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Leitor iniciante Numa deliciosa coletânea, a autora nos traz o sabor delicado dos haicais.
O haicai, segundo ela mesma explica, é um gênero poético originário do
Japão, que, transformado ao longo dos séculos, adquiriu a forma pela qual
Leitor em processo Três gotas de poesia é hoje conhecido: três versos de, respectivamente, 5, 7 e 5 sílabas, como
explica Angela na introdução da obra. À primeira vista, parece muito fácil
ANGELA LEITE DE SOUZA
compor um haicai, entretanto exige maior poder de síntese do que outros
gêneros, além de sutileza, criatividade, humor e capacidade de captar o
Leitor fluente momento. Propicia, assim, um trabalho que, ao mesmo tempo em que dá
prazer, exige empenho, cuidado e atenção.
2 3
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Leitor iniciante Numa deliciosa coletânea, a autora nos traz o sabor delicado dos haicais.
O haicai, segundo ela mesma explica, é um gênero poético originário do
Japão, que, transformado ao longo dos séculos, adquiriu a forma pela qual
Leitor em processo Três gotas de poesia é hoje conhecido: três versos de, respectivamente, 5, 7 e 5 sílabas, como
explica Angela na introdução da obra. À primeira vista, parece muito fácil
ANGELA LEITE DE SOUZA
compor um haicai, entretanto exige maior poder de síntese do que outros
gêneros, além de sutileza, criatividade, humor e capacidade de captar o
Leitor fluente momento. Propicia, assim, um trabalho que, ao mesmo tempo em que dá
prazer, exige empenho, cuidado e atenção.
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COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Leitor iniciante Numa deliciosa coletânea, a autora nos traz o sabor delicado dos haicais.
O haicai, segundo ela mesma explica, é um gênero poético originário do
Japão, que, transformado ao longo dos séculos, adquiriu a forma pela qual
Leitor em processo Três gotas de poesia é hoje conhecido: três versos de, respectivamente, 5, 7 e 5 sílabas, como
explica Angela na introdução da obra. À primeira vista, parece muito fácil
ANGELA LEITE DE SOUZA
compor um haicai, entretanto exige maior poder de síntese do que outros
gêneros, além de sutileza, criatividade, humor e capacidade de captar o
Leitor fluente momento. Propicia, assim, um trabalho que, ao mesmo tempo em que dá
prazer, exige empenho, cuidado e atenção.
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Repare que não se trata de sílabas poéticas, mas de sílabas comuns que Corpo da joaninha Capa de bolinha dos dois gêneros de texto com eles. Também a adivinha pode ser concisa, tam-
emitimos ao falar. Olhos do gato Duas faíscas bém usar metáforas e duplos sentidos das palavras. O objetivo, porém, é outro.
É muito difícil traduzir um haicai, porque o tradutor precisa encontrar um Tufo de capim Chiclete de menta 9. Bashô, que teve muitos discípulos, insistia para que eles seguissem rigorosa-
jeito de expressar o que o poeta quis dizer e ainda, selecionar palavras que Gota de orvalho Lágrima da madrugada mente as regras e, só depois de muito treino, permitia que transgredissem o modelo.
tenham o número de sílabas exigido para cada verso. Fabricar mel Suar mel Proponha a seus alunos que produzam haicais à moda japonesa, imaginan-
Veja a tradução publicada em Haikai: antologia e história de Paulo Franchetti, Tromba de elefante Regador gigante do que são discípulos de Bashô. Experimente, professor, você também pro-
Elza Taeko Doi e Luiz Dantas, publicado pela Editora da UNICAMP, para o
Proponha que aumentem a lista com outras coisas que observarem. Suges- duzir seus próprios haicais e compartilhe-os com seus alunos.
poema que lemos.
tão: um passeio pelos jardins da escola. Peça que fixem o olhar sobre algu- Se você está achando que é muito difícil, leia o que crianças de terceira série
O velho tanque —
ma coisa da natureza e que imaginem com que ela se parece. Essa atividade do Ensino Fundamental de uma escola pública de São Paulo produziram:
uma rã mergulha,
barulho de água. pode depois ser usada na criação de haicais. O céu escuro.
Repare que a tradução não conseguiu apresentar a mesma quantidade de sílabas. 2. Alguns haicais trazem rimas, outros não. Alguns exploram recursos sono- Vejo uma estrela
A maioria dos poetas ocidentais que escrevem haicais mantêm os três versos ros, como a aliteração — repetição insistente de uma mesma consoante. cair de cansaço.
da forma original, mas não se preocupam com o número de sílabas. É o caso Peça que identifiquem algumas dessas ocorrências (que cheiro cheiroso/a (Angélica)
dos haicais de Angela Leite de Souza reunidos neste volume. chuva chuvisca ou pintas com que tintas ou menina mimosa). Não posso contar
4. Depois, leia com seus alunos as explicações que a ilustradora do livro, Lúcia 3. O haicai, mais ainda do que outros tipos de poesia, exige síntese, econo- o segredo pra ela
Hiratsuka, dá a respeito do sumiê, uma técnica de pintura que se originou na mia de palavras. Observem juntos isso, relendo o haicai: São duas faíscas/ ... ela revela.
China e que foi introduzida e divulgada no Japão pelos monges budistas. incendiando meu medo,/os olhos do gato (página 9). (Márcio)
Folheie o livro para que seus alunos possam apreciar as ilustrações e com- O verbo incendiar refere-se simultaneamente a faíscas e medo (assumindo Não precisa sa-
preender a descrição da técnica feita pela ilustradora. o sentindo de exaltar, fazer crescer o medo). Assim também no haicai sobre ber para poder viver
Converse com eles que a Lúcia não usou apenas tinta preta, mas usou tam- a abelha doceira, o verbo suando tanto dá idéia do cansaço da abelha, quanto e poder querer.
bém tinta de outras cores. do que ela está fazendo (fabricando mel). (Chaiane)
Chame atenção para o que aparece escrito em japonês na parte inferior das
ilustrações. O que está escrito em cada página é a mesma coisa ou muda? O 4. Releiam o haicai da página 12 (mil vezes ao dia...) Pergunte à classe: com o O que o mestre Bashô diria da pequena malandragem
que deve estar escrito? Trata-se da assinatura da artista, já que o texto escrito é que ele compara a poesia? (a um remédio) As frases desse haicai sugerem que sa-ber?
sempre o mesmo, e sabemos que os artistas costumam assinar seus trabalhos. gênero de texto? (bula de remédio: posologia e modo de usar) Falta a indica-
Explique a seus alunos que há diversos sistemas de escrita diferentes. En- ção: qual seria? Para que doença a poesia serviria como um remédio? Por que 10. Depois de terem provado a receita tradicional, libere para que produ-
quanto a nossa escrita é alfabética, isto é, representa os sons da fala, a japo- uso interno? (Observem que essa restrição ocorre nas bulas quando: trata-se zam haicais, como fez Angela Leite de Souza, preocupados apenas em man-
nesa é silábica — para cada sílaba há um símbolo. de uso externo, freqüente quando se trata de produtos que não se podem ter a estrofe de três versos.
ingerir, como pomadas, colírios etc.). Querendo estender a atividade, peça
5. Depois de terem apreciado as ilustrações, proponha que experimentem que tragam bulas de remédio, analisem-nas e, a partir de sua estrutura, sugi- 11. Claro que todos esses poemas merecem ser reúnidos numa antologia
trabalhar só com tinta preta e descubram diferentes tons diluindo a tinta ra que componham textos poéticos para remédios de fantasia: pílulas da poética ilustrada com a técnica sumiê. Estão liberadas todas as cores! Não se
com água. Depois, peça que produzam uma ilustração para o poema de amizade, elixir da autoconfiança, tabletes de sabedoria etc. esqueça de organizar com eles uma festa para o lançamento do livro.
Bashô usando a técnica sumiê.
5. O haicai da página 18 brinca com a palavra chocolate, que tem dentro a 12. Como há um grande número de descendentes de imigrantes japoneses
palavra late e ainda lembra a palavra cachorro, pela sílaba cho. Proponha que no Brasil, o trabalho com esse gênero pode integrar um projeto
Durante a leitura:
encontrem outras palavras que contenham ou lembrem outras, por exemplo: interdisciplinar maior em que se discuta a contribuição cultural dos diferen-
1. O haicai é como uma fotografia. Oriente os alunos para que os leiam • mentalidade (menta e idade) tes povos que imigraram para o Brasil.
devagar. De preferência, que fechem os olhos depois da leitura e tentem • marfim (mar e fim)
ver a imagem. • aracaju (arara e caju)
Uma sugestão: saboreando um haicai a cada vez • avacalhada (vaca e encalhada) etc. LEIA MAIS...
Cada haicai é um texto completo. Para um trabalho mais produtivo, reserve
6. O haicai da página 20 retoma a parlenda Sol e chuva, casamento de viú- 1. DA MESMA AUTORA
a cada dia um momento para ler um poema e conversar sobre ele. Que tal
chamá-lo de “Gota de poesia”? va/chuva e sol, casamento de espanhol. Verifiquem se todos a conhecem. • Um jeito de viver, São Paulo, Editora FTD
Proponha que elaborem outros haicais ou poemas a partir de parlendas. • O médico mágico, São Paulo, Editora FTD
Depois da leitura: 7. O haicai da página 24 se reporta ao célebre poema de Carlos Drummond
de Andrade (No meio do caminho havia uma pedra...) Apresentá-lo à classe 2. SOBRE O MESMO GÊNERO
1. Um dos principais recursos da linguagem poética é a metáfora (compara-
ção criativa, sem o uso dos termos é igual a, como, parece com etc.). Nos e pedir opiniões. Compará-lo ao haicai. • Hai-Kais — Millôr Fernandes, Porto Alegre, L&PM
haicais, as metáforas são bem explícitas. Peça que os alunos completem a 8. O último haicai brinca com uma conhecida adivinha (o que é que anda com os • Hai-Kai, Balão — Maria da Graça Rios, Belo Horizonte, Editora Miguilim
tabela escrevendo com o que o poeta compara cada coisa: pés na cabeça?). Alguém já a conhecia? Conhecem outras? Compare a estrutura • Hai-Kais, — Issa (tradução Alice Ruiz), São Paulo, Editora Olavobrás
4 5
Repare que não se trata de sílabas poéticas, mas de sílabas comuns que Corpo da joaninha Capa de bolinha dos dois gêneros de texto com eles. Também a adivinha pode ser concisa, tam-
emitimos ao falar. Olhos do gato Duas faíscas bém usar metáforas e duplos sentidos das palavras. O objetivo, porém, é outro.
É muito difícil traduzir um haicai, porque o tradutor precisa encontrar um Tufo de capim Chiclete de menta 9. Bashô, que teve muitos discípulos, insistia para que eles seguissem rigorosa-
jeito de expressar o que o poeta quis dizer e ainda, selecionar palavras que Gota de orvalho Lágrima da madrugada mente as regras e, só depois de muito treino, permitia que transgredissem o modelo.
tenham o número de sílabas exigido para cada verso. Fabricar mel Suar mel Proponha a seus alunos que produzam haicais à moda japonesa, imaginan-
Veja a tradução publicada em Haikai: antologia e história de Paulo Franchetti, Tromba de elefante Regador gigante do que são discípulos de Bashô. Experimente, professor, você também pro-
Elza Taeko Doi e Luiz Dantas, publicado pela Editora da UNICAMP, para o
Proponha que aumentem a lista com outras coisas que observarem. Suges- duzir seus próprios haicais e compartilhe-os com seus alunos.
poema que lemos.
tão: um passeio pelos jardins da escola. Peça que fixem o olhar sobre algu- Se você está achando que é muito difícil, leia o que crianças de terceira série
O velho tanque —
ma coisa da natureza e que imaginem com que ela se parece. Essa atividade do Ensino Fundamental de uma escola pública de São Paulo produziram:
uma rã mergulha,
barulho de água. pode depois ser usada na criação de haicais. O céu escuro.
Repare que a tradução não conseguiu apresentar a mesma quantidade de sílabas. 2. Alguns haicais trazem rimas, outros não. Alguns exploram recursos sono- Vejo uma estrela
A maioria dos poetas ocidentais que escrevem haicais mantêm os três versos ros, como a aliteração — repetição insistente de uma mesma consoante. cair de cansaço.
da forma original, mas não se preocupam com o número de sílabas. É o caso Peça que identifiquem algumas dessas ocorrências (que cheiro cheiroso/a (Angélica)
dos haicais de Angela Leite de Souza reunidos neste volume. chuva chuvisca ou pintas com que tintas ou menina mimosa). Não posso contar
4. Depois, leia com seus alunos as explicações que a ilustradora do livro, Lúcia 3. O haicai, mais ainda do que outros tipos de poesia, exige síntese, econo- o segredo pra ela
Hiratsuka, dá a respeito do sumiê, uma técnica de pintura que se originou na mia de palavras. Observem juntos isso, relendo o haicai: São duas faíscas/ ... ela revela.
China e que foi introduzida e divulgada no Japão pelos monges budistas. incendiando meu medo,/os olhos do gato (página 9). (Márcio)
Folheie o livro para que seus alunos possam apreciar as ilustrações e com- O verbo incendiar refere-se simultaneamente a faíscas e medo (assumindo Não precisa sa-
preender a descrição da técnica feita pela ilustradora. o sentindo de exaltar, fazer crescer o medo). Assim também no haicai sobre ber para poder viver
Converse com eles que a Lúcia não usou apenas tinta preta, mas usou tam- a abelha doceira, o verbo suando tanto dá idéia do cansaço da abelha, quanto e poder querer.
bém tinta de outras cores. do que ela está fazendo (fabricando mel). (Chaiane)
Chame atenção para o que aparece escrito em japonês na parte inferior das
ilustrações. O que está escrito em cada página é a mesma coisa ou muda? O 4. Releiam o haicai da página 12 (mil vezes ao dia...) Pergunte à classe: com o O que o mestre Bashô diria da pequena malandragem
que deve estar escrito? Trata-se da assinatura da artista, já que o texto escrito é que ele compara a poesia? (a um remédio) As frases desse haicai sugerem que sa-ber?
sempre o mesmo, e sabemos que os artistas costumam assinar seus trabalhos. gênero de texto? (bula de remédio: posologia e modo de usar) Falta a indica-
Explique a seus alunos que há diversos sistemas de escrita diferentes. En- ção: qual seria? Para que doença a poesia serviria como um remédio? Por que 10. Depois de terem provado a receita tradicional, libere para que produ-
quanto a nossa escrita é alfabética, isto é, representa os sons da fala, a japo- uso interno? (Observem que essa restrição ocorre nas bulas quando: trata-se zam haicais, como fez Angela Leite de Souza, preocupados apenas em man-
nesa é silábica — para cada sílaba há um símbolo. de uso externo, freqüente quando se trata de produtos que não se podem ter a estrofe de três versos.
ingerir, como pomadas, colírios etc.). Querendo estender a atividade, peça
5. Depois de terem apreciado as ilustrações, proponha que experimentem que tragam bulas de remédio, analisem-nas e, a partir de sua estrutura, sugi- 11. Claro que todos esses poemas merecem ser reúnidos numa antologia
trabalhar só com tinta preta e descubram diferentes tons diluindo a tinta ra que componham textos poéticos para remédios de fantasia: pílulas da poética ilustrada com a técnica sumiê. Estão liberadas todas as cores! Não se
com água. Depois, peça que produzam uma ilustração para o poema de amizade, elixir da autoconfiança, tabletes de sabedoria etc. esqueça de organizar com eles uma festa para o lançamento do livro.
Bashô usando a técnica sumiê.
5. O haicai da página 18 brinca com a palavra chocolate, que tem dentro a 12. Como há um grande número de descendentes de imigrantes japoneses
palavra late e ainda lembra a palavra cachorro, pela sílaba cho. Proponha que no Brasil, o trabalho com esse gênero pode integrar um projeto
Durante a leitura:
encontrem outras palavras que contenham ou lembrem outras, por exemplo: interdisciplinar maior em que se discuta a contribuição cultural dos diferen-
1. O haicai é como uma fotografia. Oriente os alunos para que os leiam • mentalidade (menta e idade) tes povos que imigraram para o Brasil.
devagar. De preferência, que fechem os olhos depois da leitura e tentem • marfim (mar e fim)
ver a imagem. • aracaju (arara e caju)
Uma sugestão: saboreando um haicai a cada vez • avacalhada (vaca e encalhada) etc. LEIA MAIS...
Cada haicai é um texto completo. Para um trabalho mais produtivo, reserve
6. O haicai da página 20 retoma a parlenda Sol e chuva, casamento de viú- 1. DA MESMA AUTORA
a cada dia um momento para ler um poema e conversar sobre ele. Que tal
chamá-lo de “Gota de poesia”? va/chuva e sol, casamento de espanhol. Verifiquem se todos a conhecem. • Um jeito de viver, São Paulo, Editora FTD
Proponha que elaborem outros haicais ou poemas a partir de parlendas. • O médico mágico, São Paulo, Editora FTD
Depois da leitura: 7. O haicai da página 24 se reporta ao célebre poema de Carlos Drummond
de Andrade (No meio do caminho havia uma pedra...) Apresentá-lo à classe 2. SOBRE O MESMO GÊNERO
1. Um dos principais recursos da linguagem poética é a metáfora (compara-
ção criativa, sem o uso dos termos é igual a, como, parece com etc.). Nos e pedir opiniões. Compará-lo ao haicai. • Hai-Kais — Millôr Fernandes, Porto Alegre, L&PM
haicais, as metáforas são bem explícitas. Peça que os alunos completem a 8. O último haicai brinca com uma conhecida adivinha (o que é que anda com os • Hai-Kai, Balão — Maria da Graça Rios, Belo Horizonte, Editora Miguilim
tabela escrevendo com o que o poeta compara cada coisa: pés na cabeça?). Alguém já a conhecia? Conhecem outras? Compare a estrutura • Hai-Kais, — Issa (tradução Alice Ruiz), São Paulo, Editora Olavobrás
4 5
Repare que não se trata de sílabas poéticas, mas de sílabas comuns que Corpo da joaninha Capa de bolinha dos dois gêneros de texto com eles. Também a adivinha pode ser concisa, tam-
emitimos ao falar. Olhos do gato Duas faíscas bém usar metáforas e duplos sentidos das palavras. O objetivo, porém, é outro.
É muito difícil traduzir um haicai, porque o tradutor precisa encontrar um Tufo de capim Chiclete de menta 9. Bashô, que teve muitos discípulos, insistia para que eles seguissem rigorosa-
jeito de expressar o que o poeta quis dizer e ainda, selecionar palavras que Gota de orvalho Lágrima da madrugada mente as regras e, só depois de muito treino, permitia que transgredissem o modelo.
tenham o número de sílabas exigido para cada verso. Fabricar mel Suar mel Proponha a seus alunos que produzam haicais à moda japonesa, imaginan-
Veja a tradução publicada em Haikai: antologia e história de Paulo Franchetti, Tromba de elefante Regador gigante do que são discípulos de Bashô. Experimente, professor, você também pro-
Elza Taeko Doi e Luiz Dantas, publicado pela Editora da UNICAMP, para o
Proponha que aumentem a lista com outras coisas que observarem. Suges- duzir seus próprios haicais e compartilhe-os com seus alunos.
poema que lemos.
tão: um passeio pelos jardins da escola. Peça que fixem o olhar sobre algu- Se você está achando que é muito difícil, leia o que crianças de terceira série
O velho tanque —
ma coisa da natureza e que imaginem com que ela se parece. Essa atividade do Ensino Fundamental de uma escola pública de São Paulo produziram:
uma rã mergulha,
barulho de água. pode depois ser usada na criação de haicais. O céu escuro.
Repare que a tradução não conseguiu apresentar a mesma quantidade de sílabas. 2. Alguns haicais trazem rimas, outros não. Alguns exploram recursos sono- Vejo uma estrela
A maioria dos poetas ocidentais que escrevem haicais mantêm os três versos ros, como a aliteração — repetição insistente de uma mesma consoante. cair de cansaço.
da forma original, mas não se preocupam com o número de sílabas. É o caso Peça que identifiquem algumas dessas ocorrências (que cheiro cheiroso/a (Angélica)
dos haicais de Angela Leite de Souza reunidos neste volume. chuva chuvisca ou pintas com que tintas ou menina mimosa). Não posso contar
4. Depois, leia com seus alunos as explicações que a ilustradora do livro, Lúcia 3. O haicai, mais ainda do que outros tipos de poesia, exige síntese, econo- o segredo pra ela
Hiratsuka, dá a respeito do sumiê, uma técnica de pintura que se originou na mia de palavras. Observem juntos isso, relendo o haicai: São duas faíscas/ ... ela revela.
China e que foi introduzida e divulgada no Japão pelos monges budistas. incendiando meu medo,/os olhos do gato (página 9). (Márcio)
Folheie o livro para que seus alunos possam apreciar as ilustrações e com- O verbo incendiar refere-se simultaneamente a faíscas e medo (assumindo Não precisa sa-
preender a descrição da técnica feita pela ilustradora. o sentindo de exaltar, fazer crescer o medo). Assim também no haicai sobre ber para poder viver
Converse com eles que a Lúcia não usou apenas tinta preta, mas usou tam- a abelha doceira, o verbo suando tanto dá idéia do cansaço da abelha, quanto e poder querer.
bém tinta de outras cores. do que ela está fazendo (fabricando mel). (Chaiane)
Chame atenção para o que aparece escrito em japonês na parte inferior das
ilustrações. O que está escrito em cada página é a mesma coisa ou muda? O 4. Releiam o haicai da página 12 (mil vezes ao dia...) Pergunte à classe: com o O que o mestre Bashô diria da pequena malandragem
que deve estar escrito? Trata-se da assinatura da artista, já que o texto escrito é que ele compara a poesia? (a um remédio) As frases desse haicai sugerem que sa-ber?
sempre o mesmo, e sabemos que os artistas costumam assinar seus trabalhos. gênero de texto? (bula de remédio: posologia e modo de usar) Falta a indica-
Explique a seus alunos que há diversos sistemas de escrita diferentes. En- ção: qual seria? Para que doença a poesia serviria como um remédio? Por que 10. Depois de terem provado a receita tradicional, libere para que produ-
quanto a nossa escrita é alfabética, isto é, representa os sons da fala, a japo- uso interno? (Observem que essa restrição ocorre nas bulas quando: trata-se zam haicais, como fez Angela Leite de Souza, preocupados apenas em man-
nesa é silábica — para cada sílaba há um símbolo. de uso externo, freqüente quando se trata de produtos que não se podem ter a estrofe de três versos.
ingerir, como pomadas, colírios etc.). Querendo estender a atividade, peça
5. Depois de terem apreciado as ilustrações, proponha que experimentem que tragam bulas de remédio, analisem-nas e, a partir de sua estrutura, sugi- 11. Claro que todos esses poemas merecem ser reúnidos numa antologia
trabalhar só com tinta preta e descubram diferentes tons diluindo a tinta ra que componham textos poéticos para remédios de fantasia: pílulas da poética ilustrada com a técnica sumiê. Estão liberadas todas as cores! Não se
com água. Depois, peça que produzam uma ilustração para o poema de amizade, elixir da autoconfiança, tabletes de sabedoria etc. esqueça de organizar com eles uma festa para o lançamento do livro.
Bashô usando a técnica sumiê.
5. O haicai da página 18 brinca com a palavra chocolate, que tem dentro a 12. Como há um grande número de descendentes de imigrantes japoneses
palavra late e ainda lembra a palavra cachorro, pela sílaba cho. Proponha que no Brasil, o trabalho com esse gênero pode integrar um projeto
Durante a leitura:
encontrem outras palavras que contenham ou lembrem outras, por exemplo: interdisciplinar maior em que se discuta a contribuição cultural dos diferen-
1. O haicai é como uma fotografia. Oriente os alunos para que os leiam • mentalidade (menta e idade) tes povos que imigraram para o Brasil.
devagar. De preferência, que fechem os olhos depois da leitura e tentem • marfim (mar e fim)
ver a imagem. • aracaju (arara e caju)
Uma sugestão: saboreando um haicai a cada vez • avacalhada (vaca e encalhada) etc. LEIA MAIS...
Cada haicai é um texto completo. Para um trabalho mais produtivo, reserve
6. O haicai da página 20 retoma a parlenda Sol e chuva, casamento de viú- 1. DA MESMA AUTORA
a cada dia um momento para ler um poema e conversar sobre ele. Que tal
chamá-lo de “Gota de poesia”? va/chuva e sol, casamento de espanhol. Verifiquem se todos a conhecem. • Um jeito de viver, São Paulo, Editora FTD
Proponha que elaborem outros haicais ou poemas a partir de parlendas. • O médico mágico, São Paulo, Editora FTD
Depois da leitura: 7. O haicai da página 24 se reporta ao célebre poema de Carlos Drummond
de Andrade (No meio do caminho havia uma pedra...) Apresentá-lo à classe 2. SOBRE O MESMO GÊNERO
1. Um dos principais recursos da linguagem poética é a metáfora (compara-
ção criativa, sem o uso dos termos é igual a, como, parece com etc.). Nos e pedir opiniões. Compará-lo ao haicai. • Hai-Kais — Millôr Fernandes, Porto Alegre, L&PM
haicais, as metáforas são bem explícitas. Peça que os alunos completem a 8. O último haicai brinca com uma conhecida adivinha (o que é que anda com os • Hai-Kai, Balão — Maria da Graça Rios, Belo Horizonte, Editora Miguilim
tabela escrevendo com o que o poeta compara cada coisa: pés na cabeça?). Alguém já a conhecia? Conhecem outras? Compare a estrutura • Hai-Kais, — Issa (tradução Alice Ruiz), São Paulo, Editora Olavobrás
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