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INTERNA (REFLEXÃO)
Caius Brandão
Universidade Federal de Goiás
caisubrandao@globo.com
Resumo: Este texto pretende expor a concepção lockeana a cerca da experiência interna, ou
“reflexão”, desenvolvida no Ensaio sobre o Entendimento Humano. Para a consecução deste
objetivo, este trabalho concentrará suas análises no Livro II do Ensaio, mais especificamente na
Introdução e nos capítulos I – Das idéias em geral e da sua origem; II – Das idéias simples; e VI
– Das idéias simples provenientes da reflexão.
1
Locke chama de “idéia” tudo aquilo que o espírito possui ao voltar-se para si mesmo, ou seja, “tudo o
que é objeto imediato de percepção, de pensamento ou de entendimento”.
2
Corrente filosófica, da qual Descartes era adepto, que afirma serem certas idéias e caracteres originários
impressos na alma no momento de sua criação, portanto, anteriormente a qualquer experiência sensível.
A segunda fonte de idéias são as percepções que temos das experiências
internas de nossas mentes ou o que Locke também denomina de “internal sense” –
quando o espírito volta a sua atenção para as suas próprias “operações interiores”.
Isto é o que Locke chama de reflexão, ou seja, a percepção de atividades internas
que se dão a partir de idéias que foram originalmente recebidas do mundo
exterior. Desta forma, as observações que a mente faz sobre suas próprias
operações municiam o entendimento com novas noções, tais como as de
“percepção, pensar, duvidar, acreditar, raciocinar, conhecer, querer e de todas as
diversas ações do nosso próprio espírito...” Assim, podemos dizer que a mente
também se abastece de idéias a partir de suas próprias experiências internas.
As experiências internas não são produzidas pelas sensações. Por outro
lado, vale aqui ressaltar mais uma vez que a atividade de reflexão não pode
acontecer na ausência de conteúdos pré-existentes, ou seja, sem as idéias
transmitidas à mente pelas sensações. Logo, quanto mais exposto à experiência
sensível, maior será a variedade de idéias produzidas a partir deste tipo de
experiência. Inversamente, o sujeito não muito afeito às atividades reflexivas, ou
seja, aquele que não tem por hábito voltar a sua atenção e considerar atentamente
as suas operações internas, então, ele só poderia obter uma variedade limitada de
idéias claras e distintas a partir de tais operações.
Tanto as idéias provenientes da sensação, quanto da reflexão, são
impressas na mente de forma involuntária, ou seja, quando o entendimento é
passivo, o espírito não pode escolher possuir ou não estas idéias. Assim, o espírito
não tem como recusar, alterar ou mesmo apagar as idéias geradas pelas operações
internas da mente. Elas se impõem ao espírito de forma irremediável. Esta é uma
característica das “idéias simples” em geral.
Para Locke, o entendimento do homem dispõe de duas classes de idéias:
simples e complexas. As idéias simples são aquelas providas pela sensação e pela
reflexão, e representam a matéria-prima do entendimento. Através das atividades
mentais de combinação e abstração de idéias simples, chegam ao entendimento as
idéias complexas de substância, modos e relações.
Como vimos, mesmo que o conhecimento do homem tenha sua origem
primeira nas idéias simples impressas na mente pela sensação, também é verdade
que adquirimos idéias simples provenientes da reflexão através da contemplação
de nossas operações mentais. Para Locke, existem duas classes de idéias simples
fundamentais, que emanam da reflexão: percepção e volição. À percepção,
compreendida como a “potência de pensar”, dá-se o nome de “entendimento”; A
volição, ou “potência de querer”, denomina-se “vontade”. Todas as outras idéias
provenientes da reflexão são meros “modos” de uma destas duas, entre eles:
SCHARP, Kevin. Locke’s Theory of Reflection (2008). The British Journal for the
History of Philosophy. Ed: The Ohio State University.