. E 0 que fcontece com os desenios animados de Walt Disney. "Bem se ve, no entanto, que tas filmes ndo ém nada que posse se comparar com a verdadcia Iiteratura infantil (poueo abundan fe, als). Jean-Jacques Rousseau, antes dos discipulos de Freud, Ja'havia advertido que ela ndo era de modo algum inofensva: La Fontaine ¢ um morals e a Condessa de Segur uma diabolica avd fadomasoguista J4 4 notio que 05 contos de Perrault encetram (s simbolos mais inomindvesse devemos admit que a argument {ho dos prcanaisas&difekmente refutavel. No mais, no € pre (so recorrer ao sistema dees para perceber, em Alice no pais das ‘maravithas ox nos Contos de Andersen, a profundidade delicoss ‘caterrrizante que est no principio de sua beleza. Os autores tm lum poder de sono que se confunde, por sua natueza e intenst dade, com 0 da infancia. Tal universo imagindrio nao tem nada de puerl. Foi a pedagopia que inventou para as criancas as cores Sem peigo, mas basa ver oso que fazem delas para fea fixado no seu verde paraiso povoado de monstros. Os autores da verda- eira literatura infantil sf0 apenas, portanto, acesséros e rara mente educativos (talver Jules Verne sejao linico). Sto poetas aja imaginacdo tem o privlegio de ter permanecido no comp ‘mento de onda onrico da Infancia Por isso ¢ sempre facil dizer que, em certo sentido, a ob deles € nefasta € 40 convém, na realidade, aos adultos. Se com Jsso querem dizer que cla nao ¢ edificante, t2m razao, mas é um ponca de vista pedagopico © mio esttico, Ao contro, o Tato de ‘ adulto ter prazer em Is, e talver mais completamente que a ‘ranga, ¢ um sina da sutenticdaade e do valor da obra, O artista ave trabalha espontaneamente para a infdneia enconira segura- mente 0 universal 0 bala vermetho j é alvez mas intelectual e por isso mesmo menos infantil © simbolo aparece mais claramente em iigrana ‘no mito. Sua associagto com Une fee pas comme les eure, entre fant faz justamente aparecer a diferenga entre @ poesia valida pata ar criangas para ov adultos e a pueriidade, que poderia Satistazer 0s primeites, ‘Mar no € neste terreno que desejo me stuar para falar dso, Este artigo nao seré uma verdadeiraertea s6 evocate! ocasio nalmente as qualidade arseas que atrbuo a cada uma das obras, “Meu propdsito sera novamenteo de analisar, a parte do exemplo surpreendentementesigeiicaivo que elas oferecer, certs les da mmontagem em sua felaydo com a exprssio cinematogratica ¢, mais esencialmente, sua ontologia estetca. Desse ponto de vst, a0 contririo, @ aproximagdo de O baldo vermetho e de Une fée ‘as comme les aures poderia ser premeditada. Ambos demons- {ram maravilhosamente, em sentidosradicalmente opostos, a vi. tudes es limites da montage. ‘Comegari pelo filme de Jean Tourane para constatar que ele de cabo a rabo uma extraordinara ilustraglo da famosa experi- fncia de Kulechov sobre o primeito plano de Mosjukine. Sabemos ‘ave @ ambigto de lean Tourane ¢ fazer ingenuamente um Welt Disney com animais verdaditos. Ora, éevidete que os sentimen: tos humanos coneridos aos animais sto (pelo menos no essencal) luma projeio de nossa prOpria consiéncta, S6 lemos em sua ana {omia ou comportamento os estados de alma que mais ou menos Inconscientemente Ines atibuimos, a partir de cess semelhancas txteriores com 4 anatomia ou com 0 comportamento do home. Nio se deve, por certo, desconhecere subestimar essa tendéncia natural da mente humana, que 6 foi nfasta no campo cieniio, precio ainda obserear que a clncia mais moderna redescobre, por engenhosos meios de investigapao, uma certa verdade do Sntropomorlismo: alinguagem das abelhas, por exemplo, provada ‘ interpretada com preciso pelo entomologsta Von Fricht, ultra pasta de longe a6 mals loucas analogias de um antropomorfismo Impenitente- © ero ccnifico ests em todo caso bem mais do lado ‘doe animais-mquinas de Descartes que dos semi-antropomorfos de Buffon. Mas, para além desse aspect primirio,&evidente que ‘ antropomortiimo procede de um modo de conhecimento anald> co, cuja simples exten psicoldgiea nao poderia explicate sequer ondenar, Se dominio estendese, pois, da moral (as Fbulas de {ia Fontaine) 20 mais alto simbolismo religioso, passando por todas as zonas da magia € da poesia, ‘© antropomortismo nto €, portato, condendvel @ priori Independent do nivel em que se situa, Devemos inflizmente adi tir que, no caso de Jean Tourane, ele €0 mais baixo. A um 36 tempo o mas falsocientificamente ¢ 0 menos Wansposto esteica- mente, se eles inclina, sobretudo, 8 indulgéacia, na medida em ‘que sua importancia quanitativa permite uma estopenda explora {0 das possblidades do antropomorfismo em comparacao com {eda montagem. O cinema vem, com efit, multplear as intet- pretagoes esttias da fotografia por aquelas que surgem da apro- samazao dos planos. ‘Pos € importante notar que 03 animais de Tourane nto sto ‘destrador, mas apenas domesticados, e nao ealizam praticamente hnada do que ot vemos fazer (quando parece que 0 Ta2om, houve flgum trugue: mio fora do quadro dirigindo © animal ou patas falsas animadas como marionetes). Todo engenho e talento de ‘Tourane consist em fazé-los permanecer mais ou menos imovels| ‘na posgao em que foram colocados durante afilmayem; o cen Fio ao fedora fantasia, 0 comentario }é bastam para conferit postuta do animal um sentido humano Que a ihsa0 da montagem ‘em entao dar preciso e ampliar de modo tao consderavel que, por vere, o erin quase que totalmente. Toda ura hstria€ assim arquitetada, com mumerosos personagens com relagdes compexas (tao compleess, ais, que 0 roteiro fica multas vezes contuso), dolados de diferentes caracersicas, sem que of protagonstas tenham feito outra coisa que permanecer quictos no campo da mera. A ago aparente ¢o sentido que Ihe damos pratiamente ‘nunca preexstiram a0 filme, sequer na forme parcelar dos frag mentos de eena que consticuem tradicionalmente os plano. digo mss, nessas cicunstancias era:nio apenas suficiente mas necessria fazer esse filme “de montagem”. Com efeito, ‘0 bichos de Tourane fossem animals espertos (a exemplo’ do ‘eachorro Rintintin,capazes de realizar poradestamento a mai ria das agdes que a montager ie credit, o sentido do filme seria Fadicalmente deslocado, Nosso interest reaiia entdo sobre as proezas e ndo sobre a hstria. Em outras paavras, ele pasa fo imagindrio ao real, do prazer pela feea0 & admiragdo de um rimero de music-hal bem executado. Ea montagem, criadora abstata de sentido, que mantém o espeticulo em sua irealidade ‘em O boldo vermelho, eu constato ¢ vou demonstrat que le nao deve endo pode dever nada a montagem, O que nio deixa fe ser paradoxal, visto que 0 roomorfismo conferido 20 objeto ainda mais imagndrio do que 0 antropomortismo dos bichos. O baldo vermetho de Lamorise, com efito,realiza realmente diate das cameras os movimentos que o vemos realza, Tata, €Sbvio, de um trugue, mas que nto deve nada ao cinema enguanto tl. A iusto, aqui, surge como na prestdigitagio da realidade. Ela ¢ com ‘rea € no resulta dos protongamentos victuals da montagem, ‘Que importincia tem iss, dio, se 0 resultado & 0 mesmo: fazer com que acteitemos que hé um balao na tla capar de seguir seu dono como um cachorrinho! Mas éjustamente porque nna montagem o balto magico so existria na tela, quando 0 de Lamorisse nos temet & realidad CConvém. talvez, abrir um paréaese a fim de observar que a _énaturezaabsiata da montagem naa € absoluta, pelo menes pico Topicamente. Do mesmo modo que os primeros espectadores do inematografo Lumiere reevavam som a chepada do tm na eta ‘Ho da Ciotat, # montager, em sua ingenuidade orignal, no & Dercebida como anificio, © haito com o cinema sensibilizou ‘ouco a pouco o especiadr, «grande parte do publico seria hoje fapaz, se The pedisemos para presiar um pouco de ateneto, de sistinguir as cenas “reais” das sugeridas unicamente pela monta ‘em, Everdade que outros procediments, tis como a tansparén a ia, permite mostrar, no mesmo plano, dais elementos, por exem- ‘lo, o tigre ea vedete, cujacontiguidade apresentaria na realidade flguns problemas, iusto € ai mais perfeta, mas pode ser desco- teria e, em todo caso, o importante nlo € que o traque seja ou ‘io invisivel, mas que haja Ow nso truque, do mesmo modo que 4 belera de um falso Vermeer nao poderia prevalecer conta sia ‘nautentiidade ‘Objetarho que os baldes de Lamorsse sto, no entanto, truce os. 180 € Obvio, pols se no o fonsem estaiamos em presenca ‘de um documentirio sobre um milagre ou sobre 0 faquirsmo, © © filme seri bem difeente. Ora, O buildo vermeiho & um conto ‘inematogrifico, uma pur invensSo da mente, mas o que importa ‘Erque etn histGria deva tudo 20 cinema, justamente porgue 20 ‘ssencial ela nada Ihe eve bem ponivel imaginar O haldo vermelho como ui 1 Ierdvio. Mas, por mais bem escrito que se poss imagiar,o iva ‘io cheearia aos pés do filme, pois o charme deste & de outra nat teza, No entanto, a mesma historia, por mais bem filmada que fosse, poderia nko ter mais realidade na tela do que no lvro; seria na hipbtese de Lamorisse decidir recorter As lusdes da montagem (ou eventualmente da transparéncia). O filme se traneformarin entio num relato em imagens (como o conto seria em palaveat) a0 més de ser 0 que &, val dizer, a imagem de um conto ou, se Dreferizem, um documentito imaginaro, [Ess expresso me parece ser em defiiivo a que melhor define © propésito de Lamorsse, proximo e no entanto diferente do de ‘Cocteau quando realiza, com Le sang d'un pode, um documents- rio sobre a imaginasdo (ais, sobre o sonho). Encontramo-nos, portanto, embrenhads, pela reflexto, numa série de paradoxos. ‘\ montagem, que tantas vezes¢tida como a esénca do cinema, ¢, nessa conjuntura, 0 procedimento literirio eant-cinematogri- Fico por exceléncia. A especiticidade cinematogrifica, apreendida pelo menos uma vez em estado puro, reside, ao contrat, 10 ero respeito fotogratico da unidade do espaco. : "Mas € prevso aprofundar a andlise, pois poderemos observa, som razlo, que se O baldo vermelho nto deve extencialmente | pada 8 montagem, cle recorre a ela aidentalmente. Pois, afinal |e contas, se Lamorisse gastou 500.000 francos com bales verme- Ths, foi para nao faltar substitutes. Do mesmo modo, Crin blanc «ra duplamente mite a qu, de fat, varios cavalos com o mesmo aspecto, embora mais ou menos sevagens, compunham a tela lum nico cavalo, Essa consiatagto vai nos permite chegar mais Derto de wma lei esencial da enlistica do filme. Considerar os filmes de Lamerisse como obras de pura fce80 seria tra-os, como também, por exemple, Le rdeau cramotl. A ‘redibilidade dels std certamentsligada a su valor documenta, 0s acontecimentos que ees repesentam sto parsaimente veda deiros. Para Crin blanc, a paisagem de Camargue, vida dos cri ores e dos pescadores, os costumes das manadas,constituem & bate da fabula, 0 ponto de apoio slide e irrefutdvel do mito orém, sobre exearealidade fundamentam-sejustamente uma di lética do imaginiro, cujo interessante simbolo é a duplicacdo de Chin bane. Assim, Crin blanc ¢ mm x6 tempo 0 verdadeiro cavalo que pasta nos campos slgados de Camargue, ¢ 0 animal de sonho que nada ctenamente em companhia do menino Foleo Sua realdade cinematozriica ndo podera dispensar a realidade documentéria, mas era preciso, para que ela se tornasse verdade de nossa imaginasto, que se destruissee renascesse a propria re Tidade A realizao do filme exigiu com certeza vias provzas. O saroto excolhide por Lamorisse munca tha se aprosimado de lum cavalo. Foi preciso, entretanto, Ihe ensinar a moatar em peo. Mais de uina cena, dente as mais espetaculars, foram rodadas quase sem truguese, em todo caso, a despeito de cetos perigos. , no entanto, basta pensar nels para compreender que seo que a tela mostra ¢ express tvese que ser verdade, realizado efetiy ‘mente diate da camera, o filme dbsara de existir, pois dexaria ‘no mesmo insiante de serum mito. a parte de trague, a margem de subterfglo necessiria& ldgica do relao que permite ao imagi- niciointegrar a um sb tempo a reaidade e substitula. Se hou- weve apenas um cavalo sevagem submetide penosamente as xi ‘Encias da fimagem, o filme ria apenas uma faganha, um himero de adestramento, como o cavalo branco de Tom Mix podemor ver 0 qv ele perderia com iso. O que € preciso, para a Plenitude estética do empreendimento, € que possamos acreditar ia realidade dos acontecimentos,sobendo que ve trata de true. caro que o espectador nao precisa saber que hava ts ou qua- tro cavalos® ou que era preciso puxar o focinho do animal com tum fio de ndilon para que vrasie a cabeca de modo adequado, ( importante que possamos dizer, a0 mesmo tempo, que a maté- fia-prima do filme € autnica e que, no entanto, “& cinema”. ‘Assim, a tela reproduz o fluxa e reflux de nossa imaginas30, que ‘senutre da realidade qual ela projeta se substitu a Tabula nasce da experitncia que ela transeende, Mas, reciprocamente, ¢ preciso que o imaginéro tenha na tla ‘a densdade expacia do real. A montagem s6 pode ser ulizad {dentro de limites precios, sob pena de atentarcoatra a peépria ‘Ontologa da fabula cinemaiogrifica. Por exemplo, ndo € permi {ido 0 realizado excamotear, com o campo/eontra-sampo, dif culdade de mostrar dois aspecios simultineos de uma a0. Fei o| ‘gue Altert Lamorsse compreendeu perfetamente na seqiéncia ‘da caga ao coelho, em que vemos sempre simultaneamente, no ‘campo, 0 eaalo, 0 menino ¢ 0 coelho, mas ele quase comete um ferro.na seqiéncia da captura de Crin bane, quando 0 menino & frrasiado pelo cavalo galopando. Pouco importa que © animal ‘que vemos naquele momento, de longe, arrastar © peaueno Foleo — sejao falso Crin blanc, tampouco que para essa opera lo arricade © proprio Lamorise tenha substtuido 0 g8"010, fas me incomoda que no final da sequénca, quando o animal ‘vai mais devagare par, a cimera nlo me mosireirrefutavelmente ‘a proximidadefsia do cavalo e da cranga. Uma panoramica ou im be.» capes do aa gue pete & red ese um reveling pra tris poderia feo. fsa simples precaugto teria astentead rerospestvamene odor os pasos anttes, coat td plans scion de Fle do alo cao: {eado uma dieldade que no entatosetorou beni agus ‘momento do eps, vm omer abla Mer xpacal da no’ « ANDRE BAZIN ‘Senos esforcarmos agora para defini a difeuldade, me parece ‘que poderiamos estabelecer em lei estética 0 seguinte principio “Quando o essencal de um acontecimento depende de uma pre- senga simuanea de dois ou mais fatores da ago, 4 montagem fica proibida”. Ela retoma seus direitos a cadaver que 0 sentido

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