Sei sulla pagina 1di 6

Janeiro/2010

Universidade Federal da Paraíba


Departamento de Comunicação e Turismo
Comunicação Social – Jornalismo
Realidade Regional

[O CÉU DE SUELY]
RESENHA CRÍTICA

Fernanda V. Eggers - 10623429


1
No filme “O Céu de Suely”, dirigido por Karim Aïnouz, Hermila
(Hermila Guedes) volta de São Paulo para a cidade de Iguatu, no
sertão do Ceará, aonde está a família. Acompanhada do filho,
Matheuzinho (Matheus Vieira/Gerkon Carlos), ela espera que o
marido deixe a vida cara da metrópole e venha viver com ela em
Iguatu.
Enquanto espera, Hermila fica alojada na casa em que
moram a avó (Zezita Matos) e a tia (Maria Menezes). Ela tinha
planos de ficar na cidade, montar uma barraca de venda de CDs
e DVDs piratas com o marido, Matheus, mas ele não a encontra
quando prometido e, após algumas ligações, ela descobre que
Matheus se mudou e não consegue mais contato com ele.
Não tendo mais motivos para continuar em Iguatu, Hermila
pesquisa preços de passagens de ônibus, querendo ir para o lugar
mais distante possível do Ceará. Para conseguir o dinheiro, ela se
inspira nas conversas com a amiga Georgina (Georgina Castro) e,
assumindo o nome Suely, faz uma rifa de si mesma: “uma noite no
paraíso com Suely”.
A história traz um outro aspecto da migração 1, que não está
ligado à pobreza ou à seca. Hermila sai de Iguatu porque quer,
atraída pela vida em uma grande cidade com seu amor. Volta
porque acredita que os dois e o filho teriam uma vida melhor na
pequena cidade. E, uma vez que nota que não terá o que quer
ali, sente que será melhor procurar algo em outra cidade, longe
daquela que lhe trouxe desgosto. Classificaremos, então, a

1
“O sentido de migração está em trocar de região, país, estado ou até mesmo domicílio. É algo que já
acontece há muito tempo atrás, desde o começo da história da humanidade. Migrar faz parte do direito
de ir e vir, que consta na constituição. Porém essa questão da migração envolve muita polêmica, que
gira em torno das condições em que ocorrem esses processos migratórios: se de um modo livre, que
assim está se exercendo este direito ou se de modo obrigatório.” (VALIM)

2
primeira saída de Suely como “atrativista2” e a segunda como
“expulsionista3”.
“A migração do campo para a cidade, particularmente
para a „cidade grande‟, a metrópole, é, portanto, o resultado das
forças de expulsão e de atração” (RIBEMBOIN & MOREIRA), mas,
diferente dos outros casos, Hermila não busca as supostas
facilidades de uma metrópole, como melhor salário ou melhores
condições de vida. O que ela quer é a chance de recomeçar e
manter-se longe das raízes de sua “vida pregressa”.
“A literatura regionalista foi considerada,
nesse sentido, muito mais rica, já que foca a
atenção no migrante, (...) e teria aberto
caminho para o estudo da migração como
fenômeno digno de nota. Com uma ressalva,
no entanto: vinculou, no mais das vezes, a
migração à seca.” (GUILLEN)

Como vemos em “O Céu de Suely”, a seca não é o único


motivo para a migração. O filme traz o emocional e a vontade de
mudanças como principal motivo da personagem principal. E sua
busca pelos meios que capacitem sua viagem é o principal aspecto
da história.
O filme procura retratar a cidade cearense da forma mais fiel
possível. Ao invés de contratar atores, Aïnouz utiliza “atores
naturais4”, mantendo a cara, o sotaque e os modos da região.

2
Entendemos o motivo atrativista como algo que está fora da cidade e ao qual a personagem almeja,
portanto viaja em busca de seu objetivo.
3
Entendemos o motivo expulsionista como a vontade de sair porque algo na cidade, ou a cidade em si,
não agrada ou não oferece à personagem o que ela almeja.
4
Habitantes da própria região que se habilitam a interpretar a si mesmo, no caso de um documentário.
No caso deste filme de ficção, eles interpretam personagens, mas representam a si mesmos enquanto
habitantes de Iguatu. “A dramaturgia natural é o conjunto de recursos expressivos de que o depoente
lança mão para representar seu próprio papel”. (SANTEIRO)

3
“O que nos interpela, portanto, é verificar a
permanência dessas representações na mídia
contemporânea. (...) [A representação]
apreende a região [Nordeste], seus costumes,
suas festas, suas religiões, sua etnografia, sua
cultura, com o olhar do exótico, do diferente,
do multicultural.” (ZANFORLIN)

Isso aproxima a ficção da realidade, como parece ser a


intenção daqueles que retratam o Nordeste:
“Os ficcionistas, por sua vez, se ressentem das
cobranças porque se esforçam para construir
uma simulação o mais próxima possível da
realidade.” (PAIVA)

O filme, portanto, aborda Hermila e Iguatu de formas


diferentes das tradicionais: a primeira, no tocante à migração, que
não acontece porque o ambiente seco ou pobre a expulsa, e sim
porque ela sente vontade de sair, seja pelo que a personagem quer
que está em outro cantou ou pelo que ela não quer mais, que se
encontra na cidade; o segundo é a tentativa de caracterizar Iguatu
fielmente, com seus habitantes, suas casas, trejeitos e modo de falar.

Referências Bibliográficas:
GUILLEN, Isabel Cristina Martins. Seca e migração no nordeste:
reflexões sobre o processo de banalização de sua dimensão
histórica. Disponível em: http://www.fundaj.gov.br/tpd/111.html
Acesso em 05/01/2010.

PAIVA, Cláudio Cardoso de. As narrativas de ficção, o nordeste no


cinema e na televisão: elementos para o ensino de história e

4
comunicação. Saeculum – Revista de História. João Pessoa, nº 17,
jul. dez. 2007.

RIBEMBOIM, Jacques; MOREIRA, Francisco Gilvan Lima. A


exacerbação romântica na pesquisa social e a análise da
migração campo-cidade em Pernambuco no século XX.
Disponível em: http://www.sober.org.br/palestra/5/331.pdf Acesso
em 05/01/2010.

SANTEIRO, Sérgio. Conceito de dramaturgia natural. Filme e


Cultura. Rio de Janeiro, nº 34, jan. mar. 1980.

VALIM, Ana. O que é migração. Migrações: Da perda da terra à


exclusão social. SP: Atual, 1996. Disponível em:
http://intra.vila.com.br/sites/povolatino/paginas/1b/questao5/que
stao5b.htm Acesso em 05/01/2010.

ZANFORLIN, Sofia. Entre arcaísmos e modernidades imaginadas:


Nordeste em cena nos textos da mídia. Revista Fronteiras - Estudos
Midiáticos. Rio Grande do Sul, vol. X, nº1, jan. abr. 2008.

Potrebbero piacerti anche